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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
VALDELICE DE OLIVEIRA
CUIABÁ/MT
2010
Livros Grátis
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1
VALDELICE DE OLIVEIRA
CUIABÁ/MT
2010
2
O46p
Pedagógico. I. Título.
CDU: 371.13
3
4
DEDICATÓRIA
Exemplos de vida
Rafael
Ana Elisa
João Paulo
Marília
Continuidade da vida
Paulo Sales
Compreensão e cumplicidade.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida e por todas as bênçãos e vitórias que sempre me concede.
A minha família: pai (in memorian) pelas lágrimas quando passei no vestibular; a
minha mãe pela fortaleza e incentivo; irmãs, principalmente minha irmã Ivone pela
ajuda em tempos difíceis, irmãos, cunhadas e cunhados, em especial a minha
cunhada Luci e Edilson, pela acolhida em sua casa quando tinha aula em Cuiabá; ao
Paulo Victor pela ajuda no computador e meus queridos avós, principalmente meu
avô Arlindo, poeta da vida e admirador da beleza das letras e das palavras que se
combinavam embaixo do pé de mangueira (saudades).
Base para ser o que sou.
Aos meus filhos: Manoel Henrique, Rafael, Ana Elisa e João Paulo pela
compreensão, carinho em todos os momentos, principalmente os de ausência.
Ao amigo, esposo e companheiro Paulo Sales, pelo apoio, inclusive financeiro e
incentivo.
Ao professor Dr. Ademar de Lima Carvalho pela convivência, disponibilidade,
paciência, amizade e profissionalismo ao partilhar conhecimentos ao longo deste
trabalho.
Às professoras Drª. Ilma Passos Alencastro Veiga pela beleza das palavras no
exame de qualificação, Drª Ozerina Victor de Oliveira pela exigência e contribuição
por ocasião do exame de qualificação, Drª Simone Albuquerque pelas contribuições
e carinho.
Aos professores do curso de Mestrado em Educação do PPGE/UFMT pelo apoio e
pelas contribuições teóricas que enriqueceram esta pesquisa.
À equipe da Secretaria do Mestrado, especialmente a Luiza, Mariana e Jeison pelo
carinho e eficiência no atendimento.
Aos colegas de turma, unidos pelo esforço, e em especial aos amigos de orientação
Fábio pelas deliciosas contribuições por época de sua estadia em minha casa,
Marimar pela cumplicidade e Anunciata pelos encorajamentos. Que nunca nos
esqueçamos uns dos outros.
Aos queridos colegas da Escola Estadual Elizabeth de Freitas Magalhães pelo apoio
e contribuição, em especial a minha querida amiga e companheira de todas as horas
Ana Maria Lourenço.
Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram e torceram por
esse momento de VITÓRIA, sobretudo as coordenadoras entrevistadas.
A todos vocês, que fizeram e fazem parte da minha vida, MUITO OBRIGADA!
6
RESUMO
ABSTRACT
This work is the result of research at the Masters Program Graduate Education
Institute of Education, Federal University of Mato Grosso and aimed to understand
how political orders pedagogical practice mediated by joint pedagogical coordinator
in the daily school in the State Schools of Mato Grosso in Rondonopolis. The study
was carried out through the bibliographical analysis, basing, besides the literature, on
the official documents of the General office of State of Education of Mato Grosso and
of the studied schools; besides, one resorted to the realization of semistructured
interviews of qualitative approach. The results show up that the pedagogic practice in
the articulation of the daily life of the school is focused in a conception of common
sense, which ordering reinforces aspects of the school organization made a
commitment to the technical rationality with bureaucratic-prescriptive meaning in
which the formal and informal structures are dependent of a focusing evaluative and
interpretative and which the political ordering given by the coordinator to this daily life
brings marks of cotidianidade. The study begins to appear still that the pedagogic
work is being built in the experience of the teaching work, and that the overcoming of
the relation becomes necessary assistencialista present in practices developed by
the pedagogic co-ordination. The data reveal, also, what the continued formation that
is developed in the school, through the project ROOM OF the TEACHER, pays
attention to punctual objectives, of character and punctual updating. They point to
them to me also, that this formation shows that the coordinator is compromised not
only with the routines, but more emancipadores signals already for aspects when it
establishes as same as consisting at moments of reflection of the school about the
punctual practices there developed and the experience like being a space of
apprenticeship. The study suggests a formation centered in CEFAPRO turned to the
pedagogic coordinators and it suggests, the recovering of the reflection that points to
ways and more significant manners to the education politics of teachers' formation
that, centered in the school, aim to contribute to the professional development of the
teachers and, especially, for the construction of the identity of the pedagogic
coordinator I eat ordenador/organized of the educative activity of and in the school.
