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LIMOEIRO DO NORTE-CE
2021
ALEXSANDRA DE MATOS PEREIRA
BANCA EXAMINADORA
Decerto que toda conquista deve ser celebrada, a conclusão desta monografia encerra
mais um ciclo de minha vida, então sou grata a todos que fizeram parte da minha jornada e que
de alguma forma contribuíram no meu percurso acadêmico para construção desta tão almejada
monografia.
Agradeço primeiramente a Deus, que sem ele nada somos e que me deu forças a não
desistir nos obstáculos. Agradeço pela minha família, principalmente minha mãe Suely
Mendonça que sempre disse que o bem mais precioso que ela poderia me dar seria a educação,
onde sempre comemorou minhas pequenas vitórias e esteve nelas, assim como minha avó Maria
Neuda que me criou e fez parte do que eu sou hoje. Ao meu padrasto Adrilson Façanha que
junto a minha mãe me disponibilizou sempre que pode o melhor estudo, aos meus irmãos
Kathllen, Gustavo e Enilda e a todos da minha família o meu muito obrigado.
Não menos importante agradeço ao meu namorado Filipe Holanda, que está comigo
desde o meu ingresso na universidade e que nunca me negou apoio, sempre estando à disposição
a me buscar tarde da noite para chegar segura em casa depois de um dia todo na universidade,
assim como também o entendimento da minha ausência pelas horas dedicadas aos estudos.
Agradeço às minhas colegas de turma da faculdade, principalmente as que se tornaram
amigas e que participaram da minha jornada acadêmica, assim como os docentes que fizeram
parte da minha construção, a Alexsandra que entrou na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano
Matos não é a mesma que vai sair e isso é devido a todos que estavam de prontidão para agregar
minhas sabedorias dentro do curso de Pedagogia.
Em destaque minha orientadora Diana Nara da Silva Oliveira, pela paciência,
colaboração e direcionamentos nas orientações ao longo do desenvolvimento da pesquisa.
Agradeço a banca examinadora composta por minha orientadora junto Célia Maria Machado
de Brito e Sandra Maria Gadelha de Carvalho por se dispor a participar e trazer observações
sobre o meu trabalho. Enfim, sou grata a todos que acabaram contribuindo de forma direta ou
indireta na minha trajetória acadêmica que finalizou na realização desta monografia.
RESUMO
A presente pesquisa, tem por objetivo discutir a formação continuada dos professores da
Educação de Jovens e Adultos no Município de Russas-Ceará, analisando a realidade que esses
docentes encontram durante a sua prática docente. Como objetivos da pesquisa buscou-se
compreender a história da EJA no Brasil, considerando os marcos históricos e legais, bem como
sua constituição enquanto modalidade de ensino; refletir sobre a formação inicial e continuada
no Brasil, e os saberes docentes para a prática pedagógica em sala de aula. Por fim, buscou-se
avaliar as práticas desenvolvidas pelos professores, bem como pela Secretaria Municipal de
Educação de Russas, em relação ao processo de formação continuada, oferecido pelo
município, e os desafios e dificuldades encontrados ao se trabalhar na Educação de Jovens e
Adultos. Em termos metodológicos, a pesquisa é de cunho qualitativo, considerando que se
trata de um estudo exploratório e descritivo, utilizando um mister da pesquisa bibliográfica,
pesquisa documental e da pesquisa de campo com questionário, contendo entrevistas
estruturadas e semiestruturadas. Nesse sentido, foram utilizados para a pesquisa bibliográfica,
estudos de autores como Paiva (1973), Freire (1996), Arroyo (1996), Luckesi (1999), Tardif
(2002) Scheibe (2008), Bertotti e Rietow (2013), Almeida (2017) entre outros, como também
constituições de leis, programas e planos nacionais. Posteriormente, foi realizada uma pesquisa
de campo exploratória de cunho qualitativo e documental, sobre a formação continuada dos
professores da EJA através de coletas de dados por questionário, entrevista estruturada e
semiestruturada com professores e a Secretaria Municipal de Educação Desporto Escolar-
SEMED, considerando as estratégias do Plano Municipal de Educação 2015-2025 de Russas-
Ceará. Como resultados, foi identificado que o processo de formação inicial e continuada de
professores deixam lacunas no processo formativo dos mesmos, apresentando os desafios
impostos ao se deparar com as singularidades da Educação de Jovens e Adultos, mostrando que
só a formação inicial e aquisições pertinentes da docência, não são o suficientes para as
referentes subjetividades dos alunos da EJA, tendo assim, a carência de uma formação
continuada voltada a essa modalidade de ensino.
This research aims to discuss the continuing education of teachers of Youth and Adult
Education in the city of Russas-Ceará, analyzing the reality that these teachers encounter during
their teaching practice. As research objectives, we sought to understand the history of EJA in
Brazil, considering the historical and legal milestones, as well as its constitution as a teaching
modality; reflect on initial and continuing education in Brazil, and teacher knowledge for
pedagogical practice in the classroom. Finally, we sought to evaluate the practices developed
by teachers, as well as by the Municipal Education Department of Russas, in relation to the
continuing education process offered by the municipality, and the challenges and difficulties
encountered when working in Youth and Adult Education . In methodological terms, the
research is qualitative, considering that it is an exploratory and descriptive study, using a scope
of bibliographic research, documentary research and field research with a questionnaire,
containing structured and semi-structured interviews. In this sense, studies by authors such as
Paiva (1973), Freire (1996), Arroyo (1996), Luckesi (1999), Tardif (2002) Scheibe (2008),
Bertotti and Rietow (2013), were used for the bibliographical research. Almeida (2017) among
others, as well as constitutions of national laws, programs and plans. Subsequently, an
exploratory field research of a qualitative and documentary nature was carried out on the
continuing education of EJA teachers through data collection through a questionnaire,
structured and semi-structured interviews with teachers and the Municipal Department of
Education and School Sport - SEMED, considering the strategies of the Municipal Education
Plan 2015-2025 of Russas-Ceará. As a result, it was identified that the process of initial and
continuing teacher education leaves gaps in their training process, presenting the challenges
imposed when facing the singularities of Youth and Adult Education, showing that only the
initial training and relevant acquisitions of teaching, are not enough for the referent
subjectivities of EJA students, thus having a lack of continuing education focused on this type
of teaching.
Figura 1 - Cronograma de atendimento para alunos das turmas semipresenciais da EJA ....... 59
LISTA DE GRÁFICOS
Tabela 1 - Números de alunos da Educação de Jovens e Adultos dos últimos 3 anos da rede
municipal de ensino de Russas-CE........................................................................................... 59
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL .... 18
2.1 Marcos legais e a profissionalização docente ................................................................. 26
3 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO
.................................................................................................................................................. 30
3.1 Saberes e práticas docentes: a importância da formação continuada de professores 34
3.2 Formação Continuada de Professores da Educação de Jovens e Adultos................... 38
4 CONHECENDO A REALIDADE DO MUNICÍPIO DE RUSSAS: O CONTEXTO
ESCOLAR, FORMAÇÃO CONTINUADA E A REALIDADE EDUCACIONAL ........ 43
4.1 Coleta e análise dos dados: estratégias para ensino e formação continuada de
professores da EJA ................................................................................................................. 45
4.2 Concepções docentes sobre a Educação de Jovens e Adultos no município de Russas
.................................................................................................................................................. 50
4.3 Concepções sobre a Educação de Jovens e Adultos da Secretaria Municipal de
Educação do Município de Russas- Ceará ........................................................................... 58
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 64
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 66
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 68
APÊNDICE B.......................................................................................................................... 69
APÊNDICE C ......................................................................................................................... 70
ANEXO A ................................................................................................................................ 71
ANEXO B ................................................................................................................................ 72
ANEXO C ................................................................................................................................ 73
13
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa, tem como objeto discutir a formação continuada dos professores
da Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Município de Russas-Ceará1, analisando a realidade
que esses docentes encontram durante a sua prática docente, buscando refletir como se dá a
prática docente e pedagógica desse profissional em sala de aula. A pesquisa tem como lócus a
Escola Municipal José Raimundo de Deus, que oferta turmas de EJA para o Ensino
Fundamental/Supletivo na modalidade semipresencial, sendo a mesma localizada no Município
de Russas, que se situa na microrregião do Baixo Jaguaribe, e é conhecida como Capital do
Vale.
Com relação aos objetivos específicos, o estudo busca compreender a história da EJA
no Brasil, considerando os marcos históricos e legais, bem como sua constituição enquanto
modalidade de ensino; refletir sobre a formação inicial e continuada no Brasil, e os saberes
docentes para a prática pedagógica em sala de aula. Por fim, busca avaliar as práticas
desenvolvidas pelos professores, bem como pela Secretaria Municipal de Educação de Russas,
em relação ao processo de formação continuada oferecido pelo município, e os desafios e
dificuldades encontrados ao se trabalhar na Educação de Jovens e Adultos.
