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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação e Humanidades


Faculdade de Formação de Professores

Patricia Menezes de Freitas

O QUE PODE A LITERATURA? INVESTIGANDO O PAPEL DA


LITERATURA INFANTO-JUVENIL EM UMA TURMA CONSIDERADA COM
PROBLEMAS EM SEU PROCESSO DE APRENDIZAGEM

São Gonçalo – Rj
2024
Patricia Menezes de Freitas

O QUE PODE A LITERATURA? INVESTIGANDO O PAPEL DA


LITERATURA INFANTO-JUVENIL EM UMA TURMA CONSIDERADA COM
PROBLEMAS EM SEU PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Monografia apresentada como requisito parcial


para a obtenção do diploma de Licenciatura
em Pedagogia, ao Departamento de Educação,
da Faculdade de Formação de Professores da
UERJ

Orientadora: Dr° Maria Tereza Goudard Tavares


Coorientador:

São Gonçalo – Rj
2024
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/F

Autorizo, apenas, para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial deste
projeto final de graduação, desde que citada a fonte.

Assinatura Data

Assinatura Data
Patricia Menezes de Freitas

O QUE PODE A LITERATURA? INVESTIGANDO O PAPEL DA


LITERATURA INFANTO-JUVENIL EM UMA TURMA CONSIDERADA COM
PROBLEMAS EM SEU PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Monografia apresentada como requisito parcial


para a obtenção do diploma de Licenciatura
em Pedagogia, ao Departamento de Educação,
da Faculdade de Formação de Professores da
UERJ

Aprovados em: ____/____/ 2023


Banca Examinadora:

Faculdade de Tecnologia

Faculdade de Tecnologia

Faculdade de Tecnologia

São Gonçalo – Rj
2023
Dedico este trabalho a minha família por investirem na minha educação e me apoiarem. Aos
meus professores e professoras por todo o suporte e aos colegas que colaboraram de alguma
forma, com todo meu carinho.
AGRADECIMENTOS
Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem
prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça
prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do
que errar por se omitir!
Augusto Cury
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................14

2 DESENVOLVIMENTO..................................................................................................15

2.1. ESCOLA, ESPAÇO E APRENDIZAGEM...................................................................15

2.1.1. ESCOLA........................................................................................................................15

2.1.1.1. ESPAÇO E APRENDIZAGEM...............................................................................17

2.2. E O LIVRO COMO FICA?............................................................................................18

3 ABORDAGEM METODOLÓGICA.............................................................................22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................23

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................24

REFERÊNCIAS....................................................................................................................345
14

INTRODUÇÃO

Escola, ao iniciar o processo desta pesquisa, deparei-me com vários


pensamentos e reflexões sobre a escola, espaço e aprendizagem. Que escola é
esta? Que espaço é este que a escola ocupa na vida dessas crianças? Como se dá
o processo de aprendizagem? Quais são as dificuldades no processo de
aprendizagem? Como o corpo docente da escola dá suporte às dificuldades que
serão apresentadas? Qual o papel da literatura no processo de aprendizagem? E os
familiares desta escola? Estão acompanhando a formação deste processo aqui
apresentado? O espaço da escola é um espaço de acolhimento? São muitas as
indagações neste capítulo para uma escola se propor não somente a ensinar,
formar, construir caminhos que levem à apropriação e conhecimento a partir da
literatura.
15

1 DESENVOLVIMENTO

2.1. ESCOLA, ESPAÇO E APRENDIZAGEM

2.1.1. Escola

Que escola é esta? Escola, espaço e aprendizagem. A começar por esta


frase, segundo Freire:

Escola é lugar de gente. A escola não se trata só de prédios, solos,


quadros, horários e conceitos. A escola é lugar de gente. Gente que
trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é
gente. O coordenador é gente. O professor é gente. O aluno é gente. Cada
funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor, na medida em que
cada um se comporte como colega, amigo e irmão. Nada de ser uma ilha
cercada de gente, por todos os lados. Nada de ser como um tijolo que forma
a parede indiferentemente frio e sol. O importante na escola não é só
estudar e trabalhar, é também criar laços de amizade e criar um ambiente
de camaradagem. Uma escola assim será fácil de estudar e crescer, fazer
amigos, educar-se, ser feliz. E é por aqui que podemos começar a melhorar
o mundo. (FREIRE, 2019)

O poema de Freire citado acima refere-se a um espaço de referência, que é a


escola, que tem muita gente em construção e formação que interage. E é a maneira
desta interação que irá determinar o sucesso dessa construção e formação.
Os sujeitos dessa escola são crianças de um bairro em conflito com a lei. A
escola Boa Esperança está localizada em um bairro que é assediado pelo tráfico. Os
desafios são diários, tanto no espaço escolar quanto ao espaço que a escola ocupa
na vida dos alunos. Por conta da violência que existe no bairro.
Então a escola tem um papel importante e de grande responsabilidade na
vida das crianças. Possibilitar um espaço escolar em um lugar de transformação no
dia-a-dia de cada aluno e fazer com que este espaço seja capaz de aprendizagens
significativas, criar possibilidades para as suas próprias descobertas, para uma
construção do futuro melhor, como as escritas de Freire. Criar diálogos, desconstruir
ou reconstruir conceitos e práticas que levem a pensar como fios condutores de uma
reflexão sobre o fazer diário.
16

O processo de ensino-aprendizagem se dá pela busca da construção,


ampliação de conhecimentos em que a teoria e práticas são ações em conjunto,
levando em consideração a realidade social dos alunos, espaço e escola.
O objetivo de aprender, o conhecimento adquirido, precisa resultar nas ações
para intervir, mediar, transformar, construir, investigar e levar o aluno a pensar em
uma realidade atual e futura.
As dificuldades deste processo estão sempre aparecendo no dia a dia dos
alunos, professores, diretores e toda gente deste processo. Tráfico muito próximo à
escola, tiroteio. Porém, o maior desafio a ser vencido, que também se configura uma
grande dificuldade, é a participação das famílias, a desorganização familiar. É o
maior desafio deste processo.
As famílias, alunos criados por parentes próximos, responsáveis que não
comparecem às reuniões, não acompanham o desenvolvimento dos alunos, mães
que precisam passar o dia inteiro trabalhando fora de casa.
Como consequência, muitas crianças apresentam inúmeras dificuldades no
aprendizado, dificuldade de acompanhar, produzir, ser criativo na sala, dificuldade
cognitiva, sensorial, dever por fazer. Algumas crianças passam horas esperando os
pais irem buscar, muito depois do horário de saída, em razão da evasão escolar e
dificuldade nas atividades de expressão.

A criança é presente, convive conosco neste tempo agora e nele traz algo
que a diferencia mas também é passado e já carrega marcas do
pertencimento de seu grupo social e é dever um vir a ser que nada tem a
ver com o futuro com o amanhã ou com uma cronologia temperamental
temporalmente marcada mas com aquilo que somos capazes de inventar
com experimentação de outras coisas e outros. (ABRAMOWICZ;
LEVICOVITZ; RODRIGUES 2009, p.2)

A criança precisa ser estimulada a pensar para seu desenvolvimento para um


crescimento futuro considerando todo o seu potencial quais são as suas
capacidades e possibilidades futuras serão determinadas por seu presente momento
vivido. É criança, é aluno que brinca, rir, sente, cria, cresce, chora, pensa,
transforma e é transformado. Essa é a importância que a escola tem na vida dos
alunos.
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2.1.1.1. Espaço e Aprendizagem

Em relação ao espaço que a escola ocupa na vida das crianças e a escola


como espaço no processo de aprendizagem, a responsabilidade de construir
alicerces para este processo, pode-se acrescentar que eles acontecem nas relações
do dia a dia dos alunos dentro desse espaço e fora, que possibilitam transformações
para um presente libertador e um futuro de autonomia (FREIRE, 1996).
A escola é um espaço de trocas, de liberdade, é o elo, é a ponte de um
espaço gerador de transformação, os saberes, as experiências, um espaço também
de pertencimento, questionamento das trocas, o lugar para além das fronteiras, um
ensino que permite às transgressões, um movimento contra as fronteiras e além
delas. É esse movimento que transforma a educação na prática de liberdade
(HOOKS 2017, p.25). Segundo Hooks:

Na Partilha da Liberdade, os alunos partilham solidariedade, amor, afeto,


criatividade, diálogo, aprendem, cooperam, cuidam um do outro. E esta
troca é um exercício na busca da educação. Abre espaço para o
entendimento e para a humanização de todos. Os espaços de diálogo e as
aberturas de interação são fundamentais na relação professor-escola-aluno.
Ele facilita o processo de crescimento de ambos que se propicia em um
acolhimento. (HOOKS 2017, p. 122)

O aprendizado, nesta perspectiva, proporciona o conhecimento coletivo,


dando voz à escuta, às palavras e às ações. “Sei que a experiência pode ser um
meio de conhecimento e pode informar o modo como sabemos o que sabemos."
(HOOKS 2017, p. 122). Partindo do ponto de Hooks, a experiência é um caminho
para a aprendizagem, pelo qual podemos formar, criar, pensar, descobrir um novo
caminho.
As experiências geram e criam memórias, os relatos da vida dos estudantes
fazem relação com o mundo. E é interpretando a partir da vivência individual,
coletiva, e à medida que a vivência vai gerando e criando as memórias, se tem
noção de um olhar de mundo dentro da escola. Fora da escola, aprendendo a partir
de seus próprios, das suas próprias histórias e recriando novas histórias, realidades
e relações.
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2.2. E O LIVRO COMO FICA?

