Você está na página 1de 17

COLÉGIO ESTADUAL TÚLIODE FRANÇA

ENSINO FUNDAMENTAL MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE

CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE

DISCIPLINA: ANÁLISE CONTROLE E QUÍMICA AMBIENTAL

TRATAMENTO DE ÁGUA

PROFESSOR: SILVIO

PARTE 04

1
Tratamento de Águas

A água é um bem essencial à vida e à sobrevivência dos seres vivos mas um bem
escasso que urge racionar e reaproveitar, havendo vários métodos para tratar a água para
consumo humano e as águas residuais, resultantes dos esgotos.

Por ser essencial e existirem reservas limitadas, a água é cada vez mais estratégica.
Discute-se o seu uso racional, a sua temida e aparentemente inevitável escassez e a
degradação das suas reservas, pois dela depende a qualidade de vida no planeta.

A construção de estações de tratamento de águas residuais é essencial para a


manutenção da qualidade das águas dos rios e das praias, bem como para a manutenção
da vida dos organismos desses ambientes. A água, depois de tratada, é lançada de novo
nos rios e os resíduos podem ser lançados em aterros sanitários ou utilizados como
fertilizantes.

Este tema aparece bem retratado na obra da Câmara Municipal de Mirandela


recentemente lançada e apresentada, o ECOGUIA 2007. Enquanto não surge a sua
edição em formato digital, apresentamos informação recolhida em páginas da Internet
para efectuar o enquadramento adequado da temática.

Tecnologias de Tratamento de Águas Residuais Urbanas

A contaminação das águas superficiais e subterrâneas por descargas de efluentes


domésticos não é justificável, não só por questões de ética ambiental, mas também pela
diversidade de tecnologias disponíveis para o tratamento destas águas.

Rita Teixeira d’Azevedo

Introdução

Uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) é certamente o destino mais


adequado à promoção da saúde pública e à preservação dos recursos hídricos, de modo
a evitar a sua contaminação. Assim, as ETAR têm como objectivo o tratamento final das
águas residuais produzidas pelas populações, permitindo uma possível reutilização

2
destas, através de um processo longo e faseado.

Escolha do Sistema de Tratamento

A escolha de um sistema de tratamento é determinada por vários factores: características


quantitativas e qualitativas das águas residuais, localização do sistema e objectivos de
qualidade que se pretendem – imposição do grau de tratamento.

Tecnologias de Tratamento

O tratamento de águas residuais numa ETAR deve consistir em quatro fases, designadas
tratamento preliminar, primário, secundário e terciário. O tratamento terciário torna-se
indispensável no caso do meio receptor onde é efectuada a descarga de água residual
tratada ser um meio sensível, isto é, sujeito a eutrofização (enriquecimento excessivo de
algas devido à introdução de nutrientes - azoto e fósforo - provenientes da água
residual), necessitando então que seja efectuada a remoção de nutrientes da água
residual.

Tratamento Preliminar: Consiste na primeira fase do tratamento de águas residuais,


compreendendo a obra de entrada. A obra de entrada é, ou deverá ser, constituída por
duas grades (gradagem), um desarenador (desarenação), um desengordurador
(desengorduramento) e um canal Parshall.

A operação unitária de gradagem tem o objectivo de remover sólidos grosseiros,


flutuantes e sedimentáveis, de maiores dimensões que as aberturas dos equipamentos
utilizados (grades), impedindo ainda a flutuação de detritos nos órgãos a jusante
(decantadores), o entupimento de canalizações e o desgaste ou bloqueamento de
equipamentos mecânicos. As operações unitárias de desarenação e desengorduramento
têm como finalidade remover as areias e gorduras existentes na água residual,
respectivamente. A instalação de um descarregador tipo Parshall permite controlar a
velocidade a montante, sendo uma das formas mais utilizadas em ETAR para criar
mistura hidráulica.

3
Tratamento Secundário: Contrastando com os antecedentes, o tratamento secundário
tem à sua disposição várias tecnologias que funcionam sobre princípios semelhantes,
destacando-se os sistemas aeróbios intensivos, quer por biomassa (microrganismos)
suspensa (lamas activadas), quer por biomassa fixa (leitos percoladores e biodiscos ou
discos biológicos), e os sistemas aquáticos por biomassa suspensa – lagunagem.

