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UNIVERSIDADE EDUARDO

MONDLANE FACULDADE DE

ENGENHARIA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELECTRICA


Projecto do curso

TÍTULO:
Dimensionamento e análise da viabilidade económica de um Sistema fotovoltaico
conectado à rede para um condominio residencial-Maputo

Autor:
Vinho, Lavumó Augusto

Supervisor:

Maputo, Novembro de 2019


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELECTRICA

Projecto do curso

TÍTULO:
Dimensionamento e análise da viabilidade económica de um Sistema fotovoltaico conectado à
rede para um condomínio residencial-Maputo

Autor:
Vinho, Lavumó Augusto

Supervisor:

Maputo, Novembro de 2019


DEDICATORIA
AGRADECIMENTO
RESUMO
INDICE
INDICE DE FIGURAS
INDICE DE TABELAS
LISTA DE SIMBOLOS
LISTA DE ABREVIATURAS
1. INTRODUÇÃO
Moçambique possui vastos recursos de energia de fontes renováveis, tais como, solar, eólica
e biomassa. Mas encontra-se pouco desenvolvido em relação ao mundo, na mobilização destes
recursos para produção de energia eléctrica. Há muitas razões, como pobreza, falta de
financiamento, falta de conhecimento, entre outros. Mas a falta de iniciativas políticas e
investimentos são as principais. Mas, todavia, para este projecto, interessa-me apenas os recursos de
energia de fonte solar.

A geração solar fotovoltaica, possibilita as unidades consumidoras a se tornarem unidades de


produção eléctrica em potencial, capaz de suprir parcial ou totalmente a sua própria demanda,
evitando desta forma as crescentes taxas de energia eléctrica. Os sistemas fotovoltaicos são
divididos em sistemas fotovoltaicos isolados e sistemas fotovoltaicos conectado à rede, sendo o
último o principal foco neste projecto. Neste Sistema (conectado à rede) o excedente de energia
produzido diariamente é injectado na rede eléctrica mais próxima do consumidor, que por sua vez
será redireccionada para o consumidor em momentos que o Sistema é incapaz de produzir energia,
ou que não produzirá o suficiente para suprir a demanda na sua totalidade. Para tal, será necessário o
emprego de um contador bidirecional ou dois contadores simples que desempenharão a função de
quantificar a energia injectada na rede e a que a unidade consumidora requisitará nos momentos de

défice1.

De salientar que, neste projecto far-se-á o dimensionamento do Sistema fotovoltaico e a sua


respectiva análise da viabilidade económica.

1.1 Objectivos:

1.1.1 Objectivo geral:

O presente trabalho tem como objectivo principal, efectuar o dimensionamento e análise de um


Sistema fotovoltaico para alimentar um condomínio residencial localizado na cidade de Maputo de

modo que se tenha um balanço energético2.

1
O défice de um Sistema de geração de energia eléctrica ocorre quando a demanda é maior que a oferta do
Sistema.
2
Com Balanço energético refere-se a igualdade da eneria produzida e consumida num mesmo periodo de
tempo.
1.1.2 Objectivos específicos:

 Apresentar a revisão da bibliografia s o b r e o s sistemas solares fotovoltaicos autónomos


(isolados);
 Efectuar o levantamento da carga instalada na residência em estudo;
 Dimensionar do Sistema fotovoltaico para a carga instalada;
 Apresentar o mapa orçamental do projecto.

1.2 Problematização

A falta de energia eléctrica publica na localidade de Vundissa, distrito de Moamba, para alem de
tornado a vida da população daquele povoado mais cara e desconfortante também limita o seu
desenvolvimento, pois estes não conseguem congelar seus alimentos, são mais sujeitos a assaltos e
desinformação.

1.3 Justificativa

A energia a nível mundial, provém maioritariamente de fontes não renováveis, tais como o
petróleo e o carvão mineral. Por estas serem energias não limpas, várias discussões têm sido
levantadas, como por exemplo a poluição do ambiente pelo efeito estufa e o facto de serem finitas
coloca em choque o futuro energético mundial, sendo assim a preocupação de buscar investir em
fontes renováveis e limpas.

Portanto, nesse contexto, a principal razão da escolha desse é pela falta de energia eléctrica da
rede pública na localidade associado ao facto de ser uma fonte de energia limpa e renovável.

Do ponto de vista técnico, a manutenção de sistema fotovoltaico é reduzida, sendo necessária


somente a limpeza periódica dos módulos e conexões, não causa um grande impacto nas construções
nas quais são instaladas e ainda é passível o armazenamento de energia eléctrica em bancos de
baterias, para consumo noturno e emergencial, como por exemplo dias nublados.
1.4 Revisão bibliográfica

Sistemas fotovoltaicos são sistemas de geração de energia que utilizam o sol como fonte
primária de energia. É um sistema de geração descentralizada pelo facto de que diferentemente das
grandes usinas geradoras onde se geram enormes quantidades de energia numa região normalmente
distante dos grandes centros consumidores, esses sistemas normalmente têm suas unidades de
consumo próximas à sua área.

1.4.1 Sistemas fotovoltaicos conectados à rede

Um sistema fotovoltaico isolado, como mostra a figura 1, é aquele que não tem contato com a
rede de distribuição de eletricidade das concessionárias. Os sistemas isolados podem ser
classificados em Híbridos ou Puros. Os sistemas isolados podem ser com, ou sem armazenamento
elétrico. Um sistema fotovoltaico híbrido trabalha em conjunto com outro sistema de geração
elétrica, que pode ser um aerogerador (no caso de um sistema híbrido solar-eólico), um moto-
gerador a combustível líquido (ex.: diesel), ou qualquer outro sistema de geração elétrica.