É inegável que o livro tem desempenhado um papel fundamental na evolução


da humanidade, sendo considerado ao longo da história como uma ferramenta
essencial para o avanço da civilização. Sua origem remonta às tábuas de argila
utilizadas pelo povo sumério cerca de três mil anos antes de Cristo, na
Mesopotâmia, região correspondente ao atual Iraque. No entanto, foi apenas na
década de 1450 que o alemão Gutemberg inventou a prensa, conferindo uma
significativa aceleração à produção e disseminação dos livros.
Formar leitores sempre foi um desafio considerável para as instituições
educacionais. Atualmente, essa dificuldade é agravada pelas competições presentes
no cenário tecnológico. Ler um livro demanda mais concentração, tempo,
determinação, domínio da língua, compreensão, interpretação e até mesmo vontade
do que consumir, conteúdos televisivos visualmente apelativos, ouvir músicas ou se
envolver em jogos eletrônicos, que são mais atrativos para os jovens influenciados
pela mídia.
Nesse contexto adverso à reflexão, desprovido de interesse pelos
conhecimentos históricos e culturais, a escola assume o papel fundamental, talvez
único, de preparar os indivíduos para se tornarem capazes de transformar a si
mesmos e a sociedade em que estão inseridos. Este é o espaço onde todo corpo
docente tem a responsabilidade de dinamizar os conhecimentos historicamente
acumulados junto aos diferentes grupos de alunos, respeitando seus anseios e
necessidades. Tais desafios são consequências do desenvolvimento tecnológico e
da massificação do ser humano.
Os avanços tecnológicos e científicos que a sociedade atravessa podem
contribuir para uma distância crescente entre o indivíduo e o livro. No entanto, esse
mesmo progresso exige que o indivíduo constantemente aprimore seus
conhecimentos, capacitando-se a buscar um lugar na sociedade com igualdade de
condições.
A percepção de que a leitura é essencial para a educação ao longo da vida
gera uma preocupação significativa entre os educadores em geral, e especialmente
19

entre os professores de Língua Portuguesa, diante do crescente desinteresse e


aversão dos alunos pela leitura ao longo dos anos escolares. Isso demanda que os
professores transformem conceitos de leitura em ações concretas e significativas,
como defendido por Silva (1993), enfatizando a necessidade de criar e implementar
situações de leitura que os alunos vivenciem diretamente, para que a leitura volte a
ser valorizada por eles e resulte na transformação, emancipação e libertação dos
leitores.
Assim, de acordo com as Diretrizes Curriculares (2008), o trabalho com a
Literatura proporciona uma abordagem diferenciada da leitura, na qual o aluno pode
aprimorar seu conhecimento de maneira prazerosa.
Em concordância, as autoras Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de
Aguiar afirmam que os textos literários têm o poder de fornecer ao leitor uma
multiplicidade de informações, envolvendo-o ativamente na construção de
significados dessas leituras:

Toda leitura proporciona a descoberta de significados, mas é através da


leitura de textos literários que se alcança a construção de significados mais
profundos para a vida, resultado de uma análise aprofundada da própria
visão da realidade. Aquele que lê expande seu universo, mas também o
universo da obra, a partir de sua experiência cultural (BORDINI & AGUIAR,
1993, p. 15).

Adorno (2003) reflete sobre essa questão, observando que o homem


moderno não tem mais histórias para contar, pois vive em um mundo onde a
padronização e a monotonia predominam, tornando a leitura de um bom livro uma
atitude considerada antiquada. É nesse ponto que o professor de literatura precisa
atuar com habilidade, desmistificando a leitura literária como uma prática
improdutiva para os jovens na era da informática.
Aguiar e Bordini (1993) revelam um crescente desinteresse pela literatura
entre os alunos, somado ao despreparo dos professores na abordagem das obras
literárias. Isso não apenas decorre das dificuldades inerentes à didática do ensino,
mas também da falta de experiência de leitura. Ler parece ser algo "escasso" entre
os estudantes, que muitas vezes não veem utilidade no ensino da literatura e não
encontram prazer nesse aprendizado.
No entanto o livro, como uma fonte de conhecimento, detém um valor tanto no
aspecto individual quanto no coletivo, abrindo novas oportunidades no caminho da
20

aprendizagem. O avanço da tecnologia trouxe diversas maneiras de fortalecer a


relação entre o indivíduo e o livro. Conforme aponta Galini:

É essencial compreender que, para que as tecnologias educacionais e os


livros didáticos alcancem efetividade educativa, é necessário um projeto
pedagógico sólido que integre todos esses recursos, uma bibliografia
criteriosamente selecionada e alinhada com a proposta pedagógica, além
de estratégias didáticas eficazes. Da mesma forma, é imprescindível que os
professores estejam preparados para compreender o potencial dos recursos
digitais no processo educativo, promovendo assim a construção de um
conhecimento verdadeiramente significativo e contextualizado (GALINI,
2021).

