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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Política e Planificaçăo Linguistica de Moçambique

Lucrencia Pedro Barraça: 41210838

Maxixe, Maio, 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Política e Planificação Linguística de Moçambique

Trabalho de Campo a ser


submetido na Coordenação do
Curso de Licenciatura em Ensino
de Português da UnISCED.

Tutor: Lucério Gundane

Lucrencia Pedro Barraça: 41210838

Maxixe, Maio, 2023

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Índice
Introdução...............................................................................................................................4

Objectivos do trabalho............................................................................................................4

Metodologia............................................................................................................................4

Política Linguística.................................................................................................................5

Planificação Linguística..........................................................................................................5

Política e planificação linguística de Moçambique.................................................................6

Considerações Finais...............................................................................................................9

Referências bibliográficas.....................................................................................................10

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Introdução

O presente trabalho de investigação visa fazer um estudo sobre Política e planificação


linguística de Moçambique. A questão da a política linguística em Moçambique consiste
num corpo de ideias, leis, regulamentos, regras e práticas que visa materializar uma
pretendida mudança linguística numa determinada comunidade de falantes como é caso da
língua portuguesa, e a sobre a planificação linguística, compreendida por ser a ‘engenharia
linguística’, que consiste num conjunto de actividades que visa conceber mudanças
linguísticas numa determinada comunidade, e cuja intenção, ao nível das autoridades
competentes, assenta na manutenção da ordem civil, na preservação da identidade cultural e
no melhoramento da comunicação (Lopes, 2002: 19).

Objectivos do trabalho

Objectivo Geral:

 Analisar a política e a planificação linguística em Moçambique.

Objectivos Específicos:

 Explicar as políticas linguísticas em Moçambique;


 Conceptualizar a política e planificação linguística;
 Explicar a planificação linguística em Moçambique.

Metodologia

 Este trabalho de campo só foi possível devido a aplicação de diversos métodos de


pesquisa respectivamente no tange a consulta baseada em referências bibliográficas,
a consulta de manuais desta disciplina e por fim ao uso da internet.

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Política Linguística

A política linguística consiste num corpo de ideias, leis, regulamentos, regras e práticas que
visa materializar uma pretendida mudança linguística numa determinada comunidade de
falantes. Ou, como, perante uma audiência sobretudo de educadores, Luís Bernardo
Honwana (2011) magistralmente procurava definir o conceito para o caso moçambicano e
talvez não só, recorrendo a enfoques de natureza ideológica e histórica:

O estado é simultaneamente o objectivo final do movimento nacionalista e o instrumento


para a construção da nação que, consequentemente, deve ter uma natureza multicultural. A
política linguística vem assim substituir os processos violentos que levaram à formação das
actuais línguas universais e línguas eurásicas. Ela é um elemento fundamental na validação
e defesa do multiculturalismo como alternativa nacional.

Por seu turno, a planificação linguística, outrora conhecida por ‘engenharia linguística’,
consiste num conjunto de actividades que visa conceber mudanças linguísticas numa
determinada comunidade, e cuja intenção, ao nível das autoridades competentes, assenta na
manutenção da ordem civil, na preservação da identidade cultural e no melhoramento da
comunicação (Lopes, 2002: 19).

Planificação Linguística

A planificação linguística mantém laços estreitos de relacionamento com o campo da


linguística social, que estuda as forças sociais que influenciam a mudança linguística e os
tipos de mudança motivados pelas forças sociais. Como apropriadamente dizem Kaplan e
Baldauf, Jr. (1997: 307) 1:

Se não se entender a linguagem como fenómeno social, é praticamente impossível realizar


planificação linguística, excepto no sentido mais restritivo da planificação do corpus. Isto
não equivale a dizer que os insumos da linguística autónoma são irrelevantes. Mas a
planificação em termos de estatuto requer uma abordagem muito diferente em relação à
definição do conceito de língua e à compreensão da inter-relação entre as populações
humanas e a(s) língua(s) usada(s) na comunicação com os outros.

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Política e planificação linguística de Moçambique.

A diversidade linguística e cultural, vários estudiosos moçambicanos têm proposto políticas


principalmente ao nível educacional, que visam, não somente contribuir para o
desenvolvimento de uma educação inclusiva, através do uso das línguas maternas no ensino
elementar, como também gerir o património linguístico e sociocultural moçambicano.

Recorde-se que após a declaração da UNESCO de 1951, vários argumentos foram


levantados em torno das discussões sobre as línguas maioritárias e/ou minoritárias na
educação, sobretudo em países africanos. Dentre eles, um sustenta o facto de, nos países do
terceiro mundo, o ensino em línguas nativas poder ser visto como um melhor caminho para
reintegrar grupos isolados, quer dizer, membros de cada grupo podem começar com a
alfabetização inicial, usando as suas línguas nativas, (APPEL e MUYSKEN, 1987).

