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Belém
2021
Igor Belo dos Santos
Belém
2021
Igor Belo dos Santos
Data da avaliação:____/____/_______
Banca Examinadora:
___________________________________________ (Orientadora)
Prof.ª Dr.ª Ana Paula Cunha dos Santos Fernandes
Dr.ª em Educação Especial (Educação do Indivíduo Especial) UFSCAR.
Universidade do Estado do Pará
Belém
2021
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A Ketty, minha esposa, que sempre esteve ao meu lado nos momentos bons
e difíceis, que me concedeu a graça e o privilégio da paternidade e que aceitou se
aventurar comigo na jornada chamada vida.
A Maria Elis, minha filha, que serviu como combustível diário de motivação
para que esta etapa da minha vida acadêmica fosse concluída e que faz com que
todos os dias eu descubra que ainda não sei nada e que tenho muito a aprender com
ela.
A Maria Emilia, minha mãe, que nunca mediu esforços para que eu tivesse
acesso à educação e as condições favoráveis ao estudo. Do seu jeito ajudou a moldar
meu caráter e me direcionou para as escolhas certas.
Ao meu pai, Raimundo Benedito, que se apaixonou primeiramente por mim
enquanto bebê e me fez seu filho de direito e de coração. Seus ensinamentos serão
levados para a vida toda, você é um exemplo de pai e ser humano para mim e minha
filha!
À minha avó materna, Honorina da Costa Lima, por sempre ter uma palavra de
afeto e amorosidade mesmo em seus momentos de dor e tristeza.
À Raisa Belo, por ultrapassar a definição de tia e se tornar minha segunda
mãe. Tenha certeza que as suas palavras e conselhos contribuíram e muito pra minha
formação.
Ao meu primo/irmão, Josiclei Belo, que infelizmente foi vítima da pandemia e
que serviu de inspiração para que eu buscasse compreender os processos de
aprendizagem que atravessam a Educação de Jovens e Adultos.
Ao Joaquim, meu príncipe primogênito, que se tornou uma estrela e olha por
nós onde quer que esteja. Você nos ensinou o que é o sentimento de união familiar e
amor e preparou o terreno dos nossos corações para a chegada de sua irmã.
AGRADECIMENTOS
SANTOS, Igor Belo dos. Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial: práticas
pedagógicas em uma escola do município de Belém. 2021. 158f. Dissertação (Mestrado
em Educação) – Universidade do Estado do Pará, Belém, Pará, 2021.
O estudo em questão traz uma análise sobre as práticas pedagógicas dos professores da
EJA que possuem alunos com deficiência no ensino regular. Assim, o objetivo central do texto
é analisar como são as práticas pedagógicas dos professores da EJA que atuam em salas
regulares de ensino que atendem à demanda da Educação Especial na E.E.E.F.M. Arthur
Porto. A partir disto, busca-se de modo específico: (a) identificar qual a concepção que os
professores da EJA possuem sobre seus alunos com deficiência na E.E.E.F.M. Arthur Porto;
(b) analisar a dinâmica do trabalho educacional dos alunos com deficiência da EJA na
E.E.E.F.M. Arthur Porto; e (c) verificar quais são os percalços que dificultam a ação
pedagógica dos docentes da EJA de alunos com deficiência. O tipo de pesquisa desenvolvido
na dissertação é o estudo de caso, pois é o que abarca melhor a realidade da sala de aula e
seus desdobramentos das práticas pedagógicas que se pretende analisar, visto que trabalha
a priori com uma construção empírica da realidade dos sujeitos objetos da pesquisa.
Enquanto técnica de obtenção de dados utilizou-se da entrevista semiestruturada e a
sistematização e análise dos dados foi feita a partir da análise de conteúdo de Oliveira e Mota
Neto (2011). Dos resultados obtidos destacam-se a falta de estrutura física da escola para
que a inclusão ocorra, uma vez que não há sala de AEE no turno da noite, assim como a
ausência do professor de Atendimento Educacional Especializado. Notou-se também a visão
clínica da educação especial para alguns professores, de modo a condicionar a inclusão do
aluno com deficiência a apresentação de um laudo médico. Porém, também foi possível
encontrar práticas pedagógicas que compreendem o estudante com deficiência de modo a
dinamizar as potencialidades que ele possui para que o processo de ensino-aprendizagem
ocorra.
SANTOS, Igor Belo dos. Youth and Adult in Special Needs Education: teaching practices in a
school at the city of Belém. 2021. 158p. Master Thesis (Master’s degree in education) – State
University of Pará, Belém, Pará, 2021
This study provides an analysis of the teaching practices of teachers in Youth and Adult
Special Needs Education that teach disabled students on regular education. Therefore, the
main objective of this text, is to analyse how are the teaching practices of teachers of Youth
and Adult Special Needs Education that act into regular classrooms that integrate disabled
students in Elementary and High Arthur Porto Public School. From this, the study aims,
specificaly: (a)to identify the notion that Youth and Adult in Special Needs Education Teachers
have over theirs disabled students at Elementary and High Arthur Porto Public School. (b) to
analyse the disabled students educational work’s Dynamic at Elementary and High Arthur
Porto Public School; and (c) to determine the existing mishaps that hinder the Youth and Adult
Special Needs Education Teachers pedagogical approach for disabled students. The
research developed through the thesis is of the case study, for it is the one which better
represents the reality of a classroom, just as the unfolding of its teaching practices that we
intend to analyze, since They provide an empirical elaboration of the subjects studied in this
research. As data collection, are used semi-structured interviews and the systematized
analysis of data was done from the analysis of Oliveira e Mota Neto’s content (2011). From
the results obtained, it is highlighted that the school lacks physical infrastructure to provide
appropriate inclusion for disabled students by not offering Special Educational Service Spaces
during night classes and not having an Youth and Adult in Special Needs Education Teacher.
Also noted that, for some teachers, the special education needs are dependent of medical
report, despite the reality of the disability and the global right of access to education, inclusive
if necessary. It was, also, possible to verify teaching practices that are inclusive to disabled
students and stimulate the capabilities They posses so that the educational process occurs
appropriately.
Key words: Teaching Practices. Youth and Adult in Special Needs Education. Special
Education.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12
2. METODOLOGIA .................................................................................................. 17
2.1. O estado da arte................................................................................................ 17
2.2. Contextualização da Pesquisa .......................................................................... 20
2.2.1. EJA e Educação Especial: matrículas na SEDUC-PA e a escola pesquisada20
2.2.2. O estudo de caso enquanto percurso metodológico ...................................... 23
2.2.3. Sujeitos da pesquisa ...................................................................................... 25
2.2.4 – A entrevista como técnica ............................................................................ 27
2.2.5. A observação e o diário de campo no corpus da pesquisa ............................ 29
2.2.6. Sistematização e análise dos dados .............................................................. 31
3. A EJA NA INTERFACE DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: TESSITURAS ATUAIS DO
CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO ....................................................... 35
3.1 O direito à educação escolar para os estudantes da Educação Especial .......... 39
3.2 A Política da Educação Especial e sua relação com a EJA ............................... 45
3.3 A (in)visibilidade do aluno da Educação Especial na EJA .................................. 51
4. AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES E SUA RELAÇÃO COM
A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA EJA .................................................................... 62
4.1 Práticas pedagógicas e os fatores que atravessam o fazer docente da EJA na
Educação Especial ................................................................................................... 70
4.2 Avaliação dos alunos da Educação Especial na EJA......................................... 79
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 96
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 102
APÊNDICE ............................................................................................................. 108
ANEXOS ................................................................................................................ 114
12
1. INTRODUÇÃO
(a) identificar qual a concepção que os professores da EJA possuem sobre seus
alunos com deficiência na E.E.E.F.M. Arthur Porto;
(c) verificar quais são os percalços que dificultam a ação pedagógica dos
docentes da EJA de alunos com deficiência.
pesquisa, de modo a construir a identidade que localiza seu local de fala e demarca
sua perspectiva sobre a EJA e Educação Especial. Posteriormente, a discussão é
verticalizada através de uma base metodológica que referenda o estudo por meio de
sua contextualização, assim como as especificidades dos participantes da pesquisa,
familiarização do locus da pesquisa, instrumentos utilizados para a produção dos
dados, etc.
A terceira seção realiza a difícil tarefa de construir uma base teórica sobre a
Educação Especial na interface da EJA e traz contribuições e reflexões sobre as
discussões realizadas no Brasil, de modo a dialogar com autores que socializam nesta
perspectiva interdisciplinar das modalidades aqui apresentadas e debatidas. A
contribuição epistemológica é construída a partir de embates que abordam a questão
da contextualização histórica desta interface entre as modalidades Educação Especial
e EJA.
A seção quatro traz uma reflexão sobre as práticas pedagógicas dos
professores e sua relação com a Educação Especial na EJA, de forma a dialogar com
os dados obtidos durante a aplicação das entrevistas.
A dissertação é finalizada propondo considerações que promovam a reflexão
crítica sobre as categorias produzidas, de modo que dialogue com as observações
realizadas pelo mestrando em campo e as práticas dos professores da EJA que atuam
com alunos da Educação Especial.
17
2. METODOLOGIA
Fonte: Elaborado pelo autor conforme pesquisa realizada nas plataformas CAPES, SciELO, REDALYC,
ANPEd e anais do CBEE referente ao ano de 2018.
entende-se que a exclusão das pessoas com deficiência historicamente perpassa por
construções ideológicas e religiosas, com base em representações de incapacidade
e invalidez que as impediam de participação social.
