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FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: JOGOS VIRTUAIS NO DIREITO
Prof. Dr. Ivan Cláudio Pereira Borges
ATIVIDADE: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E “RODA DE CONVERSA”.
TEXTO: “Questões fundamentais de Direito Digital no Juízo Cível.”.
AUTOR: Frederico Meinberg Ceroy. (Promotor de Justiça).
DISPONÍVEL EM: www.migalhas.com.br
ACESSO EM: 15/07/2023.
Orientações:
This paper presents an approach on key issues of Digital Law with the aim of allowing
the operator to understand the demands of law involving the world wide web. The
paper focus is civil court. The text begins by basic understanding of the Internet, in
other words, the operation of the TCP/IP protocol. Then explains the mechanics of
domain names and the Uniform Resource Locator (URL). The various kinds of providers
are object of analysis for, to the end, present the concept and uses of notarial minutes.
I - Introdução
Por tais razões, este artigo objetiva trazer alguns conceitos básicos sobre temas
técnicos afetos à internet e, principalmente, os aspectos práticos ligados a estes
conceitos que possam levar os operadores do direito a compreenderem melhor as
demandas digitais que vem aumentando de forma avassaladora em nosso país.
O Protocolo de Internet (IP), por sua vez, adiciona a cada pacote de dados o endereço
do destinatário para que eles alcancem o destino correto. 3
O que torna a internet única e eficaz é que cada um dos pacote de dados será enviado
a seu destino pela melhor rota possível. Ainda que os pacotes de informações não
trafeguem pelos mesmos caminhos, todos chegarão ao mesmo destino, no nosso
exemplo o endereço eletrônico do TJDFT.
Imponte frisar que o Protocolo de Internet (IP) diz respeito, em regra, à conexão e não
a uma máquina específica. Um endereço IP identifica determinada conexão à internet
em um dado momento.
É sabido que para a criação de contas de e-mails gratuitos, como Hotmail e Yahoo, os
dados indicados no ato do registro podem ser de outra pessoa ou mesmo falsos.
Assim, uma pessoa que cria uma conta de e-mail objetivando a prática de ilícitos,
dificilmente utiliza de seus próprios dados.
II - Nome de Domínio
Na ausência deste sistema de vinculação entre o nome de domínio e número IP, seria
necessário digitar o número de IP para acessar uma determinada página.
No Brasil, a instituição responsável pelo registro dos domínios com final ".br" é o
Comitê Gestor da Internet (CGI.br). Entretanto, é importante pontuar que o "CGI.br"
nunca assumiu por si mesmo a função. Desde 2005 a gestão do registro de domínios
foi delegada ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), pessoa
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos.
Deste modo, o registro de um nome de domínio pode ser realizado diretamente junto
ao NIC.br, por meio do serviço "Registro.br", ou através de provedores credenciados
como UOL ou Locaweb.
No ato do registro são exigidos dos requerentes uma série de informações como:
nome; CPF ou CNPJ; endereço físico; e-mail; nome do responsável e número de
telefone.
No Brasil, para os domínios com o final ".br", o mencionado diretório é gerido pelo
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). A consulta ao diretório
"Whois" brasileiro é totalmente aberta podendo ser consultada por qualquer pessoa.
https://www.mpdft.mp.br/portal/index.php/pgj
Como se verá à frente, a qualidade de pessoa natural ou jurídica será essencial para
caracterização da obrigação da guarda automática dos registros de acesso a aplicações
de internet.18
Quanto a este provedor, é importante frisar que o Marco Civil da Internet operou certa
alteração no mencionado conceito ao afirmar que, na provisão de conexão à internet,
cabe ao administrador de sistema autônomo o respectivo dever de manter os registro
de conexão.20 Tendo, ainda, definido como administrador de sistema autônomo a
pessoa física ou jurídica que administra blocos de endereço IP específicos e o
respectivo sistema autônomo de roteamento devidamente cadastrado no ente
nacional responsável pelo registro e distribuição de endereços IP geograficamente
referentes ao País.21
O Marco Civil da Internet, por sua vez, não traz nenhuma definição específica sobre os
provedores. A Lei brasileira trata, especificamente, de duas espécies de provedores, os
de conexão e de aplicação de internet.
