Você está na página 1de 48

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS

DE IBITINGA - FAIBI
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

ELAINE MACCARI DE GODOY


PAULO CÉSAR FRANCISCO

A INVISIBILIDADE DO BULLYING NAS ESCOLAS DE


EDUCAÇÃO BÁSICA

IBITINGA / SP
2023
Elaine Maccari de Godoy
Paulo César Franscisco

A INVISIBILIDADE DO BULLYING NAS ESCOLAS DE


EDUCAÇÃO BÁSICA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Pedagogia da
FAIBI como requisito básico para a
obtenção do Título de Licenciatura em
Pedagogia.

Orientador (a): Ms. Maria Inês Miqueleto

IBITINGA / SP
2023
Elaine Maccari de Gogoy
Paulo César Francisco

A INVISIBILIDADE DO BULLYING NAS ESCOLAS DE


EDUCAÇÃO BÁSICA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentada à Faculdade de filosofia,
Ciências e Letras de Ibitinga, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Licenciatura em Pedagogia.

Aprovado em:......../....../........

BANCA EXAMINADORA

___________________
Prof.(a) Ms. Maria Inês Miqueleto

___________________
Prof.(a) Titulação e Nome do Orientador(a)

___________________
Prof.(a) Titulação e Nome do Orientador(a)

Revisado por:..................................

IBITINGA/SP
2023
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS

Eu, Elaine, primeiramente agradeço a Deus por ter me dado sabedoria e


discernimento para conduzir este trabalho e ter me iluminado em todos os
momentos de dúvida e incerteza. Sua graça e misericórdia foram fundamentais para
a realização deste projeto.
Em conseguinte, agradeço a meu marido, meu companheiro e amigo, por
sempre ter me encorajado a buscar essa graduação e com isso, a superar meus
próprios limites. Seu apoio incondicional e seu incentivo foram fundamentais para
que eu pudesse me sentir capaz de realizar este TCC e dar o meu melhor para
cursar essa faculdade. Nesse período, você foi o meu porto seguro. Seu amor,
paciência e comprometimento com nossa relação foram um grande estímulo para
minha dedicação. Simplesmente, amo Você!
Sou imensamente grata a meus pais (in memoriam), que foram a principal
base para me tornar a pessoa persistente a qual sou hoje, mas que infelizmente,
não estarão em minha apresentação do TCC, e nem na minha Colação de Grau.
Tenho certeza de que, de onde estiverem, sempre estarão olhando, orientando e
torcendo por mim.
Agradeço também, meus filhos, que são tudo na minha vida e que sempre
estiveram ao meu lado dando apoio e incentivo em todas as etapas desse curso.
Sem vocês, esta trajetória não seria tão especial e gratificante como foi. Amo-lhes,
INCONDICIONALMENTE!!
Da mesma forma, não poderia deixar de citar meus amigos que essa
faculdade me trouxe, que são a Luana, a Vitória e o amigo e companheiro na
construção desse trabalho, o “Paulinho”. Eles foram o ponto chave para que não
houvesse desanimo e que durante esta trajetória, um fortalecia o outro para jamais
desanimar e/ou desistir.
Expresso aqui, minha gratidão a todos os que, de alguma forma, colaboraram
para a realização deste TCC, principalmente nossa orientadora, ao qual tenho
imensa admiração, Maria Inês MIqueleto, seja fornecendo informações, materiais ou
simplesmente ouvindo nossas ideias. O interesse e disposição em nos ajudar foram
motivadores e essenciais para a qualidade deste trabalho.
AGRADECIMENTOS

Eu, Paulo, agradeço primeiramente a Deus, fonte da minha vida, inspiração e


sabedoria. Até aqui o Senhor me sustentou e nunca me abandonou! Obrigado por
estar sempre comigo e pelo Teu grande amor!
Agradeço especialmente à minha esposa Laís, que sempre me incentivou, me
ajudou muito e me forneceu estrutura emocional para estudar, mesmo nos
momentos mais difíceis você esteve ao meu lado, e sei que estará sempre torcendo
por mim! Amo muito você minha “Metadinha!”
Agradeço de todo meu coração, à minha mãe, Claudineia e ao meu pai
Francisco que mesmo com toda simplicidade, me ensinaram os valores e princípios
mais importantes da minha vida. Amo vocês!
Agradeço ao meu filho Lucca, razão pela qual eu enfrento tudo e por quem eu
daria a minha vida, por cada abraço, por me amar e me permitir te amar, e por todas
as vezes que me via saindo de casa para ir para faculdade dizia: - Papai, estuda
direito e obedece a “popetora”. Amo você meu “grudinho”.
Agradeço à minha orientadora, amiga e professora Maria Inês Miqueleto pelo
conhecimento compartilhado, pela experiência dividida, pelos importantes momentos
de aprendizagem proporcionados, pelas broncas, pelas insistências e principalmente
por ter me incentivado a chegar até aqui.
Agradeço aos meus amigos de curso Luana, Vitória e Alexandre pela
companhia diária e por deixarem nossas noites mais leves, e à minha maravilhosa
parceira de TCC Elaine, por nunca soltar a minha mão, saiba que você é uma das
maiores responsáveis por eu ter chegado até aqui, muito obrigado por acreditar em
mim quando nem eu mesmo acreditava mais. Juntos estamos vencendo mais esta
etapa. Passamos por “maus bocados”, mas aqui estamos!!
Agradeço a todos aqueles que me ajudaram e que estiveram presentes
durante a realização desta difícil jornada. Valeu a pena!
“Para transformar o mundo é preciso,
antes, pensá-lo diferente”.
(Hannah Arendt)
RESUMO

A violência nos espaços escolares tem se tornado um fato comum e sua elevada
incidência tem gerado consequências danosas ao desenvolvimento psicossocial de
crianças e jovens em idade escolar. Trata-se de um grande e preocupante fenômeno
em expansão: o bullying. Essa prática danosa vem ganhando cada vez mais espaço
nos ambientes escolares e apresenta consequências nefastas para estes espaços,
assim como para a construção de relações saudáveis entre os estudantes. Com a
expansão das novas tecnologias, como celulares, e computadores, a maneira como
as agressões ocorrem também vem se modificado drasticamente, atingido as
crianças e os jovens de forma tão direta quanto a violência física propriamente
sofrida por estes sujeitos. Neste contexto, o presente trabalho tem como principal
objetivo mostrar esta problemática fazendo um estudo sobre suas causas e
consequências nos ambientes escolares. Como fundamentação teórica do estudo
nos embasamos em autores que transcorrem pela temática. Estes autores vêm
discutindo conceitualmente essa problemática, buscando evidenciar os transtornos
ocasionados na vida das vítimas, bem como o papel da família e da escola no
combate ao fenômeno abordado. A metodologia da pesquisa se deu por meio de
uma abordagem qualitativa, utilizando referências bibliográficas, artigos,
Constituição Federal, revistas e blogs. Os resultados comprovam que o bullying é
uma modalidade de violência que incide de forma direta na vida das crianças e dos
jovens. Neste contexto, mesmo não havendo um estudo aprofundado deste
fenômeno por parte das Instituições de Ensino, temos ciência quanto a gravidade do
fenômeno, demostrando que há uma relação direta entre os atos violentos e a
desmotivação dos discentes, gerando, consequentemente, prejuízos ao processo de
ensino aprendizagem.

Palavras-Chave: Bullying. Consequências. Saúde Mental. Violência. Vítima e


Agressão.
ABSTRAT

Violence in school environments has become a common occurrence, and its high
incidence has detrimental effects on the psychosocial development of school-age
children and youth. One major and concerning phenomenon is bullying. This harmful
practice is increasingly prevalent in school settings and has disastrous
consequences for these spaces, as well as for the establishment of healthy
relationships among students. With the expansion of new technologies, such as cell
phones and computers, the way these aggressions occur has also drastically
changed, affecting children and youth as directly as physical violence itself. In this
context, the present study aims to highlight this issue by examining its causes and
consequences in school environments. The theoretical foundation of the study is
based on authors who delve into this topic conceptually, seeking to highlight the
disruptions caused in the lives of victims, as well as the role of family and school in
combating the phenomenon. The research methodology employed a qualitative
approach, using bibliographic references, articles, the Federal Constitution,
magazines, and blogs. The results confirm that bullying is a form of violence that
directly impacts the lives of children and youth. In this context, even without an in-
depth study of this phenomenon by educational institutions, we are aware of its
severity, demonstrating a direct relationship between violent acts and students'
demotivation, consequently leading to impairments in the teaching-learning process.

Keywords: Bullying. Consequences. Mental Health. Violence. Victim and


Aggression.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ART Artigo
CP Código Penal
CRFB Constituição da República Federativa do Brasil
ECA Estatuto da Criança e Adolescente
EV Espaço Virtual
PLACON Plataforma Conviva
SED Secretaria Escolar Digital
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 12
1 A VIOLENCIA E A ESCOLA..................................................................................14
1.1 A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS............................................................................15
1.2 ALGUNS TIPOS DE VIOLÊNCIA PRESENTES NO AMBIENTE ESCOLAR......18
1.3 AMEAÇAS........................................................................................................................18
1.4 BULLYING........................................................................................................................19
1.5 CYBERBULLYNG.................................................................................................20
1.6 VIOLÊNCIA SEXUAL...........................................................................................21
2. O FENÔMENO BULLYING................................................................................... 23
2.1 DEFINIÇÃO DE BULLYING`................................................................................23
2.2 PROGRAMA DE COMBATE À INTIMIDAÇÃO SISTEMÁTICA ..........................24
2.3 A VIOLÊNCIA APREGOADA PELA PRÁTICA DO BULLYING ........................... 25
3 ESCOLA É LUGAR DE BULLYING?.....................................................................31
3.1 FUNÇÃO DA ESCOLA.........................................................................................32
3.2 COMO REALMENTE É O BULLYING NA ESCOLA............................................35
3.3 BULLYING: VISTO COM OUTROS OLHOS........................................................37
3.4 PROGRAMAS E LEIS SOBRE COMBATE AO BULLYING.................................40
3.5 MEDIDAS DE PREVENÇÃO................................................................................43
REFERÊNCIAS .........................................................................................................45
12

