Você está na página 1de 57

Supervisão e

Orientação Escolar

Desafios e Avanços da Supervisão e


Orientação Escolar
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
VIVIANNE SOUSA
AUTORIA
Vivianne Sousa
Sou professora e apaixonada pela educação, acredito que
esse é um caminho de grandes transformações para a sociedade. Ao
longo da minha carreira acadêmica, concluí graduação em Letras pela
Universidade Estadual da Paraíba (UFPB) e em Ciências Sociais pela
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), especialização em Educação em
Direitos Humanos pela UFPB, mestrado em Direitos Humanos, Cidadania
e Políticas Públicas pela UFPB, e atualmente sou doutoranda em Ciências
Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). No aspecto
profissional, tenho construído experiências valiosas que me possibilitam
aplicar os conhecimentos acadêmicos na prática. Nesse sentido, atuei
como: assessora pedagógica do Projeto Orçamento Participativo Criança
e Adolescente, do município de João Pessoa, especialista pedagógica
da Comissão de Implantação do Ensino Integral na Paraíba, professora
do Programa de Formação Continuada para Conselheiros dos Direitos
e Conselheiros Tutelares do Estado da Paraíba e membro da Comissão
Estadual de Elaboração e Implementação da Proposta Curricular do
Ensino Médio da Paraíba. Essas são algumas das experiências que
colaboram diretamente para uma visão global sobre a educação e seus
impactos sociais. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar
seu elenco de autores independentes. Sinto-me imensamente feliz e
honrada em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho!
Conte comigo.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Desafios da Supervisão e Orientação Escolar................................. 12
Desafios da Atualidade na Educação Brasileira........................................................ 12

Avanços da Supervisão e Orientação Escolar no Brasil e no


Mundo............................................................................................................... 23
Os Avanços da Supervisão Escolar.....................................................................................23

Como Alinhar a Supervisão e Orientação Escolar com o


Todo?................................................................................................................. 34
A Orientação Escolar e a Supervisão Escolar no Contexto da Escola......34

Metodologias Ativas no Processo de Supervisão e Orientação


Escolar.............................................................................................................. 45
Metodologias Ativas na Educação......................................................................................45
Supervisão e Orientação Escolar 9

04
UNIDADE
10 Supervisão e Orientação Escolar

INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Bem-vindo à discussão sobre supervisão e
orientação escolar! Chegamos à nossa Unidade 4. Essa é uma área de
discussões contundentes e impactos no campo da educação, seja no
aspecto de desenvolvimento de pesquisas em torno da supervisão e
orientação escolar, seja na aplicabilidade prática que se transforma através
dos tempos no espaço da escola. Nesta unidade, iremos aprender sobre
os desafios da supervisão e orientação escolar, percebendo os avanços
nesse campo escolar no Brasil e no Mundo. Além disso, vamos entender
como se estabelecem as conexões entre a supervisão e a orientação
escolar como um todo. Por último, vamos perceber quais metodologias
ativas no processo de supervisão e orientação escolar podem ser
aplicadas. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar
neste universo!
Supervisão e Orientação Escolar 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Identificar e superar os desafios da supervisão e orientação escolar


no contexto contemporâneo, tanto na realidade da escola pública
quanto na rede particular.

2. Identificar e compreender os avanços da supervisão e orientação


escolar no brasil e no mundo.

3. Alinhar a supervisão e orientação escolar com todos os elementos


e dimensões da instituição e de comunidade escolar como um
todo.

4. Entender o conceito das metodologias ativas e contextualizá-las


no processo de supervisão e orientação escolar.
12 Supervisão e Orientação Escolar

Desafios da Supervisão e Orientação


Escolar
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como se constituem os desafios da supervisão e
orientação escolar no ambiente escolar e, sobretudo,
como os profissionais dessa área poderão conduzir ações
colaborativas e efetivas no que tange ao desenvolvimento
da aprendizagem. Isso será fundamental para o exercício
de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver essa
competência? Então, vamos lá. Avante!

Desafios da Atualidade na Educação


Brasileira
A educação sempre foi um campo de desafios, disputas e diálogos a
serem aprofundados, desde a sua constituição até os dias atuais. Quando
pensamos sobre os dias nos quais estamos vivendo, podemos perceber
várias situações desafiadoras, ainda mais pelas dimensões de mudanças
da sociedade através dos tempos.

Podemos refletir como o mundo se transforma constantemente de


inúmeras formas. Hoje, estamos diante de uma grande gama de inovação
tecnológica que influencia diretamente a vida social dos indivíduos e as
suas respectivas formas de se relacionar.
Supervisão e Orientação Escolar 13

Figura 1 – Inovações tecnológicas

Fonte: Freepik

Quando analisamos os outros cenários, como aspectos das


situações econômicas, políticas e culturais, as mudanças são recorrentes
e velozes. Com a educação não seria diferente, pois esta abarca todas
essas áreas e é influenciada diretamente em seu cotidiano.

É relevante termos em nossa análise, que nem sempre as alterações


são positivas, gerando inúmeros campos de instabilidades educacionais.
Para isso, é preciso que se constitua um profissional da educação resiliente.

Nesse contexto de inúmeras mudanças e reflexões catalisadoras


de outras formas de pensar, encontramo-nos em um cenário repleto de
informações e, por vezes, é natural não estar pronto para lidar com tudo
isso.
14 Supervisão e Orientação Escolar

SAIBA MAIS:

Todo profissional da educação deve estar atento para


conhecer os novos recursos desenvolvidos na era digital que
impactam diretamente o comportamento da sociedade no
processo de busca por informação, formação profissional
e interesses pessoais, em especial como acontecem as
dimensões de organização dessa informação. O campo
educacional vivencia diversas influências e, com isso, os
profissionais devem viver em constante atualização das suas
ferramentas e formar cidadãos frente a esse novo cenário
tecnológico que se encontra em desenvolvimento na
sociedade. O uso de ferramentas digitais é primordial para a
transformação e otimização dos processos desenvolvidos
pelas instituições de ensino, principalmente quanto à
presença de inovação no campo educacional, conectando
experiências de vida ao conteúdo. Leia o artigo intitulado
Os desafios e os benefícios da tecnologia na educação,
e tenha a oportunidade de perceber as vantagens e os
desafios da tecnologia na educação, e as ferramentas que
rendem bons resultados e poderão a ser usadas. Acesse
clicando aqui.

O que temos priorizado nas discussões em torno do campo


educacional é a motivação e o estímulo aos profissionais, para que se
mantenham sempre abertos e dispostos ao aprendizado contínuo. Ou
seja, aprender não se encerra em etapas, mas perdura por toda a vida,
por meio das diversas vivências e transformações que estão presentes
no mundo social. O não aprendizado e a não busca pelo conhecimento
condicionam o indivíduo à estagnação e à dificuldade de lidar com
questões práticas no ambiente de trabalho.

Nesse sentido, algumas ações são consideradas primordiais diante


os desafios enfrentados, quais sejam:

•• Protagonismo e autonomia no ato de desenvolver um aprendizado


contínuo.

•• Disposição e abertura para as novas tecnologias.


Supervisão e Orientação Escolar 15

•• Vivência com novas tecnologias e inovação na educação.

•• Capacidade de estabelecer desenvolvimento de aprendizagens


em grupo.

•• Estímulo e motivação de todos ao redor.

Esses aspectos contribuem diretamente para reflexão-ação


em prol de um ambiente propositivo e inovador, com capacidade de
gerenciamento de crises, resiliência, planejamento estratégico e alcance
de metas efetivas de impacto na educação.
Figura 2 – Inovação na educação

Fonte: Freepik

Os profissionais da orientação escolar e da supervisão devem ser


agentes promotores de mobilização na equipe docente e gestora, com a
postura propositiva e inovadora. Assim, esses profissionais deverão ter em
mente quais estratégias de inovação na educação devem ser aplicadas
nos diferentes grupos.