Figura 1: Representação de um Sistema fotovoltaico autónomo


Fonte: www.neosolar.com.br

A radiação proveniente do Sol incide nos módulos solares, onde dá início ao efeito fotovoltaico e
ocorre a geração da energia. Em seguida, a tensão, produzida em corrente contínua, chega ao
inversor, onde este faz a conversão CC-CA e enviará a energia para circuito residencial/comercial
ou à rede elétrica.

O inversor, além de realizar a conversão CC-CA, tem como função também, controlar a corrente
a ser injetada na rede, de modo que tenha o formato senoidal e esteja sincronizada com a frequência
da rede, além de atender os requisitos de operação impostos pela concessionária de energia.

Caso o prédio em questão utilize toda a energia produzida pelo sistema gerador, não haverá
excedente para ser injetado na rede. Caso contrário, a energia passará por um relógio bidirecional,
localizado no padrão de entrada, que irá realizar a medição e o balanço da quantidade de energia que
está sendo enviada para a rede.

1.4.2 Inclinação e orientação dos módulos solares

Segundo (VILLALVA; GAZOLI, 2012), há duas orientações básicas que devem ser seguidas
para a correcta instalação de um módulo solar:

1. Sempre que possível, orientar o módulo com sua face voltada para o norte geográfico, o
que maximiza a produção média diária de energia;
2. Ajustar o ângulo de inclinação correcto do módulo com relação ao solo para optimizar a
produção de energia ao longo do ano. Para isso, deve-se levar em conta a latitude geográfica
da localidade onde o sistema é instalado.

Explanando as orientações anteriormente ditas, a trajetória do Sol na abóboda celeste ocorre


sobre a linha do equador terrestre, com variações conforme as estações do ano.

Para quem encontra-se no hemisfério sul, essa trajetória é visualizada sempre ao norte. Por esse
motivo, é imprescindível a orientação do módulo solar a essa direção. A figura 2 ilustra esse facto.
Figura 2: Movimento aparente do Sol observado a partir do hemisfério norte (esquerda) e sul
(direita)
Fonte:

Com relação à orientação número 2, o planeta Terra possui uma leve inclinação em seu eixo de
23,5˚C, e adicionado ao facto de que a superfície do planeta é curva, temos como resultado a
incidência não uniforme dos raios solares ao longo de sua superfície. Para compensar esse facto, é
necessário encontrar um ângulo de inclinação de tal forma a captação dos raios solares seja
optimizada. Um ângulo com inclinação não ideal implicaria no não total aproveitamento do recurso
solar. O ângulo em questão depende da latitude em que se encontra o local de instalação do sistema
fotovoltaico. Latitudes maiores implicam em ângulos de inclinação maiores.

1.4.3 Estimativa de perdas

A capacidade que um gerador fotovoltaico tem de alimentar as diversas cargas, está sujeita a
algumas perdas inerentes ao Sistema. De entre as quais, aquelas que têm maior expressão são as que
se referem às perdas nas cablagens e as perdas no inversor e regulador de carga. Portanto, pela
inferência padrão, tem-se como rendimento total de 83%, distribuída em:

 Perdas nas cablagens


 Perdas no inversor e regulador de carga

Alem destas perdas existem outros factores que interferem no cálculo do dimensionamento do
Sistema fotovoltaico, visto que a radiação solar insidente varia ao longo do ano, é necessário
identificar o valor da intensidade da radiação solar insidente
(mês mais desfavorável ou média dos últimos 12 ou mais meses) para a qual o Sistema FV deve
ser dimensionado.

2.1 RECURSO SOLAR

O sol é a principal fonte de energia para terra. Alem de ser responsável pela manutenção da vida
no planeta, a radiação solar constitui-se numa inesgotável fonte de energética, havendo um enorme
potencial de sua utilização por meio de sistemas de captação e conversão em outra forma de energia,
como por exemplo a térmica e eléctrica.

2.1.1 As principais características do sol

Figura 4: As principais caracteristicas do sol


Fonte: CRESESB (2014, p.69)

Anualmente o planeta Terra recebe 1,5 x 1018 kWh de energia solar, valor 10.000 vezes maior
que o consumo mundial de energia neste período. Este fato indica que, além de ser responsável pela
manutenção da vida na Terra, a radiação solar representa uma inesgotável fonte energética,
possuindo assim um enorme potencial de utilização por meio de sistemas de captação e conversão
em outras formas de energia (térmica, elétrica, etc). Uma das possíveis formas de conversão da
energia solar é conseguida através do efeito fotovoltaico
que ocorre em dispositivos conhecidos como células fotovoltaicas PRADO, JÚNIOR (2004) apud
TIRAPELLE, G. A. H (2013)

2.2 RADIAÇÃO SOLAR

Radiação solar é a designação dada à energia radiante emitida pelo Sol, em particular aquela que
é transmitida sob a forma de radiação eletromagnética. A translação da terra é o movimento elíptico
que a terra realiza ao redor do sol. Esse movimento, juntamente com a inclinação do eixo de rotação
da Terra, é responsável pelas estações do ano.

A Terra recebe 174 Petawatts de radiação solar na zona superior da atmosfera. Dessa radiação,
cerca de 30% é refletida para o espaço, enquanto o restante é absorvido pelas nuvens, marés e
massas terrestres. O espectro da luz solar na superfície da Terra é mais difundida em toda a gama
visível e infravermelho e uma pequena gama de radiação ultravioleta (SANCHEZ, 2010) apud
TIRAPELLE, G. A. H (2013).