Por este mesmo prisma a Educação de Jovens e Adultos surge como algo
voltado para atender uma mazela social que não concluiu o ensino regular no tempo
hábil sem distorção de idade/série. Portanto, a partir desta reflexão percebe-se que
são duas modalidades educacionais que estão intrinsecamente relacionadas por
serem estigmatizadas.
Quadro 2 – Matrículas de alunos da Educação Especial na EJA no estado do Pará no ano 2019.
TURNO
TOTAL DE
ITEM CURSO ALUNOS SÉRIE MANHÃ TARDE NOITE MUNICÍPIOS ESCOLAS
EJA (1ª E 2ª Etapas: 1ª –
01 ETAPA) 189 56/ 2ª – 133 35 53 101 9 31
Etapas: 3ª –
EJA (3ª E 4ª 234/ 4ª –
02 ETAPA) 436 202 24 119 293 28 128
ENS. MÉDIO EJA
03 CAMPO NOVO 1 2ª Série – 01 0 0 1 1 1
ENS. FUND. EJ
INSTRUÇÃO Multisseriada
04 PERSONALIZADA 44 – 44 15 16 13 3 3
ENS. MÉDIO
PERSONALIZADO
SEMIPRESENCIAL Multisseriada
05 MOD. EJA 46 – 44 16 16 14 6 6
Séries: 1ª –
190/ 2ª –
06 ENS. MÉDIO EJA 337 147 14 70 253 35 112
YOLANDA
MARTINS EJA
FUND. 1ª E 2ª Etapas: 1ª –
07 ETAPA 99 64/ 2ª - 35 60 39 0 1 1
21
Transtornos Globais do
Desenvolvimento/ Transtorno do
Espectro Autista 87
Baixa visão 58
Deficiências múltiplas 54
Cegueira 16
Deficiência auditiva 64
Deficiência física 81
22
Surdez 58
Deficiência intelectual/ Síndrome
de Down 464
Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados fornecidos pela COEES-PA/2019
A partir dos dados que a COEES concedeu para serem utilizados na pesquisa,
foi solicitado em um segundo momento o quantitativo de alunos da Educação Especial
que estavam matriculados na EJA da E.E.E.F.M. Arthur Porto, o qual acusou um total
de 04 alunos apresentado no quadro 3. Durante os primeiros contatos com o campo
a técnica pedagógica e a professora do AEE informaram que haviam 04 alunos na
escola que cursavam e EJA e possuíam algum tipo de deficiência. Estas informações
serão pertinentes para um debate mais a diante, quando iremos analisar as categorias
encontradas na pesquisa de campo. De acordo com a professora do AEE noturno e a
técnica pedagógica da escola a especificidade das deficiências dos educandos está
mapeada da seguinte forma:
Quadro 4 – Alunos da Educação Especial matriculados na EJA noturno da E.E.E.F.M. Arthur Porto 1
1
Quadro está escaneado na versão original nos ANEXOS desta dissertação. A inserção foi feita neste
momento da produção para auxiliar na contextualização dos participantes da pesquisa e
contextualização do locus.
2
A nomenclatura “M” significa que a turma é do Ensino Médio. O numeral em seguida indica o ano do
Ensino Médio. A letra “N” indica que é o curso é ofertado no turno da noite. “R” é turma regular e “J”
aponta que se trata de uma turma de EJA. Os dois números após significam o número da turma.
23
3
Termo utilizado de acordo com a Resolução n.º 1, de 15 de outubro de 2010, do Conselho Nacional das
Pessoas com Deficiência – CONADE. Porém, o trabalho irá abordar os termos “alunos com deficiência” ou
“estudantes com deficiência”.
26
compreender como ocorrem essas práticas pedagógicas dos docentes que atuam na
EJA com estudantes da Educação Especial. Nesta primeira familiarização com o locus
a direção informou que no turno da noite existem vários professores que tem alunos
com deficiência e que poderiam participar da pesquisa.
Durante o processo de aproximação junto aos professores para apresentar a
proposta de pesquisa e explicar sobre o que se tratava, alguns preferiram não fazer
parte do processo devido não terem alunos com deficiência em suas turmas. Ao final,
após algumas desistências por motivos particulares, o número de docentes que
participaram da pesquisa ficou delimitado em 6 (seis) educadores.
Os sujeitos participantes da pesquisa foram professores que atuam na EJA no
ensino médio e que possuem alunos com deficiência matriculados em suas turmas na
E.E.E.F.M. Arthur Porto. Todos os professores tomaram conhecimento da pesquisa
através de uma conversa informal realizada no período de abordagem entre o
pesquisador e a escola. Posteriormente o Termo de Esclarecimento Livre e
Esclarecido (TCLE) fora levado para os participantes para que eles pudessem ter
ciência de forma sintetizada e formalizada sobre as problemáticas do objeto a ser
estudado, bem como a anuência do termo e suas condições lá especificadas.
Com o propósito de preservar a identidade dos participantes, durante o
processo de entrevista, estes foram identificados como: professor A; professor B;
professor C; professor D; professor E; professor F. Para que desta forma, seja possível
a obtenção de dados que não comprometam o referido objeto da pesquisa.
O professor A é licenciado em Letras pela Universidade Federal do Pará
(UFPA) e possui uma especialização em linguística, tem 20 anos de experiência no
magistério e 13 anos atuando em salas de EJA. O professor B possui licenciatura
plena em Matemática pelo Centro de Estudos Superiores do Estado do Pará (CESEP)
e duas especializações (Matemática Superior e Álgebra), tem 35 anos de experiência
na docência, dos quais 07 foram atuando em salas de EJA.
O professor C tem licenciatura e bacharelado em Geografia pela UFPA e é
especialista em gestão ambiental e possui 16 anos de experiência como educador,
dos quais 06 foram atuando em salas de EJA. O professor D é formado em Artes
Visuais e Tecnologia da Imagem pela Universidade da Amazônia (UNAMA), é mestre
em Educação e possui 24 anos de docência na educação básica, dos quais 11 anos
são atuando em salas de EJA. Já o professor E possui licenciatura plena e
bacharelado em História pela UFPA, não tem especialização e tem 12 anos de
27
experiência como professor, atuando há 11 anos em salas de EJA. Por fim, o professor
F tem licenciatura plena em Matemática, com especialização em Fundamentos da
Matemática Elementar, possui 17 anos de experiência como docente e há 10 anos
atua como educador em turmas de EJA.
Desta forma, ressalta-se que o perfil do professor foi levado em consideração
para a análise dos dados no processo da entrevista. Dados como formação inicial e
final, assim como data de nascimento e informações básicas deste educador são
ferramentas importantes para a construção de categorias e análise durante o processo
de compreensão e reflexão dos dados obtidos nas entrevistas, assim como nas
observações participantes. O perfil dos entrevistados pode ser analisado a partir do
quadro a seguir:
Quadro 5 – Perfil dos professores entrevistados na E.E.E.F.M. Arthur Porto
TEMPO DE
PÓS- ATUAÇÃO NA
NOME SEXO IDADE FORMAÇÃO GRADUAÇÃO REGIME EJA
Matemática Matemática
PROFESSOR B M 58 (1985) Superior e Álgebra Efetivo 07 anos
Geografia
PROFESSOR C F 41 (2004) Gestão Ambiental Efetivo 06 anos
Matemática
PROFESSOR F M 38 (2003) Fundamentos da Efetivo 10 anos
Matemática
Elementar
Fonte: Elaborado pelo autor
4
O Telecurso Mundiar é uma parceria entre o Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de
Estado de Educação, a Fundação Roberto Marinho e o Ministério da Educação (MEC), com
financiamento do Banco Interamericano de desenvolvimento (BID).
31
Ao prosseguir com as observações foi possível constatar que não existe uma
sala reservada para os professores, os educadores precisam se revezar para poder
entrar na sala da coordenação pegar diários de classe, tomar água etc. Alguns
professores nem se quer passavam pela coordenação ao chegar, justamente por não
haver espaço suficiente para todos os profissionais dentro da sala.
A observação dos casos propostos foi realizada no segundo semestre do ano
de 2019, a partir da aprovação do projeto junto ao Comitê de Ética e Pesquisa,
registrado sob o número de CAAE: 19429619.2.0000.5174. As entrevistas
semiestruturadas também foram realizadas no decorrer do semestre, nos meses de
setembro e outubro, como uma ferramenta de culminância da pesquisa de campo. A
priori a ideia era a de que seriam feitas observações em dois dias da semana a serem
definidos, pois isto facilitaria com que o professor se acostumasse com a presença do
pesquisador em sala de aula e desta forma passasse a ter uma prática pedagógica
mais natural em sala de aula frente aos seus alunos, porém devido a problemas de
calendário da escola que envolviam o processo avaliativo dos alunos e o próprio
reajuste de dias letivos determinado pela Secretaria Estadual de Educação –
SEDUC/PA, este tipo de observação ficou impossibilitado de ser feito.
(...) a análise dos dados qualitativos exige o trabalho com todo o material
obtido no desenvolvimento da pesquisa, envolvendo os relatos das
observações, as transcrições das entrevistas, os documentos pesquisados,
as leituras bibliográficas realizadas, entre outros (...) a análise na pesquisa
em educação consiste em uma ação de organização lógica dos dados
coletados, viabilizando uma estrutura organicamente integrada. A partir das
categorias de análise construídas é possível ao pesquisador refletir
criticamente sobre a análise das informações obtidas na investigação.
(OLIVEIRA; MOTA NETO, 2011 p.121).
Como categorias analíticas iniciais foram postos os conceitos, com base em
referencial teórico, acerca da: EJA na Educação Especial e práticas pedagógicas.
Estas categorias tiveram como ponto de partida o estudo bibliográfico de referenciais
teóricos consolidados da área da EJA e Educação Especial, assim o aporte teórico
para esta proposta na perspectiva freireana que discorre acerca da humanização do
processo educacional como um todo, rompendo com o paradigma de vitimização e
incapacidade dos indivíduos oprimidos pelo processo educativo, rotulados como
sujeitos que não possuem perspectiva de crescimento social, incluindo nesta seara
de segregação os alunos com deficiência. Desta forma:
Na próxima seção busca-se situar o leitor diante do cenário que abarca estas
duas modalidades educacionais, de modo a trazer discussões pertinentes sobre quem
34
é o sujeito da Educação Especial que está inserido na EJA e faz uma reflexão sobre
as legislações que merecem destaque dentro deste campo de estudo.
35
Assim, pode-se refletir que a EJA é uma modalidade educacional que, assim
como, a Educação Especial é embasada pelo diálogo entre as percepções da
diferença e da diversidade. A diferença, vista pela perspectiva da experiência, é
compreendida por sua capacidade de perceber as práticas culturais, hábitos e
costumes diversos que as pessoas trazem consigo, denominado também de capital
cultural. Diante disto, entende-se que as particularidades e especificidades que as
pessoas com deficiência trazem para o contexto ao qual estão inseridas são
relevantes, pois ajudam a compreender aquilo que seria o diferente para estes
sujeitos.
discussão atual contempla a fase da educação inclusiva, a qual orienta um novo fazer
no atendimento escolar dos alunos com deficiência, para que esses alunos possam,
efetivamente, ser educados juntamente com os outros alunos considerados normais,
nas salas de ensino regular.
Observa-se, porém, que algumas práticas anteriores à inclusão ainda são
presentes na realidade das escolas, em particular o modelo de integração,
representadas pelas classes especiais, que são meios transitivos para a educação
inclusiva.
A inclusão é a ideia de que todos os meninos e meninas de uma comunidade
tenham o direito de se educar juntos na escola de sua comunidade, uma
escola que não peça pré-requisitos para o ingresso; uma escola que não
selecione as crianças. (BLANCO, 1999, p.10).
anteriormente. Isto leva à seguinte reflexão: “como o aluno da Educação Especial terá
direito à educação em uma sociedade excludente? ”.
estão à sua margem. Cury (2002) traz a seguinte reflexão sobre o direito à educação
no Brasil:
Percebe-se, com isto, que a preocupação da escola especial era por um viés
puramente da seara da saúde e do assistencialismo que tratava a Educação Especial
por um olhar clínico e não a separava das questões sociais tratadas pela assistência
social. Este cenário começa a ser construído em um Brasil que estava passando por
um intenso processo de transformação econômica com ampliação de parques
industriais e etc.
5
Esses termos e nomenclaturas representam a realidade do documento à época em que foi escrito e
como as pessoas com deficiência eram retratadas nestes dispositivos normativos. Não representa a
visão do autor sobre a concepção de deficiência.
43
O período pós golpe militar de 1964 foi marcado na educação pela revisão da
LDB, que fora construída com alterações por meio da lei n. 5.692/71. Esta legislação
define em seu artigo 9º que os alunos da Educação Especial são caracterizados como
“aqueles que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em
atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”. Desta
forma, houve um aumento significativo nas matrículas de pessoas com deficiência
neste período, através do surgimento de inúmeras classes especiais, de modo que a
partir desta normativa a Educação Especial passa a ser responsável pelo atendimento
das crianças sem a necessidade de um diagnóstico que a rotulasse como sujeito com
deficiência.
Para Garcia (2020) este novo documento estava muito mais preocupado com
a escola e a gestão educacional do que com o desenvolvimento social e humano do
aluno e da comunidade escolar, pois é um texto que se direciona aos sistemas de
ensino e não ao processo de ensino-aprendizagem, apesar de ser apresentada como
uma política de Estado.
A partir desta perspectiva a nova proposta desta diretriz traz na sua essência a
ideia conceitual de um documento definido com uma política equitativa, inclusiva e ao
longo da vida. Chama atenção, em especial, o termo “educação ao longo da vida”,
pois remete a ideia de incompletude do ser humano enquanto ser que se educa e
constrói relações, porém esta concepção é abarcada por aquilo que é denominado
por Garcia (2020) como o “projeto educacional do capital” que indica que os sujeitos
devem estar em contínuo processo formativo, mas um processo formativo flexível que
possibilite que o educando possa atender as exigências mutáveis do mercado.
Já o termo “política inclusiva” faz uma relação direta com a meta 4 do PNE, ou
seja, está entrelaçada com a ideia de uma universalização, uma ampliação da oferta
do serviço de educação inclusiva. De acordo com Garcia (2020) o Banco Mundial
define como sistema educacional inclusivo o conjunto de recursos da comunidade que
articula organizações públicas e privadas na oferta da educação. Ou seja, amplia-se
esta concepção para que o setor privado seja contemplado.
Para tanto, esta nova política educacional proposta atende aos interesses de
uma classe que possui a hegemonia atual no país e que esfacela os direitos sociais e
coletivos com o objetivo de mudar o modus operandi educacional do Brasil para um
projeto educacional do capital que satisfaça as necessidades mercadológicas de
pequenos grupos que estão no poder. Este esfacelamento da educação brasileira traz
consequências que ultrapassam o espaço da sala de aula e adentram a realidade do
50
educando, deste modo faz com que em alguns momentos este sujeito se sinta invisível
dentro do contexto social e educacional ao qual pertence.
Neste sentido, foi possível perceber que a legislação sobre esta modalidade da
educação no estado é escassa e de difícil acesso, os sites institucionais da
SEDUC/PA e COEES não possuem as informações necessárias sobre essas
diretrizes normativas e os documentos que tratam sobre a legislação educacional da
rede estadual de ensino não estão organizados e dispostos de uma forma que facilite
a localização dos temas em uma provável pesquisa no sitio.
Assim, os alunos com deficiência acabam por serem vistos como um problema
que não é bem-vindo na turma, pois o professor tem de alterar seu planejamento e
adequar atividades e estratégias para que aquele sujeito seja incluído de fato no
processo de ensino-aprendizagem da sala de aula.
como um desabafo pelo docente se refere tanto aos aspectos materiais (materiais
adaptados, sala de AEE adequada para trabalhar com os alunos) como os imateriais
(suporte pedagógico do professor do AEE, capacitação e qualificação da SEDUC para
que o corpo docente se aproprie dos fundamentos da inclusão). Assim, é possível
notar que o depoimento do professor é carregado de angústia por ser colocado em
uma situação de sala de aula na qual ele não tem capacitação e qualificação para lidar
com educandos com deficiência e tudo acaba acontecendo de maneira improvisada,
sem um planejamento adequado para o aluno.
NÃO! E torno a repetir... eu dou aula normal com conteúdo como se fosse
aluno de ... 3º ano regular, apesar de o conteúdo ser quase parecido eu não
faço essa separação, porque... torno a repetir... esses alunos da EJA, que é
educação de jovens e adultos, até agora, eu torno a repetir, nós não temos
nenhum deficiente na sala, GRAÇAS A DEUS (em tom de alívio)! Ano
passado apareceu um aluno, mas não foi meu aluno, foi trabalhado com outra
professora, técnica que é especial que identifica esse tipo de problemática.
(PROFESSOR B)
[...] você não pode trabalhar, até alunos ditos não especiais, é... você não
pode trabalhar se não fizer uso das mídias pedagógicas, os meios que
facilitam para que o aluno sinta prazer pela aula. Porque historicamente o
aluno vem experimentando um processo de desmotivação muito grande,
então quando a gente entra pela área de tecnologia, porque o meu trabalho
com eles começa pela arte gráfica, depois passa pra arte digital, depois a
robótica e a arte cinética. E aí na arte digital você vai pela fotografia, pela
produção de curta metragem e normalmente o aluno já tem um acessório que
ele não larga de jeito nenhum, que é o telefone celular (PROFESSOR D).
Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à
escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos,
sobretudo os da classes populares, chegam a ela - saberes socialmente
construídos na prática comunitária - mas também, como há mais de trinta
anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns
desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos (FREIRE, 2019, p.
16).
educacional que lhe é apresentado condiz com a realidade vivida por ele, o que faz
com que os muros epistemológicos que a educação possa provocar sejam derrubados
em prol da qualidade da prática pedagógica que é trabalhada pelo professor. Tudo
isso perpassa pela ideia central de proporcionar o direito à educação para que estes
alunos sejam sujeitos ativos do processo educacional:
Então por que que eu vou negar pra ele esse direito de utilizar essa tecnologia
que ele já traz no bolso, que é a famosa ‘tecnologia embarcada’? O celular
você tem a fotografia, a filmadora, a produção do livro que nós lançamos
agora na feira do livro que foi o primeiro livro do Brasil que foi feito totalmente
pelo whatsapp. Os alunos escrevem, mandam os textos, de lá eu analiso e
devolvo o texto, sugiro correções e esse vai e vem faz com que o aluno
participe e a gente avalie ele sem precisar descontar ponto pelo o que eles
erraram, mas sim avaliar pela intencionalidade em acertar, é essa
metodologia que a gente trabalha com eles (PROFESSOR D).
Quando o professor reflete sobre o direito que este educando possui de ter
acesso a essa tecnologia que ele já traz consigo, fica evidente que ele vê a educação
enquanto um direito político e social que deve ser ofertada de forma gratuita e com
qualidade a toda e qualquer pessoa, independente da classe ou condição que
apresente. Percebe-se que os recursos tecnológicos utilizados pelo professor não se
restringem apenas ao ensino de artes ou de conteúdos digitais, o educador se apropria
dessa didática para fazer com que os estudantes desenvolvam atividades
interdisciplinares, como por exemplo o fato de escreverem um livro construído
totalmente pelo aplicativo Whatsapp.
Olha, assim... é... (pausa longa) a gente teria que dar uma atenção especial,
tipo fazer um planejamento ou até mesmo fazer projeto de incluir esses
alunos visando uma formação educacional melhor dele, ou então o despertar
de outras habilidades dele, né?! Por exemplo, esse menino, né?! O Edivan,
por exemplo, ele é um aluno que não tem muitas habilidades (pausa)
intelectuais vamos dizer, mas ele tem habilidades artísticas, então a gente
poderia, de repente a gente fazer um projeto para fornecer condições para
que esse aluno despertasse isso e florescesse mais isso nele, acho que é
trabalho da escola isso também. Quando digo a gente, me refiro a toda
escola, porque a gente vê a escola como um espaço onde o aluno vai
aprender a ler, escrever e contar, né?! Em resumo é isso, e aquele aluno que
não conseguiu ou que não vai conseguir por algum outro motivo, a gente não
pode, eu vou me sentir fracassado se eu não conseguir fazer um aluno meu
aprender a ler e escrever corretamente, mas se eu conseguir transmitir pra
ele valores, se eu conseguir despertar dentro dele alguns outros valores que
ele tem dentro dele, alguma outra habilidade eu acho que eu vou tá cumprindo
o meu papel e a escola também (PROFESSOR A).
A fala do professor A, direciona-se para uma discussão que passa pelo papel da
escola como aquela que tem por missão não somente ensinar aprender a ler, escrever
e contar, para além disso desenvolver valores e diferentes habilidades dos alunos. E,
afirma ele que se sentirá fracassado caso não consiga realizar essa missão que não
é somente dele, mas também da escola. Desta feita, nota-se a preocupação do
professor com a formação educacional do aluno com deficiência, mesmo
58
Deste modo, quando o professor A afirma que seu aluno “que não tem muitas
habilidades [...] intelectuais vamos dizer, mas ele tem habilidades artísticas(...)”. Pode-
se afirmar, com base em Nogueira que:
caracterizando uma prática que está para além do desenvolvimento cognitivo para
somente aprender o conteúdo.
Freire (2019) reflete que o professor não pode restringir a sua prática docente
somente ao ato de ensino de conteúdos, pois tão importante quanto ele é a sua
coerência com o que diz e faz e, que, portanto, torna a educação uma ferramenta
capaz de intervenção no mundo.
Desta forma, a busca por uma educação emancipadora e que promova o aluno
enquanto sujeito ativo do processo de ensino e aprendizagem é algo que precisa ser
construído internamente a partir da concepção que cada educador possui da
Educação Especial e de sua práxis:
O fato do professor relatar que trabalhar em uma sala com aluno da Educação
Especial é um peso, traz consigo a reflexão sobre o motivo que leva o educador a
pensar o estudante com deficiência por esse prisma. Ao final deste trecho de
depoimento é possível observar que o docente acusa a ausência de formação
necessária, recursos e estrutura para que seja garantido o ensino com o mínimo de
qualidade para este aluno. Ou seja, a falta de formação inicial e continuada para que
esses profissionais saibam como lidar com as situações que são demandadas da
deficiência é que faz com que eles tenham “medo” de ter um estudante da Educação
Especial em sua turma, uma vez que eles não foram qualificados pelo próprio sistema
para trabalhar uma prática pedagógica inclusiva.
deste profissional não ter sido preparado para trabalhar com este aluno da Educação
Especial e nem com as particularidades que ela exige.
Esta dificuldade que o Estado apresenta por meio de seu sistema educacional
afeta diretamente a prática pedagógica docente, pois a ausência de estrutura traz
impactos para o processo de ensino-aprendizagem da Educação Especial que
atravessam as estratégias e metodologias utilizadas pelos educadores. Desta forma,
a exclusão do aluno com deficiência acaba sendo um reflexo de todo esse conjunto
de ausência de práxis direcionadas para a educação inclusiva.
Este contexto remete a realidade de grande parte dos alunos que compõem o
ensino da EJA que historicamente é composto por pessoas que estão à margem das
relações sociais, e que tradicionalmente é uma modalidade educacional pulverizada
entre perspectivas assistencialistas e compensatórias que atravessam o ensino de
jovens e adultos com uma política educacional como se ela fosse apartada à educação
básica (SIEMS, 2012).
Portanto, não existe a prática pedagógica definida e exclusiva, mas sim práticas
pedagógicas diversificadas que irão depender da subjetividade dos educadores e da
forma como ele compreende a pedagogia que atravessa o processo educativo, bem
como as vivências e processos culturais que permeia o ato de educar. Deste modo,
há a necessidade de dialogarmos sobre a diferença entre práticas e práxis, no sentido
epistemológico e educacional de suas concepções.
Olha, cada um constrói a sua própria metodologia, entendeu? É... essa foi
uma metodologia que eu criei, mas não quer dizer que é uma verdade
absoluta. Não existe verdade absoluta quando se trata de pesquisa cientifica,
de educação, existem prováveis verdades, então a minha prática são
prováveis verdades que cabem pra esse contexto! (PROFESSOR D)”
Assim, a prática pedagógica deve estar imbricada por uma práxis educativa
(SOUZA, 2015), que está presente dialeticamente através dos dilemas entre
resistência dos educandos e educadores. Esta práxis atravessa a prática pedagógica
por meio das ações que o professor tem em sala de aula com seus discentes, se as
64
Elas são organizadas assim... as vezes o aluno não tem celular. Então eles
fazem um grupo pra usar o mesmo celular, mas a atividade é individual, o
texto é individual, porque o aluno, a gente tem que respeitar a individualidade
do sujeito, né?! O aluno, por exemplo, se não pode vir de uniforme, é um
exemplo só, então eu acho que tem que ser respeitado essa parte aí porque
é a individualidade dele, se ele gosta de vir com um determinado tipo de
roupa, tem que ser respeitado isso aí. Nós não formos criados em série, né?!
Nós não somos máquinas! (PROFESSOR D).
Neste sentido, sobre as práticas na EJA existe uma discussão que perpassa
sobre a juvenilização desta modalidade, ou seja, é cada vez maior o número de jovens
adolescentes que por motivos de trabalho começam a cursar a EJA. A partir desta
reflexão é necessário compreender como ocorrem as práticas pedagógicas para estes
alunos e como os professores estão trabalhando a questão de suas práxis em sala de
aula com estes educandos. Sobre este prisma, Carvalho (2009) reflete que:
Neste contexto, a presença dos jovens na EJA tem gerado grandes conflitos
nas últimas décadas, por parte dos professores que atuam nesta modalidade
de ensino. O problema tem alcançado amplitudes conceituais, metodológicas
e comportamentais, isto é, como atuar com este novo elemento,
desconhecido, se anteriormente o direcionamento era para a figura passiva
do adulto, e agora defrontam-se com o desafio de ensinar a juventude. Este
caminho de incertezas e indagações tem sido percorrido por muitos
educadores e várias posturas têm sido adotadas, a grande maioria opta por
66
(...) Lógico que a gente tem que ta atento, sempre atento, ver o que a pessoa
sabe e o que ela não sabe, o que ela tem facilidade e o que ela tem
dificuldade. Se eu percebo que a pessoa ela já olha pro quadro com
dificuldade, se eu percebo que ela tem dificuldade de me ouvir, e olha que eu
falo alto (PROFESSOR F).
e acomodados pela sua prática é uma tarefa árdua que exige comprometimento,
disposição à mudança e aceitação do novo por parte do professor. Esta visão de uma
educação funcionalista é o maior obstáculo encontrado pelo professor para que sua
prática pedagógica seja modificada, de modo que atenda as demandas e situações
que o contexto educacional da Educação Especial na EJA irá lhe apresentar.
Sim, é preciso fazer. Porque se não, nós teríamos ali uma pessoa que nós
estaríamos lhe furtando o direito de aprender. E se não colocar em prática
algumas atividades, algumas mídias pra incluir aquele aluno, a gente está é...
correndo o risco de perder o pouco que ele traz (PROFESSOR D).
reflexiva e construtiva para os discentes será aquela na qual estes terão condições de
participar do processo de ensino-aprendizagem com as mesmas condições
educacionais para todos. Assim, o educador deve ter uma práxis que compreenda que
cada aluno possui um tempo de aprendizado e limitações específicas que o tornam
um sujeito único e singular neste contexto educativo. Para Ferreira (2009a):
Eu considero especial, é... é... é que falta né... justamente esse suporte, né?!
Não só pra nós, mas pra eles também, né?! Enquanto alunos, né?! Tipo...
uma sala de AEE aqui não tem, é... a noite né, a gente não tem essa sala,
não tem o profissional pra tá aqui. A noite não tem profissional do AEE, no
caso da professora do AEE, ela fica até 18:00, 19:00h, ela ta cumprindo a
carga horária dela, entendeu?! Só que... é como eu tô te falando (demonstra
desconforto), aí no caso... até ano passado tinha, que ela ficava a noite, mas
no caso desse aluno... laudo... aí ela tinha que... mas os outros... é como eu
tô te falando... não tem o laudo, não tem essa identificação, aí o sistema
automaticamente não vai dizer ‘olha, esse tem’, porque tem que ter o laudo,
aí ela também não fica pra noite, mas aluno... aluno tem, mas o mais
importante é esse suporte, é essa problemática de se identificar e procurar
saber o que o aluno, qual é a deficiência realmente que o aluno tem
(PROFESSOR E).