No sistema de leitos percoladores, após o tratamento preliminar, o efluente passa pelo


decantador primário até chegar ao leito percolador de enchimento variável. Aqui o
efluente entra num distribuidor rotativo e vai criar no leito um filme biológico
constituído por um aglomerado de bactérias que fazem a decomposição da matéria
orgânica. Quando o efluente é escoado pode ser feita a recirculação em torno do leito
percolador ou a descarga no meio receptor. No entanto, a recirculação deve ser feita de
preferência a partir do efluente tratado do decantador secundário, pois neste caso a
matéria orgânica encontra-se diluída e, por conseguinte, não ocorre o risco de o leito
percolador sofrer colmatação dos espaços vazios de enchimento.

No sistema de lamas activadas é semelhante. O efluente do tratamento preliminar é


encaminhado para o decantador primário, seguindo para o tanque de arejamento,
geralmente com recirculação permanente. O efluente é então conduzido para o
decantador secundário e a partir daí parte do efluente é descarregado numa linha de
água e outra parte constitui a recirculação ao tanque de arejamento. A eficiência do
tratamento é optimizada no caso da recirculação de lamas para o tanque de arejamento
ser efectuada do fundo do decantador secundário, pois a matéria orgânica encontra-se
concentrada e, assim, aumenta a concentração de biomassa no tanque de arejamento,
possibilitando aos microrganismos uma nova oportunidade para degradarem o substrato
(matéria orgânica).

O processo de injecção de ar ou oxigénio puro para misturar a lama a tratar com a água
residual e fornecer o oxigénio suficiente para os microrganismos degradarem os
compostos orgânicos é conhecido como arejamento. A adição de oxigénio é também
importante como meio de remoção de alguns poluentes como ferro, manganês e dióxido
de carbono, assim como na oxidação química, eliminando compostos orgânicos que
resistem aos processos biológicos. Serve também como meio de repor os níveis de
oxigénio na água residual antes de rejeitá-la para o meio receptor.

Os biodiscos ou discos biológicos são a evolução natural dos leitos percoladores. Trata-
se de um sistema que recorre também a processos biológicos aeróbios de degradação da
matéria orgânica, em filme fixo, à semelhança dos leitos percoladores. O filme está
preso ao disco mas como é preciso uma grande área de contacto, juntam-se vários
discos paralelos de reduzida espessura, com rugosidade, para permitir uma maior
aderência dos microrganismos. Os discos mergulham parcialmente num canalete com
água residual, enquanto giram, o que garante que os microrganismos estão
alternadamente em contacto com o ar e com matéria orgânica.

A lagunagem é, de todos os processos, o que mais se aproxima da simulação das


condições naturais. A água residual atravessa uma série de lagoas (anaeróbias,
facultativas, maturação – remoção de organismos patogénicos), onde os processos são
idênticos aos que se dão nos meios aeróbios e anaeróbios. As lagoas arejadas são uma
técnica intermédia que conjuga características da lagunagem e das lamas activadas. No
entanto, a técnica de lagunagem não é muito utilizada, o que talvez se explique pelo

4
facto de necessitar de grandes áreas e de estar muito dependente das condições naturais,
“fugindo” ao controlo humano, além da emissão de odores. Como vantagens há a referir
a simplicidade e economia da construção e manutenção da unidade.

Tratamento Terciário: A opção de tratamento terciário, em que as águas residuais


sofrem um tratamento de desinfecção e controlo de nutrientes, aparece no contexto do
saneamento básico em Portugal como um “luxo”, dado as carências de tratamento a
níveis mais básicos. Entre as opções de desinfecção, aplicadas principalmente quando se
pretende a reutilização das águas residuais, contam-se geralmente três tecnologias
básicas: cloro, ozono e canal de ultravioletas (U.V.).

A cloragem é o sistema de desinfecção mais vulgar, sendo também o mais económico.


Implacável com as bactérias, este método é, porém, bastante ineficaz na eliminação dos
vírus e os resíduos da cloragem permanecem na corrente filtrada, com graves
inconvenientes ambientais e de saúde pública. Semelhantes desvantagens, embora a
uma escala menor, apresenta a desinfecção por ozono, mais onerosa que a cloragem. O
ozono não se mantém muito tempo na água, no entanto, formam-se no processo
subprodutos contaminantes que se mantêm na água tratada. Finalmente, o sistema de
desinfecção por ultravioletas, igualmente mais oneroso que a cloragem, é uma
tecnologia mais recente que não produz quaisquer resíduos tóxicos e obtém óptimos
resultados na destruição de vírus e bactérias, apresentando-se a solução mais adequada
para um tratamento terciário.

A concepção de novas instalações de tratamento de águas residuais deve incluir


processos de remoção de nutrientes, sendo esta necessidade imposta quer por uma
questão de ética ambiental, quer pelo facto de a legislação em vigor assim o exigir, quer
ainda pela tecnologia e o “know-how” para a concretização se encontrar disponível.
Embora Portugal não tenha ainda atingido a capacidade de reutilização da água tratada
para consumo humano directo, as técnicas disponíveis permitem reutilizar com toda a
segurança a água tratada para diversos fins (como por exemplo, a rega) – assim haja
verbas e vontade política para estender a todo o território (nacional e global) um eficaz
sistema de recolha e tratamento (preliminar, primário, secundário e terciário) da água,
que o Homem recolhe pura da Natureza e a Ela deve devolver... pura.

5
Fitodepuração ou Tratamento Rizosférico (Plantas Macrófitas)

A Carta Europeia de Água de 1968 diz: "Alterar a qualidade da água é prejudicar a vida
do Homem e dos outros seres vivos que dependem dela" e "Quando a água, depois de
utilizada, volta ao meio natural, não deve comprometer as utilizações ulteriores que dela
se farão, quer públicas quer privadas".

Estas frases já têm mais do que 30 anos, mas até hoje, na Europa, a maioria das águas
usadas pelo Homem não cumpre estas regras. Claudia Schwarzer (arquitecta paisagista)
e UdoSchwarzer (biólogo), um casal alemão instalado em Portugal desde uns anos,
mostram com os projectos deles como a própria natureza ajuda a cumprir a Carta
Europeia de Água.

Limpar águas residuais com plantas

Em 1974 Reinhold Kickuth concebeu as primeiras estações de tratamento através de


plantas que conseguiram dar bons resultados. O professor catedrático da faculdade de
agronomia da Universidade de Göttingen e especialista para solos, experimentou com
caniço (Phragmitesautralis). Esta gramínea das margens dos rios e lagoas tem duas
vantagens muito importantes para ser usada como planta principal nas estações de
tratamento de águas poluídas: crescimento rápido (em especial as raízes e rizomas) e
sistema eficaz do transporte de oxigénio da parte das folhas até às raízes. Hoje em dia se
sabe que a colaboração entre as plantas e a mistura dos solos cria um tipo de reactor
onde a carga biológica e a carga química de águas utilizadas é tratada até a
mineralização das componentes poluentes.

Hoje em dia trabalham centenas de estações de tratamento de águas através de plantas


(ETAP) em tudo mundo. Actualmente está em construção uma para os 10.500
habitantes de Lahstedt na Alemanha, um projecto da EXPO 2000 em Hannover.

Em Portugal existem ETAP´s desde 1993. Os maiores limpam as águas residuais de


centenas de pessoas, p.e. na prisão Pinheiro da Cruz na Costa Alentejana. Mais do que
30 ETAP estão a limpar as águas de casas particulares neste país.

A tecnologia das ETAP faz uma verdadeira reciclagem de todas as águas usadas em
casa. Assim aproveita-se dos efluentes das estações com plantas para fins de rega.
Quando a água volta ao meio natural não compromete as utilizações ulteriores - a Carta
Europeia da Água está cumprida.

Tecnologias de Tratamento de Água de Abastecimento

O tratamento da água tem como objectivo assegurar a sua potabilidade, ou seja, proteger
a saúde pública tornando-a tão agradável à vista e ao paladar quanto possível, e evitar a
destruição dos materiais do sistema de abastecimento de água.

Rita Teixeira d’Azevedo

6
1. Introdução

Na natureza a água está em permanente movimento cíclico – ciclo natural da água ou


ciclo hidrológico. Por acção do calor solar, a água da superfície terrestre evapora-se; na
atmosfera condensa-se formando nuvens; regressa à Terra sob a forma de chuva, neve
ou granizo escoando-se para os rios e mares e, por infiltração no terreno, vai constituir
reservas subterrâneas. O ciclo hidrológico é factor determinante na quantidade de água
disponível para utilização pelo Homem.

O tipo de tratamento de água indispensável em sistemas públicos é a desinfecção, que


conduz à destruição dos microrganismos patogénicos (transmissores de doenças)
eventualmente existentes. Este tratamento é aplicável mesmo quando a água captada
não está contaminada, com o objectivo de prevenir efeitos nocivos de possíveis
contaminações no sistema de transporte (adução) e utilização até ao consumidor
(distribuição).

Os outros tipos de tratamento mais frequentemente necessários contemplam a correcção


de acidez, a remoção de ferro e manganês, de turvação e de cheiros ou sabores. Outro
tipo de tratamento relevante, embora pouco usado em Portugal pelo seu custo elevado e
pelas características naturais das nossas águas, é a correcção de dureza (presença de
cálcio e magnésio na água).

É ainda de referir a relevância da correcta gestão dos recursos hídricos, nomeadamente


pelos impactes (ambientais e de saúde pública) negativos da descarga de águas residuais
não tratadas no meio receptor e, em particular, a montante de captações de água para
abastecimento público.

2. Origem da Água de Abastecimento

A água de abastecimento é uma água potável distribuída aos consumidores através de


uma rede de distribuição pública.

Segundo a sua origem (tipo de captação), a água pode ser subterrânea ou superficial. A
água subterrânea está infiltrada no subsolo e pode ser captada de várias formas: por
nascentes, por galerias drenantes, por furos e poços até ao nível freático, ou por
bombagem onde exista água acumulada. A água de superfície é captada nos rios, canais,
ribeiras, lagos, bacias de retenção e albufeiras.

7
Qualquer que seja a sua origem, raramente a água captada no meio natural pode ser
distribuída sem tratamento – Estação de Tratamento de Águas (ETA).

As entidades produtoras orientam as suas escolhas preferencialmente para origens que


naturalmente apresentem a melhor qualidade possível, a fim de minimizar os custos de
tratamento e consequentemente o preço final da água distribuída, e o maior caudal de
captação possível.

3. Tratamento de Água Subterrânea

A água de lençóis subterrâneos muito profundos tem geralmente uma excelente


qualidade, apresentando uma composição constante num mesmo lençol, sendo menos
vulnerável à poluição que a água de camadas menos profundas.

De um modo geral, a água subterrânea não contém oxigénio dissolvido. Podem


encontrar-se neste tipo de água algumas substâncias como o gás carbónico, ferro,
manganês, amónia ou ácidos húmicos e mais raramente nitratos e pesticidas (em zonas
onde se pratica uma agricultura intensiva).

Em função dos problemas existentes recorre-se às seguintes tecnologias de tratamento


para tornar a água potável:

. Arejamento: para oxigenar e retirar gás carbónico

. Filtração: através de areia para eliminar ferro e manganês e eventualmente amónia

. Desinfecção: para garantir a qualidade bacteriológica durante a adução até à


distribuição. A desinfecção é realizada geralmente com cloro através de uma solução de
hipoclorito de sódio (NaOCl)

. Tratamentos específicos: para eliminação de nitratos e pesticidas (por exemplo,


remoção de azoto e filtração em carvão activado granular, respectivamente).

8
4. Tratamento de Água Superficial

A composição da água superficial é mais variável. Contém oxigénio dissolvido,


bactérias e matérias em suspensão (turvação), como algas e substâncias orgânicas que
podem originar problemas de odores e sabores. Os processos de tratamento existentes
são:

. Flotação: para eliminar as microalgas presentes na água, que se vão acumulando na


superfície do flotador e são removidas por uma ponte raspadora (sendo enviadas para a
câmara de mistura de lamas). É uma tecnologia de tratamento cada vez menos usada,
tendo sido ultrapassada pela pré-oxidação com ozono.

. Pré-ozonização ou pré-oxidação com ozono: pelo facto do ozono ser um oxidante


bastante forte, permite retirar alguma cor à água, oxidar o ferro, manganês e compostos
organoclorados presentes na água, como os hidrocarbonetos dissolvidos e detergentes.
Permite controlar os cheiros e sabores, assim como a destruição de microalgas que
persistam e a redução do potencial de formação de organoclorados (compostos
cancerígenos).

. Controlo da alcalinidade da água (injecção de agente regulador de pH): é de extrema


relevância o controlo da alcalinidade de uma água, pois não adianta adicionar reagentes
sem que a água apresente alcalinidade. Geralmente, a água de origem superficial
apresenta algum teor em anidrido carbónico (CO2), o que confere alguma acidez à água.
Para a correcção (diminuição) da acidez da água, o agente regulador de pH utilizado é a
água de cal. O controle da alcalinidade da água deve ser feito antes do processo de
mistura rápida, uma vez que este é afectado pelo pH, o que, por conseguinte, afecta a
dose de coagulante. Para determinar a dose de coagulante associada ao pH óptimo da
água deverão ser efectuados ensaios de jar-test

. Coagulação (mistura rápida): neste processo é adicionado coagulante – sulfato de


alumínio [Al2(SO4)3], devendo ser injectado à entrada da mistura rápida, de modo a
promover a formação de coágulos através da desestabilização das partículas, seguida da
sua agregação. A adição de sulfato de alumínio permite igualmente diminuir a dose de
polielectrólito adicionado na floculação.

. Floculação (mistura lenta): na caixa de saída da câmara de mistura rápida é


injectadopolielectrólito, o qual permite promover a consistência do coágulo e diminuir a
dose de coagulante adicionado. A floculação permite formar flocos sobre os quais a
maior parte das matérias em suspensão se vão fixar. Este flocos são em seguida
separados da água, por decantação. Existem sistemas de tratamento em que a floculação
encontra-se associada à decantação

. Decantação: permite a separação da fase líquida (água) e da fase sólida (flocos – que
vão originar as lamas) por acção da gravidade.

. Filtração: a filtração através de areia é responsável pela redução do número de


bactérias e pela remoção de impurezas em suspensão na água. Permite a eliminação dos
flocos restantes assim como eventualmente o azoto amoniacal ainda presente. É de
salientar que os filtros após um determinado período de funcionamento colmatam,

9
devendo assim ser lavados em contra-corrente com água clorada (água tratada) para
promover a descolmatação do leito filtrante

Ozonização intermédia: desinfecção com ozono, oxidando grande parte da matéria


orgânica.

. Filtração em Carvão Activado Granular (CAG): retém alguns poluentes orgânicos,


como os pesticidas (cuja eficiência de remoção é de 100 %). Permite também eliminar
fenóis e toxinas, bem como substâncias que podem conferir odores e sabores
desagradáveis à água.

. Desinfecção: permite eliminar bactérias residuais e proteger a água de possíveis


recontaminações durante o seu trajecto até ao consumidor. A desinfecção é realizada
geralmente com cloro através de uma solução de hipoclorito de sódio (NaOCl). O
hipoclorito apresenta algumas vantagens relativamente a outros reagentes para
cloragem. É mais fácil de preparar, é mais barato e o seu armazenamento não requer
sistemas de segurança tão complexos como para o cloro gasoso. No entanto, apresenta a
desvantagem de na presença de matéria orgânica formar organoclorados –
trihalometanos (compostos potencialmente cancerígenos). Contudo, nesta fase de
tratamento da água, desinfecção final, pressupõe-se que a água já se encontra isenta de
matéria orgânica ou, pelo menos, com um número muito reduzido.

5. Enquadramento Legal

O actual quadro legal relativo à qualidade da água para consumo humano encontra-se
instituído pelo Decreto-Lei nº 243/2001, de 5 de Setembro, que veio complementar e
tornar mais exigentes os valores constantes do Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto,
que estabelece normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger
o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos.

6. Considerações Finais

A Captação, ETA, Adução e Distribuição constituem as partes fundamentais de um


sistema de abastecimento de água.

Um sistema de tratamento de água de abastecimento deverá fazer face aos problemas


associados à qualidade da água captada, produzindo uma água sem cor, turvação,
cheiros, pesticidas e com um pH e teores de cálcio e alcalinidade aceitáveis e
apropriados ao organismo humano, para além de desinfectada, de modo a eliminar a
poluição microbiológica, nomeadamente colónias de coliformes fecais (cuja origem
resulta da descarga de águas residuais não tratadas ou insuficientemente tratadas no
meio receptor). Assim, é possível abastecer uma água de qualidade aceitável e
apropriada para consumo humano, bem como evitar riscos para a saúde pública.

Salienta-se ainda a extrema relevância da execução de análises periódicas, quer da água


captada quer da água tratada, com o intuito de fazer face a alterações da mesma (a
qualidade da água sofre variações ao longo do ano, pelo que é necessário proceder ao
controlo das dosagens de reagentes), ou à detecção de distúrbios ou anomalias no

10
funcionamento dos vários órgãos de tratamento.

No concelho de Mirandela existiam, em Abril de 2007, 2 ETAR´s/Leitos de Perculação,


40 ETAR´s/Lamas Activadas, 13 fossas sépticas e 13 ETAR´s/Plantas.

VER MAPA EM BAIXO

Cedainhos Frechas

11
Caravelas S.Salvador

Torre de Dona Chama

Vale de Sancha Navalho

Vale de Lagoa Eixos

12
Vila Boa Canal

Vale de Juncal

Falta de água

Este milênio que está começando, apresenta o grande desafio de evitar a


falta de água. Um estudo recente da revista Science (julho de 2000)
mostrou que aproximadamente 2 bilhões de habitantes enfrentam a falta
de água no mundo. Em breve poderá faltar água para irrigação em
diversos países, principalmente nos mais pobres. Os continentes mais
atingidos pela falta de água são: África, Ásia Central e o Oriente Médio.
Entre os anos de 1990 e 1995, a necessidade por água doce aumentou
cerca de duas vezes mais que a população mundial. Isso ocorreu
provocado pelo alto consumo de água em atividades industriais e zonas
agrícolas. Infelizmente, apenas 2,5% da água do planeta Terra são de
água doce, sendo que apenas 0,08% está em regiões acessíveis ao ser
humano.

Causas da poluição das águas do planeta

As principais causas de deteriorização dos rios, lagos e dos oceanos são:


poluição e contaminação por poluentes e esgotos. O ser humano tem
causado todo este prejuízo à natureza, através dos lixos, esgotos, dejetos
químicos industriais e mineração sem controle.

13
Em função destes problemas, os governos preocupados, tem incentivado
a exploração de aqüíferos (grandes reservas de água doce subterrâneas).
Na América do Sul, temos o Aqüífero Guarani, um dos maiores do
mundo e ainda pouco utilizado.Grande parte das águas deste aqüífero
situa-se em subsolo brasileiro.

Problemas gerados pela poluição das águas

Estudos da Comissão Mundial de Água e de outros organismos


internacionais demonstram que cerca de 3 bilhões de habitantes em
nosso planeta estão vivendo sem o mínimo necessário de condições
sanitárias.Um milhão não tem acesso à água potável. Em virtude desses
graves problemas, espalham-se diversas doenças como diarréia,
esquistossomose, hepatite e febre tifóide, que matam mais de 5 milhões
de seres humanos por ano, sendo que um número maior de doentes
sobrecarregam os precários sistemas de saúde destes países.

Soluções

Com o objetivo de buscar soluções para os problemas dos recursos


hídricos da Terra, foi realizado no Japão, em março de 2003, o III
Fórum Mundial de Água. Políticos, estudiosos e autoridades do mundo
todo aprovaram medidas e mecanismos de preservação dos recursos
hídricos. Estes documentos reafirmam que a água doce é extremamente
importante para a vida e saúde das pessoas e defende que, para que ela
não falte no século XXI, alguns desafios devem ser urgentemente
superados: o atendimento das necessidades básicas da população, a
garantia do abastecimento de alimentos, a proteção dos ecossistemas e
mananciais, a administração de riscos, a valorização da água, a divisão
dos recursos hídricos e a eficiente administração dos recursos hídricos.

Embora muitas soluções sejam buscadas em esferas governamentais e


em congressos mundiais, no cotidiano todos podem colaborar para que a
água doce não falte. A economia e o uso racional da água deve estar
presente nas atitudes diárias de cada cidadão. A pessoa consciente deve
economizar, pois o desperdício de água doce pode trazer drásticas
conseqüências num futuro pouco distante.

Dicas de economia de água: Feche bem as torneiras, regule a descarga


do banheiro, tome banhos curtos, não gaste água lavando carro ou
calçadas, reutilize a água para diversas atividades, não jogue lixo em
rios e lagos, respeite as regiões de mananciais.

Dicas para ajudar a diminuir a poluição das águas: não jogar lixos
em rios, praias, lagos, etc. Não descartar óleo de fritura na rede de
esgoto. Não utilizar agrotóxicos e defensivos agrícolas em áreas
próximas à fontes de água. Não lançar esgoto doméstico em córregos.
Não jogar produtos químicos, combustíveis ou detergentes nas águas.

14
POLUIÇÃO DA ÁGUA

Alguém já disse que uma das aventuras mais fascinantes é acompanhar o ciclo das
águas na Natureza. Suas reservas no planeta são constantes, mas isso não é motivo para
desperdiçá-la ou mesmo poluí-la. A água que usamos para os mais variados fins é
sempre a mesma, ou seja, ela é responsável pelo funcionamento da grande máquina que
é a vida na Terra; sendo tudo isto movido pela energia solar.

Vista do espaço, a Terra parece o Planeta Água, pois esta cobre 75% da superfície
terrestre, formando os oceanos, rios, lagos etc. No entanto, somente uma pequenina
parte dessa água - da ordem de 113 trilhões de m3 - está à disposição da vida na Terra.
Apesar de parecer um número muito grande, a Terra corre o risco de não mais dispor de
água limpa, o que em última análise significa que a grande máquina viva pode parar.

A água nunca é pura na Natureza, pois nela estão dissolvidos gases, sais sólidos e íons.
Dentro dessa complexa mistura, há uma coleção variada de vida vegetal e animal, desde
o fitoplâncton e o zooplâncton até a baleia azul (maior mamífero do planeta). Dentro
dessa gama de variadas formas de vida, há organismos que dependem dela inclusive
para completar seu ciclo de vida (como ocorre com os insetos). Enfim, a água é
componente vital no sistema de sustentação da vida na Terra e por isso deve ser
preservada, mas nem sempre isso acontece. A sua poluição impede a sobrevivência
daqueles seres, causando também graves conseqüências aos seres humanos.

A poluição da água indica que um ou mais de seus usos foram prejudicados, podendo
atingir o homem de forma direta, pois ela é usada por este para ser bebida, para tomar
banho, para lavar roupas e utensílios e, principalmente, para sua alimentação e dos
animais domésticos. Além disso, abastece nossas cidades, sendo também utilizada nas
indústrias e na irrigação de plantações. Por isso, a água deve ter aspecto limpo, pureza
de gosto e estar isenta de microorganismos patogênicos, o que é conseguido através do
seu tratamento, desde da retirada dos rios até a chegada nas residências urbanas ou
rurais. A água de um rio é considerada de boa qualidade quando apresenta menos de mil
coliformes fecais e menos de dez microorganismos patogênicos por litro (como aqueles
causadores de verminoses, cólera, esquistossomose, febre tifóide, hepatite, leptospirose,
poliomielite etc.). Portanto, para a água se manter nessas condições, deve-se evitar sua
contaminação por resíduos, sejam eles agrícolas (de natureza química ou orgânica),
esgotos, resíduos industriais, lixo ou sedimentos vindos da erosão.

Sobre a contaminação agrícola temos, no primeiro caso, os resíduos do uso de


agrotóxicos (comum na agropecuária), que provêm de uma prática muitas vezes
desnecessária ou intensiva nos campos, enviando grandes quantidades de substâncias
tóxicas para os rios através das chuvas, o mesmo ocorrendo com a eliminação do
esterco de animais criados em pastagens. No segundo caso, há o uso de adubos, muitas
vezes exagerado, que acabam por ser carregados pelas chuvas aos rios locais,
acarretando o aumento de nutrientes nestes pontos; isso propicia a ocorrência de uma
explosão de bactérias decompositoras que consomem oxigênio, contribuindo ainda para
diminuir a concentração do mesmo na água, produzindo sulfeto de hidrogênio, um gás
de cheiro muito forte que, em grandes quantidades, é tóxico. Isso também afetaria as
formas superiores de vida animal e vegetal, que utilizam o oxigênio na respiração, além

15
das bactérias aeróbicas, que seriam impedidas de decompor a matéria orgânica sem
deixar odores nocivos através do consumo de oxigênio.

Os resíduos gerados pelas indústrias, cidades e atividades agrícolas são sólidos ou


líquidos, tendo um potencial de poluição muito grande. Os resíduos gerados pelas
cidades, como lixo, entulhos e produtos tóxicos são carreados para os rios com a ajuda
das chuvas. Os resíduos líquidos carregam poluentes orgânicos (que são mais fáceis de
ser controlados do que os inorgânicos, quando em pequena quantidade). As indústrias
produzem grande quantidade de resíduos em seus processos, sendo uma parte retida
pelas instalações de tratamento da própria indústria, que retêm tanto resíduos sólidos
quanto líquidos, e a outra parte despejada no ambiente. No processo de tratamento dos
resíduos também é produzido outro resíduo chamado "chorume", líquido que precisa
novamente de tratamento e controle. As cidades podem ser ainda poluídas pelas
enxurradas, pelo lixo e pelo esgoto.