INTRODUÇÃO

Toda forma de violência representa uma ameaça ao processo de


desenvolvimento cognitivo, psicológico e social do ser humano, gerando
consequências na vida do indivíduo.
É no espaço escolar que as crianças e adolescentes passam a maior parte do
tempo, onde a escola tem como função estimular o desenvolvimento das aptidões,
do senso crítico, da aprendizagem e da formação de cidadãos que sejam capazes
de conviver em sociedade, mas a rotina de agressões e violência no ambiente
escolar tem se mostrado cada vez mais presente, e pelo que se vê, escolas tem se
mostrado inaptas a trabalharem com a afetividade de seus alunos.
Os professores demonstram desgaste emocional com seu trabalho e com os
conflitos em seu ambiente profissional que no cotidiano escolar tem sido mais
frequente. Muitas vezes, isso ocorre devido ao estresse e ao cansaço ou até mesmo
pela falta de informações, dessa forma alguns professores contribuem com o
agravamento do quadro, rotulando com apelidos pejorativos ou reagindo de forma
agressiva ao comportamento indisciplinado de alguns alunos.
O fenômeno bullying não é novo, expressa uma forma de violência que
sempre esteve presente nas escolas, onde os mais fortes oprimem os mais frágeis,
onde estes se tornam vítimas por vários motivos, mesmo os mais banais. O que
mais preocupa é que nem sempre a agressão é percebida pelos professores,
coordenadores e diretores já que os alunos nem sempre levam a informação até a
equipe pedagógica da escola.
Um dos meios a se aviar o bullying no espaço escolar, os educadores
precisam estar atentos à identificação de agressores e agredidos de forma que seja
preservada a integridade física, psicológica, com garantia do aprendizado na sala de
aula.
Devido à agressividade, a violência, ao excesso de apelidos pejorativos e a
observação do baixo rendimento escolar dos alunos vítimas de brincadeiras
constantes é que se percebeu a relevância do tema e motivou-se este trabalho de
esclarecimento de fatos e atos.
O objetivo do presente estudo é o de tentar compreender esse assunto que
vem se tornando um fenômeno e atingindo cada vez mais crianças e adolescentes,
bem como questionar tal comportamento sobre o grau de violência e a maneira
13

como é executada e refreada no ambiente escolar. O Bullying é um relevante índice


de risco para comportamentos agressivos futuros. Dessa forma, esse trabalho
acadêmico tende a explicar e compreender de forma simplificada, análises mais
detalhadas sobre o tema, para que possa ter a compreensão de todos de quão
perigoso o efeito do Bullying pode ser para a sociedade.
Diante da importância do assunto considerou como objetivo geral: trazer
informações sobre o fenômeno bullying, por meio desse trabalho científico, visando
à compreensão, a visão de autores sobre o tema e como é essa realidade nas
escolas.
14

1 A VIOLÊNCIA E A ESCOLA
A violência é um ato de brutalidade e crueldade em que o indivíduo age por
impulso contra outro ser vivo ou contra um objeto. Assim:
[...] violência é todo ato que implica a ruptura de um nexo social pelo uso de
força. Quando ocorre um ato de violência, nega-se, assim, a possibilidade
da relação social que se instala pela comunicação, pelo uso de palavras,
pelo diálogo e pelo conflito (SPOSITO, 1998, p. 60).

Vivemos numa sociedade desenvolvida em termos de meios de comunicação


digitais que possibilitam a troca de palavras, de imagens e de som mesmo quando
as pessoas estão em lugares geograficamente distantes em tempo real, todavia a
comunicação, o diálogo nem sempre são praticados e assim acabam gerando
conflitos de diversas naturezas.
O fenômeno da violência sempre existiu nas sociedades, mas atualmente a
divulgação deste ato vem sendo demonstrado por todo o mundo. A imprensa
(impressa ou digital) é o canal de grande importância na atualização dos casos de
violência; por ela sabemos o quanto a violência está presente no dia a dia de cada
um de nós, seja num muro pichado, num monumento ou numa construção que
sofreram depredações, nas humilhações que sofremos, nos roubos, espancamentos
ou a morte Candau (2001).
Definido como um abuso intencional de poder nas diversas dimensões da
vida humana, a violência enraíza-se nas relações de poder entre os seres
humanos: ela se infiltra em padrões de interação, em estratégias de
resolução de conflitos e em representações sobre si mesmo ou sobre os
outros na convivência cotidiana (CANDAU, 2001, p.12).

Os casos de violência presente nos dias atuais das pessoas estão crescendo
gradativamente e para isso existem muitas influências. O tráfico de drogas ilegais é
o coadjuvante principal para que estes casos cresçam desordenadamente. O tráfico
por sua vez já é uma agressão ao ser humano, pois acabam tornando as pessoas
suas vítimas (usuários dependentes do uso) aos poucos ou até mesmo com uma
velocidade exorbitante. FONTE
Outra forma do tráfico agredir suas vítimas é a morte. Como o tráfico está
com uma prática intensa atingiu um grau excessivo, e dessa forma as mortes
tendem a se exceder também.
As formas de violência se multiplicaram, hoje podemos falar que existem
outros critérios para que aconteçam atos violentos, trata-se das Guerras Surdas da
fome, da exclusão, da pobreza, da intolerância racial, da marginalização e do
15

preconceito. A guerra surda é um fenômeno diluído na sociedade, que penetra os


diferentes espaços sociais. Afeta comportamentos pessoais e coletivos, mentes,
corpos e corações. Necessita de outros processos de negociação e outras
categorias para ser enfrentada (CANDAU, 2002).
Seguindo nessa linha dos inúmeros fatores que levam um indivíduo a praticar
a violência, ganha destaque a desigualdade social. Este fator está bastante ligado a
prática da violência e deve ser visto como tal pois: “A situação de carência absoluta
de condições básicas de sobrevivência tende a embrutecer os indivíduos, assim, a
pobreza seria geradora de personalidades disruptivas” (ABRAMOVAY, 1999)).
O dinheiro é um fenômeno que dissipa nos indivíduos, comportamentos
irreversíveis que na maioria das vezes prevalece aquele que possui status, ou seja,
uma vida cheia de atributos que lhe tragam oportunidades vantajosas.
A partir desse [...] de estar numa posição secundária na sociedade e de
possuir menos possibilidade de trabalho, estudo e consumo, porque além
de serem pobres se sentem maltratados, vistos como diferentes e inferiores.
Por essa razão, as percepções que têm sobre os jovens endinheirados são
muito violentas e repletas de ódio (ABRAMOVAY et al, 1999, p.73).

1.1 A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS


A violência não escolhe faixa etária, sexo, religião, cor ou lugar, ela
simplesmente acontece deixando resultados desagradáveis ao nosso ego. Um dos
lugares que para muitos seria um lugar seguro, pacífico e propício para a
aprendizagem e o processo educativo, está se tornando inseguro e alvo de gangues,
drogas e até da criminalidade, é a escola.
A violência, fenômeno antigo, tradicionalmente visível em algumas
instituições, com as mudanças históricas, culturais e científicas ganha
visibilidade em lugares inesperados: fala-se hoje apropriadamente também
em violência (s) na escola, cada vez mais no plural que no singular. Essa
expressão denominada tanto o próprio fenômeno quanto o construto teórico
desenvolvido para estudar tal fenômeno (ANDRADE, 2002, p. 27).

A escola vem sendo um palco, atualmente, para se praticar a violência,


porém, em tempos remotos já existiam casos de violência nas escolas, a exemplo:
os castigos contra os alunos (o uso da palmatória, ficar de pé olhando para o quadro
de giz, de costas para a turma recebe um chapéu de papel sendo “chapéu de burro”,
ficar ajoelhado sobre grão de milho), eram punições severas para as crianças; outro
aspecto violento que já havia nas escolas era a indisciplina só que em um grau
menos elevado que hoje. FONTE
16

A indisciplina atualmente recebe outros nomes tais como: agressividade,


indiferença e desrespeito. A sociedade vem se deparando com um surto enorme de
violência nas escolas e “(...) as escolas deixaram de certa forma, de representar um
local de amparo, seguro e protegido para os alunos e perderam grande parte dos
seus vínculos com a comunidade”. (ABRAMOVAY, 2002, p.13)
A violência enquanto comportamento desumano com ocorrências nas escolas
é verificada tanto nas escolas privadas quanto nas escolas públicas, todavia, nas
escolas públicas o índice é maior por várias razões:
 O local onde a escola está situada;
 A classe social que a comunidade escolar faz parte;
 Organização da instituição escolar;
 A prática pedagógica utilizada pelos professores;
 A insegurança na instituição;
 A precariedade do funcionamento;
 A falta de organização, compreensão e compromisso dos governantes.
A violência na escola é analisada, em geral, por suas causas e
manifestações, agrupadas em fatores internos (modelos de gestão, modelos
de relacionamento e resolução de conflitos inter e intragrupais, além dos
vínculos com a comunidade de origem) e externos à escola (invasão por
gangues e tráficos...) (ANDRADE, 2002, p. 28).

Ao falarmos em violência na escola, é importante ressaltar que as ações


violentas ocorrem tanto na parte externa quanto na interna.
As ocorrências de violência nas escolas dão-se mais através dos aspectos
externos, ou seja, na instituição há normas a serem cumpridas e muito dos alunos
as cumpre. Fora da instituição muitos dos alunos fazem o que desejam. Os aspectos
externos mais comuns, de acordo com Abramovay (2002) são:
 Acesso a bebidas;
 Insegurança, a não existência de policiamento;
 Gangues e tráficos de drogas no espaço escolar;
 Insegurança no trânsito.
No interior da escola a violência está ligada a vários aspectos como: a
maneira como o alunado é tratado pelos docentes e até pelo gestor da instituição.
A falta de comunicação entre professores e alunos causa, nos estudantes,
muita revolta, independentemente da idade ou da série em que se
encontram. É possível que essa atitude afete a autoestima dos estudantes,
que não aceitam ser ignorados (ABRAMOVAY; RUA, 2002, p. 39).
17

O gestor deve demonstrar sua preocupação com os estudantes. Existem


muitas reclamações dos alunos em relação aos diretores tais como: não visitam as
salas de aula; não se reúnem com representantes de turma; são ausentes nas
rotinas da escola; agem de forma autoritária; dão um tratamento diferenciado aos
alunos, tratando-os bem quando acompanhados dos pais” (ABRAMOVAY; 2002, p.
40).
Os fatores externos têm um impacto maior em relação à violência escolar,
porém dentro da escola existem inúmeros casos de violência de diferentes
modalidades.
A violência nas escolas pode ser associada a três dimensões, segundo
Debarbieux (ABRAMOVAY, 2002, p.3):
 A grande dificuldade de gestão nas escolas resultando em estruturas
deficientes;
 Ao contexto, ou seja, uma violência que se origina de fora para dentro
das escolas, que as torna sitiadas e que se manifesta por meio de penetração das
gangues, do tráfico de drogas e da visibilidade crescente da exclusão social na
comunidade escolar;
 As componentes internas das escolas, específicas de cada
estabelecimento. É possível observar escolas seguras em bairros reconhecidamente
violentos e vice-versa.
A função do professor e do gestor escolar é promover na escola um ambiente
agradável e favorável em termo de respeito ao próximo, deve sempre partir da parte
“superior” da escola. Um dos aspectos primordiais para que haja um relacionamento
agradável e satisfatório entre gestores, professores e alunos é o diálogo. O diálogo é
fundamental em todas as relações, mas no ambiente escolar é um meio de incentivo
e interesse. “A atenção e o diálogo são ressaltados pelos alunos, criando momentos
de descontração nas aulas, facilitando a aproximação entre eles” (ABRAMOVAY;
RUA, 2002, p. 39).
Os profissionais da escola propiciam no universo escolar, maneiras para que
haja condições de ocorrer uma aprendizagem significativa, bem como desenvolver
entre alunos, professores, diretores e demais membros da escola, uma interação
que favoreça a comunicação na escola. Fonte
18

A situação da violência nas escolas está piorando cada vez mais. Com o
modo de proceder das gangues e grupos armados esta ação afeta diretamente na
escola, atingindo com especial perversidade as crianças e adolescentes.
Este fato está tornando-se um desafio para os educadores, pois o ambiente
escolar era antes um lugar “pacífico e estimulante para a aprendizagem e o
processo educativo. A escola é um lugar de conhecimento, de formação de
ser, de educação, como veículo, por excelência, do exercício e
aprendizagem, da ética e da comunicação por diálogo e, portanto, antítese
da violência” (ABRAMOVAY, 2002, p. 26).

