Você está na página 1de 112
EYYa ve ees FrenteA 16 3 ee 15 18 27 Frente B 16 45 le 51 18 69 Frente C 16 19 17 wn Sumario - Lingua Portuguesa Narracéo Autoras: Flavia Roque e Flavia Volker Géneros narrativos Roque e Flavia Valker Autoras: Flavia Roque e Flavia Valker Modernismo: 3° fase Autores: Adriano Bitardes e Aline Euzébio Poesia Concreta, Marginal e Tropicalismo Autores: Adriano Bitardes e Aline Euzébio Pés-Modernismo Autores: Adriano Bitardes e Aline Euzébio Pontuagéo Autoras: Fla Roque e Flavia Valker Analise si Autoras: Fla ‘o-semantica Roque e Flavia Valker 1 Q 108 Estraturaeformasso de patavras Autoras: Flavia Roque e Flavia Valker 2 | coataoenuce Desde que a linguagem passou a fazer parte da cotidiano do homem, ele a utliza para relatar acontecmentos ¢ contar histésias, o que nos permite afirmar que a narrac3o é, possivelmente, o mais antigo de todos os tos de texto. Os primeiros registros de historias de que se tem conhedmento aparecem nas pinturas dos homens das cavernas. Nas pinturas rupestres, esses homens deixaram gravadas verdadeiras narrativas, por meio de imagens simples, que relatavam fetos do dia a dia. Depois do advento da escrita, ohomem comegou registrar os fatos usando ums linguagem diferente: o que anteriormente era contado por meio de imagens podia ser recontado por pelavras. Esse processo fot intensificado com @ criaco da imprensa, fem meados do século XV, a qual tornou pessivel a repradugiio de um nimere maior de cépias de que antes, quando a escrita 86 ocorria manualmente. Mais tarde, o surgimento dos livros, dos jomais, das revistas e da Internet possibitou que as narrativas pudessem ser lidas por um nimero ainda maior de pessoas. S80 diversos os géneros narratives que utlizamos € com os queis temos contato ao longo de nossas vidas, sejam eles ficcionais eu no: romance, novela, conto, erénica, fabula, parébola, conto fantistico, anedota, lenda, noticia, depoimento, relato, carta pessoal, diario, historia em quadrinhos e narratives cnematograficas s40 exemplos disso, Observe, a sequir, alguns deles. Anedota Era uma vez um cagador que era uma graca para contar histérias de suas cagadas. Uma vez, ele foi cacar rolinhas: — De repente, chego no meio do mato e vejo no galho de uma érvore quatorze roinhas. Que é que eu fiz? Coloquel quatorze chumbinhes na espingarda, caloule! bem as distanaas entre uma rolinha € outra, a distanga de minha espingarda até 0 alvo, respirei fundo e — pum! = apertel o gatlho, Cairsm treze rolinhas, = Ea déama quarta? O senher errou? — Errel nada, homem! Quando eu estava chegando em casa de volta da cagada, passou a rolinha voande @ © chumbinho correndo atrés dela ZIRALDO. Disporivel em: . AcessD em: 15 mar. 2021 Module 16 Histéria em quadrinhos Gaye 8 GRD RS © . ‘Acasso em: 30 jun, 2030. Neseas breves narrativas, relata-se um acantedmento do qual participam personagens © em que hé transformacao temporal, Uma narrativa normaimente traz as sequintes Informagtes ao leitor: + Quem? Personagens. + Onde? Espaso em que se passam os fatos + Quando? Tempo em que ocorrem os fatos. +O qué? Aconteamenta + Como? 0 made como acontecem os fotos. + Por que? A causa dos fates. ‘Além disso, hd uma vor textual responsavel por apresentar (8 fatos aos leitores. Desse modo, percebe-se que hé nas narrativas alguns elementos comuns. Vamos conhecer cada um deles, 3 seguir S| cawtisenaas Narracao, ELEMENTOS DAS NARRATIVAS Personagens So seres, geralmente ficcionais, que partapam dos acontecimentos narrados. Além de pessoas, podem representar também animais, objetos e plantas, desde que exercam ages personificadas. Com relagio 4 sua Importénca nos acontecmentos, as personagens podem hierarquizer-se em diferentes categorias: Protagonista: é a figura de maice projego dentro de arrativa, aquela em toro da qual se articular os fatos narrados. Antagonista: € 5 personagem que se opde & protagonists; muitas vezes, é direta ou indiretamente responsdvel pelo conflito (problema) a ser enfrentado pela protagenista, Personagens secundarias: s80 as que pertipam de acontecimentos de pouca ou menor relevancia na histéia. Espaco Eo ambiente cnde se desenralam os acontecimentos Algumas narrativas apresentam 0 espaco spenas como ano de fundo de ago. Muitas vezes, entretanto, 0 espaco influencia as personagens, e a caracterizacéo do ambiente é determinante para que se entenda 0 comportamento delas nahistéria, Romances naturalstas, como Ocortco, de Aluisio Azevedo, © regicnalistas da década de 1930, como Vides s2¢as, de Gracliano Ramos, s8 bons exemplos de narrativas fem que 0 espaco atus quase como uma personagem, Tempo Trata-se de um das elementos fundamentals de uma narrativa, uma vez que 0 Jogo entre presente, passado € futuro confere consisténcia & narragio. A ago é essencial para a dindmica da narrative 98 ¢ possivel simular agSo or meio da exposigSo de uma série de fatos que se sucedem no tempo. Por isso, esse elemento tem tanta importanda (© tempopode ser externo au interno} natural, cronol6gico (histérica) cu psicalgica, Na contemperaneidade, sia muito comuns romances que exploram um tempo fragmentado, Psicolégico, utilizando, para isso, alguns recursos como 0 flashback, © menélogo interior au © fluxe de consciéncia, Foco narrativo Diz respeito a quem relata es fates. © narrader pode ser alguém que vive os fatos, uma testemunha que os presenciou, uma personagem secundéria ou um narrador externa e cnisciente, por exemplo, Conforme a pessoa do discurso, o foco narrative pode ser em + Primeira pessoa: a voz que relata os fatos os enuncia na 19 pessoa do singular; nessa categoria, hé os seguintes tipos de narrader’ narrador-personagem, aquele que narra 4 propria histéria; = narrador-personagem secundario, aquele que conta a histéria da personagem central; = narrador-testemunha, aquele que relata o que viu, ouviu ou leu em outro lugar, sem se confundir ‘com o protagonista cu com qualquer personagem secundaria ds histéria, + Terceira pessoa: a voz que relata os fatos os enunca na 3° pessoa do singular; nessa categoria, hé os seguintes tipos de narrader’ = narrador onisciente neutro, aquele que temo oder da cnipresenca, sabe tudo o que acontece, tanto no desenvolvimento da histéria quanto no intimo das personagens; ~ narrador onisciente intruso, aquele gue, em ccertas ocasi¢es, apresenta consideragtes ou julzos de valoe sobre os fatos que narra; ~ narrador-camera ou narrador-observador, ‘aquele que $6 presenta © que consegue ver, ‘ou seja, no avanca ne passado, no onipresente nem penetra na intimidade das personagens. Enredo Eo"fato" em si, aquilo que coorreu e que esta send narrado. ESTRUTURA DAS NARRATIVAS Umanarrativa, gersimente, estruitura-se em quatrofases Apresentacao ou criacao de expectativ. © espaco € 0 tempo em que ocorre a ac$o, bem como, apresentam-se as personagens € os acontedmentos que tem influnaia sobre o desfecho, E comum que haja trechos descritivos nessa parte do texto. explictam-se Elemento desencadeador do conflito ou quebra de expectativa: é 2 consequénda da ago ou da movimentaco_ das personagens, que gera uum conjunto de acontecmentos instaura um conflto, Trata-se de um problema responsdvel or forcar a modificago do estado das coisas na narrativa, podendo ser uma questo conereta ou de crdem psicclésica Enredo ou desenvolvimento do confito: & constituido: pelo desenrolar das acanteamentas, pele complicagao da trama, 0 conflito constitul a mola propulsors do enredo: © pode ocorrer entre personagens, entre individuos e coletividade, entre homem e natureza, entre desejos € paisGes, entre pulsGes e deveres, por exemplo, O enredo deve ser desenvolvido de mado que no se esgatem todas 2 possibilidades de resolucSo do conflto.é importante criar fo suspense € o mistério, mantendo o leitor pensativo, com algumas interrogagoes, até o desenlace Eaioraberoati | = a = eG Modulo 16 Climax: é © momento-chave da narrativa e deve ser um trecho dinamico, emocionante, em que os acontecimentos se encaivam para chegar ao desenlace. Nesse momento, fa tensBo gerada pelo conflito deve estar em um ponto maximo, 8 partir do qual 0 estado inicisl em que as personagens se encontravam nao mais se sustenta. Desfecho ou tentativa de resoluco do conflito: constitu o desenlace da narrative, A narracdo é suspense assim que ocerre o desfecho dos aconteamentos, © qual pode ou ndo ser faverdvel ao protagonists Observe, a seguir, um esquema representstivo de estrutura do texto narrative: | Nivel de tense da narrate, Fate desencedendor do confit Climax Dasfecho Pasesgem temporal Lela © seguinte texto e observe como se estrutura 8 narrative! AAlianca Esta € uma histéria exemplar, 58 no esta muito claro qual é 0 exemplo, De qualquer jeito, mantenha-a lange das criancas, Também no tem nada a ver com a cise brasileira, © apartheid, situacdo na América Central cu no Oriente Médio cu a grande aventura dohomem sobre @Terra, Situa-se no terreno mais bsixodas pequenas afligies da dasse media Enfim, Aconteceu com um amigo meu. Ficticio, dare. Ele estava valtando para casa como fazia, com a fidelidade rotineira, todos os dias & mesma hora, Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que jé sabe que nunca seré o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainds pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-Ihe um pneu. Furou-Ihe um pneu. Com dificuldade ele encostou 0 carro no meio-fo € preparou-se para a batalha contra o macaco, no um dos grandes macacas que desafiavam na jéngal das seus sonhos de inféncia, mas o macaca do seu catro tamanha médio, que provavelmente no funcicnaria, resignagio e reticéncas. Conseguiu fazer o macaco funcenar, erqueu ocarra, trocou 0 pneu e jé estava fechande operta-malas quandea suaalianca escorragau pelo dado sujo de dleo e caiu no cho. Ele deu um passo para pegar a alianca do asfalto, mas sem querer a chutou, A alianga bateu na rode de um carro que passava e voou pare obueiro, Onde desapareceu diante de seus clhos, nos queis ele custou a acreditar, Limpou as mos o melhor ‘que pode, entrou no carro e seguiu para a casa, Comegou ‘a pensar no que diria para a mulher, Imaginou a cena, Ele entrando em casa e respondendo ds perguntas da mulher antes de ela faze-las. ~ Vocé no sabe 0 que aconteceu! ~ 0 que? = Uma cxisa incivel ~ © quer ~ Centando ninguém acredita. = Contal ~ Voce née nota nada de diferente em mim? No esta faltando nada? - Nao. ~ Olhe. E ele mostraria o dedo da alianga, sem a alianga, ~ © que aconteceu? E ele contaria, Tudo, exatamente como acontecera (© macaco, 0 dleo. A alianga no asfalto. 