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SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

Ordem de Serviço: 201505084


Município/UF: São Paulo/SP
Órgão: MINISTERIO DO ESPORTE
Instrumento de Transferência: Contrato de Repasse - 779195
Unidade Examinada: SEC DE ESTADO DOS DIREITOS DA PESSOA COM
DEFICIENCIA
Montante de Recursos Financeiros: R$ 24.000.000,00

1. Introdução

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 13 de outubro de 2015 a 4 de


dezembro de 2015 sobre a aplicação de recursos do Programa 2035 - Esporte e Grandes
Eventos Esportivos / Ação 14TQ - Implantação de Infraestrutura para os Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos Rio 2016 no município de São Paulo/SP.
A Ação fiscalizada destina-se à implantação da infraestrutura esportiva necessária à
realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, bem como de infraestrutura de
treinamento para os atletas brasileiros, com foco nos Jogos Rio 2016.
Em 31 de dezembro de 2012, foi firmado o Contrato de Repasse nº 2573.1002.273-50/2012
(Siconv nº 779195), por meio do qual o Ministério do Esporte comprometeu-se a repassar
R$ 110.000.000,00 para a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência
(SEDPcD), com vistas à “implementação e construção do Centro Integrado de Avaliação e
Laboratório da Condição Funcional do Atleta Paraolímpico”. Em 27 de novembro de 2013,
foi firmado o Termo de Compromisso ME/CAIXA nº 0424.174-66/2013 para a construção
do Centro Paraolímpico Brasileiro no âmbito do PAC, com valor de investimento de R$
264.700.000,00, objeto do Relatório de Fiscalização nº 201505082. Por esta razão,
repactuou-se o objeto e o aporte financeiro do Contrato de Repasse.
O primeiro termo aditivo ao Contrato de Repasse nº 2573.1002.273-50/2012 foi assinado em
19 de agosto de 2014. De acordo com o mencionado aditivo, o valor do investimento foi
redimensionado, tendo sido estipulado em R$ 24 milhões, sendo R$ 20 milhões referentes
ao repasse da União e R$ 4 milhões à contrapartida estadual. O objeto do acordo passou a
ser definido como a aquisição de equipamentos para o Centro Paraolímpico.
A execução financeira do ajuste, com os valores atualizados até 9 de outubro de 2015,
totalizava R$ 14.563.761,91, o equivalente a 67,21% do valor contratado de R$
21.669.295,40. Quanto ao cumprimento do cronograma físico e financeiro, cabe destacar
que o prazo de vigência do contrato de repasse expira em 29 de março de 2017 e que não
constava atraso na execução, conforme o Relatório de Acompanhamento de Engenharia
emitido pela CAIXA com base em inspeção realizada em 28 de setembro de 2015.

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de


providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.

2.1 Parte 1

Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de


medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.

2.1.1. Contrato de Repasse nº 1002.273-50/2012 (Siconv 779195).

Fato

Em dezembro de 2012, a Secretaria de Estado de Defesa da Pessoa com Deficiência de São


Paulo cadastrou a Proposta nº 46355/2012 no Portal de Convênios do Governo Federal –
Siconv, com vistas à “Implementação e Construção do Centro Paraolímpico – Centro
Integrado de Avaliação e Laboratório da Condição Funcional do Atleta Paraolímpico”. A
proposta foi baseada em plantas e planilhas orçamentárias com estimativa de custo global de
R$ 140 milhões e logotipo da empresa “L+M Gets Gestão de Espaços e Tecnologias em
Saúde”, anexadas ao plano de trabalho apresentado.
Em resposta à SF nº 201505082-016, os gestores apresentaram cópia de contrato de
prestação de serviços, por meio do qual a Fundação Faculdade de Medicina (CNPJ
56.577.059/0001-00) contratou, em 13 de dezembro de 2012, a empresa “L+M Gets
Arquitetura e Construcao Ltda”, CNPJ 07.715.813/0001-07, para elaboração do projeto
básico do Centro Paraolímpico Brasileiro. As empresas “L+M Gets Arquitetura e
Construcao Ltda” e “L+M Gets Empreeendimentos, Construcoes e Administracao de Saude
Ltda” (CNPJ 11.578.295/0001-02) têm sócios em comum e funcionam em conjuntos
contíguos (41 e 42, respectivamente) no mesmo endereço, Rua Fidêncio Ramos, 302, Torre
B, São Paulo/SP.
Em 28 de dezembro de 2012, por meio do Ofício nº 716/2012/SR Paulista/SP, a
Superintendência Regional da CAIXA comunicou à SEDPcD que a proposta fora
selecionada pelo Ministério do Esporte, informando o nº da operação 1002.273-50 e
solicitando a documentação necessária.
Em 31 de dezembro de 2012, foi firmado o Contrato de Repasse nº 2573.1002.273-50/2012,
doravante CR, por meio do qual o Ministério do Esporte comprometeu-se a repassar R$
110.000.000,00 para a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência
(SEDPcD), com vistas à “implementação e construção do Centro Integrado de Avaliação e
Laboratório da Condição Funcional do Atleta Paraolímpico”.
A contratante, União Federal, por intermédio do Ministério do Esporte, foi representada pela
Caixa Econômica Federal, pela qual firmou o detentor do CPF ***417.478-**. A contratada
foi a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, representada por sua
titular, CPF ***.793.708-**, figurando ainda como interveniente o Governo do Estado de
São Paulo, na pessoa do Governador, CPF ***.149.068-**. O contrato foi firmado no valor
global de R$ 140.000.000,00, dos quais R$ 30.000.000,00 corresponderiam à contrapartida
estadual. Como parte do repasse federal previsto, no montante de R$ 110.000.000,00, foi
emitida a Nota de Empenho nº 2012NE801122, pela UG 180006 do Ministério do Esporte,
no valor de R$ 20.000.000,00. A vigência contratual expiraria em 30 de abril de 2015. O
ajuste foi cadastrado no Siconv sob o nº 779195.
Por meio do Decreto nº 58.864, em 28 de janeiro de 2013, o Governador do Estado de São
Paulo transferiu a administração do imóvel situado à Rua dos Amborés, nº 145, Cidade
Vargas, Município de São Paulo-SP, da Secretaria de Desenvolvimento Social para a
Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O terreno, de 140.479,90 m2,
contava com 5.684,00 m2 de construções. A transferência foi devidamente publicada no
Diário Oficial do Estado de São Paulo em 28 de janeiro de 2013.
Em reunião realizada na CAIXA entre as partes, em 12 de abril de 2013, foi acordada a
realização da licitação da obra no âmbito do Regime Diferenciado de Contratação (RDC),
com a condição de que a SEDPcD apresentasse o preço global do empreendimento.
Deliberou-se, ainda, pela verificação da necessidade de “aporte adicional de recursos pelo
Ministério dos Esportes, por meio de aditivo ao contrato atual ou celebração de novo
contrato”. Definiu-se, como um dos encaminhamentos a serem implementados, que até o dia
30 de abril de 2013, a SEDPcD e a empresa “L+M Gets” concluiriam o orçamento com o
valor global do empreendimento, apresentando-o à CAIXA para análise. A obra deveria ser
iniciada em 01 de setembro de 2013, com previsão de conclusão em 15 meses. Na discussão
consignada na ata da reunião ora citada, a adoção do RDC foi justificada pela necessidade
de entrega da obra em dezembro de 2014, sendo de comum acordo que o cumprimento do
prazo seria imprescindível para a inclusão do projeto no Plano Brasil Medalhas.
Em 29 de julho de 2013, nova reunião realizada na sede da GIDUR-SP contou com
representantes do Ministério do Esporte, da CAIXA, da SEDPcD e da “L+M Gets”. De
acordo com a discussão consignada em ata, o representante do Ministério teria reportado
decisão de alteração da modalidade de financiamento para o âmbito do Programa de
Aceleração do Crescimento – PAC, com o objetivo de respaldar a adoção do RDC, em
função da “atipicidade do Centro de Treinamento Paraolímpico” em foco. Foi decidido
manter o CR com o valor global de R$ 24 milhões para a compra de equipamentos, com
repasse federal de R$ 20 milhões, tendo em vista o empenho prévio nesse valor por parte do
Ministério do Esporte.
Em 27 de novembro de 2013, foi firmado o Termo de Compromisso ME/CAIXA nº
0424.174-66/2013, doravante TC, para a construção do Centro Paraolímpico Brasileiro no
âmbito do PAC, com valor de investimento de R$ 264.700.000,00, objeto do Relatório de
Fiscalização nº 201505082.
Considerando a assinatura do Termo de Compromisso, o primeiro termo aditivo ao CR foi
assinado em 19 de agosto de 2014. De acordo com sua cláusula primeira, o valor dos recursos
do investimento foi reduzido, tendo sido estipulado em R$ 24 milhões, sendo R$ 20 milhões
referentes ao repasse da União e R$ 4 milhões à contrapartida estadual.
O novo Quadro de Composição de Investimento-QCI, firmado em 26 de agosto de 2014 pelo
Chefe de Gabinete da SEDPcD, CPF ***.621.668-**, e recebido pela Gerência Executiva
de Governo da CAIXA em 04 de setembro de 2014, previa como primeiro item, o
fornecimento e instalação de seis piscinas, no valor de R$ 12.006.742,01, sendo os R$
11.993.257,99 restantes informados como “saldo a reprogramar”.
Em 28 de agosto de 2014, a GIGOVSP05 da CAIXA protocolou o recebimento do Ofício
CG nº 393/2014, por meio do qual o Chefe de Gabinete da SEDPcD informou a realização
de licitação na modalidade concorrência internacional para contratação de empreitada
integral para fornecimento com colocação em funcionamento de seis piscinas no Centro
Paraolímpico Brasileiro, item correspondente à Meta 1 do CR, e encaminhou a
documentação pertinente. O Plano de Aplicação Detalhado descreve os equipamentos como
uma piscina olímpica, uma piscina semiolímpica e 4 piscinas de reabilitação, sendo uma fria,
uma quente, uma para mergulho e uma “endless pool turbilhão”.
A licitação internacional foi justificada “porque não se identificou no Brasil empresa que já
tenha realizado fornecimento e serviços do mesmo gênero”. As constatações referentes à
realização da Concorrência Internacional nº 01/2014 estão consignadas em item específico
deste relatório. O certame foi homologado pela titular da SEDPcD, CPF ***.793.708-**, em
16 de dezembro de 2014, tendo o objeto sido adjudicado para a empresa italiana “A&T
Europe SPA – Myrtha Pools”.
Ainda em 16 de dezembro de 2014, por meio do Ofício SEDPcD/CG nº 618/2013, o Chefe
de Gabinete da SEDPcD encaminhou o QCI reproduzido abaixo e mapa de cotação visando
a “contratação de empresa especializada em serviço de marcenaria para a confecção e
instalação de mobiliário sob medida para o Centro Paraolímpico Brasileiro-SEDPcD nº
98315/2014”.

Quadro - QCI dezembro/2014


Nº Valor total
Descrição Qtde.
Item (R$)
1 Fornecimento e instalação de piscinas 6 12.006.742,01
2 Materiais e equipamentos para Coleta de Lixo 1.367 122.547,00
3 Equipamentos eletroeletrônicos 192 377.390,54
4 Mobiliário Ofice 3.459 3.637.361,34
5 Eletrodomésticos 482.406,63
6 Persianas 634.291,07
7 Marcenaria 1 3.175.492,00
8 Saldo a reprogramar 3.563.769,41
Total: 24.000.000,00
Fonte: Processo SEDPcD nº 105255/2014

Em 22 de janeiro de 2015, a SEDPcD firmou o Contrato nº 034/2014 com a “A&T Europe


SPA – Myrtha Pools” para instalação das seis piscinas e expediu a Ordem de Início dos
Serviços. Em sua Claúsula Sexta, o valor do ajuste foi estipulado em R$ 10.560.000,00, a
ser pago em quatro parcelas, conforme o cronograma a seguir:
- 30% ao final da elaboração do projeto executivo, com prazo de até 30 dias após a expedição
da Ordem de Início dos Serviços;
- 30% pelo fornecimento de materiais, equipamentos e acessórios, com prazo de 120 dias da
OIS;
- 30% ao término da instalação e montagem, com prazo de até 150 dias da OIS; e
- 10% com a entrega do “as built” e da garantia, com prazo de até 180 dias da OIS.
Por meio do Ofício CG nº 061/2015, em 04 de fevereiro de 2015, o mesmo representante da
SEDPcD solicitou ao Gerente Regional Governos da SR Paulista/SP a ampliação da meta
prevista para o CR para utilização dos “recursos acrescidos dos juros, cujo montante em 27
de janeiro de 2015 era de R$ 1.547.173,19”.
Em anexo ao Ofício CG nº 140/2015, de 06 de fevereiro de 2015, o Chefe de Gabinete da
SEDPcD encaminhou. ao arquiteto da GIGOVSP04 da CAIXA, mapas de cotação de
equipamentos que seriam adquiridos no âmbito do ajuste em foco: materiais e equipamentos
para coleta de lixo, equipamentos eletroeletrônicos, mobiliário office, eletrodomésticos e
sistemas especiais. Os sistemas especiais cotados foram especificados como sistemas de
sonorização, de circuito fechado de TV-CFTV, de câmeras esportivas, de controle de acesso,
de cabeamento estruturado e de automação, totalizando a mediana dos preços ofertados o
montante de R$ 12.448.359,90.
Em 27 de fevereiro de 2015, por meio do Ofício CG nº 106/2015, a SEDPcD encaminhou à
GIGOVSP-04 a documentação referente à Concorrência Internacional nº 001/2014.
Tendo em vista a proximidade do prazo final de vigência do CR, em 12 de março de 2015,
por meio do Ofício SEDPcD/CG nº 155/2015, o Chefe de Gabinete da SEDPcD solicitou ao
Secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento sua prorrogação por 12 meses. A
solicitação de prorrogação do prazo do CR foi reiterada junto ao Secretário Nacional de
Esporte de Alto Rendimento em 18 de março de 2015, por meio do Ofício SEDPcD/CG nº
163/2015, que também pediu informações sobre o posicionamento daquele órgão federal
sobre o Relatório de Suplementação de Recursos que teria sido protocolado junto à SNEAR
em 26 de fevereiro de 2015, justificando a necessidade de acréscimo de recursos tanto no
contrato de repasse em foco, como no TC. Com valor total de R$ 33.402.817,47, o relatório
detalhou despesas suplementares de R$ 15.957.440,89 para a aquisição de equipamentos
para o Centro Paraolímpico Brasileiro. O ofício reitera a conveniência de celebrar um único
aditivo visando tanto a prorrogação do prazo, como a suplementação de recursos.
Em 20 de março de 2015, o Chefe de Gabinete da SEDPcD encaminhou à GIGOVSP04 da
CAIXA, por meio do Ofício CG nº 170/2015, o novo Quadro de Composição de
Investimento – QCI, relativo ao CR:

Quadro - QCI março/2015


Descrição Valor Total (R$)
Fornecimento e instalação de seis piscinas 10.560.000,00
Materiais e equipamentos para coleta de lixo 68.249,81
Equipamentos eletroeletrônicos 247.568,00
Mobiliário 2.687.457,00
Eletrodomésticos 234.925,00
Sistemas especiais 12.448.359,90
Total 26.246.559,71
Fonte: Processo SEDPcD nº 105255/2014

Na mesma data, por meio do Ofício CG nº 170-A/2015, o Chefe de Gabinete solicitou àquela
gerência a atualização dos valores dos rendimentos dos recursos federais aportados, que
alcançavam R$ 1.674.528,40 até então.
Em 26 de março de 2015, o arquiteto da CAIXA responsável pelo contrato em foco emitiu
parecer favorável à reprogramação acima, incluindo a verificação do resultado do processo
licitatório que respaldou a contratação da empresa “A&T Europe SPA – Myrtha Pools” para
o fornecimento e instalação das piscinas.
Em 06 de abril de 2015, por meio do Ofício CG nº 188/2015, o novo Chefe de Gabinete da
SEDPcD, CPF ***.970.978-**, nomeado em 26 de março de 2015, encaminhou à
Coordenadora de Filial da GIGOVSP04 a documentação referente ao pregão presencial que
respaldou o contrato CTEF nº 009/2015, firmado com vistas ao fornecimento de “todos os
equipamentos, materiais, infraestrutura, instalação, projeto executivo e as ‘built’,
comissionamento, testes e start-up dos sistemas de cabeamento estruturado, automação
predial (BMS), CFTV/IP, controle de acesso, sonorização e câmeras esportivas” para o
Centro Paraolímpico Brasileiro, no valor de R$ 11.900.000,00. O valor a ser financiado com
recursos do CR foi posteriormente ajustado para R$ 11.109.295,40, conforme o Relatório de
Acompanhamento de Engenharia – RAE, emitido pela CAIXA em 02 de junho de 2015. As
constatações referentes à realização do Pregão Presencial nº 01/2015 e à contratação dele
decorrente estão consignadas em itens específicos deste relatório.
No dia 10 de abril de 2015, foi firmado novo termo aditivo ao CR, alterando o prazo final
de sua vigência para 29 de abril de 2016. Em 04 de maio de 2015, o Chefe de Gabinete da
SEDPcD encaminhou a planilha de preços da empresa contratada, com os serviços que
consistem nos “Sistemas Especiais” do QCI acima reproduzido, a “Construteckma
Engenharia S/A”, CNPJ 00.005.275/0001-18.
Em função de atraso no pagamento da 1ª medição dos Sistemas Especiais, em 18 de junho
de 2015, foi assinado o 1º Termo Aditivo ao Contrato nº 009/2015, transferindo para o dia
31 de agosto de 2015 o prazo de execução dos serviços. Pela mesma razão, esse prazo foi
dilatado ainda por duas vezes. O 2º Termo Aditivo, assinado em 28 de agosto de 2015,
estipulou-o em 15 de outubro de 2015. Nessa data, por meio de um 3º Termo Aditivo, o
prazo de execução dos serviços foi adiado para 15 de novembro de 2015 e a vigência
contratual para 15 de dezembro de 2015. Esse último termo também reduziu o valor do ajuste
em 1,36%, tendo em vista a necessidade de supressão de R$ 161.658,00 do montante do
contrato, devido a diferenças entre valores unitários ofertados na proposta da empresa e o
valor das medianas aprovadas pela Caixa Econômica Federal. Os itens questionados
referem-se à documentação da sonorização; documento e engenharia dos sistemas de CFTV;
instalação, documentação e engenharia do sistema de controle de acesso; e instalação,
documentação e engenharia do sistema de automação.
Também por atraso no pagamento da 1ª medição, no dia 22 de junho de 2015 foi firmado o
1º Termo Aditivo ao Contrato nº 034/2014 entre a SEDPcD e a “A&T Europe SPA – Myrtha
Pools”, prorrogando a vigência do ajuste para 21 de outubro de 2015, sendo a entrega do
objeto estipulada até 30 de setembro de 2015. Conforme documentação acostada nos autos
do Processo SEDPcD nº 18610/2014, em função de falhas na execução da parte de
construção civil por parte da Construtora OAS, foi necessário prorrogar novamente o
Contrato nº 034/2014, firmado com a “A&T Europe SPA – Myrtha Pools” para a instalação
das piscinas. Seu 2º Termo Aditivo foi assinado em 30 de setembro de 2015, estipulando o
término da execução em 30 de novembro de 2015 e prevendo sua expiração em 20 de
dezembro de 2015.
Em 11 de setembro de 2015, por meio do Ofício CG nº 514/2015, a SEDPcD informou à
GIDUR a exoneração do Chefe de Gabinete anterior daquela Secretaria, e a nomeação do
titular do CPF ***.076.438-** para o cargo em 09 de setembro de 2015, passando esse a ser
o representante da convenente no âmbito do CR e do TC.
O RAE consolidado em 28 de setembro de 2015, em relação ao andamento do CR, atestou
a execução de duas das quatro parcelas do item referente às piscinas, com liberação de R$
6.336.000,00, correspondendo a 60% do valor total, e de 74,06% dos serviços que compõem
o item dos Sistemas Especiais, equivalentes a R$ 8.227.761,91.
Dessa forma, até o período dos trabalhos de campo já havia sido atestada pela CAIXA a
execução de R$ 14.563.761,91, o equivalente a 67,21% dos dois itens que estão, de fato,
sendo implementados, cujas contratações somam R$ 21.669.295,40. Em 09 de outubro de
2015, foi aferida a 8ª. Medição do CR.
Em 27 de dezembro de 2013, por meio do Contrato nº 037/2013, a SEDPcD contratou o
“Consorcio CPB”, CNPJ 19.436.653/0001-46, para o “gerenciamento e supervisão do
empreendimento Centro Paraolímpico Brasileiro”. Verificou-se que o escopo da contratação
abrangeu tanto a obra de construção e instalação do Centro Paraolímpico Brasileiro, escopo
do Termo de Compromisso, como a execução dos contratos firmados no âmbito do CR: o
Contrato nº 034/2014, para o fornecimento e instalação das piscinas, e o Contrato nº
009/2015, para a implementação dos sistemas especiais. O “Consorcio CPB” foi criado em
20 de dezembro de 2013, sendo constituído pelas empresas Planservi Engenharia Ltda.,
CNPJ 65.525.404/0001-44, e L.C.Miquelin & S.Mei Ling Arquitetura e Design Ltda., CNPJ
56.903.800/0001-77, que tem entre seus sócios majoritários os titulares dos CPF
***.789.458-**, com 42%, e ***.052.368-**, com 37%. A “L.C.Miquelin & S.Mei Ling –
Arquitetura e Design Ltda.” detém 80% de participação na empresa contratada para executar
os projetos básicos do Centro Paraolímpico Brasileiro e suas piscinas, a “L+M Gets –
Arquitetura e Construção Ltda.”, CNPJ 07.715.813/0001-07.
Entre a documentação analisada não havia menção à contratação ou execução dos demais
itens previstos no Plano de Trabalho, quais sejam: materiais e equipamentos para coleta de
lixo, equipamentos eletroeletrônicos, mobiliário, e eletrodomésticos.
Em 27 de janeiro de 2016 foi encaminhada à GIGOV/SP a SF nº 201505082-023, com vistas
à obtenção de posição atualizada em relação ao estágio de execução do ajuste. Os
responsáveis informaram, por meio do Ofício nº 001/2016/GIGOVSP, de 28 de janeiro de
2015, que “...o mesmo está em andamento com 69,72% de execução. No momento
aguardamos a Secretaria de Estado da Pessoa com Deficiência encaminhar: (a)
documentação do resultado da licitação referente à aquisição de Equipamentos Esportivos;
(b) documentação para desbloqueio da Meta Piscina e indicação de data prevista para
conclusão; (c) esclarecimentos do Tomador quanto aos serviços de infra-estrutura para a
meta Sistemas Especiais, condicionante para novos desbloqueios referentes a essa meta.
Quando do recebimento da documentação de licitação mencionada no item anterior, será
verificada eventual necessidade de prorrogação do prazo”.
ato
/F
#

2.1.2. Correspondência entre os relatórios de medição e o estágio do empreendimento.

Fato

A verificação “in loco” da execução do Contrato de Repasse Siconv nº 779195, realizada


nos dias 20 e 21 de outubro de 2015, teve por parâmetro o Relatório de Acompanhamento
de Engenharia - RAE - nº 6, com data de 30 de setembro de 2015.
A fiscalização foi feita de modo amostral, a partir do item “piscinas”, cujo avanço apontado
no RAE é de 60 %, correspondente à execução das etapas de “Projeto Executivo” e
“Materiais, Equipamentos, acessórios”. Verificou-se que as piscinas estavam sendo
instaladas conforme etapa informada no RAE, que era a “Instalação, Montagem, e Partida”
destes equipamentos. O Primeiro Termo Aditivo ao Contrato SEDPPcD nº 034/2014,
firmado com a fornecedora das piscinas, informa que a medição referente a esta etapa seria
feita “por ocasião da entrega das piscinas, instaladas em funcionamento prévio, e dos
demais elementos técnicos prescritos em contrato”, o que justifica o avanço apontado de 0%
desta etapa no RAE.

Foto - Piscina Olímpica, localizado no Centro Foto - Materiais relativos às instalações das
Paraolímpico Brasileiro, São Paulo (SP), 20 de piscinas localizadas no Centro Paraolímpico
outubro de 2015. Brasileiro, São Paulo (SP), 20 de outubro de 2015.

Foto - Piscina semi-olímpica do Centro Foto - Piscinas de reabilitação e de nado


Paraolímpico Brasileiro, São Paulo (SP), 20 de estacionário do Centro Paraolímpico Brasileiro,
outubro de 2015. São Paulo (SP), 20 de outubro de 2015.

ato
/F
#

2.2 Parte 2

Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.

Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de


recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das
providências saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Falhas na Concorrência Internacional nº 001/2014, que respaldou a contratação
da execução das piscinas do Centro Paraolímpico Brasileiro: insuficiência de cotações
prévias, contratação por valor superior ao orçamento apresentado pela mesma
empresa, participação de licitante relacionada ao representante da empresa vencedora.

