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Psicologia Hospitalar

Orientações técnicas
Professora Vitoria Nathalia do Nascimento
Psicologia Hospitalar

Situações de
crise e
adoecimento
Natureza e gravidade da situação
História pessoal e experiências anteriores
Repercussões Faixa etária e compreensão da situação,
Objetividade e
para cada Procedimentos necessários e prognóstico,
resolutividade
sujeito e família etc.
“No hospital, o que é
familiar, se desfaz!”
Estudo de Caso

• Manoel, 45 anos, com diagnóstico médico de Traumatismo Crânio


Encefálico (TCE) grave e amputação do membro superior (não
protetizado). O TCE decorrente de acidente de transito gerou longa
internação em UTI e graves sequelas neuropsicológicas, motoras e
sociais. Antes do acidente, trabalhava como vigia, em regime de 12/36
horas, e era responsável por pouco mais da metade da renda do lar. É
casado há 22 anos e possui um filho de 19 anos, que recentemente
ingressou na universidade.
• Quais possíveis intervenções? Direcionadas a quem? Com que foco?
Paralisa
“São quebras, rupturas,
demolições que se são em
níveis e graus de intensidade
variáveis, com diferentes
Potencial
Crise
Diminui
possibilidades ritmos (...) seja de que
criativo de resposta
ordem forem tais quebras,
elas acontecem
necessariamente e ao longo
de nossa existência.” (Rolnik,
São inerentes
à vida
1994, p. 3)
(esperadas ou
não)
É uma condiçõa aguda ou crônica?

Aguda
• Brusca e inesperada
• Ameaça e risco iminente de vida
• Podem levar à óbito ou recuperação
• Respostas compensatórias e defensivas

Crônica
• Brusca ou lenta
• Permanecem por tempo indeterminado
• Dificilmente terá como fim a cura
• Exigem períodos extensos de adaptação às perdas
• Física ou de funcionamento, dos papeis sociais, sonhos...
• Atenção ao que está acontecendo e
as reações emocionais próprias do
adoecimento, como inconformismo,
negação, passividade ou regressão,
por exemplo.
• Psicóloga(o) busca medidas
terapêuticas baseadas no suporte
emocional, apoio psicológico,
intervenções clínicas breves e focais
que favoreçam reflexões e novos
padrões adaptativos -> validar
sentimentos.
Estudo de Caso

• Em avaliação neuropsicológica realizada pela equipe de


psicologia, observou-se QI médio inferior, com pior
performance relacionadas ao QI executivo, repercurtindo em
prejuízos na atenção, planejamento e resolução de problemas.
• Após a avaliação e alta hospitalar, foi submetido ao Programa
de Estimulação Cognitiva personalizado. O mesmo possuia
rede de apoio presente e colaborativa. A esposa, que é
farmacêutica, conseguiu afastamento pelo INSS, era a principal
responsável pelos cuidados de Manoel.
Estudo de Caso

• Os atendimentos de reabilitação cognitiva incluíram


neurofeedbak, jogos tipo desafio, técnicas compensatórias,
treino de atividades, orientações quanto às AVD, além de
tarefas de casa.
• Seis meses após iniciar a reabilitação neuropsicológica, a
esposa, que sempre o acompanha nas sessões, começa a
chorar e diz estar no seu limite. Conta, em conversa separada,
que o sogro descobriu câncer e ela tem sido a principal
cuidadora. Além disso, passará por nova perícia, não sabe
como ficar e a família vem enfrentando problemas financeiros.
Setting terapêutico
• Disponibilidade do paciente
• Setting beira-leito: como adaptar?
• Flexibilidade metodológica
• Começo, meio e fim, focado e diretivo, duração média de 30 a 40 minutos...
• A presença dos familiares e o sigilo;
• Ações terapêuticas diversas.
• Entrevistas lúdicas
• Exame de estado mental
Prontuários
• Contextualizando o cenário legal relacionado com o registro documental,
podemos citar aqui dois documentos fundamentais para o psicólogo, o
Código de ética e a Resolução 001/2009. Quando nos detemos no Código de
Ética (2005, p. 8), verificamos que são deveres do Psicólogo:
• a) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações
concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional; b) Informar, a
quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos,
transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o
usuário ou beneficiário; c) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos
apropriados, a partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que
solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho.
Prontuários
• Manter atualizado – éaca, estabsaca, legal, comunicação, pesquisa;
• Prontuário psicológico X Prontuário mulaprofissional (CFP 01/2009);
• Dados de idenaficação do paciente, descrição da demanda e do objeavo,
breve relato dos atendimentos e dos procedimentos realizados, a evolução
do caso, encaminhamento ou encerramento;
• Ser suscinto, breve, linguagem clara e acessível aos demais profissionais e
pensar sobre o sigilo das informações (inserir apenas informações
necessárias para o objeavo do trabalho);
• Apesar de ser o meio oficial de comunicação, para o trabalho efeavo,
comunicação oral.
S • subjetivo (relatado pelo
paciente)

O • objetivo (profissional
observa)

A • análise (hipótese
diagnóstica)

