Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
ASSUNÇÃO, PARAGUAI
2021
KAMILA LEAL DE SOUZA
ASSUNÇÃO, PARAGUAI
2021
KAMILA LEAL DE SOUZA
________________________________ ________________________________
________________________________
________________________________ ________________________________
Observações:
___________________________________________________________________
ASSUNÇÃO, PARAGUAI
2021
SOUZA, Kamila Leal
O impacto do ensino online na alfabetização e leitura de
crianças no ensino fundamental I (PRIMEIRO ANO)
Total de páginas: 118 p
DEDICATÓRIA
Escrevo essa dedicatória com lágrimas nos olhos, coração apertado, mas
cheia de Gratidão. Quero agradecer primeiramente a Deus por me abençoar,
iluminar os meus caminhos, me dando a oportunidade de realizar esse Mestrado
com coragem para enfrentar os desafios e concluir mais uma etapa da minha vida.
Agradeço ao meu pai Antônio Carlos Valente de Souza (In Memoriam) e a minha
mãe Sônia Regina Leal de Souza, que me ensinaram a viver a vida com dignidade,
respeito, me deram todo amor do mundo, e fizeram de mim uma mulher
determinada, responsável, cheia de metas e objetivos, do qual o principal sempre foi
enchê-los de orgulho. Obrigada por serem meu porto seguro, por todo apoio e
incentivo que me deram durante a minha vida escolar e acadêmica, se eu cheguei
até aqui foi por ouvir os conselhos e orientações de vocês que sempre estiveram
orando por mim no decorrer de toda a minha vida e nessa etapa oraram para que
Deus me acompanhasse e me protegesse nessa jornada de mestranda em outro
país, e deu tudo certo. E mesmo meu pai não estando mais presente fisicamente,
pois virou o meu anjo protetor no céu, sei que de onde ele estiver, ele deve estar
cheio de orgulho, assim como a minha mãe está. Sou muitíssimo grata a Deus por
ter vindo a essa terra como filha de vocês. Amo vocês daqui até a eternidade,
incondicionalmente. As minhas irmãs Kelly Regina Leal de Souza Assis e Katy Carla
Leal de Souza pela nossa união, por todo amor e cuidado, por estarem ao meu lado
sempre, torcendo por mim e cheias de orgulho da irmã caçula. Eu amo vocês. A
minha amiga Poliana Neves Pereira Perrone que entrou na minha vida para me dar
coragem de encarar a vida de mestranda e embarcar com ela rumo ao Paraguai.
Sou grata principalmente por me acompanhar na viagem mais difícil da minha vida,
quando tivemos que antecipar a volta do Paraguai para Manaus em Janeiro deste
ano, pelo falecimento do meu pai. Serei eternamente grata por não ter me deixado
só nesse momento tão difícil da minha vida. Obrigada por todo apoio, parceria e
também por todas as aventuras que vivemos juntas. E um obrigado especial a
Alleane Sátila Grana Martins e Liriléia Sanches de Araújo que também foram mega
parceiras nesse processo, compartilhando conosco muitos momentos juntos, de
estresses, ansiedades, trabalhos em equipe, trocas de conhecimento, momentos
bons de muitas risadas e outros nem tanto, mas mesmo assim uma segurou a mão
da outra até o fim. Obrigada por tudo meninas! Ao meu orientador Professor Dr.
Arlindo Costa pela orientação, sugestões e estímulos dados e todo suporte
necessário no decorrer desta caminhada, que foram determinantes para a
concretização deste trabalho. A todos aqui deixo minha sincera gratidão!
“Procure a sabedoria e aprenda a
escrever os capítulos mais
importantes da sua história nos
momentos mais difíceis da sua
vida” (Augusto Cury
RESUMO
Esta dissertação foi desenvolvida com a finalidade de verificar de que forma seis professoras da rede
municipal de ensino, lotadas na Escola Municipal Zilda Arns Neumann, da cidade de Manaus,
atuaram no processo de alfabetização no ensino remoto para alunos da primeira série do ensino
fundamental. A dissertação objetivou verificar como ocorreu esse processo de desenvolver a leitura
para esses alunos, a partir do início da pandemia, no início de março de 2020. Para a obtenção de
dados, foi elaborada uma entrevista estruturada com onze perguntas, utilizando a abordagem da
análise de conteúdo a partir desse estudo de caso focalizado. Na fundamentação teórica, procurou-se
abordar o tema, desde a conceituação de alfabetização, até a abordagem sobre letramento e método
fônico, além da relação da pandemia com a aprendizagem dos alunos através de plataformas virtuais
como, por exemplo, o Google Classroom e materiais impressos. Ressaltou-se nesta dissertação a
importância da família e a dificuldades de aprendizagem na ausência do ensino presencial em que o
professor atua como mediador. Destacou-se as dificuldades dos professores frente às tecnologias
vinculadas às metodologias ativas de aprendizagem. Conclui-se a partir do que foi respondido pelas
professoras de que o afastamento dos alunos no processo de alfabetização acarretou num deficit de
aprendizagem com relação ao ensino presencial, cujas atividades, como leitura oral e escrita,
atividades lúdicas como jogos e bricandeiras devidamente planejadas e organizadas pelos
professores são de suma importância para níveis de complexidade de oralidade e escrita. No que
concerne às tecnologias, evidenciou-se que os professores não têm a formação necessária para
utilizarem tais ferramentas no processo ensino-aprendizagem.
