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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE ITAPIPOCA


CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ANTONIA EDUARDA GONÇALVES

A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA: CENÁRIOS E CONTEXTOS DA


REALIZAÇÃO DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA DE
CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

ITAPIPOCA – CE
2021
ANTONIA EDUARDA GONÇALVES

A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA: CENÁRIOS E CONTEXTOS DA


REALIZAÇÃO DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA DE
CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Licenciatura em Pedagogia da
Faculdade de Educação de Itapipoca na
Universidade Estadual do Ceará como requisito
parcial para obtenção do grau de licenciada em
Pedagogia.

Orientadora: Profa. Ma. Priscila Azevedo de


Amorim.

ITAPIPOCA – CE
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Sistema de Bibliotecas

Gonçalves , Antonia Eduarda.


A relação família e escola: cenários e contextos da
realização da leitura por meio da contação de histórias
de crianças da Educação Infantil [recurso eletrônico] /
Antonia Eduarda Gonçalves . - 2021
Um arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico
com 110 folhas.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -


Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação
de Itapipoca, Graduação em Pedagogia, Itapipoca, 2021.
Orientação: Prof.ª M.ª Priscila Azevedo de Amorim.

1. Família . 2. Escola. 3. Contação de Histórias .


4. Leitura . 5. Educação Infantil . I. Título.
ANTONIA EDUARDA GONÇALVES

A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA: CENÁRIOS E CONTEXTOS DA REALIZAÇÃO DA


LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA DE CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Licenciatura em Pedagogia da
Faculdade de Educação de Itapipoca da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial para à obtenção do grau de
Licenciado em Pedagogia.

Aprovado em: 30 de julho de 2021.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________
Profª. M.ª Priscila Azevedo de Amorim (Orientadora)
Faculdade de Educação de Itapipoca – FACEDI
Universidade Estadual do Ceará - UECE

______________________________________________________________________
Profª. Ma. Deiziane Lima Cavalcante – FACEDI
Faculdade de Educação de Itapipoca – FACEDI
Universidade Estadual do Ceará – UECE

______________________________________________________________________
Profª. Esp. Carla Vanessa de Oliveira Silva – UECE
Secretaria Municipal da Educação de Senador Pompeu – SMESP
Aos meus pais Maria Lucimar Marreira
Marques e João Batista Gonçalves e ao meu
namorado Denilson de Souza Carneiro, por
serem as pessoas que mais me incentivaram e
apoiaram nessa trajetória.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus, por ter me concedido o dom da vida e por ter me dado forças para
superar as adversidades e chegar até aqui.
Aos meus pais Maria Lucimar Marreira Marques e João Batista Gonçalves, por todo amor,
cuidado, dedicação, incentivo e apoio em todos os momentos da minha vida.
Aos meus irmãos, Maria Cristiane Gonçalves, José Alexandre Albuquerque Gonçalves,
Antônio Sérgio Gonçalves, Maria Delvânia Gonçalves, Maria Tamires Gonçalves, Alessandro
Marcelo Marques Gonçalves, Antonio Cléber Marques Gonçalves e Maria Bianca Marques
Gonçalves pelo amor, companheirismo, apoio e incentivo na minha vida pessoal e acadêmica.
À minha irmã, Alexsandra Samara Gonçalves, por toda a ajuda acadêmica e por todo o
companheirismo dessa vida.
Ao meu namorado, Denilson de Souza Carneiro, por ser o meu maior incentivador, tanto na
vida pessoal, profissional e acadêmica. Por nunca me deixar desistir e por ser o meu
companheiro, meu melhor amigo e meu alicerce.
À Telma Linhares e Cícero Linhares, por me acolherem em seu lar quando mais precisei, pela
confiança, carinho e incentivo.
À minha amiga Benedita Samara Sousa dos Santos, que esteve presente em todos os momentos
da minha vida acadêmica, por sua amizade e por todo apoio quando eu precisei.
À Maria Isadora de Sousa Oliveira, por toda ajuda durante as produções desse trabalho e tantos
outros, e em especial, pela amizade.
À Bruna Késsia Teodósio Santos, por toda a ajuda na construção desse trabalho, por seu apoio,
incentivo e dedicação à nossa amizade.
À Andreza Tabosa Braga, pela ajuda na formatação desse trabalho, de tantos outros e em
especial por ser uma amiga tão presente e indispensável em minha vida.
À Ana Thelry Linhares Mendes Araújo, por ter sido minha companhia em momentos difíceis
da minha vida, quando precisei me adaptar à uma realidade diferente para poder permanecer no
curso.
À Simony Amorim, por me ajudar tanto durante a pesquisa deste trabalho e principalmente por
sua amizade.
Ao professor Dr. Mirtiel Frankson, por toda a dedicação, conselhos e incentivos durante a
produção deste trabalho.
À professora Sara Varela, por toda a sua orientação durante a escrita da metodologia desse
trabalho.
À professora Priscila Azevedo de Amorim, por me aceitar como sua orientanda e por se mostrar
sempre tão solícita para me auxiliar, ajudar, aconselhar e incentivar a dar continuidade a esta
pesquisa.
À professora M.ª Deiziane Lima Cavalcante, por todo o empenho, incentivo e paciência durante
a terceira etapa de produção desta monografia.
Às minhas amigas da faculdade, Ana Caroline de Oliveira Cordeiro, Antônia Raquel Pires
Ferreira, Francisca Sabrina Alves Aguiar, Jaciana Nascimento Gomes, Shirley de Souza Alves,
Valéria Cristina Magalhães, e Carla Mota, pela partilha de momentos tão importantes durante
nossa trajetória acadêmica.
Aos meus amigos Elivelton Ferreira e Erison Teixeira Morreira por toda a amizade durante a
minha trajetória acadêmica, por todo o incentivo na construção desse trabalho e de tantos outros
já realizados nesse curso.
Às minhas amigas de trabalho, Adelice Adeodato, Gabriela Teles, Jaele Bonifácio e Yasmim
Kelly Bezerra, por toda a ajuda na minha vida profissional e por todo o incentivo na minha vida
pessoal e acadêmica.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.
“O desenvolvimento de interesses e hábitos
permanentes de leitura é um processo
constante, que principia no lar, aperfeiçoa-se
sistematicamente na escola e continua pela vida
afora.”
(Bamberger)
RESUMO

No presente trabalho, apresentamos discussões acerca da relação família e escola e o


desdobramento no contexto da realização da leitura por meio da contação de história com
crianças da educação infantil. Ao compreender a importância dessa relação, família e escola,
encontramos diversas causas e consequências que englobam essa relação, dentre elas,
destacam-se a leitura, assim como a contação de história, que poderiam ser práticas iniciadas
na família, por ser o primeiro espaço ocupado pela criança e seguiria a continuidade nas
instituições escolares, por serem os responsáveis pelo processo de desenvolvimento da
aprendizagem e do ensino das crianças desde o momento que elas adentram ao ensino infantil.
Esta pesquisa teve como objetivo geral compreender como a união entre a família e a escola
podem contribuir com o aprendizado da leitura, especificamente por meio da contação de
história na Educação Infantil, seguido pelos seguintes objetivos específicos: Compreender quais
estratégias são utilizadas pela escola para aproximar a família do processo de aprendizagem da
leitura por meio da contação de história; Observar que recursos são utilizados pelo professor no
processo da contação de história na Educação Infantil; Compreender como é promovida a
contação de história valorizando os conhecimentos prévios que as crianças trazem sobre história
Infantil do âmbito familiar; Analisar que dificuldades são apontadas pelos docentes no processo
de ensino-aprendizagem da contação de história na Educação Infantil. Seguiu-se, portanto, o
método fenomenológico de pesquisa, sendo esta, de caráter qualitativo que, por fim, delineou-
se em um estudo de caso. Este trabalho foi substituído pela pesquisa bibliográfica. Entre os
principais autores, destacam-se, Abramovich (1997), Sandroni e Machado (1998), Szymanzki
(2003), Scherer (2012), Dessen e Polonia (2007), entre outros. A coleta de dados foi realizada
por meio de entrevistas semiestruturadas. Os sujeitos da pesquisa foram duas professoras que
lecionam no Infantil V da Educação Infantil numa escola do município de Amontada-CE e
cinco pais ou responsáveis pelas crianças que estudam nessa mesma turma. Com os resultados,
pode-se concluir que as referidas professoras, assim como os pais ou responsáveis
compreendem a importância de uma relação próxima dessas duas instituições e da inserção da
contação de histórias nessa fase da Educação Infantil para o desenvolvimento da leitura e qual
os seus papeis perante essa realidade escolar. Entretanto, pode-se notar a necessidade da escola,
juntamente com a gestão, exercer uma participação ativa nesse processo de aproximação com
as famílias.

Palavras-chave: Família. Escola. Contação de História. Leitura. Educação Infantil.


ABSTRACT

In this paper, we present discussions about the relationship between family and school, and the
unfolding in the context of performing reading through storytelling with children in
kindergarten. When understanding the importance of this relationship, family and school, we
find several causes and consequences that encompass this relationship, among them, reading,
as well as storytelling, which could be practices initiated in the family, as the first space, stand
out. occupied by the child, and it would continue in school institutions, as they are responsible
for the development process of learning and teaching children from the moment they enter early
childhood education. This research had as general objective: to understand how the union
between family and school can contribute to the learning of reading, specifically through
storytelling in Early Childhood Education. Followed by the following specific
objectives: Understand which strategies are used by the school to bring the family closer to the
learning process of reading through storytelling; Note which resources are used by the teacher
in the storytelling process in Early Childhood Education; Understand how storytelling is
promoted, valuing the prior knowledge that children bring about Children's history in the family
environment; To analyze what difficulties are pointed out by teachers in the teaching-learning
process of storytelling in Early Childhood Education. Therefore, the phenomenological
research method was followed, this being of a qualitative nature, which was finally outlined in
a case study. This work was replaced by bibliographical research, among the main
authors, Abramovich (1997), Sandroni and Machado (1998), Szymanzki (2003), Scherer
(2012), Dessen and Polonia (2007) among others. Data collection was carried out through semi-
structured interviews. The research subjects were two teachers who teach in Infantil V of
Infantile Education in a school in the city of Amontada/CE and five parents or guardians of the
children who study in the same class. With the results, it can be concluded that these teachers,
as well as parents or guardians understand the importance of a close relationship between these
two institutions, and the inclusion of storytelling in this stage of early childhood education for
the development of reading, and which their roles in this school reality. However, it can be
noted the need for the school, together with the management, to exercise an active participation
in this process of approximation with the families.

Keywords: Family. School. Storytelling. Reading. Early. Childhood Education.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12
2 FAMÍLIA E ESCOLA: CONCEITOS E DISCUSSÕES .......................................... 22
2.1 Contextualizando a família ............................................................................................. 22
2.2 A importância da participação da família no contexto escolar .....................................24

2.3 Escola: função dessa instituição ...................................................................................... 26


2.4 O ato da leitura ................................................................................................................ 29
2.5 Contação de história ........................................................................................................ 33
2.6 Educação Infantil: um espaço educativo ......................................................................... 36
3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 40
3.1 O contexto da escola escolhida para realização da pesquisa de campo .......................... 44
3.2 Sujeitos da pesquisa ........................................................................................................ 44
3.3 Os instrumentos para coleta de dados e critérios para análise dos dados ....................... 45
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 48
4.1 Caracterização dos participantes da pesquisa ................................................................. 48
4.2 Relação família escola sobre um olhar pedagógico ........................................................ 49
4.3 Aprendizagem da leitura por meio da contação de história ............................................ 55
4.4 A relação família escola sobre o olhar da família ........................................................... 63
4.5 Aprendizagem da leitura por meio da contação de história ............................................ 69
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 76
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 79
APÊNDICE A ............................................................................................................... 85
APÊNDICE B ............................................................................................................... 87
APÊNDICE C ............................................................................................................... 89
APÊNDICE D ............................................................................................................... 90
APÊNDICE E ............................................................................................................... 91
APÊNDICE F ............................................................................................................... 98
APÊNDICE G .............................................................................................................. 101
APÊNDICE H .............................................................................................................. 103
APÊNDICE I .............................................................................................................. 105
APÊNDICE J ............................................................................................................ 1077
APÊNDICE K ............................................................................................................. 109
12

1 INTRODUÇÃO

Vivemos em um período em que as informações das mídias e as tecnologias estão


cada vez mais acessíveis às crianças, ampliando a visão de mundo das mesmas e por vezes as
distanciando dos livros, das historinhas e, consequentemente, da leitura, o que ocasiona ao
educador da Educação Infantil uma maior responsabilidade acerca do desenvolvimento dessas
crianças que se encontram em processo de descoberta e na primeira fase da vida escolar.
Cabe ao professor e à escola, incentivar nos alunos, desde cedo, o gosto pela leitura
usando de uma das ferramentas mais conhecidas pelos educadores da educação infantil que é a
contação de história, pois essa vivencia com as histórias,

[...] enriquecem a experiência; • desenvolvem a capacidade de dar sequência lógica


aos fatos; • dão o sentido da ordem; • esclarecem o pensamento; • educam a atenção;
• desenvolve o gosto literário; • fixam e ampliam o vocabulário; • estimulam o
interesse pela leitura; • desenvolvem a linguagem oral e escrita. As histórias são fontes
maravilhosas de experiências. São meios preciosos de ampliar o horizonte da criança
e aumentar seu conhecimento em relação ao mundo que a cerca. (BUSATTO, 2011,
p. 02 apud RIGLISKI, 2012, p. 8)

As histórias estão ligadas diretamente ao imaginário infantil, principalmente nessa


fase em que a criança ainda não sabe ler nem escrever, amplia o vocabulário e,
consequentemente, a oralidade, instiga o gosto pela leitura, apresenta-lhes culturas e narrativas
e dentre outros fatores, resultam na formação de sua personalidade, valores e crenças.
A ação de contar histórias deve ser efetiva na escola, pois inúmeras são as
possibilidades que o uso em sala de aula propicia, além de divertirem as crianças e encantá-las,
elas proporcionam outros benefícios como educar, socializar, instruir e desenvolver a
sensibilidade e a inteligência dos pequenos. Segundo Miguez (2000, p. 28), “Na maioria dos
casos, a Escola acaba sendo a única fonte de contato da criança com o livro [...]”, o que é um
fator negativo para o desenvolvimento intelectual da criança. A família, como primeira
educada, deve, desde cedo, estimular na criança o gosto pela leitura e, porque não, por meio da
contação de história?
Muito se discute a importância da relação entre família e escola e como ambos
atuam de maneira primordial no processo educacional da criança. É essa educação
compartilhada entre ambos que constroem o caráter do cidadão e auxiliá-os no processo de
desenvolvimento da aprendizagem, mas para isso é necessário que a família esteja em contato
com a escola, participando das atividades e contribuindo para a formação de seus filhos, em
especial na etapa da Educação Infantil. Entretanto, essa relação nem sempre se encontra em
total “sintonia”. Essa problemática não é atual. Sabemos que essa relação está em conflito há
13

bastante tempo, porém as consequências dessa má relação afetam a maioria das crianças, que
ao invés de serem estimuladas, por ambas as partes para o processo de aprendizagem,
encontram-se no meio de discussões acerca de quem é o responsável pela não aprendizagem
das crianças.
Ao compreender a importância da relação família e escola, encontramos diversas
causas e consequências que giram em torno dessa relação. A leitura, assim como a contação de
história, devem ser práticas realizadas por meio da família, pois o ambiente familiar é o primeiro
espaço ocupado pela criança, como nas instituições escolares por serem responsáveis pelo
processo de desenvolvimento da aprendizagem e do ensino das crianças desde o momento que
elas adentram ao ensino infantil. Desse modo, por meio dessa pesquisa, almejo compreender
como a união entre a família e a escola podem contribuir com o aprendizado da leitura,
especificamente por meio da contação de história, uma vez que valorizar o ensino da leitura e
da contação de história em ambas as instituições mencionadas trarão grandes benefícios para a
formação da criança.
Ao analisar dados pesquisados que tratam da educação no Brasil deparei-me com o
Instituto Pro-livro, que a cada quatro anos, lança uma pesquisa com o intuito de avaliar o
comportamento leitor do brasileiro, realizando periodicamente o Projeto Relatos da Leitura no
Brasil, que se encontra em sua 4ª edição. Por meio de suas pesquisas, o Instituto indica um
aumento no percentual da população leitora no Brasil que subiu para cerca de 56% desde a
última pesquisa realizada em 2011, com um total de 104,7 milhões de pessoas de 5 anos ou
mais (INSTITUTO PRO-LIVRO, 2016).
Ao comparar os dados obtidos nessa nova edição podemos observar que houve
avanços em relação aos quatro anos anteriores. Entretanto, ainda há muito o que avançarmos
quando o assunto é leitura.

Os resultados da pesquisa reforçam a análise de que o hábito de leitura é uma


construção que vem da infância, bastante influenciada por terceiros, especialmente
por mães e pais, uma vez que os leitores, ao mesmo tempo em que tiveram mais
experiências com a leitura na infância pela mediação de outras pessoas, também
promovem essa experiência às crianças com as quais se relacionam em maior medida
que os não leitores [...] (INSTITUTO PRO-LIVRO, 2016, p. 130).

Através das pesquisas, o Instituto revelou que a mãe ou a responsável do sexo


feminina e o professor(a) foram as influências mais citadas para definir o fato do indivíduo ser
ou não leitor. A pesquisa também indica que os hábitos de leitura dos filhos estão
correlacionados à escolaridade dos pais. Dessa forma, filhos de pais analfabetos tendem serem
crianças ou adultos menos leitores. Segundo a fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
14

Estatísticas – IBGE, “No Brasil, em 2019, havia 11 milhões de pessoas com 15 anos ou mais
de idade analfabetas, o equivalente a uma taxa de analfabetismo de 6,6%” (IBGE, p. 2, 2019).
Por meio dessas estatísticas, podemos destacar o quão é importante a influência e
incentivo dos pais, sejam eles alfabetizados ou não, no processo de desenvolvimento da vida
leitora e, consequentemente, na vida escolar de seus filhos, e a escola também carrega essa
responsabilidade por ser o segundo influenciador mais citado pelos brasileiros, além de ser um
dos primeiros locais sociais frequentados pelas crianças, é a instituição responsável por levar
conhecimento para toda a sociedade, devendo desenvolver diferentes metodologias para chegar
a alcançar seus objetivos. Por meio desse projeto, proponho o uso da contação de história como
método de ensino e como forma de desenvolver a leitura e o gosto pela mesma.
Incluído na temática abordada, há cinco conceitos essenciais para compreensão da
problemática, que são: o conceito de escola, família, leitura, contação de história e de educação
infantil. Ambos estão interligados para uma boa compreensão da temática escolhida e se faz
necessário discorrer rapidamente sobre tais conceitos básicos que fundamentaram essa
pesquisa.
Posteriormente, serão destacados separadamente os cinco conceitos abordados
acima de forma sucinta, relacionando-os com o meu objeto de pesquisa, sempre em busca de
melhor explorá-lo e explicá-lo. Ambos os conceitos permitem uma melhor visão acerca da
temática explorada, além de ambos serem complementares e permitirem uma maior
compreensão e familiaridade com o assunto a ser desenvolvido.
Os autores Arroyo, Caidart e Molina (2011, p. 1) conceituam a escola como um
“[...] lugar privilegiado de formação, de conhecimento e cultura, valores e identidade das
crianças, jovens e adultos”. A escola proporciona à criança o contato com um ambiente novo,
cheio de possibilidades para a construção de novas relações sociais e de uma vivência
diferenciada com uma nova rotina a ser seguida. Na maioria das vezes, é a primeira vez que
elas ficam longe do ambiente familiar e passam a ter uma certa dificuldade de adaptação para,
por fim, possuírem uma certa autonomia ao identificarem a escola como um ambiente ao qual
pertencem e que já está integrado a sua nova forma de ver o mundo.
A família também possui papel de suma importante no processo de
desenvolvimento da criança pois,

a família, espaço educativo por excelência, é vulgarmente considerada o núcleo


central do desenvolvimento moral, cognitivo e afetivo, no qual se “criam” e “educam”
as crianças, ao proporcionar os contextos educativos indispensáveis para cimentar a
tarefa de construção de uma existência própria. Lugar em que as pessoas se encontram
e convivem, a família é também o espaço histórico e simbólico do qual se desenvolve
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a divisão do trabalho, dos espaços, das competências, dos valores, dos destinos
pessoais de homens e mulheres. A família revela-se, portanto, um espaço privilegiado
de construção social da realidade em que, através das relações entre os seus membros,
os factos do quotidiano individual recebem o seu significado (DIOGO, 1998, p. 37).

Nessa perspectiva, o autor também caracteriza a família como um espaço


privilegiado, por possuir uma grande relevância no processo educativo, pois é a primeira
educadora da criança, por lhe apresentar as formas de convivência social, por desenvolver suas
habilidades motoras, despertando na criança o gosto pela aprendizagem, que também está
interligado à função da escola.
A família é responsável por ensinar valores sociais, morais e culturais para a
criança, “é na família que a criança encontra os primeiros 'outros' e, por meio deles, aprende os
modos de existir – seu mundo adquire significado e ela começa a construir-se como sujeito”
(SZYMANZKI, 2003, p. 22). A família possui uma importância imensurável para a construção
de um bom sujeito, é por meio dela que o ensino se inicia, e se faz necessário que ela esteja
presente durante todo o processo de aprendizagem como principal incentivadora de todos os
progressos realizados pela criança.
O gosto pela leitura proporciona à criança infinitas vantagens, em especial no
processo de alfabetização, pelo fato de proporcioná-las uma nova forma de ver o mundo. Navas,
Pinto e Delissa (2009 p. 553) reforçam essa ideia ao afirmarem que “A competência em leitura
influencia o desempenho de linguagem oral e a elaboração escrita, enriquece o vocabulário,
aumenta o nível de informação e conhecimentos gerais, desenvolve o senso crítico, desperta a
curiosidade, a sensibilidade e o raciocínio”. Por meio da leitura a criança desenvolve várias
habilidades como a melhora na maneira de falar, falando e escrevendo de forma mais correta,
melhora a maneira de se expressar, passa a conhecer assuntos que antes não lhe interessavam
ou que nem fazia ideia que existiam.
É por meio da leitura e da contação de história que a criança passa a conhecer
diferentes formas de ver o mundo ao qual está inserido e a perceber as diferentes formas de se
relacionar em sociedade, a diferenciar o certo do errado, pois a contação de história trabalha o
pensamento lógico e imaginário da criança, por ser uma

[...] atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real.


Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de
cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da
narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas
os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real.
(RODRIGUES, 2005, p. 4)
16

A leitura infantil permite que a criança desenvolva o seu processo emocional, social
e cognitivo, a partir do momento em que ela experimenta a contação de história, a mesma passa
a visualizar e experienciar sentimentos que antes não conhecia em relação ao mundo. As
histórias infantis geralmente trabalham problemas da realidade da infância como sentimentos
de amor e perdão, trabalhar o medo e a curiosidade, abordando também situações que ensinam
como serem boas crianças, bons filhos, bons alunos e a amarem a natureza, além de infinitos
assuntos do mundo infantil.
A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica, sendo a única que está
vinculada a uma idade própria: atendendo crianças de zero a cinco anos, sendo-as divididas em
creches e pré-escolas. A educação infantil “tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade.” (BRASIL, 1996).
A Lei de Diretizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) vai garantir a finalidade
da Educação Infantil. Entretanto, se faz necessário refletir como ocorre o processo de infância
hoje e de que forma podemos intervir de maneira positiva na infância que queremos,
objetivando sermos eficazes com a educação das crianças pequenas, sem esquecer suas
especificidades e a importância dessa etapa de ensino.
O desejo por escrever sobre essa temática surgiu a partir de um conjunto de
situações vivenciadas durante o meu percurso como aluna de instituições públicas e de ensino
precário, assim como vivências pessoais da minha infância, vivências familiares, escolares e do
meu ingresso à faculdade.
Desde criança tenho o hábito de ler. Desde que descobri o mundo letrado, passei a
explorá-lo. Meus professores foram essenciais nesse processo de descoberta, pois sempre me
incentivaram e me faziam encantar-me pelos contos que ouvia. Lembro-me de uma professora
do ensino infantil que foi especificamente a que mais despertou em mim o gosto por ler e pela
contação de história. Em todas as suas aulas ela contava uma história para a minha turma que
se encontrava em círculo no chão. Após a leitura, ela pedia que deitássemos no chão,
fechássemos os olhos e viajássemos na imaginação ao refletirmos sobre a história. Em seguida,
cada um tinha a oportunidade de falar.
Hoje, recordo essa lembrança com alegria, pois foi a partir da leitura, tanto lida
como ouvida, que pude compreender o quão grande o mundo poderia ser e o tanto de coisas
que eu tinha que descobrir. Infelizmente não fui incentivada, formalmente, pelos meus pais a
ser uma leitora. Ambos são analfabetos. Entretanto, meu pai, desde sempre foi um ótimo
contador de histórias. Ele costumava contar várias histórias para meus irmãos e eu. Reuníamos
17

no alpendre para ouvimos suas histórias, às vezes sobre sua infância, nossos avós, outras sobre
lendas ou histórias a ele contadas. Acredito que através dessas vivências e por todo o incentivo
que tive na escola eu passei a ter prazer pelo ato de ler.
Ao ingressar no Curso de Licenciatura em Pedagogia, no ano de 2016, na Faculdade
de Educação de Itapipoca (FACEDI), campus da Universidade Estadual do Ceará (UECE),
ainda não tinha uma ideia fixa do que queria abordar em minha monografia, muitas questões,
como o bullying na Educação Infantil, me intrigava. Entretanto, sempre tive a certeza de que o
ensino infantil estaria ligado a escolha do meu tema. Dessa forma, já existia uma ideia fixa de
que o meu projeto de monografia iria abordar a Educação Infantil, porém não estava definido
ainda como ela seria inserida no meu tema. Foi apenas no sétimo semestre que tive a certeza do
que eu queria pesquisar, por ter sido um assunto que me chamou muita atenção quando realizei
o meu primeiro estágio supervisionado em Gestão Escolar.
Acredito que a Educação Infantil é a etapa mais importante no processo de
desenvolvimento da aprendizagem da criança, por ser o início, a base, de uma construção de
conhecimento que é transmitido a um ser que também está em processo de descoberta e de
evolução. É a etapa de conhecer um mundo completamente novo, que lhe permite um acréscimo
de conhecimentos novos. Lembro-me de pensar que no mundo só existiam a minha família, as
pessoas da minha comunidade e eu, e do quanto eu fiquei fascinada ao descobrir que no mundo
existia bilhões de pessoas. Era como se existissem um bilhão de oportunidades de explorar o
meu imaginário.
O meu ingresso na universidade mais uma vez me proporcionou o gosto pela leitura
e, consequentemente, pela pesquisa. Ao cursar a disciplina de Estágio Supervisionado em
Gestão Educacional, ministrada pelo professor Benedito Alencar, no sexto semestre, tive a
oportunidade de adentrar em uma instituição do ensino infantil e observar por meio de diálogos
com a diretora da escola a importância dessa etapa de ensino, além de evidenciar as dificuldades
que impedem que essa etapa seja concluída com eficácia no ensino da maioria das crianças. Daí
surgiu o objeto de estudo ao qual realizei o projeto de pesquisa da disciplina e o assunto para a
minha monografia.
No sétimo semestre, tive a oportunidade de estar em sala de aula, na disciplina de
Arte-Educação, ministrada pela professora Ana Cristina, onde nos foi proposto que
realizássemos alguma “atividade artística”, para depois partilharmos a experiência. Foi então
que minha equipe e eu, realizamos uma oficina de desenhos no Centro de Educação Infantil
Élia Selenia Pereira Teixeira, localizada no município de Amontada-CE, com alunos do Infantil
V. A temática da aula abordada foi “Oficina de Desenhos com base em uma Contação de
18

história’’, pensada como conteúdo lúdico a ser desenvolvido na Educação Infantil pela sua
importância no processo de desenvolvimento dos alunos que estão inseridos nessa fase de
descoberta de novos conhecimentos e de exploração das aprendizagens.
Ao realizarmos a contação de história para as crianças e ao perceber o qual atentas
elas estavam aos detalhes das histórias, como os personagens principais, quais assuntos a
história abordava e qual a importância daquela leitura, não pude deixar de ficar impressionado
com o quão importante a contação de história e, consequentemente, a leitura, podem ser
importantes para o processo de ensino/aprendizagem das crianças da Educação Infantil e isso
só veio confirmar a escolha do meu tema de pesquisa da monografia.
Ao buscar contribuições teóricas para o projeto de pesquisa, deparei-me com
dificuldades para encontrar estudos que tratassem diretamente dessa aproximação da escola
com a família tendo como objetivo promover a contação de história e, consequentemente, a
leitura. Diante disso, tive que pesquisar a temática de forma individual. Por meio dessa
dificuldade, pude perceber que essa carência de material revela a importância da realização
dessa pesquisa para o campo da pedagogia.
Ao aprofundar-me na temática de pesquisa, cheguei ao meu problema geral: De que
forma a união entre a família e a escola podem contribuir com o aprendizado da leitura,
especificamente por meio da contação de história? Os problemas específicos são: Quais
estratégias são utilizadas pela escola para aproximar a família do processo de aprendizagem da
leitura por meio da contação de história? Que recursos são utilizados pelo professor no processo
da contação de história na Educação Infantil? Como é promovida a contação de história
valorizando os conhecimentos prévios que as crianças trazem sobre história Infantil do âmbito
familiar? Analisar que dificuldades são apontadas pelos docentes no processo de ensino-
aprendizagem da contação de história na Educação Infantil?
O presente trabalho tem o seguinte objetivo geral: Compreender como a união entre
a família e a escola podem contribuir com o aprendizado da leitura, especificamente por meio
da contação de história, seguido pelos seguintes objetivos específicos: Compreender quais
estratégias são utilizadas pela escola para aproximar a família do processo de aprendizagem da
leitura por meio da contação de história; Observar que recursos são utilizados pelo professor no
processo da contação de história na Educação Infantil; Compreender como é promovida a
contação de história valorizando os conhecimentos prévios que as crianças trazem sobre história
Infantil do âmbito familiar; Analisar que dificuldades são apontadas pelos docentes no processo
de ensino-aprendizagem da contação de história na Educação Infantil.
19