Como justificativa, este presente trabalho surgiu a partir de uma pesquisa de campo da
disciplina de Fundamentos em Educação Popular de Jovens e Adultos, disciplina essa parte da
matriz curricular do curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos-
FAFIDAM. De tal modo que desde o início do curso meu enfoque central sempre foi pesquisar
a docência e a didática do professor em sala de aula, a partir dessa disciplina quis me aprofundar
em como os professores que atuam nessa área da Educação de Jovens e Adultos são preparados
para exercer sua função a um público diferenciado que exige metodologias distintas e uma
gestão em sala de aula que alcance a realidade desses alunos.
Nessa perspectiva de buscar compreender a importância do trabalho docente vi que no
processo de formação do educador se faz necessário de ter novas experiências e engajamentos
1
Russas é um município brasileiro localizado no estado do Ceará, na região do Baixo Jaguaribe. Situa-se a 165 km
da capital Fortaleza, tendo como principal acesso a BR 116, possuindo uma área territorial de 1.611,091 km². A
cidade constitui um dos mais importantes centros populacionais e econômicos do Vale do Jaguaribe, com cerca de
78.882 habitantes. É conhecida como a “Capital do Vale do Jaguaribe”, “Terra da Laranja Doce” e “Terra de Dom
Lino''. A mesma originou-se a partir da fortificação militar e iniciou sua colonização por Portugueses e seus
descendentes oriundos da Bahia e Pernambuco em meados de 1690. A cidade estima a preservação da cultura
regional através das manifestações populares, como as tradicionais congadas, as cavalhadas, o carnaval cultural
de rua (pioneiro na região) e do bumba-meu-boi, tal como espaços culturais que possibilitam acesso à cultura como
o Galpão das Artes (fonte: Sobre Russas - Prefeitura Municipal de Russas, Russas – Wikipédia, a enciclopédia
livre (wikipedia.org e IBGE https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ce/russas.html ).
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que permitem uma melhor produção de saberes, informações e novas tendências para se
trabalhar com alunos da EJA, fazendo assim que não só passem conteúdo sem instigar os/as
estudantes a compreensão sobre sua história de vida, sobre sua biografia dentro da sociedade e
criticidade. Busco nesta pesquisa ter uma perspectiva de como ocorrem esses encontros
formativos para os professores e se esses encontros têm alguma relevância perante a sua gestão
em sala. Como também entender como ocorre o planejamento escolar para esse nível de ensino.
Atualmente no ensino de Jovens e Adultos verifica-se várias dificuldades
metodológicas para o sucesso de práticas pedagógicas, então fazer reflexões de questões de
como um aluno de EJA precisa ter um ensino onde o sujeito use todas as suas formas de
percepção da realidade, com base nos seus entendimentos de valores que fazem parte da cultura
e o do contexto social do indivíduo. Nessa perspectiva ter professores que não só molde seus
alunos através da transmissão de conteúdo mais que seja um facilitador que consiga realizar
uma aprendizagem significativa que respeite a pluralidade de grupo heterogêneo.
As questões que movem essa pesquisa giram em torno das contradições envolvidas na
educação brasileira, em especial da modalidade EJA, são elas: As escolas que oferecem essa
modalidade de ensino para Jovens e Adultos realmente promovem uma aprendizagem
significativa? Existe uma formação que contribui realmente para os professores de EJA?
Encontramos professores qualificados em sala de aula que consigam trabalhar com um grupo
heterogêneo de forma satisfatórias? A prática desenvolvida em sala de aula alcança as
realidades desses alunos que não foram escolarizados na idade “certa”? As constantes
transformações no contexto social que atingem a educação fazem com que os educadores
fiquem estagnados numa aula tradicionalista, fazendo com que essa modalidade de ensino não
consiga fazer com que os professores tenham uma mediação pedagógica eficaz? Ausência de
preocupação e prioridade em relação às políticas para a modalidade da EJA e de encontros
formativos para os docentes atrasam esses sujeitos que buscam na Educação de Jovens e
Adultos uma nova oportunidade de crescer tanto no ambiente de trabalho como continuação
dos estudos até nível superior?
Em termos metodológicos a pesquisa é de cunho qualitativo, exploratória e descritiva,
utilizando um mister da Pesquisa bibliográfica, Pesquisa documental e da Pesquisa de campo
com questionário, e entrevistas estruturadas e semiestruturadas realizadas pelo meio virtual
devido a pandemia da COVID-19.
Os levantamentos serão iniciados com uma pesquisa bibliográfica acerca de um
resgate histórico da formação de professores no Brasil com um enfoque na formação
15
continuada, visando uma busca de informações sobre como essa formação de profissionais da
educação que buscam um aprimoramento que pode contribuir para se trabalhar em diferentes
instâncias como na Educação de Jovens e Adultos. Como também será ressaltado os saberes e
práticas docentes de autores como Freire (1996), Tardif (2002), Bertotti e Rietow (2013),
Scheibe (2008), Secretaria da Educação do Estado da Bahia (2009), Borges (2011), entre outros.
Remetendo assim, a formação inicial e continuada dos professores no Brasil, a importância da
prática pedagógica para o aprimoramento do docente, os encontros formativos para
profissionais que atuam na EJA, e em que momento foi visto que nessa modalidade se precisava
de profissionais qualificados.
Com a finalização da primeira etapa, com o levantamento bibliográfico, foi realizada
uma pesquisa exploratória sobre como acontece a formação de professores, no Município de
Russas - Ceará, examinando as estratégias tomadas para essa modalidade de ensino, as
problemáticas das práticas educacionais definidas ou não, dentro dos diferentes âmbitos da
educação. Ainda, se ocorre verdadeiramente formações continuadas distintas, para cada
professor que atua com alunos de diferentes eixos, principalmente os que exercem na Educação
de Jovens e Adultos.
Contudo, o docente é a pessoa que transmite um determinado conhecimento aos
alunos, através de diversos meios, técnicas e ferramentas de apoio. Ou seja, as suas aptidões
consistem em ensinar o educando da melhor maneira possível, providenciando artifícios
distintos para um melhor progresso no ensino. Nesse sentido, fazem-se necessários
profissionais capacitados, para se trabalhar com esse público alvo de ensino, que no caso em
questão são discentes do programa EJA.
Entretanto sabe-se que, a EJA ainda enfrenta vários problemas estruturais, como a
evasão, métodos de ensino que não correspondem com o nível de ensino dos alunos, a falta de
recursos, e entre elas, a precarização da formação de professores para essa área. Dessa forma,
o presente estudo busca entender, se o município investigado, sofre com essa fragilização na
construção de um educador mais capacitado em sua prática pedagógica, perante a Educação de
Jovens e Adultos.
Por fim, foi realizada uma coleta de dados na secretaria, sobre a formação dos
professores do município, por meio de entrevistas semiestruturadas, com professores tanto do
ensino regular como da EJA, para saber sobre sua formação, e metodologias utilizadas dentro
de sala de aula, como também ver se ocorre a importância de um currículo mais apropriado para
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município, que de acordo com o documento de 2016, traz as seguintes etapas, sendo estas,
organizar o trabalho, estudar o plano, monitorar continuamente as metas e estratégias, e avaliar
o plano periodicamente.
Com relação a apresentação desse estudo, realiza-se por meio de sessões. A divisão se
dará no seguinte seguimento: a seção 1, traz a introdução que contemplou os anseios que
motivaram o ponto inicial desta pesquisa, que visa trabalhar encima da educação de Jovens e
Adultos, desde o seu contexto histórico, a prática pedagógica dos que atuam nela e sua formação
inicial e continuada; a seção 2, irá tratar do processo histórico que a educação de Jovens e
Adultos enfrentou, desde a importância que ela ganhou no processo de redemocratização devido
ao crescimento populacional nos centros urbanos e o desenvolvimento da industrialização,
passando por propostas pedagógicas para o analfabetismo, e movimentos de educação popular,
até leis criadas para garantir e subsidiar o ensino de Jovens e Adultos; na seção 3, retrata-se
sobre o processo de formação de professores no Brasil, que se iniciou no final do século XIX
nas Escolas Normais, para formar professores para as primeiras letras até a abertura de
instituições de cursos superiores para a formação do docente. Em suas subseções também
aborda-se acerca da prática docente e sua constituição, através da aquisição de novas
experiências e conhecimentos, que acabam acontecendo dentro do ambiente estudantil, e
também através de formações continuadas que são essenciais para construção de novas
aprendizagens para se trabalhar. Principalmente os para professores da EJA, onde remete-se
que os mesmos precisam está sempre em busca de novas metodologias para se trabalhar com
perfis de alunos heterogêneos.
