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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

MARIA IVONE BARBOSA


MARILENE DO SOCORRO COELHO VILELA

EVASÃO ESCOLAR NA EJA: Um estudo sobre as dificuldades vivenciadas por Jovens


e Adultos para a efetivação do processo ensino aprendizagem

GURUPÁ – PARÁ
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

MARIA IVONE BARBOSA


MARILENE DO SOCORRO COELHO VILELA

EVASÃO ESCOLAR NA EJA: Um estudo sobre as dificuldades vivenciadas por Jovens


e Adultos para a efetivação do processo ensino aprendizagem

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC


apresentado ao Curso de Pedagogia do Plano
Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica – PARFOR, promovido pela
Universidade Federal Rural da Amazônia –
UFRA, como requisito para obtenção do Grau
de Licenciado Pleno em Pedagogia.
Orientadora: Prof.ª Msc. Vanessa Alcântara
Cardoso

GURUPÁ – PARÁ
2015
Barbosa, Maria Ivone

Evasão escolar na EJA: um estudo sobre as dificuldades vivenciadas


por jovens e adultos para a efetivação do processo ensino
aprendizagem / Maria Ivone Barbosa, Marilene do Socorro Coelho
Vilela. – Gurupá, PA, 2015.

49 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em


Pedagogia) – Plano Nacional de Formação de Professores,
Universidade Federal Rural da Amazônia, 2015.
Orientadora: Vanessa Alcântara Cardoso

1.Evasão 2.Educação 3.Jovens e Adultos I.Vilela, Marilene do


Socorro Coelho II.Cardoso, Vanessa Alcântara, orient. III.Título

CDD – 373

MARIA IVONE BARBOSA


MARILENE DO SOCORRO COELHO VILELA

EVASÃO ESCOLAR NA EJA: Um estudo sobre as dificuldades vivenciadas por Jovens


e Adultos para a efetivação do processo ensino aprendizagem

NOTA ATRIBUÍDA

___________________________________

BANCA EXAMINADORA

_________________________________
Prof.ª Msc. Vanessa Alcântara Cardoso
Prof.º Orientador

_________________________________
Prof.º 1º Avaliador: Prof.º Dr.º Raykleison Igos dos Reis Moraes

_________________________________
Prof.º 2º Avaliador: Prof.ª Mas. Ana Claudia Machado

Data: ____ / ____ / 2015

GURUPÁ – PARÁ
2015
Dedico este trabalho a minha mãe, que é uma mulher guerreira e sempre deu-me força,
coragem e perseverança para enfrentar as barreiras e ensinou-me o valor do respeito, ao meu
esposo, que sempre incentivou-me a não desistir e enfrentar os obstáculos de cabeça erguida,
ao meu filho, pelos momentos concedidos que não pude estar em sua companhia por estar em
busca da conquista deste curso, aos meus irmãos, pelos momentos que eles foram úteis de
alguma forma e ao meu pai (em memória) que contribuiu com a minha educação e sempre
será lembrado com amor em meu coração.

Maria Ivone Barbosa.


Em primeiro lugar a Deus, que me deu saúde, força para prosseguir nessa caminhada e tornar
possível a conclusão do curso, aos meus pais, que sempre me apoiarão nas minhas mais
simples e difíceis decisões, ao meu esposo, que sempre me proporcionou momentos de alegria
e companheirismo, aos meus filhos, que são a joia mais rara e importante de minha vida, aos
meus irmãos pelo apoio incondicional que me deram durante esse curso, a minha avó, que é
centenária no seio da família e a pessoa mais sabia que conheço, a amiga Sueli, mulher
guerreira que sabe lutar por aquilo que acredita e principalmente, àquelas pessoas que direto
ou indiretamente, me apoiaram e acreditaram no meu potencial, me passando energias
positivas.

Marilene do Socorro Coelho Vilela


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pai celestial, pelo dom da vida e por ter
proporcionando-me saúde, e depositando-me fé, coragem e segurança, e que sempre nos dá
força para que possamos realizar os nossos objetivos;
Agradeço com todo carinho a minha mãe Darci Barbosa, que sempre esteve ao meu
lado dando-me força, coragem e incentivando-me a enfrentar as dificuldades e desafios, além
de contribuir com a minha educação;
Ao meu esposo Gerson Brilhante, por estar sempre apoiando-me e incentivando-me a
conquistar o meu objetivo e não desistir;
Ao meu filho Gérnison Mayan, que é o bem mais precioso da minha vida pelo tempo e
horas que passei ausente de sua companhia, pela compreensão que você teve comigo;
Aos meus irmãos Antônio e Valdeci, pelos momentos que precisei deles, e sempre
estiveram disponíveis sem nunca dizer não a mim;
Aos amigos e amigas que de alguma forma contribuíram direto ou indiretamente com
a minha formação, em especial a Tereza Lima e a Socorro Aragão;
Aos professores que durante o percurso do curso contribuíram com os conhecimentos
sem medir esforço de chegar até o município e, especialmente a UFRA pela oportunidade;
A minha colega de TAC Marilene, pela parceria que estivemos juntas e compreensão
pelas vezes que fui impaciente;
A minha orientadora Vanessa Alcântara Cardoso e a professora Rosenilde Fonseca
Santos, que ajudaram a nos orientar e compartilharam os conhecimentos úteis para a
realização desta vitoriosa conquista;
Enfim, quero agradecer a todos aqueles e aquelas que de alguma forma contribuíram
para tamanha alegria, que é esta conquista e sem dúvida sei que irá ser útil em minha pratica
profissional como educadora.

Maria Ivone Barbosa.


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter, sido fiel em tudo e em todos os momentos da
minha vida, fazendo-me chegar até aqui, tornando possível este momento;
A minha querida mãe Maria Francisca e ao meu adorável pai Alípio Damasceno, que
sempre me ensinaram o caminho da verdade e sempre seguir de cabeça erguida mediante os
obstáculos;
Ao meu esposo Rogério, companheiro de todas as horas, principalmente deste
momento de curso;
Aos meus filhos Mayck, Natalice, Nayara e Paulo Henrique e que compreenderam a
necessidade de minhas ausências durante essa jornada de estudo;
Aos meus irmãos Nelson, Katia, Mara, Junior, Claudia, Darlison e Arlon pelo apoio e
união que sempre tivemos uns com os outros;
A colega de TAC Ivone pela convivência amiga e pela compressão nos momentos em
que precisei ausentar-me;
Ao colega Gerson, que, com a habilidade em manusear o notebook foi muito
importante no momento que senti dificuldade;
Aos nossos estimados colegas de curso pela ajuda e amizade durante o curso, aos
professores do curso pelos conhecimentos compartilhados;
Aos meus professores e orientadores do PARFOR, que me ajudaram adquirir
conhecimento e me orientaram nessa jornada de curso;
Agradecemos a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização desse trabalho.
Marilene do Socorro Coelho Vilela.
Não importa com que faixa etária trabalhe o
educador ou a educadora. O nosso é um
trabalho com gente, miúda, jovem ou adulta,
mas gente em permanente processo de busca.
Gente formando-se, mudando, crescendo,
reorientando-se melhorando, mas porque
gente, capaz de negar os valores, de distorcer-
se, de recuar, de transgredir.

Freire, 1996, p. 162-163.


RESUMO
Este estudo trata da evasão de alunos na modalidade da educação de jovens e adultos.
Objetiva compreender alguns fatores intra e extra escolares que originam tal abandono escolar
e identificar alternativas para lhe evitar. A investigação parte do problema levantado, em que
sendo a educação direito do aluno e dever do Estado, conforme assegura a Constituição
Federal de 1988, por que a evasão não é contida pelas instituições públicas de ensino? O
estudo segue a pesquisa do tipo bibliográfica, realiza o registro disponível da literatura de
autores preocupados em analisar processos de evasão, especialmente na modalidade da EJA.
Foram usados livros e artigos acadêmicos dos quais foram realizadas leituras dos autores
preocupados com a temática. E de onde foi possível sustentar a hipótese da necessidade de
encontrar uma proposta motivadora, situada nas disciplinas integradas, aproveitando a
bagagem de conhecimento de cada aluno, pois ele precisa se encontrar nos conteúdos
propostos para que cada disciplina possa ser introduzida em sua necessidade diária e contribua
com sua prática social, sendo este o papel da escola.

Palavras – Chave: Evasão; Educação; Jovens e Adultos.

ABSTRACT
This study addresses the dropout students in the form of education for young people and
adults. Aims to understand some factors that cause such dropout and identify alternatives for
you to avoid. The investigation of the problem raised, in which education is the student's right
and duty of the state, as guaranteed by the Federal Constitution of 1988, for evasion that is not
contained by public education? The study follows research literature type, keeps records
available literature of authors that analyze evasion processes, especially in the form of adult
education. We used books and scholarly articles of which were performed readings of authors
concerned with the subject. And where could support the hypothesis of the need to find a
proposal motivating , situated in the disciplines integrated , leveraging the baggage of
knowledge of each student , as it needs to meet the proposed content for each discipline can
be introduced into your daily requirement and contribute to their social practice , which is the
role of the school .

Key – Words: Evasion; Education; Young and Adults.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 11
2. REVISÃO DA LITERATURA............................................................................. 14
2.1. ASPECTOS LEGAIS DE ACESSO À EJA............................................................ 14
2.2. CONCEPÇÃO DA EJA.......................................................................................... 15
2.2.1. Parâmetros Marcantes.......................................................................................... 15
2.2.2. Breve histórico da Educação no Brasil................................................................ 22
2.2.3. Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos............................................ 27
2.3. IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA............... 32
2.3.1 Evasão Escolar na EJA e o Perfil dos Alunos..................................................... 34
2.3.2. Alternativas Pedagógicas Contra a Evasão na EJA........................................... 38
3. METODOLOGIA.................................................................................................. 41
4. RESULTADO E DISCUSSÃO............................................................................ 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 47