2.2.1 Efeito Fotovoltaico

O efeito fotovoltaico é o fenômeno físico que permite a conversão directa da luz em


electricidade. Esse fenômeno ocorre quando a luz, ou a radiação electromagnética do Sol, incide
sobre uma célula composta de materiais semicondutores, que se caracterizam pela presença de
bandas de energia onde é permitida a presença de eléctrons (banda de valência) e de outra
totalmente vazia (banda de condução).
A separação entre as duas bandas de energia permitidas dos materiais semicondutores é
denominada banda proibida (bandgap, ou gap) e pode atingir até 3 eV, diferenciando estes materiais
dos materiais considerados isolantes, onde a banda proibida supera este valor, como é mostrado na
figura 5. PINHO; GALDINO (2014) apud Camargo, L. T (2017).
Figura 18 – Estrutura das bandas de energia em (a) condutores, (b) semicondutores e (c) isolantes.

O semicondutor mais usado é o silício. Seus átomos se caracterizam por possuírem quatro
elétrons que se ligam aos vizinhos, formando uma rede cristalina. Se o material for dopado com
elementos como o fósforo, que possui 5 elétrons de ligação, haverá um elétron em excesso que não
poderá ser emparelhado e que ficará ligado fracamente a seu átomo de origem. Isto faz com que,
com pouca energia térmica, este elétron seja livre, indo para a banda de condução. Diz-se assim, que
o fósforo é um dopante doador de elétrons e denomina-se dopante tipo n. Porém, caso o material
seja dopado com elementos que possuem apenas três elétrons de ligação, como o boro, haverá falta
de um elétron para satisfazer as ligações com os átomos de silício da rede. Esta falta de elétron é
denominada lacuna. Com pouca energia térmica, um elétron de uma região vizinha pode passar a
ocupar esta posição, fazendo com que a lacuna se desloque. Diz-se, portanto, que o boro é um
dopante tipo p.

Se, partindo de um silício puro, forem introduzidos átomos de boro em uma metade e de fósforo
na outra, será formado o que se chama junção pn. O que ocorre nesta junção é que elétrons livres do
lado n passam ao lado p onde encontram os buracos que os capturam. Isto faz com que haja um
acúmulo de elétrons no lado p, tornando-o negativamente carregado e uma redução de elétrons do
lado n, que o torna electricamente positivo. Estas cargas aprisionadas dão origem a um campo
eléctrico que dificulta a passagem de mais elétrons do lado n para o lado p. Este processo alcança
um equilíbrio quando o campo eléctrico forma uma barreira capaz de barrar os elétrons livres
remanescentes no lado n.

Se uma junção pn for exposta a fótons com energia maior que o gap, ocorrerá a geração de pares
elétron-lacuna. Quando isso ocorre na região onde o campo elétrico é diferente de zero, as cargas se
deslocam, gerando assim, uma diferença de potencial nas extremidades
do semicondutor. Se estas extremidades forem conectadas entre si, haverá circulação de elétrons,
caracterizando uma corrente elétrica. Esta é a base do funcionamento das células fotovoltaicas, que é
mostrado na figura abaixo.

Figura 6 – Representação do efeito fotovoltaico

2.3 Módulo Solar Fotovoltaico

Em qualquer instalação solar fotovoltaica o módulo é a célula básica do sistema gerador. A


quantidade de módulos conectados em série irá determinar a tensão de operação do sistema em CC.
A corrente do gerador solar é definida pela conexão em paralelo de painéis individuais ou de strings
(ou fileira - conjunto de módulos conectados em série). A potência instalada, normalmente
especificada em CC, é dada pela soma da potência nominal dos módulos individuais.

Sua unidade característica é o Watt-pico, que é a potência gerada pelo painel quando submetido
as condições padronizadas de teste STC (Standard Test Conditions). A STC considera temperatura

da célula de 25oC, espectro de massa de ar 1, 5, irradiação solar padronizada de 1000W/m2.


2.3.1 Tecnologias de células fotovoltaicas

As células fotovoltaicas são os elementos responsáveis pela conversão direta da luz solar em
eletricidade. É neles que ocorre o efeito fotovoltaico. As primeiras células produzidas possuíam
baixo rendimento, em torno de 2%. Atualmente já se pode encontrar células com rendimento
próximo a 20% dependendo do material utilizado, como por exemplo o arseneto de gálio, e com
custo médio tendendo a diminuir cada vez mais. Podendo ser fabricadas usando-se diversos tipos de
materiais semicondutores. As mais utilizadas são as de silício, que podem ser constituídas e
classificadas de acordo com a sua estrutura molecular, que são os monocristalinos, policristalinos e
silício amorfo.
Dentre as diferentes tecnologias de módulos fotovoltaicos, as principais são: disseleneto de
cobre e índio (CIS), disseleneto de cobre, gálio e índio (CIGS), telureto de cádmio, silício amorfo
hidrogenado, silício monocristalino e silício policristalino. Na figura 5 encontram-se a distribuição
da produção total em MWp e a participação das tecnologias utilizadas no mundo em 2010. Nesse
gráfico o silício standard representa as tecnologias de silício (mono e policristalinos), o super
monocristalino é uma tecnologia que está despontando, e se compõe por módulo monocristalino
com contacto no lado posterior, back contact.
É importante analisar a finalidade e o meio em que o sistema fotovoltaico será instalado para se
determinar o tipo de módulo fotovoltaico mais adequado.

Figura 7: Produção mundial de células fotovoltaicas por tecnologia.


Fonte: MEHTA, 2011.
3.3.1.1 Silício Cristalino

Por ser um material robusto, confiável e eficiente, o silício cristalino é a tecnologia fotovoltaica
mais tradicional e mais produzida comercialmente. No entanto, o custo de produção destes módulos
solares é bastante elevado e as possibilidades de reduzi-los já foram praticamente esgotadas. Razão
pela qual, essa tecnologia é considerada inviável quando comparada com outras formas de geração
de energia em larga escala. Os silícios utilizados na produção das células podem ser de dois tipos,
monocristalino (m-Si) ou policristalino (p-Si).