1.2 ALGUNS TIPOS DE VIOLÊNCIA PRESENTES NO AMBIENTE ESCOLAR

Sabemos que a violência está presente em toda parte e não tem um público-
alvo, atinge a todos, sem distinção de cor, religião e classe social. Sabe-se que
existem inúmeros tipos de violência causando pânico, amedrontando e intimidando a
população.
A violência no ambiente escolar está dividida em três categorias, que são:
 Violência contra a pessoa;
 Violência contra a propriedade;
 Violência contra o patrimônio.
Existem vários tipos de violência contra a pessoa física como: ameaças,
bullying, cyberbullying e violência sexual.

1.3 AMEAÇAS
“A primeira modalidade de violência contra a pessoa consiste em ameaças, ou
seja, promessas explícitas de provocar danos ou de violar a integridade física ou
moral, a liberdade e/ou bens de outrem”. (ABRAMOVAY; RUA, 2002, p. 50)
As ameaças são gestos pelos quais se exprime a vontade que se tem de fazer
mal a alguém, tirando a paz, integridade, saúde, felicidade e a vida. Muitas vezes
são praticadas pelos alunos seja com outro aluno, com algum funcionário da
instituição ou até mesmo com o professor ou gestor. Devido ao clima de intimidação
na escola é frequente que professores/ diretores e outros membros do corpo
pedagógico expressem sentimento de insegurança. Entre as ameaças que atingem
a comunidade escolar estão aquelas relacionadas a bombas, na maioria falsas, no
intuito de transtornar a rotina escolar (ABRAMOVAY; RUA, 2002, p.51)
19

Os casos de ameaças podem ou não terminar em violência física, gerando um


desconforto no ambiente escolar.

1.4 BULLYING
Bullying: ato de desprezar, denegrir, violentar, destruir a estrutura psíquica de
outra pessoa sem motivação alguma e de forma repetida. No Jornal Mundo Jovem
José Roberto Gomes afirma que: “Bullying significa usar de superioridade física ou
status para intimidar ou excluir alguém por meio de atitudes agressivas” (GOMES,
2012, p. 4).
Muitas vezes está mascarada na forma de “brincadeira” é visto como normal no
relacionamento entre crianças e adolescentes.
Não se trata de pequenas brincadeiras próprias da infância, mas de casos
de violência física e/ ou moral, muitas vezes, de forma velada, praticadas
por agressores contra vítimas (CALHAU, 2011, p. 6).

O bullying atualmente é um fenômeno mais frequente, mas sempre existiu, mas


não era estudado foi somente por volta das décadas de 1970 e 1980 que o assunto
começou a ser pesquisado, seu estudo se deu pela necessidade de identificar o
aumento alarmante no índice de violência e as mudanças em suas características,
intencionalidade, comportamento reprimido dentre outros. fonte
Foi Dan Olweus, professor da universidade de Bergen (Noruega) que iniciou o
estudo sobre este fenômeno. O estudo se deu a partir do número alarmante de
suicídios que ocorreram com crianças na Noruega na década de 70. Esse estudo
constatou que, a cada sete alunos, um estava envolvido em casos de bullying. Essa
situação originou uma campanha nacional, com o apoio do governo norueguês, que
reduziu em cerca de 50% os casos de bullying nas escolas. (CALHAU, 2011, p.12-
13).
Atualmente este fenômeno tem estado cada vez mais presente nas escolas
com consequências alarmantes, é uma face da violência castradora da moral e que
afeta em primeira mão a psique de quem sofre esta agressão sendo responsável,
muitas vezes, pelo déficit de aprendizagem, Calhau (2011).
Quem são os participantes do Bullying?
 Agressores: geralmente o agressor é um indivíduo que não possui
empatia, vive num ambiente familiar desestruturado, sem afetividade agindo sempre
por meio da agressividade. Muitas das vezes são pessoas mais fortes fisicamente,
20

impulsivos, irrita-se com facilidade. “É considerado malvado, duro e mostra pouca


simpatia para com suas vítimas. Adota condutas antissociais, incluindo o roubo, o
vandalismo e o uso de álcool, além de se sentir atraído pelas más companhias”
(CALHAU, 2011, p. 9). Os bullies, como são chamados adotam um comportamento
de poder e dominação para com os outros a sua volta.
 Vítimas: as vítimas geralmente são eleitas, não precisam fazer nada
para ser o alvo dos agressores. Muitas vezes são pessoas tímidas, ansiosas, com
dificuldades de defesa, pessoas que gostam de estudar. Além desses aspectos
existem outros como, religião, as diferenças de raças, estatura física, peso, cor de
cabelo, opção sexual, deficiência etc. “Está relacionado a aspectos de força,
coragem e habilidades desportivas, intelectuais, além de exortação de fazer tarefas
para o agressor” (GOMES, 2011, p.4). Outro perfil da vítima é o aluno “novato”, ele
chega a um ambiente novo e se sente fragilizados, inferior e diferente dos demais
colegas.
 Plateia passiva ou testemunhas silenciosas: é considerado o maior
grupo do bullying e é formado muitas vezes por outras vítimas e testemunhas do
fato. “A grande maioria não concorda com as agressões, mas prefere ficar em
silêncio, pois tem medo de que os agressores, em caso de saída em defesa das
vítimas “eleja” também para esses ataques” (CALHAU, 2011, p. 10).
Geralmente a plateia não denuncia os casos para outras pessoas, pois correm
o risco de virar outra vítima.
Sem espectadores os atos de bullying não tem graça, pois o agressor gosta de
mostrar sua força, intimidando a plateia ao mesmo tempo em que assistem.
As consequências são alarmantes e os mais lesados são as vítimas. Os
sintomas mais frequentes são estresse, isolamento do convívio social, abandono de
vontade de viver, doenças (gastrite, úlcera, bulimia, alergias, obesidade), nos casos
mais graves as vítimas cometem o suicídio ou atacam outras pessoas de forma
violenta. Por estes motivos o bullying foi considerado um crime, Calhau (2011).

1.5 CYBERBULLYNG

A utilização dos meios eletrônicos possibilita a comunicação entre pessoas de


qualquer lugar do mundo, e estimula a construção de conhecimento, sem falar que é
21

muito importante para o desenvolvimento, no entanto, muitas pessoas usam-no de


maneira inadequada, ofendendo a moral de outras pessoas.
O cyberbullying a prática realizada através da internet que busca humilhar e
ridicularizar os alunos, pessoas desconhecidas e professores perante a sociedade
virtual, apareceu recentemente, todavia, o comportamento é semelhante ao bullying,
o que difere é o meio por onde é praticado, a tecnologia, que deu nova cara ao
problema.
Este fenômeno virou epidemia entre jovens, pois as ofensas são praticadas no
EV (espaço virtual), que por sinal é o espaço agradável para a maioria dos jovens.
No EV, encontram-se pessoas de qualquer lugar do mundo, facilitando o
compartilhamento de informações e estimulando a comunicação. Infelizmente
inúmeras pessoas estão sendo vítimas desse tipo de violência. Em artigo da revista
Nova Escola, Beatriz Santomauro (2010) diz que: “O Cyberbullying é um problema
crescente justamente porque os jovens usam cada vez mais a tecnologia”
(SANTOMAURO, 2010, p.70).
O cyberbullying tem preocupado muita gente, pois através da internet os
insultos se multiplicam rapidamente e ainda contribuem para contaminar outras
pessoas que conhecem a vítima. Os meios virtuais utilizados para propagar as
difamações e as calúnias são: as comunidades, e-mails, torpedos, blogs e fotoblogs,
além de discriminar as pessoas, os agressores são incapazes de se identificar, pois
não são responsáveis o bastante para assumirem aquilo que fazem. É importante
ressaltar que mesmo anônimos, os responsáveis pelas calúnias e difamações
sempre são encontrados, Santomauro (2010).

1.6 VIOLÊNCIA SEXUAL


A violência sexual é um problema que tem levado consequências graves como,
a ofensa, a falta de liberdade, a insegurança e a dignidade humana, onde crianças e
adolescentes estão envolvidos em situações de constrangimento da exploração do
sexo. Infelizmente é um fato que vem crescendo atualmente, principalmente no
ambiente escolar. fonte
A escola é um local onde se deve ensinar e aprender coisas que sirvam para o
nosso futuro, tudo o que acontece na escola é parte da educação de uma criança, o
abuso sexual acaba se tornando parte do aprendizado dos alunos.
22

O assédio na maioria das vezes acontece do (a) professor (a) contra um (a)
aluno (a), geralmente por meio de olhares, gestos, piadas, comentários obscenos,
exibições, propostas, insinuações e contato físico. Um (a) professor (a) pode usar da
autoridade para abusar da criança ou do adolescente, por isso, ficar atento e
aprender a distinguir um tratamento gentil do mal-intencionado é a melhor maneira
de se evitar o abuso sexual no ambiente escolar. fonte
23

2 O FENÔMENO BULLYING

O segundo capítulo apresenta o bullying como violência ligada à sociedade e


à escola. Também apresenta possibilidades de combate por meio de legislações.

2.1 DEFINIÇÃO DE BULLYING


O termo bullying é de origem inglesa e sem tradução no Brasil. Este nome é
empregado para expressar comportamentos agressivos, praticados entre alunos, no
ambiente escolar. O bullying é um fenômeno antigo, porém, só a partir da década de
70 foram realizados estudos sobre essa temática. A sociedade sueca foi uma das
primeiras a estudar esse tipo de comportamento, que se estenderam os outros
países escandinavos (FANTE, 2005).
Os atos de violência ocorrem, de maneira intencional e repetitiva, dos mais
fortes que se utilizam dos mais frágeis como objetos de diversão, prazer e poder,
com intenção de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar. As vítimas podem ser
um ou mais indivíduos, que se encontram impossibilitados de reagir às agressões
sofridas, Fante (2005).
As consequências do bullying são amplas e afetam todas as pessoas
envolvidas. As que sofrem são as mais prejudicadas, pois poderão sofrer os efeitos
das humilhações ao longo da vida acarretando consequências físicas e emocionais,
além de ter efeitos diretos na vida escolar.
O comportamento agressivo entre estudantes é um problema universal,
tradicionalmente admitido como natural e frequentemente ignorado ou não percebido
pelos/as profissionais da escola e pelas famílias.
Importante destacar que para ser caracterizado como bullying é necessário
ser um ato repetitivo. Muitas vezes, no cotidiano, atos normais entre crianças e
adolescentes são denominados como bullying.
De acordo com Beane (2010):
É importante que você saiba diferenciar o bullying de um conflito normal.
Alguns tipos de conflitos são parte da vida. Nem todo o conflito
necessariamente fere, e lidar com essas situações pode ajudar o seu filho
para a vida de maneira positiva. Portanto, não se precipite quando observar
conflito entre seu filho e as outras crianças. (BEANE, 2010, p.17).