A seção 4, trata a parte metodológica do estudo, através de coleta e análise de dados,
através de falas dos docentes e da Secretaria de Municipal de Educação e do Desporto Escolar
do município de Russas, sobre o contexto social das escolas, o processo de formação
inicial/continuada dos professores, a oferta da formação continuada pelo município, os desafios
dos docentes/secretaria em relação a educação de Jovens e Adultos, o Plano Municipal de
Educação de Russas EJA , dando enfoque na Meta 10 que trata da modalidade Jovens e Adultos
e a 16 que aborda a formação continuada.
Por fim, por meio da seção 5, finaliza-se com as considerações e avanços do processo
histórico sobre a EJA, tal como as lacunas deixadas pela formação inicial de muitos cursos em
relação a educação de Jovens e Adultos, causando assim uma necessidade formativa que deveria
ser suprida pela formação continuada, que apesar de ser garantida por leis não estão sendo
executadas de fato, principalmente, no município tratado.
18
A educação de Jovens e Adultos passou, e vem passando por várias mudanças ao longo
do tempo, em decorrência das diversas formas de transformações pelas quais o Brasil passou,
especificamente na primeira metade do século XX, o que provocou grandes impactos até os
dias atuais. O processo expansivo de industrialização no país, como também da migração
populacional para os grandes centros urbanos, em busca de melhorias de vida, acarretam neste
período uma evidência maior na educação de adultos, assim, fazendo-se necessário atender as
exigências de acordos internacionais, com o intuito de elevar os níveis de desenvolvimento do
país. Assim, surge a necessidade, do Governo Federal, ampliar a educação elementar a nível
nacional, ampliando a oferta de ensino aos adultos fortemente nos anos 1940. Diante do
processo de redemocratização do estado brasileiro, a educação de adultos ganhou maior
destaque dentro da preocupação geral com a universalização da educação no país neste período.
De acordo com Paiva (1973), esse período marcou a história da EJA no Brasil.
Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não
posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim
19
A lacuna na oferta de educação para Jovens e Adultos, imposta pelo Golpe de 1964,
impôs o próprio Regime Militar a se posicionar acerca da garantia deste direito dos
indivíduos, através de políticas educacionais que agradassem aos empresários e ao
Estado repressor. Necessitava-se de um Programa de alfabetização que suprisse as
demandas existentes na sociedade brasileira e, no mesmo compasso, propagasse a
ideologia de uma nação em desenvolvimento, a qual via a educação como elemento
chave para o crescimento econômico do país. Não obstante, nesse momento, a
Cruzada ABC vinha recebendo críticas e perdia o espaço de atuação (ALMEIDA,
2017, p. 47-48).
A visão reducionista com que, por décadas, foram olhados os alunos da EJA trajetórias
truncadas, incompletas – precisará ser superada diante do protagonismo social e
cultural desses tempos da vida (...). A finalidade não poderá ser suprir carências de
escolarização, mas garantir direitos específicos de um tempo de vida. Garantir direitos
dos sujeitos que os vivenciam (ARROYO, 1996, p. 21).
Já nos anos 80, ainda marcada pelos aspectos do governo militar, e devido ao fracasso
do então programa implantado, e suas lacunas no decorrer do processo, surge então uma
preocupação com o grande número de analfabetos adolescentes e adultos, que para o governo
trariam maus resultados aos índices educacionais do país. É possível perceber que, no decorrer
da história a Educação de Jovens e Adultos, foi sempre vista como algo pontual, voltado para
uma obrigação, um dever do estado, e não como uma garantia de direito desses sujeitos. Assim,
de acordo com Silveira, Oliveira e Feitosa (2020, p. 56), com a promulgação da Constituição
Federal de 1988, fica indexado que “a educação passa a ser pensada como uma conquista
popular, um direito social e subjetivo de todos os brasileiros”. De tal modo que, “políticas
educacionais importantes surgiram, tal como a profissionalização docente, o financiamento do
ensino fundamental, e a instituição da EJA enquanto modalidade de ensino”.
Com surgimento da abertura política, e com o processo de redemocratização no país,
as contribuições para que a Educação de Adultos fosse vista como um instrumento importante
e oportuno, na construção de um pensamento de transformação social, e por isso passam a ser
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São sujeitos de direito da EJA jovens, adultos e idosos; homens e mulheres que lutam
pela sobrevivência nas cidades ou nos campos. Em sua maior parte, os sujeitos da EJA
são negros e, em especial, mulheres negras. São moradores/moradoras de localidades
populares; operários e operárias assalariados(as) da construção civil, condomínios,
empresas de transporte e de segurança. Também são trabalhadores e trabalhadoras de
atividades informais, vinculadas ao comércio e ao setor doméstico (SECRETARIA
DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, 2009, p.11).
mas principalmente como continuação dos estudos até nível superior. Perante a busca de
oportunidades, para estas pessoas oriundas de uma sociedade excludente, a formação de
professores, para atuar na EJA, deve ser pensada com uma relação pedagógica de proximidade
com os sujeitos, que muitas vezes são trabalhadores, o que é garantido pela lei n 9.394/1996
(Art 4º, inciso VII). A “oferta de educação escolar regular para Jovens e Adultos, com
características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se
aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola”. (BRASIL, 2017,
p.10).
Contudo, para oferecer essa educação compatível com seus alunos, se faz necessário
que existam profissionais aptos, com formação que se adeque a modalidade, aspecto esse
deixado de lado pela LDB que não faz menções nos artigos destinados ao EJA, referente à uma
formação própria para execução desses profissionais em âmbito educacional, deixando apenas
a exigência do nível superior, onde a maioria não oferece disciplinas destinadas a essa
modalidade.
Outro ponto a se destacar, são os financiamentos destinados a essa modalidade, pois
não adianta só inserir estas pessoas em sala de aula, mas também garantir meios e materiais, a
partir dos recursos públicos aplicados na educação básica. Assim sendo, a Constituição Federal
de 1988, traz em seu Art. 212 que:
população, construindo assim programas sociais elaborados com o foco na população mais
carente.
No tocante a educação pública, em seu último ano do primeiro mandato, foi criado o
FUNDEB que como já citado foi instituído pela Emenda Constitucional nº 53 de 19 de
dezembro de 2006, e posteriormente, em 2007, foi criado também o Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb), que busca monitorar e avaliar a qualidade da educação nas escolas
públicas. Com relação ao Sisu, que foi criado em 2009, implementado em 2010, pela Lei nº
12.711, de 29 de agosto de 2012 traz os ingressos dos estudantes para as universidades federais,
neste mesmo período foi ampliado os números de vagas em universidades federais, devido a
criações de novas faculdades e a ampliações de novos campos, além do ingresso da população
mais pobre em cursos de graduação por meio dos projetos de cotas raciais e sociais.
Outrossim, no período em que o país foi governado por Luiz Inácio Lula da Silva,
estabeleceu-se parcerias diretamente com municípios e escolas para desenvolvimento de
programas, sem a mediação dos estados. A educação, foi apontada como um importante setor
para distribuições de políticas públicas, que através das emendas nº 53/2006 e a nº59/2009, que
respectivamente trazem alterações significativas em oito regulamentos para a educação,
visando a valorização do profissional da educação, o repasse dos recursos e de
responsabilidades entre o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios, a obrigatoriedade no
ensino dos quatro aos dezessete anos, o atendimento ao educando em todas as etapas da
educação básica por meio de programas suplementares, entre outros.
Além disso, criações de programas que incluía os jovens de baixa renda como
Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego de Jovens (PNPE), pela lei nº
10.748/2003, que objetivava promover a incorporação de jovens entre 16 a 24 anos, que emana
de famílias de baixa renda e que evidenciam pouca escolaridade, como também o Programa
Nacional de Inclusões de Jovens (PROJOVEM) por meio da lei nº 11.129/2005. A mesma foi
reformulada pela a lei nº 11.692/2008, que visava criar cursos de qualificação profissional e
social para jovens entre 15 e 29 anos, que tivessem a escolaridade superior à 4ª série, mas que
não concluíram o ensino fundamental, visando a ajuda no início da carreira, e a posterior
integração no mercado de trabalho. Apesar desses programas ajudarem muitos jovens na
educação profissionalizante, não é possível deixar de ressaltar que este havia um caráter
assistencialista, e que eram realizados de forma aligeirada, com ênfase na certificação, aspecto
esse regularmente encontrado em várias políticas públicas voltadas para EJA, no decorrer da
história do Brasil
25
estagnar o crescimento da educação, mostrou através da transposição das aulas presenciais para
aulas em ambientes virtuais, o despreparo da gestão escolar de muitos ambientes institucionais
de ensino, como também, a falta de capacitação dos docentes, para o uso de ferramentas
tecnológicas para aulas virtuais, e em muitos casos, curvando-se para a ausência de recursos
tecnológicos dos alunos e de suas famílias. Em relação a Educação de Jovens e Adultos,
historicamente, os financiamentos para a mesma ocupava uma posição inferior em relação aos
demais níveis de ensino, e neste período de COVIDE-19, as tendências para o financiamento
da EJA, após a atual pandemia, é sofrer uma decaída, devido a evasão de alunos e diminuições
de matrículas, ainda devido a falta de inserção desses alunos ao ensino remoto, como também
a baixa das atividades econômicas, integralmente por conta do atual ritmo da vacinação. No
gráfico 1, é possível identificar uma amostra da baixa de pagamentos destinados ao programa
EJA.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art.206. V- Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma
da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos, aos das redes públicas (BRASIL, 1988, online).
Sinalizando duas direções, onde por um lado a escola é apontada como papel
primordial para construção do desenvolvimento das crianças e adolescentes, na formação de
alunos que compreendam a construção de cidadania, onde qualifica os sujeitos para o
desenvolvimento humano e mercado de trabalho. E por outro lado, a garantia de ingresso no
magistério, via concurso público de profissionais que tenham domínio da sua área, através do
seu processo de formação pelo seu curso de Ensino Superior, ambos resultados das lutas por
uma educação básica de qualidade, através do princípio da valorização dos profissionais do
ensino. Ademais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96), se
28
instaurou como a mais nova reforma do ensino, onde a formação de professores ganha um
capítulo próprio:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o
objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e
definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e
modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas
federativas que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização
do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o
trabalho; VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do produto interno bruto (BRASIL, 2009, online).
A “formação continuada” traz consigo a ideia de que a formação dos professores não
se encerra com a conclusão de um curso preparatório inicial, mas diz respeito à
necessidade de formação permanente dos professores, a um constante
aperfeiçoamento. O Censo da Educação Básica considera como “formação
continuada” cursos com carga horária mínima de 80 horas relacionados
especificamente às seguintes áreas:[...] (VI) educação de Jovens e Adultos (EJA);
(VII) educação especial; (VIII) educação indígena; (IX) educação do campo[...] e
(XV) outros (BRASIL, 2015, p.282)
Contudo, desde o Império até a instauração da República, a instrução primária não era
centralizada, ficando sob a responsabilidade das províncias. O governo central
ocupava-se do ensino secundário e superior administrando o ensino primário somente
no Distrito Federal. Diante da ausência do governo central, os estados passaram a ser
32
Nesse prisma, entenderam que o preparo dos novos professores exigia a organização
curricular, com preparação dos conteúdos científicos e também a preparação didática
pedagógica, para garantir, de fato, professores bem formados. Nesse modelo, o
padrão de Escola Normal tendeu a se firmar e se expandir em todo o país. Porém, o
padrão da Escola Normal teve seu ímpeto reformador enfraquecido após a primeira
década, prevalecendo a preocupação com o domínio dos conhecimentos a serem
transmitidos (BORGES; AQUINO; PUENTES, 2011, p. 97).
33
Ademais, esta reforma, executou uma implantação de oito anos de duração do ensino
primário, dividido em cursos elementares e complementares, através de organização dos
“grupos escolares”. Os distintos cursos complementares, foram inicialmente efetivados para
complementar o ensino primário, entretanto, as pretensões iniciais acabaram se voltando como
uma forma adicional na prática de preparar professores para as escolas preliminares, formando
assim uma dualidade na formação dos educadores: as escolas normais primárias e as escolas
normais secundárias
[...] Escolas Normais preconizavam uma formação específica. Logo, deveriam guiar-
se pelas coordenadas pedagógico-didáticas. No entanto, contrariamente a essa
expectativa, predominou nelas a preocupação com o domínio dos conhecimentos a
serem transmitidos nas escolas de primeiras letras. O currículo dessas escolas era
constituído pelas mesmas matérias ensinadas nas escolas de primeiras letras. Portanto,
o que se pressupunha era que os professores deveriam ter o domínio daqueles
conteúdos que lhes caberia transmitir às crianças, desconsiderando-se o preparo
didático-pedagógico (SAVIANI, 2009, p. 03).
O docente é a pessoa que não apenas transmite os conteúdos, mas também ensina aos
seus alunos a pensar certo, criticamente e refletindo de acordo com seu contexto, realidade e
vivências, através de metodologias e instrumentos. Ou seja, as suas aptidões consistem em
ensinar o educando da melhor maneira possível, providenciando artifícios distintos para um
melhor progresso no ensino. Nessa linha Freire (1996), salienta:
Faz parte das condições em que aprender criticamente é possível e pressuposição por
parte dos educandos de que o educador já teve ou continua tendo experiência da
produção de certos saberes e que estes não podem a eles, os educandos, ser
simplesmente transferidos. Pelo contrário, nas condições de verdadeira aprendizagem
os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinando, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. Só assim
podemos falar realmente de saber ensinando, em que o objeto ensinado é apreendido
na sua razão de ser e, portanto, aprendido pelos educandos (FREIRE. 1996, p. 14).
35
2
Uma palavra com origem no termo em grego práxis que significa conduta ou ação, é o processo pelo qual uma
teoria, lição ou habilidade é executada ou praticada, se convertendo em parte da experiência vivida.
36
Paulo Freire diz que teoria, método e prática formam um todo, guiado pelo princípio
da relação entre o conhecimento e seus interesses, portanto, uma teoria do conhecimento e uma
antropologia, nas quais o saber tem um papel emancipador. Essa instituição contemporânea
(escola), precisa fazer a articulação entre vida escolar e a vida cotidiana, portanto, a vida escolar
deve estar articulada com a vida social, para que o educador conceba essa dialogicidade que
necessita para estar preparado e apto a conviver com essa nova realidade.
Ser educador, é uma tarefa onde o professor nunca encontra-se 100%, em relação aos
nossos conhecimentos necessários; essa profissão exige não apenas uma formação inicial, mas
também uma formação continuada permanente, para que o profissional docente consolide, em
seu trabalho, a identidade característica da profissão, em resposta às necessidades que a
atividade docente objetiva alcançar, face ao desenvolvimento social, histórico, cultural e
econômico.
Nesta perspectiva, a formação inicial do docente, não abrange todos os saberes
imprescindíveis para que engloba as variáveis necessidades que existem dentro de uma sala de
aula, pois esta está sempre em constante mudança, de acordo não só com a realidade social,
cultural, política e econômica de cada ambiente educacional, e de seus alunos como também
as tecnológicas que estão cada vez mais presentes dentro dos muros das escolas. Com isso, se
faz necessário que os educadores permaneçam estudando, sucedendo uma formação
continuada, com intuído aprender, e reinventar os saberes pedagógicos já existentes, com as
práticas diárias, através das observações cotidianas, que o educador faz em seu próprio trabalho
com os seus educandos, aprimorando assim seus conhecimentos e suas práticas, ou seja, o
docente precisa estar sempre se readaptando o que aprendeu, pois a cada dia que passa, surgem
novos métodos e conteúdos.
Nesse ponto de vista, o que acontece com a prática pedagógica do professor é que ela
se desenvolve a partir do dia a dia do trabalho docente, por meio de interferências internas, e
externas, em conjunto com a busca de novas formas de trabalhar conteúdos, como as
37
metodologias ativas3, assim, podendo tornar o cotidiano do ensino mais leve e proveitoso. Por
este ângulo, cabe ao professor flexibilizar e modificar suas práticas pedagógicas como também
entender que seus alunos trazem para a sala de aula saberes prévios, e que estes têm que ser
explorados e aperfeiçoados para um melhor conhecimento. Portanto, não há docência sem
discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que o conotam, não se
reduzem a condições de objeto um do outro.
Decerto, que trabalhar com o ensino requer um saber interativo, social, afetivo, em
processo contínuo de construção, que exige do professor uma inter-relação dos diferentes
domínios de seus saberes. Outrossim, o trabalho coletivo estimula a visão crítico-reflexiva,
fornecendo aos professores os meios para desenvolver pensamento autônomo e facilitar nas
dinâmicas de auto formação participada. Em contraste com a perspectiva educacional, de
formação permanente e dinâmica de educadores críticos, inovadores, pensantes, que trabalhem
em grupo, que se conheçam como indivíduo e não se limitam a visões segmentadas do seu papel
na educação, como mero agente do conhecimento, sendo esta realidade atual dos ambientes
educacionais que se encontram.
Em virtude das várias realidades encontradas nas escolas, se perfaz a necessidade de
uma busca de profissionais que procuram mudanças e vivências, em outras palavras, se
necessita de professores que sejam capazes de sempre se renovar, por si próprios, mesmo que
o âmbito educacional não seja favorável para essa construção de novos conhecimentos, que
busquem sempre novas aprendizagens através não só dos meios teóricos, mas com os que os
cercas, alunos e professores. Como também, educadores que consigam fazer um ambiente mais
agradável e aceito pelos alunos, através de um ensino com vários ângulos e maneiras
diversificadas de ensinar, que permita que todos os atores envolvidos tenham voz e vez dentro
e fora do ambiente educacional, não ficando apenas no ensino tradicional. No segmento
posterior, será abordado, que devido a mudanças que ocorrem em nossa sociedade, a formação
3
As metodologias ativas consistem em formas de atividades distintas que buscam a implementação de novas
estratégias de ensino, onde os alunos serão participantes efetivos na construção de aprendizagem, o professor passa
ser um mediador desse processo, auxiliando e direcionando os alunos ao caminho para se conquistar o
conhecimento.
38
continuada tomou uma grande importância para o profissional da educação, com enfoque os
que atuam na Educação de Jovens e Adultos, acarretado das demandas de conhecimentos e
métodos específicos, para se trabalhar com seus alunos, ressaltando a existência da
improvisação para atuar nessa modalidade, devido a desqualificação da maioria dos
profissionais que são oriundos do ensino regular.
Durante as últimas décadas, a formação continuada tem sido pautada no seu âmbito de
aprofundamento de aprendizagem, tal como, requisitos para a realização do trabalho
educacional, perante a rápida transmissão de conteúdos, pelas novas tecnologias, e as constantes
mudanças e desafios nos processos educativos. Isto é, perante as diversas tarefas, que um
educador encontra na sua docência, dentro das instituições de ensino, estando entre os mesmos,
as questões de planejamentos e métodos distintos, que se adequem para cada turma, a
construção de instrumentos avaliativos, a forma do docente ministrar sua aula e como ele lida
com a individualidade de cada aluno, fazendo com que os professores precisem de um domínio
de saberes, cada vez mais complexo, e que não sejam meros transmissores de conteúdo.
Estimando que a educação continuada seja a abertura, tanto para o desenvolvimento
pessoal e profissional do docente, como também, para um trabalho colaborativo, que estimule
a visão crítico-reflexiva, fornecendo aos professores meios para desenvolver pensamento
autônomo e facilitar nas dinâmicas de auto formação participada dos educandos, cabe os
mesmos identificarem a escola como o ambiente de investigação, reelaboração, reinvenção e
criação.
Ademais, a sociedade está em uma organização de constantes modificações, e a
educação busca alcançar essas transformações, que foram ocorrendo nas áreas econômicas,
políticas, tecnológicas, sociais e culturais, no decorrer dos últimos séculos, e como parte desse
contexto, a EJA se inseriu, nesse processo, realizando conquistas legais, para as novas
demandas da sociedade, tal como, escolarização exigida pelo mundo do trabalho. Professores
da Educação de Jovens e Adultos, demandam de um conhecimento diferenciado, pois atuam
com perfis diversos de pessoas, com trajetórias distintas, que cruzaram com diferentes tipos de
profissionais e escolas, como também muitos desses alunos são ricos em experiências de
mundo, necessidades, interesses e situações de vida. Porém, ainda é muito existente a
39
improvisação de professores que atuam na EJA, muitas vezes, é destinada a essa modalidade
profissionais que não tiveram vivência ou qualificações necessárias.
[...] uma vez que o professor, muitas vezes, atua na EJA do mesmo modo que atua no
ensino regular e não busca metodologias adequadas aos educandos da EJA. Destarte,
os desafios da EJA estão intimamente vinculados aos do processo de formação
docente. Hoje, ainda é bastante comum a existência de práticas docentes desconexas
do ideal de atuação direcionado à EJA. Isso porque, na maioria das vezes, o educador
de EJA é também pertencente ao ensino regular, e grande parte dos conhecimentos
que possui, e mesmo suas concepções metodológicas, são organizados a fim de
atender a um ensino de crianças e adolescentes (AMORIM; DUQUES, 2017, p. 231).
Por este ângulo, a atuação dos professores da EJA, ainda continua sendo um grande
desafio, com lacunas a serem alcançadas, tais como a falta de preocupação e priorização em
relação às políticas públicas e às ações governamentais, o pensamento de que atuar nessa
modalidade é fácil, e a concepção que esse programa de ensino seja um acelerador da
aprendizagem, nessa percepção, ela pode ser vista como um escape de todo o sistema
educacional brasileiro. Outrossim, o educador de EJA, originários do ensino regular, que vem
de variadas áreas de formação inicial, e que são na maioria dos casos, instruídos para lecionar
no ensino regular, se inserem na modalidade de Jovens e Adultos por distintos interesses e
motivações, tal como a conveniência do horário noturno, a flexibilidade de conciliar mais de
uma atividade profissional, o que possibilita o aumento de seu salário, o fato de simplesmente
gostar de ensinar esse público, ou onde seu método de ensino se encaixa, entre outros.
Historicamente, a Educação de Jovens e Adultos, adquiriu lugar no decorrer dos anos
no Brasil, e conseguiu se constituir como uma modalidade permanente dentro de instituições
de ensino, embora ainda se precisr pensar tanto o lugar da formação inicial dos
professores, tendo em vista que a maioria dos cursos de licenciatura não oferecem disciplinas
voltadas para Educação de Jovens e Adultos, somente o curso de Licenciatura em Pedagogia
oferta, no currículo, a disciplina voltada para área da EJA. Bem como também, a carência de
ofertas de uma formação continuada para esses professores, onde ocorre só através de ações
pontuais, dadas pelos municípios, por meio de reuniões, com cada respectivo grupo de ensino,
ainda distantes de alcançarem o ideal formativo dos docentes que atuam nessa modalidade, já
que como já citado, as metodologias do ensino da EJA, na maioria das vezes, não se distingue
do ensino regular, ou por iniciativa dos próprios professores.
Dessa forma, como afirmam Oliveira, Almeide e Carvalho (2019), ao relatarem uma
pesquisa realizada com os estagiários da disciplina Educação de Jovens e Adultos, do curso de
pedagogia da FAFIDAM.
40
A formação inicial dos professores das turmas de EJA desperta preocupações. Alguns
dos profissionais observados ao longo do estágio têm formação acadêmica
incompatível com a modalidade como, por exemplo, a área de Administração e
Direito. Nenhum deles tem qualquer tipo de especialização em educação de Jovens e
Adultos ou cursou disciplinas durante a graduação sobre a temática. Além disso,
dispõem de pouca formação continuada para o desenvolvimento de suas atividades,
esperando apenas pelas formações mensais oferecidas pelas secretarias de educação
dos municípios. Devido a sua carga horária de trabalho, os docentes não têm
condições de fazer uma especialização ou cursos complementares para melhorar sua
prática (OLIVEIRA; ALMEIDE; CARVALHO, 2019, p. 291).
Através desta fala, é possível identificar que ainda existem muitos percalços no
processo formativo dos docentes, mesmo que esses profissionais sejam dedicados a procurar,
rotineiramente, novos cursos e metodologias, sendo capazes de ministrar aulas que atendam o
público específico de Jovens e Adultos, acabam muitas vezes sendo impossibilitados pela falta
de recursos e materiais baseados para cada público e situação de aprendizagem, fazendo com
que não consigam despertar o interesse dos alunos. Este tipo de situação, pode acarretar ao
educador falta de estímulos necessários para planejar devidos conteúdos escolares,
desmotivando-o a permanecer na modalidade da EJA.
Contudo, a Educação de Jovens e Adultos, é uma parte indispensável da Educação
Básica Brasileira, onde requer uma formação que qualifique um profissional apto, para não só
exercer nesta modalidade, como também para que consiga lidar com suas especificidades,
sobretudo, fazer com que os estudantes não só aprendam as matérias conteudistas, como
também pensem sobre sua trajetória, reflitam temas que mostram situações da vida real, que
acontecem no cotidiano; tais como as injustiças sociais e/ou raciais, preconceito no mercado de
trabalho, entre outras situações que os rodeia. E assim, fazer com que reflitam, debatam e
pensem, criticamente, em formas que poderiam combater as situações.