0 chute involuntério, E a alianca voando para o bueiro e desaparecendo, = Que coisa ~ diria a mulher, calmamente, = NEo é dificl de acrediter? ~ Nao. € perfeitamente possivel = Pois é, Eu. ~ SEU CRETINO! = Meu bem. = Esté me achando com cara de boba? De palhaca? Eu sei 0 que aconteceu com essa alianca. Voce tirou do dedo. para namorar. E ou n8o é? Para fazer um programa, Chega fem casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma histéria em que s6 um imbecl acreditaria ~ Mas, meu bem. — Eu sei onde ests essa alianca, Perdidano tapete felpudo de alqum motel. Dentro doralo de slguma banheraredonda, Seu sem vergonhal E ela sairia de casa, com as criangas, sem querer ouvir explicagées. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que 0 atraso? Muito transito, Por que essa cara? Nade, nada. €, finalmente: ~ Que fim levou a sua alianga? E cle disse: ~Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel, Pronto. Nao tenho desculpas, Se voot quiser encerrar nosso casemento agora, eu compreenderel Ela fezcara de choro, Depcis correu para o quartoe bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquila significava uma crise no casamento deles, mas que les, com bom-senso, @ venceriam. ~ © mais importante é que vooé no mentiu para mim, E fo) tatar do jenter. YVERISSIMO, Luis Fernando, & llansa. In: As mentras que os ‘homens eontam. Rio de Janeiee: Objet’, 2003. 8 | cnnstoeace Narracao, A LINGUAGEM DAS NARRATIVAS Diferentemente dos textos de natureza dissertativo- argumentativa, em que a linguagem deve ser precominantemente denotative € ester d= acordo com a norma culta, as narrativas podem ser redigidas em linguagem metaférica @ menos formal. Atente-se para algumas ceracteristicas da linguagem nas narractes! Tempos verbais Nos textos narratives, predominam tempos verbais do mundo narrado: o preterito perfeito simples, © pretérito Imperfeito, o pretérito mais-que-perfeito, 0 futuro do pretérito, as locugies verbals formadas com esses tempos @ as formas nominais. Linguagem conotativa e subjetiva E possivel, em textos narratives, utlizer com meior liberdade figures de linguagem para criar efeitos de sentido f@ estéticos, postergar respostas © aumentar a tensso do enredo. £ preciso cuidado, entretanto, para que ouso dese recurso no seja meramente gratuito, mas que tenhe um objetivo no enredo. Apresenga de adjetvas e de cutras marcas de subjetividade também é permitida nas narrativas. Conectivos Todas as tos de conectivas este presentes nos textos narratives. Para tecer 9 enredo, au seja, cancatenar os ‘acontecimentos de modo que componham uma aco que se desenrole no tempo, é preciso estabelecer as mais diversas relagies de sentido possiveis. Vale destacar, entre essas relagies, ade temporalidade. Como. tempo é um des mais importantes elementos em uma narrative, séorecorrentes, esse tipo de texto, conectivos que remetem 8 passagem ‘temporal, como" naquele momento’, ‘depois’, "mais tarde”, logo que", “desde que’, “enquanto", etc. Grau de formalidade da linguagem Normalmente, em narrativas, a linguagem, embora obedeca as regras da norma-padro, pode ter um grau de formalidade mener, Em alguns casos, entretanto, € possivel até usar uma linguagem que se afaste da norme culta, desde que essa estratégia cumpra uma fungSo estética no texto. E o caso, per exemplo, das passagens em que se busca fidelidade 30 iscurso de uma personagem de determinada regio, cu de baina / alta escoleridade, ou de certo grupo socal, ete, Discurso direto, indireto e indireto livre © discurso narrativo € um processo de expresso verbal por meio de qual onarrader apresenta perscnagens expando Ideias, argumentando e descrevendo. Hal momentos ainda fem que 0 narrador reproduz as falas ou os pensamentos das persenagens. Nas narrabvas, essa ferma de expresso pode ser evidenciada em turso direto: nesse tipo de discurso, a prépria Personagem se expressa, Frequentemente, 6 intreduade por um verbo dicendi @ separado do discurso do narrader por dais pontos. Os verbes dicenal, ‘ou seja, que remetem ao ato de dizer (dizer, falar, afirmar, perguntar, responder, declarar, interrogar, indager, revucar, replicar, gritar, negar, devermnar, aconselhar, mandar, acudir, acrescentar, concordar, Insistr, ustficar, intervir, sussurrar, repetir, sugerir, cochichar, rogar, objetar, entre outres) indicam que 23 personagem ests com a pelavrs € permitem que se estabeleca a articulagio das oragies, ‘Tomei abéncio a meu to, © qual, abracando-me, disse quase chorando de saudade: — Vai, sobrinho, toma sentido er ti, ene que vires; sobretude ndo escrevas parvoices na Carteira de teu 1; estimo que sejas.o avesso de todos es viajantes, Isto é, que nda pregues mentiras. MaceDo, 2001. p.27 Quando vem intercalado, odiscurso direto é separado por virgula ou travessiio, embera haja preferéncia por este Ultimo sinal de pontuaco. Observe os exemplos: ‘Se certo! Era para se empenher a barba. Do que o abo, ento eu sincera disse: —Olhe: ey, comaa s: me vé, com vantagens, hum, que eu queria uma hora destas era ser famigeraco — bem famnigerado, 0 mais que pudessel — "Ah, beml...” — soltou, exultante. ROSA, 1988. p. 12. = 14 nfo era sem tempo - disse o professor, a0 receber, com alguns dias de atraso, o trabalho do aluna. Os verbos dicendi s80 omitidos nas falas curtas, de que participam poucas perscnagens, a fim de se evitar a monotonia da repeticso. Vole observer que € possivel reproduzir © discurso direto utilzando-se também as aspas. Caso se opte por esse recurso, nila se devem usar travessdes, apenas as aspas. aioratereati |g = a = Es a eG Modulo 16 + Discurso indireto: € o enundiado por meio do qual © narradar se prope a transmit, em sua propria narracSo, apenas o sentido da fala das personagens. Normalmente, é constituide de oragies subordinadas substantivas que completam o sentido de um verbo dicendi, Leia o exemplo a seguir: Hamlet observa @ Horécio que hi mais cousas no céu e na terra do que sonina nossa v5 flosofa, Ere & mesina explicagfo que dava abela Rita ao mova Camilo, uma sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, porter ido na véspera consultar uma certomante; a diferenga é que © fazia por autras palavras ASSIS, 1979. v.2,p. 477, + Discurso indireto livre: € 0 enuncado em que se cconfundem os discursos do narrader e dappersonagem, traduzind, Fequentemente, as reflexes desta Utima. Segundo o professor Cémars Jx, € uma modalidade de discurso que conserva 0 cunho linguistic sem a necessidade da transic3o explicta em nome da personagem, Lela 0 trecho de Vides secas reproduzide a seguir, atentando-se para as partes destacadas, que evidenciam © discurso indireto livre na narrabva: ‘Se achassem Agua all por perto, beberiam muito, sairiam cheios, arrastando os pés. Fabiano ‘comunicoulsta a Sinha \atsna e ncicou uma depressio no terrene. Era um bebedouro, ndo era? sinhé Vitéria estrou © beigo, indecisa, e Fabiano afrmou © que havie perguntado, Entao ele no conhecia ‘aquelas paragens? Estava a falar variedades? ‘Se a mulher Uvesse concordado, Fabiano arrefecerta, pais he fltaya convicsio; como Sind Vitéria nha vidas, Fabiano exaltava-se, procurava incubr-the coragem. Inventava 0 bebedouro, descrevia-o, mentia sem saber que estava mentindo, E Sinhé Vitéria excitava-se, transmitia-the esperancas. ‘Andavam por lugares conhecidos. Qual era 0 ‘emprego de Fabiano? Tratar de bichos, explorar 0s arredores, no lombo de um cavalo. E ele ‘explorava tudo, Para la dos montes afastados, havia outro mundo, um mundo temeroso; mas ara c4, na planicie, tinha de cor plantas © animais, buracos e pedras. RAMOS, 2002. p. 123-124 © discurso indireto livre permite tornar a narrative fluente, mantém a ritmo e evita os qués da discurso indireto. Permite que se exteriorizem os fragmentos do fluxo da consciénaa © impregna as pslavras de uma certa afetividade, prépria do discurso cireto, traduzindo os estados rmentais de personagem, EXERCICIOS DE FIXACAO on. 02. (UFMG) 0 texto 2 seguir fol retrado da obra A questo paliuca da educacdo popular, orgenizada, em 1550, or Carlos Rodrigues Brando. Tats-se de uma entrevista dada por Anténio Cicero de Sousa (Cica), um lavrador do sul de Minas Gereis. 0 fragmento que selecionamos & uma adaptacao da entrevista, — cigo, 0 que ¢ ecticasso? = Quando © senhor chega e diz “educacao", ver do seu mundo, © mesmo, um outro. Quando eu sou quem fala, vem de um outro lugar, de um cutro mundo, Vern dum fundo de aco, que € 0 lugar da vida dum pobre, como tem gente que diz. Comparacio: no seu essa palavra vvem Junto com qué? Com escola, no vem? Com aquele professor fino, de roupa boa, estudado;livro novo, bom, cademe, caneta, tudo muito separado, cada colsa do seu jelto, como deve ser. um estudo que cresce e que vai mut longe de um saberzinho sé de alfabeto, uma conta aqui e outra ali. Do seu mundo ve urn estudo de escola, que muda gente em doutor € fato? Penso que é, mas eu penso de longe, porque eu nuncs ¥/1ss0 por aqui Quando eu falo, opensamento vern de um outro mundo. Um que pode até ser vizinho do seu, vizinho assim, de confrantante, mas no é o mesmo. A escalinha cal no cai all num canto da roca, a professerinha dali mesmo, ts recursas tude come ¢ 0 resto da regra de pobre Estudo? Um ano, dois, nem ts, Comigo no fol nem I7és. Entao eu digo Yeducarao" e penso “enxads’, 0 que fal para mim, Mo que fol fita pra cabo de enxada acha a caneta muto pesade.. com base nesse trecho de entrevista, vocé deverd recigr um texto em 32 pessoa, expand com fidelidade as opines de Cico € utlizando @ norma culta pada (UeLeR-z011) Texto 1 Gente venenosa: os sabotadores No hd como afirmar que existe alguém totalmente bom ou tatalmente mau comonas maniquelstas histérias Infants. Mas em determinadas situagdes ha pessoas de personalidade dif), que potencslizam as fraglidaces de quem est a sua volta, semeando frustractes @ desestruturando sonhos alhelos. Atitudes que, em resumo, envenenam. 