Esta disertación se desarrolló con el propósito de verificar cómo seis docentes de la red de
enseñanza municipal, con sede en la Escola Municipal Zilda Arns Neumann, de la ciudad de
Manaus, actuaron en el proceso de alfabetización en educación remota para estudiantes de
primer grado de primaria. La disertación tuvo como objetivo verificar cómo ocurrió este
proceso de desarrollo de la lectura para estos estudiantes, desde el inicio de la pandemia, a
principios de marzo de 2020. Para la obtención de los datos se elaboró una entrevista
estructurada con once preguntas, utilizando el enfoque de análisis de contenido de este
estudio de caso enfocado. En la base teórica se intentó acercar la temática, desde la
conceptualización de la alfabetización, hasta el abordaje de la alfabetización y el método
fónico, además de la relación entre la pandemia y el aprendizaje de los estudiantes a través
de plataformas virtuales como Google Classroom y materiales impresos. En esta disertación
se enfatizó la importancia de la familia y las dificultades de aprendizaje ante la ausencia de
una enseñanza presencial en la que el docente actúa como mediador. Se destacaron las
dificultades de los docentes ante las tecnologías vinculadas a las metodologías de
aprendizaje activo. Se concluye de lo contestado por los docentes que el alejamiento de los
estudiantes en el proceso de alfabetización resultó en un déficit de aprendizaje con relación
a la enseñanza presencial, cuyas actividades, como la lectura y escritura oral, actividades
lúdicas como juegos debidamente planificados y organizados por los profesores, son de
suma importancia para los niveles de complejidad del habla y la escritura. Con respecto a
las tecnologías, se evidenció que los docentes no cuentan con la formación necesaria para
utilizar tales herramientas en el proceso de enseñanza-aprendizaje.
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 1
1 ALFABETIZAÇÃO.......................................................................................................................................... 6
TUDO ISSO ACONTECE PORQUE SIMPLESMENTE MUITOS PROFESSORES NÃO PERCEBEM QUE O HOJE SER
VIVIDO; ACABAM PREOCUPANDO-SE SOMENTE COM O FUTURO VESTIBULAR.............................................37
2 METODOLOGIA......................................................................................................................................... 81
3 ANÁLISE DE RESULTADOS.......................................................................................................................... 89
CONCLUSÃO................................................................................................................................................ 96
RECOMENDAÇÕES....................................................................................................................................... 99
REFERÊNCIAS............................................................................................................................................. 100
APÊNDICES................................................................................................................................................ 105
APÊNDICE 1...................................................................................................................................................106
APÊNDICE 2...................................................................................................................................................107
1
INTRODUÇÃO
Além disso, novas situações são geradas que promovem a aplicação nos alunos de
conhecimento relacionado às competências do século 21.
Em um contexto global onde COVID-19 modificou nossa sociedade, o a
educação foi afetada em seu próprio modelo de ensino, exigindo mudanças onde a
tecnologia é essencial. Este processo vivido em poucos meses foi o cenário anterior
que nos levou a um modelo de ensino híbrido no início do ano letivo 2020/2021.
A alfabetização passa a ser um desafio nessas circunstâncias, que se
potencializa nessa situação de isolamento social, que nos preocupa muito com os
prejuízos gerados”.
Se a alfabetização historicamente no Brasil é permeada de desafios, com os
dados mais recentes mostrando que menos da metade dos alunos do 3º ano do
ensino fundamental atingiu níveis suficientes de proficiência em leitura, em tempos
de pandemia essa situação pode piorar.
A alfabetização é um processo desafiador porque além de ler, escrever e
contar números, o papel do profissional que trabalha que leciona na primeira série
do ensino fundamental I no processo de alfabetiza, tem como objetivo permitir que
essa criança tenha a capacidade de interpretar, compreender, criticar, ressignificar e
produzir conhecimento.
Em tempos de pandemia, os desafios enfrentados por escolas e alunos para
garantir esse processo foram muito discutidos.
O contexto da pandemia mostrou ao Brasil o quanto os professores estavam
apegados aos modelos tradicionais de ensino. No contexto da pandemia, a escola e
o mundo educacional estiveram em um estado de paralisia por pelo menos 8 meses,
então o ano letivo de 2020 foi comprometido tanto na aprendizagem dos alunos
quanto no papel da escola.
Esta pandemia trouxe novos desafios, tirando crianças das escolas e
alfabetizadores na fase fundamental do processo de escolarização. Por outro lado, o
processo de alfabetização foi interrompido no início do período em que a interação
alfabetização-criança é fundamental, uma vez que o aprendizado do sistema de
escrita alfabética depende de uma compreensão bem orientada das relações oral-
escritas.
Por outro lado, a criança afastada da escola devido à Covid-19, fez que a
escola interrompesse um processo apenas iniciado, no qual a criança interaje com
seus pares sob mediação desse professor.
3
para o desenvolvimento
emocional não seja
prejudicada.
De que forma o
professor pode desenvolver
estratégias didácas
signi'cavas para crianças a
distância, como os pais podem
ajudar, qual o limite de
cobrança e exigência
cognivas
para o desenvolvimento
emocional não seja
prejudicada.
- O ensino online foi realmente adotado pela turma em estudo, não só para
utilizar a tecnologia da informação no ambiente escolar, mas também para
torná-la uma ferramenta capaz de contribuir para a formação dos alunos?
- Quais são os impactos positivos e negativos do uso dessas tecnologias no
contexto em estudo, especialmente na alfabetização e nas habilidades de
leitura dos alunos selecionados?
5
1 ALFABETIZAÇÃO
Visto que a sala de aula é o lugar de criação de vínculo com a leitura, de inserção do
aluno na tradição do conhecimento.