É preciso atenção, cuidado e, principalmente, escutar sensivelmente os


alunos para diagnosticar melhor as situações conflitantes no âmbito escolar.
24

Para o mesmo autor, o comportamento excede os limites do conflito normal,


quando:
Tem o objetivo de ferir e prejudicar o seu filho. Parece intenso e tem
ocorrido por um significativo período de tempo. A pessoa que intimida seu
filho procura ter poder e controle sobre ele. Não há pedidos de desculpas. O
comportamento tem impacto negativo sobre seu filho. (BEANE, 2010, p. 18).

O bullying pode afetar diretamente o desenvolvimento escolar de uma


criança.
De acordo com Quintanilha (2011), ao sofrer constantemente humilhações,
ela concentra suas forças em encontrar alternativas para escapar do sofrimento,
deixando em segundo lugar, o processo de aprendizagem. Uma criança que sofre
bullying vive em estado de alerta e suas únicas preocupações passam a ser evitar
novas situações de agressão. Estudar deixa de ser prioridade não conseguindo se
concentrar nas aulas, além de evitar participar dos trabalhos em grupos e das
atividades extracurriculares. Em muitos casos, a pessoa sofre o bullying
silenciosamente e assim, a escola não toma providências.
Cabe ressaltar que a instituição escolar, é composta por diferentes agentes,
professores, estudantes, pais e responsáveis, pedagogos, supervisores, diretores,
orientadores, inspetores, serviços gerais, entre outros. Neste sentido, a gestão
escolar, articulada e comprometida com o processo de ensino e de aprendizagem,
é fundamental para o funcionamento adequado da escola. No caso do bullying,
todos esses agentes podem se envolver nas ações para a prevenção,
(QUINTANILHA, 2011).
No âmbito escolar, cabe ao diretor o compromisso de liderar e organizar o
trabalho de todos os agentes, de modo que estejam capacitados a enfrentar novos
desafios que se apresentam.

2.2 PROGRAMA DE COMBATE À INTIMIDAÇÃO SISTEMÁTICA

Embora a legislação não seja suficiente para mudar comportamentos dos


estudantes em relação ao bullying, ela existe para orientar os profissionais da
educação para um olhar atento às situações de violência.
No dia 6 de novembro de 2015, foi decretada e sancionada a Lei nº 13.185,
que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). O decreto
surgiu de um projeto que foi vencedor da quarta edição do Prêmio Professores do
Brasil e que já havia sido aplicado em 2008 e 2009, (BRASIL, 2015).
25

Essa lei, composta por oito artigos, fez da luta contra o bullying escolar uma
política pública de educação e, ainda implementou um conjunto de ações voltadas à
sua erradicação, por meio de campanhas publicitárias e capacitação de profissionais
da educação. Consistiu na preparação de educadores para lidar com casos
de bullying e realização de um diálogo mais estreito entre a escola e a família.

Segundo a lei supracitada, bullying é:

[…] todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que


ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra
uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la,
causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de
poder entre as partes envolvidas. (BRASIL, 2015).

É importante ressaltar ainda que a referida legislação versa também sobre


outra modalidade de agressão, abordada pelo texto como o cyberbullying, que
acontece quando a violência e os ataques são feitos pelo meio virtual.
A fim de combater as práticas de bullying (e cyberbullying), desde a
promulgação da Lei 13.185/2015, além de fazer campanhas educativas, as escolas
devem promover ações de capacitação de professores e todos os demais agentes
educacionais, além da comunidade em geral, sobre o assunto, possibilitando que
todos os indivíduos estejam capacitados para lidar com situações que envolvam este
tipo de agressão. Brasil (2015).
Vale ressaltar ainda que o Programa de Combate à Intimidação Sistemática
(Bullying) vai além da violência praticada de alunos contra alunos, também combate
à discriminação promovida por professores ou funcionários das instituições
escolares, tendo as escolas que prestar assistência psicológica, social e jurídica às
vítimas.

2.3 A VIOLÊNCIA APREGOADA PELA PRÁTICA DO BULLYING

É notória a ausência de proteção e segurança efetiva nos espaços públicos,


principalmente nas escolas. É significativa também a própria percepção da
insegurança por parte dos alunos e como esta percepção condiciona suas vidas
cotidianas no uso de tais espaços. As crianças e adolescentes, que deveriam
usufruir destes espaços, acabam evadindo cada dia mais das escolas devido fatores
de violências que vivenciam nestes locais.
26

Quanto às perspectivas de futuro desses alunos em questão, todos afirmaram


que podem alcançar os objetivos traçados por eles, bastando apenas esforço
pessoal e dedicação. Porém, ao analisarmos a situação da educação escolar
brasileira, o cenário se apresenta repleto de desafios, sendo que a maior parte dos
jovens brasileiros não chega ao ensino médio (ANDRADE, 2013)
O grande desafio de combate, à prática da violência entre alunos, tem exigido
das escolas e dos seus profissionais um esforço cada vez maior, no sentido de
minimizar os transtornos provocados pela violência verbal, física, material,
psicológica, moral, sexual e virtual contra os alunos em idade escolar.
No livro Bullying Mentes Perigosas Nas Escolas de Ana Beatriz Barbosa Silva
(2010), a autora trata do tema destacando que:
(...) a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de
violências física e/ou psicológica, de caráter intencional ou repetitivo,
praticado por um Bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se
encontram impossibilitadas de se defender. (SILVA, 2010, p. 40).

A prática do bullying no ambiente escolar pode acontecer de forma silenciosa,


levando dias, meses ou até anos a ser descoberto. Geralmente, o receio de ser
ridicularizado faz com que as vítimas do bullying ocultem os insultos e as agressões,
por isso é importante a atenção de pais e professores às alterações do estado geral
das crianças e dos adolescentes. Silva (2010).
Em muitos casos, a violência sofrida pelas crianças e pelos jovens, somente
passa a ser percebida quando as vítimas apresentam sintomas físicos ou
comportamentais incomuns, por exemplo, quadros depressivos, isolamentos, perda
do apetite dentre outros.
Por este motivo, se faz necessário que todas as comunidades escolares,
assim como as famílias, tenham conhecimento de tal problemática, para que a
vítima do bullying seja identificada e acolhida, o mais rápido possível. Bock (2002).
Como salienta Abramovay (2002, p. 15):
[...] a escola e a família constituem-se por excelência como espaços de
socialização, pois exercem papel decisivo no processo de ressocialização,
reconstrução e ressignificação das identidades dos jovens. É, por
conseguinte, instância de recontextualização de referenciais sociais e
políticos.

É de extrema importância que os membros que compõem as instituições de


ensino, ou qualquer espaço em que haja casos de agressão, sejam capazes de
reconhecer as diversas formas de violações provocadas pelo bullying. Nesta
perspectiva, para melhor compreensão do fenômeno é necessária a reflexão do
27

papel e a função da escola na sociedade, assim como sua contribuição no processo


de combate à violência. Segundo Bock (2002):
(...) hoje em dia, a escola é vista como uma das mais influentes instituições
sociais, tendo como principal função mediar a relação entre os indivíduos e
a sociedade, ou seja, transmitir a cultura através dos valores e modelos
sociais que revelam determinados padrões de comportamento. E que estes
padrões sejam endossados na cultura de paz, do conviver em harmonia
respeitando as diferenças e a singularidade de cada indivíduo. (BOCK,
2002, p. 240).

O papel assumido pela escola tem passado por profundas transformações


nas últimas décadas. Para orientar os processos formativos dos indivíduos,
buscando inseri-los numa cultura de paz, a escola tem tido considerável dificuldade
de adaptação ao cenário de violência que se apresenta diante da mesma.
Parece que as instituições de ensino, tanto públicas quanto privadas, não
assimilaram, em sua totalidade, a dimensão dos conflitos psicossociais vinculados à
prática do bullying. Esta colocação pode ser justificada pela própria dimensão que os
atos violentos, tanto o bullying quanto Cyberbullying, tomam em relação às ações
propostas pelas instituições. Controlar, por exemplo, milhares de mensagens,
vídeos, postagens, áudios, não é uma tarefa fácil. Impedir que crianças e jovens
deixem de usar celulares ou computadores, na tentativa de afastá-los dessas
ameaças, também não parece uma alterativa viável. Portanto, a solução, ou
atenuação dos fatos, talvez não esteja em impedir que as crianças e os jovens
tenham acesso a estas ferramentas, mas sim, orientação de como utilizá-las de
forma correta ou benéfica. Bock (2002).
Em um artigo do Jornal de Pediatria, em novembro de 2005, intitulado
Bullying: Comportamento Agressivo Entre Estudantes, de Aramis A. Lopes Neto, o
autor destaca que o termo bullying tem sido utilizado para designar uma prática
perversa de humilhações sistemáticas de crianças e adolescentes no ambiente
escolar e, também fora dele. (LOPES, 2005, p. 81).
Diante dessas definições, torna-se evidente que a violência escolar comporta
todos os atos agressivos e antissociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos
ao patrimônio, atos criminosos. Estas condições, como dito em outros momentos,
podem ter origem no âmbito familiar, social ou mesmo cultural.
É inegável não afirmar que as tendências comportamentais da sociedade não
venham sendo reproduzidas na escola. O aluno leva para esse espaço toda
28

influência que recebe do seu contexto social, isto é, todas as suas relações afetivas,
familiares e sociais.
Os jovens e as crianças que convivem em ambientes saudáveis e
harmoniosos tendem levar para a escola esta condição. Do mesmo modo, se as
crianças e os jovens vivem suas vidas em ambientes conturbados, o cenário pode
contribuir para que a escola deixe de ser um ambiente seguro, organizado, um
espaço de amizade e cooperação, transformando-se em um espaço de violência,
sofrimento, medo, angústia e insegurança. Nesta perspectiva, a escola passa a ser o
oposto de tudo aquilo que se espera da mesma, tornando-se um lugar assustador e
desagradável às vítimas dessa prática. Lopes (2005)
De acordo com Freire, o problema está no opressor, são eles quem trazem
consigo sentimentos ruins, causadores de todo o problema, o ódio, a tirania, a
negação, a intolerância, a discriminação, o preconceito, são exemplos de
sentimentos ruins que podem gerar violência.
- Quem inaugura a tirania não são os tiranizados, mas os tiranos.
- Quem inaugura o ódio não são os odiados, mas os que primeiro odiaram. -
- Quem inaugura a negação dos homens não são os que tiveram a sua
humanidade negada, mas os que a negaram, negando também a sua.
- Quem inaugura a força não são os que se tornaram fracos sob a robustez
dos fortes, mas os fortes que os debilitaram. (FREIRE, 1987. Pag. 27).