Podemos perceber que, em todos os cenários educacionais, a


formação continuada dos professores deverá ser contínua e priorizada,
nunca deixada de lado. Se formos observar a realidade dos nossos
16 Supervisão e Orientação Escolar

estudantes, todos estão inseridos no campo de acesso à internet, a


plataformas digitais, smartfones, imagens em tempo real. Desse modo,
percebemos o quanto este século se difere do século passado.

Os professores devem estar atentos ao que acontece no mundo


e estabelecer, em sua metodologia, momentos de conexão das
experiências, das informações acessadas e dos conteúdos didáticos,
pois a inovação na educação é promotora de engajamento e grandes
mudanças nas realidades sociais.

SAIBA MAIS:

Todos os temas que estão inseridos no Exame Nacional do


Ensino Médio (ENEM) estão diretamente conectados com a
realidade, a sociedade e a vivência dos indivíduos de forma
coletiva e individual. Sendo assim, as aulas devem criar
alternativas e conexões dessas vivências com o exame.
O estudante se conecta com uma atualidade/notícia via
internet e, futuramente, ele poderá se deparar com esse
mesmo tema para argumentar e construir uma opinião
de forma escrita durante um exame que irá encaminhá-
lo ao seu futuro. Perceba como essas conexões poderão
estimular o educando a desenvolver opiniões, proposições
e argumentos de forma protagonista e a partir da sua visão
de mundo, assistindo à live Saiba como as atualidades
podem cair na redação do Enem, promovida pela Essia.
Acesse clicando aqui.

Um dos pontos primordiais para o desenvolvimento de ambientes


de aprendizagem saudáveis e inclusivos é ter empatia no campo das
relações humanas. Assim, o conhecimento poderá ganhar asas e voar de
forma libertadora e por meio das inúmeras dimensões que estão presentes
no indivíduo na sua integralidade. Para pensamos sobre esses ambientes,
os integrantes, os educandos e as aprendizagens, iremos percorrer por
algumas sugestões que devem compor a rotina dos profissionais da
orientação e supervisão educacional.
Supervisão e Orientação Escolar 17

Figura 3 – Gamificação na educação

Fonte: Freepik

O primeiro ponto desafiador a se refletir é:

•• Proporcionar oportunidades de desenvolver um conhecimento e


conteúdo engajado as novas tecnologias

Quando percebemos esse ponto, podemos relacionar


com a possibilidade de desenvolver um conteúdo que seja
personalizado para a trajetória do educando. Existem amplas
oportunidade e capacidade de adaptação de experiências às
realidades dos estudantes. Essa oportunidade irá promover maior
engajamento dos estudantes e maior dedicação, interação e
comunicação em torno de uma nova possibilidade e metodologia
de aprendizagem. Assim sendo, podemos elencar algumas
tecnologias que podem ser usadas em sala de aula:

•• Material didático digital.

•• Gamificação.

•• Aplicativos que possuam interação.


18 Supervisão e Orientação Escolar

•• Redes sociais.

Por conseguinte, para que essa dimensão surja e tenha fôlego


metodológico e pedagógico para ocorrer é importante estimular o
seguinte ponto:

•• A dinâmica da escola é sempre um desafio. Para tanto, um dos


principais pontos de atenção do profissional da orientação e
supervisão educacional e estar atento à equipe dos professores.
Esta, por sua vez, necessita ser uma equipe engajada, motivada,
coesa e alinhada. Para que isso ocorra, é fundamental o
investimento contínuo em torno das seguintes ações:

•• Formação continuada.

•• Construção de um ambiente de apoio mútuo e parcerias.

•• Escuta atenta e estímulo ao engajamento.

•• Apoio e fortalecimento frente aos desafios cotidianos.


Figura 4 – Engajamento coletivo dos professores

Fonte: Freepik
Supervisão e Orientação Escolar 19

O trabalho engajado de uma equipe escolar possibilita um


alinhamento que gera impacto na sala de aula, de modo que torna
possível desenvolver a execução do seguinte ponto:

•• Promover o trabalho das competências socioemocionais de


forma séria e comprometida, eis um grande desafio. Para que isso
ocorra, é fundamental que os profissionais de educação estejam
comprometidos com o desenvolvimento dessa competência. Para
isso, a equipe deverá se atentar às ações no cotidiano da escola
apresentadas na figura a seguir.
Figura 5 – Atitudes para promover a competência socioemocional

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Essa sequência de ações é desafiadora, tendo em vista a dinâmica


do dia a dia no contexto escolar. Conceber um ambiente com esses
elementos é sempre um desafio, pois requer autonomia, coragem
e resiliência, e uma atitude protagonista, que tenha a finalidade de
estabelecer alinhamentos coletivos sem que percam o sentido e o
significado das ações.

Podemos perceber o quanto a escola foi desafiada em tempos


pandêmicos para a execução do seu escopo em suas atuações, para
conseguir se reinventar em um tempo recorde. Os contextos e as
transformações exigem agilidade e resiliência constante das equipes
escolares.

Todavia, com todas as influências da sociedade, a escola segue de


modo a desenvolver e construir a educação na sociedade. Diante disso, é
20 Supervisão e Orientação Escolar

necessário abrir os olhos para o mundo, visualizar as mudanças e trazê-


las para o cerne da discussão educativa, na perspectiva de estimular
cidadãos críticos e participativos na sociedade.

Outro desafio que a pandemia de Covid-19 intensificou é que:

•• Promover a contenção da evasão escolar se tornou uma tarefa


primordial no ambiente educacional. Tendo em vista que os índices
de evasão e abandono têm se intensificado a cada dia, aliada à
evasão, temos uma expansão do desinteresse e da desmotivação.
Para lidar com isso, é urgente pensar estratégias a serem utilizadas
na diminuição do abandono escolar.
Figura 6 – Atitudes para lidar com a evasão escolar

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Esse desafio se conecta com outro desafio muito presente no


cotidiano de profissionais da orientação e supervisão escolar, que se trata
do fortalecimento da relação entre escola e família. Essa barreira deve
ser cada demais quebrada e a relação expandida. Esse entendimento
conduz à perspectiva de que a escola é um espaço de construção do
conhecimento coletivo, e não apenas um lugar de transmissão de
conteúdos sistemáticos.
Supervisão e Orientação Escolar 21

Figura 7 – Família e escola

Fonte: Freepik

Assim sendo, algumas ações podem ser realizadas pela escola


com o intuito de fortalecer essa relação, quais sejam:

•• Ter o contato dos pais e estabelecer conversas que dialoguem


sobre a escola, educação e o desenvolvimento dos filhos.

•• Receber os estudantes na entrada e deixá-los na saída, para que


possa encontrar com os pais e, sempre que possível, tecer breves
conversas.

•• Realizar ações inclusivas na escola que possam contemplar a


presença dos pais, como: gincanas, feiras de ciência, apresentações
etc.

•• Desenvolver a comemoração de datas específicas de forma


inclusiva, que contemple a diversidade das famílias.

