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FACULDADE EDUCACIONAL DA LAPA - FAEL

SHEYLAH MÁRCIA BARROS SILVEIRA

POSSÍVEIS CAUSAS DO FRACASSO ESCOLAR NOS ANOS INICIAIS DO


ENSINO FUNDAMENTAL

URUGUAIANA – RS
2019
SHEYLAH MÁRCIA BARROS SILVEIRA

POSSÍVEIS CAUSAS DO FRACASSO ESCOLAR NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL

Artigo Científico apresentado como requisito


parcial para obtenção do título de pedagogo,
em graduação, do curso de Licenciatura em
Pedagogia, da Faculdade Educacional da Lapa
– FAEL.

Orientador: Prof.º Miguel de Jesus Castriani

URUGUAIANA
2019
RESUMO
O fracasso escolar é consequência da deficiência do sistema de ensino que não investe no
professor, e não se preocupa com sua atualização. Uma moderna organização escolar reduziria
muito o fracasso através de uma metodologia adequada para que cada região tenha um ensino
de qualidade, buscando compatibilidades com as realidades dos alunos. Inúmeras situações
demonstram que o professor não está preparado para desenvolver um trabalho de motivação
que ajude o educando a superar suas dificuldades particulares. Não será resolvido o problema
do fracasso na escola sem profunda modificação da metodologia escolar, promovida por
todas as forças que lutam em prol da educação brasileira e a escola deve funcionar
adequadamente e adaptar-se às circunstâncias. O aluno não compreende mais qual é o
significado do que está sendo ensinado para a sua vida nem para o seu futuro. Acumula
saberes, passa nos exames, mas não consegue mobilizar o que aprendeu em situações reais do
dia-a-dia. O resultado é que a escola não consegue preparar o aluno para a vida. Se a escola
existe para todos, então, em tese, ricos e pobres teriam as mesmas oportunidades. O sucesso
nos estudos passaria a depender da inteligência e da perseverança de cada um. A realidade da
nossa escola contraria essa expectativa; ela produz mais fracassos do que sucessos; na prática
o sistema educativo trata uns melhores do que outros e convence aos que fracassam de que
são inferiores.

Palavras chave: fracasso, escola, aluno, metodologia, professor, família

RESUMEN

El fracaso escolar es consecuencia de la deficiencia del sistema de enseñanza que no invierte


en el profesor, y no se preocupa por su actualización. Una moderna organización escolar
reduciría mucho el fracaso a través de una metodología adecuada para que cada región tenga
una enseñanza de calidad, buscando compatibilidades con las realidades de los alumnos. En
muchas situaciones demuestran que el profesor no está preparado para desarrollar un trabajo
de motivación que ayude al educando a superar sus dificultades particulares. No se resolverá
el problema del fracaso en la escuela profunda modificación de la metodología escolar,
promovida por todas las fuerzas que luchan en favor de la educación brasileña e la escuela
tiene que funcionar adecuadamente e adaptarse a las circunstancias. El alumno no comprende
más cuál es el significado de lo que está siendo enseñado para su vida ni para su futuro.
Acumula saber, pasa en los exámenes, pero no consigue movilizar lo que aprendió en
situaciones reales del día a día. El resultado es que la escuela no puede preparar al alumno
para la vida. Si la escuela existe para todos, entonces, en tesis, ricos y pobres tendrían las
mismas oportunidades. El éxito en los estudios pasaría a depender de la inteligencia y la
perseverancia de cada uno. La realidad de nuestra escuela contraría esa expectativa; que
produce más fracasos que sucesos; en la práctica el sistema educativo trata unos mejores que
otros y convence a los que fracasan de que son inferiores.

Palabras clave: fracaso, escuela, alumno, metodología, profesor, familia


AGRADECIMENTO

Agradeço aos meus orientadores, professores e amigos de todas as


horas, que me incentivaram e contribuíram para enriquecer meus
conhecimentos, gregando desta forma valores em cima deste trabalho,
a cada página desta pesquisa. Graças a eles, compreendi ainda mais o
meu aluno e quanto é preciso fazer para ter uma educação de
qualidade.
1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................5

2 OBJETIVOS..............................................................................................................5
2.1 Objetivos Gerais................................................................................................................5
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................5
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................6
3.1 O desafio de mudar a postura educacional...................................... 8
3.2 Uma escola fora da realidade .......................................................... 9
3.3 A pobreza e o fracasso escolar ....................................................... 10
3.4 A reprovação escolar........................................................................ 11
3.5 A educação que cada um merece ................................................... 15
3.6 O professor que todo aluno gostaria de ter ..................................... 16
4 METODOLOGIA........................................................................................19
4.1 Tipo de estudo ................................................................................. 20
4.2 Coleta de dados ................................................................ 20
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................23
13