O silício monocristalino é obtido a partir de um banho de silício fundido de alta pureza (na
ordem de 99,99%) em reatores sob atmosfera controlada e com velocidades de crescimento do
cristal extremamente lentas e temperaturas na ordem de 1400˚C. O consumo de energia neste
processo é extremamente intenso e o chamado energy pay-back time (tempo necessário para que o
módulo gere energia equivalente à utilizada em sua fabricação) é superior a dois anos, dependendo
dos níveis de radiação solar do local onde os módulos forem instalados. RÜTHER, (2004) apud
CAMARGO, L.T (2017).

Figura 8: Célula de silício monocristalino.

Fonte: CAMARGO, L.T (2017).

O silício policristalino, por sua vez, apresenta menor eficiência de conversão, porém com um
custo mais baixo de produção, já que a pureza é menor se comparado m-Si e o
processamento mais simples. O material de partida é o mesmo que para o m-Si, que é fundido e
posteriormente solidificado direcionalmente, o que resulta em um bloco com grande quantidade de
grãos ou cristais, no contorno dos quais se concentram os defeitos que tornam este material menos
eficiente. RÜTHER, (2004) apud CAMARGO, L.T (2017).

Mesmo com um eficiência menor, a tecnologia p-Si tem visto sua participação crescer no
mercado fotovoltaico e cada vez mais inovações são criadas para facilitar e diversificar seu uso,
como por exemplo as fitas ou tiras fotovoltaicas, produzidas com tecnologia p-Si a partir de um
banho líquido de silício sem a necessidade de seu fatiamento em lâminas. RÜTHER, (2004) apud
CAMARGO, L.T (2017).

Figura 9: Célula de silício policristalino.

Fonte: MIETCHEN, 2007.

2.3.2 Curvas Características dos Módulos Fotovoltaicos

Módulos fotovoltaicos não se comportam como uma fonte elétrica convencional, pois não
apresentam uma tensão de saída constante em seus terminais. A tensão elétrica depende de sua
corrente e vice-versa.
O ponto de operação de um módulo fotovoltaico depende do que está conectado aos seus
terminais. Se conectarmos um aparelho que demanda muita corrente, a tensão de saída do módulo
tenderá a cair. Por outro lado, se conectarmos uma carga que demanda pouca corrente, a tensão do
módulo será mais elevada, tendendo à tensão de circuito aberto (tensão máxima do módulo).
A figura 10 a seguir mostra a relação entra a tensão e a corrente de saída de um módulo (curva I-
V), bem como a variação da potência em função da tensão do módulo (curva P-V) em um módulo
de silício cristalino.

Figura 11: Curvas I-V e P-V de uma célula fotovoltaica de silício cristalino
Fonte: (PINHO; GALDINO, 2014)

Cinco pontos de destacam na figura anterior:


 Isc: a corrente de curto circuito;
 Voc: a tensão de circuito aberto, que é aquela medida quando não existe nada conectada ao
módulo. É a máxima tensão que o módulo pode fornecer;
 PMP: ponto de máxima potência. É o valor na qual o módulo fornece a potência máxima e
onde o módulo deve operar;
 Imp: valor da corrente quando o módulo está operando em seu ponto de máxima potência;
 Vmp: tensão de operação quando o módulo se encontra em seu ponto de máxima potência.

Dispositivos fotovoltaicos podem ser associados em série e/ou paralelo, de forma a obter
corrente e tensão desejados. Na conexão em série, o terminal positivo de um dispositivo é conectado
ao terminal negativo do outro dispositivo, e assim, por diante. Para dispositivos idênticos e
submetidos à mesma irradiância, quando a ligação é em série, as tensões são
somadas e a corrente eléctrica não é afectada. Na associação em paralelo, os terminais positivos são
interligados entre si, assim como os terminais negativos. As correntes eléctricas são somadas, e a
tensão permanece inalterada.
A figura 12 a seguir mostra o comportamento das curvas I-V de duas células fotovoltaicas de
silício cristalino para essas conexões.

Figura 13: Curvas I-V de duas células fotovoltaicas de silício cristalino quando conectadas (a)
em série e (b) em paralelo;
Fonte: CRESESB (2014)

Quando os módulos são conectados em série e depois em paralelo, tem-se a soma, tanto da
tensão de saída quanto da corrente fornecida, resultando em uma maior potência. Fatores naturais
também interferem no funcionamento dos módulos, como a radiação solar e a temperatura.
2.4 Parâmetros externos que afectam as características elétricas

A corrente eléctrica que o módulo fotovoltaico pode fornecer depende directamente da

intensidade da radiação solar que incide sobre suas células. Com uma irradiância solar de 1kW/m2,
o módulo é capaz de fornecer a corrente máxima especificada em seu catálogo (na temperatura de

25oC).

2.4.1 Influencia da irradiância solar

A figura 14 mostra como a irradiância solar incidente afecta a curva I-V de uma célula FV de

silício, mantida a temperatura de 25oC. a corrente eléctrica gerada por uma corrente FV aumenta
linearmente com o aumento da Irradiância solar incidente, enquanto que a tensão do circuito aberto
(VOC) aumenta de forma logarítmica (pela equação 1), se mantida a mesma temperatura.
G
I Sc =I Sc ×
STC
1000

Onde:
ISC(A)-Corrente de curto-circuito do modulo, para a irradiância G e temperatura de 25oC;
ISCstc(A)- Corrente de curto-circuito do modulo nas condições padrões;

G(W/m2)-irradiância solar incidente sobre o modulo;

1000(W/m2)-Irradiância nas condições padrões.