INTRODUÇÃO

Este estudo caracterizado por uma pesquisa de cunho bibliográfico e de abordagem


analítica e descritiva surge da necessidade de refletir a problemática da evasão escolar na
Educação de Jovens e Adultos – EJA, uma vez que, esta modalidade de ensino, emerge como
um desafio aos profissionais da educação, no sentido de promover práticas pedagógicas que
favoreçam o acesso e permanência exitosa de alunos que tenham deixado de frequentar a
escola regularmente na idade própria e nesta oportunidade de retorno a escola, representam,
egressos do mundo do trabalho. Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, a EJA é aqui
percebida como um todo, ou seja, nos níveis Fundamental e Médio da Educação Básica.
Diante desse contexto da evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos- EJA, o
estudo que se propõem apresentar na temática da pesquisa bibliográfica, tem como objetivo
geral, analisar os fatores intra e extra escolares que concorrem para a evasão escolar na EJA;
E como objetivos específicos, refletir quanto as possibilidades de garantia de acesso e
permanência exitosa dos alunos da EJA na escola; Discutir alternativas de minimização da
evasão na EJA, tendo como referência a pesquisa bibliográfica adotada.
A questão central a ser revisada atualmente através da pesquisa bibliográfica, refere-
se a identificar quais os fatores predominantes intra e extra escolares, interferem para à evasão
na EJA? E qual seja, poder saber que há saídas na escola que valorize a modalidade de ensino
como necessária ao processo de ensino aprendizagem de alunos que ficaram fora da faixa
etária regular na aprendizagem e podem permanecer até o final do curso.
O estudo se justifica e torna-se relevante, na medida em que discute a importância da
EJA, uma vez que essa modalidade de ensino paulatinamente vem sendo reconhecida e
ganhando maior visibilidade na grade curricular das redes públicas de ensino pois, é de grande
valia, à reintegração dos alunos na sociedade quando esses se encontram dentro da escola, na
ótica de superar a evasão.
A evasão escolar em qualquer nível de ensino, é um desafio para os profissionais da
educação e uma chaga no nosso sistema de ensino, pois, de acordo com o Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira – INEP (2009), alguns números da evasão no Brasil
mostram que a todo ano milhares de crianças e adolescentes deixam as salas de aulas pelos
mais diversos motivos. Na avaliação INEP, a evasão escolar é concretizada quando o aluno
deixa de freqüentar as aulas no decorrer do ano letivo. É neste contexto que está inserida a
Educação de Jovens e Adultos – EJA, para atender a esse público tão diverso e
de interesses distintos.
O INEP ainda aponta que alguns fatores geradores da evasão na EJA, estão
ligados aos problemas socioeconômicos dos alunos, falta de qualificação dos
profissionais e metodologias pedagógicas inadequadas, no caso do ensino fundamental,
a cada 100 alunos que se matriculam na 1ª série do Ensino Fundamental, apenas 5 deles
conseguem concluir o curso. Dessa forma, partindo do pressuposto da problemática em
questão, faz-se a seguinte pergunta: Uma proposta pedagógica inovadora e motivadora
contribui no sentido de combater a evasão na EJA? De que forma?
Contudo, pressupõe-se apresentar tal hipótese, qual seja, poder saber que é
possível encontrar uma proposta pedagógica inovadora e motivadora, cujas disciplinas
sejam desenvolvidas de modo integrado e não separados, aproveitando a bagagem de
conhecimento de cada aluno, trazida das suas experiências, pois ele precisa se encontrar
nos conteúdos propostos para que cada disciplina possa ser introduzida em sua vida
diária e contribua em sua prática social.
Assim, entendemos aqui, que a evasão escolar é pratica de desistência dos
alunos ou abandono ao longo do ano letivo que pode ser evitada, sendo mais grave o
problema quando se refere à EJA, sendo ao aluno, especialmente na primeira etapa
desta modalidade, garantido seu direito de freqüentar a escola, e dever do Estado, assim
garanti-lo, embora o problema da evasão não seja de hoje. Patto (1996, p.67) afirma que
“a evasão é fenômeno muito antigo, e persiste desde a década de 1930, sendo uma das
mais graves conseqüências da falta de uma política educacional eficiente no país”. No
processo histórico, a escola se esquiva em seu papel de ensinar, de nunca ser
responsável pela evasão e sim, fatores externos. O que não concordamos e precisamos
expor comentários sobre esse tópico.
A evasão escolar na EJA no Brasil é motivo de muitas discussões no âmbito
educacional que precisa de uma atenção especial, a mesma não se trata de um problema
isolado de algumas escolas, mas sim de ordem nacional, que vem crescendo cada vez
mais, principalmente nas escolas públicas cujos alunos, em grande medida são de baixa
renda econômica.
Outra situação a verificar, é que o maior índice de abandono escolar está
relacionado às questões dos alunos precisarem trabalhar para ajudar na composição da
renda familiar, conforme queremos analisar, pois, o aluno, parece não ter a escola como
ocupação principal, o trabalho parece ser seu principal ponto de apoio, no sentido de
colaborar com a renda da família que está no centro de sua responsabilidade social.
No que se refere à abordagem sobre as práticas pedagógicas que não são
adequadas à realidade dos alunos da EJA, precisamos conhecer uma proposta inovadora
e motivadora onde as disciplinas sejam integradas e não separadas, aproveitando essa
bagagem de conhecimento de cada aluno, pois ele precisa se encontrar socialmente
entre os objetivos de cada conteúdo propostos no trabalho letivo para que cada
disciplina, a ser introduzida em sua vida diária e contribua em sua prática social, assim
quem sabe motivar o aluno freqüentar a escola.
Assim, de acordo com Freire (1996, p. 30), há que existir interação pedagógica,
“por que não se deveria estabelecer certa intimidade entre ação dos saberes curriculares
fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos”.
Ora, sendo a educação direito social dos alunos, dever das instituições públicas
promoverem o ensino e mantê-los na escola, por que esta forma de abandono, não está
sendo contida? Discutir essas questões coloca-se como importante compromisso de
análise neste trabalho.
Tais questões levantadas motivam elaboramos uma principal hipótese no sentido
de combater a evasão na EJA, qual seja: Encontrar uma proposta pedagógica inovadora
e motivadora cujas disciplinas sejam desenvolvidas de modo integrado e não separados,
aproveitando a bagagem de conhecimento de cada aluno, trazida das suas experiências,
pois ele precisa se encontrar nos conteúdos propostos para que cada disciplina possa ser
introduzida em sua vida diária e contribua em sua prática social.
A referida hipótese está relacionada a um principal fator gerador da evasão que
está ligado à falta de políticas educacionais, em o aluno é levado a trabalhar para ajudar
sua família. Tal como este, há outros fatores que originam a situação da evasão escolar
que estão relacionados não apenas à escola, mas também, em certo contexto, a falta de
políticas públicas comprometidas direcionadas à educação no Brasil, que possa atrair o
aluno freqüentar a escola na fase da adolescência, principalmente. Tentaremos
compreender e identificar o papel da escola na relação com a família e o emprego
atrativo ao aluno na EJA.
2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. ASPECTOS LEGAIS DO ACESSO À EJA

Ora, se educação é direito público assegurado a todos, através de ações


desenvolvidas pelo Estado e família em favor do adolescente, mas, muitos desses jovens
menor de 18 anos, não conseguem ingressar em alguma etapa do ensino, o quando,
assim o fazem correm enorme risco de perderem esta oportunidade de acesso e por
motivos de ordem social e de carência pessoal econômica podem até abandonar os seus
estudos.
Conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, no seu art. 205. A
educação é:

Art. 205 – A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Corroborando-se a esta norma, a referida Carta Magna, preleciona em seu art.


227, que:
Art. 227 – a família, a sociedade e do Estado assegurem à criança, ao
adolescente ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
(...)

De acordo com as preocupações do Ministério da Educação – MEC (2009) a


evasão escolar na EJA, é motivo de muitas discussões no âmbito da educação nacional
quanto à aplicação da legislação constitucional vigente que precisa de uma maior
atenção do poder público em especial os relacionados às redes públicas de ensino de
verificar formas de proteção do aluno em fase de abandono no processo ensino
aprendizagem, respeitando os princípios e regras constitucionais.
Pelo que se refere o MEC (2009), a questão da vigência da legislação que
deveria proteger o aluno em processo de abandono, não se trata de um problema isolado
de algumas escolas, mas, de ordem nacional que vem crescendo cada vez mais,
principalmente, nas escolas públicas cujos alunos são de baixa renda. O maior índice de
abandono escolar está relacionado às questões dos que precisam trabalhar para ajudar na
renda familiar, pois o educando não tem a escola como algo principal para ele, e sim a
atração pelo apelo dos interesses do mercado na promessa de trabalho na forma de
emprego, muitas vezes, este em regime precário. Isto é o centro do problema quanto à
evasão da EJA, conforme queremos compreender.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9394/96 reforça
no seu art. 2º que, educação é dever da família e do Estado, inspirado nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
A lei da educação nacional complementa ainda que a escola junto com a família
tem por obrigação garantir o direito do educando, sua permanência e seu pleno sucesso
profissional. Contudo, verificamos que pouco acontece o que estabelece a lei, ou seja,
na prática isso não acontece, percebemos que muitos alunos estão fora da rede de
ensino, e os que estão inclusos desistem por vários fatores, assim contribuindo para essa
estatística alarmante da evasão, principalmente se o mesmo for da EJA.

2.2. CONCEPÇÃO DA EJA

2.2.1. Parâmetros Marcantes

A educação de jovens e adultos é uma modalidade específica da educação básica


que se propõe a atender a um público ao qual foi negado o direito à educação durante a
infância e adolescência seja pela oferta irregular de vagas, seja pelas inadequações do
sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis à sociedade.
O conceito da EJA muitas vezes, confunde-se com de ensino noturno. Trata-se
de uma associação equivocada uma vez que não se define pelo turno em que é
oferecida, mas muito mais pelas características e especificidades dos sujeitos aos quais
ela se destina.
Várias iniciativas de educação de adultos em escolas ou outros espaços têm
demonstrado a necessidade de ofertar essa modalidade para além do noturno de forma a
permitir a inclusão daqueles que só podem estudar durante o dia.
Para que se considere a EJA enquanto uma modalidade educativa inscrita no
campo do direito, faz-se necessário superar uma concepção dita compensatória cujas
principais fundamentos são a de recuperação de um tempo de escolaridade perdido no
passado e a ideia que o tempo apropriado para o aprendizado é a infância e a
adolescência. Nesta perspectiva, é preciso buscar uma concepção mais ampla das
dimensões tempo/espaço de aprendizagem, na qual educadores e educandos
estabeleçam uma relação mais dinâmica com o entorno social e com as suas questões,
considerando que a juventude e a vida adulta são também tempos de aprendizagens.
Os artigos, 1º e 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB/1996 fundamentam essa concepção enfatizando a educação como direito que se
afirma independente do limite de idade. Senão vejamos:
Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.

Para que possamos estabelecer com clareza a parcela da população a ser


atendida pela modalidade EJA, é fundamental refletir sobre o seu público, suas
características e especificidades. Tal reflexão dos artigos servirá de base para a
elaboração de processos pedagógicos específicos para esse público.
E por se tratar em especial à EJA como modalidade, porém, foi criado
artigos dentro da legislação e, reconhecida como direito garantido e obrigatório,
especialmente para jovens e adultos, que não se encontravam inclusos na rede de
ensino, que por algum problema não estudaram ou foram interrompido seus estudos na
infância ou adolescência na idade apropriada, e isso fez com que a EJA ganhasse maior
visibilidade de acesso dos aspectos legais nas etapas do ensino Fundamental e Médio,
assim como, de dar continuidade em outros cursos e programas de educação.
A reconfiguração da modalidade EJA, está garantida em marcos legais e
operacionais, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB, sancionada
em 20 de dezembro de 1996, sob a Lei n° 9.394/96, ela ganha um novo olhar e
entendimento como modalidade da educação básica, que é evidenciada nos arts. 37º e
38º, sobre a garantia do direito e obrigatoriedade gratuita do Ensino Fundamental e
Médio.
De acordo com os documentos instituídos pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação – LDB, é garantido por lei o direito obrigatório e gratuito à Educação de
jovens e adultos, nos quais ressaltam nos arts. 37° e 38° que:

Art. 37 - A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não


tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na
idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente os jovens e aos adultos,
que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e trabalho, mediantes cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do
trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
ART. 38 – Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudo em caráter regular.
§ 1º os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
l. no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze
anos;
ll. no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
§ 2º os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios
informais serão aferidos e reconhecidos mediantes exames. (APOSTILA DA
DISCIPLINA: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA, 2014)

Nesta concepção, a Lei de Diretrizes Nacionais para a Educação de jovens e


adultos, preconizam o resgate do direito à educação aos sujeitos, que não frequentaram
a escola na idade apropriada, ou aqueles que estudaram mais em algum momento
tiveram que interromper o estudo. A educação atualmente, é o ponto chave para o
exercício da cidadania como condição plena da participação na sociedade, assim como,
uma grande aliada contra a desigualdade e a exclusão social para a vida dos sujeitos que
pretendem ter uma formação e ingressar no mercado de trabalho, além, de ser uma
forma de busca pelo conhecimento e diversidades, como também, o respeito às
diferenças culturais, e entre outros, uma vez que, os mesmos são construtores de
conhecimentos e aprendizagens.
A EJA refere-se não apenas a uma questão etária, mas sobretudo de
especificidade cultural, ou seja, embora defina-se um recorte cronológico, os jovens e
adultos aos quais dirigem-se as ações educativas deste campo educacional, não são
quaisquer jovens e adultos, mas uma determinada parcela da população.
Segundo Oliveira (1999, p.10):

O adulto, para a EJA, não é o estudante universitário, o profissional


qualificado que frequenta cursos de formação continuada ou de
especialização, ou a pessoa adulta interessada em aperfeiçoar seus
conhecimentos em áreas como artes, línguas estrangeiras ou música. E
o jovem, relativamente recentemente incorporado ao território da
antiga educação de adultos, não é aquele com uma história de
escolaridade regular, o vestibulando ou o aluno de cursos
extracurriculares em busca de enriquecimento pessoal. Não é também
o adolescente no sentido naturalizado de pertinência a uma etapa
biopsicológica da vida.

O público da EJA, homens, mulheres, trabalhadores/as empregados/as e


desempregados/as ou em busca do primeiro emprego, filhos, pais e mães; moradores
urbanos de periferias, favelas e vilas.
São esses sujeitos sociais e culturais, marginalizados nas esferas
socioeconômicas e educacionais, privados do acesso à cultura letrada e aos bens
culturais e sociais, comprometendo uma participação mais ativa no mundo do trabalho,
da política e da cultura.
Para Oliveira (1999), vivem no mundo urbano, industrializado, burocratizado e
escolarizado, em geral trabalhando em ocupações não qualificadas. Trazem a marca da
exclusão social, mas são sujeitos do tempo presente e do tempo futuro, formados pelas
memórias que os constituem enquanto seres temporais. São, ainda, excluídos do sistema
de ensino, e apresentam em geral um tempo maior de escolaridade devido a repetências
acumuladas e interrupções na vida escolar.
Muitos dos que procuram a EJA nunca foram à escola ou dela tiveram que se
afastar, quando crianças, em função da entrada precoce no mercado de trabalho, ou
mesmo por falta de escolas.
Jovens e adultos que retornaram à escola o fazem guiados pelo desejo de
melhorar de vida ou por exigências ligadas ao mundo do trabalho. São sujeitos de
direitos, trabalhadores que participam concretamente da garantia de sobrevivência do
grupo familiar ao qual pertencem.
Considerar a heterogeneidade desse público, quais seus interesses, suas
identidades, suas preocupações, necessidades, expectativas em relação à escola, suas
habilidades, enfim, suas vivências se tornam de suma importância para a construção de
uma proposta pedagógica que considere suas especificidades.
É fundamental perceber quem é esse sujeito com o qual lidamos para que os
conteúdos a serem trabalhados façam sentido, tenham significado, sejam elementos
concretos na sua formação, instrumentalizando-o para uma intervenção significativa na
realidade. Para tanto é necessário evidenciarmos referencial teórico para a EJA.
Num retorno até finais dos anos 50, no Brasil, a alfabetização de adultos não
dispunha de um referencial teórico próprio, sendo nesta concepção, utilizados, os
mesmos procedimentos e recursos metodológicos com as crianças e não com jovens e
adultos.
Conforme analisamos na visão de Moura (2001, p. 26), neste quadro histórico
que forma a concepção da EJA:
As iniciativas e ações que ocorrem neste período passam a margem das
reflexões e decisões a cerca de um referencial teórico para a área [...] essas
hipóteses podem ser confirmadas através do comportamento de alguns
educadores que durante muito tempo reagiram à idéia de mudar a forma de
ensino para criança adaptando-os através de recursos didáticos a jovens e
adultos.

Nesta visão da autora, foi muito difícil para os educadores, na época, que
trabalhavam com jovens e adultos, seguirem a linha metodológica orientadora, pois tudo
o que foi produzido na época foi recolhido pelo período vivido no regime de ditadura
militar.
Diante do quadro de amarras, ideológica, educacional e cultural, imposto pelo
regime militar no Brasil, aumentou o grau de desigualdade social em todas as regiões do
país. Para amenizar a situação começaram a ser criadas escolas técnicas que preparavam
para mão-de-obra barata, contudo essas dispunham de pouca preocupação com a
formação intelectual em outras áreas do conhecimento, pouca estruturação de base de
acordo com as necessidades do mercado de trabalho, mas somente com a preocupação
de aumentar a produtividade econômica e não com a formação educacional dos alunos,
este último ponto estava no projeto das diretrizes da educação neste período.
Dessa forma, de acordo com o pensamento de Moura (2001), passaram a existir
poucas escolas no sentido da formação conceitual, com currículos elaborados e
definidos, mas dentro de um sistema tradicional totalmente “conteudista”, na qual o
aluno era um mero acumulador dos conhecimentos científicos repassados pelos mestres.
A preparação era com os conteúdos e as formas metodológicas absolutas sem
significação para o alunado, e mesmo assim eram privilégios de poucos a compartilhar
destes saberes. Logo, é neste quadro educacional que estão situados os ensinamentos
dos jovens e adultos.
Mediante este quadro de dificuldades no processo da evolução da escola pública
brasileira, gerou ao longo da sua história sérios problemas no desempenho do aluno,
atrasando todo o processo escolar e dificultando sua progressão, provocando uma
distorção de série, e excluindo mais o jovem que se sentiu incapaz de aprender ou
dominar os conteúdos estabelecidos pelas escolas públicas brasileiras.
Surge neste quadro, então a necessidade das escolas assumirem seu verdadeiro
papel na formação integral do indivíduo, trabalhando uma proposta curricular voltada
para as necessidades de seus educandos, com conteúdos de relevância suprindo as
dificuldades de todos os que estão inseridos no processo do aprender, sendo nesse
sentido que a escola aos poucos vem tentando mudar este quadro de atraso político
educacional.
Portanto, o processo do ensino com competência e responsabilidade, o professor
deve estar preparado para as mudanças, pois a escola está dentro do sistema dialético
sempre se renovando de acordo com as necessidades dos alunos, como mostra Candau
(1994, p.26) “o educador, nunca estará definitivo e pronto, pois sua preparação, sua
prática continua meditando através das teorias e confrontando entre si”.
Na visão desta autora, a competência e inovação da escola, dependerão da sua
responsabilidade que motivará e caminhará para as transformações realizadas pela
reflexão constante sobre a sua prática, propondo aos educandos conhecimentos
inerentes aos diversos contextos escolares e extra escolares, encontrar meios que
facilitem sua aprendizagem e o desenvolvimento educacional.
Se o sistema regular de ensino passou por várias transformações, não tem sido
diferente o ensino para jovens e adultos.
Segundo a mesma autora citada, qualquer proposta teórica metodológica em
educação, assim como em qualquer área, implica uma concepção de homem, de
sociedade e de educação, tendo referência o aporte das ciências como a Psicologia, a
Sociologia, a Antropologia, a Filosofia, a Biologia, a História.
Além desses construtores teóricos, a proposta precisa estar iluminada pela
prática, com base nos grandes teóricos e defensores da alfabetização para jovens e
adultos, tendo sempre por trás uma experiência prática, testada, voltada aos propósitos
de mudança das classes menos favorecidas, principalmente aos trabalhadores. Sendo
demarcado o seu campo de estudo, e situá-lo, definindo o para quê, para quem e como, a
fim de que se possa expressar, descrever e estudar o seu objetivo de estudo.
A partir destas ideias mais democráticas, surge as do educador, defensor da
educação para jovens e adultos, Paulo Freire que abre novos caminhos e desafios ao
mundo através de sua proposta a partir da segunda metade dos anos de 1950 em meio às
formas tecnicistas da educação oferecidas pelo Estado brasileiro.
O sistema de educação e alfabetização de forma instrumental mecânica, e
tecnicista foi até a década de 1980, quando, a partir daí terminado e período da ditadura
militar (1984), começou a surgir através da reflexão e da utilização dos resultados
prestados à educação por Freire que desenvolveu um grande trabalho educacional em
vários estados e municípios.
Freire propôs trabalho com jovens e adultos a partir do contexto social e
individual da realidade de cada aluno, juntando as ideias significativas dos mesmos,
através dos objetos de trabalho para se chegar aos códigos lingüísticos, pois para o
aluno/educando aprender falar ou dominar sua língua, deveria era associar a linguagem
oral a complexidade dos códigos escritos, em seu meio social e político.
Conforme a concepção de Freire (1997, p. 81), o qual afirma que “aprender a ler,
a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o
seu contexto, não numa manipulação dinâmica que vincula linguagem a realidade”.
Observamos que diante desta visão política e inovadora de Freire (1997) surge
no país novos programas para a alfabetização de jovens e adultos, mas não vem
respondendo o esperado pelos governantes, fugindo da política inovadora de Freire e de
outros teóricos que contribuíram para a formação dos jovens e adultos vindo responder
em outras propostas, deixando a cada dia o ensino para jovens e adultos sem
credibilidade, tornando-se desinteressante para os que buscam recuperar o tempo
escolar perdido. Há nesta crítica certo grupo de profissionais da educação que não se
prepararam ao programa de educação diferente como é o da EJA.
Há, como reflete o citado educador, falta da consciência política e moral dos
alfabetizadores, que não possuem o senso de visão que a escola é o local de progressão
e evolução para a vida profissional, daquele estudante e trabalhador sofrido e excluído
da sociedade na qual ele mesmo tenha tentado incluir-se.
Pode-se perceber, partindo das discussões de Freire (1997) que nos dias atuais as
conseqüências da evasão escolar têm sido drásticas seus resultados, apesar de surgir
atualmente, novas políticas de incentivo em vários campos de alfabetização para jovens
e adultos, qualificação profissional na área de alfabetizar nos vários níveis do ensino,
assistência e acompanhamento às instituições escolares, auxílio às famílias carentes,
materiais didáticos, mas mesmo assim não se tem obtido resultados positivos.
A cada dia, nas escolas, os alunos apresentam uma conduta inadequada, isso
pode ser atribuído à desestruturação familiar, ao uso de drogas, a prostituição e os
conteúdos, para a maioria, não possuem nenhuma significação.
Segundo os ensinamentos de Arroyo (1997, p. 23) “a maioria das causas a
evasão escolar, tem a responsabilidade de atribuir à desestruturação familiar, e o
professor e o aluno não têm responsabilidade para aprender, tornando-se um jogo de
empurra”.
Sabemos que no mundo contemporâneo, a escola em sua atualidade, necessita
estar apta para conduzir e formar os sujeitos que frequentam o ensino da EJA, que são
resultados e frutos de uma desigualdade social injusta, assim como, é necessário
também ter professores preparados e com qualificação profissional de total
responsabilidade, e que demonstrem dinamismo, além de ser criativo, dinâmico e
transformador, buscando sempre inovações para desenvolver sua aula e conteúdo, e
modificar o ambiente escolar de sua sala de aula, tornando-a em um âmbito de
estimulação e atrativo para os educandos.
Como mostra Menegolla (1989, p.28) “o professor necessita selecionar os
conteúdos que não sejam portadores de ideologias destruidoras de individualidades ou
que venham atender a interesses opostos aos indivíduos”.
De acordo com o ponto de vista de Menegolla (1989) a seleção de conteúdos é
de alto valor pedagógico, que deve estar direcionados aos interesses sociais, culturais e
históricos do aluno, para que as aulas sejam significativas e atraentes, que sirva para o
despertar ideológico, conduzindo para o meio social como cidadão crítico, questionador
e formador de opiniões.
No entanto, as evasões escolares diante das análises e de vários fatores sociais,
culturais, históricos e econômicos, estão incluídas nestas causas e conseqüências.
Como também a escola possui sua parcela de culpa juntamente com o apoio
pedagógico e professores que não procuram ser mais criativo nas suas aulas, pois
sabemos que vivemos em um mundo globalizado e a sociedade extra-escolar está à
frente do desenvolvimento através das ofertas sociais.
Enquanto a escola se mantém atrasada sem nenhuma condição inovadora para
competir com o mundo social fora da escola, torna-se difícil se reverter este quadro da
evasão escolar, a não ser que o corpo escolar procure novas metodologias através da
criatividade humana, didática e pedagógica.