1 INTRODUÇÃO

O trabalho a ser desenvolvido abordará a questão do fracasso escolar, suas possíveis


causas e as preocupantes consequências para uma sociedade atormentada pela busca
incessante de informações. Vários educadores acreditam e apostam numa visão de mundo
voltada para a verdadeira construção da aprendizagem dos educandos, através de posturas que
valorizem mais o aluno, sua experiência, sua realidade, combatendo um sistema ultrapassado
de ensino que ainda não se adaptou às exigências de nosso século. E esta tarefa deve começar
desde cedo: a criança, nas séries iniciais, tem dificuldades singulares e precisa encontrar na
escola um apoio de família, de orientação, de preocupação, de interesse para chegar até as
séries finais. Dessa forma, a criança pode desenvolver a sua criatividade, expressar suas ideias
e aprender a lidar com situações e desafios concretos da vida prática. Um ensino que sabe unir
razão e emoção parece ser a fórmula exata da aprendizagem que leva um aluno à conquista da
liberdade intelectual para o mundo, a vitória enquanto um novo cidadão transformador no
convívio social e construtor de uma nova sociedade, através do trabalho.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

Identificar possíveis causas que determinam o fracasso escolar dos educando das
séries iniciais do ensino fundamental nas escolas públicas localizadas na sede do município de
Barra do Quaraí.

2.2 Objetivos Específicos

Fazer um levantamento bibliográfico de autores que tratam sobre o tema do fracasso


escolar;

Realizar pesquisa com os alunos do ensino fundamental que indiquem motivos do


fracasso escolar;

Aplicar entrevista aos professores da rede pública que atuam nas séries iniciais a fim
de verificar possíveis causas do fracasso de seus alunos;
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O livro Didática, de José Carlos Libâneo, de 1994, explica que

o fracasso escolar se evidencia pelo grande número de reprovações nas séries


iniciais do ensino fundamental, pela exclusão da escola ao longo dos anos e pelas
dificuldades escolares não superadas, que comprometem o prosseguimento dos
estudos (p.40).

Quais são as causas dessas tristes consequências? As reprovações parecem acontecer


menos pelas deficiências dos alunos, do que pela falta de preparo dos professores para
trabalhar com indivíduos e pelo poder público que não promove um investimento em
Educação capaz de organizar uma metodologia própria a atender a realidade de cada região.
Os objetivos do ensino fundamental são elaborados considerando uma criança idealizada
ignorando que a criança é um ser real, que tem dificuldades também. No início do período
letivo, o professor entra na sala de aula e faz seu diagnóstico: só de olhar para a criança já
concebe qual poderá ser aprovada ou reprovada. Então, no início do ano o aluno já recebe o
rótulo de bom ou de mau aluno. Quem é o bom? Aquele, considerado normal, que tudo faz
tudo aceita, tudo concorda, assumindo seu papel passivo de receptor de conteúdos. Nada mais.
O mau aluno é aquele que tem dificuldades, que discorda, que polemiza, que não tem
concentração, seu nível socioeconômico é baixo, sua afetividade é quase nula. Esse tipo de
aluno tende a ser rejeitado, carimbado, estigmatizado, por não ser compreendido, porque a
escola e, sobretudo, o professor, não entendeu seu papel de educador, não entendeu o abismo
que existe entre ministrar conteúdos e educar para a vida. E chamam esse método de “escola
da excelência”:

Essa escola, com razão, busca selecionar, orientar e certificar alunos que tenham as
qualidades de bom, perfeito, superior. Os alunos de uma escola excelente são, por
extensão , excelentes, bem sucedidos, educados, de fino trato. Os demais, que não
primam pela excelência, são os que fracassaram, que não alcançaram o critério
mínimo para justificar essa qualidade e, portanto, são os excluídos (Caderno
Temático p.8).

Por causa disso, temos uma população escolar, muito jovem, que, por falta de
compreensão, não chega estudar até o 6º, 7º, 8º ou 9º anos. Um fator preponderante que leva
ao fracasso, além da imaturidade e da deficiência das crianças, é a lamentável deficiência da
organização escolar. Ao nosso parecer, reduziria muito esse fracasso escolar rever a
metodologia, adequá-la, para que cada região tenha um ensino de qualidade, onde haja
compatibilidade com as realidades dos alunos.

No livro Psicologia da Educação e Prática Profissional, a autora Maria Helena


Novais, 1952, comenta:

O termo fracasso escolar também é interpretado de diversos modos, como por


exemplo: mau desempenho escolar; aprendizagem lenta, refletindo sempre o mesmo
peso atribuído pelos professores e supervisores às características daquele que é
considerado mau aluno ou aluno fraco, sejam elas de natureza pessoal ou
acadêmica e pedagógica (p.82).

Portanto, uma criança iniciada no 1º ano, que leva a expectativa de aprender a ser
alguém na vida, descobre, de repente, que existem desafios a serem superados não tão fáceis
como pensa. Com seus limites, com sua aprendizagem lenta; falta de condições de
compreender e assimilar o conhecimento transmitido, pode ser estigmatizada por mau
desempenho, culpada pelo seu fracasso escolar, uma vez que demonstrou ausência de
percepção adequada, quando, na realidade, sua atenção e sua concentração foram mínimas
porque não teve motivação para demonstrar suas capacidades. Se olharmos apenas este
detalhe, se fizermos uma leitura rápida deste pequeno recorte do cotidiano escolar, notaremos
a imensa responsabilidade deste agente escolar chamado professor. Inúmeras situações
demonstram que o professo não está preparado para desenvolver um trabalho de motivação
que ajude o estudante a superar suas dificuldades particulares. O professor não quer
transformar-se em educador.