O grande desafio das instituições de ensino em relação à prática do bullying e


do Cyberbullying está no desenvolvimento de ações que fortaleçam o combate à
violência imposta aos jovens.
É importante destacar, contudo, que esse não é um papel exclusivo das
escolas, a sociedade e o Estado, por meio de políticas públicas, podem implementar
políticas públicas de proteção e combate aos crimes contra a juventude. (LOPES,
2005).
Neste sentido, a escola se configura como espaço rico e propício para
problematizar a questão da violência contra os jovens, mas estas ações precisam ir
para além das salas de aula. Palestras, oficinas ou programas pontuais são
importantes, mas há necessidade de proteção integral para minimizar os riscos e
assegurar condições psicossociais, favoráveis ao pleno desenvolvimento das
crianças em idade escolar.
Segundo Prina (2003), muitos pais justificam a violência de seus filhos, como
uma resposta ao fato de serem tratados de maneira injusta ou discriminatória pelos
professores, ou para se fazer respeitar. Além disso, acusam os professores de não
29

saberem agir com severidade quando o filho é vítima de situações tidas como
violentas, e com compreensão quando os filhos são os agressores. (PRINA, 2003, p.
145-183).
Ainda conforme o autor, os professores fazem o inverso culpando os pais,
considerando-os desatentos ou até mesmo responsáveis pelas atitudes dos filhos.
Raramente veem o ambiente escolar, como corresponsável pelos comportamentos
violentos, nem reconhecem a presença da agressividade na relação com os alunos.
Deste modo, o trabalho de combate ao bullying parte de uma condição multi-
social. Portanto, é necessária a participação dos pais, funcionários, professores e
alunos nos projetos anti-bullying.
Lopes (2005), aponta que “Essas ações visam uma conscientização geral,
indo desde o apoio às vítimas até a conscientização dos agressores sobre os seus
atos”.
As escolas podem repensar suas práticas, enxergar o que realmente está
faltando em seus alunos, perceber suas carências e criar ações que tratem das
emoções de seus discentes, de tal modo que estes sejam capazes de tornarem-se
adultos mais amorosos e menos preconceituosos, entendendo e aceitando as suas
diferenças e as dos seus pares. (LOPES, 2005, p.166).
A violência familiar, sofrida por crianças e adolescentes, também tem sido
motivo de grande preocupação dos educadores, pois “apesar de estar localizada,
quase sempre, fora dos muros escolares, tal forma de violência interfere
significativamente no cotidiano escolar”. (CANDAU, 1999, p. 35).
Estes fatores costumam prejudicar as relações sociais do aluno, influenciando
diretamente no seu desempenho escolar, principalmente com o aumento do nível de
desatenção às matérias e, consequentemente, queda no rendimento em relação aos
processos avaliativos.
O educador pode perceber as mudanças comportais da criança e,
dependendo da gravidade, tentar identificar as causas que impulsionam a violência.
Atos agressivos praticados por membros da família como, pai, mãe, tio, primo,
entre outros, podem ser um fator desencadeador para que o aluno passe a
internalizar e externalizar atos de agressividade no ambiente escolar. Se pensarmos,
principalmente na criança como um ser vulnerável e ainda dependente do auxílio e
da tutela adulta, os efeitos sobre ele podem ser mais fortemente marcantes,
ocasionando traumas para toda uma vida. Candau (1999).
30

Toda pessoa necessita de cuidados ao longo da vida e a criança deve ser


conduzida pelos pais e professores para se desenvolver como ser pleno, tendo seu
desenvolvimento cognitivo, afetivo, físico, psíquico e sociocultural assegurados.
Logo, a família e a escola devem zelar pela qualidade do ambiente educativo e
devem planejar e cuidar para que esses espaços viabilizem o desenvolvimento
harmonioso e saudável dos indivíduos.
Segundo Bulgraen (2010), é neste sentido que consiste a intervenção e o
papel do professor na prática educativa. “Sem dúvida, através de suas orientações,
intervenções e mediações, o professor deve provocar e instigar os alunos a
pensarem criticamente e a se colocarem como sujeitos de sua própria
aprendizagem”.
Contudo, é necessário refletir sobre a função da educação no que tange à
integralidade humana. Somos sujeitos constituídos por nossa história, cultura e
sociedade. Interagimos e somos influenciados o tempo todo pelo meio no qual
estamos inseridos e, da mesma forma, o influenciamos. Agimos sobre ele,
transformando-o e transformando a nós mesmos, em um contínuo processo de
construção que não se limita e não se esgota. O pedagogo deve compreender o
aluno a partir de uma concepção holística para que possa realizar intervenções
efetivas em situações de bullying na escola. (BULGRAEN, 2010, p. 34).
Desse modo, é importante que o educador conheça seu alunado, para intervir
em uma situação de bullying que ele esteja sofrendo, sendo a vítima ou até mesmo
o agressor.
Faz se necessária uma análise, minuciosa e cuidadosa, a respeito do
comportamento de cada criança para que se chegue a uma conclusão concisa no
sentido de que os próximos passos sejam voltados para o combate dessa prática.
Ou seja, o professor pode promover situações que provoquem os alunos a pensar
sobre o seu comportamento em relação ao outro e a si mesmo, para que dessa
forma, possam juntos encontrar soluções.
31

3 ESCOLA É LUGAR DE BULLYING?

No Brasil, a violência escolar difere da violência social, pois através dela a


violência atinge os outros ambientes, principalmente os locais públicos,
consequentemente também chegando até as escolas, interferindo no processo de
ensino e de aprendizagem dos alunos.

Há várias manifestações de violência no cotidiano escolar, umas atingem os


professores, outras, aqueles que trabalham na escola e na maioria das vezes os
alunos, sem importar a faixa etária. Conforme Abramovay (2006),

[...] a violência na escola é um fenômeno múltiplo e diverso, que assume


determinados contornos em consequência de práticas inerentes aos
estabelecimentos escolares e ao sistema de ensino, bem como às relações
sociais nas escolas (ABRAMOVAY, 2006, p.70).

Atualmente no mundo, estamos vivenciando várias formas de


comportamento. E muitas pesquisas investigam acerca da violência escolar.
Contudo, o sociólogo Bernard Charlot (2002) nos adianta que é preciso distinguir os
tipos de violência: violência na escola, violência à escola e violência da escola.

A violência na escola é aquela que se produz dentro do espaço escolar, sem


estar ligada à natureza e às atividades da instituição escolar: quando um
bando entra na escola para acertar as contas das disputas que são as do
bairro; [...] a violência à escola está ligada à natureza e às atividades da
instituição escolar: quando os alunos provocam incêndios, batem nos
professores ou os insultam, eles se entregam a violências que visam
diretamente a instituição e aqueles que a representam. Essa violência
contra a escola deve ser analisada junto com a violência da escola: uma
violência institucional, simbólica, que os próprios jovens através da maneira
como a instituição e seus agentes os tratam (modos de composição das
classes, de atribuição de notas, de orientação, de palavras desdenhosas
dos adultos, atos considerados pelos alunos injustos ou racistas)
(CHARLOT, 2002, p. 435-436).

A maioria das escolas não disponibilizam recursos e meios para solucionar os


problemas da violência, é a escola junto com os professores que devem buscar
sempre novas atividades para suprir a falta desses recursos e ajudar outros setores
públicos.
Segundo Nogueira (2007), a violência não é somente crimes, homicídios,
roubos, mas também outras situações, como humilhação, desrespeito, preconceito e
exclusão. Esses acontecimentos estão presentes em vários espaços, onde haja
interações, tais como: escola, família, trabalho, causando assim danos físicos e
psicológicos aos envolvidos. Sempre é bom refletirmos que a violência pode
32

adentrar a escola de diversas maneiras. E, pode ficar pelos arredores da instituição.


E ainda que suas manifestações são muito variadas.
A maneira como ela se mostra pode ser através da violência física, dos
roubos, e através da arma (de fogo ou não) também. Há outra forma de
violência que é a simbólica, que faz parte do cotidiano da escola e está
relacionada aos preconceitos, discriminações, gritos, intimidações, abusos
de poder por parte dos professores e agressões verbais dos alunos. Outra
violência, é a institucional, que é, por exemplo, a certeza do jovem de que
com a formação que tem ele não vai conseguir entrar na faculdade e não vai
conseguir um trabalho. Assim, justificativas para o surgimento e proliferação
das diversas manifestações de violência nas escolas aparecem atreladas
tanto a fatores internos quanto externos às unidades escolares
(NOGUEIRA, 2007, p. 73).

O aluno vítima de bullying pode vir a desenvolver fobia escolar, transtorno que
causa evasão e fracasso escolar, porque o trauma pelo qual ele passou dentro
desse local o impede de frequentar as aulas. A fobia escolar:

[...] caracteriza-se pelo medo intenso de frequentar a escola, ocasionando


repetência por faltas, problemas de aprendizagem e/ou evasão escolar.
Quem sofre de fobia escolar passa a apresentar diversos sintomas
psicossomáticos e todas as reações do transtorno do pânico dentro da
própria escola. Isto é, a pessoa não consegue permanecer no ambiente
onde as lembranças são traumatizantes (SILVA 2015, p 18).

Define-se que as consequências do bullying nas escolas são as mais variadas


possíveis e dependem muito de cada indivíduo, da sua estrutura, de suas vivências,
da predisposição genética, da forma e da intensidade das agressões. No entanto, o
bullying causa sofrimento a todas as vítimas, em maior ou menor proporção.
A escola caracteriza-se por ser um local acolhedor, de troca de conhecimento,
de socialização, de formação de laços de amizade. É uma instituição capaz de
marcar a vida do educando para sempre. Todavia, a violência transforma esse
ambiente em um espaço inadequado para ensinar e aprender, pois o aluno "não terá
a escola como um ambiente seguro e propício à aprendizagem, mas sim um
ambiente de medo e desconforto". (SILVA, C. 2015, p. 130).

3.1 FUNCÃO DA ESCOLA


O grande desafio das instituições de ensino em relação à prática do bullying e
do Cyberbullying está no desenvolvimento de ações que fortaleçam o combate à
violência imposta aos jovens.
Os professores precisam estar atentos a tudo o que acontece na sala de aula,
há uma necessidade de serem capacitados para que saibam lidar com o problema,
considerando que o baixo rendimento dos alunos pode ser visto como um resultado
33

ruim dos seus trabalhos, “[...] Acreditamos que os professores deveriam ser
preparados para educar a emoção dos seus alunos”. Fante (2005).
Sobre a atuação do professor, ela reforça:
[...] caso ele não tome consciência de que está convivendo num ambiente
onde uma grave síndrome social se desenrola, poderá sofrer
consequências, aliás, esse é um tema inédito que precisa ser objeto de
pesquisa. Esperamos que, no menor espaço de tempo possível, tenhamos
no país professores que estejam a par desse tipo de comportamento
violento, sendo capazes de distingui-los dos comportamentos ditos normais
entre os alunos, contribuindo assim para fazer da escola o melhor lugar do
mundo, propício para o estudo e para o trabalho. (FANTE, 2005. Pag. 68).