[...] é necessário um olhar diferenciado para o educando da EJA, pois o jovem, adulto
ou idoso que se encontra participante dessa modalidade não seguiu uma trajetória
escolar linear. São sujeitos que por vários motivos ficaram à margem do sistema
escolar, que vivenciam diferentes contextos sócio-culturais, são ativos no mundo do
trabalho e que estão em uma fase da vida distinta da infância. Portanto, o diálogo se
41
Assim, essas necessidades específicas, para os alunos da EJA, fazem com que os
docentes tenham posturas distintas, diante os desafios que requerem formação continuada. Para
atuar na área da EJA se necessita que os docentes tenham disposição para aproximações, que
caminhem entre os saberes conteudistas do campo das ciências, e saberes experienciados dentro
do âmbito escolar. Freire (1996, p. 20) diz que “ninguém nasce educador ou marcado para ser
educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na
prática e na reflexão da prática”. Ou seja, o professor se consolida através da prática, que
adquire desde do seu processo de formação, passa pela experiência dentro de sala e se
aperfeiçoa no processo de estudos e vivências. Assim sendo, é imprescindível um programa de
formação que seja capaz de suprir a demanda da educação de Jovens e Adultos, onde não se
aplique apenas o discurso teórico, uma vez que a teoria deve estar vinculada à prática em uma
relação de mão dupla. Desse modo, análises para construção de novas teorias podem ser
efetivadas pelos educadores dentro do cotidiano escolar, sendo necessário combinar elementos
teóricos com situações práticas reais.
No contexto da Educação de Jovens e Adultos, onde os docentes carecem de
reconfigurar sua sistemática de ensino, devido às demandas que a modalidade exige, adotar a
prática docente como um eixo durante todo seu processo de formação, parece um bom caminho
para assegurar processos formativos sólidos em seus saberes profissionais. Para tanto, alega-se
que as práticas pedagógicas se entrelaçam entre as vivências e os saberes, que os educandos
trazem consigo, que é um saber experiencial, que o professor vai construindo, através da relação
e interação do professor-aluno. Ou seja, que quando os docentes buscam conhecer seus
educandos, seus anseios, questionamentos, particularidades, entendimento de mundo,
dificuldades e necessidades no aprendizado. Tais aspectos, mostram as especificidades dessa
modalidade, acerca do ensino regular, sobretudo, devido ao público que atende.
Para alcançar essa via de trocas que convirja para a melhoria da prática e, por
conseguinte, para a melhoria da qualidade da EJA, é necessária a articulação conjunta
entre educadores, educandos, instituições formadoras e a própria instituição de
atuação docente. Essa maneira de consolidar a formação desencadeia novas
discussões voltadas para o desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica do
educador, tendo como base, além dos conhecimentos teóricos fomentados pelas
instituições formadoras, a própria experiência no desenvolvimento da prática
(AMORIM; DUQUES, 2017, p. 233).
42
Por esta perspectiva, se faz perceber que não é viável um desenvolvimento no trabalho
na EJA sem a constante reflexão da prática, já que esta é uma espécie de ensino que coordena
aprendizagens em um contexto social carregado de demandas. É aí que se desenvolve o
entendimento do educador, como intelectual crítico, que deve refletir o contexto escolar através
da aprendizagem constante. Assim, uma formação que proporcione reflexões das problemáticas
vivenciadas e das atividades realizadas no contexto da EJA, faz com que o
educador/pesquisador, da sua prática, consiga ter o necessário para pensar nas suas ações em
busca de uma formação permanente que o aprimore.
Dando seguimento, as próximas seções irão abordar, de forma simplificada, a estrutura
da Secretaria de Educação de Russas, tal como apresentar um pouco da organização das escolas
onde os entrevistados atuam, dando seguimento, serão apresentadas as técnicas utilizadas para
coleta de dados, as entrevistas com os professores, e a concepção da secretaria sobre o ensino
de Jovens e Adultos, em busca de compreensão das estratégias de ensino e formação de
professores da EJA, no município de Russas/CE.
43
Fonte: Plano Municipal de Educação Russas-Ceará 2015-2025. Elaborado pela autora, 2021.
44
saudável, em um ambiente que os alunos possam socializar fora sala de aula, com turmas de
atividades complementares, tais como dança, capoeira, futsal, xadrez e aulas extra de português
e matemática. Pontos fortes citados na PPP da escola são os projetos elaborados com
planejamentos semanais, profissionais comprometidos com seus papeis, avaliações contínuas,
uma gestão democrática, boa convivência e respeito mútuo, e a parceria entre escolas. Também,
é citado a dimensão físico-estrutural da escola, que deveria passar por algumas mudanças, como
a construção da coberta da quadra e acessibilidade na estrutura escolar, para pessoas portadoras
de deficiência de mobilidade.
Um número menor de entrevistados, faz parte atualmente da Escola Manuel Matoso
Filho, que compõe a rede estadual de Russas, porém as perguntas feitas aos mesmos foram de
acordo com o período em que eles lecionavam na rede municipal na Escola Coronel Murilo
Serpa. Onde a mesma também oferece a Educação de Jovens e Adultos, no período noturno,
com turmas presenciais e semipresenciais.
4.1 Coleta e análise dos dados: estratégias para ensino e formação continuada de
professores da EJA
Conforme supracitado, o trabalho foi apoiado por uma pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental e de campo, usando uma abordagem qualitativa. Através da coletas de dados, foi
realizada uma pesquisa exploratória e documental, sobre a formação continuada professores da
Educação de Jovens e Adultos dos no município de Russas-Ceará, levando em consideração o
documento do Plano Municipal de Educação com foco na EJA, e as formações que ocorrem em
todos os meses para os professores do referido município.
A coleta de dados, foi permitida por meio um questionário e entrevistas estruturadas e
semiestruturadas, com uma profissional que está a frente ao grupo de formação ofertado, pela
Secretaria Municipal de Educação e os professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos,
mas que já tiveram vivência com turmas do ensino regular. Os mesmos serviram para serem
realizados questionamentos sobre como acontecem as aulas dos alunos da EJA, se são
produtivas, se alcancem a realidade dos discentes, as diferenças e dificuldades para se trabalhar
com um grupo com diversidades. Ademais, foram utilizados como instrumentos de coleta de
dados: livros, artigos, o documento PME do município, cronograma de atendimento,
questionários e entrevistas.
46
(...) uma técnica de investigação social composta por um conjunto de questões que
são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos,
crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores,
comportamento presente ou passado, etc (GIL, 2008, p. 120).
E a entrevista, é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada, no âmbito das
ciências sociais, devido às interações entre entrevistador e entrevistado, dando abertura para se
trazer as vivências e realidades de cada, não se limitando só as respostas objetivas, sem
conhecimento das circunstâncias em que foi respondido.
Com relação a técnicas, cabe saber que elas ajudam a analisar e refletir o processo de
ensino e aprendizagem de um município, e se nele a Educação de Jovens e Adultos, tal como a
formação dos docentes que atuam nela, está sendo contemplada de forma íntegra ou não. Em
sequência, será tratado sobre o questionário respondido pelos professores de Russas, sobre
como eles se sentem, em relação às suas práticas docentes e a formação oferecida pelo
município.
A partir do que foi explanado, é possível compreender que a formação docente, seja
ela inicial ou continuada, é de suma importância para o bom exercício da profissão, pois se
tratam de uma junção de saberes históricos, teóricos e práticos, que estimulam a atuação destes
47
intelectual. Esse profissional adota variados procedimentos didáticos, para mediar com êxito a
aprendizagem dos alunos. Ademais, acredita-se, então, que para fazer um educador consiga
criar situações de ensino e que seja eficiente, em relação ao processo de ensino-aprendizagem,
é de suma importância que tenha um conhecimento contínuo e que consiga reinventar os seus
saberes pedagógicos, a partir da prática social de educar. Nesta perspectiva, foi realizado,
inicialmente, um breve questionário sobre a formação ofertada pelo município, com estes cinco
profissionais da educação. Foi obtido no gráfico 3 os seguintes dados.
Uma parte importante da qualificação da atuação dos professores, tem relação com o
processo de sua formação profissional, dos saberes adquiridos e também das experiências
vivenciadas, ou seja, uma prática docente voltada para a aprendizagem deve incluir conteúdos
apresentados de maneira interessante, que desperte o interesse dos educandos, pois a
aprendizagem dos alunos depende do seu interesse. Assim, com base ao questionário inicial,
em conjunto com diálogo respectivo em relação a cada resposta, foi notado em relação a
primeiro questionamento que a maioria dos docentes estão satisfeitos com suas práticas
docente, em sala de aula, visto que acham importante não serem meros transmissores de
conteúdo, mas sim, objetos de troca de conhecimentos, que estão sempre readaptando o que
aprenderam, pois a cada dia que passa, surgem novos métodos e conteúdo.
49
Com relação a formação dada pelo município, para o ensino regular e para a EJA, as
respostas evidenciam a diferença de importância atribuída para cada modalidade de ensino.