3.1 O desafio de mudar a postura educacional

Não resolveremos esse grave problema, sem uma profunda modificação da


metodologia educativa, promovida por todas as forças que lutam em prol da educação
brasileira, desde o professor ao político. Sem essas mudanças relevantes não há como impedir
o fracasso escolar.

A escola para todos é a que caracteriza, por exemplo, a escola pública, hoje. É a
escola que busca praticar conquistas sociais e políticas muito recentes. É a escola
que expressa compromissos decorrentes da Declaração dos Direitos Humanos, da
Constituição de 1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente, das Leis de
Diretrizes e Bases. É a escola que atribui a todas as crianças o direito à educação
fundamental e que responsabiliza o estado e a família pelo cumprimento desse
direito (Caderno Temático, p. 9).

É fácil pensar, portanto, que os verdadeiros culpados pelo baixo nível da educação
somos nós mesmos, são os nossos defeitos, nosso conformismo e a decadência de setores que
não se mobilizam por conquistar melhorias de forma eficaz e inteligente. A todo o momento
ouvimos pelos meios de comunicação, que falam em inclusão e exclusão. Inclusão de quem?
Do aluno que tem dificuldade em aprender? E, exclusão de quem? Do aluno marginalizado,
que só incomoda por não ter atenção? Portanto a criança quando chega à escola, já vem
rejeitada, pois não é aceita como realmente é, com seus defeitos e suas qualidades. Essa
mesma criança aprende a rejeitar a escola pela simples razão de que esta impõe um sistema de
ensino ultrapassado, antiquado, que nada tem a ver com seu dia-a-dia. Temos um fracasso
escolar porque temos uma escola que não funciona adequadamente, não sabe adaptar-se às
circunstâncias.

O aluno passa anos ouvindo a professora e não entende, não aprende, não assimila,
não compreende qual o significado do que está sendo ensinado para a sua vida nem para o seu
futuro. Conforme explica Perrenoud, (2000 apud GENTILE e BENCINI, 2000), “[...] os
alunos acumulam saberes, passam nos exames, mas não conseguem mobilizar o que
aprenderam em situações reais, no trabalho e fora dele (família, cidade, lazer etc.)”. A escola
não trabalha suficientemente a mobilização dos conhecimentos, e isso é mais grave ainda para
quem frequenta a escola por pouco tempo Esse é o resultado mais lamentável do fracasso
escolar: não conseguimos preparar o aluno para a vida. O que falta? Desenvolver
competências, esta é a palavra chave da educação moderna, conforme lemos em Perrenoud.
Continuar a impor conteúdos que nada tenham a ver com a realidade do aluno é aumentar o
abismo do fracasso escolar. Para formar pessoas preparadas para a nova realidade social e do
trabalho, o professor deve enfrentar o desafio de mudar sua postura frente à classe,
começando por integrar várias disciplinas e a estar disposto a aprender com a turma. Porém,
de nada adianta exigir mudanças e preparo do professor se a escola não diminui o peso dos
conteúdos disciplinares e a sociedade não se empenhar em definir quais competências quer
que seus estudantes desenvolvam.
Uma breve leitura nos livros que tratam sobre Educação, percebe-se que cada um
julga que o outro é responsável pelas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem.

Uma escola que se quer para todos e se alegre pela conquista dessa abertura
política, pela realização dessa justiça social, deveria saber que ao convocar todas
as crianças, excelentes ou não, estaria também – por extensão – recebendo tudo o
que pode estar associado a ela: violência, pobreza, desorganização familiar,
desemprego, bebida, roubo, droga, prostituição, deficiência física, mental,
desinteresse e dificuldade de toda sorte. Mas também não só isso: crianças e
famílias que mais uma vez depositam na escola a esperança de um futuro melhor,
crianças inteligentes, interessadas, crianças que têm uma experiência a
compartilhar, crianças que há centenas e centenas de anos esperavam por essa
chance. Ou seja, na escola para todos, tudo é possível, tudo pode ser (Caderno
Temático, p.15).

Quando não se compreende essa realidade, os pais ficam insatisfeitos; e os


professores se sentem cansados e frustrados. As condições de trabalho, de fato, não são boas:
classes superlotadas, salas de aula e mobiliário mal conservado e salário defasado; as crianças
têm dificuldades quase insuperáveis em seguir o programa pré-estabelecido. Além disso, têm
que resolver sozinhos os acúmulos de problemas que surgem a cada instante.

3.2 Uma escola fora da realidade

Os alunos sentem que a escola não foi feita para eles, nada tem a ver com a própria
realidade, nela não há lugar para seus problemas e preocupações; não leva em conta suas
experiências anteriores. A professora corrige tudo o que fazem, castiga e reprova e, às vezes,
diz abertamente que são incapazes, que não adianta perder tempo, quando não conseguem
aprender, porque, de qualquer forma, serão reprovados. Atemoriza-os e os mesmos se retraem
ou tornam-se agressivos e indisciplinados. Aos poucos vão perdendo a motivação, sentindo-se
realmente incapazes e resignando-se com o fracasso. A escola é vista como uma estranha
escada que permite a algumas pessoas subir na vida. Para os mais humildes o sistema de
ensino é, praticamente, o único meio de ascensão social, de expectativa de uma vida melhor.