Figura 14: Influência da radiância solar na curva I-V de uma célula fotovoltaica de silício
cristalino na temperatura de 25oC
Fonte: CRESESB, 2014
2.4.2 Influencia da temperatura

A incidência de radiação solar e a variação da temperatura ambiente implicam em uma variação


de temperatura nas células que compõem os módulos. A Figura 4.4 mostra curvas I-V para diversas
temperaturas de célula, deixando evidente que há uma queda de tensão importante com o aumento
da temperatura da célula. A corrente sofre uma elevação muito pequena que não compensa a perda
causada pela diminuição da tensão. Para representar o efeito da temperatura nas características dos
módulos utilizam-se os coeficientes de temperatura definidos na sequência.

Figura 15: Influência da temperatura na curva I-V de uma célula fotovoltaica de silício cristalino
para irradiância de 1000W/m2
Fonte: CRESESB, 2014

3.5 Temperatura nominal de operação

Uma vez que as condições-padrão de ensaio (STC) não representam, na maioria dos casos,
condições operacionais reais, as normas definem uma temperatura nominal para a operação das
células nos módulos, na qual as características elétricas podem se aproximar mais das características
efetivas verificadas em campo. Cada módulo tem uma temperatura nominal para suas células, que é
obtida quando o módulo é exposto em circuito aberto a uma irradiância de 800 W/m2 em um
ambiente com temperatura do ar a 20°C e sofrendo ação de vento incidindo com velocidade de 1
m/s. Esta temperatura também é muitas vezes encontrada nas folhas de dados técnicos dos módulos,
normalmente identificada pela sigla

NOCT (Nominal Operating Cell Temperature) e geralmente este entre 40 e 50°C.


A partir da NOCT informada pelo fabricante, pode-se calcular, com auxílio abaixo, o coeficiente Kt
do modulo:
NOCT −20
Kt=
0.8

Onde:
Kt(°C/W.m-2) coeficiente térmico para o módulo;
NOCT(°C) Nominal Operating Cell Temperature do módulo;
20(°C) temperatura ambiente definida para medida da NOCT; 800
(W/m2) irradiância definida para a medida da NOCT;

3.6 Sistemas fotovoltaicos

Um sistema fotovoltaico é uma fonte de potência eléctrica, na qual as células fotovoltaicas


transformam a Radiação Solar directamente em energia eléctrica.

Os sistemas fotovoltaicos podem ser implantados em qualquer localidade que tenha radiação
solar suficiente. Sistemas fotovoltaicos não uilizam combusíveis, não possuem partes móveis, e por
serem disposiivos de estado sólido, requerem menor manutenção. Durante o seu funcionamento não
produzem ruído acústico ou eletromagnético, e muito menos emitir gases tóxicos ou outro tipo de
poluição ambiental.

A confiabilidade dos sistemas fotovoltaicos é tão alta, que são utilizados em locais inóspitos
como: espaço, desertos, selvas, regiões remotas, etc.

3.6.1 Classiicação dos sistemas fotovoltaicos

Os Sistemas Fotovoltaicos (SFV) podem ser classificados em duas categorias principais:


isolados e conectados à rede. Em ambos os casos, podem operar a partir apenas da fonte fotovoltaica
ou combinados com uma ou mais fontes de energia, quando são chamados de híbridos. A utilização
de cada uma dessas opções depende da aplicação e/ou da disponibilidade dos recursos energéticos.
3.6.1.1 Sistemas isolados (SFI)

Sistemas isolados (SFI), puramente fotovoltaicos ou híbridos (SFH), em geral, necessitam de


algum tipo de armazenamento. O armazenamento pode ser em baterias, quando se deseja utilizar
aparelhos eléctricos nos períodos em que não há geração fotovoltaica, ou em outras formas de
armazenamento de energia. A bateria também funciona como uma referência de tensão c.c. para os
inversores formadores da rede do sistema isolado.

Os sistemas isolados de geração de energia contam também com uma unidade responsável pelo
controle e condicionamento de potência composta por inversor e controlador de carga.

É geralmente instalado em regiões onde a rede de distribuição de energia não consegue atender o
consumidor, normalmente em zonas rurais que têm na energia fotovoltaica sua única fonte de
electricidade. Tais sistemas podem ser de geração apenas para uma residência ou pode ser instalado
em mini-redes para atender uma pequena comunidade.

“Esse é o tipo de sistema altamente competitivo, economicamente,


com formas mais convencionais de geração. Sistemas isolados são
normalmente utilizados quando o custo de estender a rede elétrica
pública for proibitivo, devido à distância ou ao difícil acesso,
juntamente à baixa demanda da comunidade a ser atendida”.
RÜTHER, (2009) apud TIRAPELLE, G.A.H (2013)

3.6.1.2 Sistemas Conectados à Rede

Os Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede (SFCR) dispensam o uso de acumuladores, pois a


energia por eles produzida pode ser consumida directamente pela carga, ou injetada directamente na
rede eléctrica convencional, para ser consumida pelas unidades consumidoras conectadas ao sistema
de distribuição. Estes sistemas são basicamente de um único tipo e são aqueles em que o gerador
fotovoltaico representa uma fonte complementar ao sistema eléctrico ao qual está conectado.
CRESESB, (2014)
"(...) atuam como usinas geradoras de energia elétrica em paralelo às
grandes centrais geradoras. Podem ser integrados à edificação
sobrepondo ou substituindo elementos de revestimento – e, portanto,
próximos ao ponto de consumo, ou do tipo central FV [Usinas
Solares], sendo esta tipicamente distante do ponto de consumo."
URBANETZ, (2010) apud TIRAPELLE, G.A.H (2013)
Os SFCRs podem ser de dois tipos, os de grande porte (centrais ou usinas fotovoltaicas) ou de
pequeno porte (descentralizada e instalada em edificações urbanas).