0 terapeuta familiar argentino Bernardo Stamateas identificeu essas pessoas, cunhou fo termo "gente toxica”e falau sobre elas nolivro Gente toxica ~ comp lidar com pessoas dificeis @ ndo ser ominado por elas. Assim como uma magi estragada em uma fruteira € capaz de contarninar as outras frutas boas, as pessoas tSxicas, segundo Stamateas, tender {a envenener @ vida, plantar divides e colocer uma pulga atrés da oreina de qualquer um. A vilania da situacio reside no fato de que gente téxica esti sempre 3 espera de queda ou da frustracdo de alguém préxima pera, entdo, assumir 0 papel de protagonista, "Eles (os toxicos) se sentem intocé\vels e com capacidade de ver a paiha no tho do outro e no no seu’, comenta o autor, RAVOS, M. Gante vanancea: os sabotadores, Gaeta do pave: Parand, 19 set. 2010. Suplemento viver Sam. p 6 T eaeyie Esto 10 Narracao, Texto IT 03. Sou om cae ELE, ‘QUERIDO POR TODdS, nko e500 than JORNAL DE LONDRINA, 19 out. 2010. p. 22. com base no testo ena tre, REDIA ums narrativa, envolvendo personagens cujo comportamento desconsiera os sentimentos ddas pessoas, bem como "intoxicam” as relacbes interpessoais. (Unicamp-SP) Nos Ultmas anos, © mundo conheceu fatos como a dissolucge de fronteiras entre paises (consequéncia da globalizaco da economia), ou 2 FelativizagSa da autonomia nacional (como na caso da piso de Pinochet na Inglaterra). Conheceu também movimentas pré-descriminalizacio das drogas ¢ do aborto, revelando a fraglidade dos limites entre habito transgressio, Tém sido frequentes as contestacoes de coutras fronteiras, como no debate sobre a legalizaco da Unido civil de homosexuals, Assim, as vitimas décadas do século XX se carecterizaram pela relativizacso dos limites que antes separavam categorias como loucura € ‘senidace, pibico #privado, nacional eestrangeiro, entre foutras, Tals fatos tim consequéncias considerdveis na visio que chomem contempordnes constréi de si mesmo, cdo mundo e da prépria vida ‘Aproposta de redacio estdralacionada 2 esses fatos, que afetam qualquer individuo, seja na forma de informaggo ‘externa, seja na forma de experlencia pessoal Tema: Ser ounéo ser, els a questio, Se correr 0 bicho pega, s@ ficar 0 bicho come SitiagSestimite S80 uma constante, tends sido retomadas tanto pela literature como pela sabedoria popular Fensando nisso, ESCREVA uma narratva em 1° pessoa, 1a qual o nerrador no seja 0 protagonista da acéo. CONSIDERE 0s aspectos 2 seguir, que constuirdo um rotelro para sua narrativa, 3 qual pode corresponder ‘2 Gferentes situasSes, como um drama familar, uma ‘questo de orcem pscolégies, ums aventura, ete = uma stussfo problematica, de cujs solusso depende alga musta importante, = uma tentativa de solusio do problema, pela escatha de Lum dos caminhos possiveis, todas arniscados: ultrapassar ‘undo ultrapasser uma fronteire: — uma solugdo para o problema, mesmo que engine uma nova situacSo problemética, EXERCICIOS PROPOSTOS (UFVMG-2010) nstrugbes: Leis ostextos| el! a sequire responds és questes de 01204, Texto I [1 Mals ainda, o homem que tem uma deficiénca visivel Tembea com forga a precarledade da condicSo humana, desperts a fantasia da fregmentagio do corpo que habite muitos pesedelos (Le Breton, 1920). A alterago do corpo remete, no imaginério ocidental, 2 uma alterago moral do homem e, inversamente, 2 alteragdo moral do homem acarreta a fantasia de que ‘su corpo nfo é apropriado e que convém endireité-io, [Essa passagem a um outro tpo de humanidade autoriza consténaia de julgamento ou do olhar depreciativo sobre fle, e até a violencia contra ele, S6 ac heem camum se reserva a privilégio arstocritico de passear por uma rus sem susditar a menor IndlscricSo. Se a homem s6 existe por meio das formas corporais que 0 colacam no mundo, qualquer modificagso de sue forma determina uma outta defnicdo de sua humanidade. Os limites do corpo esbacam, em sua escala, a ordem moral e sigrafcante «do mundo (Le Breton, 1990, 1992). E nossas sociedades contemporaneas cultivam uma norma das aparéncias € uma preocupacio riaida de sade. (..] LE BRETON, D. Adeus ao cope. Antropatagia @ sociedad, Campinas: Paps, 2003. p. 87 Texto II Meu nome é simone, Quando eu nasc, em 1376, meu es6fago no tnha ligago com meu estdmago. Por isso, eu Uve de ser operads quando the apenas 2 horas de vide, Antes dessa data, nde havia operasfo para corr esse pequeno defelto. Entdo, no ano do meunascimento, foi a primeira vez que os bebés que nasceram com essa ‘anamalia tiveram a chance de conbiiuar vivos. Pra rn Isso é maravilhoso. Eu fico superfeliz de mostrar, através desta campanha, que pessoas com marcas também adem ser atvaentes. Com carinho, Simone. DOVE. Campanha pala rea heleza: Tada mulher é bonita ‘quand sua pale est bem nuitisa, WovaslogBes Ove com soro nutitive 24h. Revista Condo, s /¢ (Adaptacio). EatoraBersoll | 44 eG Modulo 16 01. No texto, NAO é us dela nudear do autor relterar que A) 05 Julgamentos acerca do corpo € até um olhar Gepreciatvo sobre ele vigaram hoje, com bastante consténaa, ) a sovedade contempordnes deve aceitarasalteragies ‘morals do homer, em func0 de ur ideal de prvilego anstocratico. ©) a intolerdncia em relagao 8 deftcéncia visivel € naturalzada nos discursos da socedade em funcio {do ideal do corpo perfeito, D) 0 homem € julgado hoje antes pela construsio esteticamente apropriada do corpo do que pela sua moral e dignidade 02. Entre as razses para Simone, a autora do depoimento apresentado, ser uma metonimnia de “real beleza’, esté 'A)_nascer com um pequeno defelto que a impede de ter uma vida normal ) sofrer uma operscfo quando recém-nascide pare corrigr uma anomalla, ©) carregar uma marca no corpo que pode ser agradavel a0s olhos da soctedade. D) mostrar-se satisfelta com a cultura do corpo perfelto enraizada nos indlviduos, 03. Leia as afrmativas a seguir sobre as caracteristicas préprias dos géneros dos textos | ¢ Il. Assinale V para @(5) VERDADETRA(S) © F pare a(s) FALSA(S). ()Odepaimento tem como propésitoapresentar a opinigo de uma pessoa acerca de um determinado tema. (Juma caracteristica lingufstica comum no texto académico s8o as marcas de modalizagso. (No texto académico, as vozes de outros especialistas estdo subfocalizadas e contribuem para dar legltmidade @ um argument, (10.uso de sequéncias narratvas € uma caracteristica recorrente em depoimentos. (.) vedada a possiilidade, em qualquer depaimento, de se utilizar formas préprias da cralidade. ‘A sequéncis CORRETA é A) VEE 8) VVFVE ©) FvveW >) VFVEw. 04. comparando-se os textos fe Il, 6 INCORRETO afirmar: A) Arelacio do individuo com seu corpo ocarre sab alde do dominio de si, © homem contemporéneo € conidado a construir 0 corpo, modelar sue aparéncla, coultar 0 envelheamenta ou a fraglidade, 1B) Ocorpohaje um motive de apresentagdo de sl erm que 6 avallada a qualidade de sua presenca eno qual ele mesmo ostenta 3 imagem que pretend der aos outros, €) Nossas sociedades rejeitam 0 corpo como emblema de si. € melhor construlo sob medida para manter © sentimento da melhor aparénci, D) 0 aiscursa de nassas socledades cantemporaneas afirma, em suma, que 0 indiziduo é julgado e assificado por seu corpo. Lnstrucbes: Lela 05 textos lll € IV que se seguem € respondia as quesides O5 = 06 Texto TIT Uma forte tendéncla da munde contemporines & considerar toda forma viva come ume some organizads de mensagens, A informasao iguala os nivels de existéncia, esvazia as coisas de sua substinda prépria, de seu valor e de seu sentido a fim de torné-las compardvels Imp0e 4 infinita complexidede do mundo um modelo Uinico de comparago que permite colocer realidades alferentes no mesmo plano. H, Atlan expressa isso muito bem: “O que a Blologla nos ensina sobre 0 corpa faz desaparecer aquilo que, por outro caminho, a soctedade, a histéria, @ cultura nos ensinaram sobre 2 pessoa De um ponte de vista bilégico, a pessoa nifo existe ‘A pessoa é uma realidade socal, e 2 socedade, um dos elementos maisimportantes de nossa vida. 28 a Biologla ‘dz apenas: 0 corpo é um mecanismo, Impessoal, que é, afinal, 0 resultado de interacées entre moléculas.” (tian 1934, p. $6) [-.] LE BRETON, D. Adeus 20 corpo, ‘Antrepologia sociedad. Campinas: Papirue, 2008, p, 101-102, Texto 1V [..] A desinformaggo sobre 0 funcionamento do réprio corpe, por mals estranho que parece, comeca ra escola, 0 corpo humane é apresentado as alunos por meio de explicagées excessivamente teéricas e, go raro, superficials. Tome-se como exemplo que um estudante de 10 anos aprende nos livros daticos sobre 0 coragao: "O coragdo ¢ um srg0 aco. Dentro dele existe quatro cavidades, duas em cma duas embaixo. € nessas cavidades que o sangue entra © s31 quando ¢ bombeado, As cavidades superiores so chamadas de dtrios eas inferiores, de veniiculos..”, Esta correto, mas também or assim dizert, "A informacSo se torng interessante sobretudo se for relacionada @ um contexto’, afrma despravide de caracio, a bidlaga Regina Pekelmann Markus, do Institute de Boclénclas da Universidade de S¥o Paulo. No caso do ensino do corpo humana, Isso significa assodar seus mecanismos a saide, as doengas, a habitos de vida E de crianga que se aprende a fcar velho, LOPES, A. D.; MAGALHAES, N. Vocd std no comande, Veja, S80 Paulo, ano 42,7. 46, 134, 18 nov, 2008. To] canons Narracao, 0s. 06. “Estd correto, mas também ¢... desprovido de coragio, por assim dizer” (texto IV, ref 2) Consideranco a passagem anterior # os textos Ill € IV, analise a5 afemativas 8 seguir 1, *0 corpo humana é apresentado aos alunos por melo de explleacbes excessivamente teéricas e, n0 raro, superficiais,” (texto (V) II, "WinformarSoiguala os nivels de existencis, esvaza as coisas de sus substéncia propria, de seu valor € de seu seritdo a fin de tomas comparaveis.”(texto IT) IIL.0 que @ Biologia nos ensina sobre o corpo faz desaparecer aquilo que, por outro caminho, 2 sodedade, a histéria, a cultura nos ensinaram sobre 2 pessoa." (texto [11) Iv. “Lu 0 corpo é um mecanismo, impeszoal, que é, afinal, 0 resultado de interagSes entre moléculas.” (texto 111) Entre as afirmativas, aquelas que endossam a passagem (ref. 1) do texto IV so A) 1, He Ty, apenas, B) Tem, apenas. ©) Mey, apenas. D) Lumen De ecorda com os textos Ill € IY, assinale 2 afirmate INCORRETA. A) Ema a Biolagla diz apenas: 0 corpo é um rmecanismo, impessoal, que é, afnal, o resultado de Interagdes enie molécuias. (texto I11), a tese al defendids retifica © posiclonamento de Breton sobre ‘8s percepgSes em relacZo ao mundo contemporéneo, 8) Em “A informacio iguala os nivels de extsténaia, esvania as colsas de sua substincia prépna, de seu Yalor e de seu sentido a fm de torné-las comparavels.” (texto IV), 0 termo em destaque refere-se )_Em"H. Aan expresss isso muito bern [..]" (texto), ‘otermo "isso" refere-se @ forma racional eimpessoal camo a Biologia compreende 0 corpo, D) Em °A desinformacao sobre o funcionamento do propria corpo, por mais estranho que pareca, comesa nha escola." (texto IV), 0 termo "sobre" introduz @ ‘assunto, © a forma Yerbal “comesa” exprime um processo em seu inicio, SEGAO ENEM o1. (Enem-2010) Machado de Assis, Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, Grameturgo, Jornalista, poeta, novelista, romencista, crfticae ensafsta, nasceu na cidade do Rio de Jenelro em 21 de Junho de 1039, Filho de um operério mestigo de negro portugues, Francisco José de Assis, ¢ de D. Meria LLeopoldina Machado de Assis, quele que vie a tonner-se ‘9 maior escritor do pais e um mestre da lingua perde mie muito cedo e ¢ crado pela macrasta, Maria Inés, também mulata, que se dedica ao menino ¢ 6 matricula ra escola publica, dnica que frequentou o autodidata Machade de Acss Disponivel em: ‘Acesto em: O1 maio 2009, Considerando os seus conhecimentos sobre os géneros textuals, 0 texto ctado constitu-se de A) fatos fccionals relacionados a outros de cardter realista, relabvos 8 vida de um renomadio escrito. 