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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIENCIAS DA SAUDE


DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA:
DIETOTERAPIA 1
PROFESSORA: Dra. GILMARA PÉRES
RODRIGUES

EPILEPSIA
Larissa Prado Leal

Teresina - PI
EPIDEMIOLOGIA

Estima-se que a prevalência mundial de


epilepsia ativa esteja em torno de 0,5%-
1,0% da população. A incidência estimada
na população ocidental é de 1 caso para
cada 2.000 pessoas por ano.

(NOLASCO et al., 2020)


CONCEITO

.
A epilepsia é um desarranjo
permanente do sistema nervoso
causado por uma descarga súbita,
excessiva e desordenada de
neurônios cerebrais.

(MAHAN et al., 2005).


CONCEITO

A epilepsia não possui cura e pode ser controlada por meio


de medicamentos anticonvulsivantes, no qual 70% dos
pacientes conseguem controlar as crises e os outros 30%
necessitam de outras vias para amenizar as crises.
(MEDEIROS et al., 2020)
CONCEITO

Epilepsia refratária -
Cerca de um terço dos
pacientes portadores da
epilepsia apresentam
resistência ao tratamento
medicamentoso já
existente, o que é
importante a pesquisa e o
desenvolvimento de
novos fármacos.

(MEDEIROS et al., 2020)


FISIOPATOLOGIA

A maioria das crises começa no início da vida, mas um


ressurgimento ocorre após os 60 anos. A primeira
ocorrência de uma convulsão deve levar à investigação de
uma causa.

(CABOCLO, 2019)
(MAHAN et al., 2018)

Erros inatos do
Crianças: Anóxia neonatal
metabolismo

Doenças
Idosos: Tumores cerebrais
cerebrovasculares
MANIFESTAÇÕES
CLINICAS

As convulsões são causadas por


atividade elétrica anormal de um
grupo de neurônios.
• mutações genéticas específicas
causadoras de defeitos nos canais
iônicos;
• alterações na permeabilidade da
membrana celular;
• mudanças estruturais que alteram
a excitabilidade dos neurônios;

(PORTH; GROSSMAN, 2016)


MANIFESTAÇÕES
CLINICAS

As convulsões são causadas por


atividade elétrica anormal de um
grupo de neurônios.
• mutações genéticas específicas
causadoras de defeitos nos canais Convulsão Crise de
tônico- ausência
iônicos;
clônica (pequeno
• alterações na permeabilidade da mal)
(grande mal)
membrana celular;
• mudanças estruturais que alteram
a excitabilidade dos neurônios;

(PORTH; GROSSMAN, 2016)


MANIFESTAÇÕES
CLINICAS

Crise de
Um paciente com crises de ausência pode parecer sonhar acordado durante um
ausência
episódio, mas recupera a consciência dentro de segundos e não apresenta fadiga
(pequeno
ou desorientação
mal)

(MAHAN et al., 2018)


MANIFESTAÇÕES
CLINICAS Fase Tônica Fase Clônica

Convulsão Uma convulsão tônico-clônica envolve todo o córtex cerebral. Após uma
tônico- convulsão desse tipo, o paciente acorda lentamente e ficará atordoado e
clônica desorientado por minutos a horas. Isso é chamado de fase pós-ictal,
(grande mal) caracterizando-se por sono profundo, dor de cabeça, confusão e dor muscular.

(MAHAN et al., 2018)


MANIFESTAÇÕES
CLINICAS Fase Tônica Fase Clônica

Convulsão Uma convulsão tônico-clônica envolve todo o córtex cerebral. Após uma
tônico- convulsão desse tipo, o paciente acorda lentamente e ficará atordoado e
clônica desorientado por minutos a horas. Isso é chamado de fase pós-ictal,
(grande mal) caracterizando-se por sono profundo, dor de cabeça, confusão e dor muscular.

(MAHAN et al., 2018)


DIAGNÓSTICO

EPILEPSIA

O diagnóstico é simples e realizado a


partir do histórico clínico do paciente,
onde são verificadas as crises, podendo
ser fracas ou fortes, com sinais de
contrações de alguns músculos,
apagamentos momentâneos,
formigamento e em alguns casos,
convulsões.

(MEDEIROS et al., 2020)


DIAGNÓSTICO

Os exames atualmente disponíveis para ajudar


no diagnóstico, são: eletroencefalograma,
ressonância magnética do cérebro e tomografia
computadorizada

(MEDEIROS et al., 2020)


TRATAMENTO MÉDICO

Antiepilépticos controlam as convulsões em


70% das pessoas; contudo, esses
medicamentos podem ter efeitos indesejáveis.
Recomenda-se, inicialmente, o uso de apenas
um anticonvulsivante, recorrendo-se ao uso de
medicações combinadas apenas quando Interação
necessário. Droga X Nutriente

Os medicamentos utilizados na
terapia anticonvulsivante
podem alterar o estado
nutricional do doente.
(MAHAN et al., 2018)
TRATAMENTO MÉDICO

Metabolismo com
Valproato Fenitoína cinética incomum

São difíceis de usar


porque interagem
com outras drogas
metabolizadas no
fígado e tem a
propensão a causar
dano hepático

(MAHAN et al., 2005)


TRATAMENTO MÉDICO
Fenitoína Fenobarbital Primidona

Fenobarbital Evitado
Interferem na absorção intestinal do cálcio
aumentando o metabolismo da vitamina D no
fígado.