A Lei diz que a escola existe para todos. O dispositivo constitucional afirma
claramente: o ensino de primeiro grau será obrigatório dos 6 aos 14 anos. Com a
permanência de apenas nove anos na escola, todos os ricos e pobres, em tese, teriam
oportunidades iguais. O sucesso nos estudos passaria a depender, exclusivamente, da
inteligência, do esforço e da perseverança de cada um. A realidade da escola contraria todas
essas expectativas; ela produz muito mais fracassos do que sucessos; porque na prática o
sistema educativo trata uns melhores do que outros e convence aos que fracassam de que
assim o é, porque são inferiores. Dentre os que conseguem uma matrícula, muitos são
reprovados. Um grande número de alunos que consegue aproveitamento na primeira série é,
no entanto, reprovado nas séries seguintes e obrigado a repetir o ano ou a sair da escola. Cada
vez mais as repetências vão se acumulando, até que as crianças ou os próprios pais desistem.
Poucos conseguem determinar o ciclo obrigatório. As estatísticas de reprovações só diminuem
na medida em que aumenta o número dos que param de estudar e abandonam a escola.

3.3 A pobreza e o fracasso escolar

A escola parece feita para aqueles que não precisam trabalhar. O número de evadidos
aumenta a partir dos dez e onze anos de idade, pois têm que começar a trabalhar. E são as
crianças pobres as que fracassam. O número de reprovados e expulsos, nessa classe social, é
assustador. Mas, são também os pais que fracassam. Foram eles que lutaram e esperaram
durante anos até conseguirem uma matrícula para seu filho. Foram eles que passaram
dificuldades para comprar material escolar e roupas, sofreram ao ver seus filhos serem retidos
e obrigados a repetir o ano. As crianças pobres são excluídas, sem qualquer qualificação ou
diploma, sem ter aprendido nada de útil para sua vida e seu trabalho. Saem da escola e levam
com elas a humilhação do fracasso; seguem convencidos da derrota porque são menos
inteligentes e menos capazes do que os outros. O destino da grande maioria é aceitar
empregos mais humildes e remuneração mais baixa, com maior risco de perdê-los em tempos
de crise. Será que os pobres são menos capazes do que os ricos? Será que a probabilidade de
fracasso ou sucesso é, exclusivamente, da própria criança ou de suas condições de vida?

Afinal, de quem é a responsabilidade pelo fracasso?

Há problemas em nossas escolas que nos perseguem como um pesadelo. Não há


como ignora-los, nem fugir deles. Entre os pesadelos mais constantes está o
fracasso escolar. Alguém dirá, mas está quantificado: altas porcentagens de
repetentes, reprovados defasados. O pesadelo é mais do que quantificamos. Podem
cair as porcentagens que ele nos persegue. O fracasso escolar passou a ser um
fantasma, medo e obsessão pedagógica e social. Um pretexto. Uma peneira que
encobre realidades mais sérias. Por ser um pesadelo nunca nos abandonou,
atrapalha nossos sonhos e questiona ou derruba nossas melhores propostas
reformistas. Quanto se tem escrito sobre o fracasso e sobre o sucesso e a qualidade,
seus contrapontos e continuamos girando no mesmo lugar (Caderno Temático,
p.13)

A explicação mais comum para o fracasso escolar dos mais pobres é a inaptidão da
própria criança. Os professores interpretam o fato como um fator psicológico, um problema
individual, próprio daqueles incapazes de repetir os ensinamentos tabulados pelo sistema. O
aluno não aprende porque está cheio de problemas: é afetivamente desajustado, vive
problemas emocionais complicados, é distraído e sem memória, não consegue se concentrar, é
preguiçoso e rebelde. Por que essa explicação para o fracasso escolar só tem validade para as
crianças pobres? Será que só estas sofrem problemas afetivos e emocionais? Pensamos em
outra interpretação: não seria somente culpa de cada criança tomada isoladamente, mas sim,
dela com sua família. Sem dúvida, a pobreza e a miséria influenciam nos resultados escolares.
Se a culpa é da pobreza, a escola e os professores ficam livres de qualquer responsabilidade. A
deficiência poderia ser da criança que trabalha. Nessa hipótese, até mesmo a necessidade de
trabalhar é vista como um defeito que atrapalha o rendimento escolar e explica o fracasso.

Mas, como elas podem trabalhar e continuar a estudar, se a escola está organizada
somente para os que não trabalham? Sem estudos, sem qualificação, sem diploma, como é que
alguém pode conquistar um emprego melhor?

A responsabilidade poderia ser da professora por despreparo, faltas ao trabalho e,


conseqüentemente, incompetência. O fato é que a criança fracassa porque não
corresponde ao que a escola exige. A escola não está estruturada para os carentes,
mas para os filhos de uma elite que, por definição e até pela organização da
pirâmide social, são muitos poucos. As crianças pobres, quando entram na escola,
ficam deslocadas, não conseguem aprender e passam a constituir um problema.
Como elas não conseguem fazer milagres vão sendo, pouco a pouco, eliminadas.
Com isso desaparecem os problemas (Aquino, p. 60).