Ela deve oferecer mecanismos, deve oferecer meios pra que os alunos,
independente das suas especificidades, consigam avançar, consigam
desenvolver de acordo com seu próprio ritmo, com sua própria a... (pausa
longa) suas próprias capacidades. Então ela precisa oferecer essas
70
ferramentas, ela precisa considerar que cada indivíduo ali tem uma
necessidade distinta, tem uma história distinta e objetivos distintos também,
ela precisa instrumentalizar isso pra esse aluno (PROFESSOR C).
A próxima seção irá abordar essas e outras questões para refletirmos sobre as
práticas pedagógicas dos professores da EJA com alunos da Educação Especial
observadas durante a pesquisa de campo.
[...] se eu te disser que eu já fui quase pra briga com professor por conta de
aluno da Educação Especial, a professora do AEE pode te contar essa
história. Eu já vi professor dizer ‘não, eu vou reprovar, eu vou reprovar’, que
queria dar zero pro aluno e eu tive que me meter e dizer ‘não, tu não vai dar
zero pra ele’. Então eu tive que brigar com o professor, justamente por isso,
porque eles veem esse aluno como um aluno normal, né? Como um aluno
que não precisasse de atenção nenhuma ou até mesmo como um aluno que
vai dar um trabalho maior pra eles. Aqui na minha escola a prática dos
professores em relação aos alunos especiais é uma prática, que pra mim,
chega a ser até violenta! (PROFESSOR A)
Frente a isto, destaca-se que a EJA, talvez por ter sido criada como um caráter
compensatório é compreendida por alguns educadores como algo que possui uma
prática engessada e incapaz de ser modificada, porém esta modalidade educacional
é uma metamorfose que está se (re) adaptando a todo momento aos processos de
mudanças que a educação sofre, conforme refere Di Pierro (2005):
[...] a gente não tem uma, uma visualização, aí a gente não tem como saber
trabalhar, né? A gente já vai... no percurso que a gente vai tendo essa
identificação... eu não sei, por um lado, muitas vezes, penso que é por causa
de laudo, por exemplo, a pessoa vem se matricular e aí não traz o laudo pra
comprovar que é PcD, porque quando traz o laudo e matricula, aí
automaticamente na lista de frequência, quando tu pegas né, vem escrito
PcD, por exemplo, né? Aí muitos não trazem o laudo aqui, sabe? [...]
(PROFESSOR E)
fornece os subsídios básicos para que o educador consiga construir uma visão
emancipadora da educação.
Se o aluno é PcD, eu tenho que saber qual é essa necessidade dele, então é
isso que eu faço primeiro... é saber qual é a situação. Porque aqui no Arthur
Porto já tivemos alunos com problemas de visão... com autismo, ano passado
foram 4 pela manhã, tavam pra deixar o pessoal doido de manhã... tinha um
que metia a mão na vala pra pegar peixinho que queria comer. Agora o maior,
pelo menos graças a Deus, a gente nunca teve problema. Tanto que esse
aluno do ano passado ele sempre participou aqui das atividades beleza
(PROFESSOR F)
Quando o professor afirma que não apareceu nenhum aluno com laudo médico
pra ele saber se tinha algum “doido ou perturbado”, observa-se que a visão que o
educador possui da deficiência é algo que indica um menosprezo limitação ao fazer
deste estudante. Percebe-se que são palavras que evidenciam uma prática
pedagógica que apontam para um contexto educacional que não compreende e nem
respeita as especificidades sociais e culturais destes sujeitos, reproduzindo os
discursos negativos sobre a pessoa com deficiência, como o vinculado à doença
mental.
Assim, Oliveira (2015) reflete que toda essa diversidade cultural e intercultural
é também uma diferença epistemológica que possui uma singularidade ímpar de
indivíduo para indivíduo, e que, portanto, possuem identidades e vontades
cognoscíveis diversas entre si.
Olha, eu vejo de forma positiva por conta de ter tido esse aluno especial,
porque a professora do AEE ela trabalhava em conjunto com a gente, né?
E... e os outros professores também, na questão da preocupação sim. Há
essa preocupação, esse envolvimento dos professores de alguma forma ou
78
O professor E traz à tona em sua fala uma perspectiva que demonstra tentar
compreender e entender as potencialidades que os alunos com deficiência na EJA
possuem, para que a partir disso seja feito um ensino colaborativo entre o corpo
docente com o objetivo de que todos se envolvam no processo educacional daqueles
estudantes. Desta forma, o depoimento indica uma prática pedagógica inclusiva de
alguns professores da escola que se preocupam em dialogar entre si para melhor
entender as deficiências de seus alunos, e assim construir as melhores estratégias de
ensino.
Assim, por mais que as políticas públicas tentem gerir o cotidiano da escola
com “imposições” e determinações, cuja pauta seja a inclusão das pessoas
com deficiência, tais políticas não produzem a repercussão desejada na
escola se os sujeitos que dela fazem parte não estiverem engajados e
comprometidos com o desenvolvimento de uma práxis social voltada para a
transformação da cultura escolar e materialização de uma política inclusiva
(PIMENTEL, 2016, p.16).
Olha, é... a gente costuma fazer assim... quando o aluno é alfabetizado ele
faz a avaliação normal e aí a gente vai fazer aquela avaliação normal igual a
gente faz com todos os alunos. Agora, quando ele não tem esse grau de
alfabetização, a gente faz oral e avalia o que ele tem mais na parte cognitiva,
se ele compreende, se ele não compreende, se ele tem noção, por exemplo,
é... no caso da Stefany, que ela não tem muito o domínio da leitura e escrita,
mas ela fala, ela narra, ela conta história, entendeu? Então isso é levado em
consideração (...) tipo assim eu tendo ciência, eu procuro analisar ela nesse
ponto né? Levando em consideração esses fatores que ela desempenha,
então a gente acaba incluindo tudo. É, mas isso aí eu aprendi depois (leve
expressão de alívio) de uma formação que a gente teve, que a professora do
AEE conseguiu uma formação pra gente e a pessoa responsável ela nos deu
esse norte, né? Que o aluno que não vem alfabetizado, que tem deficiência
intelectual, mas ele pode desenvolver outras áreas, ter outras habilidades,
então a gente tem que levar em consideração todo esse tipo de avaliação.
(...) Se não tivesse isso ele ia ficar tirando zero, zero, zero, ia ficar repetindo
(PROFESSOR A).
Assim, o fato do aluno com deficiência não ser alfabetizado, por exemplo, não
é visto como um empecilho para que o seu direito a educação seja ceifado. É essencial
que o docente tenha uma visão emancipadora do processo educacional para que
assim ele perceba que o ato de aprender e se desenvolver enquanto um ser humano
dotado de poder de crítica e reflexão não se restringe somente ao fato de saber ler e
81
Neste sentido, Cunha (2014) reflete que existem várias abordagens que estão
imbricadas na prática docente e que por consequência impactam diretamente no seu
fazer pedagógico, assim refere que o professor deve ter a visão interacionista de que
independente de fatores genéticos ou biológicos, todos têm condição de aprender.
Percebemos que a prática pedagógica do professor A, no que tange a avaliação do
aluno com deficiência na EJA, se construiu inicialmente em uma base empírica e
posteriormente a partir de uma formação promovida pela professora do AEE que
possibilitou este momento de interação e diálogo entre os educadores do ensino
regular e da Educação Especial. Deste modo, Costa (2012) pensa a inclusão
enquanto um processo que deve ser materializado a partir da adoção de princípios
pedagógicos democráticos que respeitem e valorizem as minorias que foram
historicamente excluídas do processo da educação.
Se aparecer algum aluno com problemática na EJA a minha opinião era que
esses alunos estudassem em salas especiais com professores preparados
pra isso. Mas como dizem agora que tem que enturmar são... como é que se
diz? (pausa longa para pensar) Quando tem que enturmar assim um com
menos aprendizado...inclusão! Como eles falam que hoje em dia tem que ter
inclusão, mas na minha cabeça os professores tinham que fazer um curso
especial pra esses alunos que tem deficiência de aprendizado, porque as
vezes a gente pode pegar um aluno com baixa visão, pode pegar um aluno
que não escuta... como o professor se portar na frente do quadro, tipo assim
falar devagar pra ele ler os lábios e vários fatores que começam a aparecer
com os alunos com deficiência, né?! (PROFESSOR B)
O relato do docente mais uma vez chama atenção pela forma como ele
problematiza as questões que atravessam a Educação Especial e os alunos com
deficiência. É possível perceber que há um certo “pedido de socorro” na fala do
professor, pois ele deixa explícito a falta de qualificação que os docentes do ensino
regular possuem para trabalhar com alunos com deficiência. Deste modo, a alternativa
proposta pelo docente é justamente a de segregar aquele aluno em salas especiais
82
com professores que sejam capacitados e preparados para trabalhar com a Educação
Especial.