QI A longo prazo pode levar osteomalacia em adultos


ou raquitismo em crianças.

A suplementação com vitamina D é essencial.

(MAHAN et al., 2005)


TRATAMENTO MÉDICO
Fenitoína Fenobarbital

Fenitoína
Os níveis séricos diminuídos de albumina na
desnutrição ou com síntese reduzida de
A suplementação com ácido fólico interfere no albumina secundaria a cirrose avançada,
metabolismo da Fenitoína, de modo que ele contribui limitam a quantidade de droga que pode ser
para as dificuldades em se atingir níveis terapêuticos. ligada.

[ ] de droga livre

Possível toxicidade com


a administração padrão
(MAHAN et al., 2005)
TRATAMENTO MÉDICO

A terapia nutricional enteral continua torna mais lenta


Fenitoína a absorção de Fenitoína, é necessário um aumento
na posologia para atingir um efeito terapêutico.

O consumo de álcool resulta na perda do efeito


pretendido de Fenitoína, possivelmente induzido as
convulsões.

(MAHAN et al., 2005)


TRATAMENTO MÉDICO

Fenitoína

É preciso de um plano de cuidado especifico para o


paciente que inclua:

Consideração da formulação
da terapia nutricional enteral e
Método de administração.
Variabilidade individual
significante.
Forma de dosagem, horário de
administração e monitoração.
(MAHAN et al., 2005)
TRATAMENTO
ALTERNATIVO
Cannabis
Canabidiol
sativa
Constitui até 40% dos
extratos da planta

Pacientes com epilepsia expressam condições


Mesmo com o desenvolvimento de novos
neurobiológica, cognitiva e social alteradas,
medicamentos antiepilépticos, a
podendo sofrer estigmas, exclusão, restrição,
porcentagem de pacientes
superproteção e isolamento, além de
farmacorresistentes permanece
consequências psicológicas para si mesmos e
inalterada.
para a família.

(MATOS et al., 2017)


TRATAMENTO
ALTERNATIVO
Cannabis
Canabidiol
sativa

O efeito anticonvulsivo do canabidiol


No Brasil com a publicação da RDC 327/19, que
revela-se capaz de reduzir
entrou em vigor em 10 de março de 2020, a
significativamente as crises convulsivas
ANVISA estabeleceu uma nova categoria de
de pacientes epiléticos
produtos: os derivados de Cannabis. Apesar de
farmacorresistentes, também evitar os
não serem considerados medicamentos, eles
irreversíveis danos cerebrais e impedir os
possuem autorização sanitária para serem
efeitos retrógrados no desenvolvimento
comercializados no Brasil.
de crianças e adolescentes.

(BELGO et al., 2021)


TRATAMENTO
NUTRICIONAL

Dieta Cetogênica
Pode ser usada para o tratamento de
todos os tipos de convulsão.
Originalmente projetadas usando
relações de 4:1 ou 3:1 (gramas de
lipídeos para não lipídeos) para obter
cetose.

(MAHAN et al., 2018)


TRATAMENTO
NUTRICIONAL

As cetonas fornecidas pela terapia com


dieta cetogênica oferecem uma fonte de
combustível alternativa que melhora os
sintomas, preserva os neurônios e
impede uma piora da doença (MAHAN et
al., 2018).

corpo cetônico Neurotransmissor


inibitório

Efeito
anticonvulsivante
(MAHAN et al., 2005)
TRATAMENTO
NUTRICIONAL

Efeitos colaterais
mínimos:

O risco, a longo prazo, de


Hipoglicemia
cálculos renais é baixo.

Mal-estar estomacal, causado, O crescimento, que às


Hipercolesterolemia é
inicialmente, pelas altas vezes é mais lento enquanto
geralmente temporária e
quantidades de ingestão de se usa dieta, retorna à taxa
desaparece com a
lipídeos e constipação. normal da criança após a
interrupção da dieta.
sua interrupção.

(MAHAN et al., 2018)


TRATAMENTO
NUTRICIONAL

A dieta é calculada de modo que pelo menos


90% da energia provenham dos lipídeos. As
proteínas são calculadas de modo a permitir o
crescimento (cerca de 1 g/kg/dia). Carboidratos
são adicionados para suprir a parte restante de
energia, que é, tipicamente, inferior a 20 g entre
as crianças.

Vegetais e frutas são adicionados em


pequenas quantidades dentro da
dieta atualmente prescrita.