No entanto, é preciso olhar a escola por dentro. É preciso conhecer os mecanismos e


o modo de funcionamento dessa engrenagem que faz com que uns poucos tenham sucesso e
que a grande maioria fracasse. Se as crianças fracassam é conseqüência de uma complexidade
de fatos e acontecimentos que podem e devem ser mudados. Alguns filhos privilegiados já
aprenderam em casa uma gama de informações que a escola valoriza enquanto que os
conhecimentos adquiridos pelas crianças oriundas das classes menos favorecidas são
desprezados pela escola. Elas vivem situações e enfrentam problemas que as crianças de
classe média não conhecem. Na grande maioria dos casos, as escolas não têm nenhum contato
com a população do bairro em que está situada. Para a escola só existe e só tem valor o saber
transmitido pela professora ou pelos livros. O que é importante para a escola é a língua bem
falada e o raciocínio abstrato. Por isso, a escola valoriza tanto a gramática e a matemática.

Os exercícios escolares são quase sempre, feitos em torno de problemas abstratos que
não condizem com a vida real. As crianças de classe média, quando não entendem, têm os
pais para ajudá-las, os livros, os filmes e os programas de televisão e internet que fazem parte
do seu ambiente familiar; as outras são desamparadas pela sorte e esquecidas pela família.
Sentindo-se sem apoio a criança vai se convencendo de que é realmente incapaz de aprender,
tornando-se desinteressada, distraída, rebelde e agressiva. A maioria conclui que não adianta
continuar se esforçando, que as coisas que lhe ensinam não servem para nada e que mais vale
desistir de uma vez do que perder mais tempo inutilmente. Dessa forma, muitos poucos
persistem e conseguem chegar à universidade. Para a maioria excluída da escola resta-lhes
cumprir as ordens e os planos elaborados pelos detentores do poder. Se a escola não está
servindo à maioria e se preocupa em se alimentar de falsas esperanças e ilusões, não cumpre
sua missão de ensinar e precisa urgentemente ser mudada. Não podemos permitir que a escola
deturpe sua missão. Ela não funciona por vontade própria, porque aceita e é cúmplice da
engrenagem da sociedade desigual em que vivemos, na qual os donos do poder são também
os donos do saber.

O fracasso escolar é uma expressão do fracasso social, dos complexos processos de


reprodução da lógica e da política de exclusão que perpassa todas as instituições
sociais e políticas, o Estado, os clubes, os hospitais, as fábricas, as igrejas, as
escolas. Política de exclusão que não é exclusiva dos longos momentos autoritários,
mas está incrustada nas instituições, inclusive naquelas que trazem em seu sentido e
função a democratização de direitos como saúde e educação (KEPHART, p. 45).

Nesta sociedade injusta a regra é que os pobres e excluídos da escola permaneçam à


margem da sociedade sem vez e sem voz. Vale a pena mudar a escola? Sim, porque a
modificando estaremos modificando a sociedade. As mudanças são sempre resultado da ação
dos que protestam contra o tratamento injusto que recebem e exigem uma ordem mais
humana, que atenda realmente os interesses da maioria. Entretanto, as mudanças só
acontecem se os principais interessados assim o quiserem.

3.4 A reprovação escolar


A falta de acesso, a evasão e a reprovação escolar são os maiores problemas dos
sistemas escolares contemporâneos. A reprovação é tipicamente problema latino-americano. É
a solução que o sistema educacional encontrou para lidar com o problema da não
aprendizagem ou da má qualidade de tal aprendizagem. Analisar as fontes e a natureza da
repetência é analisar a própria missão das escolas e os processos que incidem sobre a
aprendizagem no meio escolar, sua qualidade, seus contextos e seus resultados. A reprovação
é um fenômeno mundial antigo: data do inicio do século passado. Nos paises desenvolvidos,
já nos anos de 1960 e 1970, podiam ser encontrados estudos e referencias sobre o tema. O
problema afeta todas as regiões do mundo, inclusive a maioria dos países industrializados.

O fato de que o aluno não demonstrou nenhum sinal de progresso ontem ou hoje é
absolutamente compatível com um possível progresso na semana ou no bimestre
seguinte. As sementes, de fato, germinam lentamente. Os músculos demoram para
enrijecer. Você conseguiu nadar logo em sua primeira aula de natação? Caso você
não tenha conseguido, isso significa que você nada aprendeu nessa aula? (Aquino,
p. 11).

Esse pensamento ainda não conquistou nossa realidade, pois, a repetência, para a
maioria da clientela do ensino fundamental, aparece como primeiro passo e como o melhor
prognóstico em direção à evasão escolar. Pedagogicamente está baseada numa série de
premissas imprecisas ou equivocadas. O estudante que não aprendeu o suficiente retomará
exatamente o mesmo caminho pela segunda vez; que nada foi aprendido ao longo do
processo; que é necessário começar tudo de novo desde o inicio; que o conhecimento e a
aprendizagem operam em uma dimensão linear. É o resultado do exercício repetitivo.