Além desta Declaração, recorde-se que na secção II, relativa ao ensino, o artigo 23. ° da
Declaração Universal dos Direitos Linguísticos estatui que:

1. O ensino deve contribuir para fomentar a capacidade de autoexpressão linguística e


cultural da comunidade linguística do território onde é ministrado.
2. O ensino deve contribuir para a manutenção e o desenvolvimento da língua falada
pela comunidade linguística do território onde é ministrado.
3. O ensino deve estar sempre ao serviço da diversidade linguística e cultural, e das
relações harmoniosas entre as diferentes comunidades linguísticas do mundo inteiro.
4. No quadro dos princípios anteriores, todos têm direito a aprender qualquer língua
(UNESCO, 1996) Lopes (2004) propõe um conjunto de conteúdos que poderiam
contribuir para uma melhor política linguística em Moçambique.

Veja-se:

i. as línguas Bantu, o Português, o Urdu e o Gujarati como línguas oficiais;


ii. promoção do Português como língua de unidade nacional;
iii. introdução de línguas maternas na alfabetização inicial;
iv. introdução dos modelos de instrução bilingue, etc.

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Este refere, ainda, que a atribuição de direitos e de estatuto de línguas oficiais às línguas
bantu seria um caminho adequado e um dos primeiros passos para a revitalização e
promoção explícita destas línguas, num enquadramento orientado para a manutenção.

Lopes (1997), Firmino (2002) e Lindonde (2005) referem que as línguas autóctones
constituem parte do processo de construção da ‘nação estado’ e agem como indicadores
mais salientes na simbologia da identidade étnica; são repositórios da herança cultural
moçambicana; têm o mesmo valor e são capazes de exprimir quaisquer pensamentos e
conceitos; têm os mesmos direitos e podem ser utilizadas em vários domínios, incluindo na
educação. Todavia, não acontecendo, implica condenar à exclusão social, cultural,
económica, uma grande camada da sociedade ou negar a sua tradição, a sua história e a sua
cultura.

Nesta ordem de ideias, Liphola (s/d) considera que dissociar o sistema de educação dos
papéis estabelecidos pela comunidade a que o indivíduo se integra é uma espécie de
destruição de uma das bases em que assentam as diversas políticas de desenvolvimento, já
que as línguas moçambicanas garantem a integração do indivíduo na sua comunidade.

Por seu turno, Gundane (2010) propõe um modelo de ensino bilingue na alfabetização em
que o processo de ensino e aprendizagem é feito, quer em Xichangana, quer em Português,
e, a partir de Vygotsky (1962), encara a alfabetização como uma necessidade de
aprendizagem relacionada com contexto social e cultural. Este autor reitera que a
alfabetização numa língua conhecida é mais vantajosa e um bom caminho especificamente
para comunidades camponesas do que numa segunda língua (L2) pouco conhecida.

Na asserção de Liphola (2009), a sociedade deveria questionar as habilidades e capacidades


que contribuam para o bem de todos, criando-se mecanismos de participação directa e
indirecta das diferentes comunidades linguísticas no exercício dos direitos de cidadania.
Isso poderia ser feito, de entre outras formas, através de tradução de leis e decretos, tais
como a lei de terra, lei de florestas e fauna bravia, lei de família, etc.

Por isso, no seu trabalho, Macaringue (2014) mostra que as políticas que Moçambique
adoptou depois da independência sequenciaram as políticas linguísticas do governo colonial
português na vertente de massificação da língua portuguesa, porém, com algumas

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adaptações, tendo em conta os papéis multifuncionais que oficialmente foram atribuídas ao
Português, como são os casos de língua oficial, de unidade nacional, de instrução e de
construção do Estado Nação, o que fez com que as línguas bantu fossem silenciadas.

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Considerações Finais

Após o término da pesquisa do presente trabalho que pretendia fazer um estudo sobre as
Política e planificação linguística de Moçambique conclui que a política linguística vigente
não está direcionada para a realidade linguística do país, ao mesmo tempo que não está
alinhada com a formação de uma sociedade letrada, limitando-se apenas à alfabetização.
Uma política linguística efetiva, para Moçambique, seria aquela que priorizaria um
planejamento linguístico e não apenas uma política propriamente dita. Quanto a
planificação linguística compreendeu-se ela mantém laços estreitos de relacionamento com
o campo da linguística social, que estuda as forças sociais que influenciam a mudança
linguística e os tipos de mudança motivados pelas forças sociais

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Referências bibliográficas

Gundane, L. (2018). Política linguística na alfabetização e educação de adultos em


contextos plurilingues: o uso de Línguas moçambicanas no Centro Social Flori e Centro
Comunitário Goal. In: Revista Guti – Letras e Humanidades, v. 1. UP: Maxixe, p. 42-51.

Gundane, L. (2019). Política linguística: educação inclusiva em contextos de diversidade


linguística e cultural em Moçambique. In: Revista científica da UEM: Série. Ciências
Sociais, vol. 1, n.° 2, p. 112-125.

LIPHOLA, M. Algumas Reflexões sobre Educação e Desenvolvimento em Moçambique.


In: IIº Painel Moçambicano de Ciências Sociais. v. 2, [s/d], Maputo. Maputo: Colecção
Painel Moçambicano, [s/d].

LOPES, A. A Batalha das Línguas: Perspectivas Sobre a Linguística Aplicada em


Moçambique. Maputo: Imprensa Universitária, 2004.

UNESCO. Declaração Universal dos Direitos Linguísticos. Barcelona: UNESCO, 1996;

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