•• Realizar periodicamente reuniões com as famílias para discutir


o desempenho dos estudantes, por meio de uma linguagem
acessível e inclusiva e com formato atrativo, que gere interesse
das famílias na participação.
22 Supervisão e Orientação Escolar

Para concluirmos, neste capítulo discutimos alguns desafios


que estão presentes na educação brasileira e que são campos de
atenção e atuação dos profissionais da orientação e supervisão
educacional. É necessário ter sempre atenção e acolhimento aos
estudantes mediante uma proposta inclusiva e participativa.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido como se constituem os desafios da supervisão
e orientação escolar no ambiente escolar, sobretudo
como os profissionais dessa área poderão conduzir ações
colaborativas e efetivas no que tange ao desenvolvimento
da aprendizagem. Você pôde compreender os inúmeros
desafios que estão no campo educacional, de modo
que é sempre necessário criar estratégias eficazes para
que o desenvolvimento integral dos estudantes seja
atingido. Pôde perceber que é necessário ter sempre
atenção e acolhimento aos estudantes por meio de uma
proposta inclusiva e participativa. Viu como contextos e
transformações exigem agilidade e resiliência constantes
das equipes escolares. Compreendeu, ainda, que, com
todas as influências da sociedade, a escola segue de modo
a desenvolver e construir a educação, tendo de abrir os
olhos para o mundo, visualizar as mudanças e trazê-las
para o cerne da discussão educativa, na perspectiva de
estimular cidadãos críticos e participativos na sociedade.
Supervisão e Orientação Escolar 23

Avanços da Supervisão e Orientação


Escolar no Brasil e no Mundo
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como se deram os avanços da supervisão e orientação
escolar e a importância de interação entre o professor e o
supervisor. Isso será fundamental para sua profissão, pois
os professores não são os únicos participantes do processo
de ensino e aprendizagem, devendo sempre estarem
alinhados com a supervisão escolar. E então? Motivado para
desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Avante!.

Os Avanços da Supervisão Escolar


A profissão do supervisor escolar é de grande valia para o
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. O contexto
educacional passou por diversas mudanças ao longo dos anos, mas
ainda é palco de algumas concepções bastante tradicionais. A própria
concepção de supervisão escolar está diante de um dilema, pois qual seria
a correta definição desse ator no processo de ensino e aprendizagem?

Para alguns, o supervisor funciona como um simples fiscal, alguém


que está lá para verificar o que está sendo feito, um verdadeiro investigador
dentro e fora de sala de aula. Para outros, poderia até ser considerado um
juiz, visto que tem, até certo ponto, poder de decisão dentro da escola.

Nota-se, entretanto, que a orientação educacional tem como objetivo


funcionar como um auxiliar da escola, com o objetivo de ser promotor do
processo educacional, propiciando a socialização e construindo diversas
modalidades de ações pedagógicas que irão influenciar diretamente o
contexto escolar (LAVELBERG, 2009).

No entanto, antes de chegar a essa conclusão de Lavelberg (2009),


cumpre destacar que a orientação escolar passou por diversas fases
para chegar a uma concepção específica, o que requer a realização de
uma pequena linha do tempo para entender como se deu a origem da
24 Supervisão e Orientação Escolar

orientação e supervisão escolar como profissão e quais foram alguns dos


desafios encontrados, bem como os avanços alcançados.
Figura 8 – Supervisor na área industrial

Fonte: Freepik

Nérici (1978) aponta que a supervisão escolar é baseada na atividade


do supervisor, uma função que teve origem, crescimento e destaque
em especial na indústria como forma de verificar o desenvolvimento do
trabalho realizado pelos empregados de determinada instituição. Foi
apenas em 1900 que a supervisão escolar passou a integrar o processo
educacional buscando implementar o desempenho dessa atividade.

Nérici explica, acerca da evolução conceitual de supervisão escolar


tratando sobre o ano de 1920, que nesse ano ocorreu uma mudança na
supervisão escolar no intuito de direcionar-se à atuação do professor,
buscando tornar o exercício do docente uma atividade mais eficiente.

Na década de 1930, foi constatada a necessidade de trabalho


conjunto entre os professores e os supervisores, para garantir melhor
eficiência no processo de ensino e aprendizagem. Apesar de ter uma
Supervisão e Orientação Escolar 25

atuação muito mais ampla, a supervisão escolar ainda era confundida


com a mera atividade de fiscalização.

Foi apenas em 1931 que houve, de fato, uma diferenciação acerca da


orientação escolar com a publicação do Decreto nº 19.890/1931 (BRASIL,
1931), também chamado de Reforma Francisco Campos, que trouxe, de
forma oficial, as características da atividade do inspetor escolar (NÉRICI,
1978).

Em 1942, foi publicado o Decreto-Lei nº 4.244/1942 (BRASIL, 1942)


referente à Lei Orgânica do Ensino Secundário, que também trazia a figura
do inspetor escolar, explicando que a atuação desse profissional acontece
não só do ponto de vista administrativo, mas também sob o caráter de
orientação pedagógica.

Ato contínuo, parte-se para a década de 1950, em especial no ano


de 1953 com a publicação do Decreto-Lei nº 34.638/1953, que trouxe
a denominada de Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino
Secundário (CADES). Nesse documento, também houve citação específica
sobre a figura do chamado inspetor escolar, frisando-se a necessidade de
melhoria na qualidade do ensino ofertado por meio do fornecimento de
subsídios para formação e treinamento desses profissionais (LIMA, 2008).

Entre a década de 1940 e 1960, foi uma época de grande valia para
a supervisão escolar, posto que houve preocupação com a sensibilização
do supervisor escolar e do professor acerca da necessidade que esses
profissionais tomassem ciência das dificuldades de atuação que poderiam
passar e buscar treinamento e orientação necessários para melhorar o
exercício da função (LIMA, 2008).

Não foi apenas no Brasil que ocorreu uma implementação da


atuação do supervisor escolar. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos
por volta da década de 1950. Nessa época, foi ainda realizada uma política
de aliança entre Brasil e Estados Unidos da América com a finalidade de
disponibilizar cursos específicos voltados para a formação de supervisores
escolares.
26 Supervisão e Orientação Escolar

Tal aliança se concretizou pela criação do chamado Programa


Americano-Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar (PABAEE).
Medina (2002) aponta alguns dos ideais contidos no texto do PABAEE,
como pode ser observado a seguir:
Introduzir e demonstrar aos educadores brasileiros os
métodos e técnicas utilizados na educação primária,
promovendo a análise, aplicação e adaptação dos
mesmos, a fim de atender às necessidades comunitárias
em relação à educação, por meio do estímulo à iniciativa
do professor, no sentido de contínuo crescimento e
aperfeiçoamento. Criar, demonstrar e adaptar material
didático e equipamento, com base na análise de recursos
disponíveis no Brasil e em outros países, no campo da
educação primária. (MEDINA, 2002)

Essa aliança, realizada entre o Brasil e os Estados Unidos por


meio da criação do PABAEE, teve grande repercussão nacional sendo
considerada algo que trouxe inovação para o setor pedagógico (LIMA,
2008). A figura do supervisor escolar também teve destaque mediante a
promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
de 1961, que trazia o seguinte em seu art. 52:
Art. 52. O ensino normal tem por fim a formação de
professores, orientadores, supervisores e administradores
escolares destinados ao ensino primário, e o
desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relativos à
educação da infância. (BRASIL, 1961)

O legislador tomou o cuidado de prever a orientação e supervisão


escolar já dentro da primeira LDB, devido à sua importância para o
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

Com o surgimento de leis e a própria criação do PABAEE, pôde ser


evidenciado o crescimento da supervisão escolar como área de ensino e
estudo específica, responsável pelo controle da qualidade de ensino e da
criação de condições ideais para a promoção dessa implementação de
qualidade. É o que afirma Saviani (1988, 2008 apud LIMA, 2008, p. 15),
ao dizer que:
Supervisão e Orientação Escolar 27

como as demais habilitações educacionais criadas e


oficialmente institucionalizadas na educação brasileira,
a partir da regulamentação da lei 5540/68, a supervisão
escolar passa a ter sua formação em cursos de graduação,
sendo processada a partir da linha em que se davam
os cursos promovidos pelo Pabaee e Pamp. Isto é,
fundamentada nos pressupostos da pedagogia tecnicista
– que se apoia na neutralidade científica e se inspira nos
princípios da racionalidade, eficácia e produtividade do
sistema.