3.7 Proteção

3.7.1 Caixa de Junção Geral

Na caixa de junção geral do gerador são ligadas as fileiras individuais entre si, além desses cabos
são ligados ainda o cabo principal CC e, caso necessário, o condutor de 12 ligação equipotencial. A
caixa de junção geral do gerador contém terminais, dispositivos de interrupção e, se necessário,
fusíveis de fileira e diodos de bloqueio das fileiras. Frequentemente é também instalado um
descarregador de sobretensões para desviar as sobretensões para a terra. Esta é a principal razão pela
qual a ligação equipotencial ou o condutor de terra são ligados à caixa de junção geral. Por vezes,
também é alojado o interruptor principal DC. Esta caixa deve ser de proteção classe II, e ter os
terminais positivo e negativo claramente separados no interior da caixa. No caso de ser instalada no
exterior, deverá estar protegida, no mínimo, com proteção IP 54.

3.7.1.1 Diodo de Bloqueio

Uma outra preocupação existente, é a possibilidade do surgimento de uma corrente negativa


fluindo pelas células, ou seja, ao invés de gerar corrente, o módulo passa a receber mais do que está
produzindo. Essa corrente negativa pode causar queda na eficiência das células e, em casos mais
complicados, a célula pode ser desconectada do arranjo causando assim a perda total do fluxo de
energia do módulo. Para evitar esses transtornos, usa-se um diodo de bloqueio impedindo assim
correntes reversas que podem ocorrer caso liguem o módulo diretamente em um acumulador ou uma
bateria.
3.7.1.2 Díodos de Bypass

Quando uma célula fotovoltaica dentro de um módulo estiver sombreada, a potência de saída do
módulo cairá drasticamente que, por estar ligada em série, comprometerá todo o funcionamento das
demais células no módulo. Para que toda a corrente de um modulo não seja limitada por uma célula
sombreada, usa-se um díodo de passo ou de "bypass". Este díodo serve como um caminho
alternativo para a corrente e limita a dissipação de calor na célula defeituosa. Geralmente o uso do
díodo bypass é feito em grupamentos de células, tornando muito mais barato comparado ao custo de
se conectar um díodo em cada célula.
As células mais modernas já são equipadas com díodos de bypass, tendo em vista que são de
extrema importância para uma correta operação do SF.

3.7.1.3 Disjuntores

São dispositivos que atuam na proteção contra sobrecorrentes. Quando ocorre um curto-circuito
ou sobrecarga, eles atuam, automaticamente, isolando o circuito. A grande diferença entre um
fusível e um disjuntor é que, após serem acionados, apenas o disjuntor pode ser rearmado, já o
fusível deve ser trocado.

3.8 Informações básicas para o dimensionamento de um Sistema Fotovoltaico autónomo

A primeira tarefa consiste em identificar o número, a potência e o tempo de funcionamento do


conjunto de equipamento que é necessário alimentar. Conforme ilustra a tabela abaixo.

Ite Potência N°de Consumo de


Quantidade Descrição
m prevista (W) horas/dia energia(W/h)
Divisões principais (Segundo
1 10 2930.42 8 23443.36
RSIUEE) Área*25 VA
2 01 Máquina de lavar 450.00 3 1350
Aparelhos de ar condicionados
3 06 5400.00 10 54000
de 7000 BTU/h cada
4 01 Fogão eléctrico 2400.00 10 24000
5 01 Eletrobomba 750.00 6 4500
6 01 Geleira 260 12 3120
7 01 Ferro eléctrico 1000 3 3000
8 01 Cafeteira eléctrica 725 3 2175
9 01 Batedeira 100 2 200
10 01 Forno Microondas 1320 1 1320
11 01 Televisão 300 12 3600
12 01 Conjunto de Som 95 8 760
12 01 Congelador 450 12 5400
TOTAL: 15355.42 90 126868.36
A quantidade total de energia que é necessária prever para garantir a alimentação diária de todos
os equipamentos, corresponde ao somatório das energias parciais consumidas pelos diversos
equipamentos utilizados. Portanto, para a determinação da quantidade de total de energia na tabela
acima utilizou-se a equação abaixo.
n
E D= ∑ P i × t i
i=1

O
n
d
e
:
ED - representa a energia total consumida por dia;
Pi – representa a potência (W) de um determinado equipamento;

ti – corresponde ao seu intervalo de funcionamento.

Radiação solar incidente em Maputo

A tabela a seguir apresenta (para um plano horizontal), os valores médios mensais referentes a
radiação solar incidente (G) e temperatura média do ar (Ta) para a cidade de Maputo.

Tabela: Radiação solar. Temperatura média do ar para Maputo


Fonte: PVSyst

Estimativa da radiação solar incidente para uma superfície com inlinação óptima

Para efectuar cálculo da radiação solar em superficies inclinadas, a partir dos valores registados
para superficies horizontais. A inclinação da superfície óptima (βopt), é habitualmente tomada como
sendo igual a latitude do lugar (ϕ).
O painel deve ser instalado na direcção do Norte geográfico, para localidades que estão no
hemisfério sul do nosso planeta.