Socialmente, a repetência reforça o circulo vicioso do baixo rendimento, da baixa


autoestima e do fracasso escolar. Administrativa e financeiramente, a repetência significa um
desperdício de recursos e contribui para a ineficácia do sistema escolar, consumindo esforços
que poderiam ser destinados a outros fins, como o acesso a novas escolas. Alguns estudos
mostram a diversidade de realidades da repetência e os fatores e percepções associados a
estas. Não vamos entrar no mérito destas questões singulares, pois, a própria heterogeneidade
desses estudos aduzem orientações segundo diferentes óticas e hipóteses conceituais,
objetivos e metodologias. Tais estudos destinados a analisar nossas diferentes realidades
requerem grande acuidade na hora de comparar situações e, acima de tudo, de generalizar
suas conclusões. O que se pode constatar do estudo feito é que existe entre professores, pais e
alunos, uma sensação de desproteção teórica, técnica e ética que parece acompanhá-los
silenciosamente no confronto com as situações que brotam da prática diária de sala de aula:
ninguém sabe como enfrentar o problema do fracasso escolar. Muitas respostas podem se
esboçadas para esta questão. Dependendo do ponto de vista, pode-se entender a ocorrência do
fracasso escolar como um acontecimento de ordem psicológica, institucional ou mesmo sócio-
política. Portanto, seria simplista dizer que a causa do erro reside apenas no aluno-problema.
É necessário que a escola também seja colocada em xeque. Caso contrário, estaremos
incorrendo no paradoxo de considerar apenas o sucesso pedagógico como resultado do
trabalho escolar e o fracasso com uma produção desleixada do aluno.

3.5 A educação que cada um merece

O fracasso escolar, concebido como o fracasso do aluno, é provavelmente o maior


empecilho à democratização das oportunidades de acesso da grande massa da população em
nossas escolas. O número inaceitável de alunos reprovados mostra que temos respondido até
agora de forma preconceituosa, atribuindo sempre ao aluno as causas do fracasso. As poucas
tentativas de escapar deste julgamento atribuem esse fracasso a condições exteriores à escola,
como a desigualdade social. São fatores com um peso considerável, mas não são decisivos.A
razão é simples: o processo de ensino aprendizagem, conforme Aquino engloba três
elementos: alguém que ensina (o professor), algo que é ensinado (a disciplina), alguém a
quem se ensina (o aluno). Dizemos que o ensino foi bem sucedido quando o que se ensina foi
aprendido por aquele a quem se ensina. Avaliamos o êxito de ensinar quando o aluno aprende.
O mesmo se passa com o fracasso do ensino: seu resultado é a ausência, manifestada pelo
aluno, do que foi aprendido.

Em ambos os casos é na produção do aluno que se o percebe o êxito do esforço de


ensinar. Como quem nos indica sempre o êxito ou o fracasso de nosso ensino é o aluno, por
meio de sua produção, a ele atribuímos a causa do fracasso. É como se disséssemos que o
pobre é a causa de sua pobreza.

Se o ensino é constituído de três elementos, devemos imaginar que quando não há


aprendizagem, a causa pode igualmente encontra-se em qualquer um dos três, ou
mesmo na combinação dos fatores e não apenas aquele a quem se ensina. É verdade
que não há aprendizado se aquele a quem se ensina não deseja aprender ou é
relapso por qualquer motivo. Mas também não deixa de ser verdadeiro que o
problema pode residir fundamentalmente naquele que ensina ou ainda naquilo que
é ensinado. (Aquino, p. 22).

Por que não revermos nossa metodologia pedagógica? Essa é a forma correta de
ensinar ao aluno moderno? Muito do fracasso não provém de um imenso fastio do aluno ao
ver um conteúdo escolar ultrapassado, sem motivação real, sendo apenas transmitido por um
professor que deseja cumprir mecanicamente uma carga horária e um plano de aula
preconcebido? A escola acompanha o passo da evolução atual com ferramentas de ensino
adequadas ao pensar de um alunado acostumado a ambientes onde a imagem, o som e a
animação eletrônica revolucionam a vida?

Raramente nos ocorre que aquilo que ensinamos poder ser inadequado a quem
estamos ensinando (seu grau de dificuldade, por exemplo, pode ser maior que a
possibilidade de apreensão dos alunos; determinado conteúdo pode exigir
conhecimentos prévios que eles não possuem). Ainda é plausível considerar que, a
despeito de nossos possíveis esforços, a forma pela qual ensinamos pode não ser a
melhor ou ainda a mais adequada àqueles alunos (Aquino, p.24).

A questão do fracasso escolar pode também ser associada à ideia de diferença: a


criança que não se sai bem na escola, mostra diferença entre seu desempenho e aquele
considerado bom para a sua idade ou série, estaria demonstrando algum tipo de deficiência:
por exemplo, é pouco inteligente, não tem capacidade para aprender, tem déficit de
linguagens, sofreu privação cultural, etc. essas deficiências podem ter origem na constituição
individual, e equivalem a fracasso na escola. Para corrigir problemas das práticas educativas,
existe a chamada educação compensatória, programas pré-escolares e outras agências sociais
como a televisão educativa que pretendem fornecer às crianças com dificuldades de
aprendizado oportunidades para desenvolver as capacidades que lhes faltam, eliminando ou
diminuindo essas diferenças diagnosticadas.

Outro parecer, entretanto, pode obter melhores resultados:

Em vez da proposição de modalidades de intervenção educativa para eliminar


diferenças indesejáveis, uma conseqüência da constatação de diferenças seria a
proposta de formas de educação diferenciadas para os vários indivíduos e grupos.
Se as várias modalidades de funcionamento psicológico identificadas não são
postuladas como passíveis de transformação pela educação, por serem inatas ou
determinadas pela experiência cultural, a solução seria criar subsistemas dentro do
sistema educacional que atendesse ás peculiaridades dos diversos sujeitos. É como
se a cada um fosse dada a educação possível ou merecida (Aquino, p. 49).
E se levantamos essas importantes questões relativas ao modo como se ensina, o que
dizer do preocupante capítulo relativo ao professor?