Pode-se observar, diante do exposto, que a supervisão escolar


teve seu maior crescimento na década de 1960, tendo passado por
algumas fases de desenvolvimento que, segundo Nérici (1978) se dividem
conforme a figura subsequente.
Figura 9 – Divisão das fases da supervisão escolar e seus avanços

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Nérici (1978) aponta que o período de fase fiscalizadora diz respeito


à primeira fase de desenvolvimento da supervisão escolar, na qual ainda
havia confusões relativas à atuação do inspetor.

Nessa fase, a característica primordial do supervisor escolar era


de que seu trabalho era mais direcionado a aspectos e características
técnicas, buscando atuar como fiscal legal ao averiguar se o que estava
previsto em lei era de fato cumprido pelas escolas. Além disso, fiscalizava
as instalações físicas, a questão da contratação dos professores e até
os atos comuns da vida acadêmica, como provas, férias, matrículas e
documentação dos estudantes.
28 Supervisão e Orientação Escolar

De acordo com o autor, essa fase foi marcada por uma rigidez
na atuação profissional do supervisor escolar, chegando a beirar a
inflexibilidade, posto que os supervisores buscavam a aplicação do que
se encontrava previsto em lei, independentemente das condições e
individualidades locais dos alunos e das escolas.
Figura 10 – Supervisor com atuação estrita, rígida, sem se preocupar com as
individualidades locais na fase fiscalizadora da supervisão escolar

Fonte: Freepik

A próxima fase da supervisão escolar diz respeito à fase construtiva


ou orientadora, de acordo com Nérici (1978). Nessa fase da supervisão
escolar, há uma mudança na atuação do supervisor escolar. Aqui, o
supervisor mudou o foco de atuação para reconhecer a necessidade de
implementação da atuação dos docentes, sendo essa fase caracterizada
pela realização de cursos profissionalizantes, de aperfeiçoamento e
formação continuada para os docentes. Com a realização desses cursos,
sua atuação voltou-se para a busca de eventuais erros na sua atuação e
na atuação dos docentes e, com base nessa nova visão, criar soluções e
metodologias para posterior aplicação (NÉRICI, 1978).

Na fase criativa, a supervisão passa a ser diferenciada, de fato,


da supervisão escolar, posto que esse novo momento propiciou a real
Supervisão e Orientação Escolar 29

significação da atividade do supervisor escolar como parte integrante no


desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. Aqui, restou
caracterizada a necessidade de atuação do supervisor escolar como
figura-chave no contexto escolar, atuando diante dos estudantes, seus
pais, responsáveis, professores e todo o corpo de funcionários escolares,
para participar de um processo de ensino que fosse democrático e
cooperativo.

A próxima modalidade é a autocrática, na qual o foco era o poder


do supervisor escolar, ou seja, sua autoridade como figura administrativa
e sua influência nas ordens, direções e sugestões para a melhoria do
ensino. De acordo com Nérici (1978), esse modelo de supervisão escolar
era responsável por emitir ordens e controlar o cumprimento dessas
ordens com a finalidade de buscar soluções para problemas que afetam
o contexto escolar.

Além disso, essa atuação de aprendizado por meio dos problemas


resolvidos pelos supervisores teria a capacidade de criação de um
verdadeiro repositório, que poderia ser utilizado como fonte para a
solução de problemas futuros. Nesse tipo de supervisão, o profissional se
impõe mediante o medo e a intimidação. Há um sacrifício da cooperação
em virtude de resultados.

Outra modalidade é a supervisão escolar democrática, em que


esse paradigma de autoridade foi derrubado, para que o supervisor
escolar pudesse atuar com base em liberdade, compreensão, empatia,
criatividade, respeito e sem se impor de forma indiscriminada. Nessa
modalidade, há a busca pelo pensamento democrático na tomada de
decisão e o envolvimento de todos os sujeitos que participam do processo
de ensino e aprendizagem (NÉRICI, 1978).

Debatidas algumas das fases e modalidades de supervisão escolar,


restam evidenciados diversos avanços na atuação do supervisor. Partiu-
se de alguém autoritário, que estava ali como uma ferramenta estatal
para o cumprimento do que estava disposto em lei, para um profissional
pronto para fazer parte do processo de ensino e aprendizagem como
protagonista, atuando diretamente com os professores, alunos, gestores
e demais membros do corpo escolar.
30 Supervisão e Orientação Escolar

Com essa evolução conceitual acerca das fases e modalidades


de supervisão escolar, parte-se para a divisão da supervisão em etapas,
sendo essa divisão realizada conforme a figura que se segue.
Figura 11 – Divisão da supervisão escolar em etapas

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

No planejamento, há o conteúdo objetivo do que se pretende fazer


no cotidiano escolar por meio da elaboração de um roteiro que será
realizado ao longo do ano letivo, podendo esse roteiro ser dividido em
espaços temporais de semestre, trimestre ou bimestre.

Na fase de acompanhamento, o supervisor irá verificar como está


a execução do roteiro elaborado na fase de planejamento e qual é o
desempenho dos estudantes e dos professores nesse sentido. O controle,
por sua vez, diz respeito à avaliação dos resultados obtidos mediante
a atuação do supervisor, da aplicação direta do seu roteiro e de seu
acompanhamento (NÉRICI, 1978).

Durante essas etapas da sua supervisão, o profissional irá realizar


diversas funções, quais sejam:

•• Auxiliar os professores na compreensão acerca do papel da escola


e do objetivo da educação.

•• Ajudar os professores na compreensão acerca dos problemas e


individualidades dos educandos que fazem parte do processo de
ensino e aprendizagem e como melhor atendê-los.
Supervisão e Orientação Escolar 31

•• Criar vínculo moral e ético com os professores, estreitando a


relação, com o intuito de desenvolver um melhor trabalho de
equipe.

•• Buscar a identificação de características profissionais individuais


nos professores, com o objetivo de atribuir tarefas que possam
desenvolver mais ainda essas habilidades.

•• Buscar o envolvimento da comunidade no processo de educação.

•• Proteger os professores do público, quando em casos de


desrespeito ou exigências exageradas que venham a prejudicar o
trabalho do docente.

•• Trazer cursos de capacitação e formação continuada para os


professores, gestores e demais membros do corpo escolar
(NÉRICI, 1978).

Para realizar essas funções, deve o supervisor escolar estar


alinhado com os professores. Não devem os docentes conceberem os
supervisores como espiões, tendo essa imagem acabado com a evolução
da supervisão escolar. Atualmente, busca-se do supervisor uma atuação
de coordenação de atividades para facilitar o processo de ensino e
aprendizagem (MELO, 2005).

Mesmo com essa imagem tendo sido reformulada, ocorrem, muitas


vezes, dificuldades na atuação conjunta do professor e do supervisor,
em especial no que diz respeito ao tempo de interação entre esses dois
sujeitos. Muitas vezes não há, na escola, um período comum para haver
a interação necessária entre professor e supervisor, em especial para o
feedback da supervisão.

De acordo com Melo (2005), isso pode gerar até mesmo um


sentimento de desconfiança entre os docentes, o que pode vir a ter como
consequência a criação de um ambiente de trabalho tenso, hostil, e fazer
que a presença do supervisor se torne um verdadeiro incômodo.

Para que isso não aconteça, deve-se criar um ambiente de trabalho


que possibilite a atuação desses dois profissionais, para que possam
32 Supervisão e Orientação Escolar

trabalhar em equipe. Isso se faz necessário posto que a atividade de


supervisão requer para a sua execução o contato constante com pessoas.
Figura 12 – Supervisores e professores devem trabalhar juntos

Fonte: Freepik

Esse trabalho de equipe se torna essencial para que as metas do


planejamento, roteiro e acompanhamento do supervisor possam ser
alcançadas e, posteriormente, postas em seu controle. Para tanto, faz-se
necessário que esse supervisor tenha um perfil de criador de estratégias,
seja um líder que busque uma liderança compartilhada e que se relacione
de forma respeitosa, com pensamento democrático dentro do ambiente
escolar (NÉRICI, 1978). Os professores precisam de uma abordagem
amigável e compreensiva para evitar a criação de um ambiente de
trabalho hostil.
Supervisão e Orientação Escolar 33

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que a supervisão escolar é, de fato, de extrema
importância para o desenvolvimento do processo de
ensino e aprendizagem. O supervisor deve agir pautado em
um perfil de liderança e compreensão, com pensamento
democrático e espírito de equipe, devendo atuar com o
corpo docente com o objetivo de garantir um ensino de
qualidade para os educandos. Apesar desse ser o objetivo,
nem sempre é possível, posto que existem situações
em que os docentes encaram os supervisores escolares
como espiões ou bisbilhoteiros, que irão apenas fiscalizar
seu trabalho e apontar seus erros. Esse tipo de imagem
ainda existe, mas não é tão comum. Isso ocorre porque
as transformações da supervisão são bastante recentes.
Antes, tinha-se o condão apenas de fiscalização e atuação
como cumpridor da lei, sendo o supervisor uma figura
impositiva, autoritária e, muitas vezes, inflexível. Deve haver
um trabalho de equipe em um ambiente de cooperação,
para garantir ao educando o melhor processo de ensino e
aprendizagem possível.
34 Supervisão e Orientação Escolar

Como Alinhar a Supervisão e Orientação


Escolar com o Todo?
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como funciona a orientação escolar e a supervisão escolar,
e como o desenvolvimento dessas duas atividades
influencia diretamente o contexto da escola. Torna-se de
grande valia esse conhecimento, uma vez que são funções
distintas, mas conexas, que irão atuar em conjunto para
garantir um melhor aproveitamento no processo de ensino
e aprendizagem. E então? Motivado para desenvolver essa
competência? Então, vamos lá. Avante!

A Orientação Escolar e a Supervisão


Escolar no Contexto da Escola
O desenvolver da atividade escolar está intrinsecamente ligado
à competência de atuação dos diversos profissionais que atuam para
garantir que o processo de ensino e aprendizagem se desenvolva da
melhor forma e com o melhor grau de eficácia possível.

Para garantir que isso ocorra, torna-se essencial a atuação de dois


profissionais, que deve ocorrer em conformidade com todas as outras
atividades do contexto escolar: o supervisor escolar e o orientador
educacional. O trabalho desses profissionais deve ser realizado levando-
se em consideração todo o conjunto que compõe a escola, posto que a
atuação sozinha não teria o mesmo impacto e significado.

Torna-se necessária a realização de uma reflexão acerca da


atuação do supervisor escolar e do orientador educacional e como o
exercício desses profissionais impacta o contexto escolar e o processo
de aprendizagem, podendo se tornarem verdadeiros impulsores nesse
aspecto.
Supervisão e Orientação Escolar 35

Como visto, o processo de ensino e aprendizagem não se limita


ao letramento dos estudantes, indo além do desenvolvimento apenas de
técnicas aprendidas em livros. Vai além, e deve levar em consideração
individualidades, medos, aspirações, desejos e capacidade dos
educandos. Nesse processo, a profissão de educador não se limita
apenas ao docente. Compartilham dessa função todos os funcionários
da escola, todos devem ter o pensamento de que são educadores e
que a todo tempo repassam conhecimento e o aplicam. Sem sombra de
dúvida, o gestor é um educador, assim como o orientador educacional
e o supervisor escolar também o são. E essa compreensão acerca da
condição de educador se faz necessária para que haja um discurso
coerente na teoria e na prática, o que torna possível a aplicação de um
modelo de ensino transformador.
Figura 13 – O trabalho do orientador e do supervisor deve ter metas definidas e estar
alinhado com a gestão, docentes e alunos

Fonte: Freepik

A escola deve ser um ambiente acolhedor e estar organizada para


que possa exercer o seu papel de local de ensino e aprendizagem, com o
gestor atuando como liderança e guiando seus colegas de trabalho para
36 Supervisão e Orientação Escolar

atingir o objetivo principal da escola que é garantir a educação (LÜCK,


2009).

A orientação educacional e a supervisão escolar como práticas


pedagógicas e realizadas em uníssono são algo necessário para
quebrar uma postura de ensino tradicional. Antes, essas atividades eram
consideradas como de cunho meramente técnico e administrativo, tendo
passado por diversas transformações até que se chegasse à figura do
supervisor escolar com pensamento democrático e não apenas como um
aplicador da lei.

Fontes e Viana (2003, p. 55) dizem o seguinte:


Pensar o papel e a prática de supervisores e orientadores
educacionais na escola é pensar antes de tudo em seu
surgimento na história da educação em nosso país. [...]
foram funções pedagógicas criadas durante o regime
de ditadura militar no Brasil[...] um sistema que tinha
como ideologia a opressão; como método o silêncio, por
objetivo, a alienação.

Apesar de serem muitas vezes confundidas, a supervisão escolar


e a orientação educacional são funções distintas, que atuam de forma
separada, mas ao mesmo tempo são interdependentes; pelo menos
hoje é esse o pensamento, mas nem sempre foi assim. A supervisão
escolar por muito tempo foi voltada quase que de maneira exclusiva
aos professores, ao passo que a orientação escolar estava mais voltada
para os alunos, quase que exclusivamente. Essa visão de exclusividade
de atuação e atuação independente e de forma puramente tecnicista foi
bastante criticada por diversos autores, posto que acabava por atrapalhar
o processo de ensino e aprendizagem (URBANETZ; SILVA, 2008).

O trabalho realizado de forma isolada e com os profissionais


voltados para diferentes sujeitos do processo de ensino e aprendizagem
de modo exclusivo acabou por se mostrar algo ineficiente, o que estaria
indo de encontro ao que prega a escola, que é a busca pela educação
de qualidade. Foi necessário o surgimento de um processo de unificação
no desenvolvimento da atividade desses profissionais, para que eles
pudessem atender a propostas de ensino transformadoras e inovadoras.
Esse processo de mudança na forma de atuação foi o que pôde garantir
Supervisão e Orientação Escolar 37

uma melhor desenvoltura no desempenho da função do orientador


educacional e do supervisor escolar (FONTES; VIANA, 2003).
Figura 14 – Não é mais possível apenas buscar a tecnicidade

Fonte: Freepik

Sobre e exposto, Urbanetz e Silva trazem o seguinte:


Uma proposta pedagógica inovadora não pode perder de
vista as metas a atingir. [...] A gestão pedagógica que não
tem consciência de seu papel no processo de mudança
repete cegamente as práticas já existentes, sem o
questionamento sobre a realidade social que a escola se
insere. (URBANETZ; SILVA, 2008, p. 59)

O texto dos autores reflete a necessidade de mudança na atuação


dos profissionais, com o intuito de evitar a repetição de práticas passadas,
como era o caso da supervisão autocrática, previamente estudada no
capítulo anterior. Com base nessa mudança de paradigma, as funções do
supervisor escolar e do orientador educacional mudaram drasticamente.
Ambos os profissionais devem ter um discurso alinhado com o objetivo de
significar o ensino do educando, fazendo, conjuntamente com a gestão e
dos docentes, que esses alunos se tornem pessoas críticas, pensadoras,
empoderadas independentes, verdadeiros cidadãos. Mas isso ainda é um
grande desafio, conforme afirmam Urbanetz e Silva, ao dizerem que:
um dos maiores desafios que esses profissionais hoje
enfrentam é compreender a complexidade da realidade,
38 Supervisão e Orientação Escolar

em suas múltiplas determinações, para então agir de


forma consciente de seus limites, mas também de suas
possibilidades. (URBANETZ; SILVA, 2008, p. 59)

A realidade e as características individuais de cada contexto


escolar representam um verdadeiro desafio para uma atuação precisa
desses profissionais. Para se manterem sempre atualizados, tornam-
se necessários o constante estudo, a constante atualização, formações
continuadas e, não poderia deixar de faltar: a pesquisa. Esta última
representa uma excelente ferramenta na qualificação dos supervisores
escolares e orientadores educacionais, conforme afirma Rangel ao dizer
que:
a pesquisa amplia a compreensão do processo didático,
das ações e relações que nele tem curso, propiciando
decisões fundamentadas, perspectivas de avanços do
conhecimento e das práticas. (RANGEL, 2000, p. 95)
Figura 15 – Pesquisa como aliada dos orientadores e supervisores

Fonte: Freepik

A pesquisa, dessa forma, torna-se uma grande aliada aos


supervisores e orientadores no sentido de auxiliar o desenvolvimento
de suas funções. Essa ferramenta permite garantir aos profissionais a
compreensão de que o professor também é protagonista do processo de
ensino e aprendizagem, mas que não é o único, e que a experiência de
todo esse corpo de educadores irá proporcionar à comunidade um ensino
de qualidade. Sobre o exposto, Lück afirma o seguinte:
Supervisão e Orientação Escolar 39

Educação é processo humano de relacionamento


interpessoal e, sobretudo, determinado pela atuação de
pessoas. Isso porque são as pessoas que fazem diferença
em educação, como em qualquer outro empreendimento
humano, pelas ações que promovem, pelas atitudes que
assumem, pelo uso que fazem dos recursos disponíveis,
pelo esforço que dedicam na produção e alcance de novos
recursos e pelas estratégias que aplicam na resolução de
problemas, no enfrentamento de desafios e promoção do
desenvolvimento. (LÜCK, 2009)

O orientador educacional e o supervisor escolar precisam ter noção


de que seu papel é de suma importância na gestão democrática da escola.
Nos dias de hoje, não há mais que se pensar em gestão autocrática,
ligada apenas à figura do gestor que trabalha de forma isolada. Deve
haver uma verdadeira humanização de todo o corpo escolar, conforme
afirma Grispun (2002):
A escola é uma organização complexa; comporta vários
serviços, executados por diferentes profissionais, cuja
atribuição maior é a efetividade do processo educacional.
Nesse sentido, devemos lembrar que, da mesma forma
que a escola assume seu projeto político pedagógico, ela
pertence a uma instituição maior, denominada educação,
que, por sua vez, pertence à sociedade. Assim sendo, a
análise da escola não pode ser feita isoladamente das
demais categorias que a corporificam direta e indiretamente
na consecução de seus objetivos. (GRISPUN, 2002, p. 83)

Cumpre destacar a necessidade de diferenciar o supervisor e o


orientador dos professores e gestores. Todos são agentes educacionais,
todos são educadores, mas a atuação se dá em campos distintos. Cabe
ao diretor gerir a escola com o auxílio de todos os outros profissionais. Ao
professor cabe o ensino das disciplinas que são de seu domínio, com o
supervisor sendo responsável por garantir que o professor possa exercer
essa função da forma mais eficiente possível, ao passo que o orientador
irá tratar do aluno de forma a garantir formações voltadas para dentro e
fora da escola.

Para desenvolverem suas funções, os supervisores e orientadores


seguem um perfil que tem de ser conforme a figura a seguir.
40 Supervisão e Orientação Escolar

Figura 16 – Perfil dos supervisores e orientadores escolares

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Em relação ao aspecto técnico, o supervisor e o orientador devem


compreender como se dá o procedimento de organização do trabalho,
quais são as suas funções e como essas funções podem ser desenvolvidas
de forma sinérgica, para garantir um melhor aproveitamento no processo
de ensino e aprendizagem.

Quanto ao aspecto político, devem compreender como se dá a


relação com os estudantes e professores, conhecendo seus contextos
e agindo de acordo. Devem entender que a escola é um ambiente
transformador de pessoas e que a educação é um direito-meio e fim.

É necessário também terem um perfil administrativo, pois devem


participar das decisões que são tomadas dentro do contexto escolar,
devendo se apropriar de todo o contexto para agir de forma eficiente e
coletiva em uma gestão democrática.

Por fim, no aspecto pedagógico, tem-se a necessidade desses


profissionais buscarem o sucesso dos educandos quanto ao processo de
ensino e aprendizagem, fazendo uma ponte direta com os professores e
educandos.
Supervisão e Orientação Escolar 41

Figura 17 – União dos perfis dos profissionais

Fonte: Freepik

A união desses perfis na atuação desses profissionais agindo


em consonância com uma gestão consciente permite a criação de um
ambiente de trabalho pautado em uma gestão democrática, conforme
afirmam Machado e Maia:
A gestão democrática – a participação da comunidade na
gestão das unidades escolares – evidentemente não pode
ser descartada. Mas para que ela ocorra no âmbito da
prática, há necessidade de que se tenha uma escola com
maior autonomia. São necessários objetivos educacionais
e de gestão colocados com clareza e sinceridade.
(MACHADO; MAIA, 2003, p. 80)

Com base no que foi dito, pode-se afirmar que o supervisor escolar
e o orientador educacional não servem apenas para desempenhar
atividades e funções específicas e limitadas, eles são parte intrínseca do
processo educacional.

O gestor educacional deve realizar a mobilização necessária para


que todos os atores do processo de ensino e aprendizagem possam
desenvolver suas funções da melhor forma possível, cabendo a ele
repartir as competências e responsabilidades de cada um.

Lück (2009) afirma que existem fatores de primordiais para


que a escola possa se desenvolver como um ambiente de ensino e
42 Supervisão e Orientação Escolar

aprendizagem eficaz e, além de tudo, um ambiente de trabalho saudável


para todos os educadores. Esses fatores estão dispostos na figura que se
segue.
Figura 18 – Fatores que impactam no rendimento da escola

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

A motivação diz respeito aos profissionais que irão desempenhar


suas funções na escola. Uma equipe que se encontre desmotivada não
irá exercer suas funções com todo o potencial que possui, não sendo
esta uma situação interessante para a escola, podendo comprometer o
processo de ensino e aprendizagem e prejudicar o desenvolvimento dos
educandos.

Além disso, a desmotivação pode trazer para o trabalho problemas


de cunho pessoal, o que prejudica o profissional em mais de um aspecto
da sua vida, algo que deve ser evitado. Para tanto, cabe ao gestor ser
responsável por manter a equipe sempre unida e motivada, fazendo que
todos se sintam parte da equipe e parte do processo, para poder haver
uma verdadeira gestão democrática.

A comunicação é outro fator importante, posto que uma


comunicação eficaz pode solucionar vários problemas e evitar outros mais.
Deve haver uma comunicação bastante clara com todos os membros da
equipe, além de canais de diálogo bem abertos. Não só os canais devem
estar disponíveis, mas a equipe deve estar motivada e sem medo de usar
esses canais.
Supervisão e Orientação Escolar 43

Por fim, a responsabilidade compartilhada se faz também necessária


para aumentar o desempenho da escola. Ninguém deve ter atribuições
demais a ponto de comprometer seu desenvolvimento, mas também
não deve ter atribuições de menos de forma a deixar outros colegas
assoberbados ou ficar sem nenhuma atividade. O compartilhamento de
responsabilidades e a delegação são extremamente importantes, e o
saber compartilhar e delegar são características de um bom líder.

VOCÊ SABIA?

Todo gestor deve apresentar um perfil que garanta bom


desenvolvimento das atividades da escola. Para tanto, deve
saber delegar responsabilidades, avocar responsabilidades,
liderar, dialogar, ouvir, entre outras características
importantes, para garantir uma boa fluência no processo
de ensino e aprendizagem. Saiba mais sobre algumas
características de um bom gestor. Acesse clicando aqui.