Apesar de ocorrer reuniões mensais, no município, para EJA os conhecimentos construídos
pelos educadores ao longo desses processos formativos não alcançam satisfatoriamente os
educandos dessa modalidade, principalmente no modelo educacional atual, que a sociedade está
inserida, através do meio remoto, pois muitos desses alunos não têm os instrumentos
tecnológicos, acesso ou aptidão para manusear as plataformas oferecidas pelo município, para
as aulas online síncronas ou assíncronas, acarretando um déficit no desempenho dos alunos.
Nesta linha, se mostra a importância do educador sempre está buscando novos conhecimentos,
e que em sua prática deve ser criativo, não usar somente o que está pronto, o que o sistema lhe
entrega. Assim, deve estar sempre estimulando os alunos, criando trabalhos, projetos,
aperfeiçoando-os, evitando a educação bancária que até hoje nos persegue, ou seja, os
educadores não devem trabalhar só com que foi ofertado pela secretaria, ou mesmo pelo
Ministério da Educação (MEC), pois, muitas vezes não é o suficiente, devido ao aligeiramento
e temáticas amplas que não alcançam a realidade de sua turma, prejudicando o processo de
formação dos alunos.
No tópico de participação nos cursos/formação, dadas pelo município, a maioria dos
professores tem uma participação assídua, em contraste com a busca voluntária de cursos que
agreguem sua formação. Assim, mostra a obrigatoriedade dos cursos/formações, ofertadas pelo
município, e em conjunto com o último tópico, que é de tempo disponível, evidencia que a
maioria não tem períodos livres para buscar um aperfeiçoamento na área que estão atuando,
tendo em vista que, a grande maioria dos profissionais da educação, trabalham em mais de uma
escola, para complementar sua renda. Na fala de uma professora, ela cita que a realidade de
alguns professores que entraram na EJA é devido a trabalhar ou desenvolver outras atividades
durante o dia, então o período diurno é mais propício para os mesmos, e o único meio que
consegue obter uma formação para trabalhar como essas turmas é através da secretaria.
bolsas que participaram, fazendo assim que entrassem no ambiente educacional, antes mesmo
de se formar, (P1) ressaltou que:
[...] posso afirmar que Pedagogia é um curso de formação inicial de professores que
cumpre com o seu objetivo, dado que a grade curricular é composta por disciplinas
diversas que tratam da teoria e da prática como aspectos indissociáveis. Os
professores também sempre se apresentaram comprometidos com uma formação
humana de cunho emancipatório [...].
(P2) - [...] tive um curso de licenciatura bastante acadêmico e que deixou a desejar
na prática de sala de aula, um curso bastante voltado para pesquisa e muito carente
naquilo que a maioria irá fazer depois da formação: lecionar”.
Como resultado dessa falta de vínculo, com a instituição de ensino, o educador perde
uma parte importante do seu processo de formação, que é conhecer o ambiente que se vai
trabalhar, pois quando se adentra no chão da escola, identifica-se diversos aspectos
significativos, como: a rotina da escola, o conhecer os funcionários, o grupo de professores para
troca de experiência, o lidar com os alunos e suas singularidades, e as diferenças de cada turma,
de acordo com a idade, entre outros aspectos.
Ainda no quesito de formação inicial, nenhum dos entrevistados tiveram contatos com
disciplinas que contemplam o ensino de Jovens e Adultos. P5 e P1, afirmam sobre essa
indagação.
Não houve disciplina ou segmento de disciplina que orientasse para atuação em salas
de EJA”.
52
(P1) ressaltou que “Não tive uma disciplina específica de Educação de Jovens e
Adultos, mas por trabalhar durante o dia, optei por fazer meu estágio do 1º grau (que
hoje corresponde ao ensino fundamental) em uma turma de EJA[...]. Foi uma
experiência que destaco como importante para a minha formação, pois a turma era
bem diversificada.
de inseridos nas salas, e que buscam sempre leem autores que trazem temas para a Educação
de Jovens e Adultos, onde podem ser citados, Paulo Freire, Di Pierro, Arroyo, Brandão, mas
também outros que tratam da compreensão da realidade em sua totalidade como Saviani,
Mészáros, Marx, Pistrak, Giovanni Alves, Vigotski, entre outros. Ressalto, que para se trabalhar
na área da educação, requer-se demasiado estudo e dedicação do profissional, e quando
adentramos nesse processo contínuo, de instrução, é possível identificar diversas características
relacionados a aprendizagem e a própria educação.
Na faculdade, estuda-se ampla teoria, de diversos tipos de autores, que serviram de
base para poder entrar no âmbito educacional, mas é a partir da prática que conseguimos
identificar o que vemos na teoria, só que de uma forma mais concreta e desafiadora, uma vez
que se estar trabalhando com pessoas, e isso não é nada fácil, portanto, o estudo ininterrupto
sobre novas teorias, práticas e dimensões de ensino formarão um trabalhador educacional que
consiga atuar de forma significativa com os alunos.
Outros aspectos apontados pelos entrevistados, relacionam-se ao momento que
adentraram na modalidade da EJA, e se precisarem de alguma formação para tal, mesmo que a
formação continuada dos docentes sejam asseguradas por leis tal como a LDB (artigo 62,
parágrafo 1°), o qual consta que “A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em
regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos
profissionais de magistério”. Vale salientar que, a mesma perpassa um período de pouca
efetivação, na realidade concreta, e nas ações do município, que segundo os colaboradores
entrevistados, além de nenhum ter tido uma disciplina de Fundamentos da Educação Popular e
de Jovens e Adultos, em seus cursos iniciais, também não necessitam ter nenhuma experiência
ou capacitação profissional na área, mostrando que ainda se perpetua o pensamento de
subalternidade vinculada a uma concepção de educação compensatória, levando professores do
ensino regular sem preparação para atuarem na EJA.
Tal constatação, surge através da seguinte fala (P2), quando ele afirma que: “Uma
escola que eu lecionava me classificou com o “perfil” para trabalhar com esse público adulto.
[...], porém não aconteceu uma formação inicial, mas ela aconteceu no processo, no dia-a-
dia”. Assim, compreende-se que formar um educador não é somente treinar seu desempenho
em sala, mas também suprir suas necessidades formativas.
Paralelamente P1, P3 e P5 salientaram a fala antecedente, afirmando que também não
tiveram uma formação para esta modalidade, antes de assumir suas turmas, e que seus processos
de formação se dão, periodicamente, de acordo com os conteúdos e cronogramas, através de
54
leituras de documentos, pesquisas e outros textos que os auxiliam no processo de ensino dos
estudantes da EJA. Em paralelo, apontaram as formações que acontecem no município,
contrastando assim com a formação continuada, que como o próprio termo indica, movimento
contínuo, onde não deveria se limitar a estudos pontuais de uma determinada temática, e em
formações que só oferecem orientações e informes, como eles mesmos salientaram.
Tardif (2002), traz em suas concepções, que o ensino requer um investimento pessoal
do educador, para assegurar que o aluno se envolva no processo de ensino. Essa compreensão,
leva a conclusão a importância do docente, mesmo não tendo o suporte inicial, para buscar
construir e reconstruir suas didáticas, através das suas práticas pedagógicas, por meio de novas
experiências e conhecimentos. Corroborando com a discussão, apenas P4 menciona que:
A mesma professora, também frisou que, posteriormente, não houve mais formações
dadas pelo projeto, e que as ofertadas pela secretaria não suprem, de forma íntegra, a
modalidade, como também não renovam o material didático nos períodos adequados. A falas
apresentadas, corroboram com as grandes margens entre os textos legais e a efetivação concreta
das leis, pois apesar da formação continuada ser tratada como um direito do educador, e existir
documentos legais que garantam a instituição de políticas públicas, no âmbito da formação
docente, não está plenamente implantada dentro do município Russas.
No que se refere a diferença ao ensinar os alunos do ensino regular para os da EJA, os
entrevistados relataram aspectos em comum, onde no ensino regular, geralmente as elaborações
de atividades são realizadas com mais aproveitamento, devido à proximidade de idade dos
alunos, ficando mais fácil para o planejamento educacional. Diferentemente das turmas da EJA
4
O Projeto Tempo de Avançar foi desenvolvido pela Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará, planejado
dentro de uma política de governo do estado denominado “Capacitação ampla da população cearense”, envolveu
todos os municípios do estado do Ceará, e teve como parceiros a Fundação Roberto Marinho, prefeituras e
sindicatos. Oriundo de uma sequência de ações desenvolvidas para correção da defasagem idade/série. A versão
do Tempo de Avançar implantada no ano 2000, destinava-se, inicialmente, aos alunos matriculados de 5ª a 7ª série
que estivessem com mais de dois anos de defasagem idade/série, 16 anos para o fundamental e nas duas primeiras
séries do ensino médio com idade igual ou superior a dezoito anos. Teve como metodologia a veiculação e recepção
organizada de tele aulas do Telecurso 2000 (ensino fundamental e médio). O tempo para estudo de cada nível de
ensino era de um ano para o ensino fundamental e um ano e três meses para o ensino médio.