P • plano (terapêutico,
intervenções)
Identificação, data e
local
• Paciente encontra-se lúcido, orientado, sem
alteração do pensamento ou sensopercepção.
No momento, apresenta humor estábvel,
referindo sentimentos positivos com relação a
recuperação do seu quadro clínco. Mostra-se
participativo e colaborativo com seu
tratamento. Mantém investimento em si,
verbalizando planos de futuro. Utiliza-se de
mecanismos de defesa adequados para a
situação. Apresenta bom suporte familiar e
social.
• Conduta: preparação para a alta.
Identificação, data e
local
• Paciente encontra-se lúcido, orientado, sem
alteração do pensamento ou sensopercepção.
No momento, mostra-se com humor
entristecido, reativo ao processo longo de
internação. Apresenta dificuldade de
adaptação ao tratamento, recusando os
procedimentos de enfermagem. Observa-se
recursos de enfrentamento inadequados e
frágil suporte familiar.
• Conduta: incentivar a participação do paciente
no seu processo de recuperação. Orientação a
família quanto ao manejo do paciente.
Identificação, data e
local
• Paciente encontra-se lúcido, orientado,
sem alteração do pensamento ou
sensopercepção. Paciente refere uso de
álcool e drogas desde a adolescência.
Durante o atendimento foram
trabalhadas questões referente a
adesão ao tratamento e
encaminhamento ao CAPS.
• Conduta: manter acompanhamento e
entregar encaminhamento para o
CAPS. Realizar matriciamento com o
serviço.
Filtros se eu fiquei
na dúvida
• O que a pessoa acharia se
você lesse na frente dela?
• O que você falaria para a
equipe se encontrasse?
• Essa informação auxilia no
tratamento dessa pesosa?
• Em casos de violência, é uma
situação atual?
Avaliando alguns registros
Paciente relata infidelidade conjugal antes da descoberta do diagnóstico e
acredita que esteja relacionado a um castigo divino.
Paciente refere sintomas ansiosos e ter pouca clareza sobre o prognóstico.
Paciente relata que não tem sido visitado pela equipe médica.
Paciente não foi encontrado no leito.
Realizado acolhimento e apoio psicológico. Percebe-se esperançoso com o
prognóstico.
Paciente apresenta sintomas depressivos e deve tomar medicação psicotrópica.
Possui rede de apoio presente e protetiva, estando acompanhada pela mãe.
Refere histórico de abuso sexual na infância
Refere episódios atuais de violência doméstica e apresenta hematomas no corpo
Paciente parece preocupado com a doença. Conversar com o paciente e tentar
animá-lo.
https://www.youtube.com/watch?v=-Fdtd5cdUEI
O processo de trabalho

I. Processos de acolhimento
• Diretriz na PNH, como postura ética de todo profissional
• Atenção aos familiares em diversas unidades do hospital
• Demanda “acabe com os problemas”, “resolva os conflitos”
• Recuperar a individualidade do sujeito
II. Processos de acompanhamento
• Intervenção longitudinal, das mudanças que reverberam no sujeito
• Pré e pós-operatório
O processo de trabalho

III. Processos de avaliação


• Processo privativo do psicólogo
• A compra não é mais privativa do psicólogo
• Documentos que respaldem a decisão (ex. para cirurgias bariátricas, DPP)
I. Processos de comunicação
• Transmissão de informação – “decodificar”
• Partilha de significados e comunicação como significado
II. Processos culturais
• Alteridade
O processo de trabalho

VI. Processos educativos;


• Educação em saúde (ex. serviços de transplantes, gravidez na adolescência,
incentivo a amamentação, prevenção de ISTs...)
VII. Processos formativos;
• Formação de novas equipes e unidades;
• Interconsulta e discussão de casos
VIII. Processos formativos de psicólogas(os);
• Preceptoria e supervisão de estágios
• Auxiliar na construção da identidade profissional
O processo de trabalho

IX. Processos grupais


• Grupos aberto e de encotro único – hospitalização
• Grupos periódicos abertos ou fechados – ambulatoriais
X. Processos de Mobilização Social
• Campanhas dentro e fora do hospital
XI. Processos organizativos
• Psicologia hospitalar X psicologia organizacional e do trabalho
O processo de trabalho

XII. Processos de orientação e aconselhamento;


• Apoio emocional
• Educativo
• Avaliação de riscos
XIII. Processos de planejamento e gestão pública;
• Do hospital ou de um serviço de psicologia
XIV. Processos investigativos;
• Pesquisas dentro do hospital
• Geralmente possuem CEP próprio
O processo de trabalho

XV. Processos terapêuticos


• Psicoterapia Breve (PB): foco, estratégias e objetivos
• Ex: Nefrologia
• Ex: Oncologia A compreensão do
diagnóstico e
A reflexão sobre as
consequências desse
A ponderação sobre
ganhos e perdas com
prognóstico de tratamento em sua
a cirurgia;
tratamento; vida;

Os medos e fantasias
frente ao tratamento A participação ativa
que possam aparecer no processo;
e ser expressados;
• Cuidados paliativos e morte • Notificações compulsórias em
• Viver com qualidade de vida; casos de violência
• Realizada pelo médico,
• Recebendo suporte social, profissionais de saúde ou
emocional e espiritual; responsáveis pelo serviço;
• Dar suporte aos familiares e • Realizado em conjunto com
cuidadores demais encaminhamentos e
orientações
Referências
• CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Introdução e Eixo 2 e 3.In: CFP. Referências
técnicas para atuação de psicólogas(os) nos serviços hospitalares do SUS.
Conselhos regionais de psicologia e Centro de Referência técnica em Psicologia e
PolíVcas Públicas 1. Ed. Brasília: 2019.
• MOERSCHBERGER, Mayara Schirmer; CRUZ, Fabiana Rosa da; LANGARO, Fabíola.
Reflexões acerca da éVca e da qualidade dos registros psicológicos em prontuário
eletrônico mulVprofissional. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 20, n. 2, p. 89-100, dez.
2017 . Disponível em
hip://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ariext&pid=S1516-
08582017000200006&lng=pt&nrm=iso .

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