Conclui-se que o trabalho escolar não é algo simples de ser realizado


e está longe de ser uma atividade que consegue ser desenvolvida por
uma pessoa só. O desempenho da escola depende da boa atuação dos
diversos profissionais que compõem o contexto educacional, desde o
gestor, professores, supervisores escolares, orientadores educacionais,
demais funcionários, alunos e até a comunidade.
44 Supervisão e Orientação Escolar

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o orientador educacional e o supervisor escolar
desenvolvem atividades distintas; entretanto, devem atuar
de forma integrada. No começo dessas profissões, havia um
fator mais voltado para a autocracia; era um processo rígido
com a presença desses profissionais de forma a garantir
o cumprimento da lei dentro da escola. Todavia, houve
mudanças nesse sentido para garantir que o processo de
ensino e aprendizagem na escola não fosse prejudicado por
uma atuação mal feita por parte desses profissionais. Dessa
forma, sua atuação se torna mais tranquila e deve seguir
de acordo com o que foi alinhado entre todos os outros
setores da escola, para garantir que tudo ocorra conforme
foi planejado. O supervisor escolar irá buscar a garantia
de atuação do professor da forma mais eficiente possível,
ao passo que o orientador educacional poderá trabalhar
diretamente com o estudante. A comunicação entre esses
sujeitos permite a criação de estratégias que devem ser
repassadas aos docentes, gestores e demais funcionários,
para que tudo corra de forma sinérgica e buscando sempre
o benefício dos estudantes.
Supervisão e Orientação Escolar 45

Metodologias Ativas no Processo de


Supervisão e Orientação Escolar
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como se constituem as metodologias ativas no processo
de supervisão e orientação escolar no ambiente escolar,
sobretudo como os profissionais dessa área poderão
conduzir ações colaborativas e efetivas no que tange
ao desenvolvimento da aprendizagem, considerando as
inovações na educação e as transformações na sociedade.
Isso será fundamental para o exercício de sua profissão.
E então? Motivado para desenvolver essa competência?
Então, vamos lá. Avante!

Metodologias Ativas na Educação


Quando tratamos dos inúmeros desafios no campo educacional
que existem e estão dentro do nosso campo de realidade, também é
possível pensar sobre alternativas que vêm surgindo a partir de reflexões
e elaborações pedagógicas no campo da educação.

É importante considerar que, quando discutimos metodologias


ativas, estas rompem com a perspectiva de uma educação tradicional,
tendo em vista que o mundo mudou e com ele várias transformações
ocorreram. Isso condicionou uma situação na qual métodos antigos não
cabem ou não geram mais resultados na geração atual.
46 Supervisão e Orientação Escolar

Figura 19 – Geração conectada

Fonte: Freepik

É sempre preciso romper paradigmas e quebrar barreiras que


dificultam a evolução de métodos e metodologias educacionais que
não geram dimensões participativas e inclusivas no ambiente escolar,
tendo em vista que atualmente lidamos diretamente com educandos que
nasceram no tempo do desenvolvimento tecnológico.

Contudo, é nesse contexto que as metodologias ativas surgem


e vêm se desenvolvendo, bem como ganhando espaço na educação
brasileira.
Figura 20 – Novas ideias na educação

Fonte: Freepik
Supervisão e Orientação Escolar 47

Por sua vez, as metodologias ativas rompem com o ensino


tradicional, pois a sua centralidade é constituir o educando como o
protagonista no campo do conhecimento, ou seja, é o principal condutor
do processo de ensino-aprendizagem.
As metodologias ativas se opõem à perspectiva de que o professor
seja o único detentor do conhecimento na escola, sendo a abordagem
que promove o estudante dentro do campo de dinamismo da promoção
do conhecimento que deve ser horizontal, mútuo e participativo.
Um dos principais teóricos das metodologias ativas se chama William
Glasser, psiquiatra e pesquisador da saúde mental, comportamento
e educação, que foi precursor dessa discussão e da pirâmide de
aprendizagem. Esta, por sua vez, relaciona-se com a discussão sobre
como se aprende, de modo ativo, observando que se os educandos
tiverem contato com as metodologias ativas, eles teriam a oportunidade
de constituir o aprendizado de forma sólida e participativa (GLASSER;
GLASSER, 1998).
Assim sendo, a pirâmide da aprendizagem é composta pelos
aspectos elencados na figura a seguir.
Figura 21 – Pirâmide da aprendizagem

Fonte: Elaborada pela autora (2022).


48 Supervisão e Orientação Escolar

Essa pirâmide da aprendizagem, criada e pensada pelo teórico


William Glasser, explicita de forma didática que o método tradicional
não coaduna com uma proposta que gere o conhecimento de forma
consolidada e efetiva. Porém, quando o educando tem uma postura
protagonista de modo ativo e colaborativo, é possível construir um
conhecimento eficaz e eficiente.

Assim sendo, queremos aqui apresentar algumas metodologias


ativas que servirão de base, inspiração e reflexão para o desenvolvimento
de uma prática educacional que coloca o estudante como protagonista
do conhecimento, de forma participativa, em uma construção que é
permanente e, por sua vez, deverá ser prazerosa e agradável.

Uma dessas metodologias, mais conhecida e relativamente


famosa, denomina-se ”sala de aula invertida”, que tem em sua descrição
modernidade e atualidade. É uma das formas mais efetivas de tornar
o educando o protagonista na elaboração da sua jornada rumo ao
conhecimento, assim como um dos principais promotores da educação
no espaço educacional.

Nessa metodologia, o professor repassa para os educandos, com


certa antecedência, o conteúdo a ser trabalhado em sala de aula. Para
isso, é fundamental que o professor tenha um planejamento sequencial
bem sistematizado e consolidado, que esteja interligado com os objetivos
de aprendizagem da disciplina.
Figura 22 – Protagonismo no conhecimento

Fonte: Freepik
Supervisão e Orientação Escolar 49

O professor deverá orientar os educandos a desenvolverem uma


estratégia de pesquisa e contato prévio com o conteúdo, de forma que
possam ter uma percepção sobre o assunto.

Nesse caso, é importante que o professor demonstre as inúmeras


maneiras que poderá desenvolver a pesquisa, ou seja, por meio da
internet, pesquisando em sites de confiança, em bibliotecas, acesso a
revistas e até mesmo por meio de conversas com outras pessoas que
possam ter algum conhecimento sobre a temática.

Por conseguinte, o estudante levará o conteúdo para a sala de aula,


onde poderão ser desenvolvidos debates, conversas e momentos para a
retirada de dúvidas.

Nesse percurso, podemos perceber o estudante enquanto


protagonista, buscando informações e conhecimentos sobre determinado
assunto. Isso demonstra a capacidade de ampliar debates e aprofundar
argumentos sobre certas temáticas que sejam de interesse do educando.

Outro ponto que pode ser adicionado ao processo é o desenvolvimento


de estímulos, pelos quais o educando possa compartilhar com outros
educandos o conhecimento adquirido, podendo também contribuir com o
momento de retirar dúvidas.
Figura 23 – Compartilhamento de conhecimentos entre os educandos

Fonte: Freepik
50 Supervisão e Orientação Escolar

Outra metodologia ativa que ganhou amplo conhecimento, a partir


do grande acontecimento trágico da pandemia de Covid-19, é o ensino
híbrido. Este, por sua vez, também se constitui como uma metodologia
ativa, de modo que esse método se propõe a combinar a prática da
perspectiva presencial e on-line.

A perspectiva do ensino híbrido também tem em sua essência o


estímulo do estudante, para que possa agir de forma autônoma, assim
como manifestar a organização para o acompanhamento dos estudos de
forma on-line. Além disso, há o fortalecimento do aprendizado por meio
da tecnologia, de modo que possa preparar o estudante para o mercado
de trabalho e para a vida cotidiana, que exigirá maturidade para enfrentar
inúmeras vivências de aprendizagem.