A escolha dos métodos educativos é bastante necessária, por isso, alguns
cuidados durante o processo de alfabetização em todos os níveis escolares são
fundamentais por parte dos docentes. Deve-se optar por um trabalho que contenha
vários gêneros discursivos e que cada aluno possa optar pelo gênero que mais lhe
agrade e principalmente proporcionar exercícios associados a um contexto, a fatos
significativos aos estudantes. O docente deve sempre estar revisando sua prática
em sala de aula.
Partindo desses pressupostos é que se busca uma educação que possibilite o
desenvolvimento da criticidade dos alunos para que estes possam perceber e refletir
sobre as várias linguagens ao seu redor, representadas por imagem, frases e muito
enfaticamente por sons, ou seja, não só pela linguagem escrita, mas
significativamente pela oral.
Leitura sempre foi um tema complexo e repleto de sentidos. Lendo, é possível
viver emoções, por vezes inenarráveis. A leitura nos surpreende nos seduz e nos faz
pensar nas muitas relações que podemos estabelecer.
Ao estudar a leitura, no contexto educacional, é apropriado recordarmos sua
história. É necessário um breve histórico, ressaltando a origem e função do leitor.
Em seguida, resgataremos algumas concepções de leitura e suas relações
com o conhecimento de mundo.
A leitura tem uma história. Seus primórdios, segundo arqueólogos, estão na
Babilônia, onde hoje é o Iraque. Aproximadamente, no quarto milênio a.C.,
aconteceram, nessa região, mudanças climáticas, que obrigaram as comunidades
agrícolas a se reagruparem em torno de centros urbanos, que se transformaram em
cidades-estados. Para manter e organizar a vida, nessa sociedade, desenvolveram
a arte de escrever, que mudou para sempre a natureza da comunicação entre os
seres humanos.
É possível afirmar, que a escrita foi inventada por motivos comerciais, para
lembrar a quantidade de bens pertencentes a uma família. Um sinal escrito: a figura
de um boi, por exemplo, significava um boi, para lembrar ao leitor que a transação
era em bois e, talvez, tivesse outros sentidos. A lembrança dos acontecimentos
ativava a memória como um documento, um registro. Quando surgiram as primeiras
tabuletas escritas, elas apresentavam vantagens sobre a memorização: uma, era
17
existente nas várias concepções sobre o ato de ler e que todas concordam que a
leitura é um ato em si, onde o indivíduo deve agir com responsabilidade.
Por sua vez, os modelos interacionistas enfatizam que a aprendizagem das
crianças ocorre na interação com seus pares e adultos na comunidade da qual
fazem parte; Entre esses integrantes, o professor desempenha um papel de
destaque. O processo de alfabetização é um instrumento sociocultural que, além de
ser adquirido socialmente, requer habilidades específicas. Para esses modelos, a
interação verbal é considerada a matriz de toda aprendizagem. Nele, a intervenção
docente em sala de aula é acentuada e seu desempenho é analisado de acordo com
as estratégias postas em jogo na interação verbal. Nesse grupo, destacam-se o
modelo de participação orientada), o modelo inicial de aprendizagem da leitura
(Borzone e Signorini, 2002) e o modelo da origem cultural da leitura.
Nessa perspectiva, a psicogênese da linguagem escrita, descrita por Emilia
Ferreiro e Ana Teberosky, 2 (2008) -, sustenta que crianças em processo de
alfabetização constroem hipóteses sobre o que a escrita representa. Em 2
Videoconferência, com o nome de A psicogênese da linguagem escrita e da didática,
apresentada pela Dra. Telma Weisz para o programa de formação continuada de
professores.
Nesse contexto, há um vaivém de ideias relacionadas à escrita, onde a
criança, na interação com o outro, tem a possibilidade de expor suas ideias, opor
seu pensamento, modificando suas hipóteses até atingir um nível convencional de
escrita. Isso não significa, como afirmam muitas interpretações errôneas, que a
criança aprende sozinha ou que constrói seu conhecimento apenas por estar
cercada por um mundo letrado, sendo o professor apenas um intervencionista no
processo (WEISZ, 2008).
Para os modelos apoiados nas correntes teóricas neovigotskyanas, a
intervenção pedagógica provoca avanços que não aconteceriam espontaneamente
sem a intervenção do professor. Assim, esses modelos reconhecem que as crianças
aprendem a partir de suas formas de interação com outras pessoas que já possuem
algum conhecimento sobre leitura e, portanto, o professor desempenha um papel de
destaque.
Partindo então do princípio integrador de ambos os modelos teóricos,
segundo o qual, o conhecimento é construído pelo aluno em situações de interação,
o professor precisaria de estratégias que ajudassem a compreender o que cada um
21
de que a língua é som. Essa consciência, que a criança tem quando começa
aprender a falar, se perde com o correr do tempo. Quando falamos, emitimos sons,
sílabas, fonemas, palavras: juntamos fonemas em sílabas, sílabas em palavras e
palavras em sentenças, mas não prestamos atenção nesses sons, prestamos
atenção no conteúdo do que estamos falando, nas ideias. O mesmo acontece
quando ouvimos: prestamos atenção no sentido, e não nos sons. A criança, vencida
a etapa inicial de aprender a emitir os sons da fala, também passa a prestar atenção
no sentido, não nos sons.
"Para que uma pessoa possa aprender a ler e escrever, há alguns saberes
que ela precisa atingir e algumas preocupações que ela deve realizar
conscientemente." (LEMLE, 1993 p. 07).
Após compreender o trabalho de representação da escrita, a criança precisa
entender a ideia de símbolo, entender que os 'risquinhos pretos' no papel
expressões simbólicas de sons da fala. Uma criança que ainda não consegue
compreender o que seja uma relação simbólica entre dois objetos não conseguirá
aprender a ler. explica que:
palavra.
Ao contrário do que há muito tempo acreditava-se, a alfabetização não
restringe-se apenas ao primeiro ano do Ensino Fundamental. A criança aprende a
decodificar os símbolos e a grafá-Ios primeiramente. Depois, aprende a usar
corretamente a Língua Portuguesa, em todos os seus complexos aspectos. Porém,
a base deste trabalho deve ocorrer na primeira série, estruturando uma
aprendizagem que aprimorar-se-á ao longo dos quatro anos.
A essência da alfabetização, então, consiste em analisar o código alfabético,
identificar ou descobrir as relações entre os dois polos do código, as letras e os
sons. O ensino da fonologia, realça a relação entre sons e signos, imprescindíveis
para a alfabetização. Para desenvolver a consciência fonológica - isto é, a
capacidade metalinguística que permite refletir sobre a estrutura sonora das
palavras faladas, é necessário um trabalho pedagógico em práticas de atividades
como ler, compreender, falar e ouvir.
Através destas atividades diárias, as crianças terão oportunidade para
construir competências e habilidades para o desenvolvimento da consciência
fonológica. Quando a criança inicia possíveis relações entre a capacidade de
analisar os sons que compõem as palavras, ela descobre relações entre oral idade e
escrita, possibilitando a formação de hipóteses silábicas, na construção da escrita,
que tem como base um sistema alfabético.
A adoção de um método eficaz no processo de alfabetização já vem
ocorrendo no Brasil, o que se justifica pelos números apresentados no que tange à
alfabetização dos alunos nos anos iniciais nos anos iniciais do ensino fundamental.
Os estudos de Capovilla, conforme as leituras realizadas neste trabalho
demonstram a eficácia do método fônico no processo de alfabetização.
Conclui-se que o método fônico viabiliza às crianças em sala de aula muitas
possibilidades de aprender, contribuindo para que decifrem mais facilmente o
código alfabético, uma vez que o aluno deve aprender a decodificar e a codificar
fonemas e grafemas, e, por consequência ler qualquer palavra.
Pensar essas questões envolve uma reflexão que não se esgota neste
estudo, mas se multiplica e cria ressonâncias no contexto educacional.
Sabe-se que a linguagem é uma herança social, pois envolve indivíduos e faz
com que todas as suas estruturas sejam reguladas pelo seu simbolismo. Seu
principal objetivo é a comunicação com um outro, pois a língua é um produto
humano e social que articula as experiências comuns aos de determinada
comunidade lingüística.
Europa, em sua origem nada mais era do que uma espécie de dialeto caipira,
exclusivamente oral, falada por meia-dúzia de gatos-pingados da região do Lácio, na
Itália. E o português, hoje uma das dez línguas mais faladas no mundo, começou
humildemente como um dialeto de camponeses da Galícia.
O vocabulário tem uma importância especial na escrita pelo fato que, na
ausência do interlocutor, as palavras devem ser muito mais precisas, de modo a
evitar duplos-sentidos ou ambiguidades.
De acordo com Koch; Travaglia (1991, p. 56), a produção de textos englobaria
não só o ensino de redação, mas também o de expressão oral. O trabalho com a
compreensão de textos ampliaria o trabalho de leitura, incluindo o trabalho de
compreensão de textos orais. O ensino de vocabulário apareceria como fundamental
tanto para a produção quanto para a compreensão de textos.
Na produção de textos escritos, o vocabulário da oralidade, ótimo para
conversar, revela-se quase sempre insuficiente ou inadequado para resolver as
exigências de sínteses e de clareza da escrita.
Na leitura de textos escritos, com muita freqüência encontram-se palavras de
pouco ou de nenhum uso da oralidade, se não conhecidas, o acesso à informação
fica prejudicado.
Imagina-se uma pessoa na fila do ônibus e, sem querer, ouve o seguinte
diálogo:
Como é, foi lá? Fui. E daí? Falou com ele? Ele não tava. Mas o outro
atendeu. O que foi que te disse? Que faltava aquela folha. Aquela que você
disse que nem precisava. Aquela? Ih... Então você vai ter mesmo que falar
com ela. Mas ela perdeu. Ela disse pra ele. E perdeu onde? Lá mesmo, eu
acho. Quem é que iria querer roubar aquilo? (FARACO; TEZZA, 1999, p.
33).
Naturalmente não se entendeu nada dessa conversa. Tanto podem ser dois
perigosos contrabandistas falando em código, quanto dois inocentes estudantes
comentando de uma página perdida de um trabalho escolar.
Entretanto, é obvio que as duas pessoas que conversam sabem exatamente
do que estão falando. Isso porque, na linguagem oral, grande parte das informações
não precisam ser expressas.
Assim, falar é também “encurtar caminho”.
38
de atos de leitura e de atos de escrita, mais fácil será para ela interpretar a
aprendizagem da leitura e da escrita. Ela descobre usos significativos da
escrita partindo de seus esquemas de assimilação, construindo pontes das
atividades familiares com a linguagem escrita.
necessário ter-se uma visão bem clara sobre a escola bem como o tipo de aluno que
se pretende formar.
Os recentes estudos sobre alfabetização têm procurado evidenciar alguns
problemas como o fato de que mesmo tendo surgido novas propostas de trabalho
para o ensino da leitura e da escrita ainda estamos longe de possuirmos um ensino
moderno, justo e democrático. Outra questão é a falta de segurança de nossos
professores em sala de aula, pois, perdem-se em meio a propostas metodológicas
mal compreendidas.
Os seres humanos, ao contrário de outras espécies, são dotados de uma
expressividade típica e que possibilita uma interação com o meio. Sendo que a
maior expressão dessa interação é a própria linguagem. Esse notável conjunto de
recursos expressivos surge do convívio entre muitos povos através dos tempos e se
estabeleceu por meio de normas e convenções revelando-se primordialmente como
mediadora na interação social.