No contexto atual da Educação, o desafio está em incentivar a autonomia e o


protagonismo dos estudantes, garantindo que permaneçam engajados e ativos.
Conforme ressalta Galini, o papel do professor é fundamental como executor do
projeto pedagógico e como um grande incentivador do conhecimento em sala de
aula, seja ela presencial ou virtual. Quando o professor compreende plenamente a
obra, reconhecendo seu valor no processo de aprendizagem e sua importância na
formação do pensamento crítico dos futuros profissionais, ele consegue transmitir o
conteúdo de forma mais autônoma, estimulando o interesse pela leitura.
Um aspecto crucial da literatura é sua capacidade de ampliar as percepções
individuais sobre as experiências e o mundo. A leitura de obras literárias permite ao
leitor compreender a realidade de forma mais profunda, possibilitando uma reflexão
abrangente sobre a linguagem, o ser humano e a sociedade, representando o
particular de forma a alcançar um significado mais amplo. A literatura, como
expressão da vida, exerce uma influência significativa na formação do indivíduo,
moldando sua forma de pensar e encarar a vida (SILVA, 1993, p.89).
Para o professor, o desafio está em compartilhar a experiência da interação
entre a obra e o leitor, reconhecendo o leitor como um sujeito ativo capaz de refletir
sobre o que leu, emitir julgamentos e ampliar seus horizontes em relação à obra.
Nesse sentido, o ensino da literatura deve ser abordado a partir dos pressupostos
teóricos da Estética da Recepção, elaborados por Hans Robert Jauss, que buscam
resgatar o leitor de sua passividade e reconhecê-lo como coautor no processo de
interpretação e constituição do significado dos textos (PARANÁ, 2008, p.58).
Zilberman (1989) destaca que, para Jauss, o leitor é responsável por atualizar
os textos, garantindo a historicidade das obras literárias. A renovação da história da
21

literatura depende, portanto, da relação dinâmica entre o leitor e a obra, onde cada
nova experiência de leitura resulta em uma atualização do texto literário.
A partir da teoria da Estética da Recepção, as autoras Maria da Glória Bordini
e Vera Teixeira de Aguiar propõem o Método Recepcional como uma alternativa
metodológica para o ensino da literatura, reconhecendo que a literatura não se
esgota no texto, mas se complementa no ato da leitura. O Método Recepcional
valoriza a participação ativa e criativa do leitor no processo de recepção textual,
reconhecendo-o como um elemento essencial para a compreensão e interpretação
das obras (BORDINI; AGUIAR, 1993, p. 86).
Ao adotar o Método Recepcional, o trabalho com a literatura vai além da
simples descrição de datas e nomes de autores, promovendo um aprimoramento no
pensamento e no saber dos alunos. Este método reconhece a importância do leitor
como elemento central do processo de leitura, considerando o relativismo histórico e
cultural e promovendo uma constante interação entre os sujeitos envolvidos no
processo educativo (CAMPOS, 2006, p.42).
O objetivo principal é capacitar os alunos a realizarem leituras compreensivas
e críticas, questionando suas próprias leituras em relação ao seu horizonte cultural e
transformando esses horizontes, bem como os do professor, da escola e da
comunidade em geral.
Dessa forma, ao desenvolver uma percepção estética e ideológica mais
aguçada da leitura, os alunos tornam-se agentes ativos da aprendizagem,
contribuindo para um constante enriquecimento cultural e social.
22

2 ABORDAGEM METODOLÓGICA

Segundo Araujo (2013), as narrativas representam uma forma de expressão


textual que tem como propósito relatar eventos vivenciados ou imaginados pelo
autor. Sob essa ótica, essa prática é uma constante na vida de todos os seres
humanos, seja por meio de relatos cotidianos de experiências ou conversas
informais, caracterizando a narrativa como uma contínua reconstrução da identidade
humana. Uma das maneiras mais comuns de os indivíduos contarem suas histórias
e atribuírem significado a elas é por meio da autonarrativa.
A autonarrativa oferece ao pesquisador instrumentos dinâmicos para explorar
sua própria experiência. Conforme observado por Pellandra e Pinto (2015), as
autonarrativas são como perturbações constantes, pois todos as realizam
periodicamente para aprimorar seu autoconhecimento. Geralmente, os
pesquisadores as utilizam para tornar mais visível o que está sendo produzido.
Portanto, narrar a própria história é uma prática enriquecedora na pesquisa,
representando um exercício de autoconsciência e reflexão. Como mencionado por
Vasconcelos (2014):

Acreditamos que contar a própria história é um exercício de


autoconsciência, de distanciamento que faz com que o narrador, numa
condição de fragmentação interna, seja expectador de si mesmo: um eu que
cria e ao mesmo tempo observa, dialoga e intervém no processo de criação,
um grau zero de sua imersão no universo público que se desloca do
privado, enquanto ostenta o público. (VASCONCELOS 2014, p.65)

Na área da Educação, a prática da autonarrativa proporciona ao aluno em


formação inicial a oportunidade de construir reflexivamente seu próprio alicerce de
saberes pedagógicos. Conforme observado por Azolini (2012), esse tipo de
abordagem não só beneficia o próprio narrador, mas também aqueles que leem ou
ouvem o relato, permitindo uma reflexão e compreensão mais profundas sobre
aspectos da docência e da vida pessoal que anteriormente não eram percebidos.
Assim, a elaboração da autonarrativa emerge como uma ferramenta valiosa para a
formação de futuros professores, situando o licenciando dentro da realidade e
incentivando a reflexão sobre seu próprio contexto (AZOLINI, 2012).
23