3.6 O professor que todo aluno gostaria de ter

O professor tem a missão de conduzir e orientar seus alunos, mas para que isso
aconteça, é necessário que ele cative, conquiste e desperte o interesse dos mesmos. É
essencialmente necessário que o professor saiba que muitas vezes o aluno se espelha nele e o
tem como modelo. Sabe-se que há muita distância entre o professor que a sociedade deseja e o
profissional que hoje se encontra nas escolas, sejam elas particulares ou públicas. Vários são
os motivos, que tornam difícil ao professor desempenhar suas atividades de forma a contentar
a todos.

Segundo o Caderno Temático 13 (Maio, 2000), a qualificação do trabalho do


professor em todos os componentes curriculares e o seu comprometimento constitui
condições indispensáveis para desencadear qualquer ação que objetive aperfeiçoar o
processo educativo.

O caminho a ser percorrido é árduo, apresenta obstáculos que exigirão do professor


muita persistência e interesse em mudar o que está posto; e sabe-se que os entraves são
muitos, pois com os poucos atrativos que existem se é que existem, hoje em dia, ser um
educador, competente, interessado e sempre buscando o aperfeiçoamento é um pouco difícil,
mas não impossível. Muitas são as dificuldades encontradas no dia-a-dia na sala de aula, onde
na maioria dos momentos o professor é obrigado a tomar posições. Em trechos retirados do
livro Erros e Fracassos (Aquino, 1997), podemos identificar educadores que conseguem
transformar as suas salas de aula em espaços prazerosos, onde tanto eles como os alunos são
cúmplices de uma aventura que é o aprender, o aprender a aprender e o aprender a pensar. O
clima das atividades favorece ações comunicativas entre estes e seus professores. Tornar a
aprendizagem interessante e útil é uma das formas de remover a maioria dos obstáculos que
levam ao fracasso escolar, mas para que isso ocorra é importante que o professor conheça os
verdadeiros interesses do alunado, treinando sua escuta e criando, inovando diariamente. A
criatividade do professor somada a sua convicção de que a aprendizagem é possível ser
desenvolvida para todos os alunos, independente de suas dificuldades, certamente
contribuirão para a remoção de obstáculos que tantos alunos têm encontrado no seu processo
de aprendizagem ocasionado a fuga da escola. É indispensável que se faça uma reforma na
formação dos professores, que precisam aprender a identificar as necessidades especiais da
aprendizagem de todos os seus alunos. O professor precisa aprender a conviver com os
diferentes tipos, as diferentes inteligências, as diferentes qualidades, superando incapacidades
e preconceitos e necessita estar preparado para se adaptar às diversas situações que poderão
surgir no interior da sala de aula e, sobretudo, de oferecer uma educação adequada para cada
tipo de aluno.

Parece difícil? Mas, a Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire (2000), apresenta


elementos constitutivos da compreensão da prática docente enquanto dimensão social da
formação humana e anuncia a autonomia através da solidariedade, autenticidade, respeito,
alegria, esperança, compreensão, diálogo, liberdade como capazes de promover e instaurar a
ética universal do ser humano.

Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua
própria produção ou sua construção. Esse conhecimento precisa ser aprendido não
apenas nas suas razões de ser ontológica, política, ética, epistemológica e
pedagógica, mas também precisa ser constantemente testemunhado e vivido.
(Freire, 2000)

Analisando algumas das obras de Paulo Freire, nota-se que elas estão permeadas de
idéias de que educar é conhecer, é ler o mundo para transformá-lo; cujo conteúdo é a
libertação, o respeito à identidade e a autonomia do aluno. Reforça que o ato de conhecer e de
pensar estão inteiramente ligados à relação com o outro; o conhecimento precisa de expressão
e comunicação na gestão coletiva do conhecimento: o saber é criar vínculos. Educar-se é
formar-se e não decorar conteúdos. Conhecer é estabelecer relações.