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com estudantes que mudaram de turno, por começarem a trabalhar ou deixaram a escola a dois,
cinco ou dez anos; além dessa diferença de idade, encontram-se multiplicidades de níveis de
conhecimento. Entretanto, outro aspecto encontrado nessas turmas, são as suas vivências e
conhecimentos informais acumulados historicamente. Esses saberes de vida são possibilidades
de construção de conhecimentos científicos, visto que a educação esteja em função desse perfil
de aluno da EJA, e é necessário fazer vínculos entre os interesses de seus educandos, e suas
experiências com o conhecimento academista.
Tendo em vista as especificidades das turmas de Jovens e Adultos, P3 destaca que:
Essas premissas, apontam que a EJA representa uma oportunidade para um caminho
de desenvolvimento a todas as pessoas, não somente com idades diversas, mas com histórias
diversas, deficiências e sonhos, proporcionando que os Jovens e Adultos aprimorem seus
conhecimentos, e tenham alcance a novas formas de trabalho e cultura. Trabalhar com esses
alunos, que carregam funções de trabalho, com pouco tempo para os estudos, e que já estavam
afastados das escolas há muito tempo, traz a necessidade de adequar o ensino com ritmo mais
moderado, e que se adeque às suas realidades nas explicações de conteúdo, resoluções de
exercícios, entre outros.
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(P1) fazer com que eles aprendam para retornarem no dia seguinte. Quando os
alunos vêm para a aula e percebem que não estão aprendendo, ficam desmotivados,
começam a faltar às aulas e até se evadem. Então, meu maior desafio é fazer com que
aprendam algo todo dia e que eles percebam que estão aprendendo.
(P4) fala que é “modular o ensino para que nem seja o mínimo e nem seja algo que
a turma não consiga acompanhar, como também ajudar todos a alcançar seus
objetivos, que são distintos.
importantes, na medida em que mostra o docente sendo apto a refletir sobre sua prática, de
inovar suas estratégias, não se conformando apenas com o que está posto, mas buscando meios
de readaptar o que tem, de acordo com as particularidades de cada turma, ocorrendo assim uma
produção a prática educativa, por meio da reflexão. De tal modo que, o educador reflexivo é o
investigador de sua ação, é o pesquisador de sua própria prática e também da de seus parceiros.
É o cientista da educação que não somente assimila conhecimentos, mas produz outros capazes
de serem disseminados (AMORIM; DUQUES, 2017, p. 234).
Por fim, foi perguntado a cada professor se teriam conhecimento sobre o Plano
Municipal de Educação, e se acham que as metas, relacionadas ao ensino da EJA e Formação
Continuada do educador, estão sendo efetivadas de acordo com suas concepções, e a
constatação apurada é que P2, P4 e P5 não tiveram a necessidade ou interesse para ter contato
com PME 2015-2015, enquanto P1, P3 informaram que não as percebem serem executadas no
dia a dia das escolas. P1, frisou que “a estratégia 10.6 chama minha atenção, cuja prática atual
inviabiliza sua materialização, uma vez que nas reuniões o que escutamos é que a EJA tem que
se adequar às orientações do ensino regular”, contradizendo a mesma, que traz o
desenvolvimento do currículo com metodologias específicas para a Educação de Jovens e
Adultos.
Outrossim, as falas trazidas pelos professores mostraram que o PME do município de
Russas, ainda não está sendo integralmente efetivado, já que as metas 10- EJA Integrada à
Educação Profissional e a trazem em suas estratégias:
16.1 Fazer parcerias com instituições públicas de nível superior para o oferecimento,
na sede ou fora dela, de cursos de especialização presenciais ou à distância, voltados
para a formação de pessoal da rede pública, nas diferentes áreas de ensino e, em
particular, na educação especial, gestão escolar, educação de Jovens e Adultos, ensino
fundamental e educação infantil. 16.3 Disponibilizar materiais didáticos e
pedagógicos complementares, inclusive aqueles com formato acessível. 1.4 Garantir
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No que se refere essas metas, em comparativos as respostas dos professores, vê-se que,
ainda falta muito para serem completamente consolidadas, tendo em vista que a aplicação do
plano se iniciou no ano de 2015, e mais da metade, do tempo previsto, já se passou,
descumprindo as demandas dos munícipes apresentadas no diagnóstico inicial de carências, em
relação a Educação Básica de Russas. Ademais, será explanado sobre como o município oferece
as formações aos professores, assim como alguns dados do processo de planejamento, e as
estratégias do PME 2015-2025, que já estão em ação, ou não, no município investigado.
[...] Este plano é um referencial basilar para os avanços educacionais, e foi através
dele que os cidadãos puderam apresentar e discutir suas propostas políticas e
pedagógicas visando à consolidação de políticas públicas de gestão reivindicadas pela
sociedade russana. Destarte, estará assegurada aos munícipes a educação como direito
de todos, a democratização da gestão, a garantia do acesso, permanência e conclusão
com sucesso das crianças, Jovens e Adultos nas instituições de ensino do nosso
município (RUSSAS, 2015).
Através desta política pública educacional, que visa uma melhoria nas necessidades
educacionais, ressaltam-se a EJA e o processo de formação continuada, que a secretaria oferece
para os professores da Educação Básica em sua área de atuação. É importante salientar, que no
município de Russas, a modalidade de Educação de Jovens e Adultos é ofertada, porém, não na
forma integrada à Educação Profissional, e é composta no município em dois segmentos, o
presencial e o semipresencial, como também, conta com a parceria do Estado, que oferece essa
modalidade no segmento que corresponde ao Ensino Médio.
Para atender a oferta da EJA, existem 7 escolas que a contemplam, dentre elas, 3 são
presenciais, sendo uma na zona urbana, uma no distrito e uma na zona rural, tendo ao todo, 3
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Tabela 1 - Números de alunos da Educação de Jovens e Adultos dos últimos 3 anos da rede
municipal de ensino de Russas-CE
Número de alunos matriculados na EJA 2019 2020 2021
Presencial 220 184 474
Semipresencial 248 266 50
Total 468 450 524
Fonte: Secretaria Municipal da Educação e do Desporto Escolar. Elaborado pela autora, 2021.
tivemos uma formação ministrada pela empresa YouEduc, contratada pelo município
de Russas-Ceará para trabalhar com todos os professores municipais o acesso e
manuseio de uma plataforma, que na verdade não foi utilizada pelos alunos da EJA
em 2020 e agora em 2021, embora tenha um caráter de obrigatoriedade, os
estudantes estão se mostrando resistentes, visto que muitos não têm os instrumentos
tecnológicos e acesso livre à internet. A maioria tem celular, mas sem dados móveis.
Além disso, o acesso à plataforma é burocrático, fazendo com que os alunos não a
acessem.
Reforçando o pensamento que, as formações dadas pelo município, não são realmente
pensadas para esse público, tendo em vista que, os alunos da EJA, são em sua maioria, pessoas
mais velhas que não acompanharam os avanços tecnológicos, tendo dificuldades de utilizar
essas ferramentas atuais, e que também, não tinham aquisição aos recursos das instituições de
ensino, como o acesso ao laboratório de informática. Assim sendo, colocar plataformas, que
não são de fácil acesso, contribui para a desistência do aluno, ficando novamente, a cargo do
professor, encontrar outras maneiras e métodos de inserir o educando nesse modelo atual
de tecnologia e pandemia que a sociedade vivência.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BERTOTTI, Rudimar Gomes; RIETOW, Gisele. Uma breve história da formação docente no
Brasil: da criação das escolas normais as transformações da ditadura civil-militar. Pontifícia
Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2013.
GIL, A. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008. Disponível
em: Métodos e Técnicas de Pesquisa Social- Antonio Carlos Gil. 6 ed. 2008 Diélen Caron -
Academia.edu
RODRIGUES, Polyana Marques Lima; LIMA, Willams dos Santos Rodrigues; VIANA,
Maria Aparecida Pereira. A importância da formação continuada de professores da educação
básica: a arte de ensinar e o fazer cotidiano. Saberes Docentes em Ação, v. 3, n. 1, p. 28-47,
2017.
APÊNDICE A
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APÊNDICE B
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APÊNDICE C
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ANEXO A
72
ANEXO B
73
ANEXO C