É importante destacar, contudo, que esse não é um papel exclusivo das


escolas, a sociedade e o Estado, por meio de políticas públicas, podem implementar
políticas de proteção e combate aos crimes contra a juventude.
Contudo, é necessário refletir sobre a função da educação no que tange à
integralidade humana. Somos sujeitos constituídos por nossa história, cultura e
sociedade. Interagimos e somos influenciados o tempo todo pelo meio no qual
estamos inseridos e, da mesma forma, o influenciamos. Agimos sobre ele,
transformando-o e transformando a nós mesmos, em um contínuo processo de
construção que não se limita e não se esgota. O pedagogo deve compreender o
aluno a partir de uma concepção holística para que possa realizar intervenções
efetivas em situações de bullying na escola (BULGRAEN, 2010, p. 35).
Desse modo, é importante que o educador conheça de modo geral, seu
aluno, para intervir em uma situação de bullying que ele esteja sofrendo, sendo a
vítima ou até mesmo o agressor.
Relacionado ao direito, ao respeito e a integridade, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) afirma em seu Art. 17 que:

O benefício ao respeito incide na inviolabilidade da integridade física,


psíquica e até mesmo moral da criança e do adolescente, envolvendo a
preservação da imagem, do reconhecimento, da autonomia, dos valores,
conceitos e crenças, dos espaços e objetos pessoais, (BRASIL, 1990).

Em nossa sociedade, segundo Lopes Neto, existem:


(...) três documentos legais que formam a base de entendimento com
relação ao desenvolvimento e educação de crianças e adolescentes: A
Constituição da República Federativa do Brasil, o Estatuto da Criança e do
adolescente e a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização
das Nações Unidas. Em todos esses documentos, estão previstos os
direitos ao respeito e à dignidade, sendo a educação entendida como um
meio de prover o pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para a
cidadania. (LOPES NETO, 2005, p.165)
34

De acordo com esse autor, a Constituição da República Federativa do Brasil,


o Estatuto da Criança e do adolescente e a Convenção sobre os Direitos da Criança
da Organização das Nações Unidas, garantem o direito ao desenvolvimento pleno
da criança e do adolescente.
O Artigo 18º do Estatuto da Criança e do adolescente, aponta que: “É dever
de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de
qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”
(BRASIL, 1990).
Observamos no artigo 227 da Constituição Federativa do Brasil de 1988, que
diz:
(...) dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão - Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010. (BRASIL, 1988).

Compreendemos ser obrigação do Estado, da sociedade e da família garantir


todas as condições necessárias para o crescimento sadio das crianças e dos
adolescentes.
O direito à dignidade, ao respeito, à liberdade, à saúde e à vida, não combina
com atos de bullying, ferindo assim a Constituição Brasileira.
A Convenção sobre os Direitos da Criança é o instrumento de direitos
humanos mais aceitos na história universal. Cento e noventa e três países
ratificaram a carta magna para crianças de todo o mundo, excluindo-se apenas dois
países, a Somália e os Estados Unidos. Em seu Artigo 19º, afirma-se que:
Os Estados Partes adotarão todas as medidas legislativas, administrativas,
sociais e educacionais apropriadas para proteger a criança contra todas as
formas de violência física ou mental, abuso ou tratamento negligente, maus-
tratos ou exploração, inclusive abuso sexual, enquanto a criança estiver sob
a custódia dos pais, do representante legal ou de qualquer outra pessoa
responsável por ela (Convenção sobre os Direitos da Criança, 20 de
novembro de 1989).

Sendo a educação, legalmente entendida como facilitadora do pleno


desenvolvimento do aluno, tem o dever de respeitar os direitos da criança,
possibilitando um crescimento físico e psicológico saudável para o exercício da
cidadania.
35

Entende-se que o bullying é uma forma de violência e que lesa os direitos da


criança e do adolescente, não devemos nos calar e sim buscar uma ação coletiva,
que envolva a escola, a sociedade e a família.

3.2 – COMO REALMENTE É O BULLYING NA ESCOLA?

Na maioria das vezes, o bullying dentro das escolas refere-se mais


especificamente à prática de atos de intimidação, violência, ameaças e agressões
físicas ou psicológicas recorrentes, realizadas no espaço escolar por um aluno ou
grupo de alunos.
Fante, (2005) diz que dentro das escolas, no bullying, ocorre a lei do silêncio:
ninguém viu, ninguém sabe, ninguém ajuda, por isso, a vítima não revida.
[...], se há na classe um aluno que apresenta características psicológicas
como ansiedade, insegurança, passividade, timidez, dificuldade para impor-
se de ser agressivo e com frequência se mostra fisicamente indefeso, do
tipo bode expiatório... ele logo será descoberto pelo agressor. Esse tipo de
aluno representa o elo frágil da cadeia, uma vez que agressor sabe que ele
não vai revidar se atacado, que se atemorizará, vindo talvez a chorar, não
se defenderá e ninguém o protegerá dos ataques que receber. (FANTE,
2005, p. 48).

Os espectadores, na maioria das vezes, se omitem, fazendo com que a


violência cresça e fique impune. Sobre os espectadores, Silva salienta que:
[...] não se envolvem diretamente, mas isso não significa, em absoluto, que
deixam de se divertir com o que veem. É importante ressaltar que
misturados aos espectadores podemos encontrar os verdadeiros
articuladores dos ataques, perfeitamente “camuflados” de bons moços. Eles
tramaram tudo e, agora, estão apenas observando e se divertindo ao verem
o circo pegar fogo (SILVA, 2010, p. 46).

O comportamento agressivo entre estudantes é um problema universal,


tradicionalmente admitido como natural e frequentemente ignorado ou não
valorizado pelos adultos. Estudos realizados nas duas últimas décadas
demonstraram que a sua prática pode ter consequências negativas imediatas e
tardias para todas as crianças e adolescentes direta ou diretamente envolvidos
(LOPES NETO, 2005).
As consequências do bullying em escolas surgem de forma gradual, grave e
em grande parte das vezes, silenciosa. Muitas crianças não relatam para a família
ou a escola o que está acontecendo, por medo ou vergonha.
Em estudos realizados por Fante (2005), em seu projeto Educar para a Paz,
foram detectadas as seguintes informações sobre a agressividade:
36

As causas desse tipo de comportamento, segundo especialistas, devem-se


à carência afetiva, à ausência de limites e ao modo de afirmação do poder
dos pais sobre os filhos, por meio de “práticas educativas” que incluem
maus-tratos físicos e explosões emocionais violentas (FANTE, 2005, p. 61)

As consequências do bullying sobre o ambiente escolar afetam todos os


envolvidos. As crianças que sofrem bullying poderão crescer com sentimentos
negativos, especialmente com baixa-estima, tornando-se adultos com sérios
problemas de relacionamentos (BALLONE, 2005).
De acordo com Fante (2002) muitas vítimas passam a ter baixo desempenho
escolar, apresentam queda no rendimento, déficit de concentração, prejuízos no
processo de aprendizagem, resistência ou recusa a ir para a escola, trocam de
colégios com frequência ou abandonam os estudos.
Outra característica dos autores do bullying são que geralmente esses
possuem uma condição física forte, estes então usam da força contra aqueles
considerados mais fracos e covardes. Lopes Neto (2005) reforça que esse tipo de
violência é dificilmente encontrado e visível, pois raramente um adulto é capaz de
comprovar que ele esteja ocorrendo.
Considerada como uma violência ao outro, o Bullying pode ser apresentada
de formas diversas, no entanto, é uma ação consciente, ou seja, o agressor faz
todas as suas ações de caso pensando e consciente do que faz e fala desvelada
através de palavras, gestos, apelidos, intimidação ou até mesmo discursos
preconceituosos sendo conceituado assim com uma violência psicológica. Santos
(2011)
Diante disso, convém destacar o quanto é necessário a presença de um
psicólogo na escola com ações que visem à identificação do fenômeno e como
combatê-lo orientando não apenas os alunos, mas toda comunidade escolar, uma
vez que, todos precisam compreender com sê ativo no combate.
Atendo-se ao bullying escolar, sabe-se que, comumente, a vítima trata-se de
criança e/ou adolescente. Isto não significa que os colaboradores da escola,
tais como professores, auxiliares, inspetores, coordenadores e outros, não
possam figurar como sujeitos passivos desta relação. Para definir criança e
adolescente utiliza-se o critério adotado pelo art. 2º, da Lei 8.069 de 1990, o
Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo o qual se considera criança,
a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre
doze e dezoito anos de idade (SANTOS, 2011, p. 74).

Muitas vezes, na escola, as vítimas passam por situação de pressão,


opressão, sendo levadas a aceitar a agressividade sem objeção nem contestar e, de
37

maneira geral, apresenta atos que perduram por muito tempo e, portanto, não
podem ser considerados como brincadeira.
Convém ressaltar que os profissionais da escola precisam estar atentos
quando a abordagem aos alunos em relação à origem dos atos de bullying, pois é
necessário compreender o sujeito em sua totalidade e que frequenta os mais
diversos ambientes e grupos sociais. Dá-se a importância do psicólogo escolar
considerando o aluno como um ser da sociedade, familiar, escolar e com suas
singularidades e individualidades. É na escola que o aluno se socializa com outros
grupos, que desenvolve suas habilidades, descobre competências e se forma
enquanto cidadão desenvolvendo sua criticidade e opinião. Por isso, é nesse espaço
que também convém desenvolver estratégias que busquem o enfretamento do
bullying não somente no interior da escola, mas fora dela. Ressaltando a importância
da escola como espaço de formação e preocupação com o desenvolvimento do
outro, todos têm sua parcela de contribuição no enfrentamento desse problema:
[...] também é na escola o lugar onde os reflexos da sociedade fazem com
que se crie uma espécie de micro-organismo social, que tende a recriar a
sociedade em um espaço menor e isolado. A sociedade em geral é
agressiva e excludente, e esses fatores tendem a se repetir entre os jovens
no âmbito escolar. (PORFÍRIO, 2022).

Além da intimidação, da perseguição e da violência psicológica, o bullying


pode levar à violência física. Os profissionais da educação devem ficar atentos para
evitar os casos de bullying e resolver a situação, conscientizando os agressores e
auxiliando as vítimas.
Segundo o site “Brasil Escola”, o bullying nas escolas é também intensificado
pelos padrões de beleza, onde a sociedade determina cruelmente como devemos
ser, e caso o jovem fuja desse ideal, ele torna-se um alvo. Sendo esses ideais quase
que uma regra para tudo. Que não se limitam a aparência física, a maneira de se
vestir ou os acessórios da moda. Esses padrões se estendem a questões racistas,
machistas, homofóbicas e gordofóbicas. “Tudo que não faz parte do padrão perfeito
em cada assunto, é considerado inferior, causando a exclusão”. Porfirio (2022).

3.3 BULLYING: VISTO COM OUTROS OLHOS

Muita escola tem receio de lidar com esse problema e, por falta de
conhecimento, ainda o evitam, mas já se evoluiu um pouco através de alguns
trabalhos que já começaram a ser feitos, para se despertar a atenção de pais,
38

professores e diretores, mas são poucos e a maioria das vítimas ainda sofre calada,
por medo de seus agressores.