Fato

Conforme mencionado no item 2.1.1 deste relatório, em 02 de setembro de 2014, o Chefe de


Gabinete da SEDPcD, CPF ***.621.668-**, encaminhou justificativa para a instauração de
licitação pública com vistas à contratação da execução de seis piscinas para o Centro
Paraolímpico Brasileiro, na modalidade concorrência internacional, tipo empreitada global,
por menor preço global, para o que foi autuado o Processo nº 18610/2014 naquela Secretaria.
A licitação internacional foi justificada “porque não se identificou no Brasil empresa que já
tenha realizado fornecimento e serviços do mesmo gênero”.
Trata-se da instalação de piscinas em aço inox, “seguindo o modelo que será usado na
Olimpíada do Rio 2016”. A manifestação ressalta que o sistema de transbordamento
contínuo utilizado, ao tempo em que garante as condições de uma piscina rápida e eficiente
aos atletas de natação, “representa expressiva parcela do custo de produção do objeto”. Além
disso, são citados entre os aspectos mais relevantes dos equipamentos a serem adquiridos:
sistema de filtragem de alto desempenho, possibilidade de concessão de garantia mínima de
10 anos, precisão milimétrica para atender as normas da Federação Internacional de Natação,
uso de chapa em inox com condições de suportar a deformação que a água gera nas laterais
(também para garantir a homologação pela FINA), membrana em PVC com revestimento
em acrílico reforçada, estanqueidade total da piscina, e sistema de jateamento que permite
ao nadador competir com o sistema de bombas ligado e apresenta homogeneização perfeita
da piscina. A justificativa informa que “em pesquisa realizada por esta Secretaria, verificou-
se que as piscinas até hoje montadas/construídas para atendimento de todas as normas do
Comitê Paralímpico Internacional e da FINA – Federação Internacional de Natação, foram
executadas/adquiridas em encomenda a apenas 2 (duas) empresas estrangeiras, ou a suas
representantes fora de seus países de origem”.
As piscinas foram especificadas da seguinte forma:
- uma piscina para competição e aquecimento (olímpica – 52m x 25m x 3m)
- uma piscina para competição e aquecimento (semiolímpica – 25m x 12,5m x 2m),
- uma piscina para reabilitação fria (3,60m x 4,00m e profundidade variável de 1,24 e
1,04m),
- uma piscina para reabilitação quente (3,60m x 4,00m e profundidade variável de 1,24 e
1,04m),
- uma piscina para reabilitação funda (3,60m x 3,00m x 2,00m de profundidade),
- uma piscina de nado estacionário (5,00m x 3,30m x 1,24m de profundidade),

Além disso, a contratação previa o fornecimento de diversos componentes do sistema pré-


fabricado das piscinas, e a instalação de base da estrutura em concreto para o recebimento
da carga, painéis de parede modulares de aço inoxidável, estrutura de contraforte das paredes
(também em aço inoxidável), calhas/bordo transbordante, membrana especial de
revestimento, sistema de impermeabilização, e demais acessórios.
Foi apresentado um primeiro mapa de cotação de preços com os logotipos do Ministério do
Esporte e da “FGV Projetos”. O Ministério do Esporte firmou o Contrato nº 52/2012 com a
FGV, com vistas à precificação de itens denominados “especiais”. As duas empresas
elencadas na cotação que consta do processo em foco foram a “Fluidra Brasil” (Astral Pool)
e a “Myrtha Pools”.
A “A&T Europe SPA – Myrtha Pools” é uma empresa italiana que consta como parceira da
FINA no site da Federação Internacional de Natação. Seu representante legal no Brasil é o
titular do CPF ***.323.708-**.
A “Fluidra Brasil Industria e Comércio Ltda.”, CNPJ 09.364.298/0001-93, faz parte do
grupo multinacional Astral Pool.
Os preços apresentados referem-se a e-mails encaminhados em março, abril e maio de 2013
a um representante da “FGV Projetos” (CPF ***.375.588-**), para uma piscina olímpica de
competição, uma piscina olímpica de aquecimento e um conjunto para piscina de gelo. Cabe
destacar que a cotação se refere a “piscina olímpica desmontável” e inclui “fornecimento,
instalação, condicionamento, manutenção, supervisão durante a fase de Jogos,
desmontagem, preparo para transporte”. No material encaminhado pela “Myrtha Pools”, a
referência é a “Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016 – Orçamento para oferta de piscinas
temporárias”. De fato, essas foram as especificações utilizadas para a piscina dos Jogos Rio
2016. O mapa de cotação consignado à fls. 48 do processo traz os seguintes valores:

Quadro – Primeiro mapa de cotação para instalação de piscinas.


Descrição Fluidra Brasil Myrtha Pools
€ 1.885.000,00 (sem
impostos), ou R$
Piscina de competição (50m x 25m x 3m) R$ 5.578.825,87
7.375.245,61 (“preço
nacionalizado”)
€ 1.680.000,00 (sem
impostos), ou R$
Piscina de aquecimento (50m x 25m x 3m) R$ 5.467.714,76
6.573.163,19 (“preço
nacionalizado”)
US$ 205.000,00 (sem
impostos), ou R$
Piscina de gelo R$ 123.436,20
624.070,99 (“preço
nacionalizado”)
Fonte: Processo SEDPcD nº 18610/2014.

Às fls 94 do processo consta novo mapa de cotação com os logotipos do Ministério do


Esporte e da “FGV Projetos”, referente a “Aquático PE”, com data de 05 de dezembro de
2013:

Quadro – Segundo mapa de cotação para instalação de piscinas.


Fluidra Brasil
Descrição (melhor Myrtha Pools
proposta)
Piscina olímpica desmontável (50m x 25m x
3m), incluindo impostos, instalação,
R$ 5.788.588,00 R$ 9.066.306,00
manutenção, supervisão durante a fase de Jogos,
desmontagem e preparo para transporte
Fonte: Processo SEDPcD nº 18610/2014.
Consta ainda do processo em foco, orçamento das seis piscinas especificadas pela SEDPcD,
encaminhado pela “Myrtha Pools”, com data de 25 de março de 2014 e título “Centro de
Treinamento Paraolímpico de São Paulo”, com os seguintes valores:
Quadro - Orçamento “Myrtha Pools”, março/2014.
Descrição Valor (Euros $)
Piscina de 52m x 25m x 3m, borda móvel, luzes treinamento 1.860.000,00
Piscina de 25m x 12,5m x 2m, sistema de luz de treinamento 680.000,00
4 piscinas de reabilitação – quente-fria-nado estacionário-imersão 480.000,00
Total: 3.020.000,00
Fonte: Processo SEDPcD nº 18610/2014.

Não consta proposta que tenha sido encaminhada diretamente à SEDPcD pela empresa
“Fluidra”. Às páginas 98 e 99 do processo ora analisado consta um mapa de cotação com o
cabeçalho “Governo do Estado de São Paulo - Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa
com Deficiência”, com as seguintes informações:

Quadro – Terceiro mapa de cotação.


Empresas
FGV Fluidra Brasil Myrtha Pools
Contato: Contato: Contato Preço Médio
Descrição ****** email ****** email ******** email em Reais
faraujo@fluid faraujo@fluidr haller@myrtap
ra.com a.com ool.com.br
Piscina para
competição e
R$ € 1.860.000,00/
aquecimento R$ 5.578.825,87 R$ 5.621.671,96
5.788.588,00 R$ 5.497.602,00
(olímpica) 52m x
25m x 3m
Piscina para
treinamento e
aquecimento R$ € 1.680.000,00/
R$ 5.467.714,76 R$ 5.407.292,92
(semiolímpica) 5.788.588,00 R$ 4.985.576,00
25m x 12,5m x
2m
Piscina para
reabilitação fria
€ 120.000,00/
(3,60m x 4m x - R$ 123.436,20 R$ 300.778,20
R$ 354.684,00
prof.variável de
1,24m a 1,04m)
Piscina para
reabilitação
quente (3,60m x € 120.000,00/
- R$ 123.436,20 R$ 300.778,20
4m x R$ 354.684,00
prof.variável de
1,24m a 1,04m)
Piscina para
reabilitação funda € 120.000,00/
- R$ 123.436,20 R$ 300.778,20
(3,60m x 3,00m x R$ 354.684,00
2,00m)
Piscina de nado
estacionário € 120.000,00/
- R$ 123.436,20 R$ 300.778,20
(5,00m x 3,30m x R$ 354.684,00
1,24m)
R$
Valor total estimado:
12.232.077,68
Fonte: Processo SEDPcD nº 18610/2014.
Pela análise das informações acima, é possível verificar as seguintes irregularidades:
- o orçamento selecionado como vencedor pela “FGV Projetos”, referente à piscina olímpica
temporária e fornecido pela “Fluidra” à “FGV Projetos” é considerado como sendo
proveniente de uma terceira empresa. Apesar disso, o e-mail da “Fluidra” consta do título da
proposta, de forma que não existe um terceiro orçamento para o mesmo empreendimento.
Ainda, a piscina a ser construída no Centro Paraolímpico Brasileiro não é temporária, e sim
definitiva;
- não foi localizada nenhuma evidência de contato direto entre a SEDPcD e a empresa
“Fluidra”, os valores que constam no mapa são os que constam nas propostas que a empresa
fez à “FGV Projetos” no âmbito das piscinas contratadas para os Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos do Rio 2016;
- na coluna com os preços ofertados pela “Fluidra”, constam preços que a empresa
apresentou à “FGV Projetos” por piscina olímpica desmontável, diferente da especificada
para a contratação em foco. O valor está repetido na linha referente à piscina semi-olímpica,
e nos autos do processo não consta nenhum orçamento encaminhado pela Fluidra à “FGV
Projetos”, ou à SEDPcD, referente à piscina semiolímpica/
- os preços das quatro piscinas de reabilitação que constam da coluna com os preços
ofertados pela “Fluidra” foram apresentados pela empresa para a “FGV Projetos” em relação
à piscina de gelo, com dimensões diferenciadas das especificadas para a contratação em
foco;
- os valores que constam da coluna “Preço Médio” não correspondem à média dos que
constam nas respectivas colunas nas linhas referentes à piscina semiolímipica e às quatro
piscinas menores;
- o valor que consta da proposta da “Myrtha Pools” à SEDPcD para a piscina semiolímpica
é € 680.000 (fls 96 do processo), e não € 1.680.000,00, conforme o mapa de cotação
elaborado pela Secretaria, que resultou na estimativa de R$ 12.232.077,68 para a
contratação.
Em resposta à solicitação de apreciação da documentação preparatória do certame, inclusive
da minuta do edital, efetuada pelo Chefe de Gabinete da SEDPcd, a Procuradora do Estado,
titular do CPF ***.579.798-**, Chefe da Consultoria Jurídica da pasta, emitiu em 12 de
setembro de 2014 o Parecer nº 192/2014, de viabilidade jurídica condicionada,
recomendando que “a autoridade anexe ao expediente as normas que devem ser atendidas
pelos licitantes mencionadas no item ‘1.02 Referências’, de fls. 07/08, bem como nas
especificações para construção da piscina, de fls 70/93. Isto facilitará o exame das propostas
pelos membros da Comissão Especial de Licitação”. O parecer ressalta, ainda, que os
orçamentos apresentados são datados de 2013 e não estão assinados e enfatiza terem sido
obtidos no processo do SCO-RIO, destacando a necessidade das empresas proponentes
ratificarem os valores mencionados, com ênfase para o fato de nem todas as piscinas
constantes do projeto básico terem sido cotadas. Na mesma data, o Assistente Técnico de
Coordenador (CPF ***.373.208-**) juntou aos autos (fls.274) um orçamento da empresa
norte-americana GEMCOR INTERNATIONAL, INC., para a piscina semiolímpica
(25x12,5x2m), no valor de R$ 4.128.561,26. O novo mapa de cotação (fls. 275 e 276) foi
elaborado com a devida atualização cambial:

Quadro – Quarto mapa de cotação.


Empresas
FGV Fluidra
GEMCO Contato: Brasil Myrtha Pools
R ****** – Contato: Contato ****** Preço
Descrição INTERN email ****** – – email Médio em
A- faraujo@f email haller@myrtap Reais
CIONAL luidra.co faraujo@flu ool.com.br
m idra.com
Piscina para
competição e
R$ € 1.860.000,00/
aquecimento R$ R$
- 9.066.306, R$
(olímpica) 5.788.588,00 7.427.447,00
00 5.505.228,00*
52m x 25m x
3m
Piscina para
treinamento
e R$
€ 680.000,00/ R$
aquecimento 4.128.561, - -
R$ 2.040.000,00 3.084.280,63
(semiolímpic 26
a) 25m x
12,5m x 2m
Piscina para
reabilitação
fria (3,60m x
4m x R$ R$ € 120.000,00/ R$
-
profundidad 123.436,20 624.070,99 R$ 355.176,00* 373.753,60
e variável de
1,24m a
1,04m)
Piscina para
reabilitação
quente
(3,60m x 4m R$ R$ € 120.000,00/ R$
-
x 123.436,20 624.070,99 R$ 355.176,00* 373.753,60
prof.variável
de 1,24, a
1,04m)
Piscina para
reabilitação
funda R$ R$ € 120.000,00/ R$
-
(3,60m x 123.436,20 624.070,99 R$ 355.176,00* 373.753,60
3,00m x
2,00m)
Piscina de
nado
estacionário R$ R$ € 120.000,00/ R$
-
(5,00m x 123.436,20 624.070,99 R$ 355.176,00* 373.753,60
3,30m x
1,24m)
R$
Valor total estimado: 12.006.742,0
1
* valores em reais calculados pela equipe de fiscalização, tendo em vista a taxa cambial
apresentada no mapa, de R$ 2,9598
Fonte: Processo SEDPcD nº 18610/2014.