É sábido que abordar a relação família e escola no ensino e na aprendizagem das


crianças da Educação Infantil é sempre desafiador, por ser uma temática bastante pesquisada
em trabalhos acadêmicos e por ser taxada como simples, por já existirem diversos trabalhos
voltados para esse tema. Entretanto, o estudo da mesma pode ser realizado de diferentes
maneiras. Particularmente, busco compreender de que forma, ambas, família e escola podem
contribuir no processo de aprendizagem da leitura nos anos iniciais (1° ao 5° ano), e se é
possível fazê-lo especificamente por meio da contação de história.
A escolha pela contação de história surge pelo fato da leitura e do ato de ouvir
histórias estarem sempre presentes na minha infância, mesmo crescendo com pais analfabetos,
e ao partilhar vivências com o ato de contar histórias no meu primeiro estágio na faculdade que
foi realizado em uma escola pública da Educação Infantil do meu município (Amontada - CE),
tive a certeza de que esse possivelmente seria o tema da minha pesquisa monográfica.
Além do tema possuir o seu valor sentimental, este é um assunto bastante
importante e atual que, no qual, por meio dessa pesquisa poderá ser mais debatido e estudado.
O nosso país, ao ser comparado a outros países da América Latina (Chile, Colômbia e México)
em relação ao comportamento leitor, as estatísticas não são tão significativas, pois o Brasil
representa 78% de leitores, igualando-se ao México que possui a mesma porcentagem. O Chile
destaca-se com 82% e a Colômbia com 77% (INSTITUTO PRO-LIVRO, 2016).
O Brasil destaca-se em relação a esses países quando o assunto é o analfabetismo.
Registramos o maior percentual de analfabetos: 8%, seguido pela Colômbia com 4,0%, o
México registra 3% e o Chile 1% (INSTITUTO PRO-LIVRO, 2016). Ao observarmos esses
números, percebemos que a falta da leitura no Brasil ainda é um assunto muito preocupante.
Esses dados nos mostram e nos levam a refletir o quão importante é o apoio da família
juntamente com os educadores para incentivar tanto as crianças como jovens a criar o hábito de
ler e assim possamos mudar esses dados.
A relevância dessa pesquisa pode ser justificada pela importância da junção de
temas historicamente pesquisados e que carrega a importante “missão” social de contribuir com
a constituição do caráter de um cidadão consciente e responsável. As famílias, como primeiros
educadores das crianças, podem desenvolver práticas que venham facilitar a aprendizagem na
escola como desenvolver habilidades motoras, ao incentivar a criança a pegar no lápis, para que
esta, ao adentrar ao ambiente escolar, já reproduza rabiscos. Outro ponto importante que é
válido ressaltar é sobre a prática da contação de história, que instiga a criança a paixão pela
leitura e apresenta-lhes um mundo mágico de infinitos conhecimentos.
20

Infelizmente, essa não é a realidade de muitas instituições de ensino. Algumas de


nossas crianças, ao adentrar à sala de aula, não possuem quaisquer conhecimentos acerca da
leitura ou da escrita. Algumas até possuem má oralidade. Essas questões tendem a dificultar o
trabalho do professor, pois o mesmo encontra uma turma em níveis diferentes de aprendizagem,
o que é normal. Porém, é nítido que essas crianças necessitam de uma atenção diferenciada.
Especificamente, a escola não deve ser a principal responsável pela aprendizagem das crianças.
A família deve ter participação efetiva na escola, de maneira a contribuir diretamente na
aprendizagem de seus filhos.
Referente aos pais, Polonia e Dessen (2005, p. 304) afirmam que “a socialização da
criança é um de seus principais papeis. É através do ensino da língua materna que seus filhos
serão incluídos no mundo cultural; na convivência em grupo conhecendo símbolos e regras; e
na educação geral com participação da escola”. Porém, na realidade atual em que os pais se
encontram, sem condições financeiras, sem tempo para educar os filhos, acabam “jogando”
para o Estado e a escola a responsabilidade de educar os alunos sem a participação da família.
Pessoalmente, como ex-aluna da Educação Infantil e Básica, vivenciei esse
“abismo” formado entre a família e a escola, pois meus pais não frequentavam a escola na qual
estudei. Por vezes, minha mãe comparecia apenas às reuniões semestrais. Acredito que ela não
se sentia à vontade com a instituição mencionada e isto fazia com que eu tivesse a sensação de
pertencer a dois mundos diferentes, isto é, desconectados. A falta de diálogo entre o professor
e os pais compromete o desenvolvimento da aprendizagem do aluno. Contudo, as crianças que
têm o acompanhamento dos pais na instituição escolar tendem a ter uma aprendizagem bem
mais satisfatória, por isso a necessidade da presença dos mesmos.
Outro ponto relevante para a aprendizagem da criança é o contato com a história
em sala de aula. A contação de história é realizada por muitos professores da educação infantil
“[...] oportunizando momentos de interação comunicativa e fantasia. No entanto, essas
oportunidades de interação comunicativa pouco ocorrem nas famílias, que poderiam, com
maior peso afetivo, tornar esses momentos significativos para a criança” (SCHERER, 2012, p.
319).
A contação de história é considerada uma “cultura antiga”, pois anos atrás essa era
uma forma das pessoas promoverem momentos de união, trocas de experiências e diversão.
Assim, as histórias contadas passaram de geração em geração. Os pais, assim como os meus,
praticavam o ato de contar histórias, lendas ou experiências para os filhos. No entanto, esse ato
é pouco reproduzido. Algumas crianças só vivenciam a experiência de ouvir história na escola
quando é inserida na Educação Infantil.
21

Segundo Sandroni e Machado (1998, p. 16), “o amor pelos livros não é coisa que
aparecerá de repente”. É necessário o estímulo contínuo dessa prática de leitura, de forma a
ajudar a criança a descobrir nos livros, o prazer e o conhecimento que eles podem proporcionar.
Assim, os pais e professores possuem papel indispensável neste processo de descoberta, sendo
os maiores estimuladores e incentivadores da leitura.
Diante dos fatos expostos, é de grande relevância encontrar maneiras de ajudar os
professores e os pais a manterem uma relação respeitosa e amigável durante o processo de
desenvolvimento da aprendizagem da criança. Que ambos reconheçam a importância de
trabalharem juntos por um bem maior, pois, apesar das diferenças contidas em cada instituição,
ambas possuem objetivos semelhantes.
Tal pesquisa pode contribuir como estudo teórico por outros docentes ou quaisquer
outros leitores que possuam interesses acerca dessa temática. Além disso, é uma realidade
comum nas famílias e escolas brasileiras, em que, muitas vezes, não sabemos como lidar com
essas situações que afetam diretamente o desenvolvimento das crianças, podendo acarretar em
dificuldades no ensino e aprendizagem dos mesmos.
Além disso, deparei-me com muitas dificuldades ao pesquisar por esta temática em
sites de pesquisa acadêmica. Pouco se encontra artigos científicos que tratem dessa temática de
forma específica. Portanto, tal pesquisa irá ajuda a outros pesquisadores que venham a se
interessar por esta temática.
Essa pesquisa também possui relevância pessoal, pois além de tratar de um tema
referente ao trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Pedagogia, possui papel
formador, pois será uma realidade ao qual, logo, estarei inserida quando adentrar em sala de
aula como pesquisadora e futuramente como professora ou na gestão escolar.
Do mesmo modo, em contexto educacional, esse trabalho poderá ajudar discentes
e docentes do campo da Pedagogia que se deparam com essa realidade escolar e social, podendo
servir como meio a ampliar seus conhecimentos sobre o assunto em questão.
22

2 FAMÍLIA E ESCOLA: CONCEITOS E DISCUSSÕES

“O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo


constante, que principia no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua
pela vida afora.” (BAMBERGER)

Os benefícios que o hábito de leitura proporciona às crianças são de fato inúmeros,


como o desenvolvimento da escrita, da oralidade, do aumento do vocabulário, dentre tantos
outros, e esse ato deve iniciar-se primeiramente por intermédio da família, que deve ser a
primeira a incentivar esse ato para que quando a criança, ainda na educação infantil, ao adentrar
à escola, já tenha noção básica da importância dessa ação para o desenvolvimento da sua
aprendizagem ou que pelo menos goste de ouvir historinhas. A leitura proporciona
conhecimentos acerca do mundo, da sociedade e da cultura ao qual essa criança está inserida e
a ajuda a compreender esse mundo de maneira mais leve e prazerosa.
Nessa seção, serão abordadas cinco categorias que fundamentam essa pesquisa. A
primeira irá relatar sobre família, o que é conceitual e discussões acerca da mesma. A segunda
irá discutir sobre a escola e as funções dessa instituição de ensino. A terceira irá discutir o ato
da prática de leitura, assim como os seus benefícios para a formação de um aluno leitor. A
quarta irá abordar a importância da contação de história no desenvolvimento da aprendizagem
das crianças. E, por último, a quinta categoria, abordará sobre a Educação Infantil, bem como
suas características, como se destaca e se define.

2.1 Contextualizando a família

A palavra família é uma das mais conhecidas no mundo, em que desde pequenos e
desde a constituição social da humanidade temos conhecimento desta. Entretanto, é complicado
ter uma concepção do que é família, já que seu significado pode ser atribuído a diversas
instâncias. Isso pode colaborar para a dificuldade de definí-la em um significado.
Ademais, vemos que vários conceitos surgem mediante as transformações na
sociedade, não podendo ter um único conceito de família, podendo ser descrita como vínculo
sanguíneo ou de trabalho, em que há variações também em sua quantidade, pois podem ser
grupos enormes ou apenas um sujeito. Vemos que cada indivíduo na sociedade vai construindo
seu conceito de família a partir das relações estabelecidas, vivenciadas e aprendidas por ele.
Segundo Faco e Melchiori (2009, p. 121), a família apresenta uma gama de funções,
uma vez que esta abrange elementos imbricados com a socialização, sobrevivência, exercício
23

da cidadania, desenvolvimento, seja ele grupal ou individual, embora atualmente sejam


diversificadas na sociedade tanto o conceito como as formas em que elas estão se apresentando
em nosso cotidiano, pois as transformações sociais são um fator chave para as modificações
apresentadas perante o conhecimento da palavra família:

A família representa o espaço de socialização, de busca coletiva de estratégias de


sobrevivência, local para o exercício da cidadania, possibilidade para o
desenvolvimento individual e grupal de seus membros, independentemente dos
arranjos apresentados ou das novas estruturas que vêm se formando. (FACO;
MELCHIORI, 2009, p. 121)

Ao vislumbrarmos definição para a palavra família teremos que levar em


consideração em qual situação aplicar, pois atualmente esse conceito é partilhado para diversas
situações, tais como um vínculo de trabalho, de amizade, estudantil, sanguíneo, espiritual,
dentre outros. De acordo com Vilhena (2005, p. 02),

A família pode ser pensada sob diferentes aspectos: como unidade doméstica,
assegurando as condições materiais necessárias à sobrevivência, como instituição,
referência e local de segurança, como formador, divulgador e contestador de um vasto
conjunto de valores, imagens e representações, como um conjunto de laços de
parentesco, como um grupo de afinidade, com variados graus de convivência e
proximidade... e de tantas outras formas. Existe uma multiplicidade de formas e
sentidos da palavra família, construída com a contribuição das várias ciências sociais
e podendo ser pensada sob os mais variados enfoques através dos diferentes
referenciais acadêmicos (VILHENA, 2005, p. 02).

Diante do exposto, reforça-se a ideia de que a conceituação de família é bem


abrangente, sendo que seu emprego é bem variado. Além disso, nota-se que nem mesmo a
literatura existente abarca todas as aplicações para tal palavra, uma vez que esta é bastante
difundida e variada, pois é um conceito que remete muito com a concepção e com as
experiências que cada indivíduo tem por família.
O conceito de família transcende a relação biológica entre os sujeitos e compreende
conceituações amplas e plurais, em que desde os primórdios vêm se modificando e gerando
muitas discussões entre os indivíduos, pois as ideologias que permeiam a sociedade referente
ao conceito de família são muitas vezes conflitantes, visto que várias pessoas não aceitam
formulações atuais, gerando muito preconceito e repercussão na sociedade. De acordo com
Minuchin (1985 apud FACO; MELCHIORI, 2009, p. 122), a família

é um complexo sistema de organização, com crenças, valores e práticas desenvolvidas


ligadas diretamente às transformações da sociedade, em busca da melhor adaptação
possível para a sobrevivência de seus membros e da instituição como um todo. O
sistema familiar muda à medida que a sociedade muda e todos os seus membros
podem ser afetados por pressões interna e externa, fazendo que ela se modifique com
a finalidade de assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial de seus
membros.
24

Diante disso, podemos ver que o sistema familiar está diretamente relacionado com
a sociedade, visto que ambas vão se modificando mediante as circunstâncias, visando a
sobrevivência e o seu crescimento.
Foi falado sobre as transformações sociais em que, segundo Oliveira (2009, p. 25),

Como exemplos de transformações, podemos citar o trabalho da mulher, as mudanças


nas relações de trabalho, como, na sociedade contemporânea, o crescente número de
trabalhadores informais, que não possuem garantia de emprego, assim como o grande
número de desempregados. Todo este contexto pode enunciar e modicar o cotidiano
da vida em família.

Através desse fragmento, podemos perceber que mudanças tão comuns e atuais
podem alterar a vida de uma família, fazendo que esta venha a se adequar com as adversidades
que surgem. Mais uma vez podemos ver o grande impacto que a sociedade provoca além de
conflitos e situações internas que também podem influenciar a vida em família.
Segundo Lévi-Strauss (1986 apud OLIVEIRA, 2009, p. 23):

De acordo com o contexto social, em cada sociedade e em cada época histórica, que
a vida doméstica passa a assumir determinadas formas específicas, evidenciando que
a família não é instituição natural, mas reforçando a compreensão de que ela é
socialmente construída de acordo com as normas culturais.

Então, podemos falar que a família passa por grandes transformações tanto
ideológicas como de cunho de estrutura. Vemos também uma vinculação da família com a
cultura, uma vez que esta influencia grandemente, pois o contexto e a cultura em que o
indivíduo está inserido vai se mostrar presente em seus modos e em sua personalidade.

2.2 A importância da participação da família no contexto escolar

A sociedade atual na qual estamos inseridos está refletindo muitas mudanças no que
diz respeito ao conceito de família. Antes, os membros desse grupo eram classificados por pai,
mãe, filhos, avós, com papeis já definidos por ambos e pela própria sociedade. A família desse
século assume uma nova estrutura, sendo constituída por grupos de pessoas que se unem e
vivem juntos.
Ao analisarmos essa realidade podemos questionar: Qual o lugar da criança dentro
dessa nova estrutura familiar? A família é responsável pelo processo de aprendizagem da
criança tanto quanto a escola? Como contribuir de forma significativa para essa aprendizagem?
Ou como unir-se à escola nessa constituição de conhecimentos? Que recursos, ambos, família
e escola, podem utilizar-se para desenvolver as habilidades como da leitura nas crianças da
25

Educação Infantil? É possível utilizar-se da contação de histórias nesse processo de


desenvolvimento da leitura?
Todas essas questões são dificuldades enfrentadas pela nossa sociedade nos dias
atuais e as crianças são as mais atingidas por esses novos modelos de famílias. A escola, como
um dos primeiros locais frequentados pelas crianças, precisa estar preparada para receber essas
famílias do século XXI, buscando promover uma boa relação com os pais ou responsáveis
dessas crianças para juntos buscarem promover uma melhor aprendizagem dos mesmos e
desenvolver todas as habilidades necessárias para torná-las leitoras.
Segundo Tiba (1996), o ambiente escolar dever ser de uma instituição que complete
o ambiente familiar do educando, os quais dever ser agradáveis e geradores de afeto. Os pais e
a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno (TIBA, 1996,
p.140).
A influência familiar é de suma importância para a vida escolar da criança e a
relevância dessa participação da família no desenvolvimento escolar não pode ser
desconsiderada. O autor vem ressaltar que a escola nesse primeiro momento, possui o papel de
apenas completar o ambiente familiar, supondo que as primeiras descobertas das crianças
surgem por meio dos incentivos da família.
Para que ocorra uma parceria entre as famílias e as instituições escolares, é preciso
que a escola busque inserir a família em seus espaços educativos e a família precisa
conscientizar que suas contribuições nos espaços escolares são indispensáveis e os benefícios
que essa união pode acarretar no desenvolvimento das crianças são imprescindíveis.
É extremamente necessário discutirmos a respeito da leitura, tendo em vista que a
mesma também é algo imprescindível ao ser humano. É através dela que se pode adquirir novos
conhecimentos, habilidades, diversos sentimentos e emoções. O ato de ler, segundo Dutra
(2011), é umas das competências mais importantes a serem trabalhadas com o aluno.
Vale ressaltar que a leitura implica diretamente na fluência comunicativa dos
educandos, como também, segundo Cardozo e Pelozo (2007), é ela a responsável pela
capacidade intelectual e a criatividade dos mesmos. Os primeiros contatos do indivíduo com a
leitura são fundamentais para suas percepções futuras, pois são esses contatos que irão interferir
diretamente na formação de um ser humano crítico, capaz de enfrentar os inúmeros obstáculos
que a sociedade impõe. Sendo assim, a reflexão e o incentivo à prática da leitura por parte da
família e da escola são de fundamental importância.
Diante disso, é preciso tornar a leitura um hábito na vida escolar e familiar das
crianças. Freire (1989) cita que a linguagem e realidade precisam ser relacionadas
26

dinamicamente e a experiência de vida dos alunos ser valorizada. Não basta conhecer as
palavras, mas fazê-las ter sentido, compreendendo, interpretando, relacionando o que se lê com
a própria vida, ações, sentimentos.
Um método de desenvolver nas crianças essas práticas de leituras e linguagens,
é utilizar-se da contação de histórias, especificamente na Educação Infantil. Pois a prática da
contação história instiga na criança o gosto pela leitura, estimula a imaginação da criança,
amplia o vocabulário e é um método lúdico e dinâmico de trabalhar com as crianças aspectos
do mundo adulto.

2.3 Escola: função dessa instituição

Pensar em escola remete-nos automaticamente a refletir acerca da educação e sobre


as funções que ambas possuem na formação do indivíduo. É na escola que os alunos começam
a desenvolver habilidades intelectuais, assim como passam a conviver com pessoas diferentes
do seu cotidiano, aprendendo a conviver em sociedade e a importância de estarem naquele
espaço de aprendizagem.
Para Silva e Ferreira (2014),

a escola é uma instituição social de extrema relevância na sociedade, pois além de


possuir o papel de fornecer preparação intelectual e moral dos alunos, ocorre também,
a inserção social. Isso se dá pelo fato da escola ser um importante meio social
frequentado pelos indivíduos, depois do âmbito familiar (SILVA; FERREIRA, 2014,
p. 7).

As escolas, como cita o autor, possuem papel formador na vida dos alunos. É por
meio do convívio nessas instituições que os indivíduos passam a desenvolver habilidades
intelectuais, morais e, consequentemente, sociais que, por vezes, só foram exploradas no âmbito
familiar. As instruções escolares, geralmente são os primeiros espaços de socialização
frequentados pelas crianças, depois do ambiente familiar, oportunizando momentos de
interação com outras pessoas que não fazem parte do seu cotidiano, fazendo com que a criança
aprenda a interagir com outras crianças e desenvolver habilidades motoras, sensoriais e
intelectuais. Também é o momento de muita aprendizagem sobre o mundo ao qual está inserida.
Sendo assim, “[...] a escola é um espaço onde os indivíduos começam a ter relações para além
da família, ou seja, passa a conviver com pessoas de diferentes raças, cor, etnia, religião,
cultura” (SILVA; FERREIRA, 2014, p. 7).
É através da convivência em sala de aula que as crianças começam a interagir entre
si, passando a ter contato com outras crianças, sendo o momento em que elas começam a
27

perceberem as diferenças que ambas possuem, seja de cor, religião, cultura, e por meio dessas
diversidades irão constituindo seus conhecimentos em relação à sociedade e ao mundo ao qual
estão inseridas. Esse momento de interação entre as crianças é de suma importância para o
desenvolvimento e percepção desses conhecimentos acerca da sociedade e acerca dos valores
atribuídos por ela. É necessário que esse momento de descoberta seja respeitado e incentivado
pelo professor que atua como mediador em sala de aula nas escolas, sejam elas públicas ou
particulares.
As escolas “[...] nas sociedades letradas como a nossa, ocupa lugar por excelência
para que se cumpram as funções da educação e da aprendizagem dos conhecimentos”
(MARQUES; CASTANHO, 2011, p. 24). Dessa forma, as instruções escolares nascem da
necessidade da conservação e propagação da cultura humana, se estabelecendo como local
designado para a socialização do saber e de aprendizagem, tendo a função de ensinar valores
morais, culturais e sociais ao aluno de maneira a instigar o desejo por aprender, pela forma que
se é repassado os conhecimentos ou conteúdo.
O aluno necessita enxergar na escola uma oportunidade de crescimento pessoal e,
consequentemente, profissional. Se faz necessário que, desde criança, seja repassado a
importância que a escola e o conhecimento podem proporcionar para a humanidade, que se
encontra em total desorganização moral e social, pois,

[...] se as escolas devem cumprir um papel importante em promover a igualdade


social. Elas precisam considerar seriamente a base de conhecimento do currículo,
mesmo quando isso parecer ir contra as demandas dos alunos (e às vezes de seus pais).
As escolas devem perguntar: “Este currículo é poderoso?”. Para crianças de lares
desfavorecidos, a participação ativa na escola pode ser a única oportunidade de
adquirirem conhecimento poderoso e serem capazes de caminhar, ao menos
intelectualmente, para além de suas circunstâncias locais e particulares. Não há
nenhuma utilidade para os alunos em se construir um currículo em torno da sua
experiência, para que este currículo possa ser validado e, como resultado, deixá-los
sempre na mesma condição (YOUNG, 2007, p. 1297).

Vivemos em uma sociedade totalmente excludente, e em muitas de nossas


instituições públicas essa exclusão acontece por meio de um currículo que é totalmente adverso
à realidade dos alunos. As escolas e, consequentemente, os profissionais da educação, precisam
a todo momento estarem em processo de transformação, se reinventando juntamente com a
demanda exigida pelos alunos, por meio de um currículo que abrace a diversidade e a
singularidade de cada criança, sem esquecer da realidade em que esse aluno está inserido.
Almejamos que as escolas possam promover mudanças para uma sociedade mais justa e
igualitária, e isso só pode se concretizar por meio de um currículo e uma proposta pedagógica
voltados para a realidade dos educandos.
28

Dessen e Polonia (2007), pontuam que:

o currículo escolar estabelece objetivos e atividades, conforme a série dos alunos,


facilitando o acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem nas diferentes
faixas etárias. Desde o maternal até a educação de adultos, a escola tem peculiaridades
em relação à sua estrutura física, à organização dos conteúdos e metodologias de
ensino, respeitando e considerando a evolução do aprendiz, bem como articulando os
conhecimentos científicos às experiências dos alunos (DESSEN; POLONIA, 2007, p.
26).

Os autores esclarecem que um currículo é constituído por meio do nível intelectual


apresentado pelas crianças, de maneira a facilitar o ensino oferecido pelo educador e a
aprendizagem das as crianças, que se encontram em diferentes níveis de conhecimento,
respeitando cada fase perpassada pela criança desde a educação infantil até o ensino médio.
A escola possui diversas funções e deve realizá-las da melhor maneira possível,
para assim conseguir efetuar o seu objetivo de oferecer uma educação de qualidade para os
alunos, de maneira a formar um cidadão crítico e reflexivo, capaz de está em constante
transformação ou de transformar a sociedade. Libâneo (1998) propõe objetivos ao qual a escola
de “hoje” deve atingir:

Eu venho propondo quatro objetivos para a escola de hoje. [...] eles formam uma
unidade [...]. O primeiro deles é o de preparar os alunos [...] para a vida numa
sociedade teco-científica-informacional. [...] Para isso, é preciso investir na formação
geral, isto é, no domínio de instrumentos básicos da cultura e da ciência e das
competências tecnológicas e habilidades técnicas requeridas pelos novos processos
sociais e cognitivos. Na prática, refiro-me a conteúdos [...] que propiciem uma visão
de conjunto das coisas, capacidade de tomar decisões, de fazer análises [...]. Em
segundo lugar, proponho o objetivo de proporcionar meios de desenvolvimento de
capacidades cognitivas e operativas, ou seja, ajudar os alunos nas competências do
pensar autônomo, crítico e criativo. Este é o ponto central do ensino atual, que deve
ser considerado em estreita relação com os conteúdos, pois é pela via dos conteúdos
que os alunos desenvolvem a capacidade de aprender [...]. O terceiro objetivo é a
formação para a cidadania crítica e participativa. As escolas precisam criar espaços
de participação dos alunos dentro e fora da sala de aula em que exercitem a cidadania
crítica. [...] O quarto objetivo é a formação ética. É urgente que os diretores,
coordenadores e professores entendam que a educação moral é uma necessidade
premente da escola atual. Não estou pregando o moralismo [...] estou falando de uma
prática de gestão, de um projeto pedagógico [...] que programe o ensino do pensar
sobre valores. [...] Em resumo, eu proponho investir na capacitação efetiva para
empregos reais e na formação do sujeito político socialmente responsável (LIBÂNEO,
1998, p. 4-5).

Inicialmente, o autor vai propor objetivos que devem ser alcançados pela escola e
cita que os gestores, coordenadores e professores precisam ter consciência da importância de
desenvolver tais objetivos na instituição escolar, pois a escolha de como e quais conteúdos serão
passados para os alunos possui grande relevância para a formação social, cultural, cognitiva,
política, ética e moral dos alunos. A escola possui o papel de desenvolver e explorar as diversas
29

habilidades, sejam elas intelectuais, físicas ou motoras e constituir um indivíduo capaz de se


relacionar e viver em sociedade.
Entende-se que ao abordar o ensino voltado ao preparo dos alunos para uma vida
tecnocientífica-informacional, o autor refere-se a uma metodologia que busque aguçar uma
formação mais geral. Pois, desde pequenas, as crianças necessitam obter os conhecimentos que
englobam o mundo, conhecimento básicos como a cultura da região ao qual habita, as ciências,
as novas tecnologias e tantas outras habilidades que devem ser exploradas e descobertas pelos
alunos por intermédio do professor e dos conteúdos repassados por ele.
Segundo Libâneo (1998), há uma grande importância nos conteúdos desenvolvidos
em sala de aula. Estes, devem buscar desenvolver nas crianças um pensamento analítico, crítico,
autônomo e criativo. Dessa maneira, o objetivo da educação na escola pública é garantir a
qualidade de um conhecimento, que fora desenvolvido sistematicamente, mas, que buscou
desenvolver um conhecimento que abraçasse as diversas habilidades de cada sujeito, formando
um cidadão consciente, capaz de resolver seus conflitos individualmente ou coletivamente,
constituído em valores éticos e morais. Um sujeito participativo, crítico e responsável.
Para o autor, o ensino atual está interligado exclusivamente aos conteúdos
programados para serem trabalhados em sala de aula e propõe estudos que vissem a colaboração
com as capacidades cognitivas e operacionais dos alunos, visando uma melhor exploração
dessas habilidades com o intuito de colaborar para a formação de um sujeito autônomo.

