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Gerenciamento Cronograma Custos Projetos v4 20181105
Gerenciamento Cronograma Custos Projetos v4 20181105
GERENCIAMENTO DO
CRONOGRAMA E DOS
CUSTOS EM PROJETOS
P324 Paula, Fábio
CDD: 658.404
SUMÁRIO
Unidade 1 A conceituação 11
Unidade 1 Conceituação 93
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Caro(a) aluno(a),
Caro(a) aluno(a),
Você inicia agora uma jornada por um assunto muito importante em sua formação. Quando
abordamos temas como cronograma e custos, referimo-nos a dois dos fatores mais valo-
rizados pelas empresas, em momentos decisivos em relação ao projeto: escolher, iniciar,
cancelar ou continuar. Isso se deve ao fato de que tempo e custo são fundamentais para que
a oportunidade de negócios, a qual o projeto se propõe a implementar, tenha um retorno
positivo, geralmente financeiro. Outro ponto importante em relação a esses fatores é o fato
de serem fundamentais na estruturação da gestão de projetos das companhias, pois, ge-
ralmente, é por meio do planejamento e do controle do cronograma e dos custos que essa
estruturação começa a ser implementada. Por outro lado, também representam restrições
significativas em grande parte das situações.
Esperamos que este curso ajude você a entender melhor como planejar, monitorar e contro-
lar o cronograma e os custos de seus projetos, de forma que possa atender às necessidades
da empresa para a qual trabalha ou venha a trabalhar. Lembre-se de aproveitar ao máximo
os recursos oferecidos no material didático da disciplina e as interações que terá com seu
professor on-line e seus colegas. Use o espaço para discutir os conceitos tratados em cada
capítulo e tente associá-los à sua realidade. Seu engajamento é essencial para o alcance do
sucesso nesta jornada.
Bons estudos!
Equipe Ibmec online
DIRETRIZES PEDAGÓGICAS
■■ organize o seu tempo e escolha os melhores dias e horários para você estudar;
Não deixe de participar das discussões encadeadas no ambiente virtual de cada capítulo.
Elas são indispensáveis para um melhor aproveitamento do curso.
Bons estudos!
8 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Capítulo 1
GERENCIAMENTO DO
CRONOGRAMA EM PROJETOS
CAPÍTULO 1 9
INTRODUÇÃO
Sempre que nos deparamos com um projeto, pronto na data marcada para o procedimento
desde uma simples reorganização das pastas de administrativo), ou o impacto financeiro pode ser
rede de uma empresa até a construção de uma significativo (digamos que uma companhia tenha
hidrelétrica, devemos ter consciência de que iniciado um projeto para adaptar seu sistema
esse trabalho foi demandado para atender a uma contábil a uma nova norma legal, e esse prazo não
necessidade da companhia ou para aproveitar é cumprido, acarretando multas de valores muito
uma oportunidade. Devido a essa necessidade, elevados). Dessa forma, o gerenciamento do
na maioria das vezes urgente, a primeira coisa cronograma é um dos fatores mais importantes
que, frequentemente, o demandante do projeto do processo de Gerenciamento de Projetos.
nos pergunta é: “Quanto tempo você acha que é
possível para fazer o projeto?”. Por isso, propomos, neste capítulo, que você
passe a conhecer as técnicas, as ferramentas, as
O tempo é muito importante para um projeto entradas e as saídas dos processos que compõem
porque, dependendo do prazo estipulado para a área de conhecimento de Gerenciamento
a entrega, a oportunidade pode ser perdida do Cronograma do Projeto, baseadas no Guia
(imagine, por exemplo, que sua empresa precise PMBOK®, além de outros conceitos e técnicas
fazer um projeto básico de uma ponte para encontrados na literatura. Com esse ferramental,
participar de uma licitação, e o projeto não fica você poderá gerenciar o tempo do projeto dentro
das necessidades da companhia.
10 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Unidade 1 – A conceituação
UNIDADE 1
A CONCEITUAÇÃO
O gerenciamento do cronograma do projeto é tão importante que ele pode fazer a diferença
entre o sucesso e o fracasso de um projeto. É dentro de um cronograma que estão definidas
as durações e o sequenciamento lógico das atividades, assim como a disponibilidade dos
recursos, com seus respectivos custos para realização das tarefas necessárias para que o
projeto flua de modo a atingir seus objetivos.
1. Processos de planejamento
■■ planejar o gerenciamento do cronograma: é a etapa em que serão definidas as diretrizes
do gerenciamento do cronograma, ou seja, os planos e as políticas que orientarão como
será feita essa gestão durante o projeto;
■■ definir as atividades: nessa fase, a equipe do projeto define uma lista das atividades que
devem ser realizadas para completar seu escopo;
■■ estimar a duração das atividades: nessa etapa, estima-se a quantidade de tempo neces-
sário para finalizar as atividades do projeto;
6.4 Estimar as
6.5 Desenvolver o Cronograma 6.7 Controlar o Cronograma
Durações das Atividades
1. Sequenciar Atividades.
3. Desenvolver Cronograma.
4. Controlar Cronograma.
Para obter mais detalhes sobre a Norma ISO 21500 – Guindance on Project
Management – visite o site ISO (https://www.iso.org/standard/50003.html)
ou http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=92033. Ele fornece
a descrição de conceitos e de processos que são considerados pela ISO
para formar boas práticas em gerenciamento de projetos.
INFORMAÇÃO
EXTRA
Na visão da ISO, o processo Definir Atividades faz parte do grupo de assunto Escopo (equi-
valente à área de conhecimento), enquanto o processo Estimar Recurso das Atividades faz
parte do grupo de assunto Recursos Humanos (tal como orienta a 6ª edição do PMBOK®,
que organizou este processo na área de conhecimento Recursos do Projeto).
O nosso curso, embora também possa compartilhar outras visões, se baseia no Guia
PMBOK®. Dessa forma, o grupo de processos que consideraremos como parte da área de
conhecimento Gerenciamento do Cronograma do Projeto é referente à primeira lista citada
no início desta Unidade.
14 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
UNIDADE 2
O PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA
E A DEFINIÇÃO DAS ATIVIDADES
A partir desta unidade, você poderá conferir, com mais detalhes, cada etapa dos processos
que compõem a disciplina de gerenciamento do cronograma do projeto, de acordo com o
Guia PMBOK®.
4.1 Desenvolver
o termo de
abertura
do projeto
Plano de Plano de
6.1 Planejar o
gerenciamento gerenciamento
gerenciamento
do projeto do projeto
do cronograma
Empresa/
organização
■■ formatos de report.
A organização deve definir como adequar esses itens de acordo com sua própria metodolo-
gia de gerenciamento de projetos.
Definir as atividades é um processo fundamental para o projeto, pois essa etapa resulta
no conhecimento das atividades necessárias para realizar cada produto e subproduto, dos
itens fundamentais para a definição dos tipos de recursos necessários e do tempo em que
o projeto será realizado.
16 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
PARE PARA
PENSAR
De acordo com o Weideman Comparative Glossary of Project Management Terms v3.1, uma
atividade é “uma tarefa ou conjunto de tarefas que são executadas de forma a criar um
produto final”, o que nos permite dizer que definir as atividades é um passo natural após
termos o escopo do projeto bem definido e desmembrado. Essa definição e desmembra-
mento resultam nos pacotes de trabalho do projeto, que nada mais são, conceitualmente,
do que o conjunto de atividades necessárias para se obter um produto ou um subproduto.
■■ Linha de base do escopo: conta com a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), que
possui o desdobramento de todo o projeto até o nível de pacotes de trabalho, as
entregas, restrições e premissas do projeto, fornecendo a ideia do que é o projeto e
sua real necessidade e não deixando a equipe do projeto perder o foco durante os
sucessivos desmembramentos.
A seguir, por meio de um diagrama do fluxo de dados, veja como planejar o gerenciamento
do cronograma.
Documentos
Plano de do projeto
gerenciamento
do projeto
• Lista de atividades
• Atributos das atividades
Plano de gerenciamento
• Lista de marcos
do projeto:
6.2
• Plano de gerenciamento
Definir as
do escopo 4.6 Realizar o
atividades
• Linha de base do escopo controle integrado
das mudanças
Plano de
• Fatores ambientais da empresa
gerenciamento
• Ativos de processos organizacionais
do projeto
Atualizações do plano de
gerenciamento de projeto:
• Linha de base do
cronograma
• Linha de base dos
custos
Opinião especializada
Decomposição
Veja, a seguir, um exemplo de EAP, com seus pacotes de trabalho e as atividades definidas
para cada um.
Figura 4 - EAP simplificada de um casamento, com os pacotes de trabalho no segundo nível e as ati-
vidades abaixo
Casamento Nível 1
Cerimônia Nível 2
Evento civil Festa
Religiosa
Decorar
salão
Festa
realizada
■■ para as atividades, foram colocados verbos no infinitivo, indicando que uma ação deve
ser realizada;
■■ cada um dos pacotes de trabalho teve a última atividade nomeada com uma ação no
particípio (-ado, -edo, -ido). Essas atividades são marcos, ou seja, eventos significativos
do projeto. São atividades com duração zero, que simplesmente identificam a entrega,
data importante ou evento pontual que deve ser destacado.
Na definição das atividades, existe uma escolha a ser feita pelo gerente de projeto: definir
o detalhamento das atividades. No caso exposto, o gerente foi pouco detalhista, colocando
como atividade grandes esforços que poderiam ser subdivididos, como a atividade “Deco-
rar salão” – que poderia, por exemplo, se transformar no pacote de trabalho “Decoração
do Salão”, com as atividades “Escolher tema da decoração”, “Definir tipos de iluminação” e
“Selecionar as flores”.
Essa escolha deve ser feita de acordo com a conveniência, para que as atividades não sejam
tão longas a ponto de os recursos destinados para sua execução se perderem. Essas ativida-
des também não podem ser divididas em partes muito curtas, para não gerar um excesso de
gerenciamento – se o gerente de projetos tiver que ligar a cada uma hora para saber sobre
o andamento da tarefa, isso vai gerar mais atraso ainda. Uma opção pode ser o direciona-
mento de acordo com o drive1 mais importante para o projeto.
NA PRÁTICA
Os modelos de EAP podem ser utilizados pelo Gerente de Projetos para auxiliar na divisão de
seus pacotes de trabalho, sempre atentando para adequá-los às especificidades do projeto.
A definição de atividades se torna mais complexa por algumas razões: quando o projeto é
muito grande e a visibilidade das atividades que compõem as entregas futuras é pequena;
quando o projeto tem um escopo aberto, seja por demandar um melhor conhecimento e
levantamento das necessidades, seja porque a técnica a ser utilizada ainda será escolhida;
ou por ser um projeto de criação. Em todos esses tipos de projetos, a técnica a ser utilizada
é o Planejamento em Ondas Sucessivas (Rolling Wave Planning).
De acordo com Githens (1998), o Planejamento em Ondas Sucessivas (ou Rolling Wave Project
Planning - RWPP) deve conter os seguintes passos:
Vale destacar que essa técnica de planejamento é bastante similar às utilizadas no SCRUM e
em metodologias ágeis. Acompanhe a figura a seguir, que demonstra o desenvolvimento da
EAP nos ciclos de replanejamento em ondas sucessivas.
Reuniões
Reuniões formais ou informais devem ser realizadas de forma presencial ou virtual com os
membros da equipe e/ou especialistas, para definição das atividades que farão parte dos
pacotes de trabalho.
Após a realização desse processo, o gerente de projetos deve ter como saídas os seguintes
itens:
1. Lista de atividades
Todas as atividades necessárias para executar o projeto, baseadas na EAP, devem ser
registradas no Plano de Gerenciamento de Projetos. Naturalmente, em outras ativida-
des do planejamento do projeto a serem executadas posteriormente, assim como no
sequenciamento de atividades ou no planejamento de resposta a riscos, essa lista pode
ser revista ou pode não ser completa quando o planejamento é feito em ondas sucessivas
ou técnicas ágeis.
3. Lista de marcos
A lista dos marcos do projeto também é uma saída desse processo. É uma boa prática,
além de listar os marcos, definir seus atributos e se são obrigatórios ou opcionais.
4. Solicitações de mudança
Ocorrem quando mudanças são solicitadas no projeto para contemplar trabalhos que
foram identificados no decorrer do projeto, mas que, inicialmente, não faziam parte das
linhas de base do projeto.
CAPÍTULO 1 23
Uma vez que as atividades são definidas, é possível então fazer o seu sequenciamento.
UNIDADE 3
O SEQUENCIAMENTO DAS ATIVIDADES
Plano de
gerenciamento
do projeto
Plano de gerenciamento
do projeto:
• Plano de gerenciamento do
cronograma
• Diagrama de rede do
• Linha de base do escopo
cronograma do projeto
Documentos do projeto:
• Atributos das atividades Atualizações de documentos
• Linha de atividades do projeto:
• Registro de premissas • Atributos das atividades
• Linha de marcos • Lista de atividades
• Registro de premissas
• Lista de marcos
Empresa/
organização
Documentos do projeto
Para a realização do processo, é fundamental ter uma série de documentos que são inputs
desse processo. Para início de conversa, precisamos da lista de atividades – o objeto do
sequenciamento. É muito comum que essa lista seja alterada durante o trabalho, pois, no
sequenciamento, é possível observar a falta de alguma atividade. Também é possível optar
por agregar mais atividades em uma única ou desagrupar uma atividade em outras mais
detalhadas.
Os atributos da atividade também são inputs do processo, pois a descrição que os inte-
gra ajuda no sequenciamento. Alguns atributos – por exemplo, atividades predecessoras e
sucessoras – são preenchidos no momento do sequenciamento das atividades, tal como os
relacionamentos de antecipação e espera.
A lista de marcos é outra entrada, já que os marcos funcionam como atividades para o
objetivo do sequenciamento. Essa lista possui, entre suas características, atividades prede-
cessoras e sucessoras, além de constar no cronograma da mesma forma que as atividades,
com a diferença de terem duração zero.
Ferramentas e Técnicas
Esse método possui a representação das atividades nos nós, em formato retangular. As
setas conectando os nós representam as relações de dependência, conforme você pode
conferir na figura a seguir.
CAPÍTULO 1 25
B E I
A C G K
J
D F H
A maior vantagem desse método é a representação, de forma mais clara, das várias rela-
ções de dependência nos casos em que uma atividade tem mais de uma dependente. Além
disso, representar outros tipos de relações de precedência também é importante para mui-
tos projetos.
Por esse motivo, a maioria dos softwares de mercado possui o recurso da montagem com
esse método. O MS Project, por exemplo, tem essa técnica nativa na ferramenta, como
podemos ver na figura anterior.
CAPÍTULO 1 27
Antecipações e esperas
Da mesma forma, pode ocorrer uma antecipação. A equipe do projeto de software pode ter
criado uma dependência arbitrária para começar a escrever a documentação do sistema
após o início da codificação. Porém, ela pode escolher antecipar essa atividade para algum
tempo antes de encerrar a anterior. Documenta-se, então, do mesmo modo, a antecipação.
28 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Saídas
VOCÊ SABIA?
Existem dois métodos principais para produzir diagramas: o primeiro foi apresentado ante-
riormente, o Método do Diagrama de Precedência (MDP); o segundo, mais antigo e menos
utilizado, é o Método do Diagrama de Setas (MDS). Nele, as atividades são representadas
pelas setas, com os nós representando as dependências entre as atividades. Nas setas, colo-
ca-se a descrição ou o código da atividade, e também é possível colocar a duração3, embora,
nesse momento, não necessariamente haja essa informação. Para conhecer melhor os dois
principais métodos para produzir diagramas, acompanhe as figuras a seguir.
3 Se tivermos a duração das atividades, podemos também representar o caminho crítico do projeto em ambas
as técnicas.
CAPÍTULO 1 29
D F
t=4 t=4
t= A
7
B G H
t = 15 t=5 t=2
t= C E
6 t = 11
Por fim, tenha em mente que, embora a solução de atividades-fantasma funcione, ela torna
o diagrama um pouco confuso, dificultando a sua compreensão.
Gráfico de Gantt
O Gráfico de Gantt foi publicado em 1919 pelo engenheiro mecânico Henry Gantt, com o
objetivo de controlar a produção industrial. Essa ferramenta ainda é muito adotada em pro-
jetos nos dias atuais. Ela compõe o pacote de várias ferramentas de gerenciamento de pro-
jetos que estão no mercado e é utilizada como uma forma gráfica para que se entenda o
andamento e o desempenho dos membros da equipe do projeto.
Esse formato é uma representação gráfica do projeto que contempla as atividades, os paco-
tes de trabalho, as contas de controle, etc., em forma de barras, com o tamanho propor-
cional ao prazo de execução e com a representação das dependências entre elas. Também
mostra o andamento de cada atividade, preenchendo a barra da atividade conforme sua
execução.
Esse diagrama mostra os membros da equipe que irão executar a tarefa, desde que eles
estejam previamente associados a essa tarefa, e destaca o caminho crítico, entre outros
recursos que ajudam o Gerente de Projetos a analisar o desempenho.
30 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
A figura a seguir mostra o Gráfico de Gantt de um projeto, ao lado de seu cronograma, com
as barras na altura da descrição das atividades no cronograma.
O caminho crítico está pintado de vermelho (atividade de número 7, 8, 14 e 15), para con-
trastar com as outras atividades em azul. Se essas atividades sofrerem atrasos, o prazo final
do projeto será imediatamente impactado.
Resumo
Neste capítulo, estudamos o conceito de tempo na visão de projetos, além de adquirirmos
uma visão dos processos componentes desta disciplina, com suas entradas, ferramentas,
técnicas e saídas.
Por fim, analisamos a forma de visualização do diagrama de rede chamada Gráfico de Gantt,
muito utilizada nos softwares de gerenciamento de projetos.
Esperamos ter atingido o objetivo deste capítulo, fazendo com que você esteja capacitado
para realizar os processos iniciais do Gerenciamento do Cronograma, além de estar pre-
parado para ingressar nos próximos capítulos, nos quais as estimativas começarão a ser
realizadas.
CAPÍTULO 2 31
Capítulo 2
GERENCIAMENTO DO
CRONOGRAMA EM
PROJETOS – ESTIMATIVA E
DESENVOLVIMENTO
32 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
UNIDADE 1
A ESTIMATIVA DA DURAÇÃO DAS ATIVIDADES
Estimar a duração das atividades de um projeto é uma das ações mais importantes e com-
plexas para a equipe de gerenciamento. Isso deve-se ao fato de que estimar é uma tarefa
em que a única certeza é o erro. Essa certeza surge pela própria definição da palavra esti-
mativa, que, de acordo com o dicionário Dicio (2018) “Cálculo de valor aproximado; avaliação
aproximada que se realiza sobre alguma coisa: estimativa de prejuízos”.
Com foco em projetos, o Guia PMBOK® (PMI, 2017, p. 746) conceitua o tema como “uma
avaliação quantitativa do valor ou resultado provável de uma variável, tal como custos do
projeto, recursos, esforços ou durações”.
Observa-se por essas definições, que estimativas, especialmente de duração, são muito ine-
xatas. Além disso, dependendo do momento em que a estimativa é feita, pode apresentar
maior, ou menor precisão. Isso significa que estimar uma atividade quando está prestes a
acontecer, diminui a probabilidade de erro, pois as condições ambientais na época da exe-
cução são mais próximas das atuais.
Nos casos em que a estimativa é feita com gordura, torna-se lógico esperar
que a tendência seja diminuir o prazo em que as atividades são realizadas,
o que resultaria em uma entrega adiantada do projeto. Porém, isso não
ocorre devido aos fenômenos, muito interessantes, que são inerentes
à natureza humana, dos quais destacamos três: a Multitarefa, a Lei de
Parkinson e a Síndrome do Estudante. Esses fenômenos serão detalhados
mais adiante.
NA PRÁTICA
Mas quais seriam os motivos das estimativas variarem tanto? Abaixo, listamos alguns deles,
baseado na literatura e na experiência em Gerenciamento de Projetos:
■■ fatores imprevistos, como paradas no ambiente onde a atividade vai ser executada (fal-
tas de luz, greves etc.), condições climáticas que interferem na atividade, ou faltas ines-
peradas de um recurso;
Plano de
gerenciamento
de projeto
Documentos
do projeto 6.4
Estimar as Documentos
Durações das do projeto
Atividades
Documentos do projeto:
• Atributos das atividades
• Lista de atividades
• Registro das lições aprendidas
• Lista de marcos
Atualizações de documentos
• Designações da equipe do projeto
do projeto:
• Estrutura analítica dos recursos
• Atributos das atividades
• Calendários dos recursos
• Registro de premissas
• Requisitos de recursos
• Registro das lições aprendidas
• Registro dos riscos
Empresa/
organização
Opinião especializada
Consiste no recrutamento de especialistas na execução das atividades do projeto para esti-
mar sua duração. Os especialistas podem realizar essa estimativa, com base na experiência,
no conhecimento, ou em dados históricos empíricos.
É válido ressaltar as vantagens e desvantagens do Método Delphi. Sobre isso, Carter e Beau-
lieu (1992, p. 5), apresentam o seguinte quadro:
VANTAGENS DESVANTAGENS
Possibilita a isenção de pressão social, influência de Necessita de mais tempo em comparação com
personalidade e dominação individual. outras técnicas, como grupos nominais.
Fornece uma perspectiva analítica ampla dos Demanda tempo adequado, cerca de 30 a 45 dias
problemas locais e relacionados, a partir de um para a realização de um processo com dois rounds, e
painel bem selecionado. comprometimento dos participantes.
Estimativa análoga
Essa técnica pode ser utilizada, quando efetivamente as tarefas são muito semelhantes, situ-
ação na qual funciona bem. Também é utilizada, quando os detalhes da tarefa que se deseja
estimar não estão bem definidos, ou está repleta de incertezas, não restando alternativa a
não ser a analogia. Nesse caso, são fortemente utilizadas as boas práticas e as lições apren-
didas coletadas das bases de dados da companhia, bem como as informações de especialis-
tas e as informações históricas.
De acordo com o PMBOK® (PMI, 2017, p. 200), “a estimativa análoga é geralmente menos
dispendiosa e consome menos tempo que outras técnicas, mas também é menos precisa”.
Estimativa paramétrica
A estimativa paramétrica é uma estimativa quantitativa. Ela é utilizada quando uma atividade
consiste em várias atividades do mesmo tipo, ou quando existe uma métrica de realização
da atividade e um valor padrão de duração da produção da unidade do que está sendo feito.
Por exemplo, um programador produz 1.000 linhas de códigos, trabalhando 200h por
mês, utilizando a linguagem de programação Assembly, logo, ele produzirá uma média
de 5 linhas/hora. Esse valor poderia ser um parâmetro para a duração de outras ativida-
des de programação de um projeto que utilize essa mesma linguagem de programação.
Agora, se outro projeto demanda uma programação em Python, esse parâmetro pode
não ter muita utilidade.
É uma técnica que permite explorar uma série de variáveis de entrada e inferir a relação com
os resultados de saída. Com base nisso é possível estabelecer a existência de um relaciona-
mento matemático, ou estatístico, para o uso de estimativas paramétricas futuras.