Segundo Rizzatti (2002, p.. 25), “[...] o nascimento da linguagem se relaciona
a vontade de realização de uma atividade”. É através desse vinculo que são
transmitidas ideias, convicções que permita ao homem representar uma visão de
mundo, de realidade. Por esse motivo, a escola deve estar mais preocupada com o
ensino da linguagem, já que estamos rodeados de signos que fazem parte do nosso
dia-a-dia e que indicam determinada ideia, convicção pessoal.
Ainda se pensa que ensinar a criança a falar na escola é ensinar-lhe uma fala
na escola bonita, correta, da maneira como se escreve e se baseando na linguagem
materna.
Numa língua existem valores sonoros diferentes para cada símbolo alfabético,
que são as variações linguísticas. A maior parte dos problemas ligados à escrita e a
fala estão ligados a esta questão.
A linguagem possui várias funções que vão além de apenas comunicação.
Conforme a linguagem utilizada pode se manter relações de poder em outras,
“camuflar” uma situação ou até mesmo ofender, ou seja:
Nesta breve explanação do termo pedagogia está o ato de educar, que tem
seu sucesso pautado nos conhecimentos e técnicas pedagógicas conforme
50
Os pais devem ser orientados pelas escolas de que eles se assumam como
alfabetizadores mergulhando numa seara em que o docente alfabetizador é um
profissional e estudo no mínimo quatro anos, além de especialização lato-sensu.
Para isso, é imprescindível que os pais sejam mais presenciais na vida de
seus filhos nesse processo em alusão às aulas presenciais, especialmente porque as
crianças inicialmente terão dificuldades em manipular as tecnologias sugeridas pela
escola, mostrando-se pacienciosos, pois nessa fase as mesmas estão a mil por hora.
Algumas perguntas são essenciais quando o debate aflora sobre o processo
de alfabetização. Vem a tona a pergunta sobre o que é alfabetizar?
Classicamente na Pedagogia, de forma mais simples de está em jogo o ato de
aprender a ler e escrever. Porém, para os pais e pedagogos surge uma indagação
quanto a forma de aprendizagem no campo da leitura e escrita.
Na construção da linguagem na ótica da alfabetização, pode-se afirmar que o
ato de aprender demanda uma representação no campo do letramento no que tange
a decifração das mesmas, a expressão gráfica e, a posteriori a autonomia de
escrever.
Saindo da leitura oral para a leitura escrita, exigir-se-á a compreensão de
pequenos textos para textos mais explorativos, além de escrever a partir de desafios
sobre diferentes temas e gêneros afins, o que vai resultar em diferentes formas de
comunicação.
Conforme a Base Nacional Comum Curricular (2018), a partir da educação
infantil até o segundo ano do ensino fundamental I, recomenda-se proporcionar aos
alunos vivências/experiências de aprendizagem, desafiando-as a fazer uso da
linguagem escrita a partir de constructos próprios e singulares, tendo como ponto de
partida as visões particulares (hipóteses conceituais), além compreenderem as
narrativas de livros, compartilhando formas de pensar a partir de questionamentos
sobre as perguntas lançadas, dando como exemplo, na história de ‘João e Maria”: -
71
“Por que os pais abandonaram os dois irmãos na floresta”? Outra, “Por que
Chapeuzinho Vermelho resolveu visitar a vovó por um caminho desconhecido”?
Paralelamente à linguagem oral, o modus operandi do sistema de escrita
quanto a sua funcionalidade e o caráter compreensivo, convém lembrar que a
organização da letras, primeiramente individuais e depois silábicas, passa pelos
traços e, consequentemente por uma grafia das letras.
Há um início e um fim no que se refere a escrita, diferenciando-se da letra
cursiva.
Uma possível dificuldade na alfabetização, traz como prejuízo à criança na
forma de identificação da ligação entre as letras, dificultando os traços. Para isso, há
o traçado no modelo de letra (imprensa.
Os pais podem a partir desse sistema treinar as duas formas de expressão da
linguagem escrita.
Mesmo assim, vamos encontrar alunos na alfabetização que vão ter problemas
com erros ortográficos. Muitas vezes confundindo uma palavra com dois “r” e outra
com dois “rr”, o que não é motivo para pânico..
Os pais precisam compreender que essas ressignificações e ajustes
demandam de tempo, o que Piaget chama de “insight”.
Professores que atuam nas séries posteriores do ensino fundamental I,
revelam que os alunos pós-alfabetização apresentam esses erros em virtudes da
complexidade ortográficas.
Entre as competências sugeridas pela BNCC (2018), nas séries finais do
ensino fundamental I, espera-se que os alunos compreendam e utilizem regras
morfológicas, sons da fala, uso de dicionário, contextos das palavras, etc.
No ensino remoto, com as crianças impossibilitadas de frequentarem as aulas
nas escolas e, ficando em tempo integral em casa sob tutela dos pais, as famílias
vêm sofrendo com diversos afazeres além de auxiliarem os filhos nas atividades
pedagógicas, tem o trabalho fora de casa (somente o pai ou ambos), tarefas como
limpeza da casa, etc., tornando-se um desafio duplo, e tendo de estabelecer o que é
principal e o que é secundário, pois há uma imensa responsabilidade com a
educação dos filhos.
Em casa, pode-se afirmar a partir de inúmeros estudos, de que os pais podem
fazer leitura de livros para as crianças, envolvendo-as nesse repertório, o que vai
resultar nas habilidades de uma construção linguística em nível de complexidades,
72
Ausente das aulas presenciais, a presença das crianças em casa o dia todo,
as famílias enfrentam dois grandes desafios: conciliar as tarefas domésticas, o
trabalho e o cuidado com os filhos; e também garantir que as crianças continuem
aprendendo e se desenvolvendo de forma saudável nessa nova rotina.