O Marco Civil da Internet, em seu artigo 5°, trouxe algumas definições, entretanto não
tratou de conceituar as espécies de provedores.
Seguindo esta linha de pensamento, o Marco Civil da Internet, também, deveria ter
trazido em seu texto alguns conceitos indispensáveis, como por exemplo, o de
provedores de aplicação da internet. Infelizmente este conceito não veio e poderá
gerar, em um futuro próximo, discussões jurídicas totalmente dispensáveis e teses
judiciais protelatórias.
Entretanto, o inciso VI, do mesmo artigo 5°, nos dá uma pista sobre o conceito de
provedores de aplicação da internet. Diz o mencionado inciso que se considera
aplicações de internet: o conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por
meio de um terminal conectado à internet.
Continuando o estudo, nota-se que o artigo 15, caput, ajuda na tarefa de chegar a um
conceito final de provedor de aplicação de internet. Diz o citado artigo que:
Uma análise apressada da disposição poderia nos levar à conclusão de que somente as
pessoas jurídicas, organizadas, profissionais e com fins econômicos estariam abarcadas
pelo conceito de PAI. Nada mais equivocado.
V - Ata Notarial
Uma das grandes dificuldades em se fazer prova no juízo cível diz respeito à
formalização dos conteúdos multimídia oriundos da rede mundial de computadores.
No juízo penal o encargo, na maioria das vezes, fica a cargo da autoridade policial que
possui o Instituto de Criminalística como auxiliar das investigações.
No juízo cível, em grande parte das demandas, a prova pré-constituída deve ser
formalizada pelo advogado suplicante.
Como então formalizar páginas de websites que no próximo segundo pode ser retirada
do ar? Os posts em redes sociais que num piscar de olhos são apagados. E as
mensagens por meio do comunicador WhatsApp?
A solução para estes problemas na seara cível é dada pelo uso da chamada Ata
Notarial. Ata Notarial é definida pela doutrina como:
Ata notarial trata-se de uma das espécies do gênero instrumento público notarial, por
cujo meio o tabelião de notas acolhe e relata, na forma legal adequada, fato ou fatos
jurídicos que ele vê e ouve com seus próprios sentidos, quer sejam fatos naturais quer
sejam fatos humanos, esses últimos desde que não constituam negócio jurídico. 24
VII - Conclusão
As relações sociais tem cada vez mais migrado para a rede mundial de computadores.
Esta migração vem acompanhada de diversos problemas, mormente na seara cível.
O judiciário em um futuro próximo será inundado por demandas originadas do
ambiente virtual. O Marco Civil da Internet é a primeira de muitas leis de virão para
normatizar as relações jurídicas cibernéticas.
Concluo que o juízo cível, ao contrário do juízo criminal que é auxiliado pelos Institutos
Criminalística, não estão preparados para julgar as citadas demandas de Direito Digital.
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Referências
PINHEIRO, Patricia Peck. Direito digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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1 Artigo 145, caput, do Código de Processo Civil: "Quando a prova de fato depender de
conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto
no art. 421".
4 exemplo@tjdft.jus.br
9 O Marco Civil da Internet usa a terminologia "terminal". Segundo o inciso II, do artigo
5°, do Marco Civil da Internet, terminal é o computador ou qualquer dispositivo que se
conecta à internet.
12 Who is?
19 Terminal, segundo o Marco Civil da Internet, em seu artigo 5°, inciso II, é o
computador ou qualquer dispositivo que se conecte à internet, como tablets e
celulares.
23 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 433.
24 SILVA, João Teodoro da. Ata Notarial Sua utilidade no cenário atual Distinção das
Escrituras Declaratórias. In: SOUZA, Eduardo Pacheco Ribeiro de (coord.), Ideal Direito
Notarial e Redistral. São Paulo: Quinta Editorial, 2010, p. 33.
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