2.4 O ato da leitura

O ato da leitura faz-se presente em nossa vida desde o momento que passamos a
compreender o mundo à nossa volta, sendo um instrumento muito importante para a sociedade,
por estar presente em muitas das nossas atividades do cotidiano, na escola, no trabalho, em casa
ou na rua. Segundo Souza, Ricetti e Osti (2009, p. 11), “A leitura de um livro, de uma revista,
de um jornal ou de um folheto que seja, sempre será útil para o exercício do pensamento, pois
as informações neles encontradas nos possibilitam ler o mundo e nele interferir com
discernimento”. Dessa forma, a leitura proporciona uma nova forma de adquirir conhecimentos,
desde a leitura de um artigo científico à uma leitura de uma simples mensagem de texto recebida
no celular, por exemplo, o exercício da leitura conecta e apresenta diferentes formas de viver e
ver o mundo.
Vemos que, por meio dessa ação, isto é, ler, podemos nos informar sobre diversos
assuntos, que encontramos constantemente em jornais, cartazes, cartas, e-mail, rótulos de
30

produtos, receitas, contos, revistas, livros e artigos. E por meio dessa ação podemos nos impor
a várias situações, as quais não consideramos “corretas” ou justas e, a partir disso, criarmos
uma visão crítica sobre tal descoberta e adquirimos novos conhecimentos.
A leitura possui diferentes facetas e pode ser utilizada para diferentes meios,
podendo ser usada para informar, como acontece nos jornais, para se comunicar, quando
mandamos mensagem pelas redes sociais ou cartas, para divertir e encantar como nas histórias
infantis, nos contos de fadas e na Literatura Infantil.
Há alguns conceitos, referentes à literatura infantil, que merecem destaque, pois são
essenciais para uma compreensão da mesma. Nessa perspectiva, torna-se pertinente entender o
que é literatura. Mallann (2011, p. 14), irá afirmar que “a literatura infantil é um recurso
fundamental e significativo, para a formação do sujeito, de um leitor crítico e ainda pode
desenvolver os valores morais”. O autor destaca a importância dessa prática para a formação
das crianças, tanto no desenvolvimento crítico e reflexivo, como no desenvolvimento dos
aspectos morais e sociais.
Paim (2000, p. 69) vai afirmar que “a literatura é a leitura da vida, envolta numa
linguagem simbólica, reflexo puro da realidade, está travestida, redesenhada pelo autor e depois
pelo leitor [...]”. Da forma como é descrita pelo autor, a leitura da Literatura Infantil apresentará
para as crianças uma forma bem divertida e dinamizada de ver o mundo, mesmo trazendo
aspectos bem relevantes da nossa realidade, ao trabalhar temas do cotidiano das crianças como
a ida à escola, o contexto da sala de aula, a relação com os amigos e familiares, trabalhando
também as emoções das crianças como o medo, a raiva, o amor, entre outros sentimentos. Por
fim, Michaelis (2008, p. 526) acrescenta que a “literatura é arte de compor escritos, em prosa
ou verso”. A literatura é capaz de encantar as crianças ou até mesmo as pessoas mais velhas por
possuir essas características, por não se prender a só uma forma de escrita. Ela pode ser
representada em versos, prosas, história e cantigas de rodas.
Ambos os autores expressam a possibilidade de expressão encontrada na escrita ou
pronúncia de uma literatura, pois através da palavra contada na história e o significado
emocional que ela propõe ao leitor, que essa prática se torna tão significativa e expressiva na
formação de alunos leitores.
O ato de ouvir histórias é muito importante para a formação das crianças, escutá-
las estimula o desejo por tornar-se um leitor, assim como aguça a aprendizagem e a maneira
como se vê o mundo, de identificar os conflitos e de ser capaz de encontrar ideias para
solucioná-las.
31

Segundo Abramovich (1997, p. 16), “o primeiro contato da criança com um texto é


feito oralmente, através da voz da mãe, do pai ou dos avós, contando contos de fada, trechos da
Bíblia, histórias inventadas [...]”. Geralmente, o primeiro contato das crianças pequenas com a
contação de histórias acontece ainda na infância e, na maioria das vezes, por intermédio dos
familiares, e isso acontece oralmente e de maneira natural. Os familiares, por vezes, nem
percebem que estão praticando a contação de história e da importância desse ato para a
formação dos seus filhos. O autor pontua que:

É através duma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros
jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia,
Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos
achar que tem cara de aula... (ABRAMOVICH, 1997, p. 17).

Dessa forma, é evidente que a Literatura Infantil é uma arte que encanta com
tamanha beleza e proporcional significado. Além disso, é um importante instrumento por
repassar ensinamentos, pois, por meio das histórias é possível repassar diversos conhecimentos
à criança de maneira lúdica e de forma a instigar a aprendizagem e o prazer pela leitura, e
consequentemente, pela escrita.
Segundo Coelho (2000), a literatura Infantil é considerada um agente formador e
que, a partir disso, o professor necessita estar “sintonizado” com as mudanças presentes no
cotidiano, assim como deve estar apto a reorganizar seus próprios conhecimento ou consciência
de mundo.
Partindo desse pressuposto, o professor é quem auxilia na formação de leitores, por
meio de exemplos para que este hábito se torne pontual, sendo o estimulador em todos os
momentos. Para Rubin e Jordão (2015), para ensinar a ler é preciso gostar de ler. E quando o
educador não gosta ou não busca novos caminhos para aperfeiçoar sua prática leitora, a chance
de seu aluno se interessar por essa prática diminui.
Portanto, é fundamental que os professores da Educação Infantil se mobilizem em
favor das crianças incentivando-as à leitura através dos livros adaptados para eles
(SCANTAMBURLO, 2012). Todavia, o professor precisa posicionar-se como mediador nesse
momento de descoberta da leitura, apresentando às crianças pequenas diferentes tipos de
leituras, sejam elas de livros literários, histórias em quadrinhos, manchetes de jornais,
revistinhas infantis, com o intuito de aprimorar e instigar o gosto pela leitura. Porém,

Para ser possível instigar o gosto pela leitura na criança, é importante que, além do
contato com a leitura, ela também tenha contato com pessoas que a estimulem,
podendo ser professores, familiares e conviventes do seu contexto histórico. A leitura
é importante para a representação que o indivíduo possa fazer da sociedade e dessa
32

maneira, é fundamental o papel que a família e a escola executam no processo de


formação do leitor (BOTINI; FARAGO, 2014, p. 46).

A citação á cima esclarece a importância do acompanhamento dos pais no


decorrer do processo de aprendizagem da leitura de seus filhos, se fazendo necessário uma
parceria com a escola, pois ambos possuem objetivos similares, desejam formar um cidadão
crítico e reflexivo, capaz de assumir responsabilidades e de saber agir e se sobressair na
sociedade.
A leitura é uma maneira de estar presente em todos os lugares e de explorar a
imaginação. Segundo Bamberger (1995, p. 09), a “leitura é importante para a vida individual,
social e cultural, em que, através desse ato, o indivíduo pode se desenvolver intelectualmente e
espiritualmente, aprendendo e progredindo”. Por meio da leitura é possível desenvolver-se em
diferentes campos do conhecimento, pode explorar as diversidades de escritas dos autores, pode
ampliar o seu vocabulário, melhorar a escrita e ainda pode divertir-se por meio de uma leitura
prazerosa.
Carleti (2007) define a leitura como o meio mais importante para a aquisição de
saberes na formação de um cidadão crítico para atuar na sociedade. O exercício da leitura
permite que o leitor descubra diferentes formas de visualizar o mundo, de conhecer diferentes
formas de se relacionar em sociedade, de conhecer culturas e de, consequentemente,
desenvolver habilidades intelectuais e adquirir uma certa criticidade ao relacionar os fatos
argumentados pelo autor com a realidade no qual se encontra.
Para Raimundo (2007, p. 108)

[...], a leitura passa a ser vista como um suporte propício para o dialogismo entre autor
e leitor, revelando uma nova visão extremamente rica, abrindo espaço para a
subjetividade para a expansão da criatividade, incentivando a leitura coletiva e,
consequentemente, a interação entre os homens.

A leitura surge como uma forma de comunicação por meio dos livros ou através de
outras ferramentas de comunicação. O autor pode utilizar-se da escrita como instrumento de
expressão, de diálogo com o leitor. A leitura permite essa interação. De maneira sutil, a leitura
transmite uma infinidade de informações e aprendizagem. Ela é capaz de transformar vidas,
pensamentos e constituir novas formas de ver o mundo, de se ver e de enxergar a sociedade,
abrindo horizontes para o conhecimento e a aprendizagem.
Entretanto,

Atualmente, percebe-se que a leitura é uma das principais deficiências do estudante


brasileiro. Dados publicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais – INEP (2004) apontam que 55% dos alunos cursando a quarta série do
33

Ensino Fundamental apresentaram desempenho crítico ou muito crítico em Língua


Portuguesa (8) (NAVAS; PINTO; DELLISA, 2009, p. 554).

Infelizmente o ato de ler é pouco utilizado. Lemos somente o que achamos


“essencial”: um e-mail do trabalho, uma mensagem de texto enviada pelas redes sociais ou
sobre assuntos que são de interesse pessoal. Talvez, porque vivemos em uma sociedade onde
essa prática é pouco realizada, comentada, praticada ou pela nossa formação familiar, que pouco
nos incentiva a essa atividade. Lamentavelmente, a maioria de nossas crianças só passam a
praticar a leitura ao serem inseridas no ambiente escolar.
Para Vieira (2004), a leitura tem que iniciar-se no ambiente familiar. Esta dever ser
uma das principais incentivadoras desse ato, pois, para ele,

o leitor formado na família tem um perfil um pouco diferenciado daquele outro que
teve o contato com a leitura apenas ao chegar à escola. O leitor que se inicia no âmbito
familiar demonstra mais facilidade em lidar com os signos, compreende melhor o
mundo no qual está inserido, além de desenvolver um senso crítico mais cedo, o que
é realmente importa na sociedade (VIEIRA, 2004, p. 6).

A partir disso, nota-se a importância da família para a formação da criança. Por


meio dela e de seus estímulos é possível torná-las leitoras, durante a infância, o que resulta em
diversos benefícios para esse futuro cidadão. A questão é que pouco ocorre esse incentivo por
parte da família e existem várias dificuldades apontadas pelos pais para não participarem da
vida escolar e até mesmo pessoal da criança como a falta de tempo, o analfabetismo, ou por não
se sentirem bem no ambiente escolar.

2.5 Contação de história

A prática de contar histórias é uma atividade bastante antiga e antigamente as


pessoas mais idosas costumavam contar histórias, lendas, vivências da juventude ou do dia a
dia aos seus filhos, netos ou compartilhavam esses momentos de interação com os vizinhos e
os amigos. Com o passar dos anos essa prática passou a ser utilizada pelos professores em sala
de aula como forma de instigar nas crianças o gosto pela leitura, a desenvolver o prazer por
ouvir histórias e estimular o imaginário infantil.
A contação de história é realizada por muitos professores da educação infantil “[...]
oportunizando momentos de interação comunicativa e fantasia. No entanto, essas oportunidades
de interação comunicativa pouco ocorrem nas famílias, que poderiam, com maior peso afetivo,
tornar esses momentos significativos para a criança” (SCHERER, 2012, p.319). Infelizmente,
34

pouco se é praticado o ato de contar histórias no ambiente familiar. Os pais não têm consciência
da importância da utilização dessa prática para a constituição da aprendizagem de seus filhos.
Segundo Abramovich (1997), é por intermédio de uma história que se pode
descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e ser, outras regras, outra ética,
outra ótica. É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc.,
sem precisar saber o nome de todas essas disciplinas e sem achar que esses assuntos se encaixam
ou fazem parte de uma aula. Todos esses aspectos contribuem para o desenvolvimento da
aprendizagem da criança, pois, além de trabalhar o seu pensamento lógico, trabalha também o
seu imaginário e contribui para a construção da linguagem.
Para Lisboa (2010), a contação de história permite que a nossa imaginação ganhe
vida, pois,

Além de encantar, as histórias transmitem valores, em especial os contos de fadas.


Muitas histórias oferecem importantes referenciais para o desenvolvimento subjetivo
dos pequenos. [...] Ler ou ouvir narrativas é como abrir janelas, e elas se abrem para
novos mundos, novas possibilidades e novas experiências, algumas próximas de nossa
realidade, quase palpáveis, outras fantásticas, tão distantes de nós que nos arrebentam
(LISBOA, 2010, p. 13)

As histórias têm o poder de nos transmitir as sensações vivenciadas pelos


personagens. Têm a missão de nos passar valores e de proporcionar a experiência de
conhecermos outros lugares, outras culturas e um mundo completamente diferentes da
realidade, porém com características do mundo real. Conforme destaca Mateus et al (2014):

A contação de histórias está ligada diretamente ao imaginário infantil. O uso dessa


ferramenta incentiva não somente a imaginação, mas também o gosto e o hábito da
leitura; a ampliação do vocabulário, da narrativa e de sua cultura; o conjunto de
elementos referenciais que proporcionarão o desenvolvimento do consciente e
subconsciente infantil, a relação entre o espaço íntimo do indivíduo (mundo interno)
com o mundo social (mundo externo), resultando na formação de sua personalidade,
seus valores e suas crenças (MATEUS et al, 2014, p. 55-56).

A contação de história tem uma enorme função de despertar o senso crítico e


reflexivo das crianças e de todos os ouvintes, pois um mesmo texto pode ser interpretado de
diversas maneiras. Por meio da contação de histórias em sala de aula, conseguimos divertir e
estimular a imaginação dos alunos, assim como estimular o gosto pela leitura, pois contar uma
história pode tornar-se um ponto de iniciação para se trabalhar conteúdos sistemáticos ao
mesmo tempo em que passa a conhecer a vida pessoal do aluno.
Além do prazer de viajar pela a imaginação,

A escuta de histórias, pela criança, favorece a narração e processos de alfabetização e


letramento: habilidades metacognitivas, consciência metalinguística e
desenvolvimento de comportamentos alfabetizados e meta-alfabetizados,
35

competências referentes ao saber explicar, descrever, atribuir nomes e utilizar verbos


cognitivos (penso, acho, imagino, etc.), habilidades de reconhecimento de letras,
relação entre fonema e grafema, construção textual, conhecimentos sintáticos,
semânticos e ampliação do léxico (SOUZA; BERNARDINHO, 2011, p. 237-238).

Além dessas contribuições citadas pelos autores, a prática de ouvir histórias


promove a motivação para as crianças frequentar às aulas, estimulando a imaginação ao se
trabalhar com a ludicidade, o uso de danças, jogos e brincadeiras, que instigam a criança a
utilizar-se de sua criatividade para viver momentos prazerosos em sala de aula. Pois, tanto na
leitura como na contação de história, o professor pode propor atividades em torno da narrativa
como o reconto feito pelas crianças por meio da oralidade, desenhos, escrita ou representação
teatral. Ao mesmo tempo, o contar histórias é uma prática pedagógica bastante eficaz, pois
apresenta o objetivo de educar de maneira dinamizada.
Outra contribuição apresentada pela utilização de contação de história é o estímulo
à leitura. Para Bamberger (1995, p. 10), “a leitura é um dos meios mais eficazes de
desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. Trabalhar com a linguagem é
trabalhar com o homem”. Partindo dessa visão, a contação de histórias transforma-se em uma
ponte para a motivação do aluno à leitura, pois irá aguçar algumas habilidades antes não
perceptíveis ao nível de desenvolvimento da criança como na melhora da fala oral e escrita,
maneira de se posicionar e se expressar. Sendo assim, para que nossas crianças se tornem
leitores críticos, é necessário ensinar a gostar de ler “[...] com prazer. Isto é possível, e mais
fácil do que parece” (VILLARDI, 1997, p. 2). Para que as crianças passem a gostar e ter hábito
pela leitura é necessário que ocorra um incentivo por partes dos pais, responsáveis, professores,
para que ocorra a consumação dessa ação.
A Literatura Infantil possibilita um emaranhado de sentimentos, emoções, desejos,
sentidos e significados ao mundo infantil, desde que o livro esteja relacionado ao meio em que
a criança está inserida. Por meio da literatura, a criança conhece valores morais e os vivencia
de maneira prazerosa, pois nas histórias contém valores positivos como o respeito ao próximo,
a solidariedade, o respeito à natureza e a autonomia, com intuito de criar cidadãos solidários,
independentes e crítico (MALLMANN, 2011).
Entretanto, para que as crianças tenham experiências e criem gosto pela leitura, os
professores da Educação Infantil devem apresentar e inseri-los no mundo da literatura, para que
desde a infância os alunos compreendam a importância da leitura no decorrer da sua formação.
O professor exerce papel fundamental no processo de valorização da literatura.
Porém, diversos dos profissionais da educação não reconhecem ou não compreendem a
importância da literatura e, consequentemente, da leitura, para a constituição do conhecimento,
36

em especial na infância. É necessário que o professor, por meio de suas práticas docentes, eleja
a Literatura Infantil como método de ensino capaz de estimular e desenvolver o processo de
aprendizagem nas crianças, de maneira mais eficaz e prazerosa.
Portanto, quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros e com a contação
de história, mais cedo ela irá identificar o prazer que a leitura produz e maior será a
possibilidade de se tornar um adulto leitor. É de suma importância que o livro seja tocado pela
criança, que ela tenha a liberdade de folheá-lo, observar as imagens presentes no contexto da
história, de forma a ter um momento íntimo com o livro, para assim perceber que a leitura
pertence a um mundo fascinante, onde a fantasia e a realidade andam juntas e são construídas
por meio de palavras e desenhos.

2.6 Educação infantil: um espaço educativo

A Educação Infantil é configurada como a primeira etapa da Educação Básica, ou


seja, possui um papel indispensável na formação da criança, porém muitas instituições
escolares, a família e a sociedade em geral, ainda não entendem as contribuições que essa etapa
do ensino propicia para o desenvolvimento mental, físico e social da criança.
De acordo com Hermida (2009),

A educação é uma responsabilidade compartilhada [...] entre estado e pais, uma vez
que ambos são promotores ou representantes dos interesses ou dos direitos dos filhos
e dos cidadãos, na medida em que são responsáveis diretos pela prestação ou
concretização destes direitos (HERMIDA, 2009, p. 46).

Dessa forma, o direito a educação é assegurado de um lado pelos pais, por serem os
primeiros educadores das crianças e responsáveis por elas, e por outro lado pelo Estado, que,
enquanto tutores, devem assegurar às crianças o acesso à educação por meio de práticas
políticas que garantam a elas o direito de estarem em sala de aula.
Dessa forma, pode-se afirmar que a Educação Infantil é direito de todas as crianças,
assegurado por lei. Um marco que estabelece a exigência legal é a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação – LDBEN17 nº 9.394/1996, Artigo 4°, inciso IV: “o dever do Estado com a educação
escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento gratuito em creches e pré-
escolas às crianças de zero a seis anos de idade”. Mas, infelizmente essa lei deveria ser mais
valorizada pelo governo por meio de políticas públicas que tenham o objetivo de proporcionar
qualificação das creches e pré-escolas, assim como de profissionais, para melhor atender as
crianças do nosso país.
37

Uma das finalidades da Educação Infantil é desenvolver as habilidades ou


potencialidades das crianças por meio de atividades lúdicas. Entretanto, a realidade em sala de
aula é outra. A fase da Educação Infantil é marcada por métodos tradicionais de ensino-
aprendizagem, com aulas sistematizadas por meio de procedimentos e conceitos que as crianças
não conhecem, que não fazem parte do seu dia a dia e que elas não conseguem compreender,
tão pouco acompanhar. “A criança deve, portanto, aceitar as regras, entrar no jogo. Nesse jogo,
dar a resposta certa, no mais das vezes, confunde-se com dar qualquer resposta, desde que seja
a que o professor quer...” (FREIRE, 1996, p. 54).
Quando o professor não abre espaço para as crianças questionarem e interagirem
ou até mesmo brincarem, ele dificulta mais ainda a aprendizagens dos pequenos, que ao
ouvirem palavras ou verem conteúdos distantes da sua realidade, não compreendem o assunto
nem seus interesses pelo tema será despertado, tão pouco a aprendizagem. Esse método
educativo é chamado de “tradicional” na qual

O professor acredita que ele, como adulto, já descobriu as “verdades” sobre o mundo,
as pessoas, as ideias... e precisa em sua função de expectador e animador fazer com
que o aluno descubra estes conhecimentos. O professor assume, assim, a condição de
modelo e referência para seus alunos, que na categoria de aprendizes precisam imitar
seu mestre para aprender (SCHMITZ, 2006, p. 78).

Mesmo com todas as informações que permeiam o mundo da educação, ainda há


professores que não compreendem que as crianças aprendem de maneiras e em tempos
diferentes, de forma ímpar, cada uma em seu ritmo. No entanto, a escola, em sua maioria,
determina um método de ensino homogêneo ao compartilhar os conhecimentos, sem perceber
que o uso dessa prática prejudica a aprendizagem e o desenvolvimento de seus alunos.
Ainda se faz necessário que as creches e pré-escola compreendam a importância da
escolha de seus procedimentos metodológicos, que ambos trabalhem e envolvam as crianças
em suas particularidades para poderem identificar as dificuldades em que cada indivíduo se
encontra, para então desenvolver métodos que favoreçam as habilidades de cada um.
Outra finalidade da Educação Infantil, já mencionada, está ligada diretamente à
criação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que foi elaborada com o intuito de “[...]
sinalizar percursos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes ao longo da Educação
Básica, compreendida pela Educação Infantil, Ensino Fundamental, anos iniciais e finais e
Ensino Médio” (BRASIL, 2018, p. 8) garantindo, dessa maneira, o direito à educação em todas
as etapas da vida.
De acordo com o documento da BNCC, a escola deve garantir os direitos
fundamentais para a educação, como aderindo ao ensino de múltiplas linguagens tidas como
38

recursos próprios, utilizar-se de recursos de comunicação e informação de maneira crítica e


criativa, apresentar as vivências da cultura com ludicidade, causando encanto em relação às
ciências, buscando ensinar a importância da democracia, da justiça e equidade, de maneira a
fazer o aluno envolver-se e participar dessa descoberta (BRASIL, 2018).
A Educação Infantil, a partir das propostas das Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil, devem ser organizadas por meio de dois grandes eixos, que também
são vigentes na BNCC: os eixos voltados para as interações e os eixos voltados para as
brincadeiras (BRASIL, 2010). Além disto,

[...] há que se garantir: princípios éticos (da autonomia, da responsabilidade, da


solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,
identidades e singularidades), políticos (direitos de cidadania, do exercício da
criticidade e do respeito à ordem democrática), e estéticos (da sensibilidade, da
criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações
artísticas e culturais), conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (Art. 7), e a indissociabilidade entre cuidar e educar e que o currículo
possibilite a constituição das subjetividades humanas (CABÓ, 2014, p. 62).

De acordo com o autor, seguindo as normas que a Diretrizes Curriculares Nacionais


para a Educação Infantil, estabelece a necessidade de se trabalhar os conceitos mencionados
acima de forma a garantir que os princípios destacados sejam trabalhados a partir do currículo
e de obter melhores resultados no desenvolvimento da educação. Sendo assim, as diretrizes
visam preservar a questão da autonomia escolar, incentivando as instituições a montar
estratégias de formação que respeitem as singularidades de cada criança.
Os dois eixos estruturais da BNCC, interagir e brincar, possuem sua importância
por contribuírem para que as crianças consolidem suas aprendizagens. É por meio das
brincadeiras e interações na infância que elas desenvolvem, nessa etapa, as habilidades e
competências necessárias que serão importantes ao longo de toda a vida, pois a educação é um
processo contínuo e ainda uma possibilidade de oferecer à criança uma infância repleta de
conhecimentos por meio de sua convivência na instituição escolar, lugar privilegiado para
despertar a aprendizagem, e por meio de interações sociais, de cultura e de construção de
identidade.
Para Maia (2012),

Foi com a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


que houve avanços para a Educação Infantil. Pela primeira vez no Brasil, com a
Constituição de 1988, reconheceu-se um direito próprio da criança pequena, o direito
à creche e à pré-escola. O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n. 8.069/julho de
1990, em seu artigo 54, determina que o Estado tem o dever de oferecer atendimento
em creches e pré-escolas para crianças de 0 a 5 anos. Na LDB n. 9394/1996, a
nomenclatura Educação Infantil passou a ter forma mais favorável à criança pequena,
e a Lei declara que a Educação Infantil se destina a crianças de 0 a 3 anos em creches
39

e de 3 a 5 em pré-escolas, tornando-se parte integrante da Educação Básica brasileira


(MAIA, 2012, p. 40).

Esse direito à Educação Infantil, segundo Machado (2002), foi conquistado por
meio de lutas sociais das mulheres das periferias urbanas e dos trabalhadores como um todo.
Por volta dos anos 70 houve um aumento das fábricas no país, resultando na necessidade de
criar um lugar específico para os filhos da massa operária. Surge então as primeiras creches
com o foco no cuidar. Somente em 1998 que a educação infantil foi ter reconhecimento, ao ser
colocada na constituição pela primeira vez.
Posteriormente, em 1990, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei
Federal 8069/90), entre os direitos estava o de atendimento em creches e pré-escolas para as
crianças de 0 a 5 nos. Pela primeira vez, uma Constituição do Brasil fez referência a direitos
específicos da criança sem ser direcionados para o Direito da família.
A partir da Constituição de 1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990
(ECA, Lei Federal 8069/90) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996, lei
9394/96, a Educação Infantil foi situada como a primeira etapa da Educação Básica no Brasil,
abrangendo as crianças nas creches de 0 á 3 anos e nas pré-escolas de 3 a 5 anos. Agora não
mais com o intuito de cuidar, e sim, assumindo uma visão e um caráter pedagógico.
40

3 METODOLOGIA

Nesta seção, serão apresentados os métodos, procedimentos metodológicos


escolhidos para o desenvolvimento deste estudo, bem como as estratégias, delimitação do
campo de pesquisa e abordagem, que contribuirão para a coleta e análise dos dados, o local da
pesquisa e a caracterização dos sujeitos participantes da pesquisa.
A metodologia de uma pesquisa refere-se à escolha do caminho metodológico a
seguir, ou seja, de uma série de métodos e técnicas que podem ser utilizadas na sua pesquisa
científica com o intuito de atingir o objetivo geral da pesquisa, assim como os específicos, sendo
assim, uma ferramenta fundamental no desenvolvimento da constituição de uma pesquisa,
tornando-se, indispensável no processo de construção do conhecimento científico.
Segundo Minayo (2001, p. 16), “entendemos por metodologia o caminho do
pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Neste sentido, a metodologia ocupa
um lugar central no interior das teorias e está sempre referida a elas”. Por meio dessa afirmação,
podemos observar a importância da metodologia, pois, para se obter a construção da
metodologia, precisa haver teorias que levem o pesquisador a optar pela prática, tendo por base
a oportunidade de alcançar o objetivo principal da pesquisa durante a aplicação da metodologia.
Em seguida, Minayo (2012) pontua que a metodologia é,

o caminho do pensamento é a prática exercida na abordagem da realidade. Ou seja, a


metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os
instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do
pesquisador (sua experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade) (MINAYO,
2012, p. 14).

Diante dessa citação observa-se que os processos metodológicos existentes e que


podem ser utilizados são amplos e que dependem exclusivamente do investigador, por ser o
responsável pela elaboração dos métodos e da abordagem que será trabalhada na pesquisa,
direcionar o seu estudo segundo as suas experiências frente ao universo científico, respeitando
a necessidade da obtenção de dados para a elaboração e finalização da pesquisa, assim como
deve respeitar e observar as vivências dos demais envolvidos neste estudo.
Escolher o método de pesquisa de um trabalho científico depende de modo
específico do objetivo ao qual você quer atingir com determinada pesquisa. É necessário definir
o tipo de pesquisa e como ela será executada, bem como os instrumentos de coleta e de análise
de dados. Quanto ao método de análise adotado para este estudo trata-se do fenomenológico,
por possibilitar outras maneiras de análise, como entrevistas semiestruturadas.
Sobre esse método de pesquisa, Gil (2008) enfatiza que:
41

O método fenomenológico, tal como foi apresentado por Edmund Husserl (1859-
1938), propõe-se a estabelecer uma base segura, liberta de proposições, para todas as
ciências. Para Husserl, as certezas positivas que permeiam o discurso das ciências
empíricas são "ingênuas". A suprema fonte de todas as afirmações racionais é a
"consciência doadora originária". Daí a primeira e fundamental regra do método
fenomenológico: "avançar para as próprias coisas". Por coisa entende-se
simplesmente o dado, o fenômeno, aquilo que é visto diante da consciência. A
fenomenologia não se preocupa, pois, com algo desconhecido que se encontre atrás
do fenômeno; só visa o dado, sem querer decidir se este dado é uma realidade ou uma
aparência: haja o que houver, a coisa está aí (GIL, 2008, p. 14).

Dessa forma, esse método configura-se pela relevância em determinar a


importância da obtenção de dados. É um método que se ocupa em descrever um determinado
fenômeno tal como é percebido pelo pesquisador. O pesquisador nesse contexto, deve
compreender, por meio de observações acerca da abordagem escolhida, que a realidade é
múltipla. Entretanto, depende inteiramente da interpretação que lhe é dada. Assim, trata-se de
um método subjetivo.
O objetivo do método fenomenológico é entender a relação entre o fenômeno e a
essência, buscando o entendimento de ambos (MARTINS; THEOPHILO, 2018). Dessa forma,
tal método, possui o propósito de compreender o que se põe atrás da realidade. Nesse método,
o pesquisador preocupa-se em mostrar e esclarecer o que é dado, sem se preocupar se se trata
da realidade propriamente dita ou de uma aparência do real. “O objeto de conhecimento para a
Fenomenologia não é o sujeito nem o mundo, mas o mundo enquanto é vivido pelo sujeito”
(GIL, 2008, p. 14).
O método de pesquisa é de suma importância, pois é uma ferramenta que colabora
para a investigação, observação e interpretação buscando solucionar e estudar problemas
existentes na realidade. Segundo Gil (2008),

A pesquisa fenomenológica parte do cotidiano, da compreensão do modo de viver das


pessoas, e não de definições e conceitos, como ocorre nas pesquisas desenvolvidas
segundo a abordagem positivista. Assim, a pesquisa desenvolvida sob o enfoque
fenomenológico procura resgatar os significados atribuídos pelos sujeitos ao objeto
que está sendo estudado. As técnicas de pesquisa mais utilizadas são, portanto, de
natureza qualitativa e não estruturada (GIL, 2008, p. 15).

Assim, a pesquisa é de caráter qualitativo de investigação pelo fato do objeto deste


estudo não ser definido por números, mas pela relação sujeito e objeto de análise, analisando
as relações sociais que o sujeito estabelece com seu objeto de estudo. Outro fator que contribuiu
para a escolha dessa abordagem foi o momento atual de pandemia ao qual estamos vivenciando
no momento devido a propagação da COVID-19 e dadas as dificuldades de realizarmos uma
pesquisa presencial nesse momento. Dessa maneira, a abordagem definida para essa pesquisa
42

foi a qualitativa, com a metodologia fenomenológica, por possibilitar outras maneiras de


análises de diferentes aspectos.
Para Neves (1996),

A pesquisa qualitativa costuma ser direcionada [...]. Dela faz parte à obtenção de
dados descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação
objeto de estudo. Nas pesquisas qualitativas, é frequente que o pesquisador procure
entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada
e, a partir, daí situe sua interpretação dos fenômenos estudados (NEVES, 1996, p. 1).

O autor afirma que a pesquisa qualitativa tem um aspecto direcionado e de


interação, pois parte de um estudo mais amplo, que não envolve operações e estatísticas, mas
sim um aprofundamento e um entendimento dos fatos estudados. De acordo com Neves, não
basta o pesquisador realizar a pesquisa, é preciso que o sujeito da pesquisa esteja disposto a
compreender os problemas existentes no estudo, possuindo a curiosidade e o conhecimento do
que será abordado. Diante disso,

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas


ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja,
ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e
dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis
(MINAYO, 2001, p. 22).

Esse tipo de pesquisa qualitativa aborda uma realidade que não pode ser
quantificada. Através dela pode-se observar e analisar os comportamentos humanos. Tal
pesquisa nos permite também discutir e analisar o universo dos dados que não são possíveis
obter através da quantificação como sentimentos, atitudes, percepções, intenções,
comportamentos, significados.
Alinhado a isso, o tipo de pesquisa de investigação a ser utilizado será o estudo de
caso, que é caracterizado por Gil (2008, p. 57-58) “[..] pelo estudo profundo e exaustivo de um
ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa
praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados”. Esse estudo
visa pesquisar um determinado fenômeno de acordo com o contexto atual da realidade do
estudo.
Conforme afirmam Farias e Pimenta (2011) o estudo de caso, consiste:

[...] na descrição detalhada de um contexto específico, de uma pessoa, de um grupo,


ou seja, de uma escola, um aluno, um grupo de professores, respectivamente. O caso
é sempre bem delimitado, devendo apresentar contornos claramente definidos. Ele se
destaca por se constituir numa unidade de um sistema maior. O interesse, portanto,
incide sobre aquilo que ele tem de único, de particular. Este método possibilita colher
43

uma gama significativa de informações, aprofundando determinados aspectos da


realidade investigada (FARIAS; PIMENTA, 2011, p. 31).

Assim, compreendemos que a pesquisa é um processo de construção, a fim de


buscar informações sobre dada realidade ou um objeto de estudo. Apoiado em determinados
materiais de pesquisa com a realidade, para que possamos desenvolver um estudo de um
fenômeno contemporâneo, dentro de um contexto real, especialmente, quando o contexto do
fenômeno e do real não estão definidos.
Segundo Yin (2005), o uso do estudo de caso é adequado quando se pretende
investigar o como e o porquê de um conjunto de situações contemporâneas. Para o autor, um
dos aspectos importantes que o estudo de caso possibilita ao pesquisador, é “sua capacidade de
lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e
observações” (YIN, 2001, p. 27).
As pesquisas em forma de estudo de casos consistem em avaliar tecnicamente e
profundamente um ou poucos objetos de pesquisa, assim como avalia individualmente cada
caso de estudo. No entanto, mais de um procedimento técnico pode ser utilizado em parceria
na mesma pesquisa. O que irá determinar isso são os objetivos específicos propostos pelo
pesquisado. Nesta pesquisa, atrelado ao estudo de caso, também será desenvolvida uma
pesquisa de natureza bibliográfica, que será utilizada para a construção de um levantamento da
literatura existente acerca das temáticas abordadas.
Para Gil (2008),

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,


constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos
exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre
ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca
de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente
mediante fontes bibliográficas (GIL, 2008, p. 44).

Criteriosamente, a maioria dos trabalhos científicos possuem embasamento teórico,


que são realizados mediante fontes bibliográficas. Os livros, artigos e revistas que possuem
esses modelos metodológicos servem como referências indispensáveis para a fundamentação
de um determinado estudo científico. Dessa maneira, as pesquisas bibliográficas são
indispensáveis a qualquer tipo de trabalho com cunho científico, por fazer menção a uma fonte
de autores teóricos, que disponibilizam seus estudos teóricos e práticos a fim de servirem como
métodos de pesquisa e fonte de expiração.
44

3.1 O contexto da escola escolhida para realização da pesquisa de campo

A pesquisa realizou-se em uma escola da rede pública, na cidade de Amontada –


Ceará. A C.E.I Alaide Zenaide Garcez está situada na Rua Raimundo Uro de Menezes, Bairro
Flores. A creche atende aos alunos do bairro e a alunos do interior do Município, do Missi e da
Agroísa. O último Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola foi realizado no ano de 2019
pela antiga Direção.
Atualmente, está sob a gestão da diretora Maria Jaqueline de Freitas e a
coordenadora Valéria Teixeira, que formam o Núcleo Gestor. A instituição tem em média 61
alunos, divididos em 03 (três) turmas. Dessas turmas, são 01 (uma) do infantil III, 01 (uma) do
infantil IV e 01 (uma) do infantil V. Além do Núcleo Gestor, a escola é composta por quatro
professores que desenvolvem suas atividades em sala de aula e em planejamento de suas
práticas, agora, no entanto, de forma remota.
A estrutura física da escola é bem pequena. No entanto foi pensada para atender
exclusivamente a Educação Infantil. O local dispõe de 02 (duas) salas de aula, 02 (dois)
banheiros, 01 (uma) cantina, 01 (uma) secretária, e 01 (uma) sala que é usada para as crianças
brincarem. A creche funciona nos turnos manhã e tarde.
Possui um total de 09 (nove) profissionais incluindo professores, coordenação e
todas as áreas da escola. A equipe de profissionais se divide da seguinte forma: 04 (quatro)
professores, 01 (uma) Coordenadora, 01 (uma) diretora, 02 (dois) vigias e 01 (uma) auxiliar de
serviços gerais.
A sua escolha como local de pesquisa justifica-se, dentre outros aspectos, pela
instituição ter como público-alvo unicamente a educação infantil, visto que é comum as escolas
ofertarem a Educação Infantil e o Ensino Fundamental I - anos iniciais na mesma instituição de
ensino. Entretanto, a instituição destaca-se, por já conhecê-la e localizada no mesmo bairro que
moro.

3.2 Sujeitos da pesquisa

Como a pesquisa circula no eixo da docência, os sujeitos participantes foram 02


professoras do Infantil V, sendo estas, uma graduada em Licenciatura em Pedagogia e a outra
pós-graduada em Educação infantil. Ambas fazem parte do corpo docente da instituição, sendo
uma concursada e a outra contratada e lecionando para a mesma turma. Assim, também são
45

sujeitos da pesquisa 05 pais ou responsáveis por crianças que sejam alunas da referida turma
(Infantil V).
A escolha deste público justifica-se pelo fato de que, por meio desse grupo de
sujeitos, será possível compreender a relação família e escola, observando as indagações
levantadas por aqueles que fazem parte da família e por aqueles que convivem diariamente com
as crianças no âmbito escolar, mesmo que nesse momento de Pandemia, esse contato ocorra de
forma remota. Ao buscar essa abordagem direta com os educadores e os responsáveis dessa
mesma instituição escolar e da mesma turma do Infantil V, é possível entender a dinâmica dessa
relação, quais os desafios e lacunas dessa relação, assim como a importância de manter esse
relacionamento sempre em desenvolvimento.
Em uma pesquisa de cunho acadêmico é de suma importância manter uma postura
ética perante aos sujeitos pesquisados para não haver, durante a coleta de dados, nenhum tipo
de constrangimento por parte das professoras. Por esse motivo, as professoras foram
representadas pela letra (P) em maiúsculo e numeradas de 1 a 2, ou seja, P¹ e P². E os pais ou
responsáveis serão representados pela letra (R) também em maiúsculo e numerados de 1 a 5, da
seguinte forma: R1, R2, R3, R4, R5.
É válido enfatizar ainda que foi elaborado um documento solicitando à diretora da
escola onde fora realizada a pesquisa, autorização para a divulgação do nome da instituição em
possíveis publicações desta pesquisa (Apêndice D), o que foi concedido.

3.3 Os instrumentos para coleta de dados e critérios para análise dos dados

Será adotado como procedimento de coleta de dados uma entrevista


semiestruturada com os professores e com os pais do infantil V. A entrevista com os professores
será realizada com o intuito de conseguir captar as metodologias que a mesma considera
eficazes para o processo de desenvolvimento da leitura nas crianças e descobrir qual a
contribuição da família nesse processo. A entrevista com os pais será realizada com a finalidade
de descobrir como os pais contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem dos seus filhos
e qual a relação da mesma com a escola.
De acordo com Duarte (2004) as

entrevistas são fundamentais quando se precisa/deseja mapear práticas, crenças,


valores e sistemas classificatórios de universos sociais específicos, mais ou menos
bem delimitados, em que os conflitos e contradições não estejam claramente
explicitados. Nesse caso, se forem bem realizadas, elas permitirão ao pesquisador
fazer uma espécie de mergulho em profundidade, coletando indícios dos modos como
46

cada um daqueles sujeitos percebe e significa sua realidade e levantando informações


consistentes que lhe permitam descrever e compreender a lógica que preside as
relações que se estabelecem no interior daquele grupo, o que, em geral, é mais difícil
obter com outros instrumentos de coleta de dados (DUARTE, 2004, p. 215).

Duarte esclarece a eficiência dos dados coletados por meio de entrevistas desde que
elas sejam realizadas com “perfeição” e “eficiência”, pois uma boa entrevista permite que o
pesquisador obtenha informações vastas acerca da temática abordada, permitindo, dessa forma,
que o entrevistador caminhe pelas singularidades e realidades de cada entrevistado, o que outros
métodos de pesquisa não permitiriam. “Quando o entrevistador consegue estabelecer certa
relação de confiança com o entrevistado, pode obter informações que de outra maneira talvez
não fossem possíveis” (LAKATOS, 1996, p.199).
A escolha pela entrevista semiestruturada se deu pelo fato desse tipo de entrevista
combinar perguntas abertas, ao qual posso realizar em qualquer momento da entrevista, com
perguntas fechadas, que já foram estabelecidas para serem realizadas durante a entrevista.
Segundo Boni e Quaresma (2005), na entrevista semiestruturada,

o pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o


faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal. O entrevistador
deve ficar atento para dirigir, no momento que achar oportuno, a discussão para o
assunto que o interessa fazendo perguntas adicionais para elucidar questões que não
ficaram claras ou ajudar a recompor o contexto da entrevista, caso o informante tenha
“fugido” ao tema ou tenha dificuldades com ele. Esse tipo de entrevista é muito
utilizado quando se deseja delimitar o volume das informações, obtendo assim um
direcionamento maior para o tema, intervindo a fim de que os objetivos sejam
alcançados (BONI; QUARESMA, 2005, p. 75).

A vantagem desse tipo de entrevista é que geralmente ela consegue transmitir um


índice de respostas bem abrangente, pois esse método facilita a interação entre entrevistador e
entrevistado favorecendo o aparecimento de respostas espontâneas, de forma a dar abertura para
que o pesquisador esclareça questões ao qual não estejam claras e voltar a dirigir o diálogo à
questão principal quando o entrevistado estiver saindo do contexto da entrevista.
Entretanto, o pesquisador não deve esquecer de ser cauteloso e de respeitar o espaço
e as delimitações dos entrevistados, para não causar constrangimentos durante a entrevista, em
especial nas entrevistas semiestruturadas que, de certa forma, fornecem uma maior liberdade
ao entrevistado para “passear” com diferentes argumentos e perguntas.
Rodrigues (2007) orienta o pesquisador a começar a entrevista pelas indagações
menos sensíveis, estimular o entrevistado a dar respostas concretas, sem forçar o respondente,
fazer uma pergunta por vez e observar as expressões corporais. Rodrigues (2007) ainda destaca
que não é viável aplicar muitas entrevistas, a muitos grupos de pessoas e as entrevistas
47

realizadas deverão ser gravadas e redigidas em seguida, de forma que sejam melhor
aproveitadas para a obtenção dos dados.
48

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Esta seção apresenta os resultados e discussão dos dados coletados a partir de


entrevistas realizadas com as duas professoras que lecionam na mesma turma do Infantil V. Em
seguida, apresentará os dados obtidos nas entrevistas realizadas com cinco responsáveis por
crianças que estudam nessa mesma turma. As entrevistas foram realizadas/respondidas
individualmente, sendo que ambas foram gravadas com a devida permissão dos(as)
participantes e respeitando a disponibilidade de cada um(a).
Este tópico do trabalho divide-se em cinco (05) subseções. A primeira subseção,
“Caracterização dos participantes da pesquisa”, descreve o perfil desses entrevistados,
professores e pais ou responsáveis. Posteriormente, apresentamos a subseção “Relação família
escola”, pautada nas respostas das professoras, denominadas de P1 e P2, para as perguntas que
fazem menção ao relacionamento da escola com a família. Seguindo, a subseção
“Aprendizagem da leitura por meio da contação de história”, que também analisará as respostas
da P1, e P2, tendo a contação de história e a prática da leitura como principais assuntos
norteadores desta subseção.
Por conseguinte, teremos novamente a subseção “Relação família escola”, porém,
pautada nas respostas dos cinco pais ou responsáveis, que irão abordar as realidades existentes
no relacionamento família e escola. Por fim, teremos uma vez mais, a subseção “Aprendizagem
da leitura por meio da contação de história”, que irá discutir as respostas das cinco pais ou
responsáveis sobre a prática da contação de histórias, e qual o papel de ambos nesse processo.

4.1 Caracterização dos participantes da pesquisa

Antes de realizar o aprofundamento da análise de dados, se faz necessário


caracterizar o perfil de todos os participantes da pesquisa. Para isso, seguirá a seguinte
sequência: professoras, denominadas P1 e P2, seguida pelos pais ou responsáveis, denominados
R1, R2, R3, R4, R5.
• A P1 é licenciada em Pedagogia, sendo formada pela Universidade estadual do Ceará
(UECE). Concluiu o curso em 2020. Leciona há seis (06) meses e atualmente trabalha
junto a turma do Infantil V;
• A P2 é Pós-graduada em Educação Infantil. Atua como docente na Educação Infantil há
vinte (20) anos. E atualmente trabalha junto à turma do Infantil V;
49

• A R1 é mãe de uma (1) criança matriculada no Infantil V e não concluiu o Ensino


Fundamental, parando na oitava série, classificado atualmente como nono ano;
• A R2 é mãe de uma (1) criança matriculada no Infantil V e concluiu o Ensino Médio.
Iniciou o Ensino Superior, mas teve que trancar;
• A R3 é avó e responsável por uma (1) criança matriculada no Infantil V e possui o Ensino
Médio completo;
• A R4 é mãe de uma (1) criança matriculada no Infantil V e possui o Ensino Fundamental
completo;
• A R5 é mãe de uma (1) criança matriculada no Infantil V e possui o Ensino Médio
incompleto.

4.2 Relação família escola sobre um olhar pedagógico

Após as entrevistas semiestruturadas realizadas com cada um dos participantes de


forma individual, as gravações em áudios e vídeos foram transcritas e podem ser acompanhadas
nos Apêndices. Também apresentaremos as súmulas das principais ideias das entrevistas, frente
às respostas que ambas apresentaram nesta subseção para as seis (6) questões propostas na
entrevista semiestruturada, que condizem diretamente com a relação família e escola. Ambas
as perguntas e respostas foram organizadas conforme se vê no Quadro 1.

QUADRO 1- Sínteses da primeira etapa das entrevistas realizadas com as professoras

Questões (1-6) Respostas P1 Respostas P2


“Assim, projeto, projeto mesmo da escola, que
a escola propôs, a gente ainda não tem, só que “No momento, o contato está
o município como um todo, para todas as restrito durante o período de
1. Como é a relação da
escolas, eles têm o projeto intitulado Brincando pandemia, atendendo os
escola (professores, gestão)
em Família, que existe desde o ano passado chamados na escola para
com os pais dos alunos?
esse projeto, esse projeto existe desde o ano regularização de documentos,
passado para que aconteça essa aproximação recebimento de material.”
entre família e escola.”
2. As famílias costumam
frequentar a escola com “Não vou saber dizer se a família frequentava a “O contato está restrito
frequência? Interage com os sala de aula, porque não tive esse contato ainda. durante o período de
professores/gestão? Visita a A gestão no grupo é mais pra dá algum recado.” pandemia.”
sala de aula?
“A escola em si não, o Município sim, que é o
Brincando em Família, mas é algo que é
1. 3. Na escola existe algum
voltado para todas as escolas, não é algo
projeto, alguma ação, que “Sim, o Projeto Brincando em
exclusivo da creche. De certa forma, é algo que
vise a aproximação da Família.”
tem tido resultado, porque por mais que seja
família? Se sim, qual?
pouco o retorno que a gente recebe a gente ver
a presença dos pais.”
50

“Sim, os benefícios são o


“Eu acredito que é algo que traz muito
diálogo para melhorar a
benefício sim. porque nós nesse momento de
aprendizagem das crianças;
aulas remotas, estamos dependendo mais do
diminuição de faltas;
que nunca da participação dos pais, porque são
2. 4. Para você, a participação resolução no caso de
os pais que estão ensinando de certa forma,
da família na escola é problemas com o
porque a gente não vai mandar uma mensagem
importante? Cite os comportamento; apoio no
no grupo pra uma criança de cinco anos e ela
benefícios dessa interação desenvolvimento cognitivo e
vai ler a mensagem e fazer a atividade, quem
entre a família e a escola? afetivo das crianças; auxílio
está fazendo isso é os pais, então é algo que, a
no desenvolvimento da
gente como professor e coordenação deveria ter
autonomia e da
mais esse apreço, esse cuidado em está
responsabilidade dos
entrando em contato com a família.”
pequenos.”
“Eu acho assim que eu, enquanto professora,
buscar fazer vídeos mais interativos, buscar
“O professor deve fazer um
3. 5. De que forma os esse contato diretamente com o pai no privado,
bom planejamento, incluindo
professores podem está falando com cada um, tentando essa
aulas lúdicas e atrativas,
estimular as famílias na aproximação, talvez fazendo até uma visita
mantendo contato com essas
participação da uma vez por mês por aí, iria chamar a atenção
famílias, conscientizando da
aprendizagem dos alunos, dos pais. Eles iriam notar que a gente está se
importância que tem a
principalmente nas aulas esforçando um pouco mais, só que eu sozinha
participação deles nesse
remotas? também não posso fazer isso pela escola. É
momento.”
necessário a mobilização de um todo da
escola.”
“Com certeza, nos estágios, quando eu
participava dos estágios a gente percebe quando
aquela criança ela é motivada de dentro de casa
a vim pra escola. Tem aquela criança que ela é
tímida, tem aquela criança que é mais
“Com certeza, aquela criança
acanhada, mas tem aqueles que a gente ver o
que tem uma família
esforço, que a gente sabe que quando chegar em
4. 6. Na sua opinião, os alunos responsável, participativa e
casa ela vai mostrar pro pai a atividade.
que possuem familiares interessada pelo processo de
Aquelas mãezinhas que chegava pra buscar a
mais participativos tendem aprendizagem dos seus filhos,
criança, isso nos estágios, a gente via aquele
a adquirir melhor resultado vai mostrar um avanço em
cuidado, tem pais que perguntam se a criança
na aprendizagem? todos os aspectos do
está indo bem, se ela está aprendendo a ler, se
conhecimento.”
ela se comportou. Isso a gente vê quando os
pais chegam perguntando isso, a gente nota na
criança, que a criança tem aquele cuidado em
ser especial pro pai, então eu acredito que sim,
os pais eles têm fundamental importância na
aprendizagem da criança.”
FONTE: Elaborada pela autora.

Sobre a questão um (01), que trata da relação da escola (professores, gestão) com
os pais dos alunos, nenhuma das entrevistadas deixa claro a real relação existente entre a escola
e a família. É possível observar que, enquanto a P1 destaca a falta de um projeto estabelecido
pela escola para ocasionar essa aproximação da família no âmbito escolar, a P2 chama a atenção
para o momento atual ao qual toda a população está passando, o isolamento social ocasionado
pelo COVID-19 que, consequentemente, afetou as escolas e o relacionamento dela com as
famílias. Segundo a P2, “o contato está restrito durante o período de pandemia, atendendo os
chamados na escola para regularização de documentos, recebimento de material”. Por meio da
51

fala da entrevistada, observa-se que o contato entre a família e a escola que, por vezes, já é
prejudicado, se encontra cada vez mais “distante”. Sabemos que os desafios relacionados a
relação família/escola são diversos, no entanto,

[...]algo novo aconteceu, o início do ano de 2020 foi totalmente atípico pois o mundo
todo foi acometido por um vírus causador de doença respiratória e de transmissão
muito rápida, o novo Coronavírus – COVID-19. Devido à alta taxa de disseminação
mundial do vírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou no dia 11 de
março de 2020 o estado de pandemia (OLIVEIRA; PERES; AZEVEDO, 2021, p. 75).

Frente a essa situação, que ainda é atual, houve a necessidade da intervenção


governamental, através da legislação específica, orientar e propor ações que mantivessem a
população apar das medidas de segurança, com o objetivo de conter a propagação do vírus. E
como principal meio de evitar essa propagação, o isolamento social foi efetivado. Dessa forma,
todas as áreas públicas de todos os segmentos que poderiam ocorrer aglomeração de pessoas
foram fechadas, consequentemente as escolas também, de forma ao Ministério da Educação -
MEC estabelecer o ensino remoto como o principal meio de dar continuidade às atividades
escolares.
Na questão dois (2), ao serem questionadas sobre se “as famílias costumam
frequentar a escola, interage com os professores/gestão e se visitam a sala de aula”, ambas as
entrevistadas, foram bem sucintas nas respostas. A P1 alega não saber da resposta, pois ainda
não vivenciou a prática de dar aulas presenciais, apenas remota na escola, consequentemente
não teve esse contato físico com os pais. Afirma ainda que a relação da gestão com os familiares
se dá pela utilização do aplicativo do grupo do WhatsApp, porém, ocorre estritamente para dá
algum recado aos pais. A P2 limitou a responder que esse contato está restrito durante a
pandemia.
Sabe-se da importância da participação da família no âmbito escolar, pois essa
parceria entre família/escola é de suma importância para a aprendizagem das crianças e esse
envolvimento não pode ser desconsiderado nem pela família e tão pouco pela escola. Segundo
Crepaldi (2015, p. 11.737),

a participação dos pais na vida da criança é essencial e quando se estende até a escola,
torna-se o processo de aprendizagem uma extensão daquilo que se iniciou em seu
convívio familiar. Com essa participação dos pais no processo de ensino
aprendizagem, a criança fica mais confiante, uma vez que percebe que todos se
interessam por ela, e também porque passam a conhecer quais são as dificuldades e
quais os conhecimentos que ela tem.

A família é um espaço educativo por excelência. É nela que se inicia as relações


sociais, a iniciação ao desenvolvimento moral, cognitivo e afetivo (DIOGO, 1998). Dessa
52

forma, a participação dos pais ou responsáveis na vida da criança se faz essencial e quando essa
participação estende-se à escola, pode tornar-se uma extensão daquilo que a criança já
vivenciou em casa. Essa junção, família/escola, segundo Crepaldi (2015), torna a criança mais
confiante e a faz perceber quais as dificuldades que a cercam e quais conhecimentos ela já
possui.
Na questão três (03), que aborda se na “escola existe algum projeto, ação, que vise
à aproximação da família”, as duas entrevistadas afirmam a existência de um projeto
denominado “Brincando em Família” que, segundo a P1, “é algo que é voltado para todas as
escolas, não é algo exclusivo da creche. De certa forma, é algo que tem tido resultado, porque
por mais que seja pouco o retorno que a gente recebe a gente vê a presença dos pais”. Por meio
da continuação da fala transcrita da P1 (Apêndice E), é possível observar que esse projeto
proposto pelo Município, propicia alguns benefícios para o relacionamento família/escola. A
entrevistada conclui que,

[...] por mais que seja pouco o retorno que a gente recebe a gente vê a presença dos
pais. Teve uma atividade que era pra fazer a letrinha do nome. Ali naqueles vídeos
quando eu recebi tinha a mãezinha falando, pegando na mão da criança, tem também
a pescaria que é uma atividade realizada com pregador e umas tampinhas de garrafa,
aí nessa atividade também a gente vê a presença do pai, da mãe, a partir de atividades
propostas por esse projeto (P1).