Nesse novo mapa, é possível constatar que:


- o valor que constava na coluna “FGV” do mapa anterior para a piscina olímpica, R$
5.788.588,00, foi substituído por R$ 9.066.306,00, montante que coincide com proposta
perdedora encaminhada pela “Myrtha Pools” à “FGV Projetos” para os Jogos Rio 2016.
- o valor que constava na coluna “Fluidra” do mapa anterior para a piscina olímpica, R$
5.578.825,87, foi substituído pelo da coluna “FGV”, R$ 5.788.588,00;
- considerando os valores anteriores, e com o câmbio apresentado, o preço médio da piscina
olímpica passaria a ser R$ 6.786.707,33, ao invés dos R$ 7.427.447,00 apresentados no 4º
mapa de cotação;
- na linha referente à piscina semiolímpica, foi incluída a nova cotação da “GEMCOR” e
foram retirados os valores anteriormente atribuídos à “FGV” e à “Fluidra”. Foi corrigido o
orçamento da “Myrtha Pools” para € 680.000,00. O preço unitário da “Myrtha” em reais (R$
2.040.000,00), é R$ 27.336,00 superior à conversão resultante da aplicação da taxa de
câmbio apresentada (1 euro = R$ 2,9598), que é igual a R$ 2.012.664,00;
- os valores para as quatro piscinas de reabilitação que constavam no mapa anterior na coluna
“Fluidra” foram transferidos para a coluna “FGV”. Na coluna “Fluidra” foi incluído o valor
de R$ 624.070,99, não localizado na documentação analisada.
- os valores médios elencados para as quatro piscinas menores (R$ 373.753,60) são R$
6.192,54 superiores à média calculada de acordo com a taxa de câmbio apresentada (R$
367.561,06).
Não há evidências de que tenha sido atendida a recomendação de anexação das normas
internacionais a serem atendidas pelos licitantes, nem que as outras propostas tenham sido
devidamente ratificadas pelas empresas.
Ainda em 12 de setembro de 2014, a Secretária de Estado titular da SEDPcD, CPF
***.793.708-**, instaurou o certame. O edital da Concorrência nº 001/2014 agendou a
abertura das propostas para o dia 03 de novembro de 2014, às 10h., na sede da SEDPcD. Em
13 de setembro de 2014, o aviso da licitação foi publicado no Diário Oficial do Estado de
São Paulo. Em 16 de setembro de 2014, a publicação ocorreu no Diário Oficial da União e
no jornal “Folha de São Paulo”.
A planilha orçamentária constante do Anexo IX do Edital elenca os “preços médios unitários
em real” do mapa reproduzido acima, ratificando o valor total estimado do certame em R$
12.006.742,01.
No dia 16 de setembro de 2014, por meio do Ofício CG nº 405/2014, o Chefe de Gabinete
da SEDPcD encaminhou à CAIXA o mapa de cotação de preços das piscinas. A
especificação dos equipamentos menciona que “Sistemas similares poderão ser ofertados
desde que cumpram todas as exigências da FINA – Federação Internacional de Natação e do
Comitê Paraolímpico Internacional”. Em 19 de setembro de 2014, o responsável técnico da
CAIXA emitiu o Laudo de Análise Técnica de Engenharia – OGU considerando o
empreendimento viável.
De acordo com a Ata de Realização da Sessão Pública, cinco empresas realizaram vistoria
técnica ao local de instalação das piscinas:
- “Teto Construtora S.A”, CNPJ 13.034.156/0001-35;
- “Projeção Engenharia Paulista de Obras Ltda.”, CNPJ 00.502.167/0001-50;
- “Conexão Comércio de Armarinhos e Material Esportivo Ltda EPP”, CNPJ
12.647.530/0001-05;
- “Natação Comércio de Artigos Esportivos Ltda EPP” – CNPJ 60.292.182/0001-43; e
- “A&T Europe SPA – Myrtha Pools” – Itália – representante: CPF ***.323.708-**.
Cabe destacar que as duas primeiras são empresas de construção civil, enquanto que a
“Conexão” e a “Natação Comércio” não teriam, de acordo com a Classificação Nacional de
Atividades Econômicas – CNAE registrada no Sistema CNPJ (“Comércio atacadista de
outros equipamentos e artigos de uso pessoal e doméstico não especificados anteriormente”
e “Comércio varejista de artigos esportivos”, respectivamente), condições de prestar os
serviços licitados.
Entre as empresas elencadas acima, apenas as três últimas realizaram o credenciamento na
data da sessão pública. As duas construtoras não compareceram.
Das empresas presentes, apenas a “Myrtha Pools” teve sua proposta comercial (envelope 1)
analisada, tendo em vista que as outras duas não apresentaram a garantia exigida no edital.
A proposta comercial corresponde ao arredondamento dos valores estimados de cada item
na planilha orçamentária do Anexo IX, resultando no montante de R$ 12.003.000,00.
A empresa apresentou ainda a mesma proposta em euros, totalizando € 3.894.375,00 (fls
482), o que corresponderia a uma taxa de câmbio de R$ 3,0821. O valor da proposta, em
euros, é quase 30% superior ao orçamento encaminhado pela mesma empresa em 25 de
março de 2014.
A licitante foi classificada e, esgotado o prazo recursal e analisada a documentação
requisitada, devidamente habilitada. O certame foi homologado pela titular da SEDPcD em
16 de dezembro de 2014, seguindo-se a adjudicação do objeto à empresa “A&T Europe SPA
– Myrtha Pools”. No mesmo dia, foi realizada reunião de negociação entre os membros da
comissão de licitação e o representante da empresa, sendo acordada a redução do preço das
piscinas para R$ 10.560.000,00. Em consulta realizada ao sítio do Banco Central do Brasil
na internet (taxa de câmbio de R$ 3,43199 por euro), verificou-se que nessa data, o valor
negociado corresponderia a € 3.076.923,17, enquanto o orçamento prévio encaminhado pela
empresa em março de 2014 previra o montante de € 3.020.000,00.
O Contrato nº 034/2014 foi firmado em 22 de janeiro de 2015, no valor de R$ 10.560.000,00,
com vigência prevista de 180 dias, até 21 de julho de 2015. Conforme detalhado em
informação específica neste relatório, foram firmados dois termos aditivos de prorrogação
de prazo e a vigência do Contrato nº 034/2014 expiraria em 20 de dezembro de 2015.
Por meio do item 6 da SF nº 201505082-016, em 19 de novembro de 2015, foram solicitados
os seguintes esclarecimentos aos responsáveis pela SEDPcD:
“(...)
6. Em relação ao mapa de cotação consignado às fls 275 e 276 do Processo nº 18610/2014,
que respaldou a composição da planilha orçamentária que compôs o Anexo IX da
Concorrência Internacional nº 01/2014, solicitamos:
a) Disponibilizar as cópias digitalizadas das cotações de preços que embasaram cada
um dos itens do mapa e cada uma das empresas elencadas;
b) Justificar a utilização dos valores que constam na segunda coluna do mapa, como se
fosse uma empresa fornecedora, tendo-se utilizado os preços cotados pela “FGV Projetos”
de piscinas desmontáveis e de gelo para os Jogos do Rio, embora conste o e-mail da mesma
empresa elencada na terceira coluna;
c) Disponibilizar informações acerca do regime de isenção fiscal praticado na
importação das piscinas, esclarecendo se todos os valores apresentados no mapa em foco
previam as mesmas condições tributárias;
d) Justificar o fato de o valor em reais da última coluna (“Myrtha Pools”) para a segunda
linha (piscina semiolímpica) ser superior em R$ 27.336,00 à conversão resultante da
aplicação da taxa de câmbio apresentada na tabela;
e) Justificar o fato de que os valores médios apresentados para as quatro piscinas de
reabilitação sejam superiores em R$ 6.192,54 cada à média calculada de acordo com a taxa
de câmbio apresentada; e
f) Justificar a opção por instalação de piscina olímpica com 52 metros de comprimento,
esclarecendo se foi verificada a possibilidade de tal especificação limitar a competitividade
do certame.
(...)”
Em 04 de dezembro de 2015, os gestores encaminharam a seguinte manifestação, por meio
do Ofício SEDPcD/CG nº 583/2015:
“6 – A) e B) O mapa de cotação apresentado foi composto com duas cotações de preços do
mercado e duas cotações de licitações já realizadas, para o mesmo objeto, sendo uma para
o Centro Olímpico de Esportes Aquáticos do Estado do Rio de Janeiro e outro para Centro
Aquático do Estado de Pernambuco. Consta também no mapa de cotação, nas colunas
centrais, os preços obtidos das licitações nos referidos Estados pela FGV Projetos.
Analisando com cuidado o mapa e os questionamentos da CGU, identificamos que os
mesmos (mapa) não estão de fácil entendimento e para demonstrar que não houve má fé e
sim um equívoco ao identificar as cotações, elaboramos COM BASE NOS MESMOS
PREÇOS APRESENTADOS À ÉPOCA, um novo mapa de cotação, que chamamos de Mapa
de Cotação – Demonstrativo CGU, segue anexo, com os devidos esclarecimentos e
apontamentos.
C) Quanto ao regime de isenção fiscal praticado na importação das piscinas, esclarecemos
que todos os valores apresentados no mapa de cotação previam as mesmas condições
tributárias.
Para melhor elucidar a questão, apresentamos os itens relacionados na licitação, com a
mesma nomenclatura: 1 – Piscina Olímpica, 2 – Semi Olímpica, 3 – Piscina de reabilitação
fria, 4 – Reabilitação Quente, 5 – Reabilitação Funda e 6 – Nado Estacionário.
Para os itens 1, 3, 4, 5 e 6 os preços guardam compatibilidade entre eles, pois foram
extraídos do mesmo procedimento licitatório que já havia estabelecido a condição tributaria
para a aquisição, conforme informação na parte de comentários do mapa de cotação anexo.
Para o item 2, foi realizado cotação de preço de mercado, onde os valores foram repassados
sem a inclusão dos impostos. Contudo eles guardam compatibilidade entre si, pois as duas
cotações estão sem os acréscimos dos impostos de importação.
D) A data de fechamento do mapa de cotação foi 12/09/14. A equipe técnica responsável
pela elaboração do mapa utilizou a taxa de câmbio do dia do fechamento, ou seja, 12/09/14
no valor de R$ 3,00. Entretanto, não foi realizada a devida correção no mapa de cotação,
constando erroneamente a data de 11/09, que foi o início dos trabalhos. Segue anexo a taxa
de câmbio do Banco Central do Brasil praticada à época.
E) Conforme informado no item C, a equipe técnica de licitação só utilizou os valores da
cotação de preços da Myrtha Pool para o item 2 – Piscina Semi Olímpica, uma vez que nos
preços apresentados para os demais itens não havia incidência de impostos, o que divergiria
e causaria transtornos na composição dos preços de referências.
F) Cumpre esclarecer que a piscina de 52 m de comprimento possui uma borda móvel
(moveable bulckhead), que se aloja no compartimento de 2 metros, ficando a piscina com
50 metros livre – tamanho oficial da piscina olímpica.
Este sistema móvel da borda, permite que a mesma ande por toda piscina, dividindo-a
inclusive em duas piscinas de 25 metros, garantindo flexibilidade de uso.
Assim, ao contrário do citado, a piscina instalada com 52 metros com a borda móvel, ao
invés de limitar a competitividade do certame, permite maior flexibilidade de uso tanto para
treinos como para competições. Estas especificações técnicas constam do edital de
concorrência das piscinas, item 2.01 SISTEMAS, MATERIAIS E ACESSÓRIOS/ subitens,
2.11 CABECEIRAS, PISCINAS OLÍMPICA E SEMI OLÍMPICA e 2.12 DA ESTRUTURA
MÓVEL (MOVEABLE BULCKHEAD);”
As cotações encaminhadas em anexo à manifestação são as autuadas junto ao Processo nº
18610/2014, cujas irregularidades já foram analisadas anteriormente neste registro. Os
gestores elaboraram um “Mapa de cotação – Demonstrativo CGU”, com os mesmos
problemas apontados anteriormente: ausência de respaldo de orçamentos demandados
diretamente, com as especificações requeridas (52 metros para a piscina olímpica e
características exigidas para as piscinas de reabilitação), com exceção do encaminhado para
a SEDPcD pela “Myrtha Pools” e, no caso da piscina semiolímpica, pela “Gemcor”.
Verifica-se, assim, que a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência não
realizou cotações prévias com mais de um fornecedor para todos os itens licitados, instaurou
o certame com planilha orçamentária sem respaldo em orçamentos apresentados diretamente
e com valores alterados sem justificativa no decorrer do processo, e efetuou a contratação
por valor superior ao orçamento prévio encaminhado pela empresa contratada.
Quanto às empresas participantes do certame em foco, verificou-se que as duas que teriam
se credenciado por ocasião da realização da sessão pública para concorrer com a vencedora
“A&T Europe SPA – Myrtha Pools” foram desclassificadas por não terem cumprido todas
as exigências previstas no edital. Tratam-se de empresas de pequeno porte, com ramos de
negócios não relacionados ao objeto do certame. Constatou-se, ainda, que o representante da
“A&T Europe SPA – Myrtha Pools”, pertenceu ao quadro societário de uma delas. a
“Natação Comércio de Artigos Esportivos Ltda. EPP” – CNPJ 60.292.182/0001-43, até
2003.
Cientificada acerca do posicionamento expresso por este relatório por meio do Ofício nº
5915/2016/GAB/CGU-Regional/SP/CGU-PR, de 1º de fevereiro de 2016, a Gerência
Executiva Governo São Paulo da CAIXA/SP, encaminhou a seguinte manifestação por meio
do Ofício nº 27/2016/GIGOVSP, de 19 de fevereiro de 2016:
“(...) A SEDPcD apresentou por meio do Ofício CG nº393/2014 documentação para análise
da meta 1 – ‘Piscinas’, contendo dentro outros, mapa de cotações, projeto técnico e
especificações.” (...) “Considerando se tratar de equipamento específico sem similaridade
em sistemas de custos oficiais, a CAIXA baseou sua análise em mapa de cotações fornecido
pela SEDPcD, conforme procedimento previsto em manual normativo CAIXA (AE099009).
A responsabilidade pela compatibilidade entre especificações técnicas, cotações e mapa
demonstrativo apresentado à CAIXA é do TOMADOR.” (...) “Quanto ao valor resultante
do processo licitatório e sua adequação ao câmbio e aos valores indicados no mapa de
cotações, observamos que o contrato apresentado à CAIXA indica valor de
R$10.560.000,00, inferior aos valores apresentados como referenciais com base no mapa
de cotações.”
ato
/F
#
Manifestação da Unidade Examinada