Para conduzir esse trabalho, adotei a metodologia proposta por Azolini


(2012), que utiliza a autonarrativa como um instrumento de pesquisa. Conforme
destacado por Sala e Louro (2015), nas Ciências da Educação, as narrativas têm
sido amplamente utilizadas em estudos sobre a vida em sala de aula e o
desenvolvimento profissional dos educadores, contribuindo para uma compreensão
mais profunda dos métodos de construção do conhecimento.
Segundo Azolini (2012), o ato de narrar é inerente ao ser humano e ocorre no
dia a dia, permitindo que os indivíduos construam fatos a partir de suas próprias
experiências e os representem por meio de suas próprias autonarrativas. Na área da
Educação, a história de vida é vista como uma apropriação da própria formação,
possibilitando aos sujeitos aprimorar os eventos e conquistas de diferentes
momentos de suas vidas. Assim, a construção dessa história pessoal é fundamental
na formação do indivíduo (PINEAU, 1988). Com a adoção da autonarrativa, o
indivíduo torna-se protagonista de seu próprio processo de formação, refletindo
sobre o que se tornou significativo e formativo em suas experiências de vida
(NÓVOA, 1988).
A autonarrativa é capaz de preservar fatos ocorridos e recriados em nossas
memórias, evitando que sejam esquecidos e perdidos na história. Além disso,
proporciona uma análise das situações passadas e uma reflexão sobre como
melhorá-las em experiências futuras. Conforme observado por Vieira, Santos e
Ferreira Neto (2012), ao narrar o mundo cotidiano da experiência vivida e da
memória, essa história transcende a normalidade do espaço-tempo, criando uma
perspectiva que engloba passado, presente e futuro. Outro aspecto relevante é a
relação entre as dimensões práticas e teóricas proporcionadas pela autonarrativa,
pois "o autorrelato possibilita uma relação expressa por meio da meta-reflexão do
ato de narrar-se, descrever-se para si mesmo como uma evocação dos
conhecimentos das experiências construídas pelos sujeitos" (SOUZA, 2006 apud
AZOLINI, 2012, p.10).
Neste trabalho de conclusão de curso, a autonarrativa está presente por meio
de documentos elaborados durante os Estágios Supervisionados, como relatórios,
diários de campo e portfólios. Conforme proposto por Zabalza (2004), os diários de
aula produzidos durante experiências em sala de aula são considerados
documentos pessoais, pois constituem um espaço narrativo das experiências dos
sujeitos envolvidos.
24

Esses documentos têm grande importância por expressarem vivências,


tornando a pesquisa realizada aqui uma pesquisa documental, uma técnica valiosa
para a análise qualitativa. Conforme observado por Lüdke (1986), a pesquisa
documental complementa informações obtidas por outras técnicas e revela novos
aspectos sobre um tema ou problema. A análise documental permite observar a
evolução de grupos, indivíduos, conceitos, entre outros (CELLARD, 2008).
É fundamental estabelecer uma boa descrição e identidade do sujeito da
pesquisa, bem como compreender os motivos que o levaram a escrever e seus
interesses. Ao elucidar a identidade do autor, aumenta-se a credibilidade na
reconstrução dos eventos, no desenvolvimento da análise e na interpretação dos
fatos relatados (SILVA, 2009).
Considerando as características da autonarrativa apresentadas neste
trabalho, o sujeito da pesquisa é o próprio aluno pesquisador, pois será responsável
por relatar suas experiências e atribuir significados a elas por meio dos diversos
relatos elaborados durante sua formação inicial.
25

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente capítulo, abordo a experiência do estágio realizado na Instituição


Nossa Senhora da Boa Esperança durante o período de abril a novembro de 2023,
ocorrendo no turno matutino as quartas-feiras, sob a supervisão da professora
Michelle Ninho de Almeida. A instituição está situada na rua Expedicionário Américo
Fernandes, no bairro de Ipiíba, município de São Gonçalo, RJ.
Durante este estágio, participei do Projeto Ler, conduzido pela professora
Claudia Alves Garcia, que visa auxiliar alunos com dificuldades de aprendizado,
especialmente crianças com idades entre nove e treze anos. Ao longo desse
período, observei as dificuldades enfrentadas pelas crianças e quais eram as
estratégias traçadas para superá-las.

4.1. PERFIL EDUCACIONAL E ESTRUTURA DA ESCOLA: CORPO


DOCENTE, TURMAS E INFRAESTRUTURA PARA O PROJETO LER

Este estudo destaca a importância do acesso à cultura na educação infantil,


especialmente em comunidades com dificuldades socioeconômicas. Os recursos
26

culturais disponíveis na escola, como uma biblioteca estendida e instalações


esportivas, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento acadêmico e
pessoal das crianças. Iniciativas que promovem a leitura e a participação em
atividades culturais demonstradas são eficazes na superação de obstáculos no
processo de aprendizagem. Essas descobertas têm implicações significativas para a
formulação de políticas educacionais e o desenvolvimento de programas que visam
melhorar o acesso à cultura nas escolas primárias.
O corpo docente da escola é composto por diversos profissionais, incluindo
gestora, orientadora educacional, orientadora pedagógica, professores, professores
de apoio, inspetores, cozinheiras, funcionárias de limpeza e secretárias, além de
outros profissionais de apoio. As turmas abrangem desde o primeiro até o quinto
ano, distribuídas em dois turnos, manhã e tarde. Quanto ao espaço físico, a escola
conta com salas de aula, salas de apoio (como a sala dos professores, a secretaria
e a direção), quadra de esportes e parquinho.
No âmbito do Projeto Ler, participam alunos do terceiro ao quinto ano, sob a
supervisão da professora Claudia Alves Garcia. Ela é formada em Pedagogia, com
graduação pela Universidade Celso Lisboa em Administração Escolar e Supervisão
Escolar, além de possuir licenciatura em quatro disciplinas do ensino superior.
Também possui Pós-Graduação em Alfabetização e Letramento, bem como diversos
cursos na área de Educação, Inclusão e Atendimento Especializado.