8) representactes generalizadas acerca da vide de membros da sacedade por seus trabalhos e vida ‘coudiana. ) explicacées da vida de um renomada escritor, com ‘estrutura argumentatva, destacando como tema seus principals feltos. ) questBes controversas & fatos dversos da vida de ppersonalidade histérica, ressaltando sue intimidade familar em detnmento de seus feltos publicos, E) apresentaggo da vida de uma personalidade, ‘orgenizeds sobretudo pela ordem tpolégica ca rrarraggo, com um estilo marcado por linguagem ebjetiva 02. (Enerm-2003) Para desenvolver o tema daredagSo, observe © quadro lela 0s textos apresentados a seguir: Texto POCA, 02 jun, 2008, Texto II Entender a violénda, entre outras coisas, como fruto de asia horrenda desigusidade sodal,ndo nasleva a desoupar fa: crmingsos, mas podena ajudar a decidir que tpo de investimentas oEstado deve fazer para enffentaro problema incrementar violénéa por meio da repressSo ou tomar rmeddas para sanear alguns problemas sodais qravissimas? KHL, Maria Rita. Falna de S. Paulo. Texto TTT Ao expor as pessoas a constantes ataques 4 sua Integridade fisica e moral, @ violenaa comeca a gerar expectatas, ¢ fornecer padrses de respostas. Episodios ‘rugulentos e situagdes-limite passam a ser imaginados € repeticas com o fi de legtmar a idéia de que 28 force resolve confitos, violencia toma-se um item abrigatérto ng vis8o de munde que nos € ransmitida. 0 problema, enti, entender como chegamos a esse panto, Penso que a questio crucial, no momento, ndo é a de saber o que deu arigem 20 Jogo da violéncia, mas a de saber como parar um jogo que @ malona, coagida oungo,, ccomesa @ querer continuar jogando, COSTA, Jurandt. 0 mode social (Adaptac%o). Considerands a leitura do quadro e dos textos, REDDIA um texto dissertativa-argumentatvo sobre o tema: violencia na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo? atoraBervou | 13 Fr GE Modulo 16 Instrusoes: ‘Ao desenvalver 0 tema proposto, procure utlizar os conhecimentos adquiridos e as reflexdes feltas 20 longo de sua formacSo. Selecone, organize e elacione argumentos, fatos e opiniées para defender seu ponto de vista, elaberando propostas para a salucio {lo problema discuda em seu texte. Suas propastas vem demonstrar respeito gos Direitos Humans, Lembre-se de que as tag de produpio de seu texto Fequer 0 uso de modalidade escrita culta da lingua Portuguesa, 0 texto no deve ser escrito em forma de poema (versos) ou de narratva texto devers terno minimo 15 (qunze)linhas esartas, GABARITO Fixacgao 03. A tarefa do aluno 4 fazer um taxta expositve fon 3% pessoa, Sem amitir opinibes pessoais, © aluno dove expor, de forma fle, o ponto de vista de Anténio Cicero de Sousa (Cigo), um lavrador do sul de Minas Gerais, sobre 0 que seja educasdo. Cigo fala sobre a desigualdade da educagio no Brasil Para le, na dade, hd bons professores, material dditico de qualidade © também a possibiidade de ansformarso social por meio da edyeagdo. Entretanto, na zona rural, hd poucos recursos, professores pouco qualitcados 2, devido a0 trabalho na lavoura, Pouca si of anos dadicados a0 estudo, 02. Espera-se a producto de um texto narrative ‘ajo enreda seja baseado em uma situagio na qual 2 interforénda do "pessoas venonosas’, “os sabotadoras soja evidente, Na condicdo de narradot (am 23 au 3 pestoa), © aluno deve Giar um confita provocads por pessoas cuas aracterstcas @ intengdes se aproximam das ‘apontadas no taxto 1, garande insaguranga, frustracto @ prejuzo para cutros. € importante (que se observem a estutura ea linguagem tipieas de um texto narative, conforme orientagies ‘contidas no médulo. 03. Espera-se que o aluno produza uma narratva cbrigatoriamente em 18 pessoa, na qual constua lum narrader que, também obrigatoriamente, ‘no poders ser o protagonista da apio ‘A partir dessas exigéncias iniciis, o aluno dove inferit 9 necessidade de se construir duas Dersonagans distitas: © narrador (que se exprime necessariamente em 1# pessoa) @ o protagonista da acto. Aldm disso, 0 aluno dave seguir 0 roteiro dascito ros tris tens ‘© uma situacio problematica, de avja solugio epende algo muito importante; ‘+ uma tentativa de solucdo do problema, pola fescnlha de um dos eaminhos passives, todos arriscados: ultrapassar ou no ultrapassar uma Frontera: ‘+ uma solugio para o problema, mesmo que triginz uma nova stuacio problem ica © aluno tem liberdade para construr 0 cenério, para caracterizar_o narrador © x(s) outra(s) persenagem(ns) © mesmo para desenvolver © enredo; parém, néo pode desconsiderar, nz contrugdo daase enredo, o8 aspactos dtadoe As tréslinhas que antecadem a apresentacio do tema também sdo muito importantes. Es5a5linhas constituem a coleténea do tema: 6 a parti da consideracao de uma "stuacde-imite” © de uma ‘aflexdo sobre o sentido das frases "Ser oundo ser, fs a questao” e "Se corer o bicho paga, se fear Oo bicno come" qua o alune conzagus pistas no 35 para o desenvolvimento do enredo, como para a caracterizacio da personagem protagonista, Certamente, ela deve. vivendar um grande confito, afinal, trata de uma stvacio-imite, situagées desse tipo costumam provocar alguma ateracto no compertamento das pessoas, @ 550 ade indicar a0 aluno caminnes para «rar sua ppersonagam. Observe que nas duas frases, tanto @ de Shakespeare quanto a do dito popular, ests presente uma alternativa: au,naprimeira, © 8e.-y Se, na sequnda. Um leitor atento percabria que indo se vata apenas de colocar 0 seu protagorista face a face com um grande problema. Espera-se que 0 protagonista ponders sobre os caminnos ‘ternativas a sarem tomadoe © qua perceba que ‘penhuma das decisbes seria "ranguila” Propostos ae 2. 8 0s. 02, ¢ os. c 08, 4 Secao Enem on 02. © uno deverd produsir uma redagso que, pringpalmente, proponha formas de se contornar © prablama da viclinda crascente em nosso pas. Os textos do enunciado apontam aigumae aternatias Uitis para a redacio dos alunos © fragmento de Mana Rita Kahl expe due Dpossibiidades: combater a vilénaa com repressio (e, portanto, com mais volénca) os tentar evita scluconando problemas socials que, direta ou Indiretamante, geram violinaa. © fragmento de Suxandir Costa, por sua vee, sugare um ado de violence @ insinua que tenter combatéa com ‘epressio 6 "contnuarjogando o jogo Parcebe-se, asim, que 0 enundado dé certo diredonaments ‘quanto 20 panto de vista a ser assumido, Nao é limpossive, entretanto, que 0 aluno proponha combate & violénda com rapressio, desde que fundamente sua cpiniZo com bons argumentos, que no desrespettem os. Direitos Humanos € interessante, na elaborario do texto, que os alunos no repitam cartor lugares-oomuns © que evitem fazer genefaizactes, como afar que nao tna altemativa para pestoas empobracidas sendo a de tomarem criminasas, Vale também reforgar 2 crientaydo de qua 0 foco do taxto deve estar no ‘modo, na manera de $2 resolver 9 problema em puta 14 T eaeyie Esto LINGUA PORTUGUESA sess. Géneros narrativos Conforme aprendemos anteriormente, a narragio é uma ‘ipologia textual predominante em géneros textusis dessa natureza, Entre esses géneros, podemos ctar os romances, as novelas, os contos, as arénicas, as fébulas, 0s relatos, fos depoimentos. Também presenta natureza narrative diversas produgtes televisivas, come novelas e minisséries, @ cnematogréficas, como filmes e seriados. Neste médulo, vamos conhecer as caracteristicas de alguns géneros narratives e aprender a diferenca-les uns dos cutros. Vale observar que no é nossa intencSo apresentar tum estudo aprofundado desses géneros, mas apenas suas caracteristicas gerais, a fim de que vocé seja capaz de Feconhecé-los e produai-los sempre que for necessario. CONTO (Os contos diferenciam-se de outras narrativas mais extensas, como 0 romance © a novela, por serem textos condensados. Em um romance, hd, além do protagonists, diversas outras personagens coadjuvantes, as quais, multas vezes, vivenciam confitos secundérios que se desenrolam aralelamente a0 conflito central. Essas narratives podem focalizar longos periodos de tempo & incluir diferentes espagos. Um conto, por sua vez, apresenta poucas ersonagens, desenrola-se em tomo de um tinico confitoe, além disso, ocerre em tempo e espace bem-definides. Exceto pelas caracteristicas expliditadas, 0 contongo difere dos outros géneros narrativos mencionados. Apresenta Personagens, tempo, espago e um enredo que também se desenvolve em toro de um confito, Pode ser narrado em 12 oy em 3° pesos e estruturs-se em apresentaglo, complicacso, dimax e desfecho, Hi, nesse género, apreferénda por narrar dramas humanos de ordens diversas: social, existencial, compoctamental, psiquica, etc. £ muito comum, por exemplo, que o confit derive de uma incompstbilidade ou de um conironto entre (© mundo interior da perscnagem e @ realidade, Leia econto a seguir para conhecer melhor as caracteristicas desse género. Uma amizade sincera N30 é que ftssemos amigas de longa data. Conhecemo-nos ‘apenas no uitimo ano da escola. Desde esse momento estévamos juntos @ qualquer hora. Ha tanto tempo precisavamas de um amigo que nada havia que ngo conféssemos um 20 outvo. Chegamos um ponto de ‘amizade que ndo podiamos mais guardar um pensamento: Lm telefonava logo ao outro, marcano encontra imediata 17 A Depais da conversa, sentiamo-nos to contentes como se ros tuéssemos presenteado a nés mesmos. Esse estado de comunieacéo continua chegou a tal exaltacio que, no dia fem que nada tinhamos a nos confar, procurdyames com alguma aflcdo um assunto. Sé que o assunto havia de ser trave, pois em qualquer um no caberia a veeméncia de uma ssnceridade pela primeira vez experimentada Jd nese tempo apareceram os primeiros sinais de perturbacdo entre nés. As vezes um telefonava, encontrévamo-nos, e nada tinhamas a nos dizer. Eramos ‘muito jovens e nda sabiamos fear calados, De inicio, quando comecau 2 faltar assunto, tentamas comentar as pessoas. Mas bem sabiamos que j estavamos aduiterando o ricleo da amizade. Tentar falar sobre nassas matuas namoradas também estava fora