Cientificado das análises preliminares deste relatório por meio do Ofício nº


5916/2016/GAB/CGU-Regional/SP/CGU-PR, de 1º de fevereiro de 2016, o Chefe de
Gabinete da SEDPcD encaminhou em 25 de fevereiro de 2016, por meio do Ofício
SEDPcD/CG nº 38/2016, a seguinte manifestação:
“Inicialmente cumpre anotar que a Ordem de Serviço 201505084 teve por objeto a análise
do Contrato de Repasse nº 1002.273-50/2012, celebrado em 31.12.2012 e com vistas à
implementação e construção do Centro Integrado de Avaliação e Laboratório da Condição
Funcional do Atleta Paraolímpico.
Reitero, por oportuno, que a proposta inicial cadastrada no SICONV era condizente com a
realidade dos recursos financeiros disponíveis naquele momento para construção do CPB,
tanto do Ministério do Esporte como do Governo do Estado.
Quando da fase interna do procedimento licitatório para a aquisição das piscinas a serem
implantadas no Centro Paraolímpico Brasileiro, fomos auxiliados, pela especificidade da
concorrência pelo ME/SNEAR, para a cotação dos equipamentos, por se tratarem de
equipamentos específicos e que deveriam estar de acordo com os padrões estabelecidos pela
FINA – Federação Internacional de Natação, segundo exigências do Comitê Paraolímpico
Brasileiro e Ministério do Esporte.
Dessa feita, por orientação do Ministério do Esporte/SNEAR, obtivemos junto a FGV
Projetos as cotações referentes aos equipamentos já adquiridos em outras licitações que
serviram com referência para que efetuássemos a contratação, dada a dificuldade de se
cotar os itens no mercado brasileiro, por se tratar de equipamentos importados e
homologados pela FINA.
Ante o exposto, reitero adiante os pontos já questionados anteriormente através da
solicitação de fiscalização nº 201505082-016 de 19/11/2015 como segue:
Com relação ao mapa de cotação apresentado, frise-se que foi composto por duas cotações
de preços do mercado e duas cotações de licitações já realizadas, para o mesmo objeto,
sendo uma para o Centro Olímpico de Esportes Aquáticos do Estado do Rio de Janeiro e
outro para Centro Aquático do Estado de Pernambuco.
Consta também no mapa de cotação, nas colunas centrais, os preços obtidos das licitações
nos referidos Estados pela FGV Projetos. Com o fito de atender aos questionamentos da
CGU, encaminho o mapa de cotação anexo (doc. 4), nomeado de Mapa de Cotação –
Demonstrativo CGU, com os devidos esclarecimentos e apontamentos.
Quanto ao regime de isenção fiscal praticado na importação das piscinas, esclareço que
todos os valores apresentados no mapa de cotação previam as mesmas condições
tributárias.
Para melhor elucidar a questão, apresento os itens relacionados na licitação, com a mesma
nomenclatura: 1 – Piscina Olímpica, 2 – Semi Olímpica, 3 – Piscina de reabilitação fria, 4
– Reabilitação Quente, 5 – Reabilitação Funda e 6 – Nado Estacionário.
Para os itens 1, 3, 4, 5 e 6 os preços guardam compatibilidade entre eles, pois foram
extraídos do mesmo procedimento licitatório que já havia estabelecido a condição tributária
para a aquisição, conforme informação na parte de comentários do mapa de cotação anexo
(doc. 4).
Para o item 2, foi realizada a cotação de preço de mercado, na qual os valores foram
repassados sem a inclusão dos impostos. Contudo eles guardam compatibilidade entre si,
pois as duas cotações estão sem os acréscimos dos impostos de importação.
A data de fechamento do mapa de cotação foi 12/09/14. A equipe técnica responsável pela
elaboração do mapa utilizou a taxa de câmbio do dia do fechamento, ou seja, 12/09/14 no
valor de R$ 3,00 (três reais). Entretanto, não foi realizada a devida correção no mapa de
cotação, constando equivocadamente a data de 11/09, que foi o início dos trabalhos. Segue
anexo a taxa de câmbio do Banco Central do Brasil praticada à época (doc. 5).
Conforme informado no item C da Solicitação de Fiscalização, a equipe técnica de licitação
só utilizou os valores da cotação de preços da Myrtha Pool para o item 2 – Piscina Semi
Olímpica, uma vez que nos preços apresentados para os demais itens não havia incidência
de impostos, o que divergiria na composição dos preços de referências.
Cumpre esclarecer que a piscina de 52 m de comprimento possui uma borda móvel
(moveable bulckhead), que se aloja no compartimento de 2 metros, ficando a piscina com
50 metros livre – tamanho oficial da piscina olímpica.
Este sistema móvel da borda, permite que a mesma ande por toda piscina, dividindo-a
inclusive em duas piscinas de 25 metros, garantindo flexibilidade de uso.
Assim, ao contrário do citado, a piscina instalada com 52 metros com a borda móvel, ao
invés de limitar a competitividade do certame, permite maior flexibilidade de uso para
treinos como para competições. Estas especificações técnicas constam do edital de
concorrência das piscinas, item 2.01 SISTEMAS, MATERIAIS E ACESSÓRIOS/ subitens,
2.11 CABECEIRAS, PISCINAS OLÍMPICA E SEMI OLÍMPICA e 2.12 DA ESTRUTURA
MÓVEL (MOVEABLE BULCKHEAD);
Reitero, ainda, que de fato não houve contato direto entre a Secretaria e a Empresa Fluidra,
pois conforme já exposto, foi por meio do Ministério do Esporte que obtivemos o orçamento
realizado pela referida empresa para os Jogos do Rio 2016, por meio da FGV Projetos (doc.
6).
Sobre os questionamentos referentes ao Mapa de Cotação esclareço o que segue:
O mapa de cotação foi elaborado com os seguintes valores;
Item 1 (Piscina Olímpica) – Baseada na cotação da FGV/Projetos para o Parque Aquático
de Pernambuco
- R$ 9.066.306,00 – Marca Myrtha
- R$ 5.788.588,00 – Marca Fluidra
Observação: Os valores referentes a este item divergem do mapa de cotação anterior para
a piscina olímpica, em razão de ter sido utilizado apenas os valores ofertados pela Empresa
Fluidra, por meio da FGV Projetos.
Item 2 (Piscina Semi Olímpica)
R$ 4.128.561,26 - Orçamento baseada na cotação apresentado pela empresa Gemcor.
R$ 2.040.000,00 - Orçamento baseado na cotação apresentada pela empresa Myrtha (o
valor foi de 680.000,00 euros cuja taxa de conversão utilizada na época que foi de R$ 3,00.
Observações.: Não foi utilizada a cotação apresentada pela empresa Myrtha para os itens
1, 3, 4, 5 e 6.
Cabe ressaltar que o orçamento da empresa Myrtha utilizado para a cotação é o que consta
acostado às fls. 96/97 dos autos (doc. 7).
Item 3, 4, 5 e 6 (Piscinas Fria, quente, funda e nado estacionário) – baseada na cotação da
FGV/Projetos efetuada para o Centro Aquático do Rio de Janeiro.
R$ 123.436,00 – marca Fluidra
R$ 624.070,99 – marca Myrtha
Observação: Informo que o valor incluído referente a R$ 624.070,99, consta dos autos à fl.
48 (doc. 6).
Com relação ao procedimento licitatório na modalidade concorrência internacional,
destaco que foi dada ampla publicidade do certame a todos os interessados por meio do
Diário Oficial do Estado, Diário Oficial da União, jornal de grande circulação e no site do
Governo do Estado e-negociospublicos.
Lembro, ainda, que as empresas que retiraram o edital realizaram vistorias no local de
implantação das piscinas, conforme consta dos autos que instruiu o procedimento. Ato
contínuo, foi realizado a sessão pública no dia e local estabelecido no aviso da concorrência
pública.
Em que pese cinco empresas terem realizado a visita “in loco”, onde seriam implantadas
as piscinas, apenas três compareceram no dia da sessão pública. Note-se que não obstante
duas dessas empresas terem sido credenciadas nem todas reuniam condições de participar
da licitação, haja vista não terem apresentado a constituição de garantia, conforme
estabelece o item 2 – Condições de Participação, subitem 2.5.
Outrossim, também foi constatado que o Capital Social apresentado pelas empresas não
atendia ao disposto no item 7.1.14 do Edital. Portanto, apenas a A&T Europe SPA - Myrtha
Pools atendeu a todas as exigências do edital de licitação.
Frise-se que referida empresa apresentou os envelopes referente à proposta técnica
(Envelope nº 1) e aos documentos de habilitação (Envelope nº 2). A proposta técnica
(Envelope nº 1) da empresa A&T Europe SPA - Myrtha Pools, aberta na sessão pública
realizada no dia 12/11/2014, foi analisada pelos membros da Comissão de Licitação que
classificaram a proposta apresentada.
Posteriormente, na sessão pública de 28/11/2014, a Comissão Especial de Licitação reuniu-
se para a abertura do Envelope nº 2 (documentos de habilitação).
Na sessão pública seguinte, realizada em 01/12/2014, após análise detalhada dos
documentos apresentados, a Comissão Especial de Licitação decidiu habilitar e declarar
vencedora do certame licitatório a empresa A&T Europe SPA - Myrtha Pools.
O questionamento sobre a moeda indicada na proposta da empresa vencedora, esclareço
que de acordo com o Edital, item 5 – Proposta Comercial, subitem 5.1.1, estabelece o
seguinte:
‘Planilha de preços unitário e global propostos pela licitante com valores em reais (R$),
vigentes à data de sua apresentação, que será considerada a data de referência de preços,
elaborada com base nas especificações técnicas, projeto e informações contidas no Edital
(Anexos VII e VIII)’.
Consequentemente, a proposta apresentada pela vencedora estava de acordo com o exigido
no edital, conforme fls. 476/480, volume 2 do Processo SEDPcD nº 18610/2014.”
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/M
#
Análise do Controle Interno

Os gestores afirmam terem recebido orientação do Ministério do Esporte/SNEAR


(Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento) para buscar, junto à FGV Projetos,
cotações similares já realizadas. No entanto, nenhuma documentação comprobatória de tal
instrução foi anexada à resposta encaminhada.
O mapa de cotação anexado como “Doc.4”, denominado “Mapa de Cotação – Demonstrativo
CGU”, é o mesmo que havia sido encaminhado em 04 de dezembro de 2015 por meio do
Ofício SEDPcD/CG nº 583/2015, em resposta à SF nº 201505082-016, e já havia sido
devidamente analisado à época. A conclusão, registrada acima, foi no sentido de que
permaneciam as mesmas irregularidades verificadas nos mapas de cotação anteriores,
consignadas no processo em foco: “ausência de respaldo de orçamentos demandados
diretamente, com as especificações requeridas (52 metros para a piscina olímpica e
características exigidas para as piscinas de reabilitação), com exceção do encaminhado para
a SEDPcD pela ‘Myrtha Pools’ e, no caso da piscina semiolímpica, pela ‘Gemcor’”.
No que tange ao regime de isenção fiscal, as informações também já haviam sido
disponibilizadas, não havendo apontamento específico sobre o assunto.
As inconsistências verificadas nas conversões cambiais registradas no mapa de cotação já
haviam sido reconhecidas pelos gestores, estando toda a informação consignada acima.
Da mesma forma, a opção pela contratação da piscina de 52 metros já havia sido justificada,
tendo sido acolhida a argumentação dos gestores antes do encaminhamento da versão
preliminar deste relatório.
Permanece inalterada a constatação de que a SEDPcD não realizou cotações prévias com
mais de um fornecedor para todos os itens licitados, instaurou o certame com planilha
orçamentária sem respaldo em orçamentos apresentados diretamente e com valores alterados
sem justificativa no decorrer do processo, e efetuou a contratação por valor superior ao
orçamento prévio encaminhado pela empresa contratada.
Nenhum fato novo foi acrescentado em relação aos procedimentos realizados na condução
do processo licitatório. Em que pese que o edital previsse a apresentação das propostas em
reais, os gestores tiveram ciência de que a proposta da “Myrtha Pools” em euros (€
3.894.375,00) era quase 30% superior ao orçamento que ela apresentara antes do certame (€
3.020.000,00). Ainda assim, na negociação realizada ao final da licitação, aceitaram
contratar as piscinas por valor maior (€ 3.076.923,17) do que o ofertado na cotação prévia
pela mesma empresa.
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/A
#

2.2.2. Prejuízo potencial no valor de R$ 3.219.409,97, decorrente de risco de


sobreposição de serviços em contratação respaldada pelo Pregão Presencial nº
001/2015, para execução e instalação de Sistemas Especiais, por empresa
subcontratada pela Construtora OAS no âmbito do Termo de Compromisso nº
0424.174-66/2013.