Por meio desse relato, podemos observar que por mais que a participação da família
ocorra de forma proposital e de forma rápida, a partir de uma aparição em um vídeo, a presença
dos pais é considerada pela pedagoga como algo de extrema relevância e importância para a
construção e realização das atividades propostas.
Nesse novo modelo de ensino, em que as aulas ocorrem de forma remota, mais do
que antes, a escola precisa da presença dos pais para a realização e entrega das atividades das
crianças. Alinhado a isso, os autores Oliveira, Peres e Azevedo (2021, p. 75) afirmam que a
“[...] família exerce um papel importante na formação dos alunos. Com essa nova configuração
de ensino, fica ainda mais evidente a necessidade de participação da família na promoção das
atividades junto com seus filhos”.
Na quarta (04) questão, ao serem perguntadas se a participação da família na escola
é importante e quais os benefícios dessa interação entre a família e a escola, ambas as
entrevistadas deram respostas bem pertinentes. As duas acreditam que essa participação da
família tem sim muita relevância. Segundo a P2, os benefícios dessa interação família/escola
são:
53

o diálogo para melhorar a aprendizagem das crianças; diminuição de faltas; resolução


no caso de problemas com o comportamento; apoio no desenvolvimento cognitivo e
afetivo das crianças; auxílio no desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade
dos pequenos (P2).

Segundo a visão de Tiba (1996), a instituição escolar deve ser um ambiente que
venha a completar o ambiente familiar da criança, devendo ser pautados em cuidados de forma
a ser agradável e distribuir afeto. Os pais ou responsáveis devem partilhar de princípios bem
próximos de forma a gerar benefícios para os alunos, como os destacados pela P2.
A escola, assim como os pais, precisa trabalhar em conjunto em prol da educação
das crianças, pois é notório que uma criança que possui um incentivo dos pais em casa, tende a
se desenvolver melhor na escola. Atrelado a isso, a P1 traz a seguinte fala:

o que a gente propõe os pais que sempre fazem as atividades. É notório que eles
gostam de fazer, eles gostam que a gente responda “Gael você foi nota dez”, aí a
mãezinha vai lá e responde, pede pra criança gravar um áudio, isso é muito
interessante. E isso enriquece o trabalho da gente, enriquece a nossa formação
enquanto professora. É um estímulo também para nós professores. Outros benefícios
são a preocupação com a criança, o cuidado, a sensibilização dos pais em estar fazendo
as atividades, é a motivação das próprias crianças, tem que ter o pai ali do lado, a mãe
pedindo, insistindo (P1).

Ao analisar essa transcrição, nota-se que os pais que são participativos em relação
a vida escolar do filho, se satisfazem ao ajudarem a criança a realizar as atividades juntamente
e vibram com as conquistas dos mesmos. Essa união entre essas entidades de ensino enriquece,
de certa forma, ao educador, por ser um incentivo a sua profissão. Enriquece aos pais, por se
sentirem úteis nesse processo de aprendizagem dos filhos/filhas e, consequentemente,
enriquece a própria criança, pois ela se depara com o incentivo em ambas as instituições, tanto
na escolar como no conforto da sua casa.
Na quinta (05) questão, temos a seguinte indagação: De que forma os professores
podem estimular as famílias na participação da aprendizagem dos alunos, principalmente nas
aulas remotas? À essa pergunta, obtivemos as seguintes respostas:

Eu acho assim, que eu, enquanto professora, buscar fazer vídeos mais interativos,
buscar esse contato diretamente com o pai no privado, estar falando com cada um,
tentando essa aproximação, talvez fazendo até uma visita uma vez por mês por aí, iria
chamar a atenção do pai, eles iriam notar que a gente está se esforçando um pouco
mais, só que eu sozinha também não posso fazer isso pela escola. É necessário a
mobilização de um todo da escola (P1).

Já segundo a P2, “O professor deve fazer um bom planejamento, incluindo aulas


lúdicas e atrativas, mantendo contato com essas famílias, conscientizando da importância que
tem a participação deles nesse momento”.
54

Ambas as educadoras refletem sobre o seu papel frente a essa possibilidade de


estimular as famílias a serem mais participativas na aprendizagem das crianças. Segundo a P1,
nesse momento de pandemia, uma opção viável seria gravar vídeos mais interativos, que
envolvam os pais, já a P2 acredita que um bom planejamento que inclua aulas lúdicas e
atrativas, pensadas em manter contato direto com os pais ou responsáveis, seria uma solução
para fortalecer essa relação de parceria com as famílias.
Pressuposto a esses pensamentos, Connel (1995) irá afirmar que

A busca de uma boa relação entre família e escola deve fazer parte de qualquer
trabalho educativo que tem como foco a criança. Além disso, a escola também exerce
uma função educativa que tem como foco a criança, a escola também exerce uma
função educativa junto aos pais discutindo, informando, aconselhando, encaminhando
os mais diversos assuntos para a família e escola em colaboração mútua; para que
possam promover uma educação integral à escola (CONNEL, 1995, p. 88).

Seguindo essa linha de raciocínio, tanto a P1, quanto a P2, estão corretas em suas
indagações, referente ao seus papeis frente a busca de uma maior aproximação com as famílias.
Entretanto, elas precisam reconhecer, e a P1 reconhece, que a escola, juntamente com a gestão,
também pode exercer uma participação ativa nesse processo de aproximação com as famílias,
mantendo contato com os responsáveis das crianças, aconselhando-os, informando-os e levando
a esses pais os diversos assuntos que englobam essa relação família/escola, tendo sempre como
foco principal o bem estar da criança.
Na sexta (06) questão, ao serem perguntadas sobre se os alunos que possuem
familiares mais participativos tendem a adquirir melhor resultado na aprendizagem, as duas
pedagogas afirmaram que sim. Para a P2, “aquela criança que tem uma família responsável,
participativa e interessada pelo processo de aprendizagem dos seus filhos, vai mostrar um
avanço em todos os aspectos do conhecimento”.
Desse modo,

a experiência familiar permite ou não que a criança desenvolva um processo de


aprendizagem e adquira, consequentemente, um conjunto de competências que vai
utilizar no exterior, em situações que exigem que assuma um papel e estatutos
semelhantes. É a partir da aprendizagem feita com o subsistema parental que ela pode,
por exemplo, relacionar-se sem medos ou inseguranças excessivos com os professores
ou adultos que encontra na escola, os quais funcionam, de algum modo, como imagens
especulares dos pais (FREDDO, 2004, p. 67).

Sendo assim, as experiências vivenciadas no leito familiar podem,


consequentemente, aguçar na criança diferentes competências, as quais as crianças poderão
utilizar-se quando acharem necessário. Para Freddo (2004), é a partir das aprendizagens
transpassadas pelos familiares que a criança pode relacionar-se em sociedade, por exemplo,
55

sem medos e inseguranças, em particular ao se relacionar com os adultos e professores que ela
se depara na escola.

4.3 Aprendizagem da leitura por meio da contação de história

A contação de histórias é caracterizada como uma atividade fundamental na


formação e no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem das crianças. Scherer
(2012) irá afirmar que essa prática de contar histórias é iniciada pelos professores ainda na
Educação Infantil e oportuniza à criança vivenciar momentos de muita interação e fantasia e
lamenta o fato dessa prática muitas vezes não serem vivenciadas nem praticadas pelas famílias.
Conforme se pode observar a seguir, no quadro 2, essa segunda parte das entrevistas
realizadas com as pedagogas foram pautadas e divididas em dez (10) questões, que englobam
a família, a contação de histórias e, consequentemente, o ato da leitura.

QUADRO 2 - Síntese da segunda etapa das entrevistas realizadas com as professoras

Questões (1-10) Respostas P1 Respostas P2


“Sim, pelo menos duas vezes por
1. 1. Você tem o hábito de “O projeto ‘Brincando em Família’ tem
semana. A contação de história se
contar história para os seus essa sequência de contação de história. No
faz necessário para socializar,
alunos? Com que caso, é todas as sextas-feiras, eu conto
educar, vivenciar, alfabetizar,
frequência isso ocorre? uma sexta sim, uma sexta não.”
entre outros.”
“Nesse último mês, teve a história, por
exemplo, ‘O Passeio de Mariana’. Nessa
história ela fala sobre um lindo passeio,
um lugar encantador que, a convite do
“Nessa fase da Educação infantil
avô, a Mariana ela vive uma experiência
eles gostam de histórias de
2. 2. Quais histórias você de conhecer o mundo da fantasia, como se
animais e eu conto histórias que
costuma contar? Quais fosse um passeio mágico. Eu acredito que
abordam valores como de bom
valores elas geralmente é basicamente isso, o respeito, a
comportamento, empatia,
abordam? humildade, valores, como nos três
amizade, bondade, entre outros.”
porquinhos, valorizar o que você tem, não
ter preguiça, ser esforçado, dedicado,
ouvir os conselhos de quem é mais
experiente, o cuidado consigo e com o
próximo como já falei, a solidariedade.”
“Sim. Quando eu estou contando uma
história pra criança, ela fica com a “Sim, a partir do momento que a
curiosidade em saber de onde eu estou criança se encanta com a contação
tirando essa história, de onde é que eu de histórias, ela se interessa pela
3. 3. Você como educador,
estou lendo e nós como mediadores dessas leitura mesmo que ela ainda não
acredita que a contação de
crianças, dessas aprendizagens, nós temos saiba ler convencionalmente. A
história contribui para o
que favorecer, fornecer o contato dessas criança desde muito pequena pode
processo da leitura? De que
crianças com os livros. Eu estou contando, fazer leitura de imagem, reconto e
forma?
mas posso deixar a criança pegar, deixar a com a participação do adulto ela
criança conhecer o livro pra ela ir se desenvolve amor pelo que está
familiarizando com a leitura, é o meu escrito.”
papel enquanto professora fazer essa
56

mediação da criança com a leitura, da


criança com o livro.”
“A contação de histórias permite
trabalhar inúmeros aspectos na
4. 4. Quais os benefícios da “Eu acredito que seja desenvolver o vida escolar da criança como é o
contação de histórias para imaginário da criança, as emoções, o caso da interação, socialização,
a aprendizagem das brincar, o escrever e principalmente o aprimoramento dos laços da
crianças? ler.” amizade, desperta desde cedo o
amor pela leitura e curiosidade
pelos livros.”
“Existe um projeto, Conto e
Reconto na Educação Infantil.
“No Projeto ‘Brincando em Família’, no Esse projeto é desenvolvido mais
comecinho do semestre agente fez essa ou menos assim, quando era aula
proposta do pai contar uma história pra presencial a gente contava a
criança e gravar. Infelizmente, a gente não história ou dramatizando ou
5. 5. Você costuma utilizar de obteve retorno, mas teve sim essa utilizando alguns recursos ou com
alguma estratégia ou ações proposta, foi justamente através desse as crianças participando como
para aproximar a família Projeto ‘Brincando em Família’ eu não personagens mesmo e ao chegar
da aprendizagem da leitura obtive retorno. Na minha timidez de em casa eles fazerem o reconto, o
dos seus filhos? professora iniciante eu não tive a coragem reconto daquela história para os
mesmo de cobrar, de perguntar e eu pais e os pais serem os escribas,
também não tive um apoio que me escrever no papel como foi que as
mandasse, que me motivasse a buscar crianças contaram e mandarem pra
respostas do porquê não obtive respostas.” gente, e da mesma forma na aula
remota a gente tenta usar essa
estratégia.”
“Nesse período de aula remota,
ficou complicado essa interação
6. 6. A família é estimulada a “A gente faz a nossa contação, a nossa
com as famílias; Nós professores
trabalhar a contação de parte de estar gravando os vídeos e tal,
fazemos essa atividade através de
história com os mas dizer que a família é estimulada a
vídeos porque muitas mães não
filhos/alunos? De que fazer a contação, pelo menos na minha
gostam de contar histórias para os
forma? escola não, eu ainda não presenciei isso.”
filhos.”

“O pai ele pode estar apresentando livros “Os pais precisam mostrar
à criança, até mesmo contando a história, interesse pelas histórias para que
7. 7. De que forma os pais eu acredito que criar uma rotina, um as crianças sintam esse
podem contribuir para essa hábito. O que a criança faz, ela é o espelho encantamento pelos livros. Em
aprendizagem da leitura do seu responsável, dos seus pais, se ela primeiro lugar, precisamos ter
por meio da contação de percebe que aquele pai, aquela mãe, ela livros infantis em casa, a presença
histórias? não ler, ela só fica no celular, a criança de livros deixa as crianças mais
também só vai ficar no celular porque ela interessadas, e esse contato com
não percebe esse hábito dentro de casa.” eles é o início desse encanto.”
“Com certeza. Uma criança, que ela,
como eu falei da rotina, seria ideal, seria
8. 8. Na sua opinião, as
ótimo, se as famílias pudessem criar essa
crianças que possuem
rotina pra que virasse um hábito pra “Com certeza. A contação de
familiaridade com a
criança, mas como a gente também já histórias estimula e desperta a
contação de história
falou, a realidade é bem diferente, mas, curiosidade pelo mundo letrado.”
tendem a desenvolver-se
assim, se as crianças, elas tivessem essa
melhor na aprendizagem
familiaridade com a contação de história,
da leitura?
com certeza elas desenvolveriam melhor
a aprendizagem delas na leitura.”
“Tem a minha caracterização, eu, o meu
9. Quais recursos,
avental, a minha tiara para chamar a
estratégias ou matérias são “Eu uso o livro, fantoches,
atenção da criança. Eu uso o livro, as
utilizados no momento da dedoches, desenhos, música e
plaquinhas pra ir contando a histórias,
contação de história na objetos variados.”
músicas, gravuras, pego a imagem
educação infantil?
imprimo e colo no quadro e vai contando,
57

bonequinhos de EVA também, essas


coisas.”
“Não existe dificuldade. A criança
“A principal dificuldade, principalmente
é conquistada pela forma usada
nesse momento que eu me encontro é de
para essa contação e a partir daí ela
justamente não está perto da criança, está
se concentra, participa, curte cada
10.Quais as dificuldades em mostrando, é, fazendo com que elas
momento e ainda pede pra repetir
trabalhar a contação de tenham acesso ao livro, fazendo com que
a história. O momento da contação
história em sala de aula, elas vejam de perto as gravuras dos livros,
é um momento mágico, é com esse
para que se desenvolva a as imagens, todo aquele encanto do livro,
recurso que a criança se transporta
aprendizagem da leitura o folhear das páginas e isso é uma grande
para o cenário da história, se
por meio desse método? dificuldade que a gente enfrenta. Essas
emociona, interage, reconta, se
aulas remotas tem nos ensinado muitas
identifica com os personagens,
coisas, mas também tem nos limitado
interpreta o que ouviu e muito
muito.”
mais.”
FONTE: Elaborada pela autora.

Nessa primeira pergunta, as pedagogas se deparam com a seguinte indagação: Você


tem o hábito de contar história para os seus alunos? Com que frequência isso ocorre? E as duas
entrevistadas afirmam ler historinhas semanais para as crianças do Infantil V, enquanto a P1
afirma contar histórias “uma sexta sim, uma sexta não”. A P2 expõe que ela tem o hábito de
contar histórias “pelo menos duas vezes por semana”. E ainda pontua que “A contação de
história se faz necessário para socializar, educar, vivenciar, alfabetizar, entre outros” benefícios.
Inúmeros são os benefícios da escuta de uma contação de história e perante esses
benefícios as duas pedagogas irão abordar na quarta (04) questão: Quais os benefícios da
contação de histórias para a aprendizagem das crianças? As suas visões sobre tais benefícios
propiciados por essa prática no âmbito escolar. A P1 faz a seguinte indagação “Eu acredito que
seja desenvolver o imaginário da criança, as emoções, o brincar, o escrever e principalmente o
ler”.
A P2 acredita que “A contação de histórias permite trabalhar inúmeros aspectos na
vida escolar da criança como é o caso da interação, socialização, aprimoramento dos laços da
amizade, desperta desde cedo o amor pela leitura e curiosidade pelos livros”. Dessa forma,
pode-se notar que as duas educadoras possuem conhecimentos acerca da importância da
contação de histórias nessa fase da Educação Infantil e qual os seus papeis perante essa
realidade escolar.
Uma boa narração de uma história seja ela de forma oral ou por intermédio de um
livro pode contribuir e muito para o desenvolvimento de uma criança. E dentro desde contexto,
a escola é um local propício para a realização da contação de histórias. Araújo, Bravo e
Rodrigues (2014, p. 84) afirmam que ‘‘a contação de história em sala de aula estimula a
58

criatividade e a imaginação, o que facilita a aprendizagem oral e escrita’’. Reafirmando, dessa


forma, a fala dada pela P2.
De acordo com os mesmos autores, outro benefício proporcionado pela contação de
história seria que

O docente, ao inserir a contação de história em sala de aula, ajuda o aluno a se


identificar com a sua cultura e a conhecer outras culturas que, sem o auxílio da escola,
talvez demorasse a ter contato. A partir da contação de história, o aluno constrói sua
identidade e encontrar-se dentro da própria cultura. Cabe à escola promover o contato
com a diversidade de culturas que possuímos no mundo, pois a literatura é mais que
entretenimento, é também uma arte que auxilia na transmissão de conhecimento de
maneira prazerosa (ARAÚJO; BRAVO; RODRIGUES, 2014, p. 85).

Infelizmente, em muitos casos, a escola é a primeira instituição a apresentar a


contação de histórias para as crianças e dentro das narrativas de tais contações, as crianças vão
construindo uma identidade, reconhecendo as culturas e descobrindo novos mundos antes não
conhecidos e nem apresentados a elas, e sem esse auxílio da escola, dos professores, esse
primeiro contato com essas descobertas e diversidades não existiriam ou demorariam a
acontecer.
Dentre tantos benefícios já mencionados, cabe acrescentar que a inserção da
contação de histórias na Educação Infantil é uma estratégia que instiga o desenvolvimento das
aprendizagens das crianças em diferentes aspectos da vida estudantil e pessoal dos mesmos,
além de desenvolver no aluno o hábito e o interesse pelos livros e, consequentemente, pelo
mundo letrado e da literatura.
Na segunda (02) pergunta, ao serem questionadas quais as histórias que as
pedagogas costumavam contar em sala de aula e quais os valores que elas geralmente abordam,
obtivemos as seguintes respostas: “Nessa fase da Educação infantil eles gostam de histórias de
animais e eu conto histórias que abordam valores como de bom comportamento, empatia,
amizade, bondade, entre outros” (P2). A P1, por outro lado, se prolonga ao pontuar que

Nesse último mês, teve a história, por exemplo, ‘O Passeio de Mariana’. Nessa história
ela fala sobre um lindo passeio, um lugar encantador, que a convite do avô a Mariana
ela vive uma experiência de conhecer o mundo da fantasia, como se fosse um passeio
mágico. Eu acredito que é basicamente isso, o respeito, a humildade, valores como
nos três porquinhos, valorizar o que você tem, não ter preguiça, ser esforçado,
dedicado, ouvir os conselhos de quem é mais experiente, o cuidado consigo e com o
próximo como já falei, a solidariedade (P1).

Seguindo a linha de raciocínio das entrevistadas, muitos são os valores éticos e


morais descritos e apresentados em uma história e, por conseguinte, esses valores norteiam e
servem como exemplos a serem seguidos e pregados pelas crianças em suas vidas escolares e
pessoais. Abramovich (1997) vai ressaltar que é através de uma história que se pode conhecer
59

outros lugares, outros tempos, assim como se pode conhecer outros jeitos de ser e de agir, outa
ética, outra ótica.
Na terceira (03) questão, ao serem indagadas se, como educadoras, ambas
acreditam que a contação de história contribui para o processo de leitura e de que forma isso
ocorre, as duas entrevistadas afirmam que sim, que a contação de história contribui para a o
processo de leitura. A P1 faz a seguinte indagação:

[..] Quando eu estou contando uma história pra criança, ela fica com a curiosidade em
saber de onde eu estou tirando essa história, de onde é que eu estou lendo, e nós como
mediadores dessas crianças, dessas aprendizagens, nós temos que favorecer, fornecer
o contato dessas crianças com os livros. Eu estou contando, mas posso deixar a criança
pegar, deixar a criança conhecer o livro pra ela ir se familiarizando com a leitura, é o
meu papel enquanto professora fazer essa mediação da criança, com a leitura, da
criança com o livro (P1).

Enquanto a P2 afirma que “a partir do momento que a criança se encanta com a


contação de histórias, ela se interessa pela leitura mesmo que ela ainda não saiba ler
convencionalmente. A criança, desde muito pequena, pode fazer leitura de imagem, reconto e
com a participação do adulto ela desenvolve amor pelo que está escrito”.
As falas transcritas das educadoras nos fornecem bastantes informações acerca
desse contato com a leitura. Por intermédio das histórias, só vêm confirmar a importância de se
trabalhar a contação de histórias em sala de aula como método educativo. Segundo a P1, a
escuta da história causa um certo instinto de curiosidade na criança, fazendo-a raciocinar e
questionar-se de onde vem essa história. Para a educadora, ainda nesse processo de contação de
história, o professor como principal mediador entre a criança e os livros, deve permitir e criar
meios de aproximar a criança da leitura e do livro.
A P2 vai esclarecer em sua resposta que, mesmo que a criança não tenha a noção
da leitura de forma convencional, com o contato e a escuta dessas histórias ela irá demostrar
interesse pela leitura, pois segundo a profissional, a criança, desde muito pequena, pode fazer
a leitura de imagens, praticar o reconto e desenvolver, por intermédio de um adulto, o amor
pelos livros e pelo que está escrito neles.
Alinhado a esse pensamento, o Instituto Pro-livro (2016) vai afirmar que o hábito
de leitura é uma construção que vem da infância e que, consequentemente, tem sua iniciação
influenciada por terceiros, especialmente por mães e pais. Por meio das pesquisas realizadas
por esse Instituto, foi revelado também que a mãe ou a responsável do sexo feminino e os
professores(a) foram as influências mais citadas para definir o fato do indivíduo ser ou não
leitor, fortalecendo, assim, a ideia de que a contação de história necessita ser iniciada ainda na
infância.
60

Na quinta (05) questão, “Você costuma utilizar de alguma estratégia ou ações para
aproximar a família da aprendizagem da leitura dos seus filhos?”, as duas docentes abordam a
existência de dois projetos que as auxiliam nesse processo de aproximar a família da
aprendizagem da leitura dos seus filhos. No entanto, a P1 afirma que, ao realizar tais estratégias,
não obteve respostas dos pais. A P2, por outro lado, vai fomentar que

existe um projeto, Conto e Reconto na Educação Infantil. Esse projeto é desenvolvido


mais ou menos assim, quando era aula presencial a gente contava a história ou
dramatizando ou utilizando alguns recursos ou com as crianças participando como
personagens mesmo e ao chegar em casa eles fazerem o reconto, o reconto daquela
história para os pais e os pais serem os escribas, escrever no papel como foi que as
crianças contaram e mandarem pra gente e da mesma forma na aula remota a gente
tenta usar essa estratégia, embora seja mais complicado, porque a gente não tem mais
a presença com eles pra está contando, então é mais simplificado aí a gente manda um
videozinho da história e pede pra eles recontarem pros pais ou então recontarem em
vídeo pra gente ouvir (P2).

Segundo a educadora, esse era um método utilizado por ela pra aproximar a família
do processo de leitura dos seus filhos antes da pandemia. Entretanto, nessa resposta a
entrevistada não esclarece se ela obtinha uma participação dos pais nessa tarefa, mas a
professora deixa claro que diante desse novo modelo de aulas remotas, trabalhar com esse
método é bem mais complicado.
Para Paro (1997, p. 30),

a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais para passar
informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as
questões pedagógicas. Só assim a família irá se sentir comprometida com a melhoria
da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano.

Por meio dessa citação o autor esclarece que quaisquer que sejam as estratégias
usadas para aproximar a família do âmbito escolar, estas, devem ser bem aproveitadas pela
escola. A escola, juntamente com a coordenação e professores, necessitam utilizar-se de todas
as oportunidades possíveis para manter um contato direto com os pais ou responsáveis pelos
alunos com o intuito de repassar informações, ressaltar os objetivos da escola perante a
educação e desenvolvimento da criança, relatar os problemas que venham ocorrer e tratar de
questões pedagógicas como o envolvimento dos mesmos no processo de aprendizagem da
leitura dos seus filhos(as).
Na sexta questão (06), ao serem interrogadas se a família é estimulada a trabalhar a
contação de história com os filhos/alunos e de que forma isso ocorre, as duas pedagogas negam
a existência desse estímulo na escola em questão. Segundo a P1, “a gente faz a nossa contação,
a nossa parte de estar gravando os vídeos e tal, mas dizer que a família é estimulada a fazer a
contação, pelo menos na minha escola não, eu ainda não presenciei isso”.
61

Dando continuidade a essa questão a P2 relata que “nesse período de aula remota,
ficou complicado essa interação com as famílias. Nós, professores, fazemos essa atividade
através de vídeos porque muitas mães não gostam de contar histórias para os filhos”. Perante
as falas e afirmações das duas docentes, é notório que na escola ao quão elas lecionam, não
ocorre esse estímulo ou essa parceria com os pais para que a família também pratique o ato de
contar histórias pros seus filhos no âmbito familiar.
Conforme Tiba (2002, p. 183), “Quando a escola, o pai e a mãe falam a mesma
língua e têm valores semelhantes, a criança aprende sem grandes conflitos e não quer jogar a
escola contra os pais e vice-versa.” Então, quando não existe essa concordância entre as ações
realizadas na escola, com as vivências em casa, a criança viverá em mundos que divergem e,
consequentemente, não vivenciará os pais e os educadores trabalhando juntos em sua formação
educacional.
Sobre a sétima (07) questão direcionada às duas pedagogas, que foi: “De que forma
os pais podem contribuir para essa aprendizagem da leitura por meio da contação de histórias?”,
obtive as seguintes respostas:

O pai ele pode estar apresentando livros à criança, até mesmo contando a história, eu
acredito que criar uma rotina, um hábito. O que a criança faz, ela é o espelho do seu
responsável, dos seus pais. Se ela percebe que aquele pai, aquela mãe, ela não ler, ela
só fica no celular, a criança também só vai ficar no celular porque ela não percebe
esse hábito dentro de casa (P1).

Já a P2 responde que “Os pais precisam mostrar interesse pelas histórias para que
as crianças sintam esse encantamento pelos livros. Em primeiro lugar, precisamos ter livros
infantis em casa. A presença de livros deixa as crianças mais interessadas e esse contato com
eles é o início desse encanto”.
Segundo as pedagogas, a participação dos pais nesse processo de apresentação e
iniciação ao livro e à leitura é algo de fundamental importância para que o encanto pelos livros
aconteça. A P1, em sua fala, sugere que as famílias criem esse hábito da leitura em casa e a P2
recomenda que os pais possuam livros infantis em casa para instigar na criança um certo
interesse por tais objetos de estudo.
Sandroni e Machado (1998) vão afirmar que o amor, o apreço pelos livros, não é
algo que aparecerá de repente. Se faz necessário um estímulo contínuo dessa prática de leitura
tanto no ambiente familiar quanto no ambiente escolar. Essas vivências ajudarão as crianças a
descobrirem nos livros o prazer e o conhecimento que eles podem proporcionar. Sendo assim,
os pais e professores possuem papel indispensável nesta descoberta, atuando como os maiores
incentivadores dessa ação.
62

Na oitava questão (08), ao serem perguntadas se em suas opiniões, as crianças que


possuem familiaridade com a contação de história tendem a desenvolver-se melhor na
aprendizagem da leitura, tanto a P1, quanto a P2 responderam que “com certeza”. Ambas
concordam que se a família iniciasse essa prática de contação de história em casa, as crianças
já adentrariam no Ensino Infantil familiarizadas com a contação de história, com a leitura e com
o mundo letrado.
Na nona questão (09), foi perguntado às educadoras quais recursos, estratégias ou
matérias são utilizados por elas no momento da contação de história na educação infantil. A
resposta da P1 perante essa questão foi que “tem a minha caracterização, eu, o meu avental, a
minha tiara, para chamar a atenção da criança. Eu uso o livro, as plaquinhas pra ir contando as
histórias, músicas, gravuras, pego a imagem, imprimo e colo no quadro e vai contando,
bonequinhos de EVA também, essas coisas”. Já a P2 afirma usar “[...]o livro, fantoches,
dedoches, desenhos, música e objetos variados”.
Tanto a P1 quanto a P2 afirmam utilizar-se do livro no momento da contação de
histórias, além de outros materiais adaptados por elas. Esse contato da criança com os livros na
Educação Infantil vai propiciar na criança, desde cedo, o prazer e o gosto pela leitura.
Para Abramovich (1997), a contação não pode ser realizada de qualquer jeito, antes
se faz necessário um preparo. Pois, ao contrário, corre o risco de, por exemplo, no meio da
contação, se pronunciar alguma palavra incorreta, fazer pausas em momentos errados ou até
mesmo perder o rumo da história e a criança poderá perceber. Dessa forma, o educador deve
dedicar-se ao contar uma história, demostrando o gosto por tal prática para despertar nos
ouvintes o mesmo prazer em ouvir histórias.
Na última questão direcionada às professoras do Infantil V, que foi: Quais as
dificuldades em trabalhar a contação de história em sala de aula, para que se desenvolva a
aprendizagem da leitura por meio desse método? obtivemos das docentes respostas bem
diferentes.