A escola regular, de uma maneira geral, não foi, nem é planejada para acolher
a diversidade de indivíduos, mas para a padronização, para atingir os
objetivos educativos daqueles que são considerados dentro dos padrões de
“normalidade” (IMBERÓN, 2000). Assim, vem segregando e excluindo, de
várias formas, os que fogem destes padrões por requererem em seu
processo de aprendizagem respostas específicas ou diferentes das que são
comumente dadas à média dos alunos (MARTINS, 2006, p.17)
Esta perspectiva discutida por Oliveira (2016) traz à tona a reflexão que
avaliação pedagógica pode ser alterada de acordo com a representação que o
avaliador, no caso o professor, possui sobre o aluno da Educação Especial e da
deficiência em si. Cunha (2014) contribui para esta discussão ao fazer a seguinte
análise sobre a avaliação:
Assim, a avaliação não deve ser o fim, mas sim um dos meios que irão guiar a
prática do professor e as estratégias que serão utilizadas em sala de aula. Neste
sentido, as concepções avaliativas são atravessadas por questões epistemológicas e
ideológicas que o docente possui sobre a realidade a qual se depara, ou seja, a forma
como ele irá trabalhar a avaliação com os alunos da Educação Especial é resultado
da visão que ele possui sobre a deficiência e as próprias políticas públicas que atuam
na perspectiva da inclusão. Nesta perspectiva, Carvalho (2014) afirma que para que
a escola assuma uma postura inclusiva é necessário ter uma compreensão ética e
crítica sobre as relações destas práticas com o meio social, pois o processo da
inclusão perpassa por dimensões política e cultural que irão determinar as práticas
pedagógicas da instituição.
Esta postura inclusiva defendida por Carvalho (2014) não é homogênea dentro
da escola, uma vez que cada membro do corpo docente possui experiências e
vivências específicas com a Educação Especial e a inclusão. Assim, para grande parte
da comunidade escolar o aluno ideal não é o que apresenta alguma deficiência, pois
este representa a diferença que assusta e ameaça e nem todo o educador está
preparado para trabalhar com essas peculiaridades e especificidades do estudante da
Educação Especial.
[...] a questão das provas, as avaliações na verdade, né?! Elas têm que ser
diferenciadas, né?! Elas não podem ser... é... (demonstrou desconforto)
iguais as dos outros, como? Trabalhando com figuras, com imagens,
trabalhar com imagens sobre os assuntos que eu ministro pra turma, né?!
(Nunca tive aluno deficiente visual) Isso foi uma sugestão da própria
professora do AEE, trabalhar com imagens. Agora nas outras escolas eu já
tive que me virar sozinho, porque não tive esse apoio (PROFESSOR E).
O relato do professor E demonstra a adequação curricular que ele faz para que
o aluno com deficiência através da utilização de imagens e figuras para que este
educando tenha acesso ao processo avaliativo com a mesma eficácia que os demais
discentes, de modo que as necessidades de aprendizagem apresentadas possam ser
sanadas no processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, este mesmo professor que
tem uma prática pedagógica que indica um processo de inclusão na sala de aula não
conseguiu identificar quantos alunos com deficiência ele possuía em suas turmas de
EJA: “Não... (olhar vago), não tenho esse dado pra te dar... da EJA...mas deixa eu
84
ver... acho que... deve ter uns... três (demonstrando incerteza)... nas turmas que eu
trabalho, né?! (PROFESSOR E)”.
A EJA tem sido identificada como Educação popular, e por isso tem
significado. A modalidade de ensino em questão tem sido compreendida de
maneira equivocada como uma ação descompromissada. Precisamos nos
posicionar junto à reforma educacional não mais em condição deficitária ou
secundária, ao contrário, lutemos por um público que também merece
respeito e tem seus direitos garantidos em lei. Assim como os professores
merecem estrutura e condições de trabalho, e aqui inclui formação
(FERNANDES; GONÇALVES, 2013, p.47).
A avaliação deles é processual, eu não vou passar uma prova, como eu falei,
eles são avaliados pelo produto do trabalho deles, do que eles conseguem
produzir, entendeu? [...] é a mesma forma de avaliação aplicadas pros alunos
ditos normais. Mas, eles não são avaliados pelo o que eles erram, eles são
avaliados pela intenção de acertar, então se o sujeito tem um problema de
dislexia, não conseguiu atingir um determinado nível e o outro consegue até
passar desse nível, eu não posso fazer isso aí... pedagogicamente é uma
prática muito errônea. É o caso desse aluno que escreveu perfeito o texto
sobre a dislexia, o texto dele é fantástico! (PROFESSOR D).
Assim, é preciso que o professor ressignifique sua prática pedagógica, tal qual
suas estratégias avaliativas desenvolvidas em sala de aula, para que desta forma o
ensino nas turmas de EJA com os alunos com deficiência seja significativo para a
87
Freire (2019) chamava atenção para o fato de que o ato de ensinar exige
aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, portanto é necessário
que o educador se desprenda das “amarras ideológicas” que muitas vezes são parte
da sua história de vida para que desta forma ele consiga compreender a realidade do
educando da Educação Especial que está cursando a EJA. Assim, Dantas (2012)
reflete acerca da importância da formação dos professores que atuam nesta
modalidade de ensino, pois estes devem atentar para a diversidade, peculiaridades,
diferenças culturais e experiências de vida enquanto sujeitos históricos dos alunos
que compõem a Educação de Jovens e Adultos.
É possível notar uma crítica que o professor faz ao nível de conhecimento que
este aluno da Educação Especial possui e um certo tom de indignação ao relatar que
vê o fato do aluno chegar ao nível médio sem se quer ter uma noção mínima dos
conteúdos a serem trabalhados naquela determinada disciplina. A visão segregadora
que o educador traz em sua fala ao afirmar que os alunos com deficiência deveriam
ser colocados em salas especiais evidencia que o processo de inclusão que o ensino
da rede estadual propõe não está sendo construtivo para aquele educando.
Fica evidenciado, através destes dois relatos, que dentro de um mesmo corpo
docente a escola possui diversas concepções sobre as práticas pedagógicas e o como
lidar com as dificuldades de aprendizagem e estratégias avaliativas para a Educação
Especial na EJA.
Tem que ter diferença. Você não pode esperar que eles apresentem os
resultados exatamente igual ao dos outros alunos que teoricamente não tem
o mesmo tipo de limitação e também depende muito do que foi aplicado, cada
aluno tem uma especificidade (PROFESSOR C).
Se essa prova foi adaptada para aquele aluno, espera-se que ele tenha um
rendimento melhor. Se essa adaptação ela não foi tão... (bate a boca
pensando) é... pertinente (procurando palavras), se ela não foi tão... assertiva
91
A falta de formação é algo que aparece mais uma vez no discurso dos
professores da pesquisa, porém nota-se que esta ausência no caráter formativo não
impediu o professor C de buscar soluções metodológicas e estratégicas para que o
aluno com deficiência tivesse acesso ao ensino de qualidade. Silva (2006) reflete
sobre a necessidade de formação para os professores da EJA, que seja trabalhada
de modo a pensar nas condições de trabalho que este professor se depara em sala
de aula e defende ainda uma ação coletiva nesse processo formativo e não isolado,
para que as angústias e necessidades de todos sejam postas em discussão.
inclusão acaba por ficar apenas na teoria, pois na prática, no chão da escola, os
educadores estão jogados a própria sorte e com a responsabilidade toda direcionada
para as suas práticas e o seu fazer pedagógico.
Olha, é... geralmente né... eu faço a minha avaliação por prova né? Porque
eu tenho o cuidado de passar uma prova diferenciada, em cima da
necessidade desse aluno. Porque por exemplo, uma coisa é tu passar uma
prova pra um autista a outra é tu pegares e passar pra um... é... eu já tive um
caso de uma aluna que tinha problema de visão que a prova tinha que ser
com fonte Arial 35 (risos)! Mas era uma aluna empenhada, era uma aluna
esforçada, o que que acontecia... a prova que era de uma folha virava cinco,
seis... pra ela poder ler, né? Normal, é porque a gente tem que também saber
até onde o aluno pode ir, é por isso que é muito importante essa conversa do
professor com o professor do AEE, pra saber... porque eu confesso que tem
situações que são delicadas, é muito complicado (pausa longa), por exemplo
a questão do autismo, a questão por exemplo, esse ano a gente pegou de
manhã um aluno que tem déficit de inteli... atenção, eu queria saber o que
era... ai depois que foi me explicar o que era cada um... eu percebia, mas a
mãe chegou e disse que ele tinha mesmo esse problema e a mãe matriculou
ela mesmo com o laudo, tem laudo e tudo! Então eu fui lá e... tudo bem.
(PROFESSOR F)
Neste sentido, para Teixeira e Nunes (2014) a prática do professor deve ser
vinculada à uma práxis educativa pautada na ética e na dignidade, pois dessa forma
a avaliação passa de uma concepção de controle para um paradigma que trabalha de
forma holística o ser humano e se concretiza no âmbito da coletividade. Segundo
Ferreira et al. (2015) é crescente o número de professores e professoras que se
tornam mais conscientes sobre a necessidade de formas alternativas de avaliar o
“rendimento” de seus alunos com deficiência. É possível identificar nas escolas
brasileiras, segundo os autores, educadores que possuem uma prática pedagógica
mais inovadora que culmina em avaliações mais participativas e menos unilaterais.
