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tres séculos, ficará talvez para sempre no escuro esse ponto interessante da sua
biografia"."
Deste arrazoado poderíamos aproveitar esta co nclusão Final, que poderia ser
também a nossa, e penso que o assunto nao e de transcendental importancia para
merecer mais atenção do que esta. No entanto, parece que a Holanda era, no tempo
de Almeida, uma espécie de "Brasil", para os portugueses dos séc. XVIII-XX. E,
para um jovem aventureiro como ele, a Holanda, corn as suas muitas colónias,
apresentava-se como um mundo novo a descobrir, fosse como soldado ou como
comerciante. 29
Não seria uma hipótese demasiado arriscada, se afirmássemos que o jovem João
Ferreira de Almeida emigrara por motivos económicos, ou seja, para garantir um
futuro melhor do que the auguravam as circunstancias em que vivia a maior parte da
população portuguesa do seu tempo. A sua ida para a Holanda, um país novo, rico,
então a construir um império colonial invejável, tornara-se talvez, para o jovem de
Mangualde, urna espécie de miragem, num país como o nosso, desertificado dos
melhores homens, que partiam, também eles, para terras distantes, mas para
defender as terras portuguesas de Além-Mar.
Isso não impede de afirmar que foi a sua emigração para a Holanda ocasião de
João Ferreira de Almeida se tornar calvinista, abjurando da sua fé católica, que era
certamente a da sua Pátria e também a da sua mocidade. Quanto a sua conversão aos
14 anos, David Lopes afirma: "Tão novo, esse acto de fé não pode representar uma
atitude mental consciente; circunstâncias da sua vida actuariam nela para assim se
determinar. Quais elas fossem ao certo, não sei, mas devem procurar-se no ambiente
protestante em que vivia, não obstante haver em Batavia grande número de
católicos"."