A principal dificuldade, principalmente nesse momento que eu me encontro, é de


justamente não estar perto da criança, estar mostrando, é, fazendo com que elas
tenham acesso ao livro, fazendo com que elas vejam de perto as gravuras dos livros,
as imagens, todo aquele encanto do livro, o folhear das páginas e isso é uma grande
dificuldade que a gente enfrenta. Essas aulas remotas tem nos ensinado muitas coisas,
mas também tem nos limitado muito (P1).

Não existe dificuldade. A criança é conquistada pela forma usada para essa contação
e a partir daí ela se concentra, participa, curte cada momento e ainda pede pra repetir
a história. O momento da contação é um momento mágico, é com esse recurso que a
criança se transporta para o cenário da história, se emociona, interage, reconta, se
identifica com os personagens, interpreta o que ouviu e muito mais (P2).
63

A P1 aponta como principal dificuldade o distanciamento social, no qual as aulas


ocorrem de forma remota. Para a educadora, essa distância física dificulta esse acesso das
crianças com os livros, com as gravuras e imagens contidas neles. A criança não pode tocar no
livro, nem o folhear e tão pouco explorá-lo. Segundo a educadora, as aulas remotas limitam
bastante o pedagogo frente a algumas situações como, por exemplo, trabalhar a contação de
história como método de desenvolvimento da leitura.
A P2 partilha de outra opinião. Para ela, não existe dificuldade em realizar a
contação de história em sala de aula. Segundo ela, a criança é conquistada pela escuta das
histórias, pois o momento da contação é visto pela criança como um momento mágico e é a
partir dessas emoções afloradas pela história que a criança é transportada para o cenário da
história, se identificando com os personagens, vivenciando a história, e aprendendo.

4.4 A relação família escola sobre o olhar da família

Como já mencionado antes, a família é considerada a primeira educadora e


responsável pela criança. Szymanzki (2003) vai mencionar que é na família que a criança
encontra os primeiros 'outros' e, por meio dessa experiência, aprenderá os modos de existir e
daí iniciar a sua construção como sujeito. Já a escola, entretanto, funciona como referência
social e afetiva para as crianças, tendo como especificidade ensinar conhecimentos e conteúdos
das áreas do saber. Dessa forma, percebemos que ambas as instituições possuem interesses
comuns quando o assunto é educar e instruir as crianças.
Por meio do Quadro 3, poderemos observar, destacado em síntese, as opiniões dos
pais ou responsáveis, pelas crianças do Infantil V, sobre os aspectos: a relação família e escola,
no qual temos a pretensão de identificar algumas informações subjetivas sobre essa relação.

QUADRO 3 - Sínteses da primeira etapa das entrevistas realizadas com os responsáveis

Questões (1-6) Resposta R1 Resposta R2 Resposta R3 Resposta R4 Resposta R5


1. Quem
geralmente
ajuda a
“Sou eu mesma
criança nas “Eu ajudo, “Eu ou o irmão
que ajudo ele
atividades “Eu mesma.” “Sou eu.” sempre dele, mas é mais
nas aulas e nas
escolares, acompanho.” o irmão dele.”
atividades.”
principalment
e agora nas
aulas remotas?
64

“Muito, muito
“Não. Ele
2. A criança não, mas dá um “Não. Ela é
sempre faz. A
apresenta “Não muita. Ele pouquinho de super ativa.
gente diz como “Bom, ele tem
muitas não me dá trabalho, Geralmente ela
é pra fazer, qual algumas
dificuldades trabalho para porque é eu que não tem tantas
a letra que é pra dificuldades, só
em realizar as realizar as ensino ela, tem dificuldades
fazer e ele faz, que aí eu
atividades tarefas e quando horas que ela quando tem a
se ele não sabe explico bem
escolares? ele tem, eu não quer, tem gente
fazer a letra a melhor e aí ele
Como você o costumo pegar horas que ela mostrando
gente faz pra ele vai
ajuda a na mão dele inventa história, como é que faz
copiar, porque entendendo.”
melhorar essas para ajudar.” diz que não e ela vai
ele não sabe
dificuldades? quer, que tá fazendo.”
ler.”
cansada.”
“Sim. Eu
“Sim. Vou a visitava a
todas as creche todos os
“Sim, antes da
3. Você se reuniões. Antes dias, ia deixar e
pandemia eu ia
considera da pandemia ia buscar ela, “Sim. Eu
à escola para as “Sim, sim, eu
participativo tinha as sempre falava sempre ia
reuniões e para me sinto muito
em relação ao reuniões no com a deixá-lo,
as festinhas. participativa,
seu começo do professora, buscar, as
Agora o meu em relação a
relacionament semestre, que porque a minha reuniões eu ia
contato é pelo tudo.”
o com a escola? tinha que preocupação era também.”
WhatsApp.”
Cite exemplos. assinar, agora é porque ela não
tudo pelo interagia com as
celular.” outras
crianças.”
“Nessa Escola
não, na outra
que ela
estudava tinha. “Deve ter. Esse
4. Na escola
Ela só tá na ano e ano
existe algum
“Não, acho que escola a um (01) passado foi
projeto, “Pra falar a
não. ano, eu tive que muito difícil, “Eu acho que
alguma ação, verdade não,
Sinceramente tirar ela da aqui acolá não.”
que vise a nunca vi não.”
eu não sei.” antiga escola. tinham umas
aproximação
Aí nessa escola festinhas, aí os
da família? Se
eu não vi pais
sim, qual?
nenhum projeto interagiam”
não. Era bom se
tivesse um
projeto.”
“Com Certeza,
porque você
fica conhecendo
“Na verdade, a
como o seu
5. Para você, a “Sim. Seria interação com a
filho está, você
participação interessante escola e com os
fica apar da
da família na porque o aluno alunos e
situação, você
escola é aprenderia mais principalmente
“Sim. Não sei fica sabendo o
importante? em casa já que “É.” com os pais dos
quais os que está
Cite os não está indo alunos é muito
benefícios.” acontecendo
benefícios pra escola, importante né,
com a criança,
dessa interação principalmente principalmente
se ela está tendo
entre a família nesse momento para aqueles
um bom
e a escola? de pandemia.” que tem mais
desenvolviment
dificuldades.”
o, como é o
tratamento
dela.”
65

“Bom, a minha
sugestão assim,
“Acredito que
para a escola,
se os pais
6. Quais as para que haja
fossem mais
sugestões que “Não, pra mim uma
participativos,
você tem para “Quem sabe um assim tá bom. aprendizagem
eles
melhorar o projeto, que Ele aprende, das crianças
“Não tenho incentivavam
relacionament promova uma não é como se eram eles
nenhuma mais os filhos,
o da família e interação entre ele tivesse na chamarem os
sugestão.” eles iam ajudar
da escola para a família e a escola, mas ele pais e as
mais, ficar
a melhoria da escola” aprende.” crianças e
sabendo o que a
aprendizagem promoverem
criança precisa
da criança? momentos de
para melhorar.”
interação como
contar
historinhas.”
FONTE: Elaborada pela autora.

No primeiro questionamento apresentado aos responsáveis, que foi: “Quem


geralmente ajuda a criança nas atividades escolares, principalmente agora nas aulas remotas?”
Todos os responsáveis afirmaram serem os próprios a ajudarem os filhos nas atividades
escolares, somente a R4 afirmou que, por vezes, possui a ajuda de outro filho para auxiliar à
criança na hora da realização das tarefas.
Esse acompanhamento por parte dos pais, em especial nesse momento de aulas
remotas, ajuda as crianças a aumentarem suas habilidades sociais e diminui a chance de
problemas comportamentais, como o não querer realizar a tarefa. Esse envolvimento familiar
incentiva o progresso educacional das crianças em casa e, consequentemente, vai influenciar
nas vivências escolares.
Relacionado a isso, Szymanzki (2003) pontua que “as famílias podem desenvolver
práticas que venham a facilitar a aprendizagem na escolar, por exemplo, preparar para a
alfabetização e desenvolver hábitos coerentes com os exigidos pela escola, por exemplo, hábitos
de conversação ou não...”. Por meio dessas práticas, as famílias passaram a participar mais
ativamente da escola, pois essas pequenas intervenções no processo educacional dos filhos
geram grandes mudanças nos seus comportamentos e em suas aprendizagens.
Ao serem perguntados, na segunda (02) questão, se “A criança apresenta muitas
dificuldades em realizar as atividades escolares, como você o ajuda a melhorar essas
dificuldades?” A maioria dos responsáveis afirmaram que não, que geralmente o filho não
apresenta tantas dificuldades. Somente a R5 afirma que: “Bom, ele tem algumas dificuldades,
só que aí eu explico bem melhor e aí ele vai entendendo”. Perante essa afirmação, é valido
ressaltar a importância do acompanhamento desse responsável no momento das realizações das
66

tarefas escolares, pois com o auxílio da mãe, a criança compreende a tarefa e consegue resolvê-
la.
Referente ao segundo questionamento adicionado ainda na segunda (02) questão,
“Como você o ajuda a melhorar essas dificuldades?”, obtivemos as seguintes respostas: “ele
não me dá trabalho para realizar as tarefas, e quando ele tem, eu costumo pegar na mão dele
para ajudar” (R1). A R2 pontua que “muito não, mas dá um pouquinho de trabalho, porque é
eu que ensino ela, tem horas que ela não quer, tem horas que ela inventa história, diz que não
quer, que tá cansada”. A R3 enfatiza que “geralmente ela não tem tantas dificuldades, quando
tem a gente mostra como é que faz e ela vai fazendo”. E, por fim, a R4 relata que “a gente diz
como é pra fazer, qual a letra que é pra fazer e ele faz, se ele não sabe fazer a letra a gente faz
pra ele copiar, porque ele não sabe ler”.
Ao afirmarem as dificuldades que cada uma das crianças possui ou apresenta na
hora da realização das atividades escolares, cada um dos pais ou responsáveis também relatou
quais as atitudes que ambos tomam frente a essa situação. A R1 declara que quando se depara
com alguma dificuldade de escrita do filho, ela costuma pegar na mão dele e o ajudar. A R2
relata que a sua filha costuma apresentar trabalho para realizar as atividades, demostrando
preguiça para não fazer a tarefa com ela. A R3 lida com essa situação mostrando à criança a
maneira correta de fazer e, por fim, a R4 declara que quando o filho não reconhece a letra que
é pra fazer em uma determinada atividade, ela costuma fazer a letra para a criança copiar.
Ao observarmos as atitudes dos responsáveis para tentarem ajudar seus filhos a
realizarem as tarefas, podemos refletir que a família, assim como a escola, desempenha um
papel decisivo na aprendizagem da criança. Mesmo que a sua forma de ensinar não seja
totalmente “correta”, essa participação familiar nesse processo de desenvolvimento de
conhecimentos das crianças vem contribuir e muito com os ensinamentos transmitidos pela
escola, pois de certa forma, a família está caminhando na mesma direção dessa instituição de
ensino ao tentar colaborar com a aprendizagem dos filhos(as).
Na terceira questão (03), foi indagado a seguinte pergunta: “Você se considera
participativo em relação ao seu relacionamento com a escola?”. Todos os responsáveis
afirmaram ser participativos em relação a ida na escola, a participarem das reuniões e eventos
promovidos pela instituição de ensino dos filhos. Agora nesse período de pandemia, o contato
com a escola está ocorrendo por meio do celular, especificamente via Whatsapp.
Relacionado à importância dessa participação efetiva dos pais no ambiente escolar,
Paro (2000) vem alertar que é necessário que a escola proponha dinâmicas que aproximem os
pais da escola,
67

[...] a direção, a coordenação e vários professores acreditam na necessidade da


participação e buscam atrair os pais para ela. O que se acredita é que a permanência
desse clima e a concretização positiva da experiência com os pais e os servidores da
escola criem uma cultura de participação que seja favorável a um processo escolar de
maior qualidade e de proveito para os objetivos do ensino (PARO, 2000, p. 119).

Essa declaração do autor chama a atenção ao relatar a importância das ações da


escola, da direção, da coordenação e dos professores, na busca por uma maior aproximação
com os familiares das crianças, pois é a partir das ações efetuadas pela escola que ela conseguirá
manter uma participação mais favorável dos pais ou responsáveis na escola, provendo às
crianças uma aprendizagem de qualidade e obtendo os objetivos estabelecidos pela instituição
para o ensino dos mesmos.
Alinhada à terceira (03) questão, a quarta (04) faz a seguinte interrogação: “Na
escola, existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se sim, qual?”.
Ambos os pais negam saberem de algumas dessas atividades que proponham essa aproximação,
somente a R3 acredita que tem essas ações na escola para a promoção dessa aproximação ao
alegar que: “Deve ter, esse ano e ano passado foi muito difícil, aqui acolá tinham umas festinhas,
aí os pais interagiam”.
A R3, de certa forma, justifica a falha da escola em relação a existência de projetos
ou ações voltadas para os pais ao mencionar em sua fala as dificuldades que as escolas estão
enfrentando nesse período de pandemia, revelando que antes a escola promovia algumas
festinhas e convidava os pais para interagirem. Mas, como já foi mencionado antes, se faz
necessário que a escola reveja essa questão e busque maneiras de buscar essa aproximação com
as famílias, em especial nesse momento, pois a instituição se ver mais do que nunca refém a
essa participação coletiva da família, agora que as aulas se encontram de forma remota.
A quinta (05) questão também abordou o tema “participação”, ao questionar se os
pais ou responsáveis acreditam que a participação da família na escola é importante e quais os
benefícios dessa interação. Por meio desse questionamento podemos observar que dois dos
responsáveis, a R1 e a R4, afirmam que a participação da família é importante, entretanto, não
souberam dizer quais os benefícios existentes entre essa interação família/escola.
A R2 afirma que um dos benefícios dessa aproximação seria porque “[...] o aluno
aprenderia mais em casa, já que não está indo pra escola, principalmente nesse momento de
pandemia”. A R3, em sua fala, cita como benefício da sua participação na escola o fato de que
“[...] fica conhecendo como o seu filho está, você fica apar da situação, você fica sabendo o que
está acontecendo com a criança, se ela está tendo um bom desenvolvimento, como é o
68

tratamento dela”. E, por fim, a R5 vai ressaltar que a interação da escola, com os pais e com os
alunos é muito importante “[...] principalmente para aqueles que têm mais dificuldades”.
Ao analisar tais indagações, podemos observar que dentre os entrevistados, a
maioria deles reconhecem os benefícios de suas participações no ambiente escolar e que
infelizmente alguns dos pais ainda não sabem identificar os benefícios dessa interação
família/escola para a aprendizagem de seus filhos, embora assumam que suas participações no
ambiente escolar são importantes.
Com relação à participação dos pais na escola, Arribas (2004, p. 393-394) destaca
que “[...] a escola deverá fomentar e organizar sua tarefa de forma que pais e professores se
envolvam em um objetivo comum: colaborar de forma ativa e responsável na educação das
crianças”. Dessa forma, ambos, escola e família, devem se preparar para trabalharem em
conjunto, com o único objetivo de desenvolver as aprendizagens nas crianças.
A sexta (06) questão traz a seguinte pergunta: “Quais as sugestões que você tem
para melhorar o relacionamento da família e da escola para a melhoria da aprendizagem da
criança?”. Novamente, a R1 e a R4 afirmam não terem nenhuma sugestão para melhorarem o
relacionamento da família com a escola. Enquanto os outros responsáveis apresentam suas
sugestões.
A R2 sugere “quem sabe um projeto que promova uma interação entre a família e
a escola”. Já a R3 reflete que “[...] se os pais fossem mais participativos, eles incentivavam mais
os filhos, eles iam ajudar mais, ficar sabendo o que a criança precisa para melhorar”. Para a R5
a sugestão seria “[...] chamarem os pais e as crianças e promoverem momentos de interação
como contar historinhas”.
Segundo esta ótica estabelecida pelas sugestões dos responsáveis, é nítido que a
mediação da escola nesse processo de melhoria do relacionamento família/escola é mais que
importante, é fundamental, seja por meio de um projeto que englobe essa questão, seja por meio
de diálogos com a família, ou seja, por meio da promoção de momentos de interações entre
ambos na instituição escolar.
Conforme afirma Arribas (2004, p.394):

o contato dos educadores com a família é um fator imprescindível para obter uma
visão completa e não escolar do aluno. Esse contato também é necessário para
estabelecer um clima de confiança entre ambos, o que, sem dúvida, resultará em
benefício da educação da criança (ARRIBAS, 2004, p. 394).

Diante do que está sendo exposto, podemos destacar que a solução para a melhoria
do desempenho escolar do aluno e, consequentemente, da redução das dificuldades de
69

aprendizagens, é a participação da família no contexto escolar, pois, por meio dos relatos dos
pais, é possível enxergar a necessidade desta parceria entre a família e a escola. Parceria essa
que, sem dúvidas, será muito eficaz para descartar ou minimizar os problemas de aprendizagem
dos alunos.

4.5 Aprendizagem da leitura por meio da contação de história

Nessa subseção, teremos a última etapa das entrevistas realizadas com os pais ou
responsáveis pelas crianças do infantil V. Conforme se pode observar no quadro 4, essa é a
segunda e a última parte das entrevistas e foram divididas em oito (08) questões, que buscaram
analisar se a família possui o hábito de contar histórias pros seus filhos, quais os benefícios da
contação de histórias e, consequentemente, como essa prática pode ser importante para a
aprendizagem dos pequenos. Vejamos o quadro:

QUADRO 4 - Síntese da segunda etapa das entrevistas realizadas com os responsáveis

Questões (1-8) Resposta R1 Resposta R2 Resposta R3 Resposta R4 Resposta R5


“Às vezes,
uma vez por
“Costumo
1.Você tem o semana,
contar as “Geralmente isso
hábito de contar porque toda
“Sim, Todos historinhas “Às vezes, acontece em três dias,
história para o vez que eu
os dias que ela sim, à noite.” quatro dias da semana,
seu filho? Com vou ajudar
quando ele escutava na não todos os dias. Ele
que frequência ela com as
vai dormir.” escola. Uma pede quase todos os
isso ocorre? atividades ela
vez por dias”
pedi uma
semana”
historinha e
eu conto.”
“Tem uns
“As que ela
livrinhos que
gosta de
ela ganhou da
ouvir, como
escola, eu
Os Três
sempre leio
Porquinhos.
pra ela e ela
Essas “As
2. Quais histórias também tem “Costumo contar pra
“As dos histórias historinhas
você costuma um que ela já ele mais essas fábulas.
livrinhos, infantis. Ela infantis, a
contar? Quais havia Quando eu começo a
como a dOs adora ouvir a dOs Três
valores elas ganhado da contar ele gosta muito,
Três dOs Três Porquinhos, a
geralmente escola, ela ele fica mais atento.”
Porquinhos.” Porquinhos, do Pinóquio.”
abordam? mesmo gosta
mas ela cria
de pedir pra
umas histórias
que eu conte
da cabeça
pra ela. Tem
dela, eu acho
um livrinho
tão
que é sobre
engraçado.”
respeito.”
70

3. Como você
“Conto mais
costuma contar
“Às vezes do oralmente as
as histórias, por “Normalmente é por
livro, às “Uso do coisas da
meio do uso do “Do livro.” meio do livro, livros
vezes livro.” vida, as
livro ou que tem historinhas.”
oralmente.” minhas
oralmente?
dificuldades.”
Comente.
“Ela fica
escutando, “Ele gosta muito
“Ele gosta,
ela gosta. Ela quando eu conto
ele pede pra
tenta ler do histórias pra ele, ele
4. O seu filho contar outra,
jeito dela, fica mais assíduo,
gosta quando ele faz
sem saber ler, presta bastante
você conta as “Gosta, fica “Ela gosta, ela perguntas,
ela pega o atenção, depois ele
historinhas? animado.” gosta muito.” como foi que
livro e vê a pergunta porque
Qual a reação ele fez isso,
imagem e aconteceu isso, porque
dele? quer saber de
começa a aconteceu aquilo, eu
tudo.”
falar, como se vou respondendo e ele
tivesse fica bem atento.”
lendo.”
“Pra
incentivar ela “Eu acho, que
a querer ler, ele pode se
“As
porque interessar “Eu acho assim que
historinhas
5. Quais os quando eu mais pra contar historinhas para
elas
benefícios da não sabia ler aprender a os filhos da gente, faz
“Não sei estimulam a
contação de eu era assim, ler, pra ler as com que eles aprendam
dizer.” imaginação, a
histórias para a eu ficava histórias, ele mais, sabe? Faz com
leitura. Elas
aprendizagem do vendo as tem muita que eles fiquem mais
conhecem
seu filho? historinhas e vontade de atenciosos, prestem
mais o mundo
eu queria aprender a bastante atenção.”
da leitura.”
tentar ler.”
aprender a
ler.”
“Sim, é
porque a
criança vai
“Sim, é
perceber que
porque ele
ela só vai
“Sim, porque ver as
6. Você acredita conseguir “Acredito sim que
ela vendo eu palavras, ele
que a contação contar a contribui para o
“Contribui, ler, ela talvez vai querer
de história historinha se processo de leitura
faz com que queira ler saber o que tá
contribui para o ela souber ler, porque tem algumas
ele queira ler também, escrito ali, ele
processo da se ela pegar coisas que ele tipo já
sozinho.” queira vai querer
leitura? De que um livro, sabe quase ler e isso é
aprender a aprender a ler
forma? porque é ótimo.”
ler.” pra ele
também
mesmo ler a
através do
história.”
livro que ela
vai aprender a
ler.”
7. Na sua “Sim, porque “Eu acho que
opinião, as fica na sim, porque “Bom, eu acho assim,
crianças que cabeça dela a ele ver as que as crianças que
possuem historinha e palavras ele ouvem bastante
“Sim, com
familiaridade “Sim.” ela vem a vai querer ler, histórias assim elas
certeza.”
com a contação querer ler querer tendem a desenvolver
de história mais, por aprender, ele mais o pensamento, a
tendem a causa da vai querer imaginação.”
desenvolver-se historinha ou saber o que tá
71

melhor na pra contar a escrito ali, eu


aprendizagem da historinha pra acho que ele
leitura? alguém ou vai se
pra querer ler interessar
pra ela mais do que
mesma.” ele não
visse.”
“Não sei, tem
uma
“Tem sim, as
professora
professoras
que eu acho
8. Você sabe se “Não, não vi sempre leem “Bom, que eu saiba
que ela é só
na escola existe ainda. As uma não tem nenhum
mesmo de
algum projeto professoras historinha projeto voltado para
“Não sei contar
voltado para a costumam antes de contar histórias não,
dizer.” histórias,
contação de enviar começar a nunca ouvi falar, mais
quando tinha
história? historinhas aula, ela bem que deveria ter.”
aulas, agora
Comente. pelo celular.” gosta, agora
elas mandam
ela assiste
em vídeos,
pelo celular.”
ele assiste e
gosta.”
FONTE: Elaborada pela autora.

Nessa primeira (01) questão, ao serem questionados se ambos teriam o hábito de


contar história para os seus filhos e com que frequência isso ocorria, todos os participantes da
pesquisa afirmaram praticarem esse método em casa com as crianças, relatando que costumam
contar as histórias geralmente à noite, quando a criança pede, de uma a três vezes por semana
ou até mesmo no momento da realização das atividades escolares.
Esse primeiro incentivo ao hábito de ouvir história e, por consequência, o gosto pela
leitura, deve surgir cedo, por intermédio da família que, ao demonstrar interesse pelos livros,
pelas histórias, poderão estar inserindo a criança nesse universo da leitura. Os hábitos dos pais
costumam colaborar tanto de forma positiva quanto de forma negativa no processo de
desenvolvimento da criança.
Como já mencionado por Sandrone e Machado (1998), o amor pelos livros, pelas
histórias, não é algo que aparecerá de repente. Segundo os autores,

é preciso ajudar a criança a descobrir o que eles lhe podem oferecer. Cada livro pode
trazer uma ideia nova, ajudar a fazer uma descoberta importante e ampliar o horizonte
da criança. Aos poucos ela ganha intimidade com o objeto -livro. Uma coisa é certa:
as histórias que os pais contam e os livros que pais e filhos vêem juntos formam a
base do interesse a ler e a gostar dos livros (SANDRONE; MACHADO, 1998, p. 16).

Dessa forma, os pais ou responsáveis, possuem papel indispensável nesse processo


de descoberta ao objeto livro e as histórias que os pais e os filhos leem juntos ou que os pais
têm o hábito de contar para os filhos, influenciam nos gostos das crianças pela leitura e
determina que tipo de histórias elas mais se identificarão.
72

Na segunda (02) questão que faz a seguinte indagação aos responsáveis: “Quais
histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?” Em sua maioria, os
responsáveis afirmam contar a histórias d’Os Três Porquinhos, e somente um responsável, a
R2, pontua os aspectos dos valores das histórias que ela conta para a filha, frisando o respeito.
Autores como Lisboa (2010) e Mateus et al (2014) informam que, além de encantar,
de incentivar o imaginário e o gosto pela leitura, as histórias conseguem transmitir diferentes
valores que resultaram na formação da personalidade da criança, pois as histórias representam
indicadores efetivos para situações desafiadoras, assim como fortalecem vínculos sociais,
educativos e afetivos.
Na terceira (03) questão, trouxemos o seguinte questionamento: “Como você
costuma contar as histórias, por meio do uso do livro ou oralmente?”. Três dos responsáveis
pelas crianças afirmaram utilizar-se do livro durante a contação, enquanto dois responsáveis,
mais especificamente a R1 e a R3, alegam contar histórias de forma oral, sem o auxílio do livro.
Esse método de contar histórias oralmente é bastante antigo. Segundo Abramovich
(1997), geralmente, o primeiro contato da criança com um texto é feito oralmente. Por vezes,
através da voz da mãe, do pai ou responsáveis, ao contarem historinhas, como os contos de
fadas, fábulas, trechos da Bíblia, histórias inventadas ou de suas vivências pessoais e infantis.
O uso (ou contato) do livro também é um recurso fundamental nesse processo de iniciação da
criança a contação de história.
A quarta (04) questão levantada aos responsáveis foi se eles achavam que os seus
filhos(as) gostavam quando eles contavam as historinhas e qual a reação deles. Para esse
questionamento, obtivemos respostas bastante positivas, pois, segundo os responsáveis, todas
as crianças gostam do momento da contação em casa.
Relacionado à indagação “qual a reação deles”, obtivemos as seguintes respostas
dos responsáveis: R1 afirma que o filho(a) “fica animado”; a R2 relata que a criança “[...] tenta
ler do jeito dela, sem saber ler, ela pega o livro e vê a imagem e começa a falar, como se tivesse
lendo”; R3 dispara que a criança “gosta muito”, já a R4 disse que, após a contação, o filho “[...]
pede pra contar outra, ele faz perguntas, como foi que ele fez isso, quer saber de tudo” e, por
fim, a R5 salienta que o filho “[...] fica mais assíduo, presta bastante atenção, depois ele
pergunta porque aconteceu isso, porque aconteceu aquilo, eu vou respondendo e ele fica bem
atento”.
Perante essas afirmativas dos responsáveis, é válido destacar que todas as crianças
gostam de ouvir as historinhas, se mostram interessadas ao prestarem bastante atenção no
73

momento da contação, fazem perguntas relacionadas aos acontecimentos e ações dos


personagens e pedem para que o pai ou responsável conte outra história.
Abramovich (1989, p. 16) salienta que “é importante para a formação de qualquer
criança ouvir muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor, é ter um
caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo”. Ou seja, o ato de
ouvir e da contação de histórias na infância se caracteriza, segundo a visão da autora, como um
marco indispensável para a formação da criança, já que essa prática também é o início da
aprendizagem para ser leitor.
Na quinta (05) questão, temos a seguinte pergunta: “Quais os benefícios da
contação de histórias para a aprendizagem do seu filho?” e dentre as respostas obtidas a R1
confessa não saber dizer quais os benefícios dessa prática para a criança, enquanto a R2 acredita
que um dos benefícios da escuta de historinhas é incentivar a criança a querer ler. Segundo a
responsável, quando ela não sabia ler ela ficava vendo as historinhas e queria tentar aprender a
ler.
A R3 vai alegar que “as historinhas elas estimulam a imaginação, a leitura”, e a R4
concorda com a R3 ao adicionar em sua fala que acredita que a criança “[...] pode se interessar
mais para aprender a ler, para ler as histórias, ele tem muita vontade de aprender a ler”. A R5
por sua vez, acredita que “[...] contar historinhas para os filhos da gente, faz com que eles
aprendam mais, sabe? Faz com que eles fiquem mais atenciosos, prestem bastante atenção”.
Ao observarmos os contextos das falas dos cinco responsáveis, podemos perceber
que os últimos quatro responsáveis compreendem que um dos benefícios da contação de história
é o incentivo à leitura, a imaginação e ao mundo letrado e que infelizmente ainda existem pais
que desconhecem os benefícios e a importância dessa prática para o desenvolvimento das
aprendizagens das crianças.
Dando continuidade ao tema “leitura”, na sexta (06) questão, temos a seguinte
indagação: “Você acredita que a contação de história contribui para o processo da leitura? De
que forma?” Todos os responsáveis responderam que sim. Frente a esse questionamento, a R1
vai afirmar que a contação de história contribui para o processo de leitura da criança porque
“faz com que ele queira ler sozinho”. Para a R2, quando a criança a ver lendo “[...] ela talvez
queira ler também”. A R3 vai concordar com ambas as duas últimas responsáveis ao indagar
que “[...] a criança vai perceber que ela só vai conseguir contar a historinha se ela souber ler”.
Para a R4, quando o filho identificar as palavras escritas, ele “[...] vai querer saber
o que tá escrito ali, [...] vai querer aprender a ler para ele mesmo ler a história” e a R5 também
74

acredita que a contação de histórias contribui para o processo de leitura porque “[...] tem
algumas coisas que ele tipo, já sabe quase ler, e isso é ótimo”.
Vejamos: todos os pais ou responsáveis afirmam a importância da contação de
histórias para o processo de desenvolvimento e envolvimento com a leitura, pois a contação de
histórias é um instrumento muito importante no estímulo à leitura, ao desenvolvimento da
linguagem e pode ser visto como um passaporte para a escrita.
Navas, Pinto e Delissa (2009) reforçam essa ideia da importância da implementação
da leitura, ao afirmarem que essa prática, especificamente, influencia o desempenho da
linguagem oral e da escrita, enriquece o vocabulário, aumenta o nível de informação e
conhecimentos gerais, além de desenvolver o senso crítico, despertar a curiosidade, a
sensibilidade e o raciocínio. Dessa forma, os autores destacam que a leitura pode estimular o
desenvolvimento de várias habilidades na criança como a melhora na maneira de falar, de se
expressar e de ver o mundo.
Na sétima (07) questão, perguntamos aos pais se, em suas opiniões, as crianças que
possuem familiaridade com a contação de história tendem a desenvolver-se melhor na
aprendizagem da leitura e novamente ambos os responsáveis afirmaram que sim, destacando
em suas falas que as crianças que ouvem bastante histórias tendem a desenvolvessem melhor,
tanto no processo da leitura como no desenvolvimento da imaginação.
Segundo a R2 e a R4, as crianças que possuem familiaridade com a contação de
histórias, tendem a querer saber ler, para poderem lerem sozinhas ou para lerem pra alguém.
R4 afirma ainda que essa familiaridade com a contação de história, com o livro, é importante
porque a criança vai ver as palavras e “[...] vai querer ler, querer aprender, ele vai querer saber
o que tá escrito ali, eu acho que ele vai se interessar mais do que ele não visse”.
De fato, como podemos observar antes, as crianças que possuem esse hábito de
ouvir histórias no âmbito familiar e no âmbito escolar, tendem a se desenvolverem com mais
facilidade no contexto escolar, nas atividades escolares, em sociedade, na descoberta e
vivências de valores e na formação de suas personalidades e subjetividades.
A última questão direcionada aos pais ou responsáveis pelas crianças do Infantil V
foi se eles sabiam se na escola existe ou existia algum projeto voltado para a contação de
história. Referente a esse questionamento somente uma responsável afirmou acreditar que
existia. Os outros responsáveis afirmam não saber da existência de nenhum projeto ou ações da
instituição escolar frente a algum projeto voltado para a contação de história.
Em relação a esse questionamento, podemos observar que ocorre, de certa forma,
uma falha da instituição escolar em relação a não trabalhar diretamente com os pais essa questão
75

da importância da implementação da contação de história em casa, tendo em vista que podemos


analisar que mesmo que alguns dos participantes da pesquisa compreendam a importância dessa
prática, tem os responsáveis que não sabem quais os benefícios desse método para a formação
e para o desenvolvimento da criança.
76

5 CONCLUSÃO

Essa pesquisa teve como intuito apresentarmos discussões acerca da relação família
e escola, abrangendo os cenários e contextos da realização da leitura por meio da contação de
história com crianças da educação infantil. Os dados da pesquisa foram colhidos através de
entrevistas semiestruturadas que se referiam à relação família e escola e sobre a aprendizagem
da leitura por meio da contação de histórias. Os sujeitos foram duas professoras que trabalham
no Infantil V em uma escola pública do município de Amontada-CE e cinco pais ou
responsáveis pelas crianças dessa mesma turma.
A relação família e escola envolve questões que levantam muitos debates, o que é
necessário, já que é um assunto bastante atual na nossa sociedade e que se faz cada dia mais
indispensável pelos benefícios educacionais que essa relação propicia no desenvolvimento das
aprendizagens das crianças, em especial na Educação Infantil.
Ao caminhar com o objetivo de compreender como a união entre a família e a escola
pode contribuir com o aprendizado da leitura, especificamente por meio da contação de história,
podemos observar que os participantes dessa pesquisa reconhecem a relevância da contação de
histórias no cotidiano familiar e escolar das crianças, por essa prática permitir trabalhar
inúmeros aspectos na vida escolar da criança como é o caso da interação, socialização e por
despertar desde cedo o amor pela leitura e curiosidade pelos livros.
Com base nas discussões apresentadas na análise, compreendeu-se que é
reconhecido pelas pedagogas em questão a importância dessa união entre a família/escola.
Ambas, destacam, que a aproximação entre essas duas instituições de ensino enriquece o seu
trabalho como educador, pois o apoio e incentivo das famílias a impulsionam a querer melhorar
em sua profissão, aprimora a efetividade dos pais ao ambiente escolar, por serem inseridos
nesse processo de aprendizagem dos filhos e, consequentemente, enriquece o desenvolvimento
da própria criança, pois ela se depara com o incentivo, tanto no espaço escolar, como no âmbito
familiar.
Entendemos que a participação do professor da Educação Infantil é a peça
fundamental nesse processo de aproximação entre a família e a escola, tendo como maior
compromisso buscar formas de conseguir aproximar a família da realidade escolar dos seus
filhos. Diante disso, com os resultados obtidos nas entrevistas semiestruturadas, por meio das
respostas obtidas pelas professoras, observou-se que as mesmas buscam por meio de suas aulas,
práticas e planejamentos esse contato direto com os pais ou responsáveis como uma possível
solução para fortalecer essa relação de parceria com as famílias.
77

Entretanto, é possível verificar que os desafios são grandes e implicam grandes


mobilizações por parte dos pedagogos, principalmente em pôr em prática essas propostas que
são atreladas ao comprometimento dos pais. Observamos que o professor precisa
constantemente analisar as suas ações e posicionamentos frente a essa questão, tendo o cuidado
em verificar a realidade cultural e familiar das crianças que fazem parte daquela instituição
educacional, suas necessidades e carências.
Por outro lado, podemos observar que, dentre os pais ou responsáveis entrevistados,
a maioria deles reconhecem os benefícios de suas participações no ambiente escolar, mas,
infelizmente, alguns deles ainda não sabem identificar quais os benefícios dessa interação
família/escola para a aprendizagem de seus filhos, embora assumam que suas participações no
ambiente escolar sejam importantes. Por meio da pesquisa, pode-se notar que ocorre pouca
interação entre as famílias e a escola em questão, em especial nesse momento de pandemia, que
o contato está sendo realizado via aparelho celular.
Dessa forma, é fundamental que a instituição escolar esteja imersa nesse processo
de melhoria do relacionamento família/escola, não depositando essa responsabilidade
estritamente aos professores da instituição. A escola necessita usar de estratégias para
aproximar as famílias da realidade escolar das crianças, seja por meio de um projeto que
englobe essa realidade, seja por meio de diálogos com a família ou até por meio da promoção
de momentos de interações entre ambos na instituição de ensino. Pois, nesse momento em que
as aulas ocorrem de forma remota, a escola, mais que antes, precisa da família para exercer o
ensino das aprendizagens com as crianças.
Em suma, a escola, juntamente com a gestão, coordenação e professores,
necessitam utilizar-se de todas as oportunidades possíveis para manter um contato direto e
contínuo com os pais ou responsáveis pelos alunos com o intuito de fortalecer essa relação, de
repassar informações, ressaltar os objetivos da escola perante a educação e desenvolvimento da
criança, relatar os problemas que venham a ocorrer e tratar de questões pedagógicas, assim
como, apresentar os pais ou responsáveis a leitura como fortalecedora da aprendizagem dos
seus filhos. Essas ações se fazem precisas para aproximarem os pais da escola.
Por conseguinte, conclui-se que essa pesquisa contribui diretamente para o campo
da Educação, haja vista que os professores podem ter acesso a um assunto que pode ser
vivenciado com frequência no seu campo de trabalho, mas que de certo modo ainda se faz
necessário ser estudado e aprofundado por essa classe. Ao realizar essa pesquisa com essa
temática, tive a intenção de contribuir com os professores e pesquisadores que buscam
compreender a importância da relação família e escola, quais as contribuições dessa relação
78

para as crianças da Educação Infantil e como essa aproximação poderia ocorrer por meio da
contação de histórias.
Diante de tudo o que foi posto até aqui, fica evidente que essa temática é de suma
relevância para investigação educacional, principalmente para quem ainda não compreendeu a
importância dessa relação família/escola e que busca aprofundar-se nesse tema, tendo em vista
que ainda há muitas incertezas sobre a necessidade dessa aproximação, mas que se faz
necessário analisar os contextos e discussões acerca dessa realidade educacional e familiar.
Dessa forma, enquanto futura pedagoga e atuante nesse campo de trabalho, vejo a
necessidade em encontrar possíveis respostas para tal problemática, além de tentar promover
um olhar crítico-reflexivo na sociedade e nos atuantes da área da educação que ainda necessita
compreender os percalços dessa relação entre a família e a escola e qual o papel de ambas no
desenvolvimento das aprendizagens das crianças na Educação Infantil.
79

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85

APÊNDICE A - ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO SEMIESTRUTURADO


DESTINADO AOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

CARACTERIZAÇÃO
Professor (a) entrevistado (a): _________________________________________
Formação acadêmica: _______________________________________________
Tempo que atua como docente na educação infantil: _______________________

I. RELAÇÃO FAMÍLIA ESCOLA

1. Como é a relação da escola (professores, gestão) com os pais dos alunos?

2. As famílias costumam frequentar a escola com frequência? Interage com os


professores/gestão? Visita a sala de aula?

3. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se sim,
qual?

4. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa


interação entre a família e a escola?

5. De que forma os professores podem estimular as famílias na participação da aprendizagem


dos alunos, principalmente nas aulas remotas?

6. Na sua opinião, os alunos que possuem familiares mais participativos tendem a adquirir
melhor resultado na aprendizagem?

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

1.Você tem o hábito de contar história para os seus alunos? Com que frequência isso ocorre?

2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?

3. Você como educador, acredita que a contação de história contribui para o processo da
leitura? De que forma?

4. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem das crianças?


86

5. Você costuma utilizar de alguma estratégia ou ações para aproximar a família da


aprendizagem da leitura dos seus filhos?

( ) Empréstimo de livros ( ) Encontros

( ) Projeto - Qual o nome:

6. A família é estimulada a trabalhar a contação de história com os filhos/alunos? De que forma?

7. De que forma os pais podem contribuir para essa aprendizagem da leitura por meio da
contação de histórias?

8. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história tendem a
desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?

9. Quais recursos, estratégias ou matérias são utilizados no momento da contação de história na


educação infantil?

( ) Livro ( ) Fantoches ( ) Dedoches


( ) Objetos variados ( ) Desenhos ( ) Música
( ) Outros – Quais:

10.Quais as dificuldades em trabalhar a contação de história em sala de aula, para que se


desenvolva a aprendizagem da leitura por meio desse método?
87

APÊNDICE B – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS/ QUESTIONÁRIO COM


OS RESPONSAVÉIS-FAMILIARES

QUESTIONÁRIO PARA OS RESPONSÁVEIS/FAMILIARES DOS ALUNOS


DO INFANTI V

CARACTERIZAÇÃO
Parentesco do familiar responsável do aluno: ________________________
Escolaridade do familiar ou responsável:____________________________

I. RELAÇÃO FAMILIA ESCOLA

1. Quem geralmente ajuda a criança nas atividades escolares, principalmente agora nas aulas
remotas?

2. A criança apresenta muitas dificuldades em realizar as atividades escolares? Como você o


ajuda a melhorar essas dificuldades?

3. Você se considera participativo em relação ao seu relacionamento com a escola? Cite


exemplos.

4. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se sim,
qual?

5. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa interação
entre a família e a escola?

6. Quais as sugestões que você tem para melhorar o relacionamento da família e da escola para
a melhoria da aprendizagem da criança?

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE


HISTÓRIA

1.Você tem o hábito de contar história para o seu filho? Com que frequência isso ocorre?

( ) Todos os dias ( ) Duas vezes na Semana ( )Uma vez na semana

( ) Uma vez no mês ( ) Às vezes ( ) Quase nunca ( ) Nunca


88

2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?

3. Como você costuma contar as histórias, por meio do uso do livro ou oralmente? Comente.

4. O seu filho gosta quando você conta as historinhas? Qual a reação dele?

5. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem do seu filho?

6. Você acredita que a contação de história contribui para o processo da leitura? De que forma?

7. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história tendem a
desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?

8. Você sabe se na escola existe algum projeto voltado para a contação de história? Comente.
89

APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Instituição: Universidade Estadual do Ceará / Faculdade de Educação de Itapipoca


(FACEDI/Curso de Pedagogia.
Título da Monografia: A relação família e escola: cenários e contextos da realização da leitura
por meio da contação de história de crianças da educação infantil
Aluna: Antonia Eduarda Gonçalves
Orientadora: Profª. Ma. Priscila Azevedo de Amorim
Você está sendo convidado(a) a participar como voluntário(a) e que responderá a
um questionário para fins de coleta de dados para a monografia acima mencionada.
Leia cuidadosamente o que segue e me pergunte sobre qualquer dúvida que você
tiver. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso aceite fazer parte do
estudo, assine ao final deste documento. Em caso de recusa você não sofrerá nenhuma
penalidade, porém, ressalto que sua participação será de muita valia para este trabalho de
monografia que tem como objetivo geral, compreender de que forma a união entre a família
e a escola podem colaborar com a aprendizagem da leitura, especificamente utilizando a
metodologia da contação de história.
Declaro ter sido esclarecido(a) sobre minha participação e nos pontos a seguir:
1. Minhas respostas serão usadas nesse trabalho com fidedignidade e será preservado meu
anonimato assegurando que não será divulgado meu nome em momento algum do trabalho.
2. Minha participação somente se restringirá a responder o questionário.
3. Não receberei e nem pagarei nenhum valor como financiamento para a minha participação.
Eu, _______________________________________________________________ (nome
completo), RG nº _____________________ declaro ter sido informado(a) e concordo em
participar, como voluntário, do trabalho de monografia acima descrito.

Itapipoca-Ceará, ____/____/____

____________________________________________________
Assinatura do(a) participante

____________________________________________________
Assinatura da aluna (autora da pesquisa)
90

APÊNDICE D - SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA DIVULGAÇÃO DO


NOME DA INSTITUIÇÃO

Por meio deste instrumento, solicitamos ao gestor da (escola escolhida) a autorização para
divulgação do nome da instituição em possíveis publicações decorrentes da pesquisa “a relação
família e escola: cenários e contextos da realização da leitura por meio da contação de história
de crianças da educação infantil”, realizada pela acadêmica Antonia Eduarda Gonçalves,
orientada pelo Profa. Priscila Azevedo. A coleta de dados será realizada com professoras do
Infantil V, por intermédio de um questionário. A presente atividade é requisito para a conclusão
do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI),
campus da Universidade Estadual do Ceará (UECE), e caso concorde, solicitamos que assine
esta solicitação, concordando com a exposição do nome da instituição em possíveis publicações
decorrentes da investigação.

Itapipoca – Ceará, ____/___/____

__________________________________________________________________

Diretor (a)
(Assinatura e carimbo da escola)

______________________________________________________________

Antonia Eduarda Gonçalves


Licencianda do Curso de Pedagogia
91

APÊNDICE E – TRANSCRIÇÕES DA ENTREVISTA (P1)

I. RELAÇÃO FAMÍLIA ESCOLA

1.Como é a relação da escola (professores, gestão) com os pais dos alunos?


R. Assim, projeto, projeto mesmo da escola, que a escola propôs, a gente ainda não tem, só que
o município como um todo, para todas as escolas, eles têm o projeto intitulado Brincando em
Família, que existe desde o ano passado esse projeto, esse projeto existe desde o ano passado
para que aconteça essa aproximação entre família e escola. Aí esse projeto acontece assim,
todas as sextas feiras, o objetivo é que a gente faça a atividade desse projeto Brincando em
família, no caso tem a contação de histórias, tem a atividade proposta que no caso seria uma
brincadeira e também tem as músicas que a gente possa está cantando, dançando com as
crianças, gravando vídeo, essas coisas. Sendo que é proposto que os pais participem.
2. As famílias costumam frequentar a escola com frequência? Interage com os
professores/gestão? Visita a sala de aula?
( ) Sempre ( ) As vezes ( ) Quase nunca ( ) Nunca
Explique sua resposta:
R. Não vou saber dizer se a família frequentava a sala de aula, porque não tive esse contato
ainda, eu tento cobrar de certa forma, porque que a Julinha, por exemplo, ainda não enviou a
tarefa, se está tudo bem, eu falo com eles nas aulas, eu digo: olá família, olá crianças, e aí tem
alguns pais que me mandam as respostas no privado, mas é raro, um ou dois, a maioria envia
no grupo do WhatsApp, e aqueles que eu percebo que sempre enviava e por ventura não está
enviando, eu vou lá no grupo ou no privado e pergunto, está acontecendo alguma coisa, está
tudo bem, porque a Julinha não enviou a atividade, o que está acontecendo e aí eu tento por
meio mesmo das mensagens, por que contato mesmo com os pais, infelizmente eu ainda não
pude ter, com nenhum. A gestão no grupo, é mais pra dá algum recado, por exemplo, aqui tem
o programa que é a entrega do leite. Aí segunda e quinta tem essa entrega do leite, a gestão ela
fala, a diretora fala nesse momento, informando que o leite chegou na escola, aí os pais se
direcionam a escola para pegar esse benefício que é o leite, mas tratar mesmo de assuntos
pedagógicos, da aprendizagem da criança não, não acontece isso, certo. Acontece da gestão dá
algum aviso, que chegaram os livros, que chegou o benefício do leite, mas essa aproximação
para tratar de atividades, sobre contação de história por exemplo, isso não existe. É mais a
professora mesmo, a gestão está no grupo mais pra monitorar as aulas das professoras, e da
algum recado, algum aviso, agora a aproximação com os pais não.
92

3. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se
sim, qual?
R. A escola em si não, o Município sim, que é o Brincando em família, mas é algo que é voltado
para todas as escolas, não é algo exclusivo da creche. De certa forma, é algo que tem tido
resultado, porque por mais que seja pouco o retorno que a gente recebe a gente ver a presença
dos pais, teve uma atividade que era pra fazer a letrinha do nome, ali naqueles vídeos quando
eu recebi tinha a mãezinha falando, pegando na mão da criança, tem também a pescaria que é
uma atividade realizada com pregador e umas tampinhas de garrafa, aí nessa atividade também
a gente ver a presença do pai, da mãe, a partir de atividades propostas por esse projeto.
4. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa
interação entre a família e a escola?
R. Eu acredito que é algo que traz muito benefício sim, apesar da escola não ter um projeto
específico, o município em si tem esse projeto e é algo que é de fundamental importância pra
nós professoras, porque nós nesse momento de aulas remotas, estamos dependendo mais do que
nunca da participação dos pais, porque são os pais que estão ensinando de certa forma né,
porque a gente não vai mandar uma mensagem no grupo pra uma criança de cinco anos, e ela
vai ler a mensagem e fazer a atividade, quem está fazendo isso é os pais, então é algo que, a
gente como professor e coordenação deveria ter mais esse apreço, esse cuidado em está
entrando em contato com a família. Eu acho até muito importante esse teu trabalho, é muito
interessante porque abre a mente da gente pra buscar essa aproximação, coisa que até o
momento eu não percebi e eu falho enquanto professora iniciante de não estar buscando tanto
essa aproximação que é tão fundamental principalmente nesse momento de aulas remotas, mas
o que a gente propõe os pais que sempre fazem as atividades, é notório que eles gostam de fazer,
eles gostam que a gente responda “Gael você foi nota dez” ai a mãezinha vai lá e responde,
pede pra criança gravar um áudio, isso é muito interessante. E isso enriquece o trabalho da
gente, enriquece a nossa formação enquanto professora, é um estimulo também para nós
professores. Outros benefícios são a preocupação com a criança, o cuidado, a sensibilização
dos pais em está fazendo as atividades, é a motivação das próprias crianças, tem que ter o pai
ali do lado, a mãe pedindo, insistindo.
5. De que forma os professores podem estimular as famílias na participação da
aprendizagem dos alunos, principalmente nas aulas remotas?
R. Eu acredito que os professores, eu enquanto professora, poderia está cobrando um pouco
mais, insistindo um pouco mais, eu acho que principalmente nesse final de semestre a gente
deixa muito a desejar, tanto o casaco por parte dos pais, das crianças, e da gente mesmo
93

enquanto professor. Está sendo um momento difícil pra todo mundo e aí vai acabando o
semestre e a gente acaba que se acomodando de certa forma e falta mais da minha parte buscar
mais essa aproximação, esse estímulo de ter um contato com os pais de uma forma mais efetiva,
de uma forma mais relevante. Eu acho assim que eu enquanto professora buscar-se fazer vídeos
mais interativos, buscar esse contato diretamente com o pai no privado, está falando com cada
um, tentando essa aproximação, talvez fazendo até uma visita uma vez por mês por ai, iria
chamar a atenção do pai, eles iriam notar que a gente está se esforçando um pouco mais, só que
eu sozinha também não posso fazer isso pela escola, é necessário a mobilização de um todo da
escola, da coordenadora, e como eu novata, acabei de me formar e tem gente lá que tem mais
de 20 anos ensinando, aí eu não me vejo, pelo menos agora nesse semestre dando palpite,
dizendo que a gente poderia fazer assim, fazer assado, até porque mudou essa gestão também,
pode ser que eu não esteja vendo essa mobilização porque elas também estão chegando agora.
Aí tem essa carência desse contato a mais com os pais, eu enquanto novata, por enquanto ainda
não me vejo é opinando tanto assim, mas eu espero que daqui pra frente, em agosto, próximo
semestre as coisas possam melhorar e como eu vou está mais firmada de certa forma eu posso
está dando minha opinião, demostrando algum palpitem em relação a essa aproximação com a
família, dando uma iniciativa.
6.Na sua opinião, os alunos que possuem familiares mais participativos tendem a adquirir
melhor resultado na aprendizagem?
R. Com Certeza, nos estágios, quando eu participava dos estágios a gente percebe quando
aquela criança ela é motivada de dentro de casa a vim pra escola. Tem aquela criança que ela é
tímida, tem aquela criança que é mais acanhada, mas tem aqueles que a gente ver o esforço, que
a gente sabe que quando chegar em casa ela vai mostrar pro pai a atividade. Aquelas mãezinhas
que chegava pra buscar a criança, isso nos estágios, a gente via aquele cuidado, tem pais que
perguntam se a criança está indo bem, se ela está aprendendo a ler, se ela se comportou. Isso a
gente ver quando os pais chegam perguntando isso, a gente nota na criança, que a criança tem
aquele cuidado em ser especial pro pai, então eu acredito que sim, os pais eles têm fundamental
importância na aprendizagem da criança. Na minha sala, a minha turma tem 20 alunos, e tem
alunos do interior do Missi por exemplo, os pais que não tem acesso ao celular, mas que as
crianças fazem as atividades, os pais não estão no grupo mais vão à escola pegar as atividades
com a diretora, no grupo que eu estou tem uma criança que estão a mãe e a avó, uma é a
responsável pela criança e a outra cuida, essa criança sempre manda as atividades, manda foto
com o livro, e é uma coisa que ela faz super rápido, eu consigo ver que a criança é motivada a
fazer assim, e isso é muito bom, não são todas, de vinte, seis ou sete crianças dão retorno todos
94

os dias, menos da metade, mais a gente ver que essas sete elas tem um diferencial do pai, claro
que as outras que não mandam tem a questão do pai não está em casa, do pai está trabalhado e
não tem quem faça, são diversas realidades a gente sabe. Eu já fui deixar apostilhas na casa de
alguns alunos, só que como o único contato que a gente tem é pelo WhatsApp a criança que
não está no grupo eu pergunto a diretora como está a situação, ela me diz se o responsável
pegou o livro e tem os que ela não sabe dizer porque não tem contato.