Fato

Em 21 de janeiro de 2015, a SEDPcD autou o Processo nº 11432/2015 para arquivar a


documentação relativa à contratação de empresa para o fornecimento de todos os
equipamentos, materiais, infraestrutura, instalação, projeto executivo e as built,
comissionamento, testes e start-up dos sistemas de cabeamento estruturado, automação
predial (BMS), CFTV/IP (sistema de câmeras para monitoramento interno), controle de
acesso, sonorização e câmeras esportivas para o Centro Paraolímpico Brasileiro,
denominados Sistemas Especiais.
Os requisitos técnicos foram definidos em Termo de Referência e, em 26 de janeiro de 2015,
a SEDPcD solicitou cotações por e-mail, obtendo orçamento das empresas “Hersa
Engenharia e Serviços Ltda.” (CNPJ 01.376.473/0001-50), “Eletro Rio Montagens
Industriais Ltda.” (CNPJ 54.981.493/0001-17), “Sanhidrel Cimax Engenharia Ltda.” (CNPJ
11.144.270/0001-92) e “GTEL Grupo Técnico de Eletromecânica S.A.” (CNPJ
47.144.548/0001-79). Com base nos preços apresentados, foi elaborada planilha de preços,
que resultou em mediana no montante de R$ 12.448.359,90.
Em 13 de fevereiro de 2015, foi divulgado o edital do Pregão Presencial nº 01/2015. A sessão
foi agendada para iniciar-se no dia 06 de março de 2015 às 10h, na sede da SEDPcD. O
certame foi instaurado com o tipo menor preço, sob o regime de empreitada por preço
unitário. O aviso de licitação foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo (DOSP)
e no Jornal Valor Econômico em 21 de fevereiro de 2015, e no Diário Oficial da União
(DOU) em 23 de fevereiro de 2015.
Junto aos autos, foram localizadas evidências de realização de visitas técnicas pelas
empresas:
- “2N Engenharia Ltda.”, CNPJ 00.346.953/0001-06;
- “Hersa Engenharia e Serviços Ltda.”, CNPJ 01.376.473/0001-50;
- “GTEL – Grupo Técnico de Eletromecanica S.A.”, CNPJ 47.144.548/0001-79;
- “CONSTRUTECKMA Engenharia Ltda.”, CNPJ 00.005.275/0001-18;
- “ELETRORIO Montagens Industriais Ltda.”, CNPJ 54.981.493/0001-17;
- “Sistemas CONVEX Locações de Produtos de Informática”, CNPJ 73.147.084/0001-64;
- “DUCTBUSTERS Engenharia Ltda.”, CNPJ 03.541.616/0001-68;
- “SANHIDREL CIMAX Engenharia Ltda.”, CNPJ 11.144.270/0001-92;
- “TWUENTY Itu Locações e Serviços Ltda.”, CNPJ 19.717.399/0001-54; e
- “Luis Filipe Arriscado Faria Junior – ME”, CNPJ 18.874.932/0001-29.
De acordo com a ata da sessão pública realizada no dia 06 de março de 2015, credenciaram-
se para o certame as empresas:
- “2N Engenharia Ltda.”, CNPJ 00.346.953/0001-06;
- “Hersa Engenharia e Serviços Ltda.”, CNPJ 01.376.473/0001-50;
- “GTEL – Grupo Técnico de Eletromecanica S.A.”, CNPJ 47.144.548/0001-79;
- “CONSTRUTECKMA Engenharia Ltda.”, CNPJ 00.005.275/0001-18;
- “ELETRORIO Montagens Industriais Ltda.”, CNPJ 54.981.493/0001-17; e
- “SANHIDREL CIMAX Engenharia Ltda.”, CNPJ 11.144.270/0001-92.
A empresa “ELETRORIO Montagens Industriais Ltda.” foi excluída da competição por não
ter apresentado a Declaração de Pleno Atendimento aos Requisitos de Habilitação, bem
como por não apresentar o envelope nº2 – Habilitação.
Após a abertura dos envelopes com as propostas comerciais, foram desclassificadas as
empresas “GTEL” e a “2N Engenharia”, em função de não terem especificado a marca e
modelo de todos os equipamentos ofertados, descumprindo requisitos do edital.
Participaram da fase de lances as empresas “SANHIDREL”, “Hersa” e
“CONSTRUTECKMA”, sendo que a última apresentou a melhor oferta e foi declarada
vencedora com o valor de R$ 11.900.000,00, alcançado após a fase de negociação ao final
das rodadas de lances. A empresa foi considerada habilitada e os concorrentes não
interpuseram recurso.
Em 12 de março de 2015, o Chefe de Gabinete da SEDPcD (CPF ***.621.668-**)
homologou o certame. O Contrato nº 009/2015 foi firmado em 18 de março de 2015 entre o
Chefe de Gabinete, representando a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com
Deficiência, e o procurador da empresa CONSTRUTECKMA ENGENHARIA S/A, no
valor total estimado de R$ 11.900.000,00. O prazo de 90 dias foi estipulado para a execução
do objeto, sendo a vigência do contrato definida em 6 meses, prorrogáveis por iguais e
sucessivos períodos até o limite de 60 meses. Os aditamentos realizados ao contrato estão
detalhados em informação específica neste relatório.
Em 06 de abril de 2015, o Coordenador de Tecnologia de Informação da Secretaria (CPF
***.619.168-**) foi designado para desempenhar as funções de acompanhamento e
supervisão do Contrato nº 009/2015 pelo novo Chefe de Gabinete da SEDPcD, CPF
***.970.978-**.
Conforme detalhado em informação específica neste relatório, até o final dos trabalhos de
campo desta fiscalização, o Contrato nº 009/2015 já havia sido objeto de três termos aditivos,
sendo os dois primeiros firmados para possibilitar sua prorrogação, e o último celebrado
para, além de dilatar sua vigência, reduzir em 1,36% seu valor, tendo em vista a aferição de
preços acima das medianas aprovadas pela CAIXA.
Cabe destacar que na planilha aprovada pela CAIXA em relação aos Sistemas Especiais,
além do desconto de R$ 161.658,00, formalizado no 3º Termo Aditivo em função de
apuração de preços superiores às medianas aprovadas, foram ainda excluídos itens referentes
a serviços de “forro de gesso”, “alçapões” e “pinturas”, no valor de R$ 629.046,60. A
exclusão foi comunicada por meio do Relatório de Acompanhamento de Engenharia emitido
em 02 de junho de 2015, “por terem sido objeto de aferição do CT PAC 0424.174-66/2013”,
e dela decorreu o ajuste do valor do investimento com Sistemas Especiais de R$
11.900.000,00, valor global do contrato com a “CONSTRUTECKMA”, para R$
11.109.295,40.
Instada a se pronunciar em relação à celebração do 1º Termo Aditivo, a Procuradora de
Estado, Chefe da Consultoria Jurídica da SEDPcD, CPF ***.579.798-**, emitiu em 17 de
junho de 2015 a Manifestação nº 067/2015, elencando recomendações emanadas por seu
Parecer nº 016/2015, anterior à instauração do certame, que não teriam sido atendidas pelos
gestores. Em sua manifestação, a Procuradora faz, ainda, questionamentos em relação aos
seguintes quantitativos de itens do Termo de Referência do certame, considerados
exorbitantes:
- o item 1.35, referente ao cabeamento estruturado, prevê um ponto de rede para cada 3,8m,
perfazendo total de 1.100 unidades;
- 2.250 unidades de cabos de alimentação previstos no item 2.6, referente à automação
predial;
- 6.750 unidades de cabos de instrumentação previstos nos itens 2.7 e 2.8, também da
automação predial.
A manifestação da Consultoria Jurídica enfatizou, ainda, a necessidade de justificativa para
que obras civis fossem refeitas, constantes dos itens 1.37 (1.38 da proposta vencedora), 2.22,
3.19, 4.17, 5.15 e 6.5 (6.3 da proposta vencedora) do Termo de Referência. Na planilha de
preços constante da proposta apresentada pela “CONSTRUTECKMA” no Pregão nº
001/2015, os itens mencionados representavam 32,34% do montante ofertado de R$
11.900.000,00, sendo assim apresentados:
Quadro - Itens do Termo de Referência questionados na Manifestação nº 067/2015 da Consultoria Jurídica
da SEDPcD:
Item Sistema Descrição R$
Verba para infraestrutura do sistema de cabeamento
estruturado, composta de eletroduto, eletrocalha,
Cabeamento caixas de passagem, conduletes, buchas, arruelas,
1.37 1.167.641,08
Estruturado vergalhões, miscelâneas, etc, além de que toda
intervenção física necessária na civil existente deverá
ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de automação
predial (BMS), composta de eletroduto, eletrocalha,
Automação Predial caixas de passagem, conduletes, buchas, arruelas,
2.22 462.463,12
(BMS) vergalhões, miscelâneas, etc, além de que toda
intervenção física necessária na civil existente deverá
ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de CFTV,
composta de eletroduto, eletrocalha, caixas de
CFTV/IP (Circuito
3.19 passagem, conduletes, buchas, arruelas, vergalhões, 666.219,41
Fechado TV)
miscelâneas, etc, além de que toda intervenção física
necessária na civil existente deverá ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de controle de
acesso, composta de eletroduto, eletrocalha, caixas de
4.17 Controle de Acesso passagem, conduletes, buchas, arruelas, vergalhões, 323.841,28
miscelâneas, etc, além de que toda intervenção física
necessária na civil existente deverá ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de sonorização,
composta de eletroduto, eletrocalha, caixas de
5.15 Sonorização passagem, conduletes, buchas, arruelas, vergalhões, 188.689,75
miscelâneas, etc, além de que toda intervenção física
necessária na civil existente deverá ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de câmeras
esportivas, composta de eletroduto, eletrocalha,
Câmeras caixas de passagem, conduletes, buchas, arruelas,
6.3 1.039.601,93
Esportivas vergalhões, miscelâneas, etc, além de que toda
intervenção física necessária na civil existente deverá
ser refeita
Total: 3.848.456,57
Fonte: CGU, a partir de informações do Termo de Referência autuado no Processo SEDPcD nº 11432/2015.