Em uma educação libertadora, as notas e conceitos devem servir de brincadeiras


estimulantes para as crianças, devem ser vistos como um jogo, pois decorar respostas não
modifica em nada a realidade do aluno, sabe-se que é o caminho mais seguro para o
esquecimento. O professor deve ter sempre uma atitude de indagação, perguntando aos
alunos: O que estão fazendo? Para que serve? Qual seriam outras maneiras possíveis de ser
feito? Qual a visão que tem sobre esta ou aquela teoria? Fazer com que o aluno desenvolva o
raciocínio, se torne crítico, criativo, participativo, dando oportunidade para que ele se sinta
parte real e integrante do meio em que vive, seja no ambiente familiar ou na própria escola.
A escola brasileira está mal estruturada. Não há professores preparados, qualificados,
com cursos, com qualidade de ensino, com uma preparação para cada tipo de aluno, pois
existem vários tipos de deficiência: alunos são discriminados pela cor, pela raça, pela gordura,
pela dificuldade, pelo que aparenta ser, mas não pela qualidade de pessoa que possa ser. Há
uma exclusão na sociedade e na escola. O professor deve estar preparado para fazer
adaptações curriculares a fim de atender as diferenças de ritmo e de maneiras de aprender dos
seus alunos (com necessidades especiais ou não). E quanto mais aberto para a questão ele
estiver, melhor e mais afetiva será a convivência entre ele e seus alunos. A arte de educar deve
ser objeto de paixão, onde o professor se entregue, canalize seu potencial e tenha resultados
positivos na construção de seres humanos melhores, agindo com tolerância, aprendendo a
conviver com o diferente, respeitando e amando seu aluno de forma integral e racional. Não
basta saber que deve ser assim, é preciso fazer com que as coisas sejam assim. Deve-se ter o
entendimento da situação e dos rumos a seguir e de sua tradução na prática diária. Há muito
tempo se vem demonstrando que só com boas intenções não se modifica o mundo. Trabalho,
teoria e prática formam uma unidade na ação para a transformação. Um educador, voltado
para a transformação, não poderá agir inconscientemente e irrefletidamente. Cada passo de
sua ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explicita do que está fazendo e para
onde possivelmente estão caminhando os resultados de sua ação, onde ele pretende chegar, e
que possibilidade quer acrescentar no cotidiano de seu aluno. Se todos os professores
tornaram-se educadores, a escola terá, em vez do fracasso, o êxito de uma educação capaz de
levar ao pleno desenvolvimento de todas as suas capacidades, o cidadão brasileiro.

4 METODOLOGIA

A presente pesquisa foi realizada na cidade de Barra do Quaraí, em duas escolas da


rede pública municipal de ensino que atendem alunos de classe média e alunos carentes da
classe baixa dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Participaram dessa pesquisa 20 (vinte)
professoras regentes dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e alunos do 4º ao 5º anos do
turno diurno e vespertino com a faixa etária de 9 a 12 anos.

4.1 TIPO DE ESTUDO


Para realizar este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) consultamos bibliografia
variada tendo como parâmetro as idéias de Paulo Freire e Claudius Cecco que nos auxiliaram
a escolher os autores certos, as informações qualificadas a fim de apresentar uma visão
aproximada do complexo estudo sobre a questão do fracasso escolar. O pensamento desses
autores foi de capital importância para concluirmos nosso trabalho. O desenvolvimento desse
trabalho sobre as causas do fracasso escolar foi feito através de consulta bibliográfica
explicativa, de modo a colher uma gama variada de formas de pensar e analisar, mas que
apontassem para uma adequada solução do problema.

4.2 COLETA DE DADOS

A coleta de dados realizou-se através de um questionário (Anexo A) em que


professores e alunos responderam por escrito. O referido questionário era composto de
questões abertas com o objetivo de averiguar as idéias que o tema suscita em cada um. Para a
coleta de dados, usamos também a leitura de material bibliográfico realizada em obras
especializadas e páginas da internet. Após essa coleta iniciou-se o processo de análise e
interpretação, com o objetivo de conseguir respostas ao problema proposto. Estas apontaram
para a observação da nossa realidade e coincidiram com a argumentação geral dos autores
explicada ao longo destas páginas. Eles focaram a responsabilidade do professor em saber
conduzir a experiência do ensino, em ser uma fonte não apenas de conhecimento, mas de
humanidade, de entendimento, de criatividade dinâmica num processo de aprendizado
participativo, envolvente e democrático, sem as distâncias e friezas do modo tradicional.

Nesse pensamento se organizou os dados colhidos sistematizando-os de acordo com


os objetivos do estudo, identificando as possíveis causas que determinam o fracasso escolar
dos educandos das séries iniciais do ensino fundamental nas escolas públicas localizadas na
sede do município de Barra do Quaraí.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A argumentação apresentada retrata um sistema de ensino local defasado em muitos


aspectos porque não exerce uma ação educativa de acompanhamento do aluno e não valoriza
as consequências pessoais deste.

Portanto, de que serve o comportamento de uma Escola com um juízo de valores


padronizados, com resoluções teóricas que não consideram as necessidades e potencialidades
de cada educando? É preciso uma visão mais aberta e democrática, pois o conhecimento ainda
reside em poder de poucos, atrasando o processo evolutivo da nossa sociedade.

A escola é o ambiente da primeira experiência democrática, onde aprendemos a


conviver com os diferentes tipos, as diferentes inteligências, as diferentes qualidades,
superando incapacidades e preconceitos.

Necessita-se, sobretudo, de adaptação às diversas situações que poderão surgir no


interior da sala de aula e de oferecer uma educação adequada para cada tipo de aluno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, Julio Groppa. Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo. Summus, 1997.

CADERNO TEMÁTICO 13. Escola: humanização ou exclusão? Porto Alegre. Plataforma.


2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

GENTILE, PAOLA; BENCINI, ROBERTA. (2000). Construindo competências -


Entrevista com Philippe Perrenoud. Disponível em: <
http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2000/2000_31.html >
Acesso em: 22 dez. 2010.

KEPHART, Wewell. O aluno de Aprendizagem Lenta. Porto Alegre. Artes Médicas. 2ª ed.,
1986.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo. Cortez. 1994.

NOVAES, Helena. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro. Vozes. 1992.

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