A preocupação de muitos pais é com o tempo excessivo que os filhos passam
frente às telas, seja no celular, na televisão ou no computador. Nesse momento de
isolamento social, precisamos lembrar que a tecnologia pode ser usada de forma
positiva, possibilitando o contato das crianças com os amigos e a continuidade das
atividades escolares. Porém, também é importante oferecer outras opções de
entretenimento e aprendizado, como jogos físicos, atividades lúdicas e, claro, a
leitura.
Pais comprometidos com a educação das crianças, especialmente na
alfabetização e que acompanham regularmente as atividades, percebem o
desenvolvimento das mesmas de forma fora da normalidade
Outros pais, muitas vezes, acabam substituindo os filhos nas atividades
escolares o que vai implicar negativamente na aprendizagem.
Pais devem estar presentes cotidianamente na vida escolar dos filhos,
mostrando apreço e valorizando os ritmos de aprendizagem, participando das
atividades, estendendo-as para o seio familiar e comunitário, rico na diversidade de
informações.
Um pai que demonstra curiosidade por um fenômeno social ou natural e
compartilha com seus filhos, aguça neles o interesse de aprender, numa perspectiva
de mediação, fazendo perguntas, provocando com indagações, imagens,
representações.
Ou seja, são múltiplas as formas de inserir a criança no processo educativo.
Aos pais, é necessário nesse momento delicado que estamos passando e que
envolve aspectos cognitivos, ter um olhar diferenciados às crianças e suas devidas
manifestações emocionais, uma vez que tiveram suas vidas alteradas em relação a
ida às escolas.
Pais afetivos, dialogando, vivenciando emoções, prazeres, fugindo do estresse
são receitas para ajudar a autoestima.
A BNCC faz menção as competências socioemocionais, cujo momento são de
suma importância na vida dos educandos.
75
que antes eram presenciais, passaram a ser enviadas por meio de ambientes virtuais
e mídias digitais.
Nessa pandemia, mais do que nunca, precisamos nos ater a esse mundo em
plena mudança, e, atentos as suas transformações, se medo de aproveitar o que vem
com as tecnologias.
Sabiamente, o professor, sabe que as tecnologias também são excludentes, e,
portanto, almejar atividades que possam incluam todos os alunos.
Desta forma, "[...] as metodologias e práticas pedagógicas dos territórios da
aprendizagem física" foram transportadas para ambientes digitais, com a
necessidade de os professores utilizarem diversos recursos como Skype, Google
Meet, Zoom e plataformas de aprendizagem específicas. Como consequência,
professores e alunos tiveram que se adaptar repentinamente a uma nova forma de
aprender, ensinar, interagir e usar recursos tecnológicos, o que evidenciou problemas
crônicos da educação brasileira, como a desigualdade de acesso dos alunos aos
recursos tecnológicos e a falta de treinamento para profissionais da educação.
Diante dessa situação, os princípios da educação, agora a distância, passaram
a seguir o modelo da educação presencial, com palestras gravadas apenas pelos
professores, utilizando o celular, por exemplo, como “[...] uma ferramenta para
reprodução do modelo tradicional de aulas presenciais em sala de aula virtual ”,
utilizando os referidos recursos sem conhecimentos pedagógicos ou didáticos.
Ensinar sem aprender torna-se um processo vazio e inócuo.
Portanto, é necessário que as tecnologias sejam consideradas no
planejamento pedagógico com uma finalidade educacional clara e que seja
significativa para os sujeitos envolvidos. Não pode ser executado às pressas ou de
forma reduzida apenas para atender às demandas e cumprimento do currículo.
Embora a educação a distância praticada na pandemia utilize recursos digitais,
isso não a configura como Educação a Distância (EAD). A EAD envolve uma equipe
de profissionais, como desenvolvedores de conteúdo, designers, produtores de mídia
digital e gestores de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), e tem como público-
alvo principalmente alunos adultos autônomos, sendo o aluno o centro da
aprendizagem. Vale lembrar que a educação a distância é cursada há vários anos,
com legislação sobre essa modalidade de ensino, enquanto, no ensino não
presencial, pelo aspecto emergencial, consiste em aulas correspondentes ao
presencial. modelo de educação presencial que começou a ser realizado online, com
77
alunos cujo perfil é constituído por jovens que ainda se encontram na fase de
construção da sua autonomia O aluno da educação remota tem pouca interação com
o professor e outros colegas. O perfil dos alunos é o que enfrenta a pandemia: alunos
da educação básica, universitários, pós-graduandos com pouco acesso à tecnologia.
Quanto à formação de professores, ela não existe ou se existe foi muito superficial..
No entanto, a referida alteração legislativa encontra-se defasada com o conjunto de
ações metodológicas necessárias e suficientes que complementam e acompanham
a referida alteração, adaptando-se às necessidades cognitivas da nova faixa etária -
6 anos.
O processo de alfabetização na fase inicial da escolarização está fortemente
ligado às interpretações que, segundo modelos elaborados com base nas correntes
teóricas clássicas da aprendizagem, procuram explicar o processo de
reconhecimento de palavras escritas - competências básicas de leitura - realizado por
crianças. Esse processo é basicamente cognitivo e se origina durante a aquisição da
linguagem. Essa aquisição envolve um duplo processamento: um processamento
direcionado às pessoas, que é instantâneo, sucessivo, ocorre em tempo real, e outro
processamento direcionado
Escolas e educadores começaram então a buscar alternativas para que os
alunos não ficassem completamente longe do ensino formal. Um dos caminhos
encontrados foi o ensino emergencial (que difere da educação a distância, já
praticada no Brasil). Tal fato deu mais visibilidade ao uso da tecnologia no processo
de ensino e aprendizagem.