Por último, a Procuradora recomendou que o gestor comparasse os serviços executados pela
empresa contratada, com os que ela estaria realizando na qualidade de subcontratada pela
Construtora OAS. Por ocasião da segunda prorrogação, a Consultoria Jurídica da SEDPcD
voltou a ser demandada e a Procuradora emitiu em 27 de agosto de 2015 o Parecer nº
106/2015, no sentido da viabilidade jurídica da dilação, condicionada a ajustes formais. O
parecer reiterou ainda, em seu item 13, a necessidade da “autoridade prestar os
esclarecimentos solicitados na manifestação CJ nº 67/2015”.
Na medida em que não foi localizada no processo analisado nenhuma menção às
recomendações reiteradas e aos novos questionamentos emanados pela Procuradora em sua
Manifestação nº 67/2015, em 13 de novembro de 2015 foi encaminhada à SEDPcD a SF nº
201505082-014, solicitando os esclarecimentos pertinentes.
Em 24 de novembro de 2015, por meio do Ofício SEDPcD/CG nº 575/2015, os gestores
comprovaram ter atendido às recomendações formais emanadas pela Consultoria Jurídica e
apresentaram justificativa técnica para os quantitativos dos itens 1.35, 2.6, 2.7 e 2.8 do
Termo de Referência, considerados exorbitantes pela Procuradora em sua Manifestação nº
067/2015.
No que tange aos questionamentos realizados em relação aos serviços de infraestrutura
elencados no quadro acima e à possibilidade de sobreposição na contratação de serviços à
empresa “CONSTRUTECKMA”, que já atuava na obra como subcontratada da “Construtora
OAS”, os gestores responderam:
“...C) Os itens ‘1.37’, ‘2.22’, ‘3.19’, ‘4.17’, ‘5.15’ e ‘6.3’, se referem as adequações da
infraestrutura dos sistemas de dados, telefonia, CFTV, controle de acesso, som, automação
e câmeras esportivas, compostos de eletrodutos, eletrocalhas, caixas de passagem,
conduletes, buchas, arruelas, vergalhões, miscelâneas, etc. Além de que toda intervenção
física necessária na obra civil existente que eventualmente deveria ser refeita.
Quando realizada a licitação para os sistemas de dados, telefonia, CFTV, controle de
acesso, som, automação e câmeras esportivas, a obra já estava avançada, com alvenarias,
instalações, forros e acabamentos já realizados ou em execução avançada; com isso foi
necessário a previsão de reparos nas áreas já executadas para os acessos aos entre forro e
suas intervenções necessárias para execução.
Também foram previstas as adequações das infraestruturas de dados, telefonia, CFTV,
controle de acesso e som ao projeto executivo que seria fornecido pela contratada, como
também a execução das infraestruturas para os sistemas automação e câmeras esportivas
não inclusos ao escopo da construtora, cujo valor totaliza R$ 1.502.065,05 dos R$
3.848.456,57 citados, ou seja, representam 39% dos custos.
D) Estes serviços não foram contratados em duplicidade. O escopo da construtora OAS,
contempla todas as atividades de instalações para o sistema elétrico, sistema hidráulico e
sistema de ar condicionado.
Contratação para os sistemas de dados, telefonia, CFTV, controle de acesso e som, prevê
somente a execução dos dutos, eletrodutos e eletrocalhas secos, ou seja, somente
infraestrutura, conforme descrito na licitação através do MEMORIAL DESCRITIVO DE
PROJETO COM ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DE MATERIAL E SERVIÇO, páginas 366,
368 e 369.
‘Caberá ao proprietário a contratação de empresa especializada para execução da fiação
posteriormente.’ (pag 366).
‘Caberá ao proprietário a contratação de empresa especializada para execução da fiação,
para o fornecimento dos equipamentos e principalmente para o dimensionamento dos
amplificadores de forma a obter-se uma boa distribuição de som. ‘ (pag 366).
‘Caberá ao proprietário a contratação de empresa especializada para execução do sistema.
Sugerimos a contratação antes do termino da obra, pois a tecnologias diferentes poderão
implicar em adequações na tubulação projetada.’ (pag 369).
A contratação posterior foi para a complementação dos sistemas de dados, telefonia, CFTV,
controle de acesso, som, automação e câmeras esportivas, incluindo a infraestrutura para
automação e câmeras esportivas, não previstas inicialmente no escopo da Construtora.
O escopo desta contratação inclui os projetos executivos específicos para todos os sistemas
de dados, telefonia, CFTV, controle de acesso, som, automação e câmeras esportivas,
incluindo os equipamentos, fiação, materiais complementares, projetos de as built e
comissionamento.”
Pela análise do Memorial Descritivo da obra de construção e instalação do Centro
Paraolímpico, verifica-se que cabia à “Construtora OAS” a execução de toda a infraestrutura
civil, incluindo a tubulação seca, eletrodutos, eletrocalhas, tomadas, etc., para os sistemas de
cabeamento estruturado, CFTV/IP (circuito fechado de TV), controle de acesso e
sonorização. Os itens questionados dizem respeito a esses mesmos serviços, incluídos no
Termo de Referência dos Sistemas Especiais, e não à fiação e equipamentos que,
efetivamente, deveriam ser contratados posteriormente.
De fato, não foi localizada no Memorial Descritivo da obra menção a serviços de
infraestrutura para os sistemas de automação predial e câmeras esportivas, referidos nos itens
2.22 e 6.3 do quadro acima, no valor total de R$ 1.502.065,05. No entanto, não restou
evidenciado que parte das eletrocalhas e eletrodutos já instalados para os outros sistemas não
tenham sido utilizados também para esses. Da mesma forma, não pôde ser acolhida a
argumentação relativa aos demais itens, no valor de R$ 2.346.391,52. Agrava a constatação
o fato de que a empresa encarregada de sua execução, a “CONSTRUTECKMA”, já atuava
na obra como subcontratada da “Construtora OAS”, no âmbito da execução do Termo de
Compromisso nº 0424.174-66/2013.
Os mesmos questionamentos foram encaminhados à GIGOV/São Paulo da CAIXA por meio
da SF nº 201505082-015, de 13 de novembro de 2015. Por meio do Ofício nº
096/2015/GIGOVSP, de 27 de novembro de 2015, os responsáveis pela Gerência Executiva
Governo São Paulo/SP, o Coordenador de Filial (CPF ***.840.998-**) e o Gerente de Filial
(CPF ***.949.378-**) informaram:
“1.1 Esclarecemos em relação ao item 1 que a CAIXA não foi informada e desconhece a
documentação elaborada pela Consultoria Jurídica da SEDPcD acerca de riscos
potenciais nas especificações técnicas e custos;
1.1.1 Quanto ao subitem 1.a), a análise pelo método da Curva ABC apontou que apenas
os “1.100 pontos de rede” é item significativo. As quantidades deste serviço foram
verificadas segundo projetos entregues pelo proponente em meio digital – arquivos
DWG. Quanto aos demais serviços citados, não são serviços significativos e não foram
objeto de análise.
1.1.2 Quanto aos subitens 1.b) e 1.c):
1.1.2.1 Conforme Memorial Descritivo de Projeto (pag. 365 à 369), entregue pelo Tomador
junto ao Ofício 567/2013 para análise da proposta objeto do contrato 0424.174-66,
indica-se previsão de tubulação seca para cabeamento estruturado, sistemas de som
ambiente, CFTV e controle de acesso e não há indicação no escopo da inclusão dos
sistemas de câmeras esportivas e de automação predial.
1.1.2.2 A análise inicial elaborada para o TC 0424.176-66 foi executada sobre planilha
orçamentária apresentada pela SEDPcD como base da definição do valor global da
obra. Esta análise, realizada pelo método da curva ABC, não verificou os itens referentes
à instalação de sistemas por não constituírem itens significativos.
1.1.2.3 A verificação do resultado da licitação apresentada para o TC 0424.176-66 (PAC)
foi realizada sobre o preço global da proposta e com verificação do peso dos macro itens
em relação ao valor global do empreendimento apresentado pela SEDPcD.
1.1.2.4 Para acompanhamento da obra, a CAIXA solicitou ao tomador a apresentação de
planilha de eventos por serviço e setor da obra, acompanhados sempre por projetos com
indicação de áreas e serviços atestados na respectiva medição.
1.1.2.5 Os serviços relativos aos itens 2.22 e 6.5 do Termo de Referência do Pregão
Presencial 001/2015 (CT 1.002.273-50) são relativos aos sistemas de câmeras esportivas
e de automação predial e não foram identificados no memorial constante da
documentação apresentada para o TC 0424.174-66.
1.1.2.6 Os serviços relativos aos itens 1.37, 3.19, 4.17 e 5.15 do Termo de Referência do
Pregão Presencial 001/2015 (CT 1.002.273-50) não constavam das cotações
apresentadas pelo Tomador à CAIXA na fase de análise. A planilha licitada foi
divergente daquela originalmente analisada, com indicação de tais itens no orçamento,
no que a CAIXA solicitou esclarecimentos ao Tomador. Em resposta, o Tomador
apresentou ofício das empresas que atenderam à cotação original, informando que os
custos de infraestrutura estavam diluídos nos itens das cotações. A CAIXA solicitou,
frente às justificativas, o detalhamento dos itens e, posteriormente, a exclusão, do escopo
do CT 1.002.273-50, dos serviços de obras civis (recuperação de forro de gesso, pintura),
entendendo que estes já haviam sido executados pelo TC 0424.174-66 e remunerados,
não cabendo ao contrato 1.002.273-50 o ressarcimento de retrabalhos.
1.1.2.7 Identificamos, com base na planilha orçamentária da empresa CONSTRUTECKMA,
o valor total de R$ 849.323,57 para serviços relativos a dutos secos e respectiva
estrutura, não incluídas as recuperações de obras civis.
1.1.2.8 A CAIXA não dispõe de informações quanto a subcontratações realizadas pela
empresa OAS, desta forma a análise foi realizada com base nos documentos
disponibilizados pela SEDPcD.
1.2 Diante ao exposto, a CAIXA solicitará esclarecimentos ao Tomador quanto aos
serviços indicados no item 1.1.2, como condicionante para o próximo desbloqueio de
recursos para o CI 1.002.273-50 (empresa CONSTRUTECKMA) e para o TC 0424.174-
66 (construtora OAS)”.
Não foi encaminhada documentação anexa ao Ofício nº 096/2015/GIGOVSP. As
justificativas em relação ao item referente aos quantitativos de pontos de rede e cabos de
alimentação e instrumentação foram acatadas. No que tange ao risco de duplicidade na
contratação de serviços, no entanto, a manifestação da CAIXA não elide a questão. As
informações disponibilizadas nos itens 1.1.2.1, 1.1.2.2, 1.1.2.3 e 1.1.2.4, reproduzidas acima,
dizem respeito às obras realizadas no âmbito do TC nº 0424.174-66/2013. A ressalva em
relação aos sistemas de câmeras esportivas e automação predial (1.1.2.5) coincide com a
manifestação dos gestores da SEDPcD, mas da mesma forma não restou esclarecido se parte
da infraestrutura dos demais sistema poderia estar sendo aproveitada para esses, razão para
a qual mantém-se o valor questionado no montante de R$ 3.848.456,57.
Em conclusão preliminar acerca dos itens 1.1.2.6 e 1.1.2.7 do ofício transcrito acima, foi
questionado por ocasião da análise, pelos responsáveis da CAIXA, acerca dos itens
constantes do Termo de Referência e da proposta vencedora do Pregão nº 001/2015 para
emissão da aprovação técnica do certame por meio da “Verificação de Resultado de Processo
Licitatório”. De fato, foi informado que os valores correspondentes aos itens questionados
(1.37, 3.19, 4.17 e 5.15), descritos nesses documentos como “Verba para infraestrutura do
sistema” (...) “, composta de eletroduto, eletrocalha, caixas de passagem, conduletes,
buchas, arruelas, vergalhões, miscelâneas, etc, além de que toda intervenção física
necessária na civil existente deverá ser refeita”, foram diluídos posteriormente em planilha
aprovada pela CAIXA, com preços bem superiores aos da proposta apresentada pela
“CONSTRUTECKMA” no certame.
Cientificada acerca do posicionamento expresso por este relatório, por meio do Ofício nº
5915/2016/GAB/CGU-Regional/SP/CGU-PR, de 1º de fevereiro de 2016, a Gerência
Executiva Governo São Paulo da CAIXA/SP, encaminhou a seguinte manifestação por meio
do Ofício nº 27/2016/GIGOVSP, de 19 de fevereiro de 2016:
“...7.1 Reproduzimos abaixo os itens 1.1.2.6 e 1.1.2.7 acima mencionados, os quais constam
do nosso Ofício nº 096/2015/GIGOVSP, encaminhado a V.Sa. em 30/11/2015, com o
objetivo de esclarecer que os responsáveis da CAIXA fizeram a análise da documentação
recebida, porém o Tomador utilizou planilha distinta na licitação, situação que foi detectada
pela CAIXA quando da apresentação do resultado do processo licitatório pela SEDPcD,
conforme transcrição abaixo”.
Após apresentar novamente o conteúdo dos itens 1.1.2.6 e 1.1.2.7 do referido ofício,
transcrito acima, os responsáveis da GIGOV informaram:
“7.2 Ainda, em relação ao item 1.1.2.6, segue histórico dos documentos apresentados pela
SEDPcD e análises decorrentes realizadas pela CAIXA:
7.2.1 Documentação relativa à meta ‘Sistemas Especiais’ apresentada pela SEDPcD anexa
ao ofício CG nº 140/2015 de 20/03/2015 incluindo planilha orçamentária com indicação
das cotações de mercado realizadas pelo Tomador, resultando em emissão pela CAIXA de
Parecer de reprogramação e respectiva análise pelo método da curva ABC com indicação
de valor total para o item de R$12.448.359,90;
7.2.2 Documentação relativa ao resultado do processo licitatório encaminhada pelo Ofício
CG nº 188/2015 protocolado pela SEDPcD na CAIXA em 07/04/2015, contendo planilha
orçamentária da proposta vencedora (CONSTRUTECKMA), incluindo itens (1.37, 2.22,
3.19, 4.17, 5.15 e 6.3) os quais não constavam na planilha enviada junto ao Ofício CG
nº140/2015 da SEDPcD, resultando em pendência para prosseguimento da verificação do
resultado da licitação;
7.2.3 Documentação complementar encaminhada pelo Ofício CG nº276/2015 de 04/05/2015
contendo planilha orçamentária da empresa vencedora da licitação (CONSTRUTECKMA)
com detalhamento dos itens 1.37, 2.22, 3.19, 4.17, 5.15 e 6.3 e Termo de Referência dos
Sistemas Especiais, resultando em emissão pela CAIXA da Verificação do Resultado do
Processo Licitatório e respectiva análise pelo método da curva ABC com indicação de valor
total para o item de R$ 11.109.295,40 (valor inferior à planilha apresentada pela SEDPcD
à CAIXA anteriormente ao envio do resultado da licitação).
7.3 Em relação ao item 1.1.2.7, informamos que o valor dos itens 1.37, 2.22, 3.19, 4.17, 5.15
e 6.3 indicados na planilha vencedora da licitação é de R$3.848.456,57 e após detalhamento
dos itens o valor de R$629.046,60, referente a retrabalho para recuperação de
revestimentos foi excluído do valor de investimento do contrato de repasse 1.002.273-50.
7.3.1 Quanto aos demais serviços indicados nos itens citados, foi solicitada, conforme citado
no Ofício nº 096/2015/GIGOVSP, e estamos aguardando a apresentação por parte da
SEDPcD de ‘as built’ dos sistemas especiais e respectiva documentação complementar
(planilha orçamentária reprogramada)”.
A manifestação encaminhada pelo Ofício nº 27/2016/GIGOVSP, de 19 de fevereiro de 2016,
não traz informações adicionais em relação às apresentadas anteriormente por meio do
Ofício nº 096/2015/GIGOVSP, de 27 de novembro de 2015, com exceção do rol de
documentos analisados pelos responsáveis da CAIXA, do qual faz parte (item 7.2.3) o Termo
de Referência do Pregão Presencial nº 01/2015. Verifica-se que não foi questionada, antes
da aprovação do resultado do certame, a licitação de serviços de infraestrutura dos sistemas
já contratados diretamente à “Construtora OAS”, no âmbito do Termo de Compromisso nº
0424.174-66/2013. Da mesma forma, nenhuma documentação relativa às novas exigências
encaminhadas à SEDPcD foi anexada nessa última comunicação.
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Manifestação da Unidade Examinada