A análise da regressão pode ser usada como um método descritivo da análise de dados,
como o ajustamento de curvas, sem que necessitem de suposições acerca dos processos
que permitiram gerar os dados. Regressão designa também uma equação matemática, que
descreve a relação entre duas, ou mais variáveis.
38 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Qual exemplo teríamos para isso? Supomos que a Área de Compras de uma organização
tenha em seus limites mínimo e máximo, um prazo entre dois e três meses, para realizar todo
o processo de compra (variável dependente) de um determinado equipamento. Sabe-se, no
entanto, que toda vez que um equipamento vem de um grupo de fornecedores da Itália, ou
quando o euro oscila mais que o dólar, ou até, quando a especificação dos equipamentos
pode ser atendida por fornecedores americanos (todos esses fatores e quaisquer outros mais
são chamados de variáveis), o processo leva quase três meses em vez de dois meses. Então,
você levanta os dados de cada uma das possíveis variáveis que impactam o tempo de compra
e traça essas informações em um gráfico, Em seguida faz ajustes para ver qual impacto, por
exemplo, que uma oscilação maior, ou menor do dólar, causa no tempo de compra.
INFORMAÇÃO
EXTRA
Curva de aprendizado
Estimativa heurística
Trata-se de uma regra geral comumente aceita. Por exemplo, 80/20 onde 80% dos proble-
mas surgem por 20% das causas. Considerando a aplicação de Heurística em cronograma,
podemos avaliar que o trabalho de documentação de um software representa 20% da dura-
ção total do projeto.
Para realizar a estimativa com essa técnica, é preciso considerar os riscos da estimativa mais
provável e, a partir das estimativas análoga, paramétrica, opinião de especialistas etc., efe-
tuar três estimativas para a tarefa:
■■ mais provável – aquela que normalmente seria considerada a partir da média das ativi-
dades semelhantes, ou da previsão do especialista.
■■ otimista – uma estimativa considerando o melhor caso, ou seja, a ocorrência dos riscos
positivos da atividade.
Após fazer as três estimativas, define-se a duração da atividade do cronograma com um dos
seguintes cálculos:
(P + M + O )
a) Distribuição triangular:
3
b) Distribuição BETA:
(P + 4M + O)
6
No primeiro caso (a), utiliza-se uma média simples, sendo que o risco “Mais Provável” tem
o mesmo peso dos riscos Otimista e Pessimista. Já no segundo caso (b), também conhecido
como Project Evaluation and Review Technique (PERT)1, utiliza-se uma média ponderada, com
o risco “Mais Provável”, tendo um peso maior que os demais.
1 O método Project Evaluation and Review Technique (PERT) é diferenciado do método CPM (Critical Path Method),
que considera somente a estimativa mais provável. Esses termos não são mais utilizados pelo Guia PMBOK®.
40 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Vale ressaltar que as informações Pessimistas, Otimistas e Mais Prováveis ajudarão a calcu-
lar o Desvio Padrão e Variância da atividade. De acordo com a fórmula PERT, tem-se:
Desvio padrão:
(P − O )
6
Variância:
(P − O ) 2
6
Sendo:
M = Mais provável,
P = Pessimista,
O = Otimista
Estimativa Bottom-up
Quando existe uma dificuldade em se fazer a estimativa de duração de uma atividade, pode-
mos quebrá-la em tarefas menores, até o nível mínimo, no qual se pode fazer uma previsão.
Após estimar os recursos de cada uma dessas tarefas, eles são somados para que se faça a
estimativa da atividade original.
A estimativa das durações é feita na atividade de nível mais baixo (ou bottom) e, depois,
esses valores são somados, considerando as dependências entre as atividades, para se esti-
mar as durações dos níveis acima, até se alcançar a estimativa de duração do projeto inteiro.
VOCÊ SABIA?
CAPÍTULO 2 41
Análise de dados
Análise de dados também podem ser utilizadas nessas estimativas. São divididas em aná-
lise de alternativas e análise de reservas.
Análise de alternativas: utilizada para avaliar se existem alternativas melhores, ou mais viá-
veis para o projeto. Pode ser usada para comparar se é melhor usar um recurso mais, ou
menos experiente para aquela atividade, qual técnica de compressão de cronograma é preferí-
vel, se é melhor comprar, alugar ou desenvolver por conta própria uma solução, por exemplo.
Tomada de decisão
Incluem as técnicas que podem ser utilizadas no processo de estimar duração das ativida-
des. Dentre elas destacam-se a votação, que leva em consideração uma escolha coletiva, a
decisão autocrática, em que uma pessoa assume a responsabilidade pela decisão, e a aná-
lise de decisão envolvendo critérios múltiplos, em que é utilizada uma abordagem analítica,
para definir critérios (como níveis de riscos, incerteza e avaliação) de como as decisões
serão avaliadas.
Reuniões
As reuniões acontecem com a equipe de projeto, para estimar no projeto as durações das
atividades.
UNIDADE 2
OS COMPORTAMENTOS PREJUDICIAIS AO SUCESSO DO PROJETO
De acordo com estudos da psicologia, existem diversos fatores de natureza humana, que
prejudicam o sucesso dos projetos, tanto no momento da realização das estimativas, pois
tendem a ser maiores do que o necessário, quanto no momento da execução da tarefa. Des-
tacaremos três fenômenos muito frequentes em projetos: a multitarefa, a Lei de Parkinson
e a síndrome do estudante.
42 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Multitarefa
O recurso gasta um tempo para adaptação entre a execução de uma atividade e outra, isto
é, para se acomodar ao ambiente de uma nova tarefa, ou até mesmo para descansar, se
desligar da tarefa anterior e se conectar a uma nova. Ao intercalar pedaços de tarefas, esses
intervalos se multiplicam, o que aconteceria com menos frequência, se a execução de um
único trabalho fosse até o fim. Podemos observar como isso ocorre, na figura a seguir.
ajuste
ajuste
ajuste
ajuste
ajuste
ajuste
ajuste
ajuste
ajuste
ajuste
A B C A B C A B C
A multitarefa, nesses casos, além de atrasar a entrega de todas as tarefas em conjunto, tam-
bém atrasa as tarefas individualmente. Se uma pessoa pode se beneficiar do resultado da
tarefa A, ela só irá fazer isso mais tarde, com a multitarefa.
CAPÍTULO 2 43
Lei de Parkinson
A chamada Lei de Parkinson constata que o trabalho se expande para preencher o tempo
disponível. Esse fenômeno ocorre, porque, mesmo que estimar a duração de uma tarefa
com precisão seja quase impossível, essas estimativas tornam-se compromissos.
O gerente de projeto deve concentrar seu esforço em entregar o projeto como um todo, no
prazo e não em exigir que as tarefas, individualmente, não tenham atrasos. Esse esforço
provoca um acréscimo automático de prazo de incertezas, embutido nas tarefas. Além disso,
os responsáveis por entregas maiores que agregam várias tarefas realizadas por diferentes
recursos, colocam a sua margem, assim como o gerente de projeto adiciona uma gordura
no prazo do projeto como um todo.
Além disso, quanto maior a incerteza da tarefa, maior a gordura necessária para garantir
uma probabilidade grande da entrega ser realizada no prazo. Dessa forma, muitas vezes,
encontramos prazos onde metade ou mais é gordura adicionada e o resto seria o prazo
médio para se concluir a tarefa, caso não acontecessem imprevistos.
É nesse momento em que a Lei de Parkinson nos afeta. Se as tarefas fossem realizadas
no prazo correto, o projeto seria entregue adiantado, pois em boa parte das tarefas, não
ocorreriam imprevistos. Mas essa ocorrência geraria lições aprendidas que fariam com que
o gerente de um próximo projeto com tarefas semelhantes, questionasse os prazos dados
com folga. Logo, o executor da tarefa, mesmo sem intenção, provoca a realização da tarefa
no prazo dado, evitando ser questionado sobre esse prazo posteriormente. Isso gera um
atraso sistemático na maioria dos projetos, desperdiçando recursos da organização.
44 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
INFORMAÇÃO
EXTRA
Síndrome do estudante
Podemos considerar esse fenômeno como uma das formas de atuação da Lei de Parkinson,
pois também acarreta o preenchimento automático da gordura das atividades. Essa sín-
drome também nos incentiva a crer que as pessoas sabem estimar o tempo para realizar as
tarefas com mais precisão, do que, normalmente, o fazem. Isso porque elas sabem calcular
o momento limite que devem começar a fazer a tarefa, diminuindo os riscos de atraso.
Para minimizar os efeitos da Síndrome do Estudante, foi proposta uma maneira alternativa
para a confecção do cronograma – o método da corrente crítica. Esse método será deta-
lhado mais adiante.
UNIDADE 3
O DESENVOLVIMENTO DO CRONOGRAMA
Plano de Plano de
gerenciamento gerenciamento
de projeto de projeto
• Linha de base do
cronograma
Plano de gerenciamento de projeto:
• Plano de gerenciamento do
cronograma
• Linha de base do escopo Atualizações do plano de
gerenciamento do projeto:
• Plano de gerenciamento do
cronograma
Documentos • Linha de base dos custos
do projeto
12.2
Conduzir Documentos
as aquisições do projeto
• Acordos
Atualizações de documentos
do projeto:
• Atributos das atividades
Empresa/ • Registro de premissas
organização • Estimativas de duração
• Registro das lições aprendidas
• Fatores ambientais da empresa • Requisitos de recursos
• Ativos de processos organizacionais • Registro dos riscos
Após o fim do planejamento, uma linha de base (baseline) do cronograma deve ser salva,
para que se possa compará-la com o progresso real do projeto. O cronograma passa a
representar um compromisso da equipe de gerenciamento do projeto com o patrocinador.
Na figura a seguir, você poderá verificar um exemplo de cronograma no MS Project, uma das
diversas ferramentas de gerenciamento de projetos disponíveis no mercado.
Restrições de datas
É uma restrição flexível, pela qual uma atividade deve ser rea-
O Mais Tarde Possível
lizada em sua data de início, o mais tarde possível.
Caminho crítico
Esta é uma das principais técnicas para o desenvolvimento do cronograma e seu posterior
controle. Consiste na sequência de atividades do diagrama de rede, que tem a maior dura-
ção, dentre todos os caminhos do cronograma. Dessa forma, nenhuma das atividades pos-
sui folga, ou seja, as mesmas devem ser iniciadas exatamente na data prevista, já que um
eventual atraso impacta na data final do projeto.
Um projeto pode ter um, ou mais caminhos críticos, pois mais de uma sequência de atividades
pode ter a mesma duração total e essa ser a maior duração de todos os caminhos do projeto.
A figura a seguir, tirada do software MS Project, destaca em vermelho, o caminho crítico no grá-
fico da Gantt. Havendo algum atraso nessas atividades, o prazo final do projeto é impactado.
Para efetuar o cálculo do caminho crítico, sugerimos um procedimento que define as datas
de início e de término mais cedo e mais tarde das atividades, bem como calcula as folgas
e verifica as atividades com folga zero. O caminho em que todas as atividades apresentam
folga zero é o caminho crítico.
Início mais cedo (IMC)= início mais cedo predecessora + duração predecessora
Caso haja mais de uma predecessora, utiliza-se aquela que tem a data mais tardia dentre as
datas de “início mais cedo”.
Para a demonstração do cálculo desse e dos próximos passos, utilizaremos como exemplo
o diagrama de redes da Figura a seguir, considerando que a primeira tarefa A começa no dia
1 de março.
Os retângulos na parte de
cima de cada tarefa
representam o início e o
término mais cedo, da B – 11 d C–6d
esquerda para a direita.
Calculando-se as datas de início e de término mais cedo pelas fórmulas dadas, temos os
cálculos mostrados no quadro a seguir.
A - 5 01/mar 05/mar
B A 11 06/mar 16/mar
C B 6 17/mar 22/mar
D A 4 06/mar 09/mar
E D 5 10/mar 14/mar
F C 5 23/mar 27/mar
G F 2 28/mar 29/mar
Término mais tarde = menor Início mais tarde das atividades sucessoras - 1
Calculando-se as datas de início e de término mais tarde pelas fórmulas sugeridas, temos os
cálculos mostrados no quadro a seguir.
Quadro 3 - Cálculo das datas de início mais tarde e de término mais tarde
A B 5 01/mar 05/mar
B C 11 06/mar 16/mar
C F 6 17/mar 22/mar
D E 4 14/mar 17/mar
E F 5 18/mar 22/mar
F G 5 23/mar 27/mar
G - 2 28/mar 29/mar
3. Folga livre – o quanto uma atividade pode atrasar sem comprometer a data da próxima
atividade na rede.
4. Folga total – o quanto uma atividade pode atrasar sem alterar a data final do projeto.
A→B→C→F→G
Figura 8 - Diagrama de rede com datas de início e de término mais cedo e mais tarde, e folgas calculadas
Folga = 0 Folga = 0
6/mar 16/mar 17/mar 22/mar
B – 11 d C–6d
6/mar 16/mar 17/mar 22/mar
Folga = 0
Folga = 0 Folga = 0
1/mar 5/mar 23/mar 27/mar 28/mar 29/mar
A–5d F–5d G–2d
1/mar 5/mar
23/mar 27/mar 28/mar 29/mar
Folga = 8 Folga = 8
6/mar 9/mar 10/mar 14/mar
D–4d E–5d
14/mar 17/mar 18/mar 22/mar
Otimização de recursos
Durante a construção do cronograma e após a identificação do caminho crítico, uma técnica
de análise permitirá avaliar a rede e diminuir riscos de atraso – é o nivelamento de recur-
sos. Com essa técnica, são analisadas as disponibilidades dos recursos críticos compartilha-
dos entre atividades do projeto, verificando se estão sobrecarregados e possibilitando que
sejam utilizados de maneira mais eficiente.
52 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Em caso de sobrecarga, pode-se atrasar uma atividade, subdividi-la a fim de que comece a
ser executada, ou ainda parar e recomeçar quando o recurso estiver disponível. O gerente
de projetos pode providenciar a alocação ou contratação de um novo recurso, ou priorizar
as atividades do caminho crítico e, fazendo o nivelamento, transferir recursos entre as ativi-
dades. Esse deslocamento pode modificar o caminho crítico do projeto.
Outra questão em que essa técnica ajuda é no equilíbrio entre os recursos do projeto. Sem
utilizá-la, muitos recursos podem ficar deslocados em boa parte do tempo, enquanto outros
permanecem com excesso. Esse fenômeno é minimizado com o nivelamento.
Outra técnica que pode ser utilizada é a estabilização dos recursos, que consiste em ajus-
tar os recursos para trabalhar dentro dos limites de folga das atividades. Diferente do nivela-
mento de recursos, o caminho crítico, a data de conclusão e os custos permanecem os mes-
mos, porém esta técnica não tem a capacidade de otimizar todos os recursos do projeto.
Análise de dados
Em um projeto, pode-se utilizar essa técnica na avaliação de prazo, custos e riscos. Nosso
foco será em sua utilização, para apoiar o desenvolvimento do cronograma, ou seja, no
prazo. Para isso, no momento da estimativa de duração de cada atividade, deve ser definido
o tempo nos cenários otimista, mais provável e pessimista. Além disso, o gerente de projetos
deve escolher um tipo de distribuição para as probabilidades de duração de cada atividade.
A aplicação das simulações de Monte Carlo, nos dias atuais, deve ser apoiada por ferramen-
tas específicas para esse objetivo tais como o @Risk, o SimulAr e o Crystal Ball®. Essas ferra-
mentas funcionam como plug-ins do MS Excel, sendo facilmente utilizadas por quem possui
conhecimentos básicos de estatística.
54 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Figura 10 - Distribuição normal escolhida para a distribuição das probabilidades da duração de uma
atividade de um projeto na ferramenta SimulAr®
Deve ser escolhida como variável de saída, a soma das durações das atividades dos diversos
caminhos do diagrama de redes do cronograma. Posteriormente, seleciona-se a quantidade
de simulações que serão executadas, por exemplo, dez mil, e são dadas como saída, após
as iterações, todas as estatísticas da duração do caminho do diagrama de rede em questão,
além de outras informações importantes, como a probabilidade de se concluir o projeto em
determinada data, ou com um determinado custo, a probabilidade de uma tarefa específica
estar no caminho crítico por verificar locais de convergência de várias atividades no dia-
grama de rede, assim como o risco geral do projeto.
Antecipações e esperas
Dentro do processo de Sequenciar Atividades, antecipações e esperas “são refinamentos
aplicados /.../ para produzir um cronograma viável ajustando o tempo de início das ativida-
des sucessoras” (PMI, 2017, p. 214). Desta forma, por exemplo, se houver necessidade de
adiantar a atividade predecessora frente à sua sucessora, o cronograma deve refletir isso.
Compressão do cronograma
Quando o cronograma do projeto mostra ao final da sua elaboração que o projeto vai ter-
minar após a data estipulada como limite pelo cliente, ou, até mesmo, quando atividades
do caminho crítico atrasam, a equipe de gerenciamento do projeto precisa comprimir o
cronograma.
Nos exemplos a seguir é possível conferir a aplicação do método paralelismo. Neles, pode-
mos perceber que não houve alteração na duração das atividades, contudo, houve redução
na duração do pacote de trabalho.
A compressão ocorre acelerando uma, ou mais atividades específicas, por adicionar recur-
sos ao projeto, ou fazer uso de horas extras. Essa possibilidade, invariavelmente, aumenta o
custo de determinada atividade, além de ter aplicabilidade restrita à natureza das atividades.
Existem atividades que não podem ser comprimidas, como nos casos em que dependem de
uma reação química que demora a ocorrer. Além disso, conforme anteriormente citado, ao
acrescentarmos um recurso às atividades, nem sempre temos o prazo diminuído propor-
cionalmente. Outro fato é que o uso de horas extras, geralmente resulta em uma produtivi-
dade menor do recurso devido ao cansaço e ao estresse, além de aumentar a probabilidade
de erros, elevando o risco de retrabalho.
CAPÍTULO 2 57
O SIGP também faz parte das ferramentas e técnicas que podem ser utilizadas no processo
de Desenvolver o Cronograma.
Saídas
As saídas do processo “desenvolver cronograma” são a linha de base do cronograma, o
cronograma do projeto propriamente dito, os dados do cronograma, calendário do projeto,
solicitações de mudança – quando houver – e as atualizações do plano de gerenciamento do
projeto e dos documentos do projeto.
Os documentos que formam as linhas de base são aprovados pela equipe do projeto e pelo
patrocinador e, com base neles, o desempenho do projeto é medido. Normalmente, para
se mudar algum documento da linha de base, é necessária uma solicitação de mudança.
Porém, isso pode ser flexibilizado para simplificar o processo de gerenciamento de projetos,
exigindo que as solicitações de mudança somente aconteçam, quando houver mudança de
escopo, de prazo, de custo, ou de qualidade esperada de uma entrega.
A descrição das atividades, normalmente, vem identificada, de modo que as atividades dos
pacotes de trabalho sejam facilmente percebidas como partes integrantes do mesmo grupo.
A lista, ou tabela, é o formato de cronograma mais reconhecido, porém mais difícil de ser
compreendido. Geralmente, é utilizado pela equipe de gerenciamento do projeto, que
conhece bem as tarefas e suas inter-relações.
Gráfico de Gantt
Trata-se de uma representação gráfica do projeto em forma de barras horizontais, mais fácil
de ser lida e melhor compreendida por usuários que não conhecem tão bem o projeto. Tam-
bém é uma forma de se representar o diagrama de rede, pois tem identificadas as relações
de precedência entre as atividades.
Diagrama de Marcos
Essa visão mostra somente as datas das entregas mais importantes do projeto. É mais
utilizada para comunicação com clientes, patrocinadores e executivos, apresentando, ape-
nas, o que interessa diretamente a esse público.
60 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Nesta figura é possível observar que as atividades foram filtradas para apresentar apenas
os marcos do projeto.
Resumo
Na primeira unidade deste capítulo, em Estimativa da duração das atividades, mostra-
mos a complexidade de se efetuar estimativas e explicamos diversas técnicas, que minimi-
zam a margem de erros.
Esperamos ter atingido o objetivo deste capítulo, fornecendo ferramentas para que você
realize esses processos do gerenciamento do cronograma.
CAPÍTULO 3 61
Capítulo 3
GERENCIAMENTO DO
CRONOGRAMA EM PROJETOS –
CONTROLE E OUTROS MÉTODOS
62 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
INTRODUÇÃO
Para muitas pessoas que executam projetos, Entendemos também que, com o crescimento e
mas não possuem conhecimentos técnicos mais a adesão aos métodos ágeis de gerenciamento
aprofundados sobre as melhores práticas, o de projetos, seria necessário dedicarmos uma
cronograma é a única ferramenta existente. Ele é unidade exclusiva para abordar alguns métodos
um meio pelo qual se realiza todo o planejamento existentes e os softwares utilizados para auxiliar o
e se controla a execução, sem o auxílio de outras seu gerenciamento.
ferramentas fundamentais, como planos de
gerenciamento, planos de comunicação ou EAP. Dessa forma, acreditamos que você possa dedicar
atenção especial às boas práticas existentes na
Após a elaboração do cronograma, é chegado o literatura, com foco em construir e gerir o seu
momento de, efetivamente, executar o projeto. cronograma da melhor maneira possível e com o
Para isso, é necessário que se faça o controle de objetivo de atingir os melhores resultados no seu
todas as atividades, respeitando a quantidade de projeto.
recursos para sua execução e os prazos previstos
para suas entregas.
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
UNIDADE 1
CONTROLAR O CRONOGRAMA
■■ se os fatores de produção não estão sendo utilizados em atividades diferentes das des-
critas no projeto;
■■ se mudanças não estão sendo realizadas sem o efetivo controle previsto no plano de
gerenciamento de projetos;
■■ ajuste de partes futuras do projeto para lidar com os atrasos, evitando solicitar uma
prorrogação de prazo.
Plano de 4.5
gerenciamento Monitorar e
de projeto Controlar o
• Informações Trabalho do
sobre o Projeto
Plano de gerenciamento do projeto desempenho do
• Plano de gerenciamento do trabalho
4.6
cronograma Realizar o
• Linha de base do cronograma Controle
• Linha de base do escopo • Solicitações de Integrado
• Linha de base da medição do mudança de Mudanças
desempenho
Documentos
do projeto
6.6 Plano de
Controlar gerenciamento
Documentos do projeto o cronograma de projeto
• Registro das lições aprendidas
• Calendários do projeto Atualizações do plano de
• Cronograma do projeto gerenciamento do projeto
• Calendários dos recursos • Plano de gerenciamento do
• Dados do cronograma cronograma
• Linha de base do cronograma
4.3 • Linha de base dos custos
Orientar e • Linha de base da medição do
Gerenciar o desempenho
Trabalho do
Projeto Documentos
• Previsões do
cronograma do projeto
• Dados de desempenho do
trabalho Atualizações de documentos
do projeto:
• Registro de premissas
Empresa/ • Bases das estimativas
organização • Registro das lições aprendidas
• Cronograma do projeto
• calendários dos recursos
• Ativos de processos organizacionais • Registro dos riscos
• Dados do cronograma
Área Responsável: <Área responsável Gerente do Projeto: <Nome completo do gestor do projeto>
pelo projeto>
Área do Aprovador: <Sigla da Área do Aprovador: <Nome completo do aprovador>
aprovador>
() Cronograma () Qualidade
Descrição da mudança solicitada
<Obrigatória - citar e descrever a mudança solicitada, informando que produto(s) e/ou serviço(s) que
será(ão) gerado(s) e/ou afetado(s) com a sua realização.>
Justificativa
<Obrigatória - sucinta descrição da motivação para a realização da mudança solicitada - Porque o
projeto deve ter essa mudança?>
Essa solicitação deve ser sempre analisada pelo Comitê Integrado de Mudanças, podendo
ser aprovada ou rejeitada pelo patrocinador ou pelo comitê. Tanto o cronograma quanto
os documentos que foram afetados pela mudança devem ser alterados. Uma nova linha de
base do cronograma deve ser gerada sempre após uma mudança aprovada nesse artefato.
CAPÍTULO 3 67
■■ criação de opções/alternativas;
Veja que a Variação de Prazo (VPR) é igual ao Valor Agregado (VA) menos o Valor Planejado (VP):
VPR = VA - VP
Já o Índice de Desempenho de Prazos (IDP) é a relação entre VA e VP. Pode ser utilizado para
prever a data de término do cronograma. Quando esse índice é menor que 1, significa que
o projeto está atrasado; se for maior que 1, o projeto está adiantado; e, se for igual a 1, o
projeto caminha conforme previsto.
IDP = VA / VP
68 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Outra forma de medição de desempenho de prazo do projeto ocorre via gráficos de barras
de comparação do cronograma. A maioria dos softwares atuais de gerenciamento de projeto
viabiliza essa análise, em que o gerente do projeto atualiza o status das atividades (e uma
barra de andamento é desenhada concomitantemente, representando o andamento plane-
jado). A figura a seguir mostra a utilização do gráfico de barras para análise do cronograma.
Data de status
A medição do desempenho oferece subsídios para a análise das variações. Portanto, quando
um desempenho não satisfatório é identificado, é preciso analisar os desvios, para que
sejam implementadas ações corretivas.
INFORMAÇÃO
EXTRA
Muitas vezes, os desvios não são suficientemente impactantes para justificar uma ação cor-
retiva. Em outras situações, esses desvios necessitam de ações enérgicas, inclusive com a
participação do patrocinador do projeto.
CAPÍTULO 3 69
Logo, é importante a elaboração de um relatório em que se avalie o impacto dos desvios (se
ele vai alterar a data final de entrega do projeto, se a atividade com desvio tem folga sufi-
ciente para suportá-lo, etc.), a necessidade de ação corretiva, seu detalhamento e a expecta-
tiva do resultado. Caso não seja necessário, justifica-se no relatório.
Relatórios de acompanhamento
Área Responsável: <Área responsável Gerente do Projeto: <Nome completo do gestor do projeto>
pelo projeto>
Área do Aprovador: <Sigla da Área do Aprovador: <Nome completo do aprovador>
aprovador>
Objetivos do Projeto
Ocorrências Relevantes
Pontos de Atenção
VOCÊ SABIA?
Vale destacar pontos importantes que devem constar nos relatórios de acompanhamento:
■■ índices claros e objetivos;
■■ cronograma atualizado;
É importante levar em consideração o público que irá receber as informações, haja vista que
um grupo pode desejar informações mais detalhadas, como coordenadores e gerentes, por
exemplo, enquanto outro pode desejar algo mais genérico, como diretores (destacando os
problemas que só essa esfera poderia resolver). Mas isso varia de acordo com a realidade
de cada organização.
UNIDADE 2
MÉTODO DA CORRENTE CRÍTICA
O método da corrente crítica (Critical Chain Project Management – CCPM) é uma filosofia
utilizada para o desenvolvimento de cronograma e controle do projeto. Esse método foi
introduzido por Eliyahu M. Goldratt na década de 1990 e apresentado em seu livro Criti-
cal Chain (1997). Baseado em um algoritmo derivado da Teoria das Restrições, também do
mesmo autor, pode levar à execução de projetos que são de 10% a 50% mais rápidos que as
metodologias tradicionais, como a do Caminho Crítico.
CAPÍTULO 3 71
A corrente crítica possui semelhanças com o caminho crítico. Porém, considera, além das
relações de precedência entre as atividades, as dependências de recursos (enquanto no
método do caminho crítico, os recursos são considerados infinitos). Para conhecer as princi-
pais diferenças entre as duas filosofias, acompanhe o quadro a seguir.
Podemos ver, pela figura a seguir, a diferença entre o caminho crítico de um projeto e a cor-
rente crítica de recursos.
72 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
A corrente crítica de recursos tem sempre maior duração porque as tarefas são deslocadas
para frente com base na disponibilidade dos recursos que devem executá-las, após o nive-
lamento desses recursos.
Essa figura mostra o cronograma inicial, sem ponderar a dependência de recursos e as esti-
mativas de duração das tarefas, calculadas da maneira tradicional.
1. A primeira tarefa para montar a corrente crítica é retirar as gorduras das estimativas de
duração das atividades, as quais podem representar até 50% de sua duração. A realização
dessa estimativa insere na atividade uma segurança que aumenta a probabilidade de que
ela seja cumprida no prazo. Por causa de fenômenos como a Multitarefa, a Lei de Parkin-
son e a Síndrome do Estudante, a tarefa acaba sendo realizada em seu prazo máximo,
atrasando o projeto.
CAPÍTULO 3 73
Probabilidade
SUA
MEDIANA ESTIMATIVA
SEGURANÇA
Tempo
50% 30%
2. Logo, ao removermos essa margem de segurança nas estimativas de atividade das tare-
fas, obtemos o cronograma encurtado de maneira significativa.
4. Após a identificação da corrente crítica, modificamos a data de início das tarefas para a
data de início mais tarde. O método da corrente crítica defende a utilização da data de iní-
cio mais tarde para diminuir o risco de retrabalho nessas atividades diante da ocorrência
de mudanças, além de ser bom para o fluxo de caixa do projeto. Isso também minimiza o
desperdício de tempo por diminuir as folgas nas tarefas.
Nessa etapa, o gerente deve inserir o buffer do projeto (project buffer) após a corrente crí-
tica e os feeding buffers nas ligações entre outros caminhos e a corrente crítica. Existem
vários métodos para o cálculo dos buffers, sendo o mais simples aquele que representa a
metade de todas as gorduras que foram retiradas das atividades individualmente. Dessa
forma, mantém-se uma margem de segurança garantida pelos buffers, enquanto diminui-se
o prazo de entrega. Na figura a seguir, o projeto duraria 200 dias após o nivelamento de
recursos sem a utilização da corrente crítica (e passaria a durar 150 dias considerando o
buffer do projeto).
CAPÍTULO 3 75
O gerente, durante a execução, passa a gerenciar os buffers (e não mais as entregas das ati-
vidades, feitas individualmente). Para cada buffer, dependendo de seu consumo, há atitudes
predefinidas a serem tomadas, a saber:
Primeiramente, vale ressaltar que o método da corrente crítica não é a salvação do geren-
ciamento de projetos e que existem algumas limitações sobre sua aplicação. Os autores
Raz, Barnes e Dvir (2003) destacam dois problemas: o primeiro dele está na margem de
segurança alocada pelo especialista na tarefa, haja vista que nem todas as pessoas colocam
a mesma quantidade de gordura numa atividade; o segundo ponto é se os especialistas
concordarão em reduzir suas estimativas de duração e mesclar seus fatores de segurança
individuais no projeto com os feeding buffers.
76 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
De qualquer maneira, trabalhar com o método da corrente crítica, por ser uma metodologia,
é mais eficaz do que não trabalhar com nenhuma metodologia. Raz, Barnes e Dvir (2003,
p.31) sugerem que se a sua organização não possui um planejamento efetivo de projeto e
processos de controle, executa um número relativamente grande de projetos similares em
um ambiente matricial, e sua principal preocupação é cumprir prazos, o método da corrente
crítica pode ser benéfico.
UNIDADE 3
MÉTODO ÁGIL EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Alguns autores apontam o surgimento do método ágil com o sistema de fabricação da Toyota,
hoje conhecido como Lean Manufacturing – que, dentre suas ferramentas, inclui o kanban –,
enquanto outros destacam o artigo de Takeuchi e Nonaka, The New New Product Development
Game, publicado na década de 1980 (RIGBY, D; SUTHERLAND, J; TAKEUCHI, H., 2016).
O fato é que as metodologias ágeis cresceram e se desenvolveram nos últimos anos e foram
adotadas no Guia PMBOK®, em sua 5ª edição, ganhando mais ênfase com a introdução de
algumas ferramentas e técnicas, como sprint e planejamento de iteração, como destacado
no processo Desenvolver o Cronograma.
O manifesto ágil
O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para e entre uma equipe
6
de desenvolvimento é através de conversa face a face.
O manifesto destaca que as pessoas e suas interações são mais importantes do que proces-
sos e ferramentas; que trabalhar em software é mais importante do que fazer a sua docu-
mentação; que a colaboração com o cliente é mais importante do que as negociações e
contratos; e que responder às mudanças é mais importante do que seguir um plano.
78 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Os métodos ágeis
O método ágil engloba uma série de conceitos, como o desenvolvimento iterativo e incre-
mental e os times auto-organizáveis e multifuncionais, que buscam o envolvimento mais
próximo dos usuários (clientes) para o desenvolvimento da solução, possibilitando assim
uma maior chance de retorno do investimento feito.
Requisitos
do sistema
Requisitos
do software
Análise
Design
do programa
Codificação
Teste
Operações
O próprio autor, contudo, falava dos riscos que esse modelo trazia, visto que era necessá-
ria uma especificação bem detalhada do que o cliente queria (e nem sempre ele tem plena
consciência de tudo o que necessita). Como o desenvolvimento é feito de uma só vez e o
cliente não terá a chance de fazer novas solicitações, há uma inclinação de se colocar mais
funcionalidades do que seria necessário. Outro ponto importante diz respeito ao seguinte
fato: se os requisitos forem alterados, isso afetará o prazo final da entrega. Da mesma forma,
se um erro ocorrer, ele só será percebido muito tarde, na fase de testes.
Já o desenvolvimento ágil tem uma abordagem iterativa e incremental. A construção é feita por
partes (incrementos), em vários ciclos de desenvolvimento (iterações). Dessa forma, se tem um
resultado, há um produto mínimo viável (minimum viable product – MVP) em cada ciclo.
CAPÍTULO 3 79
Iteração 1
Iteração 2
Iteração 3
Iteração 4
Iteração 5
Requisito Requisito Requisito Requisito Requisito
Análise Análise Análise Análise Análise
Construção Construção Construção Construção Construção
Teste Teste Teste Teste Teste
Liberação Liberação Liberação Liberação Liberação
Existe uma série de métodos para trabalhar com o desenvolvimento ágil. Alguns enfocam o
gerenciamento do fluxo de trabalho (como o Scrum e o Kanban), outros abordam a prática
(como a modelagem ágil e a programação extrema). Também há aqueles que oferecem
suporte às especificações e ao desenvolvimento de requisitos (FDD), além daqueles que
cobrem todo o ciclo de desenvolvimento (DSDM, RUP).
De acordo com a 12ª publicação do State of Agile (2018), as metodologias mais utilizadas são
o Scrum, ScrumBan e o Scrum/XP híbrido, com 70% de adesão. Outras metodologias híbri-
das têm 14%; o Kanban, 5%; o desenvolvimento iterativo, 3%; Lean Startup e Programação
Extrema (XP), aproximadamente 1% cada; e outros métodos têm, aproximadamente, 6%.
Dentre os benefícios que o método ágil pode trazer, destacam-se a habilidade de gerenciar
as mudanças de prioridade, a visibilidade e transparência do projeto (com entregas mais
curtas, mais rápidas e mais simples, é mais fácil ter uma ideia do que está acontecendo), o
alinhamento com o negócio, o aumento da produtividade, da moral da equipe e da quali-
dade da entrega, a redução do risco e dos custos dos projetos.
Scrum
Ao contrário do que se pensa, o Scrum não é um processo ou metodologia de gerencia-
mento de projetos; é um framework que reúne uma série de técnicas, princípios, práticas
e valores que permitem à equipe do projeto fazer entregas de alto valor em um ambiente
instável e complexo. De fato, o Scrum é melhor aplicado em ambientes caóticos, nos quais
a tecnologia é mais complexa e quando não se conhece suficientemente bem os requisitos.
No entanto, para que as entregas aconteçam, é necessário priorizar o que será desenvolvido
antes e o que pode ser deixado para os ciclos seguintes.
Como as entregas são feitas de forma gradual, ajustes, alterações e correções de erro ao
longo do processo não têm um impacto tão grande quanto teriam em um modelo de desen-
volvimento tradicional, em cascata. Isso possibilita, assim, maior qualidade das entregas.
Esses princípios, no entanto, só se fortificam quando são baseados nos 5 valores do Scrum:
comprometimento (em atingir os resultados), coragem (para fazer o trabalho certo, mesmo
nas adversidades), foco (nos trabalhos da sprint), sinceridade (quando a equipe e os stake-
holders abrem o jogo sobre os desafios a serem vencidos) e respeito (pela independência e
capacidade de cada um).
CAPÍTULO 3 81
Papéis do Scrum
Para que o Scrum seja adotado, é fundamental a existência de três papéis na equipe do
Scrum (Scrum team): o Product Owner, o Scrum Master e o Development Team. Também é
necessário que seus trabalhos sejam respeitados pela organização.
Product Owner: é aquela pessoa que, conhecendo as necessidades dos clientes, promove
a visão do produto, especificando as características que esse produto precisa ter e qual item
do backlog do produto deve ser priorizado (de acordo com a demanda dos stakeholders).
Responsável por monitorar o progresso das entregas. Geralmente é um Gerente de Produ-
tos ou Patrocinador do Projeto.
Scrum Master: é um facilitador (não um gerente de projeto) que exerce a função de lide-
rança servidora para a equipe do Scrum e que tem a responsabilidade de remover entraves
no trabalho, manter a equipe produtiva e disseminar para a organização a teoria, as regras,
os valores e as práticas do Scrum. Deve garantir que os artefatos do Scrum (definidos a
seguir) sejam transparentes. Ele é a autoridade no Scrum, e, para isso, precisa ter grande
conhecimento do Scrum. Geralmente é um Gerente de Projeto.
Eventos do Scrum
São os cinco eventos compulsórios do Scrum, com duração fixa (ou time boxed), para inspeção
e adaptação da sprint, que ajudam a manter a transparência e a tornar mais produtiva a equipe
do Scrum. É papel do Scrum Master organizar e facilitar esses eventos (sprint, Planejamento da
sprint, Reuniões diárias, Revisão da sprint e Retrospectiva da sprint, detalhados a seguir).
Sprint: é o coração do Scrum. É composto pelas iterações, eventos que duram 1 mês ou
menos, em que os backlogs do produto são desenvolvidos pelo Time de Desenvolvimento
e entregues em forma de um incremento de produto ou produto final. Cada sprint pode
ser considerada um projeto de um mês de duração. E uma sprint começa após o término
da anterior. Caso seu objetivo se torne obsoleto, a sprint pode ser cancelada pelo Product
Owner, e todo o backlog do produto deve ser revisto.
82 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
É uma reunião da equipe do Scrum, de, no máximo, 8 horas (para cada sprint de 1 mês), para
planejar o trabalho necessário na sprint. Nessa reunião, dividida em dois tópicos, o Product
Owner apresenta os itens do backlog do produto que devem ser feitos. Em seguida, é dis-
cutido como o trabalho será feito, para que os itens possam ser decompostos; e as tarefas,
estimadas.
São reuniões diárias com horário e local fixos, de aproximadamente 15 minutos de duração,
em que cada integrante do Time de Desenvolvimento responde a três perguntas feitas pelo
Scrum Master (mas este não necessariamente precisa estar presente):
■■ O que eu fiz ontem para atingir a meta da sprint?
Reunião de 4 horas realizada no fim de cada sprint para o Time de Desenvolvimento demons-
trar para o Product Owner e stakeholders o resultado da sprint. Quaisquer necessidades de
revisão são discutidas nessa reunião.
Reunião da equipe do Scrum feita depois da revisão da sprint e antes da sprint seguinte, para
avaliar o que funcionou e o que pode ser melhorado para a próxima sprint.
Artefatos do Scrum
Uma boa forma de compreender o Scrum é através do framework a seguir. Nele é possível
observar como os três artefatos se relacionam com os eventos do Scrum.
CAPÍTULO 3 83
Reunião
Diária 24 horas
Tarefas do
backlog 2a4
expandidas semanas
pelo time
Backlog da sprint
} Backlog do Produto
Priorizado pelo Product Owner
Incremento do produto
potencilmente utilizável
Backlog do produto
Composto por todas as funcionalidades que precisam ser desenvolvidas no projeto, obede-
cendo aos critérios de aceitação do Product Owner, ordenados por grau de importância (essa
priorização também é conhecida por grooming e pode ser feita em uma reunião de refina-
mento com a equipe). O Product Owner apresenta a visão do produto, com as informações
sobre que deve ser o produto e o que fazer de acordo com a visão do cliente, de modo que
isso possa ser desmembrado em requisitos para o desenvolvimento (o backlog do produto).
Temos, assim, as histórias de usuário (ou user stories), que descrevem os requisitos do pro-
duto de maneira mais simplificada e objetiva, normalmente descritas em pequenos cartões.
Nesses cartões, são apresentados o ator da história (o interessado pela funcionalidade), a
ação (o que ele deseja e precisa ser feito) e o objetivo (o resultado da ação ou benefício).
Para pontuar as histórias de usuário e permitir um desenvolvimento mais veloz, foi criado
o conceito de story point, que seria uma unidade relativa de medida. De acordo com COHN
(2005), story point é uma união da quantidade de esforço necessária para o desenvolvimento
de uma funcionalidade, juntamente com o seu nível de complexidade e risco envolvido. O
Time de Desenvolvimento pontua as histórias de usuário obedecendo a esses critérios.
Backlog da Sprint
Refere-se às funcionalidades que serão desenvolvidas em cada sprint. O item (história de usu-
ário) com maior prioridade será o primeiro a ser desenvolvido na sprint, que é decomposta
em tarefas. Essa definição é feita na reunião de planejamento da sprint e se baseia a quan-
84 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
É um produto (ou incremento de um produto) apto a ser lançado no mercado e que possui
todas as funcionalidades as quais o Time de Desenvolvimento entenda que estejam definiti-
vamente prontas (baseando-se em suas regras preestabelecidas).
Acompanhamento
O acompanhamento pode ser feito através das técnicas burndown e burnup, as quais vere-
mos a seguir.
Burndown
100
90 90
83 Realizado Previsto
80
STORY POINTS
70
65
60 59
50 47
40 42
34
30
20 19
10
5
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SPRINTS - DIAS
Nele é possível comparar o trabalho diário realizado com o que havia sido previsto e, no
decorrer das sprints, ir queimando quantos pontos faltam para terminar aquele incremento
de produto. Nas reuniões diárias, esse gráfico é muito utilizado pela equipe de desenvolvi-
mento. É uma forma também de demonstrar transparência no que está sendo feito.
Burnup
Uma outra forma de observar a evolução das entregas é através do gráfico burnup, que esta-
belece a quantidade máxima de pontos a serem desenvolvidos. Confira a seguir!
120
100
STORY POINTS
98
Realizado
80 85
70 Previsto
60 55
45
40
35
30
25
20
10
0 5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SPRINTS - DIAS
Veja que, no eixo horizontal, a quantidade de pontos vai se acumulando ao longo das sprints
até chegar à quantidade limite.
Estimativas e decisões
A estimativa de tempo dos backlogs de produtos que serão desenvolvidos pode se dar atra-
vés de uma série de técnicas. Além daquelas já apresentadas e sugeridas pelo Guia PMBOK
(2017) e presentes nos módulos 1 e 4, pode-se destacar: o Poker do Planejamento e o Fist of
Five, que veremos a seguir.
Poker do Planejamento
De acordo com Greening (2002, apud COHN, 2005, p.56), a melhor maneira para uma equipe
ágil fazer estimativa é através do poker do planejamento. Essa técnica segue o mesmo prin-
cípio do método Delphi e reúne a opinião especializada, a estimativa análoga e a decompo-
sição em uma forma rápida e confiável de fazer estimativas.
86 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Para fazer essa estimativa – e levando em consideração o Time Scrum (mas podendo ser
qualquer outro) –, cada membro do time de desenvolvimento recebe um deck de cartas,
numeradas com os seguintes valores: 0, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 20, 40 e 100. Esses valores são base-
ados em um modelo simplificado da sequência de Fibonacci, e cada número representa um
story point, que seria a quantidade de pontos relacionados a um nível de dificuldade para
desenvolver a história do usuário.
O Product Owner lê, então, a história do usuário (story point), inicialmente pela história mais
simples, para poder criar um parâmetro em que a funcionalidade mais fácil receba 1 ponto.
Os membros refletem sobre o assunto, escolhem uma carta e apresentam ao mesmo tempo.
Os valores são confrontados; e as disparidades, questionadas. Depois de algumas rodadas,
chega-se a um consenso. Todo esse processo é intermediado pelo Scrum Master e se repete
até todas as estimativas serem concluídas.
Fist of Five
É uma técnica em que os participantes expressam seu voto (sobre uma decisão que está em
discussão) levantando de um a cinco dedos. A quantidade de dedos indica o nível de apoio
ou não ao assunto discutido.
Dos resultados possíveis, temos: o punho fechado, que demonstra total objeção; 1 dedo
demonstra que mudanças precisam ser feitas; 2 dedos indicam que há objeções que pre-
cisam ser discutidas; 3 dedos são usados para apoiar com ressaltas, mas a ideia pode ser
levada a diante; 4 dedos apoiam a decisão; e 5 dedos indicam apoio à decisão e destacam
que a ideia deve ser implementada primeiro.
Se alguém levantar menos do que três dedos, a pessoa tem a chance de expressar o seu
ponto de vista. A votação é levada até se chegar a um consenso.
O importante, como se pôde perceber, é não perder muito tempo para decidir as coisas.
Kanban
Kanban é um termo japonês que significa cartão (ou sinalização), sendo utilizado como sistema
de sinalização de reabastecimento de estoque. Taiichi Ohno, engenheiro da Toyota, utilizou o
Kanban para garantir um controle mais eficiente dos processos e eliminar funções desneces-
sárias da linha de montagem, dando base assim para o Sistema Toyota de Produção. Dessa
forma, Kanban se tornou um método voltado para produção enxuta e para o just in time.
Para trabalhar com o Kanban, é necessário ter um fluxo de trabalho estabelecido, para,
então, baseando-se em uma lista de prioridades, definir qual tarefa será desenvolvida pri-
meiro. Cada tarefa deve ser uma descrita em um cartão, e os cartões serão apresentados
em um quadro Kanban de tarefas. É possível utilizar esse método juntamente com o Scrum,
por exemplo. A figura a seguir exemplifica um quadro Kanban.
Os itens mais prioritários, definidos pelo gerente, cliente (ou pelo Product Owner) ou então
pelo Time de Desenvolvimento são apresentados no topo do repositório de cartões na lista
de coisas “a fazer”. Os itens urgentes usam um cartão vermelho; os que requerem atenção,
amarelo; e os de condições normais, verdes.
É possível também estabelecer métricas para acompanhar a evolução e, dessa forma, pro-
por melhorias. Uma delas é o lead time, que vai do momento em que uma tarefa é criada até
o momento em que ela é concluída; outra é o ciclo de tempo, que começa no momento em
que a tarefa inicia o seu progresso e vai até a sua conclusão final; e existe também o tempo
de reação, que é a diferença entre o tempo em que a tarefa é criada e o seu início.
Gerenciar um projeto não é uma tarefa tão simples, pois existem várias atividades que pre-
cisam ser desempenhadas de forma organizada, cada uma com suas respectivas datas e
recursos. Gravar tudo isso na cabeça ou em anotações no caderno é praticamente inviável
e, para nos ajudar nesse processo, existe a tecnologia.
PARE PARA que precisa e também do quanto a empresa tem para investir, seja nas
licenças ou nos treinamentos.
PENSAR
CAPÍTULO 3 89
Vale destacar que, com o método ágil, uma série de outras ferramentas também são asso-
ciadas ao gerenciamento, como o Excel, Google Docs, Microsoft TFS, HP Quality Center/ALM,
dentre outros.
Resumo
No terceiro módulo da disciplina Gerenciamento do Cronograma e dos Custos em Projetos,
você pôde perceber a importância do controle do cronograma para o gerente de projetos.
Conceituamos essa ferramenta analisando seus componentes.
Foi apresentado, em seguida, o método da corrente crítica, como uma forma alternativa
ao caminho crítico para a construção de cronogramas.
Por fim, apresentamos alguns métodos ágeis de gerenciamento de projetos, dando ênfase
ao Scrum (ótimo de se trabalhar em ambientes complexos e instáveis), e ao método Kanban,
que pode ser trabalhado em conjunto ao Scrum e ajuda na organização e visualização das
tarefas. No final, ainda destacamos uma série de softwares que podem auxiliar você no
gerenciamento ágil de projetos.
Esperamos ter atingido o objetivo deste módulo, contribuindo na sua compreensão sobre a
importância do cronograma e no desenvolvimento de habilidades para construir e controlar
essa ferramenta da melhor maneira possível.
90 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Capítulo 4
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Unidade 1 – Conceituação
UNIDADE 1
CONCEITUAÇÃO
Além disso, de acordo com o Guia PMBOK® (PMI, 2017), os processos que compõem a disciplina
de Gerenciamento dos Custos em Projetos podem ser analisados conforme o quadro a seguir.
Por outro lado, temos, também, o novo padrão ISO 21500:2012 (Guia em Gerenciamento de
Projetos), baseado no Guia PMBOK®, que considera como atividades de gerenciamento de
custos: estimar custos, desenvolver orçamento e controlar custos.
Na sequência, você pode observar a visão geral dos processos pertinentes ao Gerencia-
mento dos Custos em Projetos, segundo o Guia PMBOK® (PMI, 2017).
.1 Entradas
.1 Plano de gerenciamento do projeto
.2 Documentos do projeto
.3 Requisitos de recursos financeiros do projeto
.4 Dados de desempenho do trabalho
.5 Ativos de processos organizacionais
.2 Ferramentas e técnicas
.1 Opinião especializada
.2 Análise de dados
.3 Índice de desempenho para término
.4 Sistema de informações de gerenciamento de projetos
.3 Saídas
.1 Informações sobre o desempenho do trabalho
.2 Previsões de custos
.3 Solicitações de mudança
.4 Atualizações do plano de gerenciamento do projeto
.5 Atualizações de documentos do projeto
Com a figura anterior, é possível analisar os processos desde o planejamento até o controle
dos custos. Contudo, para se ter uma ideia do impacto dos custos de um projeto, precisa-
mos ir além e compreender outros conceitos, como o custeio pelo ciclo de vida do produto.
De acordo com Atkinson et al. (2015), a metodologia do custeio pelo ciclo de vida do pro-
duto permite que os gestores tenham uma visão geral e administrem os custos de forma
abrangente, evitando que decisões precipitadas ou errôneas comprometam a estrutura de
custos do projeto. Isto significa que considerar os custos em todas as fases do ciclo de vida
é fundamental para o processo de tomada de decisão.
O ciclo de vida, tratando-se de custos, possui as fases conforme vemos no quadro a seguir.
Pesquisa e desenvolvimento
Nesta fase ocorre a projeção do produto ou são feitas as avaliações para a escolha
1 da solução utilizada para produzir os resultados do projeto. Todos os custos refe-
rentes aos testes de possibilidades, cursos e pesquisas para conhecer as soluções
disponíveis devem ser considerados neste momento.
Desenvolvimento do produto
Esta fase é o projeto em si, em que o produto será confeccionado de acordo com os
2 resultados obtidos na fase de pesquisa e desenvolvimento. Neste momento, os cus-
tos a serem considerados são os materiais, a mão de obra e o rateio dos recursos
indiretos disponibilizados pela companhia, como luz, custos administrativos etc.
Manutenção e operação
3 Quando o produto já está em uso, após o fim do projeto, incorre em gastos de ope-
ração e manutenção durante o tempo em que está operando.
Descarte
Nesta fase, incorremos em custos logísticos do descarte. Também podemos ter cus-
4 tos se o material a ser descartado precisar de tratamento especial, como o material
radioativo. Além disso, alguma receita também pode ser auferida ou o produto des-
cartável pode ser alienado nesta etapa.
Ao avaliar um projeto para se tomar a decisão sobre sua realização, é fundamental avaliar
os custos totais referentes a todas as fases do ciclo de vida. Os custos também devem ser
considerados no caso de um projeto ser reavaliado após mudanças, pois os custos futuros
necessitam ser comparados ao retorno estimado, desconsiderando os custos já incorridos
(custos afundados), que não são recuperáveis.
Tipos de custos
Os custos foram criados para atender a necessidades de gestão. Segundo Wernke et al.
(2004), os tipos de custos são classificados de acordo com o quadro a seguir:
CLASSIFICAÇÃO CATEGORIAS
O conhecimento dos tipos de custos é muito importante para o Gerente de Projetos, pois
proporciona uma gestão equilibrada, tratando de formas diferentes os custos de naturezas
diversas. A seguir, você irá conhecer mais detalhadamente a respeito dos tipos de custos.
Já os custos não relevantes são os que não podem ser alterados pelo Gerente de Projetos
ou que são tão pequenos que não convém ponderá-los. Alguns custos fixos, como o rateio
dos custos administrativos da empresa que caem no projeto, são considerados como não
relevantes por não poderem ser alterados e por não influenciarem nas decisões. Da mesma
forma, o café comprado para a equipe pode ser não relevante por ter um custo tão baixo
que não cabe controlá-lo.
98 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Com relação aos custos diretos e indiretos, podemos classificá-los conforme o quadro a seguir.
Quadro 5: Custos diretos e indiretos.
Exemplos
Os custos diretos são os que podem ser
diretamente atribuídos ao projeto. São os Matéria-prima; mão de obra direta; encargos e salários da equi-
custos naturalmente identificáveis e que pe; aquisições de equipamentos feitas para o projeto; viagens e
não necessitam de rateio. gastos de diárias para atividades diretamente ligadas ao projeto;
amortizações de equipamentos utilizados somente no projeto.
Exemplos
Os custos indiretos são os inerentes à
manutenção das atividades da empresa
e recaem no projeto por meio de rateio. Aquisição de instalações; eletricidade, telefonia e água; manu-
Eles são difíceis de serem reduzidos, pois tenção predial, referente às instalações da empresa; encargos
estão, geralmente, fora de controle do e salários da equipe administrativa, financeira, jurídica etc.;
Gerente do Projeto. encargos e salários da diretoria; impostos e contribuições sobre
o lucro; material de escritório.
Com relação aos custos fixos e variáveis, podemos classificá-los de acordo com o quadro a
seguir.
Exemplos
Os custos variáveis são os que alteram de
forma diretamente proporcional ao trabalho
do projeto. A quantidade de asfalto para Aquisição de instalações; encargos e salários da equipe do
produzir uma estrada é proporcional ao seu projeto; aquisições de equipamentos para o projeto; amor-
tamanho. Da mesma forma, a quantidade tizações de equipamentos utilizados somente no projeto;
em horas de mão de obra necessária sofre o manutenção predial, referente às instalações da empresa;
mesmo tipo de variação. encargos e salários da equipe administrativa, financeira,
jurídica etc.; encargos e salários da diretoria.
Um exemplo de custo fixo é o caso de uma máquina perfuradora de túneis para um pro-
jeto de expansão do metrô. Se o projeto possui somente um equipamento, o custo de sua
aquisição é fixo, mesmo aumentando a produtividade da máquina. Porém, se o túnel for
escavado pelos dois lados, haverá a necessidade de se comprar outra máquina, dobrando o
tipo de custo, ainda que ela fique parada por algum tempo. Temos, também, que a quanti-
dade de concreto necessária para fazer o revestimento do túnel é diretamente proporcional
ao tamanho do túnel. Da mesma forma, a quantidade de horas de mão de obra necessária
também sofre o mesmo tipo de variação.
Custos incorridos ou afundados é um conceito contábil e econômico que se aplica aos cus-
tos já feitos, mas que o resultado vislumbrado para o investimento dos recursos não é rea-
lizado. Isto significa que o dinheiro gasto não oferecerá o resultado desejado, mas, por ser
irrecuperável, não deve influenciar na decisão de continuidade ou interrupção do projeto.
Custo de oportunidade
Pode-se utilizar um conceito diferente, pelo qual o custo de oportunidade faz parte do custo
dos projetos. É recomendável que o custo de oportunidade utilizado seja o retorno de um
investimento com razoável nível de segurança, e não a oportunidade de maior retorno pos-
sível. Esta prática leva a uma melhor avaliação durante o processo de escolha dos projetos
a compor o portfólio.
4.1 Desenvolver
o termo de
abertura
do projeto
• Plano de gerenciamento
dos custos
Plano de Plano de
7.1 Planejar o
gerenciamento gerenciamento
gerenciamento
do projeto do projeto
dos custos
Empresa/
organização
■■ nível de precisão dos valores (se será em milhares de reais, centavos etc.);
1 Benchmark é o processo de comparação das melhores práticas de uma empresa com performance superior na
área analisada
102 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
■■ formatos de report;
UNIDADE 2
ESTIMAR OS CUSTOS
São muitas as dificuldades para se estimar com boa acurácia. No caso das estimativas de
prazo, elas se resumem em saber quanto tempo os recursos levarão para realizar determi-
nada atividade e, considerando as relações de precedência e o nivelamento de recursos, em
somar as durações das atividades do caminho crítico para definir a duração do projeto.
A estimativa de custos, portanto, torna-se importante e deve ser tratada com seriedade.
Afinal, manter o projeto dentro do custo é uma condição necessária para que ele alcance os
resultados esperados para a companhia, uma vez que, se os custos ficarem maiores do que
o retorno financeiro, sua realização não se justifica.
CAPÍTULO 4 103
O diagrama do fluxo de dados do processo para estimar os custos oferece uma visão geral
das entradas necessárias para se iniciar uma estimativa de custos.