3.2. UM RELATO DE DEZ DIAS DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

Durante as séries destacadas da educação básica, é quando os estudantes


formam o hábito de leitura que os acompanham ao longo da vida. Este período é
marcado por mudanças significativas, à medida que as crianças começam a se
despedir do universo infantil e adentrar no mundo adulto. Nesse sentido, eles
desenvolvem suas habilidades de leitura e interpretação do mundo, adotando uma
perspectiva mais crítica em relação a diferentes acontecimentos, conforme
observado por Mucci (2021).
27

É importante ressaltar que os livros infantojuvenis e a literatura infantil


pertencem a gêneros literários distintos. De acordo com Passoni (2021),
“geralmente, as obras destinadas às crianças na Educação Infantil apresentam mais
ilustrações e menos texto, já que se destinam a um público em fase de pré-
alfabetização”.
Por outro lado, para crianças que já dominam a escrita e a leitura, bem como
para os adolescentes, as obras tendem a enfatizar os aspectos verbais em
detrimento dos elementos visuais. Isso ocorre porque o interesse pela leitura e a
capacidade de concentração se aprimoram com o passar das faixas etárias. Dessa
forma, as produções destinadas a esse público podem abranger diversos gêneros,
mas a abordagem e o conteúdo dos livros variam conforme a idade dos leitores,
acrescenta Passoni (2021).
Além disso, é relevante destacar os benefícios da literatura infantojuvenil.
Conforme ressalta Mucci (2021): durante o período escolar, é fundamental
desenvolver habilidades organizacionais e a capacidade de retenção de
informações. O contato com a literatura infantojuvenil, além de promover uma maior
demanda para a aprendizagem, contribui para o desenvolvimento da autonomia e da
criatividade. Por portanto, os adolescentes que cultivam o hábito de leitura
conseguem compreender, interpretar e redigir textos com maior facilidade.
Os resultados e investigação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
refletem a contribuição do pesquisador no ambiente escolar, especificamente no
estágio realizado. Ao longo de dez dias de registro e observação, foram
desenvolvidas diversas atividades pedagógicas destinadas a crianças com idades
entre nove e treze anos. Estas atividades foram cuidadosamente planejadas para
abordar diferentes aspectos do processo de aprendizagem, promover o
desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos alunos, e estabelecer conexões
significativas entre o conteúdo escolar e suas experiências cotidianas.
No primeiro dia de registro, destaca-se o acolhimento dos alunos e a
identificação do estágio junto com eles. Nesse contexto, foram realizadas atividades
como a identificação das letras por meio de um jogo de bingo, a cópia do nome
como forma de fortalecer a identidade individual de cada aluno, e a roda de
conversa para promover a integração e estabelecer vínculos entre os colegas e com
uma família. A leitura do livro "O bolo" proporcionou uma oportunidade para explorar
28

temas relevantes para o dia a dia dos alunos, enriquecendo sua compreensão e
interpretação de textos literários.
No segundo dia, uma reflexão sobre os cuidados recebidos no ambiente
familiar e social foi o foco das atividades. A confecção de uma faixa para exposição
na escola, contendo frases que expressam quem cuida de cada aluno, foi uma forma
de homenagear as pessoas importantes em suas vidas. Além disso, foram trabalhos
valores como respeito, amor e reconhecimento, por meio da formação de palavras e
frases que enfatizam tais conceitos.
O terceiro dia foi marcado pela escrita espontânea e pela realização de jogos
educativos, estimulando o hábito de leitura e fortalecendo habilidades linguísticas
como ortografia e pontuação. A leitura do livro "Festa do Macaco" proporcionou
reflexões sobre a importância da amizade e oportunidades para o treino ortográfico,
especialmente em relação ao uso das letras "s", "ss" e "ç".
No quarto dia, a dinâmica da amarelinha do alfabeto e a leitura do livro "A
aranha por um fio" ampliaram as experiências dos alunos com a linguagem escrita,
explorando novos fonemas e trabalhando a compreensão textual. A interação com
as funcionárias da cozinha durante a entrevista sobre o cardápio do dia
proporcionou uma experiência prática de escrita e comunicação, além de promover
o reconhecimento do trabalho em equipe.
O quinto dia foi dedicado ao uso do alfabeto móvel e à leitura do livro "Os
amigos do peito", que aborda temas como amizade e imaginação. As atividades
realizadas permitiram explorar a importância das relações interpessoais e o papel da
literatura na formação das crianças.
No sexto dia, durante a Semana do Meio Ambiente, a leitura do livro "João e o
pé de feijão" e as atividades práticas de cultivo de sementes estimulam a
conscientização ambiental e o cuidado com a natureza. A visita ao corpo de
bombeiros, no sétimo dia, proporcionou aos alunos uma experiência enriquecedora
fora do ambiente escolar, ampliando seu conhecimento sobre a importância dos
serviços de emergência na comunidade.
No oitavo dia, foi dado destaque ao ensino da matemática de forma lúdica e
contextualizada, utilizando situações-problema para desenvolver o raciocínio lógico
e as habilidades numéricas dos alunos. A preparação e realização da Festa Junina,
no nono dia, permitiram explorar aspectos culturais da região Norte do Brasil e
promover a integração da comunidade escolar.
29

