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A ORAÇÃO DE JABEZ:

UMA ESTRATÉGIA REVOLUCIONÁRIA SOBRE COMO FALAR COM DEUS

INTRODUÇÃO

1 Crônicas 4 é um capítulo dedicado à genealogia de Judá, filho de Jacó, que deu origem à tribo dos
monarcas do reino do Sul. Nome após nome são listados ali, até que chegamos ao versículo 9. O autor
interrompe a lista de nomes, traça o perfil de um personagem e apresenta uma oração pronunciada por ele.

“Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com dores
o dei à luz.” (1 Crônicas 4:9)

Em uma lista ininterrupta de nomes, Jabez merece menção especial. Somente ele. O texto afirma que
Jabez era mais ilustre que seus irmãos. Em outras palavras, era um destaque, o mais notável da família. Era
impossível não interromper a descrição da árvore genealógica de Judá. Era preciso parar para falar sobre Jabez.

Mas, que credenciais ele tinha para ser tão acima da média? A sequência do versículo 9 não traz
informações animadoras: O significado do nome Jabez é dor. Imagine alguém que se chama Dor! Ou mais
literalmente traduzindo, aquele que causa dores. Certamente sua mãe sentiu dores ou em seu nascimento ou
algum outro tipo de dor emocional quando Jabez veio ao mundo.

Jabez cresceu com um nome que todo garoto odiaria. Que estigma a ser carregado! Entretanto, ainda
assim é o personagem fora da curva em sua linhagem familiar.

Mas, o que fez diferença na trajetória desse personagem? Jabez era um homem de oração. E essa foi a
saída ele que encontrou para o um futuro nada promissor. O versículo 10 registra o conteúdo dessa prece que
tornou esse homem diferente dos demais.

Esta não foi uma oração:

a) Convencional (daquelas previamente estruturadas as quais repetimos tantas vezes);


b) Intercessora (em que esvaziamos de nós mesmos em favor de outro).

Esta oração foi caracterizada no texto bíblico como um clamor, não algo ocasional, em virtude de uma
oportunidade que apareceu (“Senhor, já que estou em Tua presença...”).

“Jabez invocou o Deus de Israel...” (1 Crônicas 4:10a)

1. “OH, TOMARA QUE ME ABENÇOES”


“Oh! Tomara que me abençoes.” (1 Crônicas 4:10)

A. Não é uma Oração Impessoal, mas Pessoal

À primeira vista, a oração de Jabez parece extremamente egoísta. Ele não louva a Deus, não agradece por
nada, não intercede por ninguém. Jabez apenas pede e pede para si mesmo.

A razão pela qual homens e mulheres de fé se destacam do resto é que eles pensam e oram de maneira
diferente daqueles que os cercam.
Será que é possível que Deus queira que peçamos mais e não menos em nossas orações? Se pensarmos
sob a ótica de que temos um Deus Todo-Poderoso com os reservatórios de bênçãos abarrotados no Céu, diremos
que sim. Esse parece um tipo de oração que Deus está muito disposto a ouvir, como claramente a Palavra de
Deus nos indica:

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que
busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.” (Mateus 7:7-8)

Aqui não temos sugestões. Temos imperativos. Pedir é uma ordem. Colocando em outros termos, não
pedir é uma maneira de desobedecer a Deus.

A tradução mais exata para “pedi” é continue pedindo, num contínuo persistente.

Uma tradução fiel do hebraico para o primeiro trecho da oração de Jabez seria abençoe-me muito mesmo
(em negrito, em itálico, em caixa alta e em fonte maior).

Algumas das maiores bênçãos divinas são reservadas para aqueles que pedem!

“Nada tendes, porque não pedis.” (Tiago 4:2)

Quando buscamos a bênção de Deus como valor máximo para nossa vida, estamos nos jogando de corpo
inteiro no rio da vontade de Deus, de Seu poder e de Seu propósito para nós.