Além de conhecer sobre o assunto para poder lidar com ele os responsáveis
pela escola terão que ter sensibilidade para saber ouvir, criar um laço de amizade e
confiança com o aluno para que ele se sinta à vontade em se abrir e contar o que
está incomodando, pois o medo de aumentar a perseguição assusta as vítimas
fazendo com que se calem. Silva destaca:
A pesquisa sobre o fenômeno, ao redor do mundo, aponta para o
crescimento do problema: estima-se que de 5% a 35% das crianças em
idade escolar estejam envolvidas em condutas agressivas no ambiente
educacional. Neste quadro estatístico, incluem-se tanto jovens vítimas de
violência quanto os próprios agressores (SILVA, 2010, p. 112).

No Brasil já existem algumas propostas de lei para criminalizar os atos de


bullying e punir seus agressores, mas infelizmente, ainda são somente projetos de
leis, não temos nenhuma lei nacional voltada diretamente para esse crime e os
casos de bullying muitas vezes tem que ser julgados em cima de outras leis que
falam de outros tipos de agressões. Em alguns casos que chegam a julgamentos
pela justiça se usa também o ECA, a Constituição Federal e até mesmo o Código de
Defesa do Consumidor ao qual alguns juízes o usam para justificar que a escola é
responsável pelo bem-estar de seus alunos. Então partindo daí se o aluno está
sofrendo bullying é culpa da escola que não está cuidando de seus alunos.

A escola não dispõe de recursos e de meios para impedir a influência dos


fatores externos sobre a vida de seus alunos, entretanto, torna-se alvo de
muitos casos de violência, praticados em decorrência desses fatores que
estão sob seu controle (FANTE, 2005, p. 168).

Muitas vezes os atos de bullying passam despercebidos ainda nas escolas,


os professores olham como simples brincadeiras. O grande problema é quando o
professor, por estar em uma posição superior ou de poder perante a visão dos
alunos, usa disso para cometer bullying contra eles, principalmente com os que não
têm um desempenho esperado e em vez de tentar resolver o problema procurando
suas causas (que muitas vezes pode estar no seu modo de ensinar), humilha,
constrange o aluno na frente do restante da sala, expondo suas notas e colocando a
classe contra aquele aluno que tem um mau desempenho.
Alguns estudiosos vêm se dedicando a pesquisar o bullying na relação
professor - aluno, dentre eles o norueguês Dan Olweus. Muitos alunos são
perseguidos, intimidados, ridicularizados, coagidos e acusados. Esses
autores comparam, constrangem, criticam, chamam atenção publicamente e
os menosprezam. (FANTE; PEDRA, 2008, p. 44).
39

Fante (2004) aponta que é preciso que nos coloquemos abertos ao diálogo e
estabeleçamos uma relação de confiança com vítimas e agressores: “Como é que
eu posso te ajudar?”, “Diga-me, vamos pensar juntos, o que nós podemos fazer para
resolver essa situação?”. Assim, auxiliamos os envolvidos na violência a encontrar
caminhos para a superação do problema.
Por certo, sem uma relação de confiança com os adultos, crianças ou
adolescentes não se sentirão seguros para resolver seus problemas, seja sendo
vítimas ou agressores. Esta mesma relação pode assegurar a participação efetiva
dos envolvidos em situação de bullying e daqueles que são expectadores para uma
reflexão sob seu papel. Neste contexto, professores e alunos podem organizar
momentos de discussão de seus próprios problemas, legislar sobre eles apontando
possíveis soluções (FANTE, 2004).
Quando ajudamos as crianças a falar de si mesmas, nós as ajudamos a tomar
consciência de sua existência e a construir suas representações de si (ou imagens,
como nos referimos no início de nossas discussões). Quando falam, as crianças têm
possibilidade de ressignificar os sentimentos e emoções presentes em si e
comunicando aos outros, ou mesmo à professora ou aos pais, têm possibilidades de
se autocontrolar e de se autoconhecer. (TOGNETTA, 2004).
Poderíamos enfim, nos perguntar: Qual a finalidade dessas ações? Digamos
que tais explicações podem finalizar essa presente discussão e elucidar enfim a
relevância dos sentimentos ao tratarmos da temática tão angustiante que é o
bullying: meninos e meninas que se conhecem têm autoridade sobre si mesmos;
têm condições de ter ao que aspirar. Se anteriormente afirmamos que uma virtude
depende de uma disposição do sujeito, da aspiração por ser melhor, e, se queremos
que nossos alunos e filhos vençam as situações de bullying, é preciso que lhes
ajudemos a encontrar um novo “sentido para a vida”. Somente pode dar um sentido
para a vida quem tem sonhos, desejos, admirações e aspirações respeitadas,
manifestadas. Essa será por certo, nossa maior contribuição para superar a
violência nas escolas. (LA TAILLE, 2002; TOGNETTA, 2005).
40

3.4 PROGRAMAS E LEIS SOBRE COMBATE AO BULLYING

Intensificar a igualdade é dever de todo cidadão, todos têm direitos iguais e


todos nós somos pessoas livres e donos de nossas escolhas, dessa forma somos
amparados pelos direitos humanos que afirma que todas as pessoas:
[...] nascem essencialmente iguais e, portanto, com direitos iguais. Mas ao
mesmo tempo em que nascem iguais todas as pessoas nascem livres. Essa
liberdade nasce dentro delas, em sua inteligência e consciência [...] um
ponto deve ficar claro, desde logo: a afirmação de igualdade de todos os
seres humanos não quer dizer igualdade física nem intelectual ou
psicológica. Cada pessoa humana tem sua individualidade, sua
personalidade, seu modo de ver e de sentir as coisas. Assim, também, os
grupos sociais têm sua cultura própria, que é resultado de condições
naturais e sociais (BRASIL, 2004, p. 14).

A realidade vivenciada nas escolas em nosso país ainda não é a de uma


cultura de respeito aos direitos humanos nem de proteção integral às infâncias e
juventude. No entanto, no Brasil existem documentos legais que constituem o
alicerce do entendimento frente ao desenvolvimento e educação da criança, dentre
eles estão: a CRFB (Constituição da República Federal do Brasil) e o ECA.
No caso de privar a liberdade das vítimas por alguns instantes ou em
determinado local (sala de aula ou banheiro), caracterizava-se, crime de cárcere
privado. Art. 148 do C.P: “Privar alguém de sua liberdade, mediante o sequestro ou
cárcere privado: Pena- reclusão, de um a três anos”. Não permitir a passagem da
vítima por determinado local ou exigir que o mesmo suporte alguma conduta (trotes,
prendas, etc.),
Crime de constrangimento ilegal. Art. 146 p. do CP, constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena- detenção de três meses a
um ano, ou multa (BRASIL, 1999, p. 53).

Agredir com tapas, empurrões, cascudos, chutes, cuspes: Crime de injúria


real. Art. 140, § 2º do CP: “Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção,
de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência”. Brasil
(1999, p. 51),
Durante muito tempo, as vítimas de bullying não tinham um amparo legal
próprio contra seus agressores. O bullying traz inúmeros danos às vítimas,
problemas que podem ser irreversíveis e as prejudicar em todos os seguimentos de
suas vidas. Só é brincadeira quando é prazeroso para todos, quando todos se
41

divertem, se causa algum tipo de sofrimento, não pode ser considerado normal,
o bullying precisa ser levado à sério, precisa ser tratado, e suas vítimas
desenvolvem inúmeros problemas, em um momento de desespero podem chegar ao
suicídio. É necessário que os pais, responsáveis, professores e pessoas que
convivam com a criança ou adolescente, aprendam a identificar os sinais de
possíveis agressões que podem estar sofrendo, para que possam dar o suporte
necessário, a ajuda pode ser psicológica ou alguma intervenção que acabe com o
problema.
Atualmente ele já é definido como um problema de saúde pública e, por isso
mesmo, deve entrar na pauta de todos os profissionais que atuam na área
médica, psicológica e assistencial de forma mais abrangente. A falta de
conhecimento sobre a existência, o funcionamento e as consequências
do bullying propicia o aumento desordenado no número e na gravidade de
novos casos, e nos expõe a situações trágicas isoladas ou coletivas que
poderiam ser evitadas (SILVA, 2010. p. 14).

Os estudantes devem ser estimulados a procurar a equipe pedagógica ou


outro profissional da escola sempre que se sentirem ameaçados ou souberem que
colegas estão sendo ameaçados. É importante que a escola tenha um fluxo definido
para tratar das situações de bullying e que todos saibam dos procedimentos.
Todos possuem o direito a educação e respeito dentro do ambiente escolar.
Uma criança precisa de ser bem observada e atendida pelos profissionais das
instituições de ensino, visto que o Estado, mesmo que seja uma instituição de
ensino particular, possui a sua responsabilidade subjetiva. O agressor viola diversas
determinações que são protegidas pelo código de ECA, infringindo os direitos e
garantias dos próprios colegas. Preceitos são esses destrinchados nos artigos 5º,
15, 17, 18 e 53 do ECA.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão,
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à
dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e
como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
Constituição e nas leis.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,
psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da
imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,
pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho.
42

Durante o período de aula, é dever do Estado, por meio dos educadores e


dirigentes, zelar pela integridade física, moral e psicológica dos alunos
A primeira lei sancionada, Lei nº 13.185/15, instituiu o “Programa de Combate
à Intimidação Sistemática (Bullying)”, visando caracterizar os tipos, conceito e o
objetivo do emprego do programa no país:
Art. 4º Constituem objetivos do Programa referido no caput do art. 1o: I -
prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (bullying) em toda
a sociedade;
II - Capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das
ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema;
III - implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e
informação;
IV - Instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e
responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores;
V - Dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos
agressores; VI - integrar os meios de comunicação de massa com as
escolas e a sociedade, como forma de identificação e conscientização do
problema e forma de preveni-lo e combatê-lo;
VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros,
nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua;
VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando
mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva
responsabilização e a mudança de comportamento hostil;
IX - Promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos
os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação
sistemática (bullying), ou constrangimento físico e psicológico, cometidas
por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e de
comunidade escolar.
Art. 5º É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das
agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização, prevenção,
diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática (bullying).
Art. 6º Serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das ocorrências
de intimidação sistemática (bullying) nos Estados e Municípios para
planejamento das ações.
Art. 7º Os entes federados poderão firmar convênios e estabelecer parcerias
para a implementação e a correta execução dos objetivos e diretrizes do
Programa instituído por esta Lei.

No ano de 2018, a Lei nº 13.663/18 teve como objetivo de emendar o artigo


12 da Lei nº 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
incluindo os incisos IX e X no referido artigo passando a ser responsabilidade das
instituições de ensino a promoção de programas para combater e prevenir a
violência escolar, este, o bullying.
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e
as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: (...)
IX - Promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a
todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática
(bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
X - Estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas
(BRASIL, 2018).
43

Sabe-se que o modelo escolar vive um momento turbulento, onde


cotidianamente lidamos com atos de violência, evasão e desinteresse de muitos
alunos em relação aos conteúdos e métodos utilizados nesta instituição. Notamos e
presenciamos avanços e retrocessos. Como suprir os alvoroços entre e\ou fora dos
muros das escolas? Morin (2010) sugere a reforma do pensamento:
De fato, os atuais projetos de reforma giram em torno desse buraco negro
que lhes é invisível. Só seria visível se as mentes fossem reformadas. E
aqui chegamos a um impasse: não se pode reformar a instituição sem uma
prévia reforma das mentes, mas não se podem reformar as mentes sem
uma prévia reforma das instituições (MORIN, 2010, p. 99)

Lidar com a contradição e com questionamentos é algo pouco trabalhado nas


escolas, assim como, com a diferença. Acredita-se na importância de um trabalho
onde o professor conscientemente trabalhe a energia, movimento, tempo e espaço
e/ou, também: sentimento, intuição, pensamento e sensação.