O ensino remoto é relativamente novo no campo do desenvolvimento
profissional na primeira infância. Consequentemente, são poucas as pesquisas que
identificam práticas eficazes para alunos no processo de alfabetização. No entanto,
são inúmeras as recomendações de quem tem experiência na área em participar ou
ministrar cursos na educação infantil a distância.
Os modelos cognitivos baseiam-se nas correntes teóricas neo-piagetianas e os
interacionistas nas correntes teóricas neovigotskianas. Os modelos cognitivos
enfatizam o papel da criança como participante ativo de sua própria aprendizagem,
em que a aquisição do reconhecimento de palavras escritas ocorre principalmente em
função do desenvolvimento dos processos mentais. Esses modelos buscam
esclarecer os componentes cognitivos envolvidos no processo de reconhecimento da
palavra escrita, bem como as estratégias que as crianças utilizam na leitura e o
78
o uso das tecnologias digitais e a adoção do ensino híbrido têm se consolidado como
uma tendência mundial, inclusive no Brasil.
Temos que relacionar o futuro à alfabetização. Muitas crianças que vão para a
escola (após a pandemia) devem ter um mínimo de garantias para participar e
aprender a ler. Se não o garantirmos, além do severo impacto que a pandemia
apresentou e, seremos cobrados por não termos agilizado modelos que permitam
processos eficazes, eficientes e competentes para aprender a ler.
O processo de alfabetização, independentemente da metodologia aplicada, é
altamente focado na figura do professor. “Com a pandemia, como em todas as outras
etapas da escola, as crianças no ensino fundamental I passaram a ter dificuldades na
alfabetizaçãoé imprescindível a interação entre professor e aluno
Antes, a desigualdade já estava muito presente no sistema educacional. A
pandemia reforçou até que ponto ainda temos essas lacunas entre os alunos dentro
do sistema educacional. Quanto mais alunos têm muito mais vantagens porque
nasceram no X ou Y.
Considera-se imprescindível o esforço de integração dos alunos em situação
de vulnerabilidade social na educação a distância. “É importante que o sistema
educacional utilize metodologias ativas para a garantia da alfabetização.
É necessário um esforço para avaliar o que as crianças realmente
aprenderam durante o período em que as atividades a distância são ensinadas.
“Precisamos começar a pensar em programas de reforço e recuperação agora, o
quanto antes, ou mesmo antes, devemos ter diagnósticos que sejam capazes de
avaliar o que as crianças aprenderam e não aprenderam, e enumerar novas
estratégias para reucperação desses alunos
Ao repensar a educação, deve-se levar em conta o paradigma da pandemia.
“Uma situação é certa: as perdas pedagógicas nesse período de distância social são
grandes e as perspectivas de recuperação dessa lacuna precisam ser mais
investigadas.
Para superar esse impasse, os educadores têm se dedicado a minimizar os
impactos dessa nova realidade. “Os professores estão investindo na própria
formação, reinventando as práticas pedagógicas, reorganizando o planejamento e
superando as expectativas em termos de oferta de atividades pedagógicas adaptadas
ao contexto atual. Certamente, esses serão profissionais-chave na reconstrução
educacional do país após o período da pandemia.
80
Aos professores pede-se quase tudo, e quase nada se lhes dá, sendo no
meio destas contradições que os professores tem de refazer uma identidade
profissional, evitando as metáforas do “professor-escultor”, do “professor-
piloto”, do “professor-espelho”e do “professor-jardineiro”, adotando em seu
lugar as metáforas dos professores como investigadores, como profissionais
reflexivos, como experimentadores, como decisores, etc.. (NÓVOA in
SERBINO, 1998, p. 39).
2 METODOLOGIA
potencial não publicado, o "não dito", contido em cada mensagem. Segundo este
autor, o maior interesse na obrigação que impõe de prolongar o tempo de latência
entre as intuições ou hipóteses iniciais. E as interpretações finais. Os procedimentos
de análise de conteúdo obrigam-nos a estabelecer um tempo entre a mensagem-
estímulo e a reacção interpretativa (BARDIN, 1986).
Esta técnica constitui um instrumento de resposta àquela curiosidade natural
do homem em descobrir a estrutura interna da informação, quer na sua composição,
na sua forma de organização ou estrutura, quer na sua dinâmica. Esta técnica centra
sua busca nas palavras ou outros símbolos que configuram o conteúdo das
comunicações e se situam dentro da lógica da comunicação inter-humana.
A análise de conteúdo difere das técnicas clássicas de estudo de documentos
(vários tipos de técnicas: históricas, literárias, jurídicas, sociológicas, políticas, ...) nas
quais tende a mediar a subjetividade pessoal do pesquisador. Esta metodologia visa
substituir as dimensões interpretativas e subjetivas do estudo de documentos ou
comunicações por procedimentos cada vez mais padronizados que procuram
objetivar e converter o conteúdo de determinados documentos ou comunicações em
dados para que possam ser analisados e processados mecanicamente.
2.1.3 Alcance
refletem na pesquisa social por meio de interações e práticas, que são realizadas
onde o objeto de investigação constitui o aspecto principal da investigação.
A entrevista é uma conversa, é a arte de fazer perguntas e ouvir as respostas.