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus
tem preparado para aqueles que o amam.” (1 Coríntios 2:9)

B. Não é uma Oração Específica, mas Geral

Jabez apenas pede para ser muito abençoado. Não estabelece a natureza da bênção – onde, quando e
como ela deve ser concedida. O critério ficou a cargo de Deus. Jabez pede tão somente o que está reservado para
ele.

Em última análise, só há uma pessoa que conhece a benção mais apropriada e enriquecedora pra nós, e
esta pessoa é Deus. Confie nEle.

Quando oramos assim, as forças desimpedidas do céu começam a realizar em nós a perfeita vontade de
Deus – em nós, por nós e para nós.

C. Não é uma Oração Pedindo Provisão, mas uma Petição por Bênçãos Abundantes

Você considera Deus como um Pai mesquinho? Entenda: a liberalidade de Deus é limitada apenas por
nós, não por Seus recursos, poder ou disposição de dar. Faz parte da natureza de Deus abençoar. Jacó só foi
abençoado porque se recusou a deixar o Anjo do Senhor (Jesus Cristo) ir sem antes abençoá-lo.

D. Não é uma Oração Limitada a um Tempo Específico, mas para que Deus Atenda
quando Achar mais Apropriado

Muitas vezes queremos determinar a agenda de Deus, especialmente quando se trata de nos atender.
Queremos para agora, para amanhã ou o mais breve possível. Devemos estar prontos para “liberar” Deus para
nos abençoar quando achar mais apropriado.

E. Não é um Pedido sem Convicção, mas um Desejo Ardente

A oração de Jabez não foi protocolar, mas com plena convicção, cheia de um desejo ardente.
2. “ME ALARGUES AS FRONTEIRAS”
“Me alargues as fronteiras.” (1 Crônicas 4:10)

A. Um Ministério mais Amplo, de Oportunidades Crescentes

A parte seguinte da oração de Jabez – um apelo por maiores “fronteiras” – é aquela em que você pede a
Deus que engrandeça sua vida de modo que você possa causar maior impacto para Ele.

Mas, não estaria Deus mais preocupado com qualidade do que com quantidade?

Lembre-se da parábola dos dons: Deus abençoou mais aqueles que mais produziram. Lembre-se também
do que Jesus disse em João 15:8:

“Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.”
(João 15:8)

Em Gênesis 1:28, lemos que Deus pediu algo para Adão e Eva: “Multiplicai-vos”. A mesma expressão
usada aqui é a pronunciada por Jabez em “alargue” as minhas fronteiras. Ele quer muito, assim como foi no caso
da promessa de Deus para Abraão:

“De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! [...]
em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:2-3)

Abraão é considerado pai dos judeus, dos muçulmanos e dos cristãos. Suas fronteiras foram alargadas
para criar tal impacto que todas as famílias da terra, em todos os tempos, fossem impactadas pra a glória de
Deus.

Jabez pediu mais influência, maior responsabilidade e mais oportunidades para deixar uma marca,
engrandecendo o Deus de Judá. A oração de Jabez é revolucionária: assim como é raro ouvir alguém pedindo por
mais e mais e mais bênçãos, também é difícil presenciar a súplica de alguém que diz: “Deus, dá-me um ministério
mais amplo”. Muitas vezes o que queremos é menos, para que tenhamos menos trabalho.

Deus está procurando pessoas que queiram fazer mais! E se nesse processo você sentir medo, lembre-se
do que Deus disse para Josué:

“Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é
contigo por onde quer que andares.” (Josué 1:9)

Josué venceu 31 batalhas, numa associação do poder de Deus com esforço humano, e entrou em Canaã.
Que contraste com os 10 espias covardes de 40 anos antes, que levaram uma geração inteira a morrer no
deserto.

Um coração com o de Josué, como o de Jabez, abomina o vazio de uma vida “segura”. Quer um novo
território, sabendo o quão difícil a jornada será, mas ansioso por ir, de qualquer maneira, ao lado de Deus.

B. A nossa Matemática e a Matemática de Deus

Perguntamos: Como podemos fazer mais? Em nossa matemática, as variáveis são baseadas em nossas
habilidades: + experiência, + treinamento, + personalidade e aparência, + um passado de vitórias.