Finalmente, no décimo dia, foi realizada uma exposição dos livros lidos
durante o estágio, evidenciando a importância da leitura na formação dos alunos e
destacando o papel do projeto Ler na escola. A etapa proporcionou ao pesquisador
uma série de experiências enriquecedoras, que desenvolveu não apenas para sua
formação acadêmica, mas também para seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Ao longo do estágio, foi possível constatar a importância do ambiente escolar
como espaço de aprendizagem significativa, onde os alunos estão interessados em
desenvolver não apenas habilidades cognitivas, mas também socioemocionais. A
integração entre família, escola e comunidade foi fundamental para o sucesso das
atividades realizadas, evidenciando a importância do trabalho colaborativo no
contexto educacional.
É fundamental que as crianças sejam introduzidas no universo da leitura,
especialmente pelos pai, pois são responsáveis por estimular o envolvimento, o
interesse e criar condições adequadas para a aprendizagem. A bagagem cultural e
social que os pais oferecem desde cedo é de extrema importância nesse processo.
Em suma, os resultados e publicações apresentados refletem a riqueza e a
diversidade de experiências vivenciadas durante o estágio, evidenciando a
importância da prática pedagógica reflexiva e contextualizada na promoção do
desenvolvimento integral dos alunos. A contribuição dos professores e demais
membros da equipe escolar foi fundamental para o sucesso das atividades
desenvolvidas, demonstrando a importância do trabalho em equipe e da colaboração
mútua no processo educativo.
Apresentar uma literatura de maneira agradável não significa negligenciar sua
importância. Pelo contrário, como método essencial para cultivar novos leitores,
além de proporcionar entretenimento, deve também educar para o pensamento
crítico, fluente e reflexivo, seja por meio de contos de fadas, quadrinhos, mitos,
fábulas e/ou lendas. Portanto, é essencial que o professor prepare e aprimore suas
aulas, envolvendo os alunos em atividades lúdicas e prazerosas, formando adultos
leitores responsáveis, que não encarem a leitura como uma obrigação.

3.3. OBSERVAÇÕES E REFLEXÕES DURANTE O ESTÁGIO NA ESCOLA DE


NOSSA SENHORA DA BOA ESPERANÇA
30

As obras literárias infantojuvenis são voltadas para os estudantes com idade


entre 5 e 13 anos. E é justamente por englobar essa faixa etária que esse tipo de
literatura possui um papel fundamental. Ao longo do estágio realizado na Escola de
Nossa Senhora da Boa Esperança, foram observadas diversas atividades e
interações que demonstram a influência significativa de que a literatura pode exercer
no desenvolvimento infanto-juvenil. Durante as dez semanas de estágio, foram
registradas uma série de atividades e dinâmicas realizadas com os alunos, com o
intuito de explorar diferentes aspectos da literatura infanto-juvenil e seu impacto no
processo educacional.
A prática de ler e interpretar constitui um processo amplo e integral,
envolvendo compreensão e capacidade de entender o mundo por meio de uma
habilidade única: a interação com o texto, sempre contextualizada. Segundo
Babenger (2005, p. 22), a leitura é essencialmente o ato de perceber e
compreender, influenciado por uma combinação de fatores pessoais, momentos e
locais, situações que moldam a interpretação dentro de um contexto específico.
Esse processo conduz o indivíduo a uma compreensão singular da realidade.
Dessa maneira, conforme indicado por essa citação, destaca-se a relevância
da leitura. As crianças, como agentes ativos na construção do conhecimento, devem
estar imersas no universo da escrita, pois é através do contato frequente com a
leitura que desenvolvem o gosto por ela.
No decorrer desse estágio, foi possível observar como as atividades
organizadas com base em obras literárias infanto-juvenis desenvolvidas para ampliar
o repertório linguístico e cultural dos alunos, além de estimular sua imaginação e
criatividade. A leitura de livros como "O bolo", "Festa do Macaco" e "João e o pé de
feijão" proporcionou aos alunos a oportunidade de explorar diferentes temas,
refletindo sobre valores como amizade, solidariedade e respeito ao meio ambiente, e
desenvolver habilidades de expressão oral e escrita.
Nesse sentido, a escolha criteriosa das obras literárias e a mediação
adequada por parte dos professores desempenham um papel fundamental no
processo de ensino e aprendizagem. Portanto, é importante que os educadores
incentivem a reflexão crítica e a discussão sobre os temas incluídos nas obras,
promovendo uma leitura ativa e participativa por parte dos alunos.
31