(MAHAN et al., 2018)


TRATAMENTO
NUTRICIONAL

A suplementação com vitaminas e minerais


livres de carboidratos é necessária, a fim de
A meta da concentração de cetonas é específica garantir que a dieta seja nutricionalmente
para cada paciente: alguns indivíduos completa. Incluindo cálcio, vitamina D e selênio.
necessitam estar na gama de 35 a 60mg/L para
controle das crises convulsivas, enquanto outros
podem obter controle com pouca ou nenhuma
cetose, o que, em geral, ocorre com as dietas
menos restritivas.

(MAHAN et al., 2018)


TRATAMENTO
NUTRICIONAL

A suplementação com vitaminas e minerais


livres de carboidratos é necessária, a fim de
A meta da concentração de cetonas é específica garantir que a dieta seja nutricionalmente
para cada paciente: alguns indivíduos completa. Incluindo cálcio, vitamina D e selênio.
necessitam estar na gama de 35 a 60mg/L para
controle das crises convulsivas, enquanto outros
podem obter controle com pouca ou nenhuma
cetose, o que, em geral, ocorre com as dietas
menos restritivas.

(MAHAN et al., 2018)


TRATAMENTO
NUTRICIONAL

A massa corporal e a estatura


devem ser monitoradas, e uma
rápida taxa de ganho de massa
corporal pode diminuir a cetose
e reduzir a eficácia.

(MAHAN et al., 2018)


TRATAMENTO
NUTRICIONAL A dieta cetogênica baseada em óleo de
triglicerídeos de cadeia média (TCM). Em que
60% dos lipídeos provêm de TCMs e 12% são
Variações da fornecidos pelos triglicerídeos de cadeia longa.
dieta cetogênica

Dieta modificada de Atkins, em que os


carboidratos são drasticamente limitados a 10 a
20 g/dia. Os melhores resultados ocorrem quando
a dieta começa com 10 g/dia de carboidratos e
depois é ajustada para cima, mantendo sempre a
cetose. É inodoro, incolor e insípido, e foi originalmente
utilizado como meio para melhorar a
palatabilidade da dieta.
Tratamento com baixo índice glicêmico, com
vistas a 60% da energia advinda dos lipídeos,
28% da energia advinda dos carboidratos e os
demais 12% de energia provenientes das
proteínas.
(MAHAN et al., 2018)
TRATAMENTO
NUTRICIONAL

Variações da
dieta cetogênica

Permite-se maior quantidade de alimentos como


frutas e legumes, além de pequenas quantidades
de pão e outros amidos, porque a cetose induzida
pelo TCM pode ser mais facilmente alcançada
com menor porcentagem de lipídeos na dieta.

O TCM pode ser adicionado na dieta cetogênica


clássica e na dieta modificada de Atkins, a fim de
aumentar a cetose.

(MAHAN et al., 2018)


TRATAMENTO Dieta mais Cetogênica
NUTRICIONAL simples mais restritiva

A atenção ao estado de saúde, ao


crescimento e ao desenvolvimento do
paciente é necessária durante a
terapia. Para a criança cuja epilepsia é
controlada por dieta, seguir a dieta é
muito mais fácil do que lidar com as
convulsões devastadoras e as lesões.

A interrupção da dieta é individual e pode


variar de1 a 3 anos a partir do seu início.
(MAHAN et al., 2018)
● BELGO, B.L.S; SOUSA, P.T.L; DA SILVA, G.A.S.B;
GUIMARÃES, V.L; MILANI, D.R.C. Canabidiol e epilepsia
REFERÊNCIAS - o uso do canabidiol para tratamento de crises epiléticas.
Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, n. 3, p.
32667-32683, 2021.

● CABOCLO, L.O.S.F. Epilepsia. 2019 Disponível em:


<https://www.einstein.br/doencas-sintomas/epilepsia>.
Acesso em: 19 jul. 2021.

● MAHAN, L.K; ESCOTT-STUMP, S. Alimentos, Nutrição


e Dietoterápia. 11.ed. São Paulo: ROCA, 2005.

● MAHAN, L.K; ESCOTT-STUMP, S. Alimentos, Nutrição


e Dietoterápia. 14.ed. São Paulo: ROCA, 2018.

● MATOS, R. L. A.; SPINOLA, L. A.; BARBOZA, L. L.;


GARCIA, D. R.; FRANÇA, T. C. C.; AFFONSO, R. S. O
Uso do Canabidiol no Tratamento da Epilepsia. Revista
virtual de química, Brasília, v. 9, n. 2, p. 786-814, 2017.
REFERENCES ● MEDEIROS, F.C; SOARES, P.B; JESUS, R.A; TEXEIRA,
D.G; ALEXANDRE, M.M; ZARDETO-SABEC, G. Uso
medicinal da Cannabis sativa (Cannabaceae) como
alternativa no tratamento da epilepsia . Brazilian Journal
of Development, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 41510-41523,
2020.

● NOLASCO, M.N; FERREIRA, W.M; RIVERO, J.R.B.


Epidemiologia dos casos de internação hospitalar por
epilepsia no estado do Tocantins em 2018.
Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 3, n. 6,
p. 17268-17280, 2020.

● PORTH, C.M; GROSSMAN, S. Fisiopatologia. 9. ed.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Obrigada pela
atenção!

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