No entanto, na matemática de Deus, a variável é outra: + disposição (humana), + fraquezas (humanas), +


vontade e poder sobrenatural de Deus.
Jesus disse aos Seus discípulos:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1:8)

Homens descredenciados em tantos aspectos viram suas fronteiras sendo alargadas até que o Evangelho
se tornou conhecido em todo o mundo conhecido no primeiro século.

Olhe para Pedro. Um dia ele atendeu ao chamado de Jesus para largar as redes para ser um pescador de
homens. Três anos e meio depois pregou um sermão e três mil pessoas se converteram (At 2:41).

C. Deus atua Através das Pessoas

Sim, Deus é especializado em trabalhar através de pessoas comuns que creem em um Deus sobrenatural
que vai cumprir Sua obra através delas. O que Ele está esperando é tão somente o seu pedido.

A todo momento, milhões de pessoas estão orando pedindo ajuda, mas poucos são os que se dispõem a
ser a própria ajuda.

Se você está ansioso por levantar a voz e dizer: “Eis-me aqui, envia-me”, não precisa ficar pensando se
Deus atenderá à sua oração. Apenas faça-a e fique atento para as oportunidades e pessoas que o Senhor irá
colocar em seu caminho. Normalmente o que surgirá terá relação com o que você já esteja fazendo. Você deverá
ser chamado a fazer mais do mesmo, mas em círculos cada vez mais amplos.

E mais: nunca é tarde para começar. Para Moisés, começou aos 80 anos. E quando Deus atender,
construa a reputação dEle, dando abertamente a Ele todo o crédito, porque é tudo sobre Ele e nada sobre você.

3. “SEJA COMIGO A TUA MÃO”


“Seja comigo a Tua mão.” (1 Crônicas 4:10)

A. Bênçãos Avassaladoras Requerem Dependência de Deus

Como entendemos esse pedido de Jabez?

Lembremo-nos de um episódio da vida de Pedro. Ele pediu a bênção de andar sobre as águas. Deus
alargou suas fronteiras. Ele deu um passo após o outro. De repente o mar parecia grande demais. E ele
submergiu.
Este é um momento perigoso. Pedimos, Deus nos atendeu. O que fazer com isso agora? Como evitar
tropeçar diante de circunstâncias esmagadoras que o crescimento de nossa influência impõe?

Temos que admitir que os grandes heróis do cinema parecem desconhecer o conceito de dependência,
mas nós somos dependentes. E é exatamente esta dependência de Deus que transforma em heróis pessoas
comuns como eu, você e Jabez.

Por isso somos forçados a apresentar o terceiro apelo, assim como Jabez: “Senhor, que a Tua mão esteja
comigo”. Por meio deste clamor, veremos Deus operar em meio às impossibilidades.

Precisamos entender que esta mão não é simplesmente o poder de Deus, mas também sua Pessoa. Uma
mão que não é natural, mas sobrenatural. Uma mão orientada não por nossos desejos, mas pela vontade divina e
sua ação poderosa.
Quando as fronteiras começaram a se alargar e tarefas proporcionais ao tamanho do reino de Deus
começaram a se colocar diante de Jabez, ele sabia que precisava de uma mão – da mão divina.

“Se buscar as bênçãos de Deus é nosso elevado ato de adoração;


E se pedir para fazer mais para Deus é nossa ambição maior;
(Então) requerer que a mão de Deus esteja sobre nós é a escolha estratégica
para que as grandes coisas que Deus está fazendo em nossas vidas
se perpetuem e continuem a florescer.” (Bruce Wilkinson)

O toque da grandeza aqui não é o fato de que você se torna grande, mas que você se torna dependente
da forte mão de Deus.

Assuma o risco e dê uma chance a Deus. Peça a Ele que coloque a Sua mão sobre sua vida e dê um passo
de fé. Ele responderá.

B. Deus no Trajeto

Assim, você não precisará caminhar sozinho.