Determinação da potência do gerador FV

O gerador FV deverá ter uma potência PFV que deverá garantir a satisfação das necessidades de
consumo diário de energia que constam na Tabela 4.1. Por outro lado, o dimensionamento deverá
ser efectuado de modo a considerar o mês mais desfavorável (menor número de horas de sol

equivalentes à radiação padrão de 1000 W/m2). Neste sentido, a potência do gerador FV calcula-se
de acordo com a seguinte equação:
𝐸𝐷
𝑃𝐹𝑉 = 3.9
ƞ𝑡𝑜𝑡 × 𝐼(𝛽)
𝑎𝑙
Onde:
Ƞreg+inv - o Rendimento do regulador mais do inversor
ED - é a energia total consumida por dia

I(β) - Ganho por radiação solar: média mensal do total diário (kWh/m2/dia)

Quantidade de Painéis

A quantidade de painéis utilizados (Npaineis) varia em função da potência de cada painel


(Ppainel). Em virtude do custo unitário e da área utilizada, é recomendável a utilização de painéis
comerciais de maior potência. Portanto para esse projecto optou-se por usar um painel de 325Wp.
Desta maneira, a quantidade de painéis pode ser calculada por:
𝑃𝐹𝑉
𝑁𝑃 =
𝑃𝑃𝑎𝑖𝑛
𝑒𝑙 3.10
Arranjos dos paineis Quantidade
de paineis em serie
A quantidade de painéis em série (Nsérie) deve ser correspondente ao menor valor inteiro da
relação entre a tensão máxima do inversor e a tensão total de circuito aberto (VOC_painel) dos
painéis conectados em série, conforme descrito na equação:

𝑷𝒎𝒂𝒙
𝑵𝑺𝒆𝒓𝒊𝒆 =
𝒊𝒏𝒗 3.11
𝑷𝒐𝒄
𝒑𝒂𝒊𝒏𝒆𝒍

Pode ser necessário reduzir a quantidade de painéis em série para formar arranjos convenientes,
ou seja, reduzir a quantidade de painéis nas cadeias para depois os conectar em paralelo. No entanto,
é importante garantir uma quantidade mínima de painéis conectados em série alcançar a tensão
mínima de rastreamento MPPT do inversor.

Quantidade de paineis em serie

A quantidade máxima de cadeia de painéis em paralelo (Nparalelo) pode ser calculado pelo
menor valor inteiro da relação entre a capacidade de corrente do inversor (I inv) e a corrente de
curto-circuito (ISC paineis) da cadeia de painéis.
𝐼𝐼𝑛𝑣
𝑁𝑃𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑎 = 3.12
𝐼𝑆𝐶
𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙
Inversor

Um inversor é um dispositivo eletrônico que fornece energia elétrica em corrente alternada (c.a.)
a partir de uma fonte de energia elétrica em corrente contínua (c.c.). A energia c.c. pode ser
proveniente, por exemplo, de baterias, células a combustível ou módulos fotovoltaicos. A tensão c.a.
de saída deve ter amplitude, frequência e conteúdo harmônico adequados às cargas a serem
alimentadas. Adicionalmente, no caso de sistemas conectados à rede elétrica a tensão de saída do
inversor deve ser sincronizada com a tensão da rede.
Existe uma diversidade grande de tipos de inversores em função das peculiaridades de suas
aplicações. No caso de sistemas fotovoltaicos, os inversores podem ser divididos em duas categorias
com relação ao tipo de aplicação: SFIs e SFCRs. Embora os inversores para SFCRs compartilhem os
mesmos princípios gerais de funcionamento que os inversores para SFIs, eles possuem
características específicas para atender às exigências das concessionárias de distribuição em termos
de segurança e qualidade da energia injetada na rede.

Inversores para SFCRs

Uma possível classificação de tipos de inversores para SFCRs é a seguinte:

Inversores Centrais: inversores trifásicos de grande porte, com potência numa faixa que vai
de centenas de kWp até MWp, utilizados em Usinas Fotovoltaicas (UFVs).
Inversores Multistring inversores trifásicos ou monofásicos dotados de várias entradas
independentes com SPPMs para conexão de strings (fileiras) de módulos. São adequados a
instalações urbanas (telhados, fachadas) nas quais cada string pode estar submetida a diferentes
condições de irradiância e/ou sombreamento. Tem potência na faixa de dezenas de kWp.
Inversores de String: inversores monofásicos dotados de apenas uma entrada SPPM, adequados
a instalações de microgeração (até 10kWp);
Os inversores para SFCRs: normalmente efetuam SPPM em suas entradas c.c. como uma
forma de eficientização.
As principais funções do inversor conectado a rede são:

 Conversão CC/CA;
 Desconexão automática e manual da rede;
 MPPT (maximum power point tracker);
 Registro de dados operacionais;
 Dispositivos de proteção CA e CC (anti-ilhamento, proteção de sobrecarga e
sobretensão, etc).

SEGUIDOR DE POTÊNCIA MÁXIMA (MPPT)

A potência máxima varia com as condições ambientais (temperatura e radiação) e com a tensão
aos terminais do módulo, sendo naturalmente desejável o funcionamento sempre à máxima potência.
Por forma a colocar o módulo fotovoltaico no ponto de operação correspondente à potência máxima,
os conversores fotovoltaicos são equipados com um sistema electrónico designado seguidor de
potência máxima.

Estes dispositivos são especialmente indicados no caso de sistemas isolados, devido à tensão ser
constante e imposta pela bateria, mas também são usados nas aplicações ligadas à rede. O MPPT
consiste num conversor DC/DC que, de acordo com as condições ambientais de temperatura e
radiação e com as condições impostas pela rede, ajusta a tensão de saída do módulo de modo a que o
funcionamento se processe no ponto correspondente à potência máxima.