2.2.2. Breve Histórico da Educação no Brasil

No Brasil, a educação de jovens e adultos vem marcada pela reprodução dos


conceitos das elites que, ao longo dos séculos dominam o país. Destacamos que no
período colonial, havia uma estrutura no trabalho de catequização realizado pelos
jesuítas que incluía, além da difusão do evangelho e o ensinamento dos ofícios básicos
ao funcionamento da economia colonial, destinado aos índios e negros, outra destinada
aos filhos dos proprietários.
Considerando que as elites econômicas da época, é quem detinham os
privilégios, pouco ou quase nada, foi realizado quanto à educação de jovens e adultos,
no Brasil colônia.
Com o advento da Constituição de 1824, sob forte influência européia, firma-se
a garantia de “instrução primária para todos os cidadãos”. Porém, como os conceitos de
cidadania eram restritos aos donos do poder econômico continuava, grande parcela da
população, os escravos, as mulheres, os pobres, dentre outros, alijados do processo.
No período Vargas, 1930 pode-se dizer, o Estado brasileiro posiciona-se
contrariamente ao federalismo de oligarquias regionais e passa a reafirmar-se como uma
Nação e, com isso, o papel central do Estado manifesta-se de maneira inequívoca.
Diante disso, há conseqüências nos aspectos educacionais, cujos pontos básicos
destas, são a criação de um Plano Nacional de Educação, fixado, coordenado e
fiscalizado pelo governo federal, que determina de forma clara as competências de cada
uma das esferas de governo Federal, Estadual e Municipal (HADDAD, DI PIERRO,
2000).
Na visão de Miguel Arroyo (2001) a educação de adultos, de forma sistemática e
contínua, só ocorreria na década de 40 deste século. Em decorrência do processo de
industrialização, a década de 30 foi um período de grandes transformações no Brasil em
que foi possível evidenciar-se uma grande concentração populacional em centros
urbanos: o aumento considerável da oferta do ensino básico gratuito a diversos
segmentos da sociedade.
O governo federal impulsionando a educação elementar e traçando diretrizes
educacionais para todo o país, determinando as responsabilidades dos Estados e
Municípios.
É neste contexto, segundo Arroyo que a educação básica de jovem e adultos
começa garantir seu lugar na história da educação brasileira, o ensino elementar
estende-se para os adultos, principalmente nos anos 40. Em 1945, com o fim da ditadura
de Vargas, era urgente integrar os povos em busca de paz e democracia.
Segundo pesquisa divulgada pela Universidade Federal de Minas Gerais, a
Educação de Jovens e Adultos – EJA tem uma longa história no Brasil. Desde os
tempos do Brasil Colônia e do Império registram-se experiências voltadas a este campo
educativo.
Todavia, tais iniciativas foram raras e pouco significativas no que se refere ao
número de educandos envolvidos. É somente nos anos 1940 que começa a se delinear
de forma mais sistemática uma política pública do Estado brasileiro direcionada às
grandes massas de jovens e adultos.
A partir deste momento, a educação de jovens e adultos começa a ser tratada
como campo específico, diferenciado da educação elementar comum, ganhando espaço
e presença no pensamento pedagógico e na política educacional brasileira.
Conforme Arroyo (2001, p. 10)
A EJA tem uma história muito tensa, pois é atravessada por interesses
diversos e nem sempre consensuais. Os olhares conflituosos sobre a condição
social, política e cultural dos sujeitos aos quais se destina esta oferta
educativa têm condicionado as diferentes concepções de educação que lhes é
oferecida. O espaço reservado a sua educação no conjunto das políticas
oficiais se confunde com o lugar social destinado aos setores populares em
nossa sociedade, sobretudo quando os jovens e adultos são trabalhadores,
pobres, negros, subempregados, oprimidos, excluídos.

Em contraposição a esta história oficial, o lugar social, político e cultural


pretendido pelos excluídos como sujeitos coletivos na diversidade dos movimentos
sociais que os constituem inspirou e vem inspirando práticas e concepções avançadas e
criativas que também fazem parte da memória da EJA. É nessa arena de lutas e embates
que o campo pedagógico da EJA vem se desenvolvendo, sendo marcado por avanços e
retrocessos, rupturas e continuidades.
Esse autor ainda nos convida a voltar nosso olhar para as experiências de
educação popular que marcaram o final dos 50 e início dos anos 60 e incorporá-las às
políticas de EJA atuais.
A herança legada pelas experiências de educação de jovens e adultos inspiradas
no movimento de educação popular não é apenas digna de ser lembrada e incorporada,
quando pensamos em políticas e projetos de EJA, mas continua tão atual quanto nas
origens de sua história, nas décadas de 50 e 60, porque a condição social e humana dos
jovens e adultos que inspiraram essas experiências e concepções também continua atual
[...] em tempos de exclusão, miséria, desemprego, luta pela terra, pelo teto, pelo
trabalho, pela vida. Tão atuais que não perderam sua radicalidade, porque a realidade
vivida pelos jovens e adultos populares continua radicalmente excludente.
Essa afirmação de Arroyo, estimulou e fortaleceu o desejo de dar visibilidade à
presença da educação popular na configuração da EJA, por meio da memória e da
experiência daqueles que viveram e testemunharam esses momentos. Para isso, foram
entrevistados educadores nascidos em diferentes lugares do Brasil, entre as décadas de
30 e de 40.
A maioria desses educadores, durante sua juventude, nos anos 1960, participou
de movimentos que em sua constituição eram radicalmente diversos das iniciativas
anteriores de educação de adultos. Tais experiências foram curtas, mas densas no que se
refere aos aspectos culturais, educativos e políticos. Havia um compromisso político
explícito assumido com os grupos oprimidos e uma orientação direcionada às
transformações das estruturas sociais.
Essas iniciativas ocorridas foram interrompidas com a ditadura militar.
Entretanto, após essa intervenção – tomando-se por base trajetórias singulares, esses
educadores continuaram desenvolvendo atividades relacionadas à educação popular,
constituindo sua identidade profissional com base nesse campo educativo.
A EJA em uma das suas vertentes tem estreita relação com programas de
alfabetização. Em 1964, o PNA - Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, foi o
último dos programas desse ciclo popular, cujo planejamento incorporou largamente as
orientações de Freire, organizado pelo Ministério da Educação. Pois, o Golpe militar de
1964, provocou uma ruptura política nos movimentos de educação e cultura populares,
essa e outras experiências acabaram por desaparecer ou desestruturar-se sob a violenta
repressão dos governos do ciclo militar iniciado naquele mesmo ano (HADDAD, 2000;
DI PIERRO, 2000; RIBEIRO 2001; VIEIRA 2004).
De acordo com Vieira (2004), os trabalhos relativos à educação de adultos
ficaram paralisados até 1966, quando foi instituída na via oficial a Cruzada ABC – Ação
Básica Cristã que buscou ocupar os espaços deixados pelos movimentos populares,
anteriores ao golpe militar. Dado às críticas recebidas dos técnicos do MEC,
relativamente ao seu caráter assistencialista, material inadequado à realidade do
educando, ao corte nos recursos financeiros, nos anos 70 a 71, o programa foi
gradativamente extinto, coincidindo com a criação do MOBRAL – Movimento
Brasileiro de Alfabetização.
O MOBRAL foi criado em dezembro de 1967, mas que, a partir de 1969, foi
organizado pelo governo militar como programa de proporções nacionais, voltado a
oferecer alfabetização a amplas parcelas dos adultos analfabetos nas mais variadas
localidades do país. Constitui-se, nos anos 70, no grande projeto de impacto dos
governos militares. O fim deste governo e a retomada do processo de democratização do
país, são expressos nos movimentos da Anistia, das Diretas Já, dentre outros, o que leva
os movimentos envolvidos com a educação a uma nova postura diante das diretrizes
educacionais no país. O MOBRAL é extinto em 1985, e substituído pela Fundação
Educar, o que marca uma ruptura com os governos autoritários.
Nesse contexto de redemocratização, é que percebe-se um alargamento nas
práticas pedagógicas da Educação de Jovens e Adultos e as experiências populares
desenvolvidas na clandestinidade, retomam sua posição de participantes do processo
passando a influenciar programas públicos e comunitários de alfabetização de adultos
(HADDAD, DI PIERRO, 2000).
O Brasil dos anos 80 foi colorido com a conquista da anistia, das eleições
diretas, da abertura política, enfim, com a conquista da democracia. No campo da
Educação de Jovens e Adultos – EJA, o período foi marcado pelo deslocamento de uma
visão compensatória, para uma visão da educação como direito, resultado de um
processo que se constrói ao longo da vida. Essa concepção é confirmada pela inserção
de artigos na Constituição Federal, que seguem na direção de tal aspiração, vide, por
exemplo, artigos 205 e 208 da Carta Magna.
No período mais recente, os sistemas estaduais e municipais de ensino que
oferecem turmas de Educação de Jovens e Adultos terão de se adequar a novas regras.
As diretrizes para a etapa que acelera os estudos – e substituiu o antigo supletivo –
foram elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação – CNE em abril e homologadas
pelo ministro da Educação, Fernando Haddad em 2009. As normas estão publicadas no
Diário Oficial da União desta sexta-feira. Conselho Nacional de Educação define idade
mínima para entrada na EJA.
A EJA também precisa de estrutura e material diferenciado. Uma das principais
mudanças, que rendeu anos de polêmicas, é a idade mínima para a entrada na
modalidade de ensino. Ficou definido que os estudantes terão de ter 15 anos completos
para se matricularem no primeiro segmento (ensino fundamental) e de 18 anos para o
segundo segmento (ensino médio). Mesmo os alunos emancipados civilmente só
poderão realizar os exames de conclusão após atingir os 18 anos.
A Resolução nº 3/2010 da Câmara de Educação Básica do CNE define que a
carga horária mínima para quem estuda as séries iniciais do ensino fundamental na
modalidade EJA será determinada pelos sistemas de ensino. Nas finais, de 1,6 mil
horas. Para o ensino médio, a duração mínima será de 1,2 mil horas.
No caso da oferta integrada de ensino médio e técnico, a carga de 1,2 mil horas
para a formação média é exigida, além das aulas necessárias para a formação específica.
A resolução determina ainda que os professores terão de realizar chamada dos alunos
que cursam a etapa equivalente ao ensino fundamental; incentivar a aprendizagem com
outros programas de aceleração se preciso; e incentivar a oferta de turmas de EJA nos
turnos diurno e noturno.
A Câmara do CNE da Resolução n° 3/2010, definiu também que os sistemas de
ensino serão responsáveis pelas provas de certificação das etapas, mas podem solicitar
apoio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –
INEP, quando necessário. Se preferirem, podem até fazer parcerias entre governos
estaduais para elaborar as provas.
No caso da EJA oferecida a distância, a resolução define que somente alunos da
etapa final do ensino fundamental e do ensino médio podem optar por aprender nos
ambientes virtuais. Os pólos para devem ter infra-estrutura tecnológica e material,
garantindo acesso a bibliotecas, livros didáticos e de literatura, acesso a rádio, televisão
e internet.
O documento com normas completas pode ser conferido aqui. Os cursos
autorizados a funcionar antes dessa resolução têm um ano para adequar os projetos
político-pedagógicos às novas regras.
O presente histórico da EJA anunciado, ajuda contabilizar avanços na grade
curricular e propõe-lhe formas mais democráticas e qualidade na sua execução nas redes
de ensino público nestes dias atuais, contudo não responde tantos números de evasão
desta importante modalidade de ensino, e se pergunta, quem é este aluno que está
abandonando a escola?
2.2.3. Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos

A história da Educação de Jovens e Adultos – EJA apresenta muitas variações e


controvérsias ao longo do tempo, demonstrando estar estreitamente ligada às
transformações sociais, econômicas e políticas que caracterizaram os diferentes
momentos históricos da sociedade brasileira.
Inicialmente a alfabetização de adultos para os colonizadores, tinha como
objetivo instrumentalizar a população, ensinando-a a ler e a escrever. Essa concepção
foi adotada para que os colonos pudessem ler o catecismo e seguir as ordens e
instruções da corte, os índios pudessem ser catequizados e, mais tarde, para que os
trabalhadores conseguissem cumprir as tarefas exigidas pelo Estado.
A expulsão dos Jesuítas, ocorrida no século XVIII, desorganizou o ensino até
então estabelecido. Novas iniciativas sobre ações dirigidas à educação de adultos
somente ocorreram durante a época do Império.
Desde a Revolução de 1930, as mudanças políticas e econômicas permitiram o
início da consolidação de um sistema público de educação elementar no país.
A Constituição de 1934 estabeleceu a criação de um Plano Nacional de
Educação, que indicava pela primeira vez a educação de adultos como dever do Estado,
incluindo em suas normas a oferta do ensino primário integral, gratuito e de freqüência
obrigatória, extensiva para adultos.
A década de 40 foi marcada por algumas iniciativas políticas e pedagógicas que
ampliaram a educação de jovens e adultos: a criação e a regulamentação do Fundo
Nacional do Ensino Primário – FNEP; a criação do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas – INEP; o surgimento das primeiras obras dedicadas ao ensino supletivo; o
lançamento da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA, e outros.
Este conjunto de iniciativas permitiu que a educação de adultos se firmasse
como uma questão nacional. Ao mesmo tempo, os movimentos internacionais e
organizações como a UNESCO, exerceram influência positiva, reconhecendo os
trabalhos que vinham sendo realizados no Brasil e estimulando a criação de programas
nacionais de educação de adultos analfabetos.
Em 1946, com a instalação do Estado Nacional Desenvolvimentista, houve um
deslocamento do projeto político do Brasil, passando do modelo agrícola e rural para
um modelo industrial e urbano, que gerou a necessidade de mão-de-obra qualificada e
alfabetizada.
Em 1947, o MEC promoveu a Campanha de Educação de Adolescentes e
Adultos – CEAA. A campanha possuía duas estratégias: os planos de ação extensiva
(alfabetização de grande parte da população) e os planos de ação em profundidade
(capacitação profissional e atuação junto à comunidade). O objetivo não era apenas
alfabetizar, mas aprofundar o trabalho educativo. Essa campanha – denominada CEAA
– atuou no meio rural e no meio urbano, possuindo objetivos diversos, mas diretrizes
comuns.
No meio urbano visava à preparação de mão-de-obra alfabetizada para atender
às necessidades do contexto urbano-industrial. Na zona rural, visava fixar o homem no
campo, além de integrar os imigrantes e seus descendentes nos Estados do Sul.
Apesar de, no fundo, ter o objetivo de aumentar a base eleitoral (o analfabeto
não tinha direito ao voto) e elevar a produtividade da população, a CEAA contribuiu
para a redução dos índices de analfabetismo no Brasil.
Ainda em 1947, realizou-se o 1º Congresso Nacional de Educação de Adultos. E
em 1949 foi realizado mais um evento de extrema importância para a educação de
adultos: o Seminário Interamericano de Educação de Adultos.
Em 1952 foi criada a Campanha Nacional de Educação Rural – CNER,
inicialmente ligada a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA. A
CNER caracterizou-se, no período de 1952 a 1956, como uma das instituições
promotoras do processo de desenvolvimento de comunidades no meio rural brasileiro.
Contava com um corpo de profissionais de áreas diversas como agronomia, veterinária,
medicina, economia doméstica e assistência social, entre outras, que realizavam
trabalho de desenvolvimento comunitário junto às populações da zona rural.
Ainda nos anos 50, foi realizada a Campanha Nacional de Erradicação do
Analfabetismo – CNEA, que marcou uma nova etapa nas discussões sobre a educação
de adultos. Seus organizadores compreendiam que a simples ação alfabetizadora era
insuficiente, devendo dar prioridade à educação de crianças e jovens, aos quais a
educação ainda poderia significar alteração em suas condições de vida. A CNEA, em
1961, passou por dificuldades financeiras, diminuindo suas atividades. Em 1963 foi
extinta, juntamente com as outras campanhas até então existentes.
Em 1958, foi realizado o segundo Congresso Nacional de Educação de Adultos,
objetivando avaliar as ações realizadas na área e visando propor soluções adequadas
para a questão. Foram feitas críticas à precariedade dos prédios escolares, à inadequação
do material didático e à qualificação do professor. A delegação de Pernambuco, da qual
Paulo Freire fazia parte, propôs uma educação baseada no diálogo, que considerasse as
características socioculturais das classes populares, estimulando sua participação
consciente na realidade social. Nesse congresso se discutiu, também, a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional e, em decorrência, foi elaborada em 1962 o Plano
Nacional de Educação, sendo extintas as campanhas nacionais de educação de adultos
em 1963.
Na década de 60, com o Estado associado à Igreja Católica, novo impulso foi
dado às campanhas de alfabetização de adultos. No entanto, em 1964, com o golpe
militar, todos os movimentos de alfabetização que se vinculavam à ideia de
fortalecimento de uma cultura popular foram reprimidos. O Movimento de Educação de
Bases – MEB sobreviveu por estar ligado ao MEC e à igreja Católica. Todavia, devido
às pressões e à escassez de recursos financeiros, grande parte do sistema encerrou suas
atividades em 1966.
A década de 70, ainda sob a ditadura militar, marca o início das ações do
Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, que era um projeto para se
erradicar o analfabetismo em apenas dez anos. Após esse período, quando já deveria ter
sido cumprida essa meta, o Censo divulgado pelo IBGE registrou 25,5% de pessoas
analfabetas na população de 15 anos ou mais. O programa passou por diversas
alterações em seus objetivos, ampliando sua área de atuação para campos como a
educação comunitária e a educação de crianças.
O ensino supletivo, implantado em 1971, foi um marco importante na história da
educação de jovens e adultos do Brasil.
Durante o período militar, a educação de adultos adquiriu pela primeira vez na
sua história um estatuto legal, sendo organizada em capítulo exclusivo da Lei nº
5.692/71, intitulado Ensino Supletivo. O artigo 24 desta legislação estabelecia com
função do supletivo suprir a escolarização regular para adolescentes e adultos que não a
tenham conseguido ou concluído na idade própria.
Foram criados os Centros de Estudos Supletivos – CES em todo o País, com a
proposta de ser um modelo de educação do futuro, atendendo às necessidades de uma
sociedade em processo de modernização. O objetivo era escolarizar um grande número
de pessoas, mediante um baixo custo operacional, satisfazendo às necessidades de um
mercado de trabalho competitivo, com exigência de escolarização cada vez maior.
O sistema não requeria freqüência obrigatória, e a avaliação era feita em dois
módulos: uma interna ao final dos módulos e outra externa feita pelos sistemas
educacionais. Contudo, a metodologia adotada gerou alguns problemas: o fato de os
cursos não exigirem freqüência faz com que os índices de evasão sejam elevados, o
atendimento individual impede a socialização do aluno com os demais colegas, a busca
por uma formação rápida a fim de ingressar no mercado de trabalho, restringe o aluno à
busca apenas do diploma sem conscientização da necessidade do aprendizado.
Na visão de Haddad (1991) os Centros de Estudos Supletivos – CES não
atingiram seus objetivos verdadeiros, pois, não receberam o apoio político nem os
recursos financeiros suficientes para sua plena realização. Além disso, seus objetivos
estavam voltados para os interesses das empresas privadas de educação.
No início da década de 80, a sociedade brasileira viveu importantes
transformações sócio-políticas com o fim dos governos militares e a retomada do
processo de democratização, basta lembrar da campanha nacional a favor das eleições
diretas. Em 1985, o MOBRAL foi extinto, sendo substituído pela Fundação EDUCAR.
O contexto da redemocratização possibilitou a ampliação das atividades da EJA.
Estudantes, educadores e políticos organizaram-se em defesa da escola pública e
gratuita para todos. A nova Constituição de 1988 trouxe importantes avanços para a
EJA: o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, passou a ser garantia constitucional
também para os que a ele não tiveram acesso na idade apropriada.
Contudo, a partir dos anos 90, a EJA começou a perder espaço nas ações
governamentais. Em março de 1990, com o início do governo Collor, a Fundação
EDUCAR foi extinta e todos os seus funcionários colocados em disponibilidade. Em
nome do enxugamento da máquina administrativa, a União foi se afastando das
atividades da EJA e transferindo a responsabilidade para os Estados e Municípios.
No entanto, ainda com as crises governamentais nos anos 90, surge uma
proposta de alfabetização para jovens e adultos, incumbido pelo movimento popular nas
lutas pela educação da sociedade, sendo um Projeto com a perspectiva de dar suporte a
alfabetização denominado por Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos-
MOVA. O projeto deu início em 1990 na cidade de São Paulo durante, porém,
expandiu-se em todo território brasileiro, assim, contribuindo com outro programa de
educação para a alfabetização da sociedade ao ensino noturno e outros, tendo Paulo
Freire como idealizador desse projeto.
Em janeiro de 2003, o MEC anunciou que a alfabetização de jovens e adultos
seria uma prioridade do novo governo federal. Para isso, foi criada a Secretaria
Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo, cuja meta era erradicar o
analfabetismo durante o mandato de quatro anos do governo Lula. Para cumprir essa
meta foi lançado o Programa Brasil Alfabetizado, por meio do qual o MEC contribuirá
com os órgãos públicos estaduais e municipais, instituições de ensino superior e
organizações sem fins lucrativos que desenvolvam ações de alfabetização.
No Programa Brasil Alfabetizado, a assistência é direcionada ao
desenvolvimento de projetos com as seguintes ações: Alfabetização de jovens e adultos
e formação de alfabetizadores.
É necessário que o alfabetizador, antes de iniciar as atividades de ensino,
conheça o grupo com o qual irá trabalhar. Esse conhecimento prévio pode ser pelo
cadastro dos alunos e pelo diagnóstico inicial que deve servir de base para o
planejamento das atividades. A intenção é tornar o processo de alfabetização
participativo e democrático. A formação de alfabetizadores compreende a formação
inicial e a formação continuada.
O Programa está em andamento, por isso não é possível, ainda, afirmar se o
objetivo pretendido foi alcançado.
É preciso que haja continuidade das ações governamentais. O Programa Brasil
Alfabetizado foi criado para ter duração de quatro anos, enquanto durar a gestão do
governo Lula. Contudo, nada impede que o próximo Presidente dê continuidade a esse
programa. Os resultados seriam muito melhores se houvesse seguimento nos programas
já implantados, pois evitaria perda de tempo e de dinheiro na criação de novos
programas, como vem acontecendo ao longo dos anos: muda o presidente, mudam os
programas.
Deve haver, também, a ligação do programa de alfabetização com outros
programas governamentais ou não, como é o caso do bem sucedido programa
Alfabetização Solidária. Que é hoje indiscutivelmente um programa de relevância
quando o assunto é alfabetização de jovens e adultos. Sua abrangência educacional
transcende as fronteiras Brasileiras e já é destaque e modelo de Educação em vários
países.
Dentre esses programas sucedidos, surgiu também o PROJOVEM, criado com o
objetivo de favorecer e oportunizar a inclusão de jovens, assim como, adultos que
abandonaram a escola, sendo um programa de escolaridade em nível fundamental na
modalidade da educação de jovens e adultos –EJA, com a integração à qualificação
profissional e social.
O programa PROJOVEM se desenvolveu no Brasil desde 2005, expandindo em
várias regiões brasileiras, tanto na zona urbana como na área rural como política de
inclusão para jovens a partir de 15 anos acima, distanciados da escolarização e da
exclusão formal do mercado de trabalho, marcado pelo preconceito e descriminação.
Diante do panorama de analfabetismo, é de grande valia a implantação do
programa PROJOVEM, abrindo novas possibilidades para a qualificação profissional
do mercado de trabalho, promovendo a inserção e reintegração de jovens ao processo
educacional à escola técnica, assim como, o desenvolvimento humano.
O programa PROJOVEM é dividido em quatro modalidades de desenvolvimento
nas quais são: PROJOVEM Adolescente- serviço socioeducativo; PROJOVEM Urbano;
PROJOVEM Trabalhador; PROJOVEM Campo- Saberes da Terra, pois sua existência e
execução estar em vigor até os dias atuais dentro das políticas públicas de atendimento
para a educação de Jovens e Adultos- EJA.
Assim, entendemos que a Educação de Jovens e Adultos, deve ser tratada
juntamente com outras políticas públicas e não isoladamente, porque na medida que
esses mecanismos acontecerem os resultados serão melhores para a educação na EJA, e
o impulso será melhor na grade curricular das redes públicas de ensino para a EJA.
Mesmo reconhecendo a disposição do governo em estabelecer uma política
ampla para EJA, especialistas apontam a desarticulação entre as ações de alfabetização
e de EJA, questionando o tempo destinado à alfabetização e à questão da formação do
educador.
A prioridade concedida ao programa recoloca a educação de jovens e adultos no
debate da agenda das políticas públicas, reafirmando, portanto, o direito constitucional
ao ensino fundamental, independente da idade. Todavia, o direito à educação não se
reduz à alfabetização.
A experiência acumulada pela história da EJA nos permite reafirmar que
intervenções breves e pontuais não garantem um domínio suficiente da leitura e da
escrita. Além da necessária continuidade no ensino básico, é preciso articular as
políticas de EJA a outras políticas. Afinal, o mito de que a alfabetização por si só
promove o desenvolvimento social e pessoal há muito foi desfeito. Isolado, o processo
de alfabetização não gera emprego, renda e saúde.
Apesar de não estar havendo continuidade dos programas ao longo dos tempos, a
Educação de Jovens e Adultos está sempre sendo buscada, com o objetivo de realmente
permitir o acesso de todos à educação, independentemente da idade.

2.3. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA

Analisar a importância da Educação de Jovens e Adultos – EJA, enquanto


modalidade de ensino na Educação Básica implica perceber sua relevância para o
processo de transformação social, assim como, das dificuldades que sua implantação
implica, como política permanente num país profundamente desigual como o Brasil.
A EJA comparece no contexto das políticas sociais de melhoria da qualidade de
vida, orientada pelos princípios da equidade e democracia, que visam à inserção de
milhares de pessoas numa sociedade de direitos. Por conseguinte, a importância da EJA
vincula-se a compreensão do significado das políticas de inclusão social que
caracterizam o Estado Contemporâneo Brasileiro.
A luta pelo direito a educação de jovens e adultos com igualdade,
perpassa muito além do acesso a escolarização das políticas sociais, e especialmente,
que sejam vistas e constituídas para os sujeitos de conhecimentos na sociedade que se
destaca no mundo da cultura, do trabalho e nos diversos espaços de convívios sociais. É
importante perpetuar que a EJA, é voltado para o processo de desenvolvimento e
habilidade da vida cidadã, uma vez que, os mesmos são também construtores de
conhecimentos, saberes, valores, ideias, teorias e práticas culturais.
Equivale, portanto, compreender e buscar formas de superação para as
discriminações de classe, de gênero, de raça e também de idade, decorrentes de um
modelo econômico, social e político individualista e segregador, que constitui o perfil
da sociedade brasileira desde a época do Brasil Colônia.
Neste contexto a EJA emerge como uma estratégia de organização presente nas
rotinas de sobrevivência da população menos privilegiada da sociedade brasileira,
caracterizada principalmente em sua maioria pela resistência a as inúmeras
discriminações sociais, especialmente daquelas decorrentes de sua condição econômica.
A sobrevivência no meio urbano ou no rural não se faz só pela separação por
idades, mas pelas ações interativas de diversas idades na busca dessa sobrevivência, o
que é altamente rico como experiência. Esta diversidade cultural constitui por assim
dizer, a mais significativa e importante característica da EJA na Educação Básica
Brasileira.
Por conta disso a educação de modo geral e especialmente na EJA é uma
questão que vem sendo discutida, ainda que não com a intensidade necessária ao que se
refere as suas características e necessidades pedagógicas enquanto modalidade de
ensino.
A questão metodológica, por exemplo, assume relativa importância nesta
discussão, pois entende-se que, os alunos da EJA não só necessitam de um tratamento
educativo diferenciado, como, pelas suas características enquanto juventude e
maturidade, demandam modelos alternativos de aprendizagem voltadas especialmente
para suas reais necessidades e expectativas. Como por exemplo, a inserção no mundo do
trabalho. Basta dizer que, a maioria da clientela discente que constitui a EJA, são em
sua maioria egressos do mundo do trabalho seja de natureza formal ou informal.
As relações de produção, neste sentido, tornam-se indicadores para a
implementação da proposta pedagógica da EJA. Nas turmas que as constitui, se
mesclam diferentes idades e interesses. É preciso compreender a dinâmica dessas
heterogeneidades, fator importante para a efetiva dimensão política dessa educação de
jovens e adultos.
Como instituição social, a escola, sob o ponto de vista legal e institucional, está
organizada em séries, por idade e por determinações de currículo, constituído de
conteúdos de aprendizagem de natureza conceitual, procedimental e atitudinal,
conforme prescreve os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNS.
Muito mais como forma de controle e de aumento de produtividade, do que em
razão de fundamento do processo de ensino - aprendizagem ou da construção de formas
solidárias de viver a vida, a EJA representa uma alternativa de melhoria das condições
de vida social, econômica e intelectual de grande parte da população carente de nossa
sociedade.
Por conseguinte, é preciso não esquecer que EJA não coaduna-se com os
espaços burocratizados da escola formal e tradicional, necessitando de uma identidade
pedagógica e curricular próprias. Muitas vezes, essa é a razão alegada para as escolas
não aceitarem o desafio educativo de implementação da EJA, enquanto proposta
pedagógica de consolidação de interesses e expectativas de uma maioria desprivilegiada
de nossa sociedade.
Uma das inquietações presentes na construção da proposta pedagógica da EJA,
enquanto política pública tem sido a necessidade de responder a um grande vácuo
existente nas propostas curriculares, no que tange ao distanciamento entre essas e o
mundo do trabalho. Os desafios da relação entre a educação e o mundo do trabalho na
EJA são particularmente complexos.
Uma questão que preocupa é o reducionismo dessa relação à perspectiva de
emprego. Daí a relevância e o significado de sua importância.

2.3.1. Evasão Escolar na EJA e o Perfil dos Alunos

As mudanças no mundo trabalho, diante da tendência atual das reformas


educacionais nas últimas décadas, em países como no Brasil, a administração da
educação torna-se um de seus pilares de transformação. Quando falamos,
especificamente da EJA, onde exista a participação de educadores e alunos, pensamos
em algo sonhado, porém, ainda não exercitado como deveria ser um engajamento mais
qualitativo ao desempenho das pedagogias que ajudem a conhecer melhor alunos para
com isto, se insistir na sua permanência na escola. Sendo assim, quem é este aluno que
se evade da escola?
Segundo Saviani, a educação é um processo tipicamente humano que possui
uma especificidade humana de formar cidadãos por meio de conteúdos “não materiais”
que são ideias, teorias, valores, conteúdos estes que influirão decisivamente, e conforme
avaliamos na vida de cada aluno.
O que diz o professor Saviani (1991, p. 19):
Para sobreviver, o homem necessita extrair da natureza ativa e
intencionalmente, os meios de sua subsistência. Ao fazer isso ele inicia o
processo de transformação da natureza, criando um mundo humano, o mundo
da cultura.

Segundo Saviani (1991) é possível perceber que as características de alunos que


se evadem da EJA, são aqueles que estão maravilhados com algumas, mas interessantes
formas oferecidas pelo mundo do trabalho de onde este aluno precisa garantir muitas
vezes seu “pão de cada dia”, seu sustento e de sua família, muitas vezes.
Desta forma, o aluno, aliado aos interesses do mundo do trabalho, é preciso
vermos garantias da sua subsistência material, mas preocupado com a conseqüente
produção em escalas cada vez maiores e complexas de bens materiais, fruto de trabalho
exercido pelos que neste atuam. E dentro dessa compreensão, é necessário façamos
saber que de acordo com os educadores, o resultado do que a falta do ensino da EJA é a
oportunidade de se fazer com que alguns cidadãos possam ser vistos pela sua pobreza e
logo em seguida pela garantia da sua permanência na escola. Fora desta instituição de
ensino, este aluno estará submetido mais ainda ao aumento de formas de violência,
problemas que também estão relacionados à educação na sua real desistência e na
medida que as estatísticas apontam maior índice de evasão.
A EJA convive com um índice significativo de evasão, pois segundo o INEP
(2007), a Educação de Jovens e Adultos (EJA), era frequentada em 2007, ou
anteriormente, por cerca de 10,9 milhões de pessoas, o que correspondia a 7,7% da
população com 15 anos ou mais de idade.

7,7%

10,9 milhões de pessoas

Que conrresponde7,7%
da população

10,9

Entretanto, das cerca de 8 milhões de pessoas que passaram pela EJA antes de
2007, 42,7% não concluíram o curso, sendo que o principal motivo apontado para o
abandono foi a incompatibilidade do horário das aulas com o de trabalho ou de procurar
trabalho (27,9%), seguido pela falta de interesse em fazer o curso (15,6%).
27,9%
15,6%
42,7% não concluíram o
curso(incompatibilidade
do horário das aula com o
de trabalho ou procurar
trabalho (27,9%)

42,7%
15,6% não estudaram por
falta de interesse em
fazer o curso.

A partir desses dados da estatística acima, há interessante debate entre autores


sobre as responsabilidades do fracasso do aluno característico da evasão. Em oposição
aos defensores dos fatores externos como determinantes do fracasso escolar das
crianças, autores como Bourdieu (1998), Cunha (1997), Fukui (1983) e outros, apontam
a escola como responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos das escolas públicas,
tomando como base explicações que variam desde o seu caráter reprodutor até o papel e
a prática pedagógica do professor.
Diferentemente dos autores que apontam o jovem e a família como responsáveis
pelo fracasso escolar.
Fukui (1983, p. 34) ressalta a responsabilidade da escola afirmando que:
O fenômeno da evasão, longe está de ser fruto de características individuais
dos alunos e suas famílias. Ao contrário, reflete a forma como a escola recebe
e exerce ação sobre os membros destes diferentes segmentos da sociedade
(FUKUI, 1983, p. 34).

A discussão vai diante da posição acima tomada, no caso da posição de Cunha


(1997, p. 29), a responsabilização do jovem pelo seu fracasso na escola tem como base
o pensamento educacional da doutrina liberal a qual fornece argumentos que legitimam
e sancionam essa sociedade de classe, e também tenta fazer com que as pessoas
acreditem que o único responsável pelo sucesso ou fracasso social de cada um é o
próprio aluno e não a organização social.
Quanto ao fato de ser a escola das classes trabalhadoras que vem fracassando,
para Bourdieu, isso se dá em virtude de que a escola que aí temos serve de instrumento
de dominação, reprodução e manutenção dos interesses da classe burguesa.
Para Bourdieu (1998, p. 56),
A escola não leva em consideração o capital cultural de cada aluno, e que os
professores partem da hipótese de que existe, entre o educando e o ensinado,
uma comunidade lingüística e de cultura, uma cumplicidade prévia nos
valores, o que só ocorre quando o sistema escolar está lidando com seus
próprios herdeiros.

Estes teóricos mostraram através de seus estudos, que as expectativas, em geral,


podem influenciar os fatos da vida cotidiana, e que geralmente, os alunos em especial,
parecem ter a tendência a se comportar de acordo com o que se espera delas frente aos
desafios que a educação oferece a cada aluno.
Como se podemos ver, a literatura existente sobre o fracasso escolar, como está
posta a evasão, aponta que, se por um lado, há aspectos externos à escola que interferem
na vida escolar do aluno, há por outro, aspectos internos da escola que também
interferem no processo sócio educacional do jovem, e quer direta ou indiretamente,
acabam excluindo-o da escola, seja por fator de busca de emprego ou outro de tamanha
intensidade social, relativo ao mundo do trabalho.

2.3.2. Alternativas Pedagógicas Contra a Evasão na EJA

Identificamos em autores como Padilha (2001, p. 30), que a EJA para fins de
combate às formas de evasão, deve contar com o ato de planejar suas ações, sempre
num processo de reflexão na tomada de decisões sobre como recolocar os conteúdos a
serem desenvolvidas, visando realizar atividade em prazos determinados e etapas
definidas, a partir dos resultados das avaliações constantes das atividades em exercício.
Segundo este autor no dia-a-dia, sempre podemos enfrenta situações que
necessitam de planejamento, mas nem sempre as atividades diárias são delineadas em
etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao contexto de nossa rotina.
Entretanto, para a realização de atividades que não estão inseridas no cotidiano, são
usados os processos racionais para alcançar o que se deseja.
As ideias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas nos dias
atuais, mas um dos complicadores para o exercício da prática de planejar parece ser a
compreensão de conceitos e o uso adequado dos mesmos. Como aponta Gandin (1994,
p. 45) é impossível enumerar todos tipos e níveis de planejamento necessários à
atividade humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua
racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, está sempre ensaiando processos
de transformar suas ideias em realidade.
Planejar é uma atividade para combater a evasão na EJA está dentro da proposta
pedagógica que podemos avaliar como sendo possível eliminar abandonos. Podemos
listar características básicas, como evitar a improvisação, prever novas formas de
atividades, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução
da ação educativa.
Diante de apresentação das estatísticas que oferecem caminhos para se combater
a evasão e o debate entre os autores para identificar os problemas sociais no contexto da
política educacional, questionamos qual a dificuldade encontrada pelos alunos da EJA
na primeira em desistir de seus estudos?
É necessário sugerir a realização de algumas práticas pedagógicas que sejam
adequadas à realidade dos alunos, precisamos observar uma proposta inovadora e
motivadora onde as disciplinas sejam integradas e não separadas, aproveitando essa
bagagem de conhecimento de cada aluno, pois ele precisa se encontrar nos conteúdos
propostos para que cada disciplina possa se introduzida em sua vida diária e contribua
em sua prática social.
Utilizar linguagens alternativas, como a música, o cordel e o teatro, facilita o
aprendizado, principalmente de alunos mais velhos, que geralmente têm mais
proximidade com a cultura popular. Neste caso, há vasto número de temas que podem
ser sugeridos aos alunos, vejamos alguns que identificamos entre a literatura consultada:
Autoestima; Ética; Respeito aos Colegas; Respeito /Professor/Aluno; Preconceito;
Relaxamento.
Estimular os alunos a proporem temas de seus interesses a fim de que possam ter
uma aula sobre estes, geralmente segundo pesquisa encontrada, é comum verificar a
escolha pelos seguintes assuntos: Autoestima; Motivação Sexual;
Sexualidade/Higiene/DST (doenças sexualmente transmissíveis); Relacionamento
Familiar/Separação; Dependência Química/Prevenção; Ruído Noturno;
Relacionamento/Pais e Filhos; Relacionamento Aluno/ Professor; Ética na política;
Mercado de Trabalho / Comunicação.
O objetivo, é de se trabalhar esses temas na sala de aula de diversas formas no
campo pedagógico e de estimular o esforço de cada aluno, motivando sua permanência
na escola.
Uma outra medida de caráter pedagógico é promover atividades visando
fortalecer a importância do estudo, promover trocas entre o grupo onde a experiência de
vida seja valorizada. Incentivar a formação de vínculos, entre o grupo para motivar a
participação nas atividades. Desenvolver ações próximas do cotidiano do grupo.
Também, poder orientar os alunos, individualmente, quando se fizer necessário.
Podendo realizar sondagem com os alunos com necessidades educativas especiais,
fornecendo-lhes pareceres técnicos por profissionais especialistas nesta área.
Promover a participação das ações realizadas pela escola, nos conselhos
escolares e grêmios, eleição para diretor e na parte do entretenimento programar ações
de cunho cultural.
As estratégias a se organizarem: os temas serão desenvolvidos através de
palestras, utilizando como recursos; dinâmicas de grupo, textos científicos para
reflexão, vivências, músicas, teatro. A duração dos encontros será de 1h e 30min,
apenas. As orientações individuais aos alunos deverão ser realizadas em um local onde a
privacidade seja respeitada. Para tanto é necessário a formação de equipes responsáveis,
contando com a presença de alunos e dos coordenadores pedagógicos da escola.
Recursos físicos: deve ser utilizada uma sala com cadeiras, aparelhos de data show,
retroprojetor, transparências, lápis, canetas, papel, revistas e TV.
Há outras experiências que chamaram a atenção dos alunos da EJA, com
projetos de música, cultura e literatura. Um deles é o tempo de artes literárias que
promovem uma competição saudável na escola ao estimular a produção de textos (prosa
e poesia) por meio de rodas e saraus literários.
Também é possível realizar festivais para incentivar a produção musical e
trabalhos de temática afro-brasileira e indígena. A culinária desses povos, por exemplo,
pode ser explorada nas aulas de matemática, ao falar das quantidades de ingredientes
utilizados em cada prato.
Outra maneira de praticar ações pedagógicas no combate à evasão da EJA, aos
autores propõem formas de avaliação que deveria ser um fator de orientação do
processo de ensino e aprendizagem, nos cursos da educação de jovens e adultos, como
na regular, se tornou mais um ponto que contribui para inflamar a evasão e a repetência,
para excluir ou para servir como critério para progredir no curso como salienta
Perrenoud, (1999, p.10), avaliar é cedo ou tarde ? criar hierarquia de excelência, em
função das quais se decidirão a progressão no curso seguido, a seleção no início do
secundário, a orientação para diversos tipos de estudos, a certificação antes da entrada
no mercado de trabalho e, freqüentemente, a contratação prever o acompanhamento e a
avaliação da própria ação.
Avaliar é também privilegiar um modo de estar em aula e no mundo, valorizar
formas e normas de excelência, definir um aluno modelo, aplicado e dócil para uns,
imaginativo e autônomo para outros. Como, dentro dessa problemática, sonhar com um
consenso sobre a forma ou o conteúdo dos exames ou da avaliação contínua praticada
em aula.
A avaliação deve ser utilizada pelo professor como um instrumento à sua
disposição para orientar o processo de ensino e aprendizagem, a identificar os pontos
fracos do processo e não como instrumento preponderante e amedrontador. O aluno
também se beneficia do instrumento avaliativo quando este é um dispositivo usado de
forma inteligente e pedagógica.

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa pertence à abordagem qualitativa, segundo Severino (2007, p.119)


é que se refere ao “estudo preocupado com as questões de ordem do conhecimento
amplo no trato da sua elaboração, de natureza social” que neste caso da evasão na EJA,
tenta identificar elementos de caráter social e estratégias de aprendizagem de combate
ao abandono da escola.
O Tipo de pesquisa é a bibliográfica, conforme se refere o mesmo autor é “um
estudo em cima da visão das referências teóricas que mencionamos ao estudo,
sistematizando o tema na discussão. A estes são oferecidas questões diversas” como o
de analisar a situação dos alunos evadidos e o conseqüente problema à aprendizagem na
escola.
A pesquisa bibliográfica, se constitui analítica e descritiva, conforme definição
nesta pesquisa é importante para aperfeiçoamento de ideias e opiniões sobre a situação
da EJA, pois ela fornecerá todas as informações necessárias para os assuntos elencados
sobre fatores da evasão, conforme estamos propondo compreender. É uma pesquisa
exploratória no sentido de buscar momentos da realidade, combinada com a procura por
fontes bibliográfica.
Portanto, a abordagem qualitativa de um tipo de pesquisa dá-se por se realizar
leituras diferentes sobre este tipo de situação social que envolve a EJA, ou seja,
descreve de maneira minuciosa o que diferentes autores pensam sobre este tema
educacional e suas implicações na aprendizagem na 1ª etapa do ensino médio, onde o
aluno já está na fase de busca de trabalho ou emprego, e é menor de 18 anos de idade,
no geral para auxiliar a renda familiar dos seus entes queridos.
Por ser tratar de pesquisa bibliográfica, foi realizado um levantamento teórico
dos principais autores que discutem a temática da EJA, textos da internet que foram na
direção da implicação da aprendizagem dos alunos da etapa em questão, onde as fontes
consultadas foram os livros, e o material disponível no meio eletrônico, textos, artigos
que tratem sobre a temática colocada na sigla EJA.
Após o levantamento bibliográfico, os dados foram analisados conforme a
situação de alunos que sofrem a evasão e conseqüente problema na aprendizagem na
escola. O tratamento de dados foi registrado, analisados classificados e interpretados, e
bem retomados na análise no ponto posterior dos resultados e discussão, conforme
faremos a partir de apresentarmos o referencial teórico da pesquisa sobre a evasão na
EJA.

4. RESULTADO E DISCUSSÃO
Percebemos que o contexto escolar do aluno da EJA destaca-se por vários
fatores que contribuem para a sua evasão da escola, tais que os conflitos familiares, a
questão dos alunos terem que trabalhar para ajudarem na renda familiar. A jornada de
trabalho diária que provem de cansaço, e outro fator que contribui muito é o ingresso na
criminalidade e no tráfico de drogas, se tornando pontos fortes que levam a evasão.
As práticas pedagógicas também contribuem, pois, podem destacar a falta de
uma proposta em que as disciplinas fossem integradas, já que no cotidiano estas não
estão separadas e devemos levar em consideração do adulto, por apresentar um conjunto
de saberes que produz na sua prática social, onde o educando precisa se identificar com
os conteúdos propostos pelos professores.
Freire (2006, p. 52), defende que ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção. Nesta declaração
do autor, conseguimos observar que os profissionais da educação ou o simplesmente
educador, como assim os denomina, precisa proporcionar possibilidades para que os
alunos possam produzir e construir a partir do seu próprio conhecimento o que ajudaria
em grande medida as ações para diminuir a evasão na EJA.
A falta de políticas públicas, é outro fator de grande importância que também
vem a somar na questão da desistência desse alunado, a falta de investimento é o
principal foco que essa modalidade de ensino reclama e que é de grande relevância na
reintegração dessas pessoas no âmbito escolar e na sociedade, se estas políticas fossem
aplicadas com êxito na forma legal do dever do Estado brasileiro como é o direito deste
aluno permanecer na escola, conforme nos traduziu a C.F/88 e a LDB/96.
A partir das ideias observadas, percebemos uma crítica dos autores à ausência de
um planejamento bem mais aprofundado do calendário escolar das instituições de
ensino, e de como esta sendo vista realmente a realidade desses alunos trabalhadores
que procuram através da escola uma qualificação aos seus estudos para melhorar sua
realidade e enfrentar seu cotidiano.
Será que eles perguntam se a escola está realmente cumprindo seu papel de dar
uma educação de qualidade para todos?
Ora, criticamos, mas que tipo de educação é essa que exclui o aluno trabalhador
que necessita trabalhar para sobreviver e estudar para adquirir um pouco mais de
dignidade no mundo tão desigual em que eles sobrevivem a cada dia? Os autores
consultados, como Saviani (1991) faz a mesma crítica e coloca grande parte dessa culpa
nos mecanismos do mundo do trabalho.
Nesta ótica, este autor que representa esta crítica, diz que mudanças no mundo
do trabalho, diante da tendência atual das reformas educacionais nas últimas décadas,
em países como no Brasil, a administração da educação torna-se um de seus pilares de
transformação.
Concordamos com o autor quando nos posicionam, especificamente no caso da
EJA, onde existe a participação de educadores e alunos, que sonham com uma educação
de qualidade e sonhada com liberdade. Porém, ainda não está exercitado como deveria
ter um engajamento mais qualitativo no desempenho das pedagogias que ajudem os
educadores conhecerem melhor seus alunos para com isto, se insistir na sua
permanência na escola.
Nas suas referências, Saviani (1991) entende que educação é um processo
tipicamente humano que possui uma especificidade humana de formar cidadãos por
meio de conteúdos inteligentes.
Para sobreviver, o homem, neste caso o aluno em formação, necessita extrair da
natureza ativa e intencionalmente, os meios de sua subsistência. Ao fazer isso ele inicia
o processo de transformação da natureza, criando um mundo humano, o mundo da
cultura, como concordam outros autores consultados.
Tomamos posição de que devemos fazer urgentemente, algo para mudar essa
situação quanto ao combate a evasão na EJA, não podemos ficar acomodados com essa
constante forma de afastar o aluno da escola na sua fase de estudo que a cada ano letivo
se repete. Devemos procurar mudanças, uma adaptação brusca no ensino de
modalidades, deve ser feita para priorizar a aprendizagem desses alunos e seu
desenvolvimento intelectual enquanto seres pensantes e construtores de opiniões.
Conseguimos observar sobre a necessidade do desenvolvimento de propostas
pedagógicas voltadas especificamente ao ensino da EJA, valorizando as experiências do
aluno e levando-o ao aprendizado anteriormente adquirido, é necessário investimento
em qualificação profissional.
Concordamos com os autores sobre a necessidade da Integração curricular das
atividades pedagógicas, como propomos neste trabalho de pesquisa. Identificamos que
vários autores assim também se posicionaram. É importante a integração entre os
conteúdos apresentados nas diferentes matérias do ensino da EJA, facilitando uma
maior compreensão de todos os alunos.
Outro ponto que percebemos, a necessidade de realizar projetos que envolvam a
interdisciplinaridade dos conteúdos e caracterização do público nos diferentes contextos
do ensino, principalmente no processo de combate à evasão, o que se fazem necessárias
a observação e a trajetória de alunos que já trabalham, a fim de que estes não deixem a
escola, podendo aproveitar as experiências, conhecimentos e nível de qualificação
profissional do aluno e aproveitando-os em beneficio das atividades letivas.
Há importantes mecanismos de apoio pedagógicos como suportes para serem
utilizados em espaços e de formas alternativas durante o curso, visando suprir as
necessidades diversas do aluno. Desta forma podemos encontrar entre as alternativas
escolares para o aluno do ensino médio da EJA, formas de conteúdos que realmente
estejam dentro de sua realidade, motivando e criando possibilidades de crescimentos
destes.
E tendo como principal motivador o mercado de trabalho no processo de evasão,
o aluno do ensino médio da EJA, visa um aprendizado que seja significativo para ele.
Encontramos sugestões, entre os autores, como a de integração de aplicação de
disciplina, conforme é um objeto colocado neste estudo. Este pensamento torna o papel
do professor da EJA cada vez mais importante nesta modalidade, pois este deve ter a
consciência da jornada de trabalho enfrentada pelos alunos e orientá-los sobre o
resultado que poderá ser obtido frente ao sacrifício hoje exercido.
Compreendemos que o maior motivador para o retorno aos estudos também é o
mercado de trabalho, porém, também é este que lhes penaliza em alguns momentos
impedindo estes de dar continuidade na busca pelo conhecimento.
Observamos que as peculiaridades dos alunos do ensino na EJA, requer realizar
uma adequação aos interesses deste público, visando uma efetiva busca pelo
crescimento e desenvolvimento intelectual, profissional e pessoal que a escola pode lhe
oferecer, sendo este também papel das instituições e dos Estado, conforme conseguimos
identificar nas posições dos autores.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto foi possível rever alguns aspectos da educação de jovens e


adultos, tais como o histórico da EJA e sua evolução, a formação do professor e suas
práticas de ensino, além de constatar que a EJA é uma educação possível. Ao longo dos
anos, o avanço da tecnologia e da economia tem feito com que as pessoas sintam
necessidade de retornar à sala de aula para aprimorar seus conhecimentos ou conseguir
um diploma atestando uma escolarização mais elevada.
Considerando a trajetória da EJA no Brasil, este tem sido pautado por
campanhas ou movimentos desenvolvidos, a partir da administração federal, com
envolvimento de organizações da sociedade civil, visando à realização de propostas
ambiciosas de eliminação do analfabetismo e formação de mão-de-obra, em curtos
espaços de tempo.
Nos dias de hoje o ensino na sua modalidade não regular visa não somente à
capacitação do aluno para o mercado de trabalho, é também necessário que a escola
desenvolva no aluno suas capacidades, em função de novos saberes que se produzem e
que demande um novo tipo de profissional, e que o educando obtenha uma formação
indispensável para o exercício da cidadania.
A acomodação dos alunos, é um outro fator que colabora para o estado de
mesmice, ora tão criticado por autores, pois alguns educadores acostumaram-se com a
“cartilha” como sendo o único meio de aquisição da leitura e escrita na formação do
processo ensino aprendizagem.
A partir dessas posições assumidas na pesquisa sobre a evasão na EJA, temos
em vista também algumas avaliações no sentido de recomendar que sejam feitos cursos
regulares de capacitação para os profissionais atuantes nas classes da EJA, para que os
mesmos possam refletir sobre sua prática e criar estratégias para modificar essa prática
descontextualizada, o investimento por parte das instituições mantenedoras do ensino,
subsidiando materiais didáticos para que nos processos de educação possam ser criados
ambientes estimuladores do processo da aquisição do conhecimento; a parceria dos
familiares e da própria instituição de ensino, em dar credibilidade à atuação dos alunos
especialmente os que já trabalham, no sentido de não cobrar que as aulas sejam
utilizadas e preenchida em um tempo mínimo fixado e, por fim, poder contar com a
disposição, boa vontade e entusiasmo dos professores em assumir esse compromisso de
mudança.
Precisamos ver na prática essas mudanças propostas pelos autores para que esse
espírito de transformação contagie e motive os alunos das classes da EJA, para que os
mesmos também lutem para ser partícipes de uma prática educativa coerente com a
realidade cultural por eles vivenciada.
É oportuno lembrar que muitos podem e devem contribuir para o
desenvolvimento do ensino da EJA, evitando a evasão, pois, governantes devem
implantar políticas integradas para a EJA, as escolas devem elaborar um planejamento
adequado para seus próprios alunos e não seguir modelos prontos, os professores devem
estar sempre atualizando seus conhecimentos e métodos de ensino, os alunos devem
sentir orgulho da EJA e valorizar a oportunidade que estão tendo de estudar e ampliar
seus conhecimentos.
A sociedade cabe contribuir com a EJA, não discriminando essa modalidade de
ensino nem seus alunos, e por fim, as pessoas em geral que conhecerem um adolescente
ou adulto querendo antecipar seus estudos, deve falar da importância da educação e
incentivá-los a procurar uma escola de EJA, e nesta continuar permanentemente.
Finalmente consideramos que devemos continuar esse estudo em pesquisa mais
aprofundada na EJA. Procuramos verificar quais seriam as possíveis e mais viáveis
alternativas de intervenção pedagógica que a escola enquanto uma instituição deve zelar
por objetivos educacionais comuns capaz de definir entre suas metas manter o aluno na
escola, ainda que este trabalhe.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APOSTILA. Disciplina: Estrutura e Funcionamento da Educação Brasileira,


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