Deus não dispara a ordem e espera que façamos. Ele vai conosco (imaginar uma criança querendo descer
de um enorme tobogã/ quer ir, mas sente medo/ então o pai desce junto).

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás
comigo.” (Salmos 23:4)

C. Não Eu, mas Ele

Sendo assim, resta-nos uma única exclamação: “Foi Deus que fez isso e ninguém mais”.

O poder de Deus sobre nós, em nós e movendo-se através de nós é exatamente o que transforma
dependência em inesquecíveis experiências de plenitude.

“Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós;
pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de
uma nova aliança.” (2 Coríntios 3:5-6a)

Quando Jesus deu a Seus discípulos a Grande Comissão – “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações” – outorgou-lhes tanto uma bênção incrível, quanto também uma tarefa impossível. Era desastre à vista,
pois os discípulos eram incapacitados para o trabalho. No entanto, aquele grupo abalou o mundo conhecido.
Tudo porque, além da ordem, veio a provisão:

“E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mateus 28:20)

A diferença não tem a ver com quem somos, mas com quem está conosco e em nós.

“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas
do mundo para envergonhar as fortes; (...) para que, como está escrito: Aquele que se gloria,
glorie-se no Senhor.” (1 Coríntios 1:27 e 31)

“Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com
aqueles cujo coração é totalmente dele.” (2 Crônicas 16:9)
4. “ME PRESERVES DO MAL”

“Me preserves do mal.” (1 Crônicas 4:10)

A. Os Perigos do Sucesso Espiritual

Diante das tremendas responsabilidades que Deus colocou diante de Jabez, ele certamente poderia ter
imaginado que era incapaz de entrar em qualquer batalha e sair vencedor.

O último pedido de Jabez é uma estratégia brilhante, mas pouco entendida, para manter uma vida
abençoada.

Entenda, à medida que nossa vida transcende o comum e começa a conquistar novos territórios para
Deus, o terreno de quem estamos invadindo? O de Satanás. Neste sentido, só nos resta suplicar a Deus que nos
livre do mal, uma vez que está comprovado que o sucesso traz consigo grandes armadilhas que podem levar ao
fracasso. O sucesso pode nos levar à arrogância.

Quanto mais caminharmos numa vida cheia de bênçãos, mais precisaremos do apelo final da oração de
Jabez. Enfrentaremos mais ataques dirigidos a nós e à nossa família, ficaremos familiarizados com os indesejáveis
dardos do inimigo. Na verdade, se nossa experiência não for assim, cheia de provações, é porque estamos fora de
combate (Satanás não estará mais preocupado conosco).

B. Os Perigos da Tentação

Devemos ter consciência de que é justamente após um grande momento de sucesso espiritual que
precisamos com mais urgência desta última parte da oração de Jabez. Paradoxalmente, é o momento em que
ficamos mais tentados a olhar para nossas habilidades de uma maneira errada e perigosa.

Aqui descobrimos uma verdade: devemos orar não apenas para vencermos as tentações, mas também
para que Deus nos mantenha distantes delas. É sinal de amadurecimento quando nos concentramos menos em
derrotar a tentação e mais em evitá-la.

Você já pediu hoje ao Senhor para protegê-lo da tentação? Se a resposta é “não”, talvez você enfrente
muito mais tentações do que enfrentaria se orasse por isso.

C. Os Tipos de Tentação (ver tentações de Jesus no deserto)

a. Independência de Deus (transformar pedras em pães sozinho)


b. Presunção (pular do pináculo do templo – criar situação de perigo e crer que será protegido)
c. Idolatria (colocar em primazia qualquer coisa, incluindo o “eu”, acima de Deus).

CONCLUSÃO
“Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com dores
o dei à luz. Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Oh! Tomara que me abençoes e me alargues
as fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha
aflição! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.” (1 Crônicas 4:9-10)

O senhor constrói a ponte sobre o fosso de impossibilidade, mas aceitar a aventura e atravessar é uma
iniciativa que cabe a nós. Então, mãos à obra!

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