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

1. Você tem o hábito de contar história para os seus alunos? Com que frequência isso
ocorre?
R. O projeto brincando em família tem essa sequência de contação de história, no caso é todas
as sextas feiras, eu conto uma sexta sim, uma sexta não, porque tem a professora piloto que é a
que mais trabalha isso e eu que sou a volante, quando ela não passa ou mesmo quando eu
percebo que ela não vai passar eu não peço autorização também, eu vejo a necessidade de estar
passando essas histórias, porque a gente recebe o documento dizendo as dicas que é pra gente
fazer e eu vou e faço. E no documento também tem a dica da história.
2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?
R. Nesse último mês, teve a história por exemplo, o passeio de Mariana, nessa história ela fala
sobre um lindo passeio, um lugar encantador, que a convite do avô a Mariana ela vive uma
experiencia de conhecer o mundo da fantasia, como se fosse um passeio mágico. Teve a história
do sumiço da nota sol, a lenda do milho que foi a outra professora que passou, e o casamento
matuto da bicharada, que é a que eu vou passar agora, na minha aula de sexta feira, que eu dou
aula na terça, na quarta e na sexta. Eu vou passar essa história que vai falar desse mês Juninho,
festa de arraia, essas coisas. Eu já trabalhei a história do Pinóquio também, já trabalhei os três
porquinhos, esses clássicos da literatura infantil. Abordam o cuidado com o outro, as emoções,
a sensibilidade, o respeito, por exemplo do Pinóquio, não contar mentiras, respeitar os mais
velhos. Eu acredito que é basicamente isso, o respeito, a humildade, valores como nos três
porquinhos, valorizar o que você tem, não ter preguiça, ser esforçado, dedicado, ouvir os
conselhos de quem é mais experiente, o cuidado consigo e com o próximo como já falei, a
solidariedade. Teve uma vez no mês de março eu acho, a gente trabalhou sobre a gentileza, a
gente contou uma historinha sobre a gentileza e pedimos para as crianças fazerem um mural da
gentileza, com ações, um mural com fotos, recortes e ações que remetessem a gentileza, por
95

exemplo, ajudar um idoso a atravessar a rua, e aí eles colaram, fizeram esse mural, e aí gente
trabalha o valor da solidariedade com essas histórias também.
3. Você como educador, acredita que a contação de história contribui para o processo da
leitura? De que forma?
R. Sim, com certeza a contação de história contribui para o processo de leitura, quando a gente
está contando uma história, claro que da forma presencial, nos estágios porque até o momento
eu ainda não contei nenhuma história para essas crianças no modo presencial, mas quando a
gente entra em contato com a criança, quando a gente está contando uma história a gente ver
que as crianças tem essa necessidade de aprender. Quando eu estou contando uma história pra
criança, ela fica com a curiosidade em saber de onde eu estou tirando essa história, de onde é
que eu estou lendo, e nós como mediadores dessas crianças, dessas aprendizagens, nós temos
que favorecer, fornecer o contato dessas crianças com os livros, eu estou contando mais posso
deixar a criança pegar, deixar a criança conhecer o livro pra ela ir se familiarizando com a
leitura, é o meu papel enquanto professora fazer essa mediação da criança, com a leitura, da
criança com o livro.
4. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem das crianças?
R. Eu acredito que seja desenvolver o imaginário da criança, as emoções, o brincar, o escrever,
e principalmente o ler. A criança acaba fazendo questionamentos, ela acaba tendo
conhecimentos de outro mundo, é uma história que eu estou contando é outra visão, é uma
experiência nova que a criança está tendo, a gente ver que a criança presta atenção, a gente
tendo um jeito de falar que forneça essa curiosidade, a entonação, o jeito que a gente vai contar,
a animação, a caracterização, tudo isso implica, não é só chegar e ler também pra criança, a
gente tem que fazer justamente a contação, eu posso me caracterizar, se tiver alguma fala de
algum animal, o personagem, o leão por exemplo, eu engrossar a minha voz, tem toda aquela
entonação e a gente percebe que a criança ela fica encantada com isso, e isso desenvolve ao
meu ver, diversas aprendizagens, as emoções, a sensibilidade, o contato com o livro, gera toda
uma curiosidade e uma necessidade de aprender.
5. Você costuma utilizar de alguma estratégia ou ações para aproximar a família da
aprendizagem da leitura dos seus filhos?
( ) Empréstimo de livros ( ) Encontros
( ) Projeto - Qual o nome:
R. No Projeto brincando em família no comecinho do semestre agente fez essa proposta do pai
contar uma história pra criança e gravar, infelizmente a gente não obteve retorno, mas teve sim
essa proposta, foi justamente através desse projeto brincando em família, eu não obtive retorno.
96

Na minha timidez de professora iniciante eu não tive a coragem mesmo de cobrar de perguntar
e eu também não tive um apoio que me mandasse, que me motivasse a buscar respostas do
porque não obtive respostas.
6. A família é estimulada a trabalhar a contação de história com os filhos/alunos? De que
forma?
R. A gente faz a nossa contação, a nossa parte de estar gravando os vídeos e tal, mas dizer que
a família é estimulada a fazer a contação, pelo menos na minha escola não, eu ainda presenciei
isso. Infelizmente, é uma carência da minha escola não trabalhar isso da família, não buscar
essa participação da família na aprendizagem da criança como um todo, não só assim responder
uma mensagem no grupo, mas de forma integral, porque a gente está dependendo dos pais nesse
momento.
7. De que forma os pais podem contribuir para essa aprendizagem da leitura por meio da
contação de histórias?
R. O pai ele pode estar apresentando livros a criança, até mesmo contando a história, eu
acredito que criar uma rotina, um hábito. O que a criança faz, ela é o espelho do seu responsável,
dos seus pais, se ela percebe que aquele pai, aquela mãe, ela não ler, ela só fica no celular, a
criança também só vai ficar no celular porque ela não percebe esse hábito dentro de casa e na
escola, consequentemente ela não vai ter tanta coragem de ler, tanto esse incentivo, essa busca
pela leitura, mas se o pai, a família cria uma rotina, cria um momento todos os dias, algo mesmo
rotineiro que vire hábito a criança, eu acredito que ela vai se tornar um excelente leitor, porque
ela vai ter esse incentivo e além desse incentivo é algo que já virou hábito. A gente sabe que a
realidade não é fácil, um pai é pra ele trabalhar, chegar super cansado e ele ainda ir contar uma
história pra uma criança, é complicado, a gente sabe que é complicado, mas eu acho que seria
uma opção, mas a gente sabe que a realidade ela não é esse mar de rosas, essa facilidade toda.
Eu penso também assim, como é que um pai que não tem acesso aos livros ele vai está contando
uma história para a criança, e eu acho que é aí que entra a participação da escola, em ter essa
iniciativa de estarem doando, de estarem emprestando livros para essas famílias. Outro
problema, e os pais que são analfabetos como é que faz, tem toda uma questão, uma
problemática que nos enquanto professoras, você enquanto formanda, a gente não pode resolver
tudo de uma vez, mas existem as iniciativas que servem para melhorar alguma coisa.
8. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história
tendem a desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?
R. Com Certeza, uma criança que ela, como eu falei da rotina, seria ideal, seria ótimo, se as
famílias pudessem criar essa rotina pra que virasse um hábito pra criança, mas como a gente
97

também já falou, a realidade é bem diferente, mais assim, se as crianças elas tivessem essa
familiaridade com a contação de história, com certeza elas desenvolveriam melhor a
aprendizagem delas na leitura, porque elas iriam ter, além de ter tido a curiosidade, elas já iriam
ter tido a apresentação ao livro, propriamente dito, elas já teria tido o contato, já estaria
familiarizada, não ia ser uma novidade tão grande como é da primeira vez que elas escutam
uma história, se tivesse esse hábito essa rotina com certeza as crianças desenvolveriam ainda
mais rápido a leitura.
9. Quais recursos, estratégias ou matérias são utilizados no momento da contação de
história na educação infantil?
( ) Livro ( ) Fantoches ( ) Dedoches
( ) Objetos variados ( ) Desenhos ( ) Música
( ) Outros – Quais:
R. Tem a minha caracterização, eu o meu avental, a minha tiara, para chamar a atenção da
criança. Eu uso o livro, imprimo de certa forma, porque o acesso mínimo aos livros a gente tem
que imprimir, porque na escola não tem biblioteca. Eu uso o livro, as plaquinhas pra ir contando
a histórias, músicas, gravuras, pego a imagem imprimo e colo no quadro e vai contando,
bonequinhos de EVA também, essas coisas.
10. Quais as dificuldades em trabalhar a contação de história em sala de aula, para que se
desenvolva a aprendizagem da leitura por meio desse método?
R. A principal dificuldade, principalmente nesse momento que eu me encontro é de justamente
não está perto da criança, está mostrando, é, fazendo com que elas tenham acesso ao livro,
fazendo com que elas vejam de perto as gravuras dos livros, as imagens, todo aquele encanto
do livro, o folhear das páginas e isso é uma grande dificuldade que a gente enfrenta, essas aulas
remotas tem nos ensinado muitas coisas, mas também tem nos limitado muito. Eu gravar um
vídeo contando uma história, fazendo a entonação, me caracterizando, usando músicas, nunca
vai ser a mesma coisa de estar ali presente com aquela criança, olhando pra elas, bem pertinho
delas, elas pegando no livro, folheando as páginas, fingindo que estão lendo, nunca vai ser a
mesma coisa, a gente se adapta, mas é uma coisa que nos limita muito.
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APÊNDICE F – TRANSCRIÇÕES DA ENTREVISTA (P2)

I. RELAÇÃO FAMÍLIA ESCOLA

1. Como é a relação da escola (professores, gestão) com os pais dos alunos?


R. No momento, o contato está restrito durante o período de pandemia, atendendo os chamados
na escola para regularização de documentos, recebimento de material.
2. As famílias costumam frequentar a escola com frequência? Interage com os
professores/gestão? Visita a sala de aula?
R. O contato está restrito durante o período de pandemia.
3. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se
sim, qual?
R. Sim, o projeto Brincando em família
4. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa
interação entre a família e a escola?
R. Sim, os benefícios são, o diálogo para melhorar a aprendizagem das crianças; diminuição de
faltas; resolução no caso de problemas com o comportamento; apoio no desenvolvimento
cognitivo e afetivo das crianças; auxilio no desenvolvimento da autonomia e da
responsabilidade dos pequenos. Tudo isso e muitos outros fatores serão positivos com essa
relação família e escola.
5. De que forma os professores podem estimular as famílias na participação da
aprendizagem dos alunos, principalmente nas aulas remotas?
R. O professor deve fazer um bom planejamento, incluindo aulas lúdicas e atrativas, mantendo
contato com essas famílias, conscientizando da importância que tem a participação deles nesse
momento.
6. Na sua opinião, os alunos que possuem familiares mais participativos tendem a adquirir
melhor resultado na aprendizagem?
R. Com certeza, aquela criança que tem uma família responsável, participativa e interessada
pelo processo de aprendizagem dos seus filhos, vai mostra um avanço em todos os aspectos do
conhecimento.

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA


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1.Você tem o hábito de contar história para os seus alunos? Com que frequência isso
ocorre?
R. Sim, pelo menos duas vezes por semana. A contação de história se faz necessário para
socializar, educar, vivenciar, alfabetizar, entre outros.
2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?
R. Nessa fase da Educação infantil eles gostam de histórias de animais e eu conto histórias que
abordam valores como de bom comportamento, empatia, amizade, bondade, entre outros.
3. Você como educador, acredita que a contação de história contribui para o processo da
leitura? De que forma?
R. Sim, a partir do momento que a criança se encanta com a contação de histórias, ela se
interessa pela leitura mesmo que ela ainda não saiba ler convencionalmente. A criança desde
muito pequena pode fazer leitura de imagem, reconto, e com a participação do adulto ela
desenvolve amor pelo que está escrito.
4. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem das crianças?
R. A contação de histórias permite trabalhar inúmeros aspectos na vida escolar da criança como
é o caso da interação, socialização, aprimoramento dos laços da amizade, desperta desde cedo
o amor pela leitura e curiosidade pelos livros.
5. Você costuma utilizar de alguma estratégia ou ações para aproximar a família da
aprendizagem da leitura dos seus filhos?
( ) Empréstimo de livros ( ) Encontros
( ) Projeto - Qual o nome:
R. Existe um projeto, conto e reconto na educação infantil. Esse projeto é desenvolvido mais
ou menos assim, quando era aula presencial a gente contava a história, ou dramatizando ou
utilizando alguns recursos, ou com as crianças participando como personagens mesmo e ao
chegar em casa eles fazerem o reconto, o reconto daquela história para os pais, e os pais serem
os escribas, escrever no papel como foi que as crianças contarem e mandarem pra gente, e da
mesma forma na aula remota a gente tenta usar essa estratégia, embora seja mais complicado,
porque a gente não tem mais a presença com eles pra está contando, então é mais simplificado
aí, a gente manda um vídeozinho da história e pede pra eles recontarem pros pais ou então
recontarem em vídeo pra gente ouvir.
6. A família é estimulada a trabalhar a contação de história com os filhos/alunos? De que
forma?
100

R. Nesse período de aula remota, ficou complicado essa interação com as famílias, nos
professores fazemos essa atividade através de vídeos porque muitas mães não gostam de contar
histórias para os filhos.
7. De que forma os pais podem contribuir para essa aprendizagem da leitura por meio da
contação de histórias?
R. Os pais precisam mostrar interesse pelas histórias para que as crianças sintam esse
encantamento pelos livros. Em primeiro lugar, precisamos ter livros infantis em casa, a presença
de livros deixa as crianças mais interessadas, e esse contato com eles é o início desse encanto.
8. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história
tendem a desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?
R. Com certeza, a contação de histórias estimula e desperta a curiosidade pelo mundo letrado.
9. Quais recursos, estratégias ou matérias são utilizados no momento da contação de
história na educação infantil?
( ) Livro ( ) Fantoches ( ) Dedoches
( ) Objetos variados ( ) Desenhos ( ) Música
( ) Outros – Quais:
R. Eu uso o livro, fantoches, dedoches, desenhos, música e objetos variados.
10.Quais as dificuldades em trabalhar a contação de história em sala de aula, para que se
desenvolva a aprendizagem da leitura por meio desse método?
R. Não existe dificuldade, a criança é conquistada pela forma usada para essa contação, e a
partir daí ela se concentra, participa, curte cada momento e ainda pede pra repetir a história. O
momento da contação é um momento mágico, é com esse recurso que a criança se transporta
para o cenário da história, se emociona, interage, reconta, se identifica com os personagens,
interpreta o que ouviu e muito mais.
101

APÊNDICE G – TRANSCRIÇÕES DA ENTREVISTA (R1)

I. RELAÇÃO FAMILIA ESCOLA

1. Quem geralmente ajuda a criança nas atividades escolares, principalmente agora nas
aulas remotas?
R. Eu mesma
2. A criança apresenta muitas dificuldades em realizar as atividades escolares? Como você
o ajuda a melhorar essas dificuldades?
R. Não muita, ele não me dá trabalho para realizar as tarefas, e quando ele tem, eu costumo
pegar na mão dele para ajudar.
3. Você se considera participativo em relação ao seu relacionamento com a escola? Cite
exemplos.
R. Sim, antes da pandemia eu ia a escola, para as reuniões e para as festinhas. Agora o meu
contato é pelo WhatsApp.
4. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se
sim, qual?
R. Não, acho que não. Sinceramente eu não sei.
5. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa
interação entre a família e a escola?
R. Sim. Não sei quais os benefícios.
6. Quais as sugestões que você tem para melhorar o relacionamento da família e da escola
para a melhoria da aprendizagem da criança?
R. Não tenho nenhuma sugestão.

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

1.Você tem o hábito de contar história para o seu filho? Com que frequência isso ocorre?
( )Todos os dias ( ) Duas vezes na Semana ( )Uma vez na semana
( uma vez no mês ( ) As vezes ( ) Quase nunca ( ) Nunca
R. Sim, Todos os dias quando ele vai dormir.
2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?
R. As dos livrinhos, como a dos três porquinhos.
3. Como você costuma contar as histórias, por meio do uso do livro ou oralmente?
Comente.
R. Às vezes do livro, as vezes oralmente.
4. O seu filho gosta quando você conta as historinhas? Qual a reação dele?
R. Gosta, fica animado.
5. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem do seu filho?
R. Não sei dizer
6. Você acredita que a contação de história contribui para o processo da leitura? De que
forma?
R. Contribui, faz com que ele queira ler sozinho
102

7. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história


tendem a desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?
R. Sim
8. Você sabe se na escola existe algum projeto voltado para a contação de história?
Comente.
R. Não sei dizer
103

APÊNDICE H – TRANSCRIÇÕES DA ENTREVISTA (R2)

I. RELAÇÃO FAMILIA ESCOLA

1. Quem geralmente ajuda a criança nas atividades escolares, principalmente agora nas
aulas remotas?
R. Sou eu
2. A criança apresenta muitas dificuldades em realizar as atividades escolares? Como você
o ajuda a melhorar essas dificuldades?
R. Muito, muito não, mas dá um pouquinho de trabalho, porque é eu que ensino ela, tem horas
que ela não quer, tem horas que ela inventa história, diz que não quer, que tá cansada, deve ser
porque é eu, eu já tentei colocar uma amiga minha que é professora, ela só ensinou um mês,
depois disso a minha filha não quis mais ela, de jeito nenhum. Eu tento ter paciência, insisto
que ela tem que fazer, prometo coisas a ela, depois eu te dou isso, depois eu te dou isso, aí ela
faz. A dificuldade dela é no alfabeto e nos números, por que ela não sabe ler ainda.
3. Você se considera participativo em relação ao seu relacionamento com a escola? Cite
exemplos.
R. Sim, vou a todas as reuniões, antes da pandemia tinha as reuniões no começo do semestre,
que tinha que assinar, agora é tudo pelo celular.
4. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se
sim, qual?
R. Nessa Escola não, na outra que ela estudava tinha, ela só tá na escola a um (01) ano, eu tive
que tirar ela da antiga escola. Ai nessa escola eu não vi nenhum projeto não. Era bom se tivesse
um projeto, na outra escola tinha um projeto que era brincando com os pais, toda sexta feira
tinha esse projeto, era bom se também tivesse nessa escola, para tipo incentivar os pais a
gravarem um vídeo e mandar para a professora fazendo uma brincadeira ou uma tarefinha com
os filhos, seria bem legal.
5. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa
interação entre a família e a escola?
R. Sim. Seria interessante porque o aluno aprenderia mais em casa, já que não está indo pra
escola, principalmente nesse momento de pandemia.
6. Quais as sugestões que você tem para melhorar o relacionamento da família e da escola
para a melhoria da aprendizagem da criança?
R. Quem sabe um projeto, que promova uma interação entre a família e a escola

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

1.Você tem o hábito de contar história para o seu filho? Com que frequência isso ocorre?
( )Todos os dias ( ) Duas vezes na Semana ( )Uma vez na semana
104

( ) uma vez no mês ( ) As vezes ( ) Quase nunca ( ) Nunca


R. Às vezes, uma vez por semana, porque toda vez que eu vou ajudar ela com as atividades ela
pedi uma historinha e eu conto.
2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?
R. Tem uns livrinhos que ela ganhou da escola, eu sempre leio pra ela, e ela também tem um
que ela já havia ganhado da escola, ela mesmo gosta de pedir pra que eu conte pra ela. Tem um
livrinho que é sobre respeito, que é até do antigo projeto dela, que é sobre respeito e de se
comunicar com as crianças.
3. Como você costuma contar as histórias, por meio do uso do livro ou oralmente?
Comente.
R. Uso do livro
4. O seu filho gosta quando você conta as historinhas? Qual a reação dele?
R. Ela fica escutando, ela gosta. Ela tenta ler do jeito dela, sem saber ler, ela pega o livro e vê
a imagem e começa a falar, como se tivesse lendo.
5. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem do seu filho?
R. Pra incentivar ela a querer ler, porque quando eu não sabia ler eu era assim, eu ficava vendo
as historinhas e eu queria tentar aprender a ler.
6. Você acredita que a contação de história contribui para o processo da leitura? De que
forma?
R. Sim, porque ela vendo eu ler, ela talvez queira ler também, queira aprender a ler.
7. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história
tendem a desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?
R. Sim, porque fica na cabeça dela a historinha e ela vem a querer ler mais, por causa da
historinha ou pra contar a historinha pra alguém ou pra querer ler pra ela mesmo.
8. Você sabe se na escola existe algum projeto voltado para a contação de história?
Comente.
R. Não, não vi ainda. As professoras costumam enviar historinhas pelo celular.
105

APÊNDICE I – TRANSCRIÇÕES DA ENTREVISTA (R3)

I. RELAÇÃO FAMILIA ESCOLA

1. Quem geralmente ajuda a criança nas atividades escolares, principalmente agora nas
aulas remotas?
R. Eu ajudo, sempre acompanho.
2. A criança apresenta muitas dificuldades em realizar as atividades escolares? Como você
o ajuda a melhorar essas dificuldades?
R. Não, ela é super ativa. Geralmente ela não tem tantas dificuldades, quando tem a gente
mostra como é que faz e ela vai fazendo. Ela ainda não sabe ler, mas conhece as letras do
alfabeto, e as letras do nome dela.
3. Você se considera participativo em relação ao seu relacionamento com a escola? Cite
exemplos.
R. Sim, eu visitava a creche todos os dias, ia deixar e ia buscar ela, sempre falava com a
professora, porque a minha preocupação era porque ela não interagia com as outras crianças. A
professora dizia pra mim não se preocupar que como tempo ela ia interagir mais. Essas aulas
remotas prejudicam muito as crianças, eu acho, porque por mais que você faça não é o mesmo
que a sala de aula.
4. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se
sim, qual?
R. Deve ter, esse ano e ano passado foi muito difícil, aqui acolá tinham umas festinhas, aí os
pais interagiam. Ela por sinal até participou uma vez, fez uma dança.
5. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa
interação entre a família e a escola?
R. Com Certeza, porque você fica conhecendo como o seu filho está, você fica apar da situação,
você fica sabendo o que está acontecendo com a criança, se ela está tendo um bom
desenvolvimento, como é o tratamento dela. É muito bom, tanto pra criança como para os
professores
6. Quais as sugestões que você tem para melhorar o relacionamento da família e da escola
para a melhoria da aprendizagem da criança?
R. Acredito que se os pais fossem mais participativos, eles incentivam mais os filhos, eles iam
ajudar mais, ficar sabendo o que a criança precisa para melhorar.

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

1.Você tem o hábito de contar história para o seu filho? Com que frequência isso ocorre?
( )Todos os dias ( ) Duas vezes na Semana ( )Uma vez na semana
( uma vez no mês ( ) As vezes ( ) Quase nunca ( ) Nunca
106

R. Costumo contar as historinhas que ela escutava na escola. Uma vez por semana, as vezes ela
me pedir pra ensinar ela a ler, mas é dois segundos, e ela já sai e vai brincar
2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?
R. As que ela gosta de ouvir, como os três porquinhos. Essas histórias infantis. Ela adora ouvir
a dos três porquinhos. Mas ela criar umas histórias da cabeça dela, eu acho tão engraçado, a
história dos três porquinhos ela cria totalmente diferente ao contar a história, aí ela pergunta, e
aí vovó você gostou? Gostei minha filha.
3. Como você costuma contar as histórias, por meio do uso do livro ou oralmente?
Comente.
R. Conto mais oralmente, as coisas da vida, as minhas dificuldades.
4. O seu filho gosta quando você conta as historinhas? Qual a reação dele?
R. Ela gosta, ela gosta muito.
5. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem do seu filho?
R. As historinhas elas estimulam a imaginação, a leitura. Elas conhecem mais o mundo da
leitura.
6. Você acredita que a contação de história contribui para o processo da leitura? De que
forma?
R. Sim, é porque a criança vai perceber que ela só vai conseguir contar a historinha se ela souber
ler, se ela pegar um livro, porque é também através do livro que ela vai aprender a ler.
7. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história
tendem a desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?
R. Sim, com certeza.
8. Você sabe se na escola existe algum projeto voltado para a contação de história?
Comente.
R. Tem sim, as professoras sempre leiam uma historinha antes de começar a aula, ela gosta,
agora ela assiste pelo celular, vendo o que a tia passou, depois tem a tarefa.
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APÊNDICE J – TRANSCRIÇÕES DA ENTREVISTA (R4)

I. RELAÇÃO FAMILIA ESCOLA

1. Quem geralmente ajuda a criança nas atividades escolares, principalmente agora nas
aulas remotas?
R. Eu ou o Irmão dele, mas é mais o irmão dele.
2. A criança apresenta muitas dificuldades em realizar as atividades escolares? Como você
o ajuda a melhorar essas dificuldades?
R. Não, Ele sempre faz, a gente diz como é pra fazer, qual a letra que é pra fazer e ele faz, se
ele não sabe fazer a letra a gente faz pra ele copiar, porque ele não sabe ler.
3. Você se considera participativo em relação ao seu relacionamento com a escola? Cite
exemplos.
R. Sim, eu sempre ia deixá-lo, buscar, as reuniões eu ia também.
4. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se
sim, qual?
R. Eu acho que não.
5. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa
interação entre a família e a escola?
R. É
6. Quais as sugestões que você tem para melhorar o relacionamento da família e da escola
para a melhoria da aprendizagem da criança?
R. Não, pra mim assim tá bom. Ele aprende, não é como se ele tivesse na escola, mas ele
aprende.

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

1.Você tem o hábito de contar história para o seu filho? Com que frequência isso ocorre?
( )Todos os dias ( ) Duas vezes na Semana ( )Uma vez na semana
( uma vez no mês ( ) As vezes ( ) Quase nunca ( ) Nunca
R. As vezes sim, à noite.
2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?
R. As historinhas infantis, a dos três porquinhos a do Pinóquio.
3. Como você costuma contar as histórias, por meio do uso do livro ou oralmente?
Comente.
R. Do livro
4. O seu filho gosta quando você conta as historinhas? Qual a reação dele?
R. Ele gosta, ele pede pra contar outra, ele faz perguntas, como foi que ele fez isso, quer saber
de tudo.
108

5. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem do seu filho?


R. Eu acho, que ele pode se interessar mais pra aprender a ler, pra ler as histórias, ele tem muita
vontade de aprender a ler.
6. Você acredita que a contação de história contribui para o processo da leitura? De que
forma?
R. Sim, é porque ele ver as palavras, ele vai querer saber o que tá escrito ali, ele vai querer
aprender a ler pra ele mesmo ler a história.
7. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história
tendem a desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?
R. Eu acho que sim, porque ele ver as palavras ele vai querer ler, querer aprender, ele vai querer
saber o que tá escrito ali, eu acho que ele vai se interessar mais do que ele não visse.
8. Você sabe se na escola existe algum projeto voltado para a contação de história?
Comente.
R. Não sei, tem uma professora que eu acho que ela é só mesmo de contar histórias, quando
tinha aulas, agora elas mandam em vídeos, ele assiste e gosta.
109

APÊNDICE K – TRANSCRIÇÕES DA ENTREVISTA (R5)

I. RELAÇÃO FAMILIA ESCOLA

1. Quem geralmente ajuda a criança nas atividades escolares, principalmente agora nas
aulas remotas?
R. Sou eu mesma que ajudo ele nas aulas e nas atividades
2. A criança apresenta muitas dificuldades em realizar as atividades escolares? Como você
o ajuda a melhorar essas dificuldades?
R. Bom, ele tem algumas dificuldades, só que aí eu explico bem melhor e aí ele vai entendendo.
3. Você se considera participativo em relação ao seu relacionamento com a escola? Cite
exemplos.
R. Sim, sim, eu me sinto muito participativa, em relação a tudo.
4. Na escola existe algum projeto, alguma ação, que vise a aproximação da família? Se
sim, qual?
R. Pra falar a verdade não, nunca vi não.
5. Para você, a participação da família na escola é importante? Cite os benefícios dessa
interação entre a família e a escola?
R. Na verdade, a interação com a escola, e com os alunos e principalmente com os pais dos
alunos é muito importante né, principalmente para aqueles que tem mais dificuldades.
6. Quais as sugestões que você tem para melhorar o relacionamento da família e da escola
para a melhoria da aprendizagem da criança?
R. Bom a minha sugestão assim, para a escola, para que haja uma aprendizagem das crianças
eram eles chamarem os pais, e as crianças e promoverem momentos de interação, como contar
historinhas, e essas coisas que as crianças gostam.

II. APRENDIZAGEM DA LEITURA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

1.Você tem o hábito de contar história para o seu filho? Com que frequência isso ocorre?
( )Todos os dias ( ) Duas vezes na Semana ( )Uma vez na semana
( uma vez no mês ( ) As vezes ( ) Quase nunca ( ) Nunca
R. Geralmente isso acontece em três dias, quatro dias da semana, não todos os dias, ele pede
quase todos os dias, mas eu não tenho muito tempo, eu tiro três, quatro dias da semana. É que
ele pede muito pra mim contar historinhas pra ele.
2. Quais histórias você costuma contar? Quais valores elas geralmente abordam?
R. Costumo contar pra ele mais essas fábulas. Quando eu começo a contar ele gosta muito, ele
fica mais atento.
3. Como você costuma contar as histórias, por meio do uso do livro ou oralmente?
Comente.
R. Normalmente é por meio do livro, livros que tem historinhas.
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4. O seu filho gosta quando você conta as historinhas? Qual a reação dele?
R. Ele gosta muito quando eu conto histórias pra ele, ele fica mais assíduo, presta bastante
atenção, depois ele pergunta porque aconteceu isso, porque aconteceu aquilo, eu vou
respondendo e ele fica bem atento.
5. Quais os benefícios da contação de histórias para a aprendizagem do seu filho?
R. Eu acho assim, que contar historinhas para os filhos da gente, faz com que eles aprendam
mais, sabe? Faz com que eles fiquem mais atenciosos, prestem bastante atenção.
6. Você acredita que a contação de história contribui para o processo da leitura? De que
forma?
R. Acredito sim que contribui para o processo de leitura porque, tem algumas coisas que ele
tipo, já sabe quase ler, e isso é ótimo.
7. Na sua opinião, as crianças que possuem familiaridade com a contação de história
tendem a desenvolver-se melhor na aprendizagem da leitura?
R. Bom, eu acho assim, que as crianças que ouvem bastante histórias assim elas tendem a
desenvolver mais o pensamento, a imaginação.
8. Você sabe se na escola existe algum projeto voltado para a contação de história?
Comente.
R. Bom, que eu saiba não tem nenhum projeto voltado para contar histórias não, nunca ouvi
falar, mais bem que deveria ter.

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