Enfim, a poluição das águas pode aparecer de vários modos, incluindo a poluição
térmica, que é a descarga de efluentes a altas temperaturas, poluição física, que é a
descarga de material em suspensão, poluição biológica, que é a descarga de bactérias
patogênicas e vírus, e poluição química, que pode ocorrer por deficiência de oxigênio,
toxidez e eutrofização .

A eutrofização é causada por processos de erosão e decomposição que fazem aumentar


o conteúdo de nutrientes, aumentando a produtividade biológica, permitindo periódicas
proliferações de algas, que tornam a água turva e com isso podem causar deficiência de
oxigênio pelo seu apodrecimento, aumentando sua toxidez para os organismos que nela
vivem (como os peixes, que aparecem mortos junto a espumas tóxicas).

A poluição de águas nos países ricos é resultado da maneira como a sociedade


consumista está organizada para produzir e desfrutar de sua riqueza, progresso material
e bem-estar. Já nos países pobres, a poluição é resultado da pobreza e da ausência de
educação de seus habitantes, que, assim, não têm base para exigir os seus direitos de
cidadãos, o que só tende a prejudicá-los, pois esta omissão na reivindicação de seus
direitos leva à impunidade às indústrias, que poluem cada vez mais, e aos governantes,
que também se aproveitam da ausência da educação do povo e, em geral, fecham os
olhos para a questão, como se tal poluição não atingisse também a eles. A Educação
Ambiental vem justamente resgatar a cidadania para que o povo tome consciência da
necessidade da preservação do meio ambiente, que influi diretamente na manutenção da
sua qualidade de vida.

Dentro desse contexto, uma grande parcela da contenção da "saúde das águas" cabe a
nós, brasileiros, pois se a Terra parece o Planeta Água, o Brasil poderia ser considerado
sua capital, já que é dotado de uma extensa rede de rios, e privilegiado por um clima
excepcional, que assegura chuvas abundantes e regulares em quase todo seu território.

O Brasil dispõe de 15% de toda a água doce existente no mundo, ou seja, dos 113
trilhões de m3 disponíveis para a vida terrestre, 17 trilhões foram reservados ao nosso
país. No processo de reciclagem, quase a totalidade dessa água é recolhida pelas nove
grandes Bacias Hidrográficas aqui existentes. Como a água é necessária para dar
continuidade ao crescimento econômico, as Bacias Hidrográficas passam a ser áreas
geográficas de preocupação de todos os agentes e interesses públicos e privados, pois

16
elas passam por várias cidades, propriedades agrícolas e indústrias. No entanto, a
presença de alguns produtos químicos industriais e agrícolas (agrotóxicos) podem
impedir a purificação natural da água (reciclagem) e, nesse caso, só a construção de
sofisticados sistemas de tratamento permitiriam a retenção de compostos químicos
nocivos à saúde humana, aos peixes e à vegetação.

Quanto melhor é a água de um rio, ou seja, quanto mais esforços forem feitos no sentido
de que ela seja preservada (tendo como instrumento principal de conscientização da
população a Educação Ambiental), melhor e mais barato será o tratamento desta e, com
isso, a população só terá a ganhar. Mas parece que a preocupação dos técnicos em geral
é sofisticar cada vez mais os tratamentos de água, ao invés de se aterem mais à
preservação dos mananciais, de onde é retirada água pura. Este é o raciocínio - mais
irracional - de que a técnica pode fazer tudo. Técnicas sofisticadíssimas estão sendo
desenvolvidas para permitir a reutilização da água no abastecimento público, não
percebendo que a ingestão de um líquido tratado com tal grau de sofisticação pode ser
tudo, menos o alimento vital do qual o ser humano necessita. Ou seja, de que adianta o
progresso se não há qualidade de vida? A única medida mitigadora possível para este
problema, na situação grave em que o consumo da água se encontra, foi misturar e
fornecer à população uma água de boa procedência com outra de procedência pior,
cuidadosamente tratada e controlada. Vejam a que ponto tivemos que chegar.

Portanto, a meta imediata é preservar os poucos mananciais intactos que ainda restam
para que o homem possa dispor de um reservatório de água potável para que possa
sobreviver nos próximos milênios.

17

Você também pode gostar