de cogtagé, pols um homer na falava de seu amores. Experimentavamos ficar calados — mas tornévamo-nos inguletos logo depols de nos separarmos. Minha soliddo, na volta de tais encontros, era grande e frida, Cheguei @ ler livros apenas para poder falar deles. Mas uma ammizade sincera queria a sinceridade mais pura A procura desta, eu comeceva a me sentir vazio, Nossos encontrs eram cada vezmais decepeionantes. Minhe sincera pobreza revelava-se aos poucos. Também ele, eu sabla chegare ao impasse de si mesmo. Fol quando, tendo minha familia se mudado para Sido Paulo, e ele merand sozinho, pois sua familia era do Piaul, fa quando 0 convide! a morar em nosso apartament, que Feara sob a minha quarda. Que rebulica de alma. Raciantes, artumavamos nossos livros e discos, prepardvamos um ambiente perfelte para a amizade. Depois de tudo pronto — feis-nos dentra de casa, de braces abanando, mudos, chelas apenas de amizade. Queriames tanto salvar 9 outro, Amizade & matéria de salvacdo, ‘Mas todos os problemas 36 tinham sido tocados, todas as possiblidades estudadas, Tinhamos apenas essa coisa que haviamos procurado sedentos até ento enfm encontrado: uma amizade sincera. Unico modo, sabiamos, © com que amargor sabiamos, de sair da solidfo que um espirito tem ro carpe. Mas como se nos revelava sintética @ amizade. como se quséssemos espalhar em longo discurso um tufsme que uma palaura esgotaria. Nossa amizade era to insolivel como a soma de dols ndmeros: initil querer desenvolver para mais cde um momento 4 certeza de que dois © trés s40 cnco, EatoraBermout [46 eaGeag Modulo 17 “Tentamos organizar algumas farras no apartamento, mas jo 6 08 vizinhos reclamaram come nfo adiantou ‘Se 20 menos pudéssemos prestarfavores um ao outrs, Mas, ‘nem havia oportunidade, nem acrecitavamos em provas de lume amizade que delas néo precisava. 0 mals que podtarnos, Tazer era 0 que faziamos: saber que éramos amigos. © que jo bastava para encher os das, sebretudo aslongas férias, Data dessas férias © comeco da verdadeira aficdo. Ele, @ quem eu nada podia dar Sendo minha sinceridade, ale passou a ser uma ecusacSo de minhs pobreza. Além do mals, a soliddo de um ao lado do cutre, ouvindo musica ou lendo, era muito maior do que quando estdvamos sozinhos. E, mais que maior, incémoda Nao havia paz. indo depots cacia um para seu quarto, com alivio nem nos alhavamos, E yerdede que houye uma pausa no curso das coisas, uma trégua que nos deu mais esperangas do que em realidade caberia, Foi quando meu amigo teve uma pequena ‘questo com a Prefeltura. Ngo & que fosse grave, mas nés 4 tornamos para melhor usé-la. Porque entéo jé tnhamos caida na faclidade de prestar favores. Andel entusiasmado pelos escriterios de canhecids de minha familia, arranjando pistoi6es para meu amigo. E quando comegoua fase de selar ppapéis, corn por toda a cidade — posso dizer em consciénaa ‘gue nfo houve firma que se reconhecesse sem ser através ‘de minha mio. ‘Nessa época encentravamo-nes de noite em casa, exaustos «© animados: contavamos as facanhas do da, plane}évarnos fs atagues seguintes. NEo aprofunddvamos multo © que festaya sucedendo, bastaye que tudo Isso tyesse o cunho da amizade. Pensei compreender por que os noives se presentelam, por que o matido faz questio de dar conforto ‘A espose, ¢ esta prepara-the afanada o alimento, por que @ ime exagera nos culdados ao fiho. Fo, aliés, nesse perfodo ‘que, com algum sacrifcio, dei um pequeno broche de ouro Squela que é hoje minha mulher. 56 muito depois eu ia compreender que estar também é dar. Encerrada a questo com a Prefeltura — seja dito de ppassagem, com vitéria nossa — continuames um ao lado 130 outro, sem encontrar aquela palais que cederia a ima Cederia a alma? mas afinal de contas quem queria ceder a ‘alma? Ora essa Afinal 0 que queriamos? Nada. Estévamos fatigados, desiludidos. Apretexto de férias com minha familia, separamo-nos. Alas le também ia a0 Piaul. Um aperta de mio comovido foi 0 passa adeus no aeroports. Sabiamos que no nos veriamos mais, sero por acaso. Mals que Isso: que no querfaros os rever. E sabiamos também que érsmos amigos. Amigos ssnceros. LISPECTOR, Clarice. Uma amizade sincera, Fiidace ‘landestina. Ria de Janere: Roczn, 1998. CRONICA ‘Segundo tedricos que estudam 2 crénica, esse éum género de dificil definigzo. © termo remete a chronos que, em grego, significa ‘tempo". Essa relagio & comumente assocada 40 cardter efemero do género. A crénica nasceu nas jornals, Era um texto curto, feito para caber em um espaco pequeno de uma coluna, de caréter mais subjetivo, no qual se comentavam noticias € outros textos publicados na semana, Essa associacdo entre a crénica € 0 cotidiano € 0 que @ fez ser considerada tradicionalmente um texto efémero, datado, que percia parte do sentido quande lide fora de seu contexta original Nas Glbmas décadas, entretanto, a crénica ultrapassou ‘seu suporte tradicional. Autores reuniram textos publicados 220 Iengo de anos em livros. Compestas per um conjunto de textos breves, leves © comumente divertidos, fs quais podem ser lidos gradativamente ou aos mentes, a coletdneas de cronicas popularizeram-se entre os leitores, Esse movimento, do jomal para c livro, diversificou ainda mais a variedade de textos publicados sab essa designacéo. Pequenas narrativas, sempre relacionadas a trivialidades do dia a dia, © mesmo textos mais subjetivas de natureza arguentativa s8o ident ficades como crénicas. Devido a essa variedade, & diffcl definir com preciso 0 género, mas podemos entendé-lo como um texts jernalistico que se caracteriza pelo fato de, com seu estilo mais descontrafdo, situar-se entre © jernalismo @ a literatura, © que possibilita o uso de uma linquagem ou sentimental, ou emotiva, ou irénica. O cronista, em geral, parte de ‘acontecimentos cotdianos que permitem a reflexio ¢ 2 ‘exposigSo de tuma visio subjetiva ou critics, Ele se interessa pela infermagSo, mas, ciente da fugacidade da noticia, busca Ultrapassar os fatos em seu texto, [As crénicas narrativas apresentam os elementos comuns 45 narretivas em geral ~ personagens, tempo, espaco, narrador € enredo -, desenvolvem-se em toro de um cenflito e estruturam-se em apresentagio, complicacso, climax e desfecho. Ademais, podem ter 0 foco narrabvo em 1€ cu em 39 pessoa, Devidod brevidade que a caracteriza, a crénica apresenta enredos condensados, Tempo © espago costumam ser elementos secundérios, exceto quando censtituem o assunto 2 ser discutido, Os textos desse género possuem, ainda, poucas personagens ~ normalmente 56 os protagonistas © antagonistas — € um Unico conflito. Este se origina de trivialidades do cotidlano, e 0 objetivo do cronista é justamente propor uma reflex sobre elas. Na maicria das, vezes, © modo como 0 conflito é resolvido, o desfecho da narrativa, contribui para a construgge de sentido da reflexdio, que o crenista deseja expor. 16 | curio ene Géneros narrativos Lelaotexto a seguir para conhecer melhor as caracteristicas desse género. Teria eu colocado uma bomba no aviao? © fato aconteceu ha um més, mas s6 esta semana fiquel sabendo que eu fui confundida com um possivel terrerista prestes a explodirum avigo com mais de com pessoas dentro, Fol assim: 0 Filippelli meu velho (no bom sentido @ no cutro, também) amigo velo me visitar aqui na ilha. Depas de um belo fim de semana com vinho paraguaio (comprado. por ele), pegamos um véo para o Rio de Janeira. Nés dois. © vito fazia escala em Séo Paulo e eu no estava me sentindo bem durante @ viagem, Deve ter sido 0 vinho, Estava indo para o Pio para uma reuniéo, mas achei melhor descer em S80 Paulo, No estava nem um pouco disposto a discutir um contrato, naquele estado. Como levava apenas uma malinha de mao, desc, © vao seguiria em seguida. 58 que eu no avise: ninguém da companhia aérea \Vérios passageiros descem em Séo Paulo e outros embarcam. Fecham a porta € 0 avido néo sai do lugar. ‘As aeromogas (desculpe, comissérias de bordo) andando pra, de pra cd, contando um 2 um es passageiros. 0 Filppelli Jo se toca. Os passageiras comecam a ficar impacientes, atham nos relégios, Negocios a trater no Rio, dia uti © comandante conversa com a torre, com 2 companhia 3érea e, pelo alto-falante, d3 0 aviso-ordem: todos os passageiros devem descer. Todos. E as malas sergo retiradas de dentro do avido, a seronave vai ser revistada e todas as trolhas de méo deverdo descer também. Principio de quase panico la dentro. Uma bombal 56 ai que 0 Filippelli se toca ¢ fala com @ aeromoca (desculpe, de novo) Ela fala que s80 ordens da Policia Federal. Alguém desembarcou em Sao Paulo (com destino a0 Rio) © pode muito bem ter deixado uma bomba dentro da mala. © Filippelli vai até @ cabine. Esté 2 maior discusséo 14 dentro entre os rédios. Ele pede licenea (€ muito educado) e diz que sabe quem foi que desceu. Isso no importa (0 Filippelli 34 comecou a achar que 14 desceria algemado, ‘como ciimplice, suspeito e exilado nos ans 70. Foi quando 0 meu amigo resolveu dizer o meu nome € ~ ‘elizmente ~0 comandante ja havi lide alguma coisa minhe (como vai ler mais esta). Novas negaciaghes com a terre e 8 alicia, & empresa confirma o meu nome. Cem pessoas me xingam @ © véo parte para o Rio com 80 minutes de atraso. Estou contando este caso por dois motives: primeiro por ter desceberto que eles cuidam mesmo da seguranca dos seus passageiros. Viajarei mais tanguilo agora e prometo do descer mais antes do meu desting, para nde atrapalhar ce destino des outros. E, em segundo, para pedir desculpas 9 todas aquelas pessoas, An, 0 vOo era pela Gol. Desculpem la, E se 0 Filppelli no estivesse no véo, hein? PRATA, Miri, 0 Estado da. Paulo, 0S maio 2004. Hd tambem cronicas que misturam caracteristicas de outras tipologias textuas. A crénica argumentativa (ou cronica-comentério), por exemplo, contém elementos da narracdo, da descriglo, do didlogo € da dissertacao, Normalmente, & escrita em 19 pessoa e sua linguagem é simples e direta, Nesse tipo de crénica, 0 autor comenta sobre um fato relevante, de conhecimento geral, © propde reflexdes a respeito desse fato, Utilize informacdes e argumentos de naturezas diversas, ora mais cbjetvos, ora mais subjetvos, para expor sua avaliagSo pessoal do assunto de seu texto, Lela 0 texto a seauir, de Carlos Heitor Cony, que exerplifica esse tipo de crénica Assim caminha a humanidade Qualquer um de nés, em qualquer lugar ou situacso que se encontre, sentiré o grau de indignagao contra onda de escindslos que hé meses devasta a nacSo, onda nascda © sustentads por uma unanimidade rara na histéria de qualquer pais, Somente em casos de querras declaradas