Cientificado das análises preliminares deste relatório por meio do Ofício nº


5916/2016/GAB/CGU-Regional/SP/CGU-PR, de 1º de fevereiro de 2016, o Chefe de
Gabinete da SEDPcD encaminhou em 25 de fevereiro de 2016, por meio do Ofício
SEDPcD/CG nº 38/2016, a seguinte manifestação:
“Os questionamentos da contratação de empresa para fornecimento de equipamentos
especiais para implementação do Centro Paralímpico Brasileiro, por meio do Processo
SEDPcD nº 11432/2015, informo o que segue.
Por ocasião da fase interna do procedimento licitatório para o fornecimento de
equipamentos especiais, a serem implantados no Centro Paraolímpico Brasileiro, foi
elaborado pelo gestor do contrato o documento denominado Termo de Referência, no qual
foram especificados todos os equipamentos necessários para que fossem elaboradas as
cotações de preços junto às empresas consultadas, inclusive no tocante às verbas de
infraestrutura necessárias para todo o sistema.
Ato contínuo, foram solicitados os orçamentos para o fornecimento dos equipamentos junto
às empresas Hersa Comercial, G-TEL, Eletro Rio Montagens e Cimax Engenharia, sendo
que esses orçamentos foram elaborados pelas empresas acima citadas levando-se em
consideração todas as especificações técnicas exigidas no Termo de Referência, incluindo,
no caso em questão, as verbas de infraestrutura.
Contudo, note-se que as referidas empresas apresentaram planilhas de preços nas quais
indicaram o valor referente às verbas de infraestrutura nos demais itens da planilha.
Na ocasião, tal fato foi questionado pela Caixa Econômica Federal, sendo que à época
foram abertos os itens de verba de infraestrutura baseados no índice SINAPI e CPOS, (doc.
8), analisados e aprovados pela Caixa Econômica Federal.
No que tange ao apontamento referente a itens que não constaram do orçamento básico,
cumpre esclarecer que por se tratar de visão global da obra ou serviço, eles seriam
detalhados por ocasião do projeto executivo. Porém considerando que são imprescindíveis
à consecução do objeto há que se considerar que eles, na verdade, são inerentes ao serviço
contratado.
A respeito do questionamento quanto à sobreposição relativa aos serviços de infraestrutura,
esclareço que todos os quantitativos apontados estão sendo analisados pela equipe técnica
da Caixa Econômica Federal.”
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Análise do Controle Interno

A constatação preliminar referia-se ao risco de sobreposição de serviços no montante de até


R$ 3.848.456,57. Considerando-se a exclusão do valor de R$ 629.046,60 pela GIGOV/SP,
o prejuízo potencial é estimado no montante de R$ 3.219.409,97. Em manifestação ao
Relatório Preliminar, os gestores não apresentaram novas informações e limitaram-se a
afirmar que o assunto está sendo analisado pela equipe técnica da CAIXA.
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2.2.3. Prejuízo potencial no valor de R$ 3.219.409,97, decorrente da contratação de


despesas em desacordo com a legislação e com o orçamento básico.
Fato

Analisando-se o orçamento básico dos serviços denominados “Sistemas Especiais”,


verificou-se a divergência entre itens aprovados na análise efetuada pela Caixa Econômica
Federal (conforme autuado nos processos Caixa n°. 1002273-50, fls. s/n, e
SEDPcD/11432/2015, fls. 161 a 168) e os itens apresentados no Termo de Referência do
processo licitatório realizado pela Sedpcd (Pregão Presencial n°. 01/2015, autuado sob o n°.
SEDPcD /11432/2015, fls. 463 a 477).

A diferença consiste na existência de itens discriminados como “verba” no Termo de


Referência que não constavam da planilha orçamentária analisada e aprovada pela equipe
técnica da CAIXA. O custo desses serviços, conforme os preços apresentados na proposta
vencedora do Pregão Presencial n°. 01/2015, foi estabelecido em R$ 3.848.456,57.

Quadro - Itens ausentes da planilha orçamentária aprovada pela CAIXA e que constavam do Termo de
Referência do Pregão Presencial n°. 01/2015.
Item Sistema Descrição R$
Verba para infraestrutura do sistema de cabeamento
estruturado, composta de eletroduto, eletrocalha,
Cabeamento caixas de passagem, conduletes, buchas, arruelas,
1.37 1.167.641,08
Estruturado vergalhões, miscelâneas, etc, além de que toda
intervenção física necessária na civil existente deverá
ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de automação
predial (BMS), composta de eletroduto, eletrocalha,
Automação Predial caixas de passagem, conduletes, buchas, arruelas,
2.22 462.463,12
(BMS) vergalhões, miscelâneas, etc, além de que toda
intervenção física necessária na civil existente deverá
ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de CFTV,
composta de eletroduto, eletrocalha, caixas de
CFTV/IP (Circuito
3.19 passagem, conduletes, buchas, arruelas, vergalhões, 666.219,41
Fechado TV)
miscelâneas, etc, além de que toda intervenção física
necessária na civil existente deverá ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de controle de
acesso, composta de eletroduto, eletrocalha, caixas de
4.17 Controle de Acesso passagem, conduletes, buchas, arruelas, vergalhões, 323.841,28
miscelâneas, etc, além de que toda intervenção física
necessária na civil existente deverá ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de sonorização,
composta de eletroduto, eletrocalha, caixas de
5.15 Sonorização passagem, conduletes, buchas, arruelas, vergalhões, 188.689,75
miscelâneas, etc, além de que toda intervenção física
necessária na civil existente deverá ser refeita
Verba para infraestrutura do sistema de câmeras
esportivas, composta de eletroduto, eletrocalha,
Câmeras caixas de passagem, conduletes, buchas, arruelas,
6.3 1.039.601,93
Esportivas vergalhões, miscelâneas, etc, além de que toda
intervenção física necessária na civil existente deverá
ser refeita
Total: 3.848.456,57
Fonte: Termo de Referência do Processo SEDPcD nº 11432/2015. Valores extraídos da proposta vencedora do
Pregão Presencial n°. 01/2015.
Os itens discriminados, que não constavam do orçamento básico e, portanto, não foram
apreciados pela CAIXA na análise de custos, somam R$ 3.848.456,57, equivalente a 30,9%
do valor do orçamento básico (R$ 12.448.359,90). Se comparados ao valor da proposta
vencedora (R$ 11.900.000,00), correspondem a 32,3%.

Visando dirimir as dúvidas relativas à elaboração do orçamento, solicitou-se ao gestor


estadual, mediante a Solicitação de Fiscalização no. 201505084-016, de 19 de novembro de
2015, que fornecesse cópia digital do orçamento básico e das tabelas de composição
(discriminando-se o quantitativo de cada um dos insumos para cada composição) e
justificasse os casos em que não foram utilizadas composições de custo unitário constantes
do Sinapi. Em resposta, por meio do Ofício SEDPcD/CG nº 583/2015, de 4 de dezembro de
2015, o gestor informou que: “Não foram montadas tabelas de composição de insumos para
cada composição. As Secretarias estaduais de São Paulo, via de regra, trabalham com
levantamento de orçamentos, neste caso, foram levantados 4 no mercado que seguem
anexo”.

Diante do exposto, evidencia-se que a estimativa de custo do empreendimento foi elaborada


em desacordo com o Decreto n°. 7.983/2013, art. 3°: “O custo global de referência de obras
e serviços de engenharia (...) será obtido a partir das composições dos custos unitários
previstas no projeto que integra o edital de licitação, menores ou iguais à mediana de seus
correspondentes nos custos unitários de referência do Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi, excetuados os itens caracterizados como
montagem industrial ou que não possam ser considerados como de construção civil. ”.
Dispõe ainda o art. 16 que: “Para a realização de transferências a Estados, Distrito Federal
e Municípios, os órgãos e entidades da administração pública federal somente poderão
celebrar convênios, contratos de repasse, termos de compromisso ou instrumentos
congêneres que contenham cláusula que obrigue o beneficiário ao cumprimento das normas
deste Decreto nas licitações que realizar para a contratação de obras ou serviços de
engenharia com os recursos transferidos”.

Considerando-se que foram licitadas (conforme Processo SEDPcD/11432/2015, fls. 417 a


511), homologadas (conforme Processo SEDPcD/11432/2015, fls. 898 a 908) e contratadas
(conforme Processo SEDPcD/11432/2015, fls. 930 a 958) despesas orçadas em desacordo
com a legislação e que não constavam da análise orçamentária aprovada pela CAIXA,
aponta-se a ocorrência de prejuízo potencial no valor de R$ 3.848.456,57.

Por meio do Ofício n° 27/2016/GIGOVSP, de 19 de fevereiro de 2016, a CAIXA apresentou


esclarecimentos adicionais sobre a análise de custos do empreendimento:

“7.3 Em relação ao item 1.1.2.7, informamos que o valor dos itens 1.37, 2.22, 3.19, 4.17,
5.15 e 6.3 indicados na planilha vencedora da licitação é R$ 3.848.456,57 e após
detalhamento dos itens o valor de R$ 629.046,60 referente a retrabalho para recuperação
de revestimentos foi excluído do valor de investimento do contrato de repasse 1.002.273-50.

7.3.1 Quanto aos demais serviços indicados nos itens citados, foi solicitada, conforme citado
no Ofício nº 096/2015/GIGOVSP, e estamos aguardando a apresentação por parte da
SEDPcD de “as built” dos sistemas especiais e respectiva documentação complementar
(planilha orçamentária reprogramada).”
Assim, considerando-se a exclusão do valor de R$ 629.046,60, mencionada pela CAIXA, o
prejuízo potencial é estimado em R$ 3.219.409,97.

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Manifestação da Unidade Examinada

O relatório preliminar de fiscalização foi encaminhado para conhecimento e manifestação da


SEDPcD mediante o Ofício n°. 5919/2016/GAB/CGU-Regional/SP/CGU-PR, de 1° de
fevereiro de 2016. Por meio do Ofício SEDPcD/CG nº 38/2016, de 25 de fevereiro de 2016,
a SEDPcD apresentou manifestação ao fato apontado pela fiscalização:
“Os questionamentos da contratação de empresa para fornecimento de equipamentos
especiais para implementação do Centro Paralímpico Brasileiro, por meio do Processo
SEDPcD nº 11432/2015, informo o que segue.
Por ocasião da fase interna do procedimento licitatório para o fornecimento de
equipamentos especiais, a serem implantados no Centro Paraolímpico Brasileiro, foi
elaborado pelo gestor do contrato o documento denominado Termo de Referência, no qual
foram especificados todos os equipamentos necessários para que fossem elaboradas as
cotações de preços junto às empresas consultadas, inclusive no tocante às verbas de
infraestrutura necessárias para todo o sistema.
Ato contínuo, foram solicitados os orçamentos para o fornecimento dos equipamentos junto
às empresas Hersa Comercial, G-TEL, Eletro Rio Montagens e Cimax Engenharia, sendo
que esses orçamentos foram elaborados pelas empresas acima citadas levando-se em
consideração todas as especificações técnicas exigidas no Termo de Referência, incluindo,
no caso em questão, as verbas de infraestrutura.
Contudo, note-se que as referidas empresas apresentaram planilhas de preços nas quais
indicaram o valor referente às verbas de infraestrutura nos demais itens da planilha.
Na ocasião, tal fato foi questionado pela Caixa Econômica Federal, sendo que à época
foram abertos os itens de verba de infraestrutura baseados no índice SINAPI e CPOS, (doc.
8), analisados e aprovados pela Caixa Econômica Federal.
No que tange ao apontamento referente a itens que não constaram do orçamento básico,
cumpre esclarecer que por se tratar de visão global da obra ou serviço, eles seriam
detalhados por ocasião do projeto executivo. Porém considerando que são imprescindíveis
à consecução do objeto há que se considerar que eles, na verdade, são inerentes ao serviço
contratado.
A respeito do questionamento quanto à sobreposição relativa aos serviços de infraestrutura,
esclareço que todos os quantitativos apontados estão sendo analisados pela equipe técnica
da Caixa Econômica Federal.”
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Análise do Controle Interno

A informação prestada pelo gestor não elide a irregularidade apontada, posto não justificar
a discrepância entre a planilha orçamentária submetida à CAIXA e aquela integrante do
Termo de Referência do processo licitatório.
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3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está
adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores federais, conforme
descrito nos itens:

2.2.1. Falhas na Concorrência Internacional nº 001/2014, que respaldou a contratação da


execução das piscinas do Centro Paraolímpico Brasileiro:
− Ausência de realização, pela SEDPcD, de orçamentos prévios com outras empresas do
mercado para a totalidade dos itens contratados;
− Adjudicação do certame por valor superior ao orçamento prévio fornecido pela empresa
contratada; e
− Ausência de competição efetiva, com participação de empresa sem especialização na
prestação dos serviços licitados, com vínculo societário anterior com o representante da
empresa vencedora.

2.2.2. Prejuízo potencial no valor de R$ 3.219.409,97, decorrente de risco de sobreposição


de serviços em contratação respaldada pelo Pregão Presencial nº 001/2015, para execução e
instalação de Sistemas Especiais, por empresa subcontratada pela Construtora OAS no
âmbito do Termo de Compromisso nº 0424.174-66/2013; e

2.2.3. Prejuízo potencial no valor de R$ 3.219.409,97, decorrente da contratação de


despesas em desacordo com a legislação e com o orçamento básico, que se refere às mesmas
despesas apontadas no item 2.2.2.

Do montante fiscalizado de R$ 14.563.761,91, foi identificado prejuízo potencial de R$


3.219.409,97, referente aos itens 2.2.2 e 2.2.3.

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Chefe da Controladoria Regional da União no Estado de São Paulo

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