95
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta questão serviu de eixo basilar para que as discussões sobre a Educação
Especial em interface com a EJA e as práticas pedagógicas pudessem ser elaboradas
e debatidas a partir de um suporte teórico-metodológico denso, capaz de trazer a
fundamentação necessária para que os dados da pesquisa pudessem ser
compreendidos e dialogados de modo a facilitar a compreensão do problema aqui
proposto. Deste modo, emerge como problema central de estudo a seguinte
inquietação: como os professores da EJA, que atuam em salas regulares de ensino,
desenvolvem suas práticas pedagógicas com alunos da Educação Especial na
E.E.E.F.M. Arthur Porto?
a) Qual a concepção que o docente da EJA tem acerca de seus alunos com
deficiência?
d) Como os professores, que atuam na EJA com alunos com deficiência da
E.E.E.F.M. Arthur Porto, planejam, desenvolvem suas aulas e avaliam os
educandos?
b) Quais os percalços que dificultam a atuação dos docentes na EJA de alunos
com deficiência?
No que se refere ao processo avaliativo dos alunos com deficiência na EJA, foi
possível observar que quase todos os educadores utilizam o método de avaliação
formal, porém em alguns casos foi possível perceber a adequação dos procedimentos
de mensuração da nota para que o estudante conseguisse realizar a tarefa sugerida
de acordo com suas potencialidades. Alguns professores, ainda que de maneira
empírica, desenvolveram práticas pedagógicas que oportunizam o desenvolvimento
do sujeito dentro de suas potencialidades.
Foi possível perceber também que a fala dos participantes da pesquisa trouxe
à tona questões referentes aos problemas que eles se deparam diariamente no que
se refere à estrutura da escola, mas também foi possível notar uma denúncia sobre o
próprio sistema educacional e os processos de inclusão. Algo que chamou atenção
para se realizar uma reflexão sobre a sistematização da educação inclusiva no
contexto educacional do Estado do Pará, uma vez que as entrevistas evidenciaram
certa falha em como o sistema educacional paraense está trabalhando com a
educação especial.
100
algumas escolas (como é o caso do locus de pesquisa) não há se quer uma sala de
AEE que possa dar um apoio aos alunos e professores.
As observações durante a pesquisa de campo e as entrevistas com os
professores evidenciam que na verdade o atual modelo educacional de educação
inclusiva no Estado do Pará não funciona como deveria, pois não há uma preocupação
com o principal objetivo da educação enquanto direito humano: formar o cidadão em
sua plenitude, de modo que lhe seja garantido o acesso e permanência à educação
de qualidade. Essa afirmação se baseia nas declarações dos educadores que
apontam para um sistema de educação mais preocupado no avanço de série dos
alunos do que com a qualidade do ensino que estes discentes obtêm durante sua
formação.
Por fim, o compromisso com a educação inclusiva e com o ensino de qualidade
é algo que serviu de sustentáculo para a construção deste texto em todos os seus
tópicos, e que diante deste cenário turbulento e incerto que a sociedade vive em meio
a propostas de novas políticas da educação inclusiva, reformas educacionais e tantas
outras incertezas políticas e pandêmicas, que se possa ter a esperança de um futuro
melhor para a Educação Especial e para o ensino. É necessário ter força para
acreditar na inclusão e fazer com que ela saia dos discursos acadêmicos e vá de fato
para o chão da escola e seja incorporada a prática dos professores e professoras!
REFERÊNCIAS
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<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15
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SIEMS, Maria Edith Romano. Educação de jovens e adultos com deficiência: Saberes
e caminhos em construção. Educação em foco. Juiz de Fora, v.16, n.2, p. 61-79, set.
2011/ fev. 2012.
SILVA, Maria Joaquina Nogueira da, E24. SILVA, Maria do Perpétuo Socorro Cardoso
da Silva (Orgs.)... et al. Educação Inclusiva. Belém: Ed. Da UFPA, 2006.
SOUZA, Diogo Bandeira de. São Paulo Faz Escola – o conceito de práxis
educativa e práxis educacional no currículo das escolas estaduais de São Paulo.
Dissertação de mestrado. – Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba,
2015.
10. A qualquer momento da pesquisa você poderá entrar em contato pelos meios
disponibilizados neste termo, como telefone ou e-mail, tanto das pesquisadoras como
do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
13. Este termo está impresso em 2 vias, sendo que uma fica com você e outra com o
pesquisador, ambas devem ser rubricadas em todas as suas páginas e assinadas, ao
seu término, por você e pelo pesquisador, devendo as assinaturas estarem na mesma
folha.
__________________________________________________
Assinatura do pesquisador
_______________________________________________
Assinatura do (a) participante da pesquisa
Este termo está impresso em 2 vias, sendo que uma fica com você e outra com o
pesquisador, as duas devem ser rubricadas em todas as suas páginas e assinadas,
no final, por você e pelo pesquisador, as assinaturas devem estar na mesma folha.
__________________________________________________
Assinatura do pesquisador
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Título da Pesquisa: “EJA e educação especial: práticas pedagógicas no
contexto de uma escola do município de Belém.”
Data da entrevista:....../....../......
1. DADOS PESSOAIS
I- Alunos com Deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza
física, intelectual, mental ou sensorial, incluindo os estudantes com surdocegueira e múltiplas
deficiências.
Art.4º- Aos alunos com deficiência matriculados nas classes hospitalares e atendimento
domiciliar, além da escolarização, quando necessário, será ofertado o SAEE mediante
segunda matrícula, conforme portaria de matrícula vigente expedida pela Secretaria de
Estado de Educação, podendo serem atendidos individualmente ou em grupo.
Art.5º- Aos alunos com surdez, poderá ser ofertada a educação bilíngue (Libras-
Língua Portuguesa) em escolas bilíngues ou classes bilíngues.
CAPÍTULO II
PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: DA FORMAÇÃO, ATRIBUIÇÕES E
COMPETÊNCIAS
III- Professor de Libras: O professor deve ter nível superior, com curso de Graduação
em Licenciatura Plena em Letras/Libras, ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como
segunda língua; ou Licenciatura Plena e certificado de proficiência no ensino da Libras, obtido
por meio de exame promovido pelo Ministério da Educação (Prolibras).
VIII- Mediador Pedagógico: Formação em nível médio sendo cursista de nível superior
(curso em andamento), com aproveitamento nas disciplinas relacionadas a Educação
Especial.
IX- Apoio Escolar/Cuidador: Formação em nível médio completo, com curso que o
habilite para atuar como cuidador.
SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
I- Professor de SAEE:
a) Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de
acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos
público-alvo da Educação Especial;
b) Elaborar e executar plano de atendimento educacional especializado, avaliando a
funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade;
c) Organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos
multifuncionais ou específicas;
d) Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade na sala de aula do ensino regular, bem como em outros ambientes
da escola;
e) Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na
disponibilização de recursos de acessibilidade;
f) Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade
utilizados pelo aluno; Ensinar e usar recursos de Tecnologia Assistiva, tais como: as
tecnologias da informação e comunicação, a comunicação alternativa e
aumentativa, a informática acessível, o soroban, os recursos ópticos e não ópticos,
os softwares específicos, os códigos e linguagens, as atividades de orientação e
mobilidade entre outros, de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos,
promovendo autonomia, atividade e participação;
g) Estabelecer articulação com os professores da sala de aula regular, visando a
disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das
estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares;
h) Promover atividades e espaços de participação da família e a interface com os
serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre outros;
i) Oferecer suporte e acompanhamento, nas classes regulares, ao processo de
escolarização e adaptação de material pedagógico de estudantes público-alvo da
educação especial
j) Acompanhar e orientar enquanto professor especializado, o trabalho desenvolvido
pelos demais profissionais do SAEE na sala de aula regular junto aos estudantes
com deficiência;
II- Professor Bilíngue: Oportunizar o ensino dos componentes curriculares por meio da
Libras como língua mediadora, e o uso de metodologias e recursos didáticos visuais para o
ensino dos componentes curriculares do ensino fundamental e médio.
III- Professor de Libras: Ensinar a Libras no SAEE para estudantes surdos, divulgar e
ensinar a Libras na comunidade escolar e/ou ministrar a disciplina curricular Libras na escola.
CAPÍTULO III
DA AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES ESPECÍFICAS NO SAEE E DA
ACESSIBILIDADE CURRICULAR EM INTERFACE COM O ENSINO REGULAR
SEÇÃO I
DA AVALIAÇÃO NO SAEE
Art.11- A avaliação das necessidades específicas do estudante com Deficiência,
Transtorno do Espectro Autista e Altas Habilidades/Superdotação no SAEE, será de cunho
qualitativo, e a sua realização será de forma colaborativa com o ensino regular, com base nos
seguintes princípios e pressupostos da avaliação inclusiva:
I- A avaliação inicial no SAEE, ocorre no ato seguinte a matrícula do estudante, visando
o planejamento educacional individualizado no SAEE, com ações pedagógicas de interface
com o ensino regular, tendo continuidade no ano letivo, constituído pela avaliação processual,
visando a reelaboração do plano, quando se fizer necessário, objetivando o acompanhamento
do desenvolvimento do estudante em seu processo de escolarização.
SEÇÃO II
DA AVALIAÇÃO INICIAL E PROCESSUAL NO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO-SAEE
SEÇÃO IV
DA ACESSIBILIDADE NO SISTEMA REGULAR DE ENSINO
SEÇÃO V
DA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO E PROMOÇÃO ESCOLAR NO ENSINO REGULAR
I- Aos estudantes com Deficiência Visual (pessoas cegas), as formas de acesso são o
Sistema Braille, por meio de impressão e transcrição como principal meio de comunicação
escrita, e o apoio do Braillista para leitura e escrita, considerando a preferência e necessidade
do estudante.
II- Aos estudantes com Deficiência Visual (baixa visão), a utilização de caracteres
ampliados e recursos específicos como os recursos ópticos, não ópticos, assim como o
Braillista, e outras ajudas técnicas que sejam necessárias.
III – Aos estudantes com Deficiência Auditiva/Surdez: será garantida uma avaliação com
a forma de comunicação de sua preferência; Utilizando-se de mecanismos de avaliação
coerente com a sua percepção visual, e quando o aluno for usuário da Libras, o serviço de
Tradutor Intérprete de Libras/Língua Portuguesa deverá ser disponibilizado; bem como
equipamentos e tecnologias de informação, comunicação e recursos didáticos visuais.
VI- Aos estudantes com Deficiência Física, os recursos de Tecnologia Assistiva serão
ofertados e adequados de acordo com a necessidade específica identificada.
X-No processo avaliativo, para cada caso, quando necessário, será indicado o tipo de
apoio pedagógico, de acordo com a necessidade específica identificada para o tipo de apoio.
SEÇÃO VI
DA PROGRESSÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
CAPÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO SAEE NO SISTEMA DE ENSINO
I- Deverá ser ofertado no contraturno ao ensino regular por não possuir caráter
substitutivo. Casos específicos que demandem o atendimento especializado no mesmo turno
serão definidos pela direção, equipe técnica-pedagógica e o professor do SAEE em escolas,
núcleos e centros especializados, obedecendo ao que dispõe a portaria de matrícula vigente
e observando aspectos socioeconômicos e de acessibilidade de cada estudante e suas
famílias. A indicação de outros profissionais especializados, será de acordo com a indicação
resultante da avaliação das necessidades específicas.
II- O SAEE será ofertado na sala regular, no mesmo turno, ao estudante matriculado no
turno da noite que não puder frequentar no contraturno.
III- A matrícula no SAEE deve ser realizada nas Salas de Recursos Multifuncionais ou
Específicas da própria escola, nas Salas de Recursos Multifuncionais ou Específicas em
outras escolas da rede estadual, em instituições especializadas, em centros e núcleos
especializados do sistema público e não governamentais em Acordo ou Convênio de
Cooperação Técnica com a Secretaria de Estado de Educação.
§2º O SAEE realizado nas Salas de Recursos Específicas (SRE), será ofertado da
seguinte forma:
Parágrafo único: Caso o estudante não complete o período de frequência, estipulado para
cada plano, sem justificativas, será considerado abandono do SAEE, e serão tomadas as
medidas para o seu desligamento, com documento assinado pela direção e equipe técnica da
escola, profissionais do SAEE, estudante e/ou família, disponibilizando vaga para outro
estudante.
Art.21- O desligamento do SAEE em sala de Recursos Multifuncionais ou Específicas
nas instituições especializadas do sistema público de ensino e nas não governamentais em
regime de Acordo ou Convênio de Cooperação Técnica com a Secretaria de Estado de
Educação, se dará na seguinte forma:
II- Por frequência não correspondente aos 75% em cada plano de atendimento;
IV- Por ter alcançado os objetivos propostos no plano de atendimento, e deverá ser
oficializada em documento, assinado pela direção e equipe técnica da escola, professor do
SAEE, estudante e/ou família.
Parágrafo único: Para o SAEE, fica estabelecido segundo orientação da NOTA TÉCNICA Nº
04/2014/MEC/SECADI/DPEE, que não será considerado imprescindível a apresentação de
laudo médico (diagnóstico clínico) pelo alunos com Deficiência, Transtornos Globais do
Desenvolvimento ou Altas Habilidades/Superdotação. No entanto, durante o estudo de caso,
no contexto do plano do AEE, o professor poderá articular-se com os profissionais da área da
saúde, e neste procedimento, constituir o laudo médico, um documento anexo ao plano de
AEE, não se tratando de documento obrigatório, mas, complementar ao processo avaliativo
desenvolvido no contexto escolar.
SEÇÃO I
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE NO ENSINO REGULAR
SEÇÃO II
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE NAS UEES, CENTROS E NÚCLEOS ESPECIALIZADOS
Art.28- A organização e funcionamento do SAEE nas instituições especializadas no
sistema público de ensino, centros e núcleos especializados, caracterizados como Centros de
Atendimento Educacional Especializado-CAEE do Sistema Público e não Governamentais,
em Acordo ou Convênio de Cooperação Técnica com a Secretaria de Estado de Educação,
seguirão em sua organização e funcionamento, integrado aos seus Projetos Político-
Pedagógicos, o disposto nas diretrizes dos seguintes documentos:
III- O disposto nas diretrizes da Portaria nº 243 de 15 de abril de 2016/ MEC referente
aos critérios para o funcionamento, avaliação e a supervisão de instituições públicas e
privadas que realizam o SAEE para o estudante com Deficiência e Altas
Habilidades/Superdotação, com definições dos seguintes aspectos: requisitos para o
funcionamento nos aspectos pedagógicos e administrativos e critérios para avaliação e
supervisão das instituições;
SEÇÃO III
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE PARA A DEFICIÊNCIA VISUAL: CEGUEIRA E BAIXA
VISÃO
Art.30- O SAEE para estudantes com Deficiência Visual: Cegueira e Baixa Visão,
deverá ser organizado em programas, considerando os seguintes aspectos:
VIII- Casos que necessitem de estimulação precoce, poderão ser previstos por meio de
cooperação técnica;
Art. 31- Os objetivos do SAEE para Deficiência Visual: Cegueira e Baixa Visão, são:
SEÇÃO IV
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE PARA A DEFICIÊNCIA AUDITIVA/SURDEZ
Art.34- O SAEE para a surdez tem como objetivo proporcionar ao aluno surdo o
aprendizado e/ou aprofundamento da Libras o contato com os componentes curriculares em
Libras e o aprendizado da língua portuguesa como segunda língua na modalidade escrita.
SEÇÃO V
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE PARA A DEFICIÊNCIA FÍSICA
SEÇÃO VI
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE PARA A SURDOCEGUEIRA
Art.38- O SAEE para Surdocegueira deve ser planejado em função das áreas da
comunicação, tecnologia assistiva, orientação e mobilidade e atividades de vida autônoma e
social (AVAS).
IV- Programa de atividades de vida autônoma e social (AVAS), para melhorar a sua
interação no ambiente familiar, escolar e social;
SEÇÃO VII
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE PARA A DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
Art.41- O SAEE para a Deficiência Múltipla deve ser planejado em função das áreas
de comunicação, atividades de vida autônoma e social (AVAS) e uma reorganização
curricular, inclusive, um currículo individualizado quando necessário.
Art.42- O SAEE para alunos com Deficiência Múltipla, deve ser organizado nas
seguintes áreas:
I- Na comunicação: a utilização de recursos de comunicação alternativa e aumentativa,
linguagens e códigos aplicados de acordo com a necessidade específica de cada estudante;
III- Programa de atividades de vida autônoma e social (AVAS), para melhorar a sua
interação no ambiente familiar, escolar e social;
IV- Levando-se em consideração que o ambiente onde o aluno será atendido tem um
papel importante no desempenho do estudante em suas atividades. Deve-se considerar as
adequações quanto: a iluminação, cor e contraste dos materiais utilizados, o tamanho e a
distância, o tempo necessário para realizar as atividades e a organização da rotina (objetos
de referência, fotografias, sistema de calendário e outros).
Art.43- O objetivo do SAEE para alunos com Deficiência Múltipla deverá contemplar
as necessidades globais que o aluno possui, visando a estimulação da comunicação,
desenvolvimento pessoal e social.
SEÇÃO VIII
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE PARA A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
SEÇÃO IX
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE PARA O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Art.46- O SAEE para TEA é organizado em função das áreas de interação social,
comunicação e linguagem. As atividades são planejadas e desenvolvidas com diferentes
estratégias e recursos pedagógicos, desenvolvidos por meio da seguinte forma de
organização:
III- Ampliar a função social da linguagem, sob diferentes formas de acesso em relação
a comunicação expressiva e receptiva, por meio de Tecnologias Assistivas como a
Comunicação Alternativa Aumentativa-CAA;
II- Acadêmica;
III- Liderança;
II- Oportunizem a descoberta do potencial dos alunos nas diversas áreas de ensino;
SEÇÃO XI
DA ORGANIZAÇÃO DO SAEE EM CLASSE HOSPITALAR
CAPÍTULO V
DO SAEE NAS DEMAIS MODALIDADES DE ENSINO
SEÇÃO I
NO ENSINO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA E INTEGRAL DE NÍVEL
MÉDIO
VI- Adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de redação que
considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência, no domínio da modalidade
escrita da língua portuguesa;
Seção III
NA EDUCAÇÃO QUILOMBOLA
§1º Os sistemas de ensino devem garantir aos estudantes a oferta de SAEE, que
ocorrerá de acordo com o calendário de cada comunidade.
II- Equipamentos;
III- Mobiliário;
V- Profissionais especializados;
SEÇÃO IV
NA EDUCAÇÃO INDÍGENA
§1º Na ausência dos profissionais previstos no Art.8º desta I.N, que seja
disponibilizado um professor indígena auxiliar nas escolas das comunidades indígenas, além
do apoio de equipes pedagógicas multiprofissionais nas referidas escolas, que possam
realizar diagnósticos da demanda de Educação Especial nas comunidades indígenas, visando
o atendimento aos estudantes indígenas que necessitem de SAEE.
SEÇÃO V
NA EDUCAÇÃO DO CAMPO
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art.65- Esta Instrução Normativa passará por uma atualização a cada dois
anos, devido a dinamicidade da modalidade em questão, bem como a possíveis
atualizações das diretrizes nacionais para a educação especial.