Outra proposta de metodologia ativa são os momentos de


desenvolvimento de seminários e discussões. Esse momento se insere na
perspectiva de estimular os estudantes a momentos participativos e de
colaboração coletiva.
Figura 24 – Construção do conhecimento de forma coletiva

Fonte: Freepik
Supervisão e Orientação Escolar 51

Essa metodologia também permite o desenvolvimento oral e a


capacidade de elaborar argumentos e opiniões, além da prática de falar e
se comunicar em público.

Algumas temáticas que podem ser desenvolvidas em forma de


seminário são: Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil –
Agenda 2030, que são os seguintes:

•• Erradicação da pobreza.

•• Fome zero e agricultura sustentável.

•• Saúde e bem estar.

•• Educação de qualidade.

•• Igualdade de gênero.

•• Água potável e saneamento.

•• Energia limpa e acessível.

•• Trabalho decente e crescimento econômico.

•• Indústria, inovação e infraestrutura.

•• Redução das desigualdades.

•• Cidades e comunidades sustentáveis.

•• Consumo e produção responsáveis.

•• Ação contra a mudança global do clima.

•• Vida na água.

•• Vida terrestre.

•• Paz, justiça e instituições eficazes.

•• Parcerias e meios de implementação.

Esses são os objetivos que as Nações Unidas definiram, a fim de


que possamos consolidar a Agenda 2030 no Brasil. Esse conhecimento
deve estar presente no cotidiano da escola, na perspectiva da construção
de uma escola cidadã e participativa.
52 Supervisão e Orientação Escolar

Figura 25 – Igualdade na educação

Fonte: Freepik

O conhecimento partilhado por meio de seminários e rodas de


discussões possibilita a ampliação do repertório e o respeito à diversidade
de opiniões, sobretudo a desenvolver a capacidade argumentativa frente
a temas que estão inseridos na sociedade.

Outra proposta inovadora no campo educacional, que foi


apresentada como metodologia ativa, é a gamificação. A gamificação
tem a perspectiva de propor aprendizado e conhecimento por meio
de jogos. Nesse campo, os celulares poderão ser grandes parceiros no
desenvolvimento dessa metodologia.

Desse modo, o professor deverá propor o desenvolvimento de


jogos a serem aplicados em sala de aula, que estejam conectados com
os conteúdos programáticos. Assim sendo, também é uma excelente
oportunidade para a realização de quiz, jogos de certo ou errado e até
mesmo outros jogos que tenham em sua finalidade o desenvolvimento
de competências associadas ao componente curricular.

Na gamificação, não são utilizados apenas aparatos tecnológicos,


mas toda a possibilidade de execução de momentos lúdicos em busca
da aprendizagem.
Supervisão e Orientação Escolar 53

SAIBA MAIS:

Os jogos podem ser grandes aliados no engajamento,


participação e colaboração em busca do aprendizado.
Eles estabelecem uma relação de motivação e conexão
do momento de brincadeira com o aprendizado e têm
ganhado grande adesão nas salas de aula como forma
de atrair estudantes para o momento de aprender. Essa
prática pode ser utilizada em todas as faixas etárias, sendo
indicada apenas a atualização da abordagem de acordo
com o público e a temática. Assim sendo, o profissional da
supervisão e da orientação educacional poderá utilizar esse
método com os professores, a equipe gestora e, por fim, ser
replicado com os estudantes. Aprofunde-se nesse debate
lendo o artigo Gamificação: o que é e quais os benefícios na
aprendizagem? Acesse clicando aqui.

Por último, uma metodologia ativa que é bastante focada em


resultados é a união e correlação com o ENEM. Esse método pode gerar
grande impacto no que tange aos resultados, e propor que os estudantes
desenvolvam algumas habilidades que são fundamentais para realização
do exame, como:

•• Capacidade de executar leitura atenta.

•• Postura crítica.

•• Autonomia.

•• Protagonismo.

•• Atenção e comprometimento.

Por sua vez, o ENEM deve compor o cotidiano dos estudantes, para
que eles não se deparem com essa experiência apenas no momento do
exame.

Nessa perspectiva, a escola sempre deverá preparar os estudantes


para a participação em avaliações externas, garantindo que os educandos
e a escola como um todo possam atingir bom desempenho.
54 Supervisão e Orientação Escolar

Esses foram alguns exemplos e breves discussões em torno das


metodologias ativas, que podem ser aprofundadas e desenvolvidas pelos
profissionais de supervisão e orientação educacional, tanto com a equipe
gestora como com professores e estudantes, compondo uma atmosfera
de conhecimento coletivo e participativo.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
como se constituem as metodologias ativas no processo
de supervisão e orientação escolar no ambiente escolar,
sobretudo como os profissionais dessa área poderão
conduzir ações colaborativas e efetivas no que tange
ao desenvolvimento da aprendizagem, considerando as
inovações na educação e as transformações na sociedade.
É importante considerar que, quando discutimos
metodologias ativas, estas rompem com a perspectiva de
uma educação tradicional, tendo em vista que o mundo
mudou e com ele várias transformações ocorreram. Isso
condicionou uma situação em que métodos antigos não
cabem ou não geram mais resultados na geração atual.
É sempre preciso romper paradigmas e quebrar barreiras
que dificultam a evolução de métodos e metodologias
educacionais que não geram dimensões participativas
e inclusivas no ambiente escolar, tendo em vista que
atualmente lidamos diretamente com educandos que
nasceram no tempo do desenvolvimento tecnológico.
Contudo, é nesse contexto que as metodologias ativas
surgem e vêm se desenvolvendo, assim como ganhando
espaço na educação brasileira.
Supervisão e Orientação Escolar 55

REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-Lei nº 19.890, de 18 de abril de 1931. Dispõe sobre
a organização do ensino secundário. Diário Oficial da União. . Brasília, DF:
Presidência da República, [1931]. Disponível em: https://www2.camara.leg.
br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19890-18-abril-1931-504631-
publicacaooriginal-141245-pe.html. Acesso em: 20 maio 2022.

BRASIL. Decreto nº 4.244, de 9 de abril de 1942. Lei orgânica


do ensino secundário. Diário Oficial da União. Brasília, DF: Presidência
da República, [1942]. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/
legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-4244-9-abril-1942-414155-
publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 20 maio 2022.

GLASSER, W.; GLASSER, C. Choice: The Flip Side of Control - the


Language of Choice Theory. William Glasser Institute, [s.n.], 1998.

LIMA, E. C. Um olhar histórico sobre a supervisão. In: RANGEL. M.


(org.). Supervisão pedagógica: princípios e práticas. 3. ed. São Paulo:
Papirus, 2008.

GRISPUN, M. P. S. Z. A Orientação educacional: conflito de


paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2002.

LÜCK, H. Dimensões da gestão escolar e suas competências.


Curitiba: Positivo, 2009.

MACHADO, L. M.; MAIA, G. Z. A (Org.) Administração e supervisão


escolar: questões para o novo milênio. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003.

MEDINA, A. S. Supervisão escolar: da ação exercida à ação


repensada. Porto Alegre: Age, 2002. 163 p.

MELO, F. Desenvolvendo competências para a gestão escolar: os


implícitos nas relações diretor/ supervisor/ professor. Revista Evidência
– pesquisa e saberes em educação, Araxá, 2005. p. 95-108.

NÉRICI, I. G. Introdução à supervisão escolar. 4. ed. São Paulo:


Atlas, 1978.
56 Supervisão e Orientação Escolar

RANGEL, M. Supervisão: do sonho à ação – uma prática em


transformação. In: FERREIRA, N. S. C. (org). Supervisão educacional para
uma escola de qualidade. São Paulo: Cortez, 2000. Cap. 3, pp. 69-96.

URBANETZ, S. T.; SILVA, S. Z. A busca da unidade: pedagogo. In:


Orientação e supervisão escolar: caminhos e perspectivas. Editora
IBPEX, 2008. Cap 3, pp. 53-62.

Você também pode gostar