And, more, still, take as a mark oportunizar the development of the apprenticeship of
the pupils, own finality of a democratic Education and of quality.
key words: Teacher's formation; School Organization; The paper of the Pedagogic
Coordinator.
8
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...............................................................................................................09
I METODOLOGIA E MÉTODO NA EDUCAÇÃO.................................................................12
1.1 Opção Metodológica........................................................................................................12
1.2 Análise Documental.........................................................................................................15
1.3 Técnica de Coleta de Dados – Entrevista.......................................................................16
1.4 Dialogando com os Sujeitos da Pesquisa......................................................................19
II COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: ORGANIZAÇÃO, CONCEPÇÕES E PRÁTICAS
EDUCATIVAS........................................................................................................................22
2.1 Da Supervisão Escolar ao Coordenador Pedagógico......................................................30
2.1.1 Da Caracterização Histórica da Coordenação na Rede Estadual de
Mato Grosso...........................................................................................................................34
2.2 A Coordenação Pedagógica: Conceitos e Significados.................................................39
2.3 Ação Coordenadora: Uma Reflexão Sobre o Papel do Coordenador
Pedagógico.............................................................................................................................46
2.4 Pressupostos de Ordenação Política no Papel do Coordenador
Pedagógico.............................................................................................................................48
2.5 A Coordenação Pedagógica: Um Olhar Sobre e Através da Organização da
Escola.....................................................................................................................................54
III A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA ESCOLA...............................66
3.1 O Cotidiano da Escola: Definição de Papeis............................................................69
3.2 A Escola como uma Instituição Social: a Cultura da Gestão
Escolar....................................................................................................................................76
3.2.1 Escolas Democráticas: Estruturas e Processos Democráticos........................81
3.2.2 A Autoridade do Coordenador Pedagógico: As Relações de
Poder na escola......................................................................................................................84
IV O COTIDIANO DA ESCOLA: DA PRÁTICA PENSADA À PRÁTICA
REALIZADA..........................................................................................................................89
4.1 A Ordenação Política do Cotidiano da Escola: Da Ação Coordenadora
a Valores de Gestão.............................................................................................................111
4.2 Concepções e Práticas do Coordenador Pedagógico....................................................122
4.3 O Coordenador Pedagógico e a Formação Continuada que se Desenvolve na
na Escola..............................................................................................................................134
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................142
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................150
9
APRESENTAÇÃO
(Paulo Freire)
plano de ação das quatro coordenadoras pedagógicas das duas escolas estaduais
de Rondonópolis. E ainda, as entrevistas realizadas com estas protagonistas teve o
propósito de saber-se acerca do seu trabalho pedagógico e as condições que se
realiza, por meio da análise das concepções elencadas e ainda, pela avaliação do
conceito de cotidiano. A compreensão estabelecida a respeito de tais práticas e suas
concepções, atende ao pressuposto, também, de estudar os elementos históricos
que conferem identidade a esta função na escola, principalmente na formação
continuada que ali se desenvolve.
12
1
Paulo Freire foi considerado Fenomenológico com o lançamento do seu livro Pedagogia do Oprimido cujas
ideias se aproximam dos princípios da fenomenologia que defende o homem Sujeito = fonte constitutiva do
conhecimento de todo objeto de experiência e reflexão conecta definitivamente o ser e o mundo, a essência e a
existência, o corpo e a mente. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. Tradução Reginaldo di Piero. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 1971.
20
2
Por profissionais da Educação entendem-se todas as pessoas que atuam na escola: Diretor, coordenador,
articulador, técnico administrativo, técnico de lab. Informática, apoio a infra-estrutura, vigilante e merendeira.
3
É uma escola de estilo religioso porque dão uma formação pautada em valores religiosos. O prédio da escola
pertence a uma congregação católica, mas o Estado de Mato Grosso, via SEDUC, determina toda a organização
e o processo ensino aprendizagem da escola, mantém financeira e didaticamente o corpo docente, funcionários e
discente e é responsável pela manutenção do seu espaço físico.
21
(Manoel de Barros)
Neste contexto, talvez seja possível perceber que começa a se explicitar para
muitos dos envolvidos com a atuação do coordenador pedagógico que vários estilos
de coordenar os trabalhos nas escolas estão em construção.
Com essas reflexões, num terceiro aspecto nos propomos pensar o trabalho
do coordenador pedagógico. Nossa análise se concentra no que consideramos
essencial: a importância e a singularidade da ordenação política do cotidiano escolar
a partir da ação coordenadora das práticas educativas que se desenvolvem na
escola, pautada nas experiências que estão sendo geradas a partir das diferenças
culturais de cada escola, em meio a enfrentamentos, lutas, discussões e também a
diálogos e solidariedade (FREIRE, 1987). Trata-se de um momento rico de
construção de uma territorialidade que deve ser vista e trabalhada com muita
4
Paidéia – Educação da infância – o pedagogo que supervisionava a educação das crianças da classe dominante;
e duléia, em grego, significa escravidão; daí, também, Educação dos escravos (SAVIANI, 2003, p. 17).
26
Por outro lado, é importante que se avalie a escola sem retirá-la histórica e
contextualmente das discussões em torno das questões dilemáticas em que está
inserida a educação, objeto de investigação da Pedagogia, um objeto inconcluso,
histórico, porque o é também o ser humano (FREIRE, 1987), que constitui o sujeito
que a constitui e é por ele constituída. Por isso, não será captada na sua
integralidade, mas o será na sua dialeticidade, no seu movimento, nas suas
diversas manifestações enquanto prática social, nas suas contradições, nos seus
diferentes significados, nas suas diferentes direções, usos e finalidades. Tal postura
encontra eco nas palavras de Kowarzik (1983, p.70) ao dissertar sobre a dialética do
diálogo libertador de Paulo Freire quando afirma que “a educação é uma
experiência basicamente dialética da libertação humana do homem, que pode ser
realizada apenas em comum, no diálogo crítico entre o educador e educando”.
28
conceito de saber, de pensar e o pensar sobre o fazer5, que Carvalho (2005, p.47)
classifica como sendo
5
Abordagem utilizada na explicitação da planificação de Alarcão (2002) modelo concebido primeiramente por
Kolb (1984)
6
- Os processos de observação e reflexão são assim entendidos quando a experiência é analisada e
conceptualizada como servindo de guia para as novas experiências, o que confere à aprendizagem um caráter
cíclico, desenvolvimentista. Alarcão (2002, p.49)
30
7
O termo "apócrifo" foi cunhado por Jerônimo, no quinto século, para designar basicamente antigos documentos
judaicos escritos no período entre o último livro das escrituras judaicas, Malaquias e a vinda de Jesus Cristo. São
livros que não foram inspirados e que não fazem parte de nenhum cânon. São também considerados apócrifos os
livros que não fazem parte do cânon da religião que se professa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Livros_ap%C3%B3crifos
31
9
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso.
10
SINTEP/MT – Sindicato dos Trabalhadores na Educação Pública de Mato Grosso.
11
LC 50/MT – Lei Complementar de nº 50 do Estado de Mato Grosso.
37
Outro espaço aberto nas escolas, para que tais indagações vicejem são as
discussões e as reflexões que brotam da (re) discussão acerca da identidade
docente, a partir das reflexões do projeto SALA DO PROFESSOR 13 que se tem
desenvolvido nas unidades escolares. Sob o ponto de vista do alcance político-
pedagógico, pode-se dizer que há uma oportunidade histórica se construindo em
relação ao trabalho do coordenador pedagógico. Torna-se imperioso, portanto, a
busca de definição de sua função. O movimento talvez se faça a partir e no interior
das relações travadas no dia-a-dia da escola; são caminhos e atalhos a serem
construídos/seguidos.
A Rede Estadual de Ensino em foco tem deflagrado uma política que orienta a
formação centrada na escola, o que nos levou a refletir sobre as condições em que
se dá o trabalho do Coordenador Pedagógico da escola pública estadual a despeito
de todas as considerações anteriormente feitas. O coordenador pedagógico passa
agora a ser anunciado como um ator em potencial do processo formativo na escola,
papel antes de competência e gerenciamento dos CEFAPROS - Centros de
12
CEFAPRO/MT – Centro de Formação de Professores do Estado de Mato Grosso.
13
SALA DO PROFESSOR – Projeto do Formação Continuada do Estado para ser desenvolvido nas horas-
atividades das Escolas Estaduais do Estado.
39
Vitor Paro (2008) faz um estudo acerca desse assunto e nos traz duas
formas de se visualizar conceitualmente a educação. A primeira é denominada por
ele como sendo a concepção do senso comum. Nesta, a educação é entendida
como sendo “a simples passagem de conhecimentos de quem sabe para quem não
sabe” (p.20), também definida por Paulo Freire como sendo “Educação Bancária”.
Por esta concepção, a Coordenação Pedagógica é, então, ou se torna, uma mera
organizadora das rotinas da escola, sejam elas de qualquer natureza. Numa
linguagem mais simplista ainda, são “bombeiros a apagar os diferentes focos de
incêndio na escola, e no final do dia vem o amargo sabor de que não se fez nada de
muito relevante [...]” (VASCONCELLOS, 2006, p. 85). O mesmo autor explicita que é
grande a esfera de atuação e preocupação do coordenador pedagógico, abarcando
elementos, tais como currículo, construção do conhecimento, processo ensino-
aprendizagem, relações interpessoais, ética, disciplina, avaliação de aprendizagem
e institucional, relacionamento com os pais, recursos didáticos, e tantos mais; que se
faz necessário reiterar que nosso olhar se estabelece no momento em que ele deve
dar uma ordenação política a toda essa esfera de atuação e preocupações
infindáveis. Neste emaranhado de situações com as quais se lida no dia-a-dia na
concepção do senso comum pode ocorrer uma série de distorções no que se
concebe por educador e por educando, evoluindo das atividades-fins (o processo
pedagógico) para as atividades-meio (direção, coordenação), que por sua vez são
desenvolvidas de forma a não dar oportunidades de decisão aos envolvidos no
trabalho da escola. Vitor Paro (2008, p.9) pontua ainda que,
41
Alarcão (2001), por sua vez, alerta que do ponto de vista institucional, ponto
central da atividade pedagógica, é importante e necessário desfocar tal atividade da
figura do coordenador e focá-la na função coordenadora que se desenvolve na
escola, podendo ser assim compreendida:
Mas é importante ressaltar que o papel do coordenador não está apenas nos
limites da escola; há que observá-lo no âmbito da administração e das políticas
educacionais, políticas públicas então, donde se depreende que, ao mesmo tempo
em que ele gere é gerido.
No que toca a Lei 9.394/96, nossa LDB, no seu artigo 64 estabelece que
45
Nosso ponto de partida está em afirmar que não basta somente mudar as
regras formais para que se mude a escola, que não são apenas os modelos
normativistas que influenciam as práticas de gestão, no caso em específico, o
coordenador pedagógico. Essas influências são um composto de fatos, objetivos,
interesses, circunstâncias que podem se refletir no entendimento que esses atores
tem da escola e da materialidade do trabalho que ali se desenvolve.
14
Alienação: termo retomado pela Teoria do Cotidiano como forma de explicar o processo reprodutivo das
atividades desenvolvidas sem serem submetidas a um processo avaliativo e reflexivo para superação da
cotidianidade. (DUARTE, 2007).
50
O processo dialético está mais no limite das possibilidades do que propriamente das
dificuldades (FREIRE,1987).
Para Lima (2001), o modelo político coaduna com o modelo social; neste, os
processos educacionais são apreendidos como fenômenos espontâneos, ou seja,
valoriza-se especialmente a forma de organização informal, análise sincrônica e
analógica do que está subtendido, em oculto, pois a escola é uma organização
complexa composta de relações formais e informais. No modelo burocrático ou da
organização burocrática temos o tipo mais puro do modelo racional e nele se
acentua a importância das normas abstratas e das estruturas formais. Neste viés, há
maior controle sobre os processos de planejamento e de tomada de decisões, na
proposição e consistência dos objetivos, com maior ênfase no produto do que no
processo, nos fins do que nos meios, postulados intencionalmente nos
procedimentos racionalizadores.
Por outro lado, Veiga (2003;) num artigo intitulado Inovações e Projeto
Político-Pedagógico: Uma relação regulatória ou emancipatória15 adverte que:
E, ainda, que
15
Cad. Cedes, Campinas, v. 23, n. 61, p. 267-281, dezembro 2003. Disponível em
<http://www.cedes.unicamp.br>
53
Para que tais ações reflexivas se efetivem, Veiga (1995, p.16-19) propõe alguns
princípios que nortearão essa abordagem do projeto político-pedagógico:
A autora ainda pondera que, para além da importância desses princípios para
garantir sua operacionalização nas estruturas da escola, está a garantia que tudo
isto seja recorrente no cotidiano escolar, marcadamente na dinâmica real e concreta
de tal cotidiano. Tais palavras ganham maior dimensão quando assim explicitadas:
16
TICs – Tecnologia de Informática e Comunicações para uso pedagógico nas escolas.
58
17
PDE – Plano de Desenvolvimento da Escola.
18
CEE/MT – Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso.
60
19
Assessorias Pedagógicas – são braços da administração Central sediada nos municípios do Estado de Mato
Grosso.
20
CDCE- Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar.
61
21
Frederick Taylor- é considerado o pai da Administração científica por propor a utilização de métodos
científicos cartesianos na administração de empresas. Seu foco era a eficiência e a eficácia operacional na
administração industrial. (WWW.wikipédia.org – consultado em 15 de julho de 2009).
22
SINTEP/MT – Sindicato dos Trabalhadores na Educação Pública de Mato Grosso.
23
LOPEB – Lei Orgânica dos Profissionais da Educação Básica de Mato Grosso.
24
SEDUC/MT – Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso.
64
(Paulo Freire)
Duarte (2007, p.40) considera que pensar a partir desta perspectiva significa
defender que a prática pedagógica vise, a enriquecer o indivíduo e, também, propor
que ela objetive produzir no indivíduo carecimentos não-cotidianos, isto é, voltados
para a sua objetivação mediada pela formação e pelo nível de comprometimento
com essa formação.
É possível até se afirmar que o cotidiano escolar pode ser feito do resultado
de um processo de massificação, numa avaliação apressada e em nível de senso
comum. Observamos o cotidiano da escola a partir do contexto da limitação dos
espaços físicos, abarcando uma série de programas socioeducativos; tem-se um
grande número de alunos que precisam obrigatoriamente estar matriculados e
frequentando a escola para garantir o direito à Bolsa Família, PETI25 e outras ações
sociais complementares. A escola, que antes representava meio de ascensão
econômica e social, tem seu “clima” posto no campo do dever, como uma imposição
legal. Essa nova situação marca o cotidiano da escola com alterações de motivação
e de disciplina. Arroyo (2007, p.12) assim se expressa: “As crianças e adolescentes
em seus rostos violentos ou em seus gestos indisciplinados, mais do que revelar-se,
revelam o lado destrutivo da civilização”.
25
PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.
71
O termo cotidiano aqui será tomado não como os atos discriminativos do dia-
a-dia, das rotinas diárias desenvolvidas pela escola e seus atores, mas a partir do
conceito em Agnes Heller (2008), que define a vida cotidiana como o conjunto de
atividades que caracterizam a reprodução dos homens singulares. Para distinguir as
26
UNEMAT – Universidade Estadual de Mato Grosso.
72
atividades que fazem parte das esferas cotidianas e não-cotidianas, tem-se como
referência a dialética entre reprodução da sociedade e reprodução do indivíduo.
E ainda pontua que, “Quanto mais ´em movimento‟ está uma classe, quanto
maiores são suas possibilidades de uma práxis efetiva” (p. 73).
27
Grifo nosso.
77
28
Paro define a Atualização histórico-cultural como sendo um processo em que, quanto mais se apropria da
cultura, mais se humaniza porque se impregna da história. No momento em que nascemos, somos todos pura
natureza, o que nos proporciona desenvolvimento social é a história da sociedade em que nascemos, no momento
seguinte, cada indivíduo se apropria da cultura socialmente produzida historicamente atualizando-se como ser
histórico. (PARO, 2002, p.21).
78
29
Grifo do autor.
80
Paro (2008, p.51), tratando da matéria diz, que “[...] só tendo conhecimento
da intenção ou interesse de quem detém o poder é possível constatar se seu poder
está de fato sendo exercido.”
A partir dos pontos já levantados na seção anterior, com base nos estudos de
Gadotti (1998) nos reportamos à postura do educador numa sociedade em conflito.
Para o empreendimento da postura a qual o autor se refere como questão
pedagógica, tem-se a questão do poder. Se a tradição pedagógica brasileira ignorou
tal questão, de outra forma há que se pensar na questão do poder como condutor da
ação pedagógica, no contexto de educar se educando. Isso não exime o
30
coordenador da função básica de - “dirigente político” - da ação pedagógica na
escola, de outro modo se negaria o caráter dialético da educação. O autor acredita
que uma das formas de empreender uma nova postura frente à educação de
contradição e conflitos está na perspectiva da memória histórica, ou seja, de um
30
“Dirigente político” é um termo usado por Gadotti para determinar a função do coordenador pedagógico (p.
76).
86
31
Grifo do autor.
87
Por prática democrática e escolar deve-se entender, assim, que o termo não
se refere apenas à sala de aula. As relações de poder estão presentes nas questões
curriculares, nas normas tácitas e integradas ao dia-a-dia de todos, ao currículo
oculto: são aquelas normas, valores e crenças não declaradas e transmitidas de
forma subjacente no seio da escola.
88
Veiga (2003) aponta ser de vital importância perceber o que se entende, avalia
e desenvolve na escola com vistas a alcançar e produzir inovação, quando da
reformulação dos regimentos, dos planos e até do projeto político pedagógico da
escola, pois se tratam de proposituras que incorrem na caminhada de fora para
dentro, para o instituído, da organização para a organização:
É certo que, mesmo com a frieza das palavras incrustadas nos regimentos e
nos planos, acaba por se revelar muito da natureza empreendedora da escola,
mesmo na busca dos resultados, na otimização do tempo do coordenador para dar
conta de todas as ações fossilizadas nos artigos dos regimentos e cristalizadas nas
metas e ações dos planos dos coordenadores pedagógicos. Nas entrevistas, das
quais nos ocuparemos a seguir, pode-se perceber através das narrativas que com
sofreguidão e exagero as coordenadoras aspiram, notadamente, a por em prática
todas as prescrições contidas nos documentos em epígrafe externando certa
contrariedade quando não conseguem realizar todas as ações programadas. Como
fica caracterizado nas falas das coordenadoras,
Os maiores problemas que vejo é porque a gente
tem o plano de ação, ainda bem que ele é flexível,
32
Credenciamento é uma exigência do CEE/MT amparado pela Resolução 232/CEE/MT que determinou o
Credenciamento de todas as escolas públicas para as suas respectivas autorizações de funcionamento como
instituições educativas.
95
Paulo Freire (1998, p.67) propunha ainda que a escola não se separasse da
ética, pois a mesma revela a “boniteza de ser gente”. Para ele, “ensinar e aprender
não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”, e por
consequência, a “boniteza” da escola como espaço de/em formação. O autor
considera “uma pedagogicidade indiscutível na materialidade dos espaços” (p. 50). A
escola pode e deve ser vista como espaço cultural, político, de formação e como
espaço de esperança, enfim: como escola cidadã. Este é o conceito de escola e o
conceito de educação que perpassa o âmbito das discussões e da realidade em
debate neste estudo. Por esta premissa pode-se considerar que o trabalho do
coordenador pedagógico deva ser visto como uma atividade, que tem por fim a
qualidade do tanto do desenvolvimento profissional dos professores, como do ensino
para os alunos.
E, ainda, que
Por esse viés, a reflexão crítica e de fato coletiva voltada para o entendimento
da importância do papel da coordenação pedagógica, poderia mudar o curso das
coisas e a maneira como se estabelece tal função na escola. Isto contaria mais do
que a capacidade de organizarem-se umas com as outras.
E ainda no mesmo entendimento obtivemos as seguintes respostas, ao
interrogarmos as coordenadoras sobre a organização do seu trabalho com o do
professor:
Olha, por incrível que pareça uma das atividades que eu mais
realizo com o aluno é chamá-lo para a direção, é cuidar desse
aluno que tá fora da sala e perguntar por que chegou atrasado,
[...] por que veio sem uniforme, a parte burocrática, a cobrança
mesmo da escola. São raros os momentos que nós podemos
sentar com esse aluno discutir os problemas que normalmente
117
Para estes casos, Paro avalia que as coordenadoras podem estar sob a
anuência do poder estabilizado utilizado em prejuízo da condição de sujeito daquele
que obedece e no qual as relações de poder se fazem também pela coerção, modo
característico da forma atual, sendo que o exercício por meio da doutrinação
caracteriza a forma potencial, já com a persuasão presente tanto na forma potencial
(possibilidade de exercício do poder) quanto na forma atual (o exercício de fato),
120
Esta seção tem o intuito de demonstrar qual prática que fato tem sido
desenvolvida cotidianamente na escola, a partir das descrições feitas nas narrativas
das coordenadoras. Procuramos dar aqui um significado histórico da hierarquia de
sua função e, também, trazer um entendimento sobre as concepções e as práticas
educativas empreendidas pelo coordenador pedagógico.
A efetivação de uma prática pedagógica que gere nos sujeitos que dela
participam, as transformações contributivas para sua atuação como sujeitos
transformadores da prática social, cuja decorrência está na construção e execução
de sua função, é a transmissão do saber acumulado historicamente. Para que tal
aconteça é imprescindível e necessário que essa historicização seja
indubitavelmente, na esfera crítica. Se, potencialmente, o trabalho das
coordenadoras não está direcionado a esta concepção de prática, é importante,
contudo, considerar alguns aspectos que sobressaem quando as mesmas
demonstram e reconhecem a extrema necessidade de oportunidade para mudar o
direcionamento do que fazem.
portanto lugar de conflitos, e por esta razão nem sempre todas as exigências
coincidem com as interpretações individuais; neste contexto, observa-se que a
resistência às determinações do trabalho docente fica mais evidente quando há
margem para a reflexão coletiva. O autor ainda considera que diversas ações e
programas precisam incidir nos contextos em que a prática docente se configura,
descritos a seguir:
Não tem receita, não tem manual, „faz assim ou faz assado e
vai dar certo‟. Como eu disse, é no cotidiano, ajuda com os
outros profissionais que já tinham experiência, até mesmo em
outra rede como trabalhar, como fazer, o que propor, porque é
um grande desafio, você sai da sala de aula, você tem 30; você
vem pra coordenação, você tem 600, 700, 800 alunos, mais
meus colegas de trabalho, mais a direção, mais os pais, todo
mundo cobra assim que eles têm você como referência.
(DETERMINAÇÃO)
O curso que eu fiz não tem muito a ver com coordenação, mas
como a gente trabalha na escola há muito tempo, então a
gente exerce o cargo mais pela prática do que propriamente
pela teoria do que a gente estudou. [...] quando assumi a
coordenação, eu procurei assim é estar ao máximo cumprindo
o plano de trabalho que a gente tem traçado, só que muitas
vezes a rotina diária acaba, a gente pré-planeja uma coisa pra
um dia, a gente não consegue realizar. (LUZ)
lançam mão são meramente empíricos. E ainda fica patente o distanciamento entre
elas e os organismos formadores, inclusive o Cefapro e a própria Secretaria de
Estado de Educação de Mato Grosso, como responsáveis pelas políticas públicas
que se devem desenvolver nas escolas. Acrescida a isto, vemos a participação do
SINTEP/MT – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública de Mato Grosso,
com relativa ausência e omissão a este debate.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
discricionamento de objetivos para ser. Licínio (2001) caracteriza esta situação como
sendo resultante de um modelo de organização da escola a que ele denomina de
modelo decretado ou racional, em que os fenômenos organizacionais têm uma
focalização normativa, e, então, requer-se a constituição de planos de orientação
para as ações organizacionais. De acordo com o autor
Faço esta avaliação também por considerar que o cotidiano escolar tem
dinâmica própria, a ser mais explorada a fim de se aproximar, cada vez mais,
questões teóricas e práticas pedagógicas. É no âmbito da análise do cotidiano da
experiência escolar como planejamento, organização diária, microdecisões,
sequência de atividades, encontros pedagógicos, opções pedagógicas e
145
Esse processo pode ser definido por uma epistemologia a que Paulo Freire
(1998) chama de boniteza do pensar certo, pautada na premissa de que
33
Realização genérica supõe atividade cooperativa e estabelecida por metas e valores para que os fins humanos sejam atingidos e ampliados
(HELLER, 2008).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS