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Alzira Ernesto Naueta

Gil Isac Nicodigo

Gulamo Dias Nipipa

Horácio Amade Frace

Insa Sumaila Tauabo

Deficiência mental

(Licenciatura Em Ensino de Matemática 2º Ano)

Universidade Rovuma

Nampula

2023
Alzira Ernesto Naueta

Gil Isac Nicodigo

Gulamo Dias Nipipa

Horácio Amade Frace

Insa Sumaila Tauabo

Deficiência mental

(Licenciatura Em Ensino de Matemática 2º Ano)

Trabalho de Necessidades Educativas


Especiais apresentado a FCNME para
fins avaliativos ou como requisito para
obtenção do grau de Licenciatura, sob
orientação da docente Amélia Tocova

Universidade Rovuma

Nampula

2023

1
Índice

Introdução ................................................................................................................................... 3

1. Definição e Classificação de Deficiência Mental ............................................................... 4

1.1. Definição de Deficiência Mental ..................................................................................... 4

1.2. Diferenciação entre Deficiência Mental e Termos Relacionados ................................... 4

1.3. Classificações da Deficiência Mental .............................................................................. 4

2. Causas e Factores de Risco ................................................................................................. 7

2.1. Causas da Deficiência Mental ......................................................................................... 7

2.2. Factores de Risco ............................................................................................................. 8

3. Diagnóstico e Avaliação...................................................................................................... 8

3.1. Processos de Diagnóstico ................................................................................................ 9

3.2. Ferramentas de Avaliação ............................................................................................... 9

4. Abordagens Educacionais e Inclusão .................................................................................. 9

4.1. Inclusão das crianças com deficiência mental ............................................................... 10

4.1.1. Actuação do Educador/Professor ............................................................................... 12

4.1.2. Currículo .................................................................................................................... 12

4.1.3. Currículos Funcionais ................................................................................................ 13

5. Intervenção e Apoio .......................................................................................................... 14

6. Desafios e Superando Estigmas ........................................................................................ 15

6.1. Desafios Sociais e Emocionais ...................................................................................... 15

6.2. Superando Estigmas ...................................................................................................... 15

Conclusão ................................................................................................................................. 17

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 18

2
Introdução

A inclusão de indivíduos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) é um dos pilares


fundamentais da educação contemporânea. Nesse contexto, a Deficiência Mental emerge
como um tema de extrema relevância, exigindo compreensão, estratégias pedagógicas e uma
sociedade consciente. A Deficiência Mental, muitas vezes referida como Deficiência
Intelectual, engloba um espectro diversificado de capacidades cognitivas reduzidas,
influenciando o processo de aprendizagem e a vida desses indivíduos.

Este trabalho procura ampliar a conscientização sobre a importância da inclusão, ao mesmo


tempo que fornece informações cruciais para educadores, pais, profissionais da saúde e a
sociedade em geral. Através da análise criteriosa das origens, necessidades e oportunidades
para pessoas com Deficiência Mental, almejamos contribuir para um ambiente educacional e
social mais igualitário, enriquecido pela diversidade de capacidades individuais.

1. Objectivos
1.1.Geral:
 Compreender profundamente a Deficiência Mental, suas implicações educacionais e
sociais, visando promover uma educação inclusiva e enriquecedora para todos.
1.2. Específicos:
 Explorar as origens e variações da Deficiência Mental, destacando factores genéticos,
ambientais e sociais.
 Investigar abordagens pedagógicas que promovam a participação efectiva de alunos
com Deficiência Mental no ambiente educacional regular.
 Abordar preconceitos e obstáculos que impactam a vida e a educação de indivíduos
com Deficiência Mental.
2. Metodologia

Consulta bibliográfica

Assim espera-se que este trabalho traga uma contribuição valiosa em torno das questões em
destaque.

3
1. Definição e Classificação de Deficiência Mental

A compreensão da Deficiência Mental é fundamental para construir estratégias educacionais e


inclusivas eficazes, bem como para fornecer apoio adequado às pessoas que a enfrentam. Este
tópico examina em detalhes a definição da Deficiência Mental, diferenciando-a de outros
termos semelhantes, e explora as várias classificações que ajudam a entender a amplitude e a
diversidade das capacidades cognitivas afectadas.

1.1.Definição de Deficiência Mental

A Deficiência Mental, também conhecida como Deficiência Intelectual, refere-se a limitações


significativas nas capacidades intelectuais e adaptativas de um indivíduo. Essas limitações
impactam áreas como raciocínio, aprendizagem, comunicação, autocuidado e habilidades
sociais. A American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD)
definiu em um artigo publicado em 2010 a Deficiência Intelectual como um funcionamento
intelectual abaixo da média (quociente de inteligência geral abaixo de 70) juntamente com
limitações adaptativas significativas.

1.2. Diferenciação entre Deficiência Mental e Termos Relacionados

Para Beirne-Smith e Patton (2017), é essencial distinguir a Deficiência Mental de outros


termos relacionados, como dificuldades de aprendizagem e atrasos no desenvolvimento. Na
perspectiva destes autores, as dificuldades de aprendizagem envolvem desafios específicos na
aquisição de habilidades académicas, enquanto os atrasos no desenvolvimento podem afectar
várias áreas do desenvolvimento, incluindo motor, linguagem e habilidades sociais. A
Deficiência Mental, por outro lado, engloba uma gama mais ampla de limitações intelectuais e
adaptativas.

1.3. Classificações da Deficiência Mental

A Deficiência Mental não é uma condição homogénea, mas sim um espectro diversificado. As
classificações ajudam a entender a gravidade e as nuances dessa condição. Portanto, a AAIDD
(2010) propõe quatro níveis de Deficiência Intelectual, com base no grau de suporte
necessário: leve ou ligeira, moderada, grave e profunda.

4
Esses níveis auxiliam na elaboração de planos educacionais e de apoio individualizados,
Segundo a American Association on Mental Retardation a classificação clássica da DM
estratifica-se de acordo com o valor do Q.I. e comportamento adaptativo. A D.M. ligeira encontra-
se entre um Q.I. de 55 e 70, a D.M. moderada remete-se aos valores de Q.I. entre 40 e 54, a D.M.
grave está compreendida entre os valores de Q.I. de 25 e 39 e a D.M. profunda tem os seus
valores de Q.I. inferiores a 25 (Vieira & Pereira, 2003, citado em Ferreira, 2013).

1.3.1. Deficiência mental ligeira (D.M.L.)

É equivalente à categoria pedagógica “educável”. Esta classificação representa a maioria dos


sujeitos com esta perturbação, ou seja, compõe 85% da prevalência neste tipo de população.
Em geral, as pessoas com D.M.L. desenvolvem competências sociais e de comunicação ao
longo dos anos pré-escolares (dos 0 aos 5 anos de idade). Estas apresentam também
deficiências mínimas nas áreas sensoriomotoras, e ainda, muitas vezes, não se diferenciam das
crianças normais até idades subsequentes.

A pessoa com D.M.L. durante os últimos anos da sua adolescência pode obter conhecimentos
académicos ao nível do 9.º ano de escolaridade. Na sua vida adulta podem vir a atingir
competências sociais e vocacionais que lhe conferem uma autonomia mínima, no entanto,
podem necessitar de apoio, orientação e assistência face a situações de stress social ou
económico fora da normalidade. Se tiverem apoios adequados a pessoa com D.M.L. pode
viver de forma adaptada à comunidade de forma independente ou em lares protegidos
(Ferreira, 2013).

1.3.2. Deficiência mental moderada (D.M.M.)

Segundo Ferreira (2013), a D.M.M. é semelhante à categoria pedagógica “treinável”, não


significando que estes não possam beneficiar de programas educativos. O grupo de D.M.M.
tem uma prevalência de 10% na população com deficiência mental. No que se refere às suas
características, a pessoa com D.M.M. pode adquirir competências de comunicação durante os
anos pré-escolares, beneficiar de treino laboral, e, com uma relativa supervisão pode vir a
obter uma certa autonomia. Esta pode também beneficiar de um treino de competências
sociais e ocupacionais, mas existe pouca probabilidade de ultrapassar o 2.º ano de
escolaridade.
5
E ainda, podem aprender a viajar de maneira independente em locais que lhe sejam familiares.
Uma das problemáticas na fase da adolescência é que as suas dificuldades em reconhecer as
convenções sociais podem influenciar de forma negativa as relações com os colegas. Quanto à
fase adulta, a maioria, sob supervisão, pode realizar trabalhos não especializados ou
semiespecializados, em oficinas protegidas ou até no mercado geral de trabalho. De maneira
geral, em contextos supervisionados têm uma boa adaptação à vida em comunidade.

1.3.3. Deficiência mental grave (D.M.G.)

A sua prevalência é de 3% a 4% na deficiência mental. Nos primeiros anos da infância


adquirem pouca ou nenhuma linguagem comunicativa. Seguidamente, na idade pré-escolar
podem aprender a falar e serem treinados em tarefas elementares de higiene (Ferreira, 2013).

As crianças com D.M.G. foram em tempos passados classificadas, em várias partes do mundo,
como “ não educáveis” (Clarke & Clarke, 1985 citado por Ferreira, 2013). Esta classificação
não faz sentido, os que podem provar que estas podem ser capazes de evoluir nas suas
competências do dia-a-dia durante a sua infância são os que cuidam e lidam de perto com esta
população (Chadwick, Cuddy, Kusel & Taylor, 2005).

A pessoa com D.M.G. pode beneficiar de forma limitada de instrução em temas pré-
académicos, familiarizar-se com o alfabeto, aprender a contar e adquirir competências para
“ler” algumas palavras através de imagens. Na sua fase adulta, pode conseguir realizar tarefas
simples, mas com supervisão apertada. Verifica-se que muitas destas pessoas adaptam-se bem
à vida na comunidade em lares protegidos ou com as suas famílias (Ferreira, 2013).

1.3.4. Deficiência mental profunda (D.M.P.)

Representa aproximadamente 1% a 2% da população com D.M.. Em grande parte destes


sujeitos, foram identificadas situações neurológicas que levaram à sua D.M.. Na primeira
infância, manifestaram um défice no funcionamento sensório-motor. Através de uma relação
individualizada e uma pessoa que cuide delas, estas crianças podem alcançar um óptimo
desenvolvimento. Se tiverem um treino adequado podem expandir no seu desenvolvimento
motor, nas competências de comunicação e de autocuidados. Para alguns existe a

6
possibilidade de frequentar programas diários e sob estreita supervisão podem executar tarefas
simples em contextos superprotegidos (Ferreira, 2013).

Além disso, a Associação Americana de Psiquiatria (2013) fundamenta que a deficiência


mental pode ser dividida em categorias etiológicas, como genéticas, pré-natais, perinatais e
pós-natais. Essa classificação baseada em causas auxilia na compreensão das origens da
condição e no desenvolvimento de intervenções apropriadas.

Em resumo, a Deficiência Mental abrange uma ampla gama de capacidades cognitivas


afectadas, e a compreensão dessa diversidade é essencial para desenvolver abordagens
inclusivas na educação e na sociedade. Diferenciá-la de outros termos relacionados e
compreender suas várias classificações nos permite oferecer apoio adequado e estratégias
personalizadas para indivíduos com essa condição.

2. Causas e Factores de Risco

A compreensão das causas subjacentes à Deficiência Mental é crucial para orientar estratégias
de prevenção, intervenção e suporte. Este tópico explora as diversas causas dessa condição e
os factores de risco associados, abordando aspectos genéticos, ambientais e sociais. Seguem
as causas da deficiência mental de acordo com Turnbull e Turnbull (2019):

2.1. Causas da Deficiência Mental


2.1.1. Factores Genéticos

Muitos casos de Deficiência Mental têm uma base genética. Mutação de genes,
anormalidades cromossómicas e herança de distúrbios genéticos podem desempenhar um
papel significativo no desenvolvimento dessa condição. Exemplos incluem a Síndrome de
Down, causada por uma cópia extra do cromossomo 21.

2.1.2. Factores Pré-Natais

Durante a gestação, factores como exposição a toxinas, infecções maternas, desnutrição e


uso de substâncias podem afectar o desenvolvimento do cérebro em desenvolvimento,
resultando em Deficiência Mental.

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2.1.3. Factores Perinatais

Complicações durante o parto, como falta de oxigénio, trauma físico ou prematuridade,


podem contribuir para danos cerebrais e subsequente Deficiência Mental.

2.1.4. Factores Pós-Natais

Traumas cerebrais, infecções, exposição a substâncias tóxicas e falta de estímulos


adequados nos primeiros anos de vida podem levar ao comprometimento cognitivo.

2.2. Factores de Risco


2.2.1. Idade Materna Avançada: Mães mais velhas têm maior probabilidade de ter
filhos com mutações genéticas, aumentando o risco de Deficiência Mental.
2.2.2. Factores Socioeconómicos: Condições de vida desfavoráveis, acesso limitado a
cuidados médicos adequados e ambientes empobrecidos podem aumentar o risco
de Deficiência Mental.
2.2.3. Histórico Familiar: Ter parentes com Deficiência Mental ou outras deficiências
pode aumentar a probabilidade de uma pessoa desenvolver a condição.
2.2.4. Exposição a Toxinas Ambientais: Substâncias químicas prejudiciais presentes no
ambiente podem impactar o desenvolvimento cerebral, aumentando o risco de
Deficiência Mental.

Compreender essas causas e factores de risco é fundamental para implementar medidas de


prevenção, diagnóstico precoce e intervenção eficaz, visando proporcionar às pessoas com
Deficiência Mental as melhores oportunidades para um desenvolvimento saudável e uma vida
plena.

3. Diagnóstico e Avaliação

Para Associação Americana de Psiquiatria (2013), a precisão no diagnóstico e avaliação da


Deficiência Mental é essencial para oferecer suporte personalizado e direccionado às
necessidades individuais. Este tópico explora os processos de diagnóstico e as ferramentas de
avaliação utilizadas para determinar a presença e a gravidade da condição, sugerindo portanto:

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3.1. Processos de Diagnóstico

a) Avaliação Clínica: Profissionais de saúde realizam avaliações clínicas abrangentes,


observando o desenvolvimento físico, cognitivo e comportamental do indivíduo.
b) Testes de Inteligência: Testes padronizados, como o WISC (Escala de Inteligência
Wechsler para Crianças), medem o funcionamento cognitivo e auxiliam no
diagnóstico.
c) Avaliação Adaptativa: Avaliações das habilidades adaptativas, como comunicação,
habilidades sociais e autocuidado, são cruciais para entender o impacto da Deficiência
Mental na vida diária.

3.2. Ferramentas de Avaliação

a) Critérios Diagnósticos: Guias diagnósticos, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e


Estatístico de Transtornos Mentais), fornecem critérios claros para determinar a
presença de Deficiência Mental.
b) Observações e Entrevistas: Observações directas do comportamento do indivíduo e
entrevistas com familiares e cuidadores ajudam a obter uma imagem abrangente.
c) Testes Psicométricos: Além dos testes de inteligência, outros testes psicométricos
podem avaliar habilidades específicas, como linguagem e memória.

A abordagem multidimensional para diagnóstico e avaliação permite uma compreensão


holística das necessidades individuais. O diagnóstico preciso orienta o desenvolvimento de
planos de educação e apoio personalizados, possibilitando a maximização do potencial e a
promoção do bem-estar de indivíduos com Deficiência Mental.

4. Abordagens Educacionais e Inclusão

Beirne-Smith, Patton e Kim (2017) afirmam que a educação inclusiva desempenha um papel
central na promoção do desenvolvimento e da participação de indivíduos com Deficiência
Mental. Ela busca adaptar estratégias pedagógicas e ambientes para atender às necessidades
variadas dos alunos. Isso envolve o uso de materiais didácticos acessíveis, práticas de ensino
diferenciadas e avaliações adaptadas. Salas de aula inclusivas, onde alunos com e sem
deficiência aprendem juntos, estimulam a diversidade de habilidades e a colaboração.
9
Tecnologias assistivas, como aplicativos de comunicação e softwares educativos adaptados,
também desempenham um papel crucial na promoção da aprendizagem e no desenvolvimento
de habilidades. A colaboração entre educadores, terapeutas e famílias é fundamental para criar
planos educacionais individualizados que atendam às necessidades únicas de cada aluno com
Deficiência Mental.

4.1. Inclusão das crianças com deficiência mental

Para Ferreira (2013), a inclusão pressupõe que as crianças deficientes sintam que têm os
mesmos direitos que as outras crianças e que são “normais”: “É um objectivo e um dever
inserir os deficientes, com todo o apoio que for necessário, na vida normal “(p.44), ou seja,
que estas não sobressaiam e não sejam destacadas no grupo pela sua deficiência e que a sua
diferença seja aceite por todos de forma natural.

A competência de habilidades funcionais baseada em instrução comunitária e que incluem


currículos funcionais nas áreas: casa, comunidade, educação, ambientes profissionais, sociais
e de lazer (Mulligan & Zucker, 2001), são uma perspectiva de integração para alunos com
esta problemática.

A ideia de integração de alunos deficientes mentais na escola de ensino regular tem como
objectivo primordial promover a integração social e constitui-se numa meta cada vez mais
presente nos diferentes sistemas educacionais. Atender a esse objectivo requer o
desprendimento das atitudes tradicionais que sustentam o sistema escolar, isto porque a
característica mais marcante na abordagem de um ensino tradicional consiste em reduzir as
oportunidades oferecidas aos alunos. É necessário que o sistema educacional assuma os
objectivos de educação com relevância e desperte no aluno o desejo de desenvolver a sua
auto-estima. A escola deve fazer intervenções e oferecer desafios adequados ao aluno
deficiente, além de valorizar as suas habilidades, trabalhar a sua potencialidade intelectual,
reduzir as limitações provocadas pela deficiência, apoiar a actuação da família, escolar e
social, bem como prepará-lo para uma adequada formação profissional, aspirando o seu
desenvolvimento integral.

Hoje, sabe-se que aceitar e integrar a criança pequena com lesão cerebral não é difícil, visto
que quanto mais velha é a criança mais complicada é nos seus comportamentos. As crianças
10
devem ir sendo integradas, em vários grupos de pessoas, ao longo do seu percurso escolar,
desde que estas pessoas sejam capazes de as integrar, dado que “a capacidade de integração
pressupõe disposição para a integração, a qual, por seu lado, necessita de certos
pressupostos humanitários e de suficiente informação” (Ferreira, 2013 p. 45). Para que tal se
verificasse, era importante que se iniciasse um processo de educação desde a primeira
infância, no entanto, pensamos que talvez não se consiga uma integração de todos os
deficientes, isto é, existem deficiências em que se consegue uma integração completa, noutras
apenas se consegue a integração parcial ou gradual, pelo que a inclusão deve pretender que
todos os alunos tenham direito a uma educação igual e de qualidade, ou seja, que a educação
respeite as necessidades e as características das crianças com deficiência mental: “...com a
inclusão, a Escola terá de servir de palco à diversidade cultural e educacional que a
realidade de hoje lhe confere” (Ferreira, 2013 p. 46).

O objectivo da escola é a aprendizagem, pelo que o que é possível num jardim de infância,
nem sempre é possível na escola. Por outro lado, não devemos partir do princípio que uma
criança com atraso mental se sente mais feliz num meio «normal» e que aprende mais
facilmente e melhor e que as crianças sem deficiência podem ajudar, visto que as crianças
deficientes sofrerão Inclusão de Alunos com Deficiências Mental no Ensino Regular
permanentemente com a confrontação com os outros de forma frustrante, originando
dificuldades de comportamento, agressividade e depressão: “...a tentativa de obter uma
integração total de crianças deficientes mentais na escola normal, continuam a ser uma
utopia” (Ferreira, 2013 p. 46).

No entanto, devemos ter em conta que a integração está estritamente ligada à interacção, que
favorece o convívio da pessoa com necessidades educativas especiais com seus pares não
deficientes nos diversos segmentos da sua comunidade. É preciso fazer valer os seus direitos e
a efetivação de práticas que contribuam e possibilitem a sua participação no ambiente da sua
cultura.

O desafio que as escolas enfrentam é o de desenvolver uma pedagogia centrada na criança,


capaz de educar a todos, com sucesso, inclusive os que sofrem de deficiências graves. O
mérito dessas escolas não está só na capacidade de dispensar educação de qualidade a todas as

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crianças. Trata-se também de um passo muito importante para tentar mudar atitudes de
discriminação e criar comunidades acolhedoras e sociedades integradoras.

4.1.1. Actuação do Educador/Professor

Para Ferreira (2013), devemos ter em conta que, a maioria dos educadores/professores, não
estão preparados para lidar e resolver os problemas de crianças com deficiência mental, no
entanto devem ser transmitidos à criança sentimentos positivos e revelado muito afecto, visto
que as atitudes dos adultos são facilmente detectadas, tanto pelas crianças deficientes como
pelas que não apresentam qualquer deficiência.

Cabe ao educador criar um ambiente positivo e confortável, que é essencial para que a
experiência educativa tenha sucesso e seja gratificante para todo o grupo de alunos e evitar
quaisquer expressões que possam ter conotação negativa.

O conhecimento profundo da criança deficiente mental permitirá ao educador proceder às


modificações que julga serem as mais adequadas, no que diz respeito ao ambiente e à adopção
de estratégias que melhor respondam às necessidades físicas e educativas do aluno.

4.1.2. Currículo

O currículo deve possibilitar ao aluno o máximo de possibilidades de desenvolvimento


pessoal, quer individual, quer social, respeitando sempre o direito à diferença e deve, também,
incidir no indivíduo como um todo, nos seus aspectos físicos, afectivos e intelectuais, em cada
fase de desenvolvimento, tendo em conta o contexto de vida e as vivências do indivíduo.
Pode-se então falar em flexibilização curricular como uma resposta educativa, dada pela
escola, para satisfazer as necessidades educativas dos alunos de acordo com as suas
problemáticas.

É importante salientar que flexibilizar o currículo não significa simplificá-lo ou até reduzi-lo
mas sim torná-lo mais acessível. A gestão flexível do currículo tem subjacente uma
adequação do currículo à diversidade dos contextos e dos alunos e visa a promoção de um
ensino de qualidade para todos.

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Para satisfazer a todos os alunos, o currículo deve apoiar-se numa concepção alargada de
aprendizagem, não só no sentido estrito e académico mas também no sentido de criar
oportunidades de aprendizagem que desenvolvam conhecimentos e competências que sejam
relevantes e funcionais (Costa, 2006, cit. em Ferreira, 2013).

Flexibilizar o currículo é adaptar os conteúdos de modo a ser possível fazer as adaptações ou


modificações curriculares, onde todos devemos desenvolver estratégias para serem
implementadas de acordo com as necessidades individuais de cada aluno, respeitando as suas
diferenças e o seu ritmo de aprendizagem.

Perante as atuais condições das escolas, não é possível ensinar todos os alunos da mesma
forma. O professor deve agir de forma metodológica e actuar com métodos e técnicas
adequadas, de modo a que o ensino seja mais eficaz, ou seja, deve promover a aprendizagem
centrada nas diferenças de cada aluno.

É importante salvaguardar as características das turmas, nomeadamente, quando estas incluem


alunos com necessidades educativas especiais, pois vai obrigar o professor a pensar o
currículo de forma mais abrangente e adaptada. Através da criação de estratégias de
intervenção educativa que se adaptem à problemática e às características individuais de cada
aluno com necessidades educativas especiais, podendo, também, passar pela adaptação do
próprio currículo ao aluno.

4.1.3. Currículos Funcionais

Como já foi referido, os currículos escolares devem ser adaptados às necessidades que
caracterizam cada aluno em particular, especificamente os alunos portadores de Necessidades
Educativas Especiais. Com isto, objectiva-se facultar a cada aluno aprendizagens que
correspondam às suas características, ao seu desenvolvimento e às suas potencialidades,
aplicando estratégias diversificadas, tal como, a introdução das medidas do regime de EE,
implicando alterações ao currículo comum.

Para o efeito, podem referir-se dois tipos de Currículo:

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 Currículo Individual Adaptado: destina-se a alunos com características,
necessidades e um nível de desenvolvimento muito específico e deve ter em
consideração os limites de aprendizagem do aluno a que se destina. Para tal, os
objectivos e conteúdos curriculares devem ser adaptados às características e
experiências dos alunos, bem como deve ser feita uma adaptação da estrutura e da
sequência dos programas de ensino, para que a aprendizagem seja facilitada, quer a
nível afectivo, quer a nível motivacional;
 Currículo Específico Individual: é no conjunto de uma turma que os professores se
apercebem das necessidades de cada um dos seus alunos, uma vez que a par dos
alunos que conseguem acompanhar o programa regular, outros há para quem esta
tarefa é impossível. É para estes casos que é imperativo que se faça um currículo
funcional. Com este tipo de currículo pretende-se desenvolver a autonomia e
habilidades pessoais e sociais, concedendo aos alunos a fruição dos meios oferecidos
pela comunidade, tal como qualquer outra criança/ jovem da sua idade. Os ambientes
de aprendizagem devem corresponder aos da vida real, para que haja uma eficácia na
educação.

Este currículo deve ser adaptado às necessidades educativas individuais de cada aluno de
modo a que funcione como um reforço de aquisição de conhecimentos práticos que facilitem
a autonomia do aluno nos diferentes ambientes que o rodeiam, melhorando significativa e
consequentemente, a sua qualidade de vida.

5. Intervenção e Apoio

A intervenção e o apoio são fundamentais para potencializar o desenvolvimento de pessoas


com Deficiência Mental. A Terapia Comportamental Aplicada (ABA) mencionada em
Beirne-Smith, Patton e Kim (2017) é uma abordagem eficaz para melhorar habilidades sociais,
de comunicação e comportamentais. Programas de estimulação precoce oferecem intervenção
desde os primeiros anos, estimulando o desenvolvimento cognitivo, motor e social.

Além disso, o apoio emocional é crucial para fortalecer a auto-estima e o bem-estar emocional
dos indivíduos. A colaboração entre educadores, terapeutas, familiares e a comunidade cria

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uma rede de suporte abrangente. Essa colaboração também ajuda a definir metas realistas,
adaptar estratégias de ensino e garantir a consistência entre ambientes de aprendizagem.

Em suma, abordagens educacionais inclusivas e intervenções bem planejadas desempenham


um papel crucial na promoção da aprendizagem, desenvolvimento e qualidade de vida de
indivíduos com Deficiência Mental, capacitando-os a alcançar seu potencial máximo.

6. Desafios e Superando Estigmas

Este tópico explora os desafios enfrentados por pessoas com Deficiência Mental e aborda
iniciativas para superar estigmas e promover uma sociedade mais inclusiva: “A convivência
com a Deficiência Mental frequentemente expõe indivíduos a desafios sociais e emocionais,
além de estigmas prejudiciais.” (Hallahan & Kauffman, 2017).

6.1. Desafios Sociais e Emocionais

a) Isolamento: Pessoas com Deficiência Mental podem enfrentar isolamento social


devido à falta de compreensão e oportunidades.
b) Baixa Auto-estima: Desafios na comunicação e no aprendizado podem contribuir
para uma auto-imagem negativa.
c) Acesso Limitado: Barreiras físicas e atitudinais podem dificultar o acesso a educação,
emprego e serviços.

6.2. Superando Estigmas

a) Conscientização e Educação: Iniciativas de conscientização e educação reduzem


estigmas ao promover compreensão e aceitação.
b) Representação Positiva: A mídia desempenha um papel vital ao retratar pessoas com
Deficiência Mental de maneira precisa e positiva.
c) Empoderamento: Envolvimento activo de pessoas com Deficiência Mental em
actividades e decisões aumenta a autoconfiança.
d) Políticas Inclusivas: Políticas que promovem igualdade de oportunidades e
acessibilidade são fundamentais para superar estigmas.

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e) Campanhas Anti-Estigma: Campanhas de sensibilização combatem percepções
erróneas e promovem a inclusão.

Ao enfrentar esses desafios e trabalhar para superar estigmas, a sociedade pode criar um
ambiente onde as pessoas com Deficiência Mental possam participar plenamente e contribuir
para todas as esferas da vida. A conscientização, a educação e o compromisso com a inclusão
são passos cruciais para superar preconceitos e criar uma sociedade verdadeiramente inclusiva.

16
Conclusão

Neste trabalho explorou-se profundamente a Deficiência Mental, desde sua definição e


classificação até desafios e estratégias de intervenção e inclusão no processo educacional.
Ficou claro que a compreensão e a aceitação das diferenças são essenciais para criar uma
sociedade inclusiva e justa.

Através do estudo das causas, diagnóstico e abordagens educacionais, destacou-se a


importância de personalizar o suporte e as estratégias de acordo com as necessidades
individuais. A educação inclusiva emergiu como uma força transformadora, permitindo que
pessoas com Deficiência Mental (ou outras) alcancem seu potencial máximo.

Além disso, discutiu-se a necessidade de enfrentar estigmas e promover conscientização,


enfatizando a representação positiva na mídia e a implementação de políticas inclusivas.
Reforça-se o compromisso contínuo com a promoção de uma sociedade onde todos os
indivíduos, independentemente de suas capacidades cognitivas, tenham oportunidades iguais e
sejam valorizados por suas contribuições únicas. Através da educação, empatia e acção
consciente, pode-se construir um mundo verdadeiramente inclusivo e enriquecedor para todos.

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Referências bibliográficas

1. Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimental. (2010).


Deficiência Intelectual: Definição, Classificação e Sistemas de Apoio (11ª ed.).
2. Associação Americana de Psiquiatria. (2013). Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5®). American Psychiatric Pub.
3. Beirne-Smith, M., Patton, J. R., & Kim, M. (2017). Deficiência Mental. In Vidas
Excepcionais: Educação Especial nas Escolas Atuais.
4. Ferreira, R. M. (2013). Inclusão de Alunos com Deficiências Mental no Ensino
Regular. UFP: Porto
5. Hallahan, D. P., & Kauffman, J. M. (2017). Aprendizes Excepcionais: Uma
Introdução à Educação Especial. Pearson.
6. Turnbull, A. P., & Turnbull, H. R. (2019). Vidas Excepcionais: Educação Especial
nas Escolas Atuais. Pearson.

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