consegue-se tal e tamanho consenso: todos so contra a corrupcéo, todos acreditam que as préticas da nossa paitica chegaram ao nivel mais baixo. Nao sei por que, lembrei ainda hé pouco um comentario de Mussolini, o ditador que levou a Itdlia & wagédis. Um repérter inglés, quendo 0 regime fascista comecou a despencar, revelande os crimes e erros daquele perfedo nefasto, perguntou-the se era diffcl governar os italianos. Mussolini respendeu: "Nao é aifiell € ind” Mudando-se o contexto, pulando da [tdlia devastada pele guerra para oBrasilinvadido pelos delibios € valérios, indegamos uns aos outros se é dificl consertar @ vide publica nacional, colacando-a nos trilhos da decénciae da eficénca ‘A resposta poderia ser a mesma de Mussolini: nSo € dic. E inti, Pode parecer pessimismo da parte do cronista-€ mesmo, Tal como se pratica = politica, ¢ nfo apenas noBrasil ‘mas em todos os paises, @ deste a mais remota antiguidede, a corrupele é o dleo viscaso e nauseabundo que lubrifica 08 lindros da méquina oficial, fazendo-a funcionar, as vezes surpreendentemente bem, &s vezes rateando e pifando. Sem éleo, nada funcone, Evidente que a constatagio chega a ser repugnante, mas assim é, assim sempre fol Joga-se a0 mar alguns culpados, os mais evidentes. Poupa-se outros e todos se salvam, Assim caminha a humanidade CCOWY, Carlos Heitor. Assim caminha 2 humanidade Fratna de S, Paulo, 27 set, 2005, Disponivel em: , Avesso em: 02 abr. 2030, Editora Bernoulli | 7 eaGeag Modulo 17 DEPOIMENTO 0 depoimento é um texto cujo assunto esta voltado para uma experiéncia pessoal de seu autor, que narra um episédio mareante de sua vida, expondo uma visie singular dos acantecimentos. Diferentemente das narrativas de carter Ficaonal, © depaimente normalmente narra fatos veridicos, vivenciados pelo autor. Esses textos so, portanto, sempre escritos em 18 pessoa do singular e sualinquagem apresents marcas de subjetvidade Além disso, um depoimento deve apresentar as pessoas envolvidas no aconteamento narrado, 0 tempo eo lugar fem que ele ocorreu.. No hd a necessidade de se criar um canfito, coma nas narrativas fesonais Lela um treche do depaimento de um cenhecio marader do barroSanta Tereza sobre algumasdesuas vivendasnacdadede Belo Horizonte. Localidades Belo Horizonte Sobre 0 edifcio Levy Eu ful morar ne Levy, putz da cidade era completamente diferente do que & hoje. 0 centro da cidade era mais movimentado do que o bairro, evidentemente, mas no tinha aquela quantidade de cerros. As pessaas se conhecam como se fosse um balrro até, um grande baira. & tinha os edifices. A gente foi rmorar no edifcio Levy € Id eu conhes vérias pessoas, eu tive varios amigos Id, © Marco e 0 Miguel, que eram cols, ceras, un deles falou comigo que Papal Noe! ndo exista Eu fiquel na maior bronca com 0 cars. Porque eu descobri po edifice Levy que 0 Papai Noel nao existia, cara, essa eu. go perdoe! ele durante multos anos, entendeu? "é seu pal ‘que compra tudo, sue mae que di tudo, no exlste Papal Noel." voce vé que naquele époce, 95, o cara de dez anos de Idade acreditava em Papal Noel. P6, & um negédo incrvel Eo Centra era muito louco, porque a gente tnha todas 2s colsas. A cidade, por exemplo, as drvores eram todas, ‘rutiferas; 0 centro da cidade, com pé de manga, pé de Jambo € tnha algumas casas meio abandonadas que a gente invadia. Aturma que a gente consti ld, nosses amigos do centro da adade, da minha fatxa de dade, dez anos de idade | gente ficava brincando de entrar em Cinema, descobrir entradas secretas pros cnemas da cidade, entendeu, 1550 era uma coisa assim, demais, era muita bom, porque @ ‘gente essistia vérios fimes, a gente entrava nas cines. © Cine Tamoias a gente entrava pela loja Id do Canto, que atravessava uns telhados, no sel 0 que |, Comesamos a sair no banhelro das mulheres do Cinema, sabe? ‘Agente tinha vérias entradas secretas pra vérios cinemas; {2 gente era rato de cidade, andar assim em cima de telhados...; a gente gostava muito de descobnr entradas secretas pra cinemas e nessa época ja rolava @ historia {do \loldo também, j4 rolava a histéria do Volo, que era uma coisa que fazia parte Depoimanta de Salome Borges Filho (Lé Borges). Belo Horizonte, MG, bairro de Santa Tereza, com 10 anas. 0 centro Disponivel em: Acesso em: 02 abr. 2030, TOMENOTA a ‘Aiguns autores utlizam @ nome "relato” para 26 refenrem a textos om caracteristcas semelhartes as dos \depaimentos, ou sea, que sdo escritos em 18 cu em 3° pessoae que narram, aparorde uma perspectva pessoal, contents que erwalverarn o autor SBorecorentes, Portanto, as propostas ce redacSo que salctam a escrta Se um relato,casoem que deverd sar produzidoum texto com csractersticas anlogas 4s dos depomentos, exceto pelo fata de que & possvel 0 foco em 38 pessoa FABULA AAs fébulas so narratives curtas, cujas personagens normalmente s80 animeis © / ou objetos personificados, nas quais se relata uma histéria de fundo moralizante, Tal como autrasnarrativas fccionass, apresentam personagens, ‘tempo e espaco, embora esses das iltimas elementos se)am ccostumeiramente definidos de modo vago, 36 que 0 objebv0 da fébula € expor uma moral universaimente valida. Alinguagem desse género é metaférica, @ 0 mais comum 6 que os textos sejam narradas cam foco em 3# pessoa. Leia a sequir um trecho em que o linguists Marcos Sano coments algumas caracteristicas das fabulas. Fabulas fabulosas tabula € um génerolterério muito antigo que se encontra fem praticamente todas as eulturas humanas e em todos os perfodos histéricos. Este carster universal da fibula se deve, sem duiida, & sua ligacfo musto Inuma com a sabedoria Popular. De fato, a fébula é ume pequens nerrativa que Serve para ilustraralgum vidio au alguma virtude, e termina Invarievelmente com uma ligfo de moral. ALE hoje, quando terminamos de contar um caso ou algum acontecmento interessante ou cunioso, & comum anuncarmosa final de nossa rarrativa dizendo: "moral da histria".. Pos € justamente da tradigo das fébulas que nos vern esse habito de querer buscar Uma explicagio ou uma causa para as coisas que acontecer fem nossa vida ou na vida dos outros, ou de tentar rar datas jalgum ensinamento Ut, alguma icBo prétca re ‘grande malonia das fébulas tem como personagens animals ou ctaturesimaainanas (ciaturas fbuosss), que representa, de forma alegérica, os tragos de cardter(negativose positives) dos seres hurnanos, Os gregos chamavam a fébula de apciogo, esta palavra também costurna ser usada para designar uma ppequena narrativa que encerra uma liggo ce moral. A palavra Jlauna fébula deriva do verbo fabulare,"conversar, nara 0 que mostra que a fébula tem sua otigern na vedo oral ~ ads, da palavra latina fabula que ver 0 substantive portugués fale" © 0 verbo “fale”, £ muto provével que as fébulas que chegaram até nés por melo da escrita tenham existido durante must tempo como narratvas Tadiconals orals, © que faz lesse génera remantar a estigios muito arcaicas da culizacso humana, As fibulas deve ter sido usadas com abjetivos Carammente pedeasoicos: @ pequens nerrativa exemplar servita como instrumento de aprendizagem, fixacko e memorizacko dos valores marais do grupo social. BAGNO, Marcos, Disponivel em: chttp/worw tvebrasi ‘com br/salto belesnezou2de vats nam “Acess0 em: 02 abr, 2016, TQ | cnertoenuce Géneros narrativos Leia, também, um texto desse género para conhecer melhor suas caracteristicas, ‘lebre ea tartaraga ‘A lebre estava se vangloniando de sua rapide2, perante os outros animais: = Nunes perco de ninguém. Desafi @ todos agui a tomarem parte numa corrida comigo, ~ Acelto 0 desarol, disse a tartaruga calmamente ~ Isto parece brincadelra. Pederia dangar 4 sua volta, por todo 0 caminho, responceu a lebre ~ Guarde sua presuncéo até ver quem gana, recomendou a tartaruga ‘A.um sinal dado pelos outros animals, as duas partram ‘Alebre sait a toda velacidade, Mais aiante, para demanatrar seu desprezo pela rival, deltou-se e tirou uma soneca. ‘A tartaruga continuou avancando, com muita perseverance Quando @ lebre acordau, viu-e 38 pertnho do ponto final € no teve tempo de correr, para chegar pnimeiro. Moral: Com perseveranga, tudo se alcanca ESOPO. Disponivel em: ‘Acesso.em: 17 mar, 2012, Narrativa concentrada, | Narrativa concentrada, | Texto que rene carac- | Narrativa. em que se | Narrativa breve, que limitada. eo essencial, | limitada. ao essencial, | tristcas de diferentes |relatam fatos reais, | tem como personagens com numero reduzids | com numero. reduzias | tipolagas textuals, | vividos pelo narrador, « [animals © objetos Se personagens € espaco | de personagens, tempo [como narracgo, | que aborda as razdes & | personificados © cUjo Bem-definida; embora | e espago bem-cetiidos; |argumentagd, | gs consequéndas desses | Qbjeuvo ¢ tanamitr ume 2 narrativa.seja breve, | slem de a narratva ser | exposicgo. fates moral, urn ensinamente Podem ser narradaé | breve, costumam ser stérias que se passam | narradas estorias que fem longos lapsos. Se basse em lapsos Fedtiados, ‘Aborda, de forma artistes, | Tem como ponto de | Tem como ponto de | Tem intencio pedeasaca, | Apresenta uma histina prineipalmente confiltos | partida fatos wivlals e | parade fatos cotcianos | ousela, deve ser ertendids | exemplar, de carater Be ardem psicslogies, | esudancs, muta vezes | Guctldassonctiava | eoma um exemple cuje | moraleanté e peceaaca Que derivam de ums | colhidos no nonclario | jomalistico, os quals | objetyo € alert preven. Incempaubilidade entre | jornalisco, o enredo da | $40 analsados a Berar | ouinfarmaroleitor sobre 0 mundo interior da | narratvaeconfiguredo de | de uma perspeciiva | assunto abordado, Bersonagem ea realidade | moco a conduat 0 feltor | Subjedva Groundane 2 uma reflexzo sobre © ssunto da cronica OU Sus desdabramentos, ‘Apresenta os elementos | Apresenta os elementos |Apresenta, além | Apresenta os elementos | Apresenta os elementos e'a estutura basica da |e a estutura basa da |dos fatos, o|bssicos de narretiva. |e a estutura basca ds harrativa: sequénda de | narrative: sequencia | posicionamento do} sequencia de. fatos, | narrativa: personagens, tos personagens, tempo | de fatos, personagens, | ronista acerca do| pessoas, tempo | tempo e espago ¢ eespago e desemaliense | tempo e espago ¢ | assuntoem quests, |espago,” mas. nem | desenvolve-ce em toro em tofno de um unico | desenvelve-se em tomo Sempre hg Um confite | de um confit. Confito, multas yezes de | de uin Unica canta, na evidenciedo, ordem existencal malona das vezes de (Orden do catclaro, Pode sernarradoem 1° au | Pode ser narrada em 1@ | Pade ser esarta em 1 | Enarrado em 1 pessoa | Novmalmente, @narrada fem 3° pessoa tem 32 pessoa ‘ue 32 pessoa, mas fm 39 pessos © mals comum € ae SelUse a 1 pessoa, Linguagem crativa © [Lnauaaem cnativa @ [Unauaaem cratva,[Unauager denolatva, |Unauagem Saurada = ESrregada’ de lirlsme, | eatregada de humor e | esm o padrdo cite aa |e pela influencla da | culto formal ou informal de acardo com o pada | Ironia, e de acorda com | lingua eraidade. da lingua fulto formal ou informal | o pad'do culto formal ou 3 lingua. Informal da lingua Fredominam,namalmente, | Predominam, normal- [Predominam verbos | Predaminam verbos no | Nostechos quepertencem fo dscurso do nattadar, | mente, no discurso [no presente do | preterita perfelto e no | 20 narader, precamfam erbos nopretentoperfete | do narcador, verbos | Incicatvo eem outros | presente do indcativo. | os verbos no preterito E:pretento Imperfeito do | no preterito perfelto e | tempos proprios do erfelto € Imperfelto do infiesive preférito Imperfelto do | srgumentar Frdteative; na fala: das Midieatvo Personagens, © presente Se incieaavo: eaGeag Modulo 17 EXERCICIOS DE FIXACAO o1. 02. (URV-44G-2009) Lela a entrevista a seguir, realizada com Lum candidato 2 prefelto da cidade de Patépolls: PATOPOLIS ~ © candidato Prefeltura de Patépolis pelo FMERC, Paulo Petavina, fol 0 segundo a participar a serie de entrevistas promovide pela TV Patépolis, na Jornal ce Patdpais Patavina & patopolino, tem 57 anos, é historiador com mestrado em Ciéncia e atua como professor nna Universidade Federal de Patdpolis hé 24 anos, Foi fundadr #0 segundo vice-presidente regal do Partido dos Laboristas (PLab), mas se desflicu anos depos, Paulo Patavina jd fol candidate a Deputado Estadual e a ‘Senacior, mas ainda nfo havia sido candidato 2 prefelto de Fatspols. Plataforma de propostas Representante da frente socialista de esquerda nestas eleicdes municpais, 0 candidate do PMERC esclareceu © motivo pelo qual esté concorrendo a0 cargo. “Esse no € um projeto individual, Sou candidato de uma frente socialista, e nés representamas uma nova cara para Patopolis. Nosso ciferencial € governar a partir da perspectiva dos mais pobres’; afirmou Na rea da ecucacdo, Petavina destacou a importéncia de melhores salérios para os professores. "O professor sabe que esté na ponta do process, por Isso, queremos melhorar @ questdo salarial da classe. Em nenhum lugar do mundi a eciucacSo ¢ sacerdisao, ninguém faz eaucacso cde qualidade com salérios balxos", deciarou, Para a sade, o candldato afrmou que os nvestimentos malores serdo destinados a ages preventvas. “Diferente dos outros candidates, nes ireros trabalhar com a satide preventiva, e no somente curatva. Sai mals arate para o muriciio evitar que as pessoas adzegam, isso € possvel através de educago ambiental nas escdlas” ‘A resposta sobre Wansporte na cidade velo répide deta, *O tnstto ern Patdpalis um caos. Para melhorar a ‘stuagdo, pretendemos trar os carres de crculagdo de forma Compulséria, como fol feito em Sdo Paulo, Alguns das da semana sero escolhidos para abliro uso dos carros. sida ser ciar transportes de masse’; detalnou o cancdsto. “Patépolis precsa de uma pesquisa profunda pars saber tonde moram es ricas e onde moram os pabres. Nas zonas pobres, nfo tem 4qua encanada, no tem nem mesmo pragas. Nés vamos reverter esse processo" - cond, Dispenivel em: cht: /portalam azoniaglcbo.com /notias. hpiidN=71205>. Acesso em: 26 ago. 2008 (Adaptardo). PRODUZA um depolmento, entre 20 € 25 linhas, 2 ser publicado no site oficial da campanha do cand.dato, regpondendo & seguinte pergunta: "Por que voce votaria fem Paulo Patavina pare prefeito de sus cidade?" (GEG-GO-2010) No momento atuel, muito se ouve falar fem comissées para avaliar a ética e amoral dos homens nos Trés Poderes do Brasil. Entretanto, a observaco de comportamentos individuals, como a desconsideragao do ura da sociedace na vida, reforca a teae de que omals importante é “levar vantagern em tudo Entram em cena, tendo, os "mods de navegacdo social” conheados como © "jeltnho" € 0 “sabe com quem esté falando?". Sobre esse assunto, ela atentamente os textos apresentados nia coleténea 2 seguir. Texto I No Brasil entre @ "pode" e 0 "no pode”, encontramos um "yeito", ou seja, uma forma de conclliar tadas os interesses, enando uma rlacio aceitdvel entre sdicitante, furciondrie-autondade ell -riversal-Geraimente, isso se dé quando asmotivagBesprofundas de embasas partes so conheadas; ouimed.atamente, quanda ambos descobrem umelaem comum banal torcerpelomesmotime) ou especial, (umamigocomum, uma nsttssf0pela qual ambospassaram 0 0 fato de se ter nascide na mesma cidade). A verdade € que a invocagao de relacio pessoal, da regionaldade, do costo, da rellgdo e de outros fatores externas aquela situacde poderé provacar uma resolucSo satlsfatéria fu menos injusta, Essa € 2 forma pica do “Jelunho" Ume de suas primeiras regras € nfo usar 0 efgumento ‘gualmente autoritirio, o que também pode ocorres, mas que leva a um referco da mS vontade do funconsito. De fto, cuando se deseja ublizar o argumento da autoridade contra © funciongr9, 0 jetinho é um ato de ferca que no Bras & conhecido come 0 *Sabe com quem ests falando?", em que no se busca uma igualdace simpatica ou uma relacso continua com 0 agente da lal ards do balcZo, mas uma hlerarquizacdo inapelével entre a usuario © 0 atendente (De modo que, dante do "no pode” do funcionério,, tencontra-se um "no pace do nfo pode" feito pela invocaco do “Sabe com quem esté falando?”. De qualquer modo, Um “eto” foi dado, "Jelnnho” e "Voce sabe com quem std falando?” s80 os dois pélos de uma mesma sitiaga. Um é um mode harmenioso de resolver a dsputa; © outro, tum modo confituoso e direto de realizar a mesma coisa (© “Jeitinho" tem muito de cantade, de harmonizagio de Interesses opostos, tal come quando uma mulher enconiza um homem e ambos, interessados num encontro foméntico, devem d\soutr a forma que o encontro dever assumir. © "Sabe com quem esta falando?", por seu lado, afrma um esblo em que a autoridade é reafrmads, mas am a indicagdo de que o sistema é escalonad endo ter uma finaidade muto certa ou predsa. Hé sempre outra autoridede, ainda mais alta, a quem se poders recorrer assim as cartas sto langades. DA MATTA, Roberta, © modo de navagosSo socal ‘a malandragem a 0 "eitnhe”. 0 que faz 0 brasil, ras? Ric de Janeiro: Rocco, 1964. p. 78-99 (Adagtacio), Texto IT Na minha mente, ética esté intmamente ligada a0 cardter, Entretanto, vejo alguns politicos, empressrios, profissionais liberals, empregades, cidados do povo, falando continuamente em ética, sem, contudo, avaliar préario comportamente € conduta dante da sociedade. Tenho presenciado alguns nobres colegas advogados, por exemple, que atendem seus clientes orientando 0s mesmos "como se eles somente uvessem areitos fe mals direitos”, Isso € ético? No deveriamos nds, em nome da Lei # da Justica que defendemos, conceder o esclarecmento para os clientes, fazendo lemibrar que existe multas deveres também e que o prindpal ndo é Jevar ventagem em tudo, mas que a ordem, @ justica © equlibrio se estabelecam nas relactes? Se fizessemos uma andlise sobre o comportamento de homem, poderiamos afrmar “que cada um vive para si mesma" ANDREATTA, Marsa F Disponivel em: chtp:/wwrendivdade com tr ‘cesso am 24 set. 2009 (Adaptag80) 20 T eaeyae esto Géneros narrativos Texto IIL Em um ponto qualquer da praia de Copacabana, © onibus para, saltam dois rapazes e uma mora, (© senhor de idade sobe e inadvertidamente pasa 0 pé de Lm sujeito de meia idade, rebusto, muito satsteita ‘com a sua pessoa. O senhor vra-ce e 1a pedr desaupas, quando 0 tal sujeta the dz quase artande: ~ No sabe conde pisa, seu calhorda? © serhor de Idade nfo contava com aquela brutalidade e fica surpreso, O outro carregs pa mlo, acrescentandor ~ Imbsoi) ReacSo Inesperada do ssenhor de idade, que responde: — Imbeol # 9 sua mie! Enquanto isso, todos os passageiros do Gnious sentem que val carrer qualquer coisa, provavelmente 6 desafero.g0ss0, ‘mas, quem sabe? Talvezumasboas tapenas...Dlante doutraye arado & genitora, o sujeto sufidente, em vez des teponas {que amaioria dos passageiros esperava, cu de purer da face ‘ou revelver,pergunta Indignado ao senhor de idade: - Sabe camquemestéfaland? Mas o Serer de dace ndo eraniada ‘Sopa eretrucou! ~ Estau flanco comumnhorrem parece... ~ Esti falando carmumdbelegach! O senfer esti presol ~ Isso que varres ver! O sujelto seria mesmo um celegado? Era a ppergunta que todas os passageiros se faziam. A deles, feral E resultado: a delegado voltou-se para o motorista & ‘ordenou: ~ Entre pela Rua Siquerra Carrpes e varras para © dstritol Os passageiros ficaram aborrecdissimos com ‘aquela brusca mudanga de itrerdrie, mas no protestaram, (0 Gribus para & porta da delegaca, salta 0 serhor ce idade, salta 0 delegaco, e este fala ao sertnela: - Leve preso este sujet por desacato d autoidade! Nisto © senhor de idade ura a caderneta de denbficac3o e diz a0 saldad: - Busou (general, Prenda este atrevico! O general vata a0 énibus, ‘comands aomotorista: ~ varros embora! Omotorsta "psa" (Os passageros do énibus batern palmas. BANDEIRA, Manual Sabe com quem esta falando? oosa completa @ prosa. Rio de Jano: Nova Aguiar, 1990. p, 672-674 (AdaptagSo) Texto 1V © concelto de ética publica € recente, Nos EUA, © primeiro conselno de ética surgiu com John Kennedy. Depois, Lyndon Johnson langou uma norma chamada de ata de percepsie, que definia que a autaridade publica do precisa apenas ser correta, tem de parecer correta Isso inspira confianca e respeits, Quando urna autoridade serve a dais chapéus, o publica fies em divida sobre @ gual chapéu ela ests servindo 20 tomer determinads Geoisto. Ha um autor, Otévio de Faria, que em 1931 lescreveu que multos de nés aprendemos a transgrecir 34 no colégio com @ cola. ainda cnancas, aprendemos ‘como enganar e burlar a ll. Mas também aprendemos ‘como nos desculpar quando pegos. & hd un pensamenta ‘que eu acho simbdlico: "Se tados fazem, ndo $6 pode ‘como tem de fazer. E tolo quem, podendo se aproveitar, no faz.” Portanto, esse ¢ um problems da prépria Sociedade, Se voc! estiver em uma estrada viejendo fem uma velocdade maxima e houver um sujeito atras ‘mais rapido, querendo ultrapassé-lo, voce se sente um Imbecil. Quem anda dentro da lei hoje € considerado um Imbeci, Essa leniéncia com desvios, com transgressdes, comecando com as pequenas, como jogar papel na rua, furar 0 sinal vermetho, dar uma "eerveyinha” a0 quarda ‘Que quer multar,€ algo que permela a sociedade. MOREIRA, Marcio Marques. Escasser de tica Veja, So Paul, 19 mar. 2008. p. 11-24 (Adaptacso) Texto V 0 dia em questo era Quarta-Feira de Cinzas 0 ex-Comandante do Exércite, General Francisco de Albuquerque fazia viagem particular com sua mulher para Brasilia. Ao chegar ao Aereporto de Vracopas (Campinas), descobriu que 0 v6o da TAM estava lotado. O General disse ‘empresa que deveriaretrar dots passagetrs para que ele © a esp0se pucessem embarcar, Afrmau que, se Isto NBO ‘osse feito, 0 vio nfo decelaria. Um funcondrio da TAM recusou-se a cumprir a ordem, alegando que no paderia ‘ratar 0 comandante de manera diferente dos demals passageiras. 0 General procurou o DAC (atusl ANAC) € deu fordens para que 2 situacfo fosse resclvida. Funcionérios dda TAM ofereceram, enta9, RS 300,00 a0s passageiros ara que delxassem 0 aviso, mas ninguém aceltou ‘Dosaber que 0 aviao stave em procedimento de decclagern, ‘com as portasfechadase texiando na pista, ofiscal do DAC fordenou d torre de controle que a aeronave fesse parada, Disse que a empresa ngo tnha embarcada um “oftal de alta patente do Exército Brasileira’ © fiscal ardenou que ‘duas pessoas fossemn retiradas para dar lugar 20 oficial ‘A stuago somente fol resavida aps a TAM aumentar @ oferta para R$ 500,00, quendo, enfin, surgram voluntério, ‘Apts 2 partida do vo, 0 fiscal do DAC € uin supervisor dd Infraero foram procurar 0 funcionério da TAM que & estrangeiro e passaram a ameagé-lo, afrmando que 0 General poder Interferr para que seu visto no fosse renovado, Os dois chegaram a dlzer que nam prendé-o, CCONSULTOR JURIDICO, MPF move ago contra Genera que dou cartairada em aeroport Dieponivel em: cht: /wwe-conjur.com.br/2007=392-05; {genoral_interrompeu_docolagom_aviso_processada> ‘Acessa em: 21 set. 2008 (AdagtagBo), Texto VI ‘ARecelta Federal e o Ministéno Publico Federal do Rio ‘Grande do Sulnvestigam o desemibarque de 64 conttineres carregados com cerca de 1 200 toneladas de lixo nos portos de Alo Grande (RS) € Santas (SP). 0 lote de lio Yelo da Inglaterra fol enviado ireguiarmente ao asl, conforme 2 incestaagZo. Segunda o auditor Ralf Abe}, chef substituto da seco de viglancia do controle da alfindega de Rio Grande, tata-se de esquema similar 20 usado pela ‘mafia italiana, que ervia xo para paises afficanos. Acarga deveria ser de polimera de etleno e de residuos plastics, {que deveriam er usados na incistia de reciclagem No entanto, além disso, havia papel, pllhas, serngas, banheiros quimicos, cartelas vazias de remédlos, camisinhas, fraldas, tecido e couro, dentre outros, (© gue chamou a atengS0 € que em um das contineres havie um tonel com brinquedos onde estava escrito: “Por favor: entvegue esses brinquedos para as crlangas pobres do Bras. Lavar antes de usar” Gnca empresas brasileiras importaram o lixo, apuraram a Receita € 0 Ibama. Cada uma fol muitada em R$ 408 mil Flas tém de enviar 2 carga de volta para a Inclaterra Seginde 0 chefe do escritirio do Ibama em Rio Grande, Sancro Klippel, as empresas infingram Convengao de Baslela ~ que regula o transporte de residuos perigosos ~ 2 resolugso 23 do Conama (Conseiho Nacional de Melo Amblente). As empresas nfo tinham autorizacSo do Ibam= pera importar polimero de ebleno, "Tudo Indica que elas tentaram enganer as autoridades também da Inglaterra.” BENITES, Afonso; ROCHA, Gracliano. Empresa inslesa nut lote de lxo tixic para o Brasil. Flha de S. Paulo, ‘So Paulo, 30 jun, 2009 (AdaptazSo). Eatorsbervoali | 94 Méduto 17 com bese na leltura da coleténea, ESCOLMA uma das trés propostas de construcio textual (dissertacgo, nnerracSo ou carta argumentativa) dadas @ seguir para redigir um texto, procurando discutir @ seguinte questio-tema: Sob 0 ponto de viste da étca, da moral © do coletvo, que avaliagdo pode ser feita sobre os modes, de navegagso social: "Sabe com quem esté falanco?” eelbnno'? Dissertacao ‘Amparado pele leltura dos textos de coleténea e sinds pela sus visio de mundo, ELABORE uma dissertacso, imaginando que est eserevendo um artigo de opinigo para ur Jornal ou ume revista, Lembre-se de que o artigo de opinigo deve apresentar argumentos para convencer os eltores sobre a vaidade de um determinade ponte de vista acerca do assunto em questo, Nesse caso, exponha no artiga sue opinige sobre a viclagSo de leis e condutas com base nos modes de navegagio social referidos no tema deste exerdelo Narracao Em sentido atual, eréniea é uma narrativa que se caracteriza por basear-se em consideragdes do cromvsta a respeito de fatos correntes ¢ marcantes do cotidlana. Em twine desses fatos, o cronista emite uma visdo subjetva, pessoal ou critica. Tendo em vista essa definiglo de cronica, Imagine a seguinte sttuacdo: Em uma manhi ensolarada, de muito calor, yocé tem de enfrentar uma enorme fla para pagar uma compra fem um supermercado, Nessa fla, esto pessoas nas mesmas condigdes de espera, ou sej2, com presea para atender compromissos. De repente, uma pessea tenta furar"a fia, alegando que esté atrasada e precisa passar, 8 frente de todas. ESCREVA ums narrativa em 18 pessoa, nero crénica, usando a sequinte forma de composigio precominante: narracde com exposicao e didlogo. DE um final inesperade para o canflito e no se lesqueca de relacionar sua histéria com o tema deste dentro do Carta argumentativa Considerando as informagbes expostas no texto V1, imagine que vocé é um funcionério do Ibama e. nessa condicdo, fol designado a redigir uma carta argumentativa para ser anexada ao termo de develucio do llx0 envlado ao Brasil ilegalmente. Em sua carta, voce deve apresentar 0 seu ponto de vista e 0 da Instituica que representa sobre 0 episédio em questo, Nao se esqueca de relacionar a sue argumentaggo com 0s modes de navegacdo social abordados no tena deste exercidto. 03. (UFPR-2020) Araposae as uvas Monteiro Lobato Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer var Agua 8 boca, as to altos que nem pulando, (© matrero bicho torceu o focinhe. ~ Estilo verdes ~ murmurau, ~ Uvas verdes, $6 para cacharro, E fob-se Nisto dou © vento e uma folha cal A rapesa ouvinde @ barulhinho voltou depressa © pés-se a farejar Moral: Quem desdenha quer comprar: © texto anterior ¢ uma fébula - uma narrativa de fundo didético, em que os animals simbolizam um. aspecto ou qualidade do ser humano. NARRE uma Fistérie da vida moderna que seja a trensposicgo dessa fébula, Seu texto deve ter personagens humanos, € a narracio podera ser em 12 ou 3® pessoa (vocé escolne). Bo ultrapasse o limite de 10 linhas. EXERCICIOS PROPOSTOS (FUVEST:5P-2010 / Adaptado) Instrugao: Texto pars as questies de O1 = OS. DEIN EU YER 0 GUE YOCE DESENIOU PARA 8 NULA DE ARTES, SUSIE? BEM, UMA COMPORTADA PAISAGEM DOMESTICA, UWA, ‘ASA COM OM JARO FLORIDO. “WPCAMENTE FEMA. Bill Watterson, Calvin @ Harolde: Yukon Ho! 22 T eaeyie Esto Géneros narrativos o1. 02. 03. ‘Ao afrmar "No é de se espantar que os homens € que rmudam © mundo!" (terceiro quadrinho), a personage exprime |A) uma opiniga coinddente entre homens e mulheres sobre as mudancas pelas quais © mundo passa §8)_um julzode valor cujo sentido inusitado e surpreendente se Fevela na ultma fala do texto. ©) uma avaliacio sobre os verdadeiras agentes da ‘evolugdo e das transformagbes do mundo. D) uma convicedo acerca de uma idela geral que predoming nas demals falas presentes no texto. ) um pensamento desfavorével 4s attudes exclusivas dos homens diante das tragédlas mundials. (0s termos sublinhados em ‘As garotas pensam pequenae ‘se preocupam cor detalhezinhos. Mas osmeninos pensar grande!" (terceiro quadrinho) foram empregades fora da fungéo propria de adjetvos, o que também acorre em: '8) Era pequeno em tamanho, entretanto grande nas antudes, 2) “Fequenas empresas, grandes negécios” é o lema do rojeto. C)_Conservem-se os pequenos 8 frente © os grandes logo p05. ) Fazia-se pequeno diante daquele grande empresério ingles. ) Pequenos e grandes acidentes so narrados naquele programa, caso seja adaptado a norma ascrita culta,o inicio da fala do primeiro quadrinho seré alterado para: A) Deixe-me ver fo] D) Deixe eu ver f..] B) Deixa que eu veja[.J &) Debraseme ver [..] ©) Deixa-me ver [1 (PUveST-S?-2010) Instrucdo: Texto para as questbws de 04 a O7. Linha de impasse Linha de passe, de Walter Salles € Daniela Thomas, ccumpre a fungio eparente de lembrar a0 topo da piramide® como sobrevive (?) a base metropolitana* dos brasieiros. Dado 0 tamanho da desiqualdade entre osestratos? no Brasil, quem habita as esferas superiores pode no saber © que se passa a poucos metros de sua ‘casa, Os condominios fechados, os muros eletrificados e (8 carros blindadas encerram a classe média alta numa bolha cula érbite mental est mals perto de Miami do que cdo Capo Recondo, Daf 0 efeito documental da pelicula. A ficcSo soa t80 verdadeira que poderia ser um conjunto de depoimentos sobre o cotidiano na perifenia de S80 Paulo, © resumo das experlénciasrelatadas é simples: qualquer ‘que seje 0 caminho tentado, para quem teve a "md sorte” de nascer pobre, ¢ impassivel escapar de umn circulo de violénaa e humithagio, © mrotoboy, apesar de correr riscos absurdos para aumentar a produtvidede, nfo gana o suficente pars as necessidadles da familia ¢ opta pelo cime, 0 evengtlica ‘que adota rigoresa conduta #tca ndo consegue manta 04, 0s. 06. 07. emmeiogos assltos¢ ao arbitroparenal.Oatletapromissor go pode seguir a carreira porque o sistem de selecdo ¢ corrupta, © pequeno aprendiz de motorsta salem missio suidde porque no eguenta a desegregecfo da familia ‘A mie batalhadora © honesta, mas prestes a ficar desempregada, termina a fita em meio as dores de um arto desesperangado, Porém, pera ald das vicissitudes de cada witha escolhida, 0 filme desenha os tragos de um fracasso do conjunta da saciedade. A crescente exasperacio que toma conta do roteire, & medide que os personagens so detidos por uma invisivel barreira que os Impede de encontrar melhor destino, reflete um pais de feigdes horrive's, ‘Ao relegar a maloria de seus membros a relacdes permanentemente brutals ¢ desumanas, ele se constitu em um exemplo de antiavllizacdo. SINGER, André. Folia de S, Paulo, 10 set. 2008 (AdaptacSo). Segundo © autor, o filme Linha de pesse |A) pretendle ser um documentério que tem a fnalidade ‘de fazer os cas Saberem como viver os meals pobres. B) exple @ Incapacidade da sociedade brasileira de ‘oferecer oportunidade para todas as classes socials. ©) alerta a cemada maisrica da sociedade sobre os iscos ‘que corre por causa das inustigas sodas ) relaciona 0 destino de algumas personagens de ‘camads mais pobre com a falta de sorte E)_mosire a desigualdade social como consequéncia do

Você também pode gostar