Além disso, a integração das atividades literárias com outras áreas do


conhecimento, como matemática, ciências e artes, permite uma abordagem
interdisciplinar e contextualizada, enriquecendo a experiência de aprendizagem dos
alunos. Durante o estágio, foram realizadas atividades que envolveram não apenas
a leitura e interpretação de textos, mas também a produção de textos escritos,
dramatizações, jogos educativos e experiências práticas, como o cultivo de
sensações e a confecção de materiais artísticos.
É importante ressaltar que o estímulo à leitura desde a infância contribui para
a formação de cidadãos críticos, criativos e conscientes, capazes de enfrentar os
desafios do mundo contemporâneo. Conforme afirmado por Freire (1989), a leitura é
uma prática libertadora que permite aos indivíduos compreenderem sua realidade e
transformá-la de forma consciente e participativa. Portanto, investir na promoção da
leitura na educação infantil e no ensino fundamental é fundamental para o
desenvolvimento integral dos alunos e para a construção de uma sociedade mais
justa e democrática.
Formar leitores é uma tarefa que desafia os educadores em meio à era da
comunicação em massa, moldada pela televisão e pela internet. Por isso, é
fundamental que os educadores, como modelos, cultivem o hábito da leitura. Ao
mesmo tempo, estaremos melhor preparados para selecionar materiais para cada
faixa etária adequada, diversificar as opções de leitura, realizar sessões de leitura
em voz alta, compartilhar histórias e apresentar uma variedade de livros e autores.
Ao respeitar o estágio de desenvolvimento de cada aluno e empregar
abordagens adequadas para cada fase, os educadores podem criar práticas de
leitura que não apenas ensinem a ler, mas também cultivem o interesse pela leitura.
Estratégias como os "projetos literários" e o "cantinho da leitura" têm demonstrado
ser eficazes na promoção do sucesso na leitura. Além disso, uma biblioteca bem
abastecida, com uma ampla variedade de gêneros, temas e formatos, é essencial
para nutrir o hábito de leitura.
É fundamental que os educadores que contam histórias estejam preparados,
seguindo algumas diretrizes importantes: selecionar histórias considerando o público
e os objetivos, conhecer detalhadamente as histórias a serem contadas, preparar o
início e o fim da narrativa, evitar excessos excessivos que limitam a imaginação das
crianças, conecte a história contada ao livro físico para educação a leitura e utilizar
técnicas vocais para criar uma experiência envolvente e estimulante.
32

Contar histórias não apenas expande o horizonte de possibilidades para os


alunos, mas também os apresenta um mundo de encantamento, desafios, soluções
e descobertas, alimentando sua imaginação e incentivando-os a buscar habilidades
de leitura. Os educadores devem considerar a importância da motivação e da
criatividade, incorporando elementos lúdicos em sua prática pedagógica.
Dada a influência significativa que a leitura exerce na formação de alunos
críticos, é crucial que as escolas reconheçam a importância de oferecer espaços
dedicados ao contato de histórias, tanto para os alunos quanto para os professores
e famílias. Conforme explicado por Souza; Bernardino (2011), o momento ideal para
contar histórias é quando as crianças estão relaxadas e receptivas, como antes do
recreio, durante o almoço ou no final do dia. Quanto ao ambiente físico, ambientes
acolhedores e confortáveis, como uma sala de aula organizada em círculo, são
ideais para manter a atenção e a interação durante as sessões de contato de
histórias.
Em suma, os resultados e pesquisas apresentadas evidenciam a importância
da literatura infantil como ferramenta pedagógica no processo de ensino e
aprendizagem. Através de atividades lúdicas e contextualizadas, é possível
estimular o gosto pela leitura, ampliar o repertório cultural dos alunos e promover o
desenvolvimento de habilidades linguísticas, cognitivas e socioemocionais. Nesse
sentido, cabe aos educadores o papel de mediadores entre os alunos e os textos
literários, incentivando a reflexão crítica e a construção de significados, de forma a
prepará-los para enfrentar os desafios do século XXI.
33

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
34

REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor Ludwig Wiesengrund. Notas de literatura I.34. ed. Tradução:


Jorge de Almeida. São Paulo : Duas Cidades, 2003.

AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Literatura e formação do


leitor: Alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.176 p.

ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 6.ed. Campinas: Papirus, 2000. 93 p.

BABENGER, Richard. Como incentivar hábitos de leitura. São Paulo, 2005.

CAMPOS, A.F. A formação do leitor através do método recepcional. In:


Cadernos de Ensino e Pesquisa da FAPA- nº2, 2º sem, Porto Alegre, 2006.
Disponível em: <http://www.fapa.com.br/cadernosfapa> Acesso em: 06 fev. 2024.

FREIRE, Paulo. Psicologia da autonomia. Saberes necessáriosá prática educativa,


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complementam. 23.ed. São Paulo. Autores associados: Cortez, 1989.

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Disponível em: https://minhabiblioteca.com.br/blog/do-fisico-ao-digital-os-livros-e-o-
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MUCCI, PASSONI, Colégio Etapa. Literatura Infantojuvenil 2021. Disponível em:


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de 2024.
35

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Médio.Curitiba, 2008.

SOUZA, L. O. de; BERNARDINO, A. D. A contação de histórias como estratégia


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Silva, Ezequiel Theodoro da. Elementos da pedagogia da leitura. 2 ed. São Paulo:
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ZILBERMAN, Regina. A Estética da Recepção e História da Literatura. São


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