Fontes de estimativas
Plano de
gerenciamento
do projeto
7.2 Documentos
Documentos Estimar do projeto
do projeto os custos
Documentos do projeto
• Registro das lições aprendidas
• Cronograma do projeto Atualizações de documento do
• Requisitos de recursos projeto
• Registro dos riscos • Registro de premissas
• Registro das lições aprendidas
Empresa/ • Registro dos riscos
organização
No plano, temos:
■■ Plano de gerenciamento do projeto: plano de gerenciamentos dos custos e da qua-
lidade, além da linha de base do escopo, com a descrição do produto, as premissas, as
restrições e o que não está no escopo do projeto.
■■ Documentos do projeto: registro das lições aprendidas, que pode incluir as situações
identificadas ou vivenciadas anteriormente e que podem impactar o projeto de alguma
forma; cronograma do projeto, em que são registradas as estimativas de recursos e de
duração das atividades; requisitos de recursos, que identificam os recursos necessários,
como pessoas, materiais e equipamentos para realizar uma atividade; e registro de ris-
cos, considerando os custos de mitigação e do plano de resposta caso o risco ocorra.
104 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Do mesmo modo como ocorre na estimativa de prazos, a estimativa de custos pode ser
realizada pela opinião de especialistas. Além dos especialistas na execução das atividades,
outros tipos devem ser utilizados. Também é possível concluir determinados assuntos a
partir de técnicas, como o brainstorming e o método Delphi.
Utilizando dados históricos ou opinião de especialistas, a estimativa análoga, por sua vez,
considera os custos de atividades semelhantes, ocorridas anteriormente ou de outros proje-
tos. Assim, quanto maior a semelhança entre as atividades, maior será a precisão da estimativa.
A utilização de dados históricos pode nos fazer chegar a fórmulas simples para estimar os
custos. Stewart, Wyskida e Johannes (1995) apresentaram a seguinte fórmula:
Cp = Ce x (Sp / Se)ⁿ
Em que:
Cp = custo total da atividade.
Ce = custo de uma atividade similar.
Sp = tamanho da atividade (comprimento, área, capacidade etc.).
Se = tamanho da atividade similar (comprimento, área, capacidade etc.).
n = expoente para o tipo de atividade.
A fórmula possui um expoente porque o custo da atividade não varia de forma diretamente
proporcional ao seu tamanho. Por causa da curva de aprendizado e dos ganhos de escala, a
variação é amortecida por um fator que varia, geralmente, entre 0,60 e 0,95.
Esta técnica consiste em dividir o custo predeterminado para o projeto entre os subprojetos,
entre os pacotes de trabalho e, por fim, entre as atividades. A equipe de gerenciamento do
projeto deve ficar atenta para garantir o equilíbrio entre os custos das atividades e ponderar
as opiniões especializadas e as lições aprendidas para que os custos inviáveis não sejam
estabelecidos.
PARE PARA
PENSAR
VOCÊ SABIA?
106 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Por fim, temos a estimativa de três pontos. Nela, deve-se considerar os riscos da estima-
tiva mais provável e, a partir da estimativa análoga, paramétrica, opinião de especialistas
etc., efetuar três estimativas para o custo da tarefa, conforme vemos no quadro a seguir.
Após fazer as três estimativas, define-se o custo da atividade do cronograma com um dos
seguintes cálculos:
(P + M + O )
a) Distribuição triangular =
3
(P + 4M + O)
b) Distribuição beta =
6
Análise de dados
Tal como ocorreu na estimativa de duração, a análise de dados também pode ser utilizada
para estimar os custos das atividades. A análise é dividida em análise de alternativas, aná-
lise de reservas e custo da qualidade.
■■ Análise de alternativas: utilizada para avaliar e selecionar quais são as melhores opções
para o projeto. Imagine, por exemplo, uma organização se deparando com um dilema:
selecionar um profissional mais experiente, com remuneração mais alta; ou um com
menor experiência e remuneração mais baixa? Neste caso, é preciso levar em conside-
ração que o seguro do equipamento sendo utilizado pelo profissional mais experiente é
bem mais baixo do que se for operado pelo profissional de menor experiência.
■■ Custo da qualidade (CQD): custos que podem estar associados à qualidade das entre-
gas, produtos ou serviços do projeto, como o custo de prevenção, relacionado à preven-
ção da má qualidade; os custos de avaliação, relacionado a como aferir a qualidade do
que está sendo entregue; e o custo de falha, relacionado à não-conformidade.
O SIGP fornece as ferramentas adequadas para que as estimativas de custos possam ser
realizadas. O Gerente do Projeto pode utilizar as planilhas de orçamento ou análises extraí-
das do sistema ERP2 da própria organização para fazer essas estimativas.
Além disso, temos a tomada de decisão, que inclui as técnicas que podem ser utilizadas no
processo de estimar os custos das atividades.
UNIDADE 3
DETERMINAR O ORÇAMENTO
2 Enterprise Resource Planning (ERP) é uma plataforma de software que integra todos os dados e processos de
uma organização.
108 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Plano de
gerenciamento
do projeto
7.3
Documentos Determinar
do projeto o Orçamento
Documentos do projeto
7.4
• Registro das lições aprendidas
Controlar
• Cronograma do projeto
os Custos
• Requisitos de recursos • Requisitos de
• Registro dos riscos recursos financeiros
do projeto
Documentos
de negócio
Documentos
• Business case do projeto
• Plano de gerenciamento de Atualizações de
benefícios documento do projeto
• Estimativa de custos
• Cronograma do projeto
12.2 • Registro dos riscos
Conduzir as
Aquisições
• Acordos
Empresa/
organização
Para determinar o orçamento, uma das entradas advém do processo de conduzir as aqui-
sições, que pode contemplar os materiais e equipamentos comprados para o projeto, por
exemplo.
CAPÍTULO 4 109
Agregação de custos
Para ter o orçamento é necessário agregar os custos estimados das atividades nos respectivos
pacotes de trabalho da EAP, que devem ser alocados em suas contas de controle (relacionadas
a centros de custo da organização). A realização dos pacotes de trabalho de uma determinada
conta de controle pode permanecer dependente da disponibilidade da liberação de recur-
sos, pela gerência responsável por aquele centro de custo. Essas contas são agregadas nos
subprojetos, que, por sua vez, são integrados no projeto como um todo, formando o Orça-
mento no Término (ONT). A partir de então, as reservas passam a ser consideradas.
■■ Reserva gerencial: orçamento para tratar mudanças não previstas no projeto e que não
estavam no plano de resposta a riscos. Esta reserva não está sob a gestão do Gerente de
Projetos e deve ser autorizada pelo patrocinador do projeto.
Para a organização, o custo total estimado para o projeto também considera a reserva
gerencial, que é responsabilidade do patrocinador, conforme vemos na figura a seguir.
Reserva
Orçamento
gerencial
do projeto
Reserva de
Linha de Contas de
contingência
base controle
dos custos Reserva de
Estimativas de contingência
custos do das atividades
pacote
Estimativas de
Quantidade total
de trabalho
custos das
atividades
Assim, o orçamento do projeto vai muito além das estimativas de custo das atividades.
110 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Orçamento do projeto
Reserva gerencial
ONT
Valores cumulativos
Requisitos de
recursos financeiros
Linha de Gastos
base dos custos
Tempo
Software de logística
R$ 810.000
De acordo com o cronograma do projeto, foi feita uma planilha de distribuição dos custos
dos pacotes de trabalho por mês, para os 16 meses previstos para a realização do projeto.
Ao verificarmos a linha de custo mensal, podemos observar que os custos dos meses no
meio do projeto são maiores do que no início e no final.
Levantamento de requisitos 10 20
Protótipo – compras 5 15 20
Protótipo – recebimento 5 15 10
Protótipo – distribuição 10 15 10
Desenvolvimento – compras 40 40 40 40 20
Desenvolvimento – recebimento 30 30 30 40 10
Desenvolvimento – distribuição 40 40 40 20
Homologação – compras 10 20 20
Homologação – recebimento 10 20 10
Homologação – distribuição 10 20 15
Implantação – compras 15 10
Implantação – recebimento 10 5
Implantação – distribuição 10 10
Custo acumulado 10 30 55 75 120 185 265 335 445 555 635 705 750 785 800 810
Traçando a curva dos custos acumulados do projeto, obtemos a Curva S, verificada na figura
a seguir.
900
800
700
600
500
Custo Mensal
400 Custo Acumulado
300
200
100
0
M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10M11M12M13M14M15M16
Na figura é possível observar a maior incidência dos custos no meio do projeto, pertinentes à
fase de execução, vista nos gráficos de barra. O acumulado ao longo do tempo é demonstrado
por uma linha, chamada de Curva S, justamente pelo formato que ela assume.
UNIDADE 4
CONTROLAR OS CUSTOS
Documentos Plano de
do projeto gerenciamento
7.4
do projeto
Controlar os
custos
• Registro das lições aprendidas
Atualizações do plano
de gerenciamento de projeto
• Plano de gerenciamento
de custos
• Linha de base dos custos
7.3 • Linha de base da medição
Determinar do desempenho
o orçamento
• Previsões de custos
• Requisitos de recursos financeiros
do projeto
Documentos
do projeto
Atualizações de
4.3 Orientar e
documento do projeto
gerenciar o
• Registro de premissas
trabalho
• Bases das estimativas
do projeto
• Estimativas de custos
• Registro das lições aprendidas
• Dados de desempenho do trabalho • Registro dos riscos
Empresa/
organização
■■ assegurar que custos do projeto não sejam acima do autorizado ou fora do aceitável;
A principal ferramenta utilizada para controlar os custos de um projeto, assim como o cro-
nograma, é o Gerenciamento de Valor Agregado (GVA)3.
Para cumprir o objetivo, a metodologia monitora três variáveis básicas por meio do tempo:
■■ Valor Planejado (VP): é o valor orçado para produzir as atividades e os pacotes de tra-
balho planejados para o projeto até a data que está se relatando. Temos o valor plane-
jado através da fórmula VP=ONT x PFP, em que:
■■ Valor Agregado (VA): é o valor orçado para produzir as atividades e os pacotes de tra-
balho do projeto efetivamente executados até a data que está se relatando. Obtemos o
valor agregado pela fórmula VA=ONT x PFR, em que:
■■ Custo Real (CR): é o valor gasto para produzir as atividades e os pacotes de trabalho do
projeto efetivamente executados até a data que está se relatando.
As variações com relação ao custo e ao prazo podem ser medidas tanto em termos monetá-
rios como em forma de índices.
■■ Variação de Prazo (VPR): é a variação entre o Valor Agregado e o Valor Planejado em
um determinado momento, o que reflete o desempenho com relação ao prazo. Ela pode
ser calculada com a fórmula VPR=VA –VP, em que:
VA = Valor Agregado
VP = Valor Planejado
O valor negativo significa que o projeto está atrasado; um valor positivo significa que o
projeto está adiantado; e zero indica que o cronograma está conforme o planejado.
3 É possível encontrar referências ao termo EVA, que é o acrônimo de Earned Value Analysis, traduzido do inglês
como Gerenciamento de Valor Agregado.
CAPÍTULO 4 115
VA = Valor Agregado
CR = Custo Real
O valor negativo significa que o projeto gastou mais do que o previsto para executar o
trabalho efetivamente realizado, enquanto que um valor positivo significa que o projeto
gastou menos. Zero indica que projeto gastou o que foi orçado para o que foi realizado.
VA = Valor Agregado
VP = Valor Planejado
Quando o IDP é menor do que 1, significa que o cronograma está atrasado, enquanto
que valores maiores do que 1 significa que o cronograma está adiantado. Quando o IDP
é igual a 1, indica que o cronograma está sendo rigorosamente cumprido.
VA = Valor Agregado
CR = Custo Real
Quando