3.5 MEDIDAS DE PREVENÇÃO

O Estado (São Paulo) amplia prevenção à violência e acolhimento psicológico


no ambiente escolar. Medidas foram anunciadas pelos secretários de Educação,
Renato Feder, e de Segurança Pública, Guilherme Derrite. Segundo o site da SED, o
Estado amplia prevenção à violência e acolhimento psicológico no ambiente escolar.
O Governo de São Paulo lançou dia 27 de outubro de 2023, uma série de
medidas para ampliar o acolhimento psicológico e ações de prevenção à violência
no ambiente escolar. O anúncio foi feito em coletiva à imprensa sobre o caso de
ataque a faca na Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste da capital.
A primeira iniciativa é o investimento no programa Conviva (Programa de
Melhoria da Convivência e Proteção Escolar), que existe desde 2019, e será
intensificado de forma que 5 mil profissionais fiquem dedicados à aplicação das
políticas de prevenção à violência nas unidades. Os novos educadores do programa
receberão treinamento para identificar vulnerabilidades de cada unidade, além de
colocar em prática ações proativas de segurança. São Paulo (2023)
Segundo o site, a Secretaria de Educação também vai retomar o programa
Psicólogos na Educação, que oferece suporte psicológico para orientar as equipes
escolares e estudantes. De acordo com Feder, está prevista a contratação de 150
44

mil horas de atendimento presencial nas escolas. Também será prestado apoio
psicológico aos professores, funcionários e alunos.
Além desta medida que irá aproximar os profissionais da Educação e da
Segurança a fim ampliar a rede de proteção aos alunos de toda e rede pública
estadual de ensino, o governador Tarcísio de Freitas também estuda contratar
policiais da reserva para que eles fiquem de forma permanente nas escolas.
O PLACON (Plataforma Conviva) - instrumento de registro on-line, acessível
pelo http://portalnet.educacao.sp.gov.br) - como é chamado o sistema, é um dos
braços do programa Conviva SP, lançado após o massacre de Suzano, em 2019,
para “aprimorar a convivência na comunidade escolar”. O sistema foi criado para
receber diariamente registros de casos de violência nas escolas públicas — como
bullying, brigas, ameaças e assaltos. (CONVIVA, 2019)
Pensando na necessidade de se ter um histórico das ocorrências que
auxiliem no planejamento de ações, a Plataforma passa a ser integrada com a SED,
oferecendo uma melhor visualização e controle. Assim sendo, é possível visualizar
as ocorrências pela sed.educacao.sp.gov.br, no menu “Gestão Escolar”.
As informações são absolutamente confidenciais e protegidas nos termos da
lei, não cabendo a qualquer integrante da equipe repassar informações ou registros
para outros órgãos ou instituições. Lembrando que a cada escola é permitido
apenas a visualização dos registros de sua própria Unidade e à Diretoria de Ensino
é permitido a visualização de todas as escolas de sua jurisdição. (CONVIVA, 2019).
45

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, M (coord.) Cotidiano nas escolas: entre violência. Brasília: Unesco,


Observatório de violência, Ministério da Educação, 2006. 404 p.

ABRAMOVAY, M. Cotidiano das escolas: entre violências. Acesso em:


<htto://unesdoc.unesco.org/0014/001452/145265por.pdf/> Acessado em 20 de set
de 2023.

ABRAMOVAY, Miriam. e tal. Gangues, galeras, chegados era juventude,


violência e cidadania nas cidades. Rio de Janeiro: p.73.

ABRAMOVAY, Miriam; RUA, Maria das Graças. (org.). Violência nas Escolas.
Brasília: UNESCO, 2002.

ANDRADE, Fernando Cézar Bezerra de. Violência nas Escolas: a Paraíba em


Foco. Paraná, Edit. UEPG, 2002.

BALLONE, G.J. Maldade da Infância e adolescente: Bullying. 2005.

BEANE, Allan. Proteja seu filho do bullying: impeça que ele maltrate os colegas
ou seja maltratado por eles. Tradução: Débora Guimarães Isidoro, Rio de Janeiro,
RJ: Ed. BestSeller, 2010.

BOCK, A.M.B. (2002), Orientação Profissional: A abordagem-histórica, São


Paulo: Cortez, p 200 a 240.

BRASIL. Lei nº 13277, de 29 de abril de 2016. Institui o dia 7 de abril como o Dia
Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13277.htm>. Acesso
em: 01 nov. 2023.

BRASIL. Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015. Institui o Programa de


Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Secretaria-Geral. Subchefia para
Assuntos Jurídicos, 2015.

BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).


Brasília, MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Lei nº 13.185, de 06 de novembro de 2015. Institui o Programa de


Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ _ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm>. Acesso
em: 01 nov. 2023.

BRASIL, Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para


a Educação das Relações Étnicos-Racionais e para o ensino de História e
Cultura. Brasília: MEC/CNE, 2004.
46

BRASIL, Constituição da República Federativa. 5 de outubro de 1988. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm.
Acesso em 21 set. 2023

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069 de 13 de julho de


1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm> Acesso
em: 19 set. 2023.

BRASIL, Estatuto da Criança e do adolescente. 13 de julho de 1990. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acesso realizado no dia 22
de set. de 2023.

BRASIL. Lei n. 13.663 de 14 de maio de 2018. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13663.htm>. Acesso
em: 02 nov. 2023.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 5


de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constitui%C3%A7ao.html. Acesso em: 02 out. 2023.

BRASIL. (Conselho Nacional de Educação). Parecer CNE/CEB n. 16 de 05 de


outubro de 1999. Publicado no Diário Oficial da União em 26 de novembro de 1999.
Dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de nível técnico. Brasília, DO, 1999.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e


bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

BULGRAEN, Vanessa C. O papel do professor e sua mediação nos processos


de elaboração do conhecimento. Revista Conteúdo, v. 1, n. 4, p. 30-38, 2010.

Bullying nas Escolas: Por que acontece e como prevenir? Disponível em:
<http://humanaeducacao.com/bullying-nas-escolas/>. Acesso em 14 de set. de 2023

CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação,


prevenção e repressão. Rio de Janeiro: Impetus, 2011.

CANDAU, Vera M.; LELIS, Isabel A. A relação teoria-prática na formação do


educador. In: CANDAU, Vera M. Rumo a uma nova didática. p.12. ed. Petrópolis:
Vozes, 2001.

CANDAU, Vera Maria.: Escola e violência. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

CANDAU, V.M; LUCINDA, M. C; NASCIMENTO, M.G. Escola e Violência. Rio de


Janeiro: DP&A, 1999.

CHARLLOTE, B. (2002). A violência na escola: Como os sociólogos abordam essa


questão: Sociologia, 4(8), p. 432 a 436.
47

Convenção sobre os direitos da criança, art. 19. Disponível


em:<https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-o-direito-da-crianca. Acessado
em 03 de set de 2023.

FANTE, C.A.Z. (2002). O fenômeno bullying e suas consequências psicológicas.

FANTE, C.A.Z. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e


educar para paz. Campinas, Ed. Versus, SP, 224 p. 2005.

FANTE, C.A.Z, & Pedra, J. A. Bullying escolar: Perguntas e respostas. Porto


Alegre: Artmed. 2008

FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e


educar para a paz. Campinas: Editora Verus, 2004.

FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e


educar para a paz. 2.ed. Campinas: Versus, 2005.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987. Disponível: < https://lelivros.love/book/download-pedagogia-do-oprimido-
paulo-freire-em-epub-mobi-e-pdf/>. Acesso em: 23 ago. de 2023.

GOMES, José Roberto. Bullying: um desafio para a educação. Jornal Mundo


Jovem, junho de 2012. p.4.

LA TAILLE, Y. Vergonha: a ferida moral. São Paulo: Ed. Vozes, 2002.

LOPES NETO, A. Bullying- Comportamentos agressivos entre estudantes.


Jornal de Pediatria, v. 81, n. 5, p.164-172, 2005.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o


pensamento. 18 Ed. Rio de Janeiro: Brasil 2010.

NOGUEIRA, Rosana Maria del Piccha de Araujo. Violencia nas escolas e


juventude: Um estudo sobre o bullying escolar. 2007, 258f.

“Prevenção a violência”. Disponível em: <https://www.educacao.sp.gov.br/estado-


amplia-prevencao-violencia-e-acolhimento-psicologico-no-ambiente-escolar/>
acesso em 05 nov. 2023.

PORFíRIO, Francisco. "Bullying"; Brasil Escola, 2022. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/bullying.htm>. Acesso em 12 set. 2023.

PRINA, F. A violência na escola: da pesquisa ao projeto. A experiência da rede


europeia. Nova Res. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE VIOLÊNCIA NAS
ESCOLAS. Desafios e Alternativas: violência nas escolas. Brasília: U- NESCO,
UNDP, 2003. p.145-183.
48

PLACON, Conviva. Disponível em <https://conviva9.webnode.page/placon/>


acessado em 05 de nov. de 2023.

PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA, 2003. Disponível em:


<https://www.educacao.sp.gov.br/estado-amplia-prevencao-violencia-e-acolhimento-
psicologico-no-ambiente-escolar/> acesso em 05 nov. 2023.

SANTOMAURO, Beatriz. Violência Virtual. Revista Nova Escola, junho/julho de


2010. p.66 – 73.

SANTOS, Antônio Clarét Maciel. Código Penal. Org.; Coord. Dulce Eugenia de
Oliveira. São Paulo: Saraiva, 1999.

SANTOS, José Vicente. A violência na escola: conflitualidade social e ações


civilizatórias. In: Educação e Pesquisa, São Paulo, n. 1, jan. 2011.

SILVA, A.B.B. Bullying. Mentes perigosas na escola. 2ª ed. São Paulo: Globo,
2015.

SILVA, Ana. Beatriz. Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2010.

SILVA, C. e F. O Bullying na escola e o processo de ensino aprendizagem:


algumas pontuações. v. 03 p.116-132,2015.

SPOSITO, Marília Pontes. A Instituição escolar e a violência. Cadernos de


Pesquisa, n.104, jul. 1998.

TOGNETTA, L.R.P. Educação do sentimento: um caminho para paz: Educar


para a paz. Campinas, SP: Faculdade de Educação, Unicamp 2004, p. 67-73.

TOGNETTA, Luciene R. P. A importância da adolescência para o


desenvolvimento moral/ As representações de si na adolescência. In:
Sentimentos e virtudes: um estudo sobre a generosidade ligada às representações
de si. Tese de doutorado. Instituto de Psicologia USP, 2005.

Você também pode gostar