Conceitos relacionados a analise economica do projecto


Existem diversos conceitos, metodologias e ferramentas que podem ser aplicados na avaliação
de projectos. Os mais relevantes e comumente utilizados serão abordados nesse capítulo, com o
intuito de desenvolver o referencial teórico necessário às análises elaboradas no capítulo 4.
Assim, nesse capítulo, serão abordados os seguintes conceitos:
 Período de payback;
 VAL (Valor Actual Líquido);
 TIR (Taxa Interna de Retorno);
 Indice de rentabilidade;
Periodo de retorno do investimento (do ingles PBP)

De acordo com Damodaran (2002), o período de payback de um projeto “é a medida de quanto


tempo os fluxos de caixa gerados pelo projecto levam para cobrir o investimento inicial”.
Um detalhe muito importante dessa metodologia é que ela utiliza os fluxos de caixa nominais
do projecto, de forma que o valor que o dinheiro possui no tempo não é levado em conta na análise.

Valor Actual liquido (VAL)

Damodaran (2002) define o VAL de um projecto como “a soma dos valores presentes de cada
um dos fluxos de caixa – tanto positivos, quanto negativos – que ocorrem através da vida do
projecto”. Ele pode ser calculado através da seguinte fórmula:

9
𝐶𝐹𝑡
𝑽𝑨𝑳 = −𝑰𝟎 + ∑ 3.13
𝑛=1(1 + 𝑖)𝑛

Onde,
VAL = Valor presente liquido;
CFt = Fluxo de caixa no periodo t ; i
= taxa de desconto;
n = vida do projeto.

O cálculo do VAL pode ser feito sob duas perspectivas diferentes. A primeira seria a
perspectiva de todos os investidores da empresa que implementa o projecto e ela implica no cálculo
do Fluxo de Caixa Livre para Empresa como o fluxo de caixa dos diferentes períodos do projecto e
no uso taxa de desconto. A outra perspectiva que resta é daqueles que investiram somente nas
acções da empresa em questão de modo que o fluxo de caixa a ser utilizado é o Fluxo de Caixa Livre
para o Accionista e a taxa de desconto é o custo do capital desse acionista. Assim, é fundamental
que se tenha claro qual é a perspectiva adoptada e quais são os fluxos de caixa e taxa de desconto
que essa perspectiva implica pois uma confusão entre os diferentes tipos de fluxos de caixa e taxas
de desconto significa um cálculo totalmente equivocado do VAL.
O critério de decisão para a aceitação ou não do projecto é simples:

 Se VAL > 0 deve-se aceitar o projeto;


 Se VAL < 0 deve-se rejeitar o projeto.
Isso porque um VAL positivo indica que o projeto é capaz de gerar um retorno maior que o
mínimo exigido para o investimento (representado pela taxa de desconto) enquanto que um VAL
negativo indica o contrário.

TIR (TAXA INTERNA DE RETORNO)

A TIR “trata-se da taxa de desconto que iguala o VAL de uma oportunidade de investimento a
zero (porque o valor presente das entradas de caixa se iguala ao investimento inicial)” (Gitman,
2004). Em outras palavras, a TIR calcula qual é a rentabilidade do projecto analisado.

Matematicamente, a TIR é o valor da variável i da seguinte equação:

9
𝐶𝐹𝑡
0 = −𝐼0 + ∑ 3.14
𝑛=(1 + 𝑖)𝑛
1
Onde,
CFt = Fluxo de caixa no periodo t; r
= TIR;
n = vida do projecto.
Os critérios de decisão baseados no uso da TIR são os seguintes:
 Se TIR > taxa de desconto, deve-se aceitar o projecto;
 Se TIR < taxa de desconto, deve-se rejeitar o projecto.
Assim como para o critério do VAL, aqui também é necessário manter a coerência entre os
fluxos de caixa e a taxa de desconto utilizados.

É importante ressaltar que nem sempre a TIR é capaz de calcular corretamente o retorno dos
projectos analisados. Isso pode acontecer quando ela é empregada no cálculo de projectos de
investimento não convencionais (onde há inversão no sinal do fluxo de caixa do projecto por mais
de uma vez), como comenta Assaf Neto (2008). Nessa situação, o cálculo da TIR – que,
observando-se novamente a equação 3, nada mais é do que a solução
para uma equação polinomial de grau t – pode levar a três tipos de soluções diferentes, que são:
 projecto possui uma única TIR (o polinômio de grau t possui apenas uma raiz real);
 projecto possui mais de uma TIR (o polinômio de grau t possui mais de uma raiz real);
 Não é possível determinar a TIR do projeto (o polinômio de grau t não possui raiz real).

Finalmente, há uma última observação importante que deve ser feita sobre a TIR. Por se tartar de
uma ferramenta que mede o retorno de projectos em termos percentuais e não em valores monetários
(como é o caso do VAL), ela só pode ser utilizada para verificar se um projecto é viável ou não, ou
seja, se o seu retorno é maior que a taxa de desconto.

Indice de rentabilidade
DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA O CASO EM ESTUDO

Calculo da potencia do gerador fotovoltaico (PFV)

146680
𝑃𝐹𝑉 = = 39589,74𝑊
4,94 × 0.75
O módulo fotovoltaico escolhido para ser utilizado neste projeto é o modelo KD325GX- LFB da
Kyocera Solar, cuja folha de dados encontra-se no Anexo I. De acordo com as especificações
elétricas em STC (Standard Test Conditions), esse módulo possui as seguintes características:
 Máxima potência = 325 W;
 Tensão de máxima potência = 40,3 V;
 Tensão de circuito aberto = 49,7 V;
 Corrente de máxima potência = 8,07 A.
Cada módulo é composto por 80 células, ocupando uma área de 2,27 m². Logo, para atender aos
casos propostos teremos os seguintes números de módulos:

Número de paineis necessários

39589,74
𝑁= = 121,81
325

Primeirante assumo que serão necessários aproximadamente 122 paineis solares de 325W.
Porém, carece de uma outra análise, ou seja, deve-se avaliar a economia para se ter conclusão final
no que concerne ao numero exacto de paineis fotovoltaicos necessarios.

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