Além disso, esta técnica é fortemente influenciada pelas características pessoais do
entrevistador, da mesma forma, tornou-se uma atividade da nossa cultura, embora a
entrevista seja um texto negociado, onde o poder, gênero, raça e interesses das
Classes foram de interesse especial nos últimos tempos. Inicia-se com as origens da
entrevista para que os leitores conheçam sua evolução no campo das ciências
sociais até os dias atuais, a entrevista é discutida a partir de pesquisas qualitativas,
serão explicados os tipos de entrevista (estruturada, não estruturada e em grupo), a
tipologia de grupos de discussão e, algumas novas tendências de entrevistas são
mencionadas.
Dessa forma, a entrevista do tipo estruturada e semiestruturada constituiu-se
no instrumento mais apropriado para a obtenção de dados mais específicos e
inerentes a cada um dos sujeitos.
Lüdke e André (1986) ressaltam uma característica importante da entrevista
semiestruturada como técnica de coleta de dados nas pesquisas qualitativas: o
caráter de interação que a permeia, ou seja, nela a relação que se cria proporciona
uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde, não
havendo imposição de uma ordem rígida de perguntas a serem seguidas pelo
pesquisador. O entrevistado discorre sobre o tema proposto de acordo com as
informações que ele detém e também com base em suas impressões e valores
pessoais.
Para coletar os dados da pesquisa foi aplicado uma entrevista para
professores alfabetizadores da Escola Municipal Zilda Arns Neumann da cidade de
Manaus.
A análise dos dados foi efetuada por meio da transcrição das entrevistas pela
própria pesquisadora. As entrevistas foram codificadas e categorizadas.
As entrevistas foram tratadas a partir de categorias de análise na abordagem
da, sendo transcritas e interpretadas pela técnica de análise de conteúdo. Bardin
(2011) resume que a análise de conteúdo, amplia as respostas obtidas por
categorias.
A entrevista é um recurso metodológico de pesquisa social que envolve uma
interação dialogal entre o entrevistador e o entrevistado. Essa interação acaba por
gerar influências no processo de obtenção de informações a partir do momento em
que fatores tais como: ambiente em que ocorreu a entrevista, assunto abordado,
facilidade de acesso e disponibilidade do entrevistado, entre outros, interferem na
dinâmica do diálogo.
Com base nessas considerações, convém explicitar como foram realizadas as
entrevistas e quais as impressões do entrevistador com relação ao conteúdo das
informações obtidas. O critério de seleção das entrevistadas foi baseado por
acessibilidade (indicações e contatos pessoais).
94
3 ANÁLISE DE RESULTADOS
A entrevista estruturada foi aplicada para seis professores que atuam na área
de alfabetização no ano de 2020 na Escola Municipal Zilda Arns Neumann. Esta
entrevista estruturada, face à pandemia, foi realizada através do google forms e
envio de caixa postal.
Dados do Grupo:
01 – Nível de formação cultural:
- 06 professoras com graduação em Pedagogia;
- Dessas seis, quatro com especialização lato-sensu em Educação Infantil e Séries
Iniciais;
- 02 formadas em especialização lato-sensu em Psicopedagogia.
03 – Carga horária:
- 05 com carga horária de 40 horas semanais (20 h/a na EI e 20 no EF)
- 01 com carga horária de 20 horas semanais.
Perguntas:
95
As respondentes enfatizaram que com o auxílio das famílias ficou mais fácil
trabalhar, com exceções. Segundo elas, a alfabetização ensino remoto demonstrou
ser inócuo , entre vários fatores, sendo uma dela o papel mediador do professor, o
que pedagogicamente exige o contato presencial em sala de aula. As narrativas das
seis professoras vêm de encontro de um contato proximal com a criança, sendo que
uma delas citou os níveis de desenvolvimento da aprendizagem segundo Vygotsky,
proximal, real e potencial.
A P6, ressaltou que a falta de convivência com os colegas no ensino
presencial é um agravante na alfabetização, pela diversidade cultural dos colegas,
na construção de textos sob mediação do professor, lembrando que alunos na
alfabetização “adoram” fazer perguntas.
A P3 salientou que muitas atividades ela transfere para as famílias em função
da complexidade das atividades.
07- No ano de 2020 enquanto alfabetizadora, que importância você credita ao uso
de tecnologias na alfabetização de seus alunos?
crianças que não foram para escola em 2020 e que vão/estão retornando nesse
primeiro semestre.
CONCLUSÃO
RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
CASTELLS, M. 1999. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e terra, 1999. A era da
informação: economia, sociedade e cultura, v.1
COSCARELLI, Carla Viana; SANTOS, Else Martins. O livro didático como agente de
letramento digital. In: COSTA VAL, M. G. (Org.) Alfabetização e língua
portuguesa. Belo Horizonte: Autêntica/Ceale/Fae/UFMG, v. 1, 2009. p. 171-188.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo. Martins Fontes. 1984.
APÊNDICES
111
APÊNDICE 1
Eu,___________________________________________________________
____________, do sexo ____________________________________,
de_________ anos de idade, residente à_____________________________,
______________________________________________________, que leciono na
escola _____________________________________________declaro ter sido
informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos e intenções desta
PESQUISA. A pesquisadora envolvido com o referido projeto é aluna do Mestrado
em Ciências da Educação, da UNIVERSIDAD DE LA INTEGRACIÓN DE LAS
AMÉRICAS, situada em Ciudad del Leste – República del Paraguay.
______/______/_______
_____________________________________
Assinatura
112
APÊNDICE 2
livros, afetividade na relação professor-aluno. Diante disso, como garantir que essas
atividades ocorram no ensino remoto?
10 – Na sua opinião, por que surgiram novos desafios aos professores de
alfabetização a partir do início da pandemia?
10 – Para finalizar, qual o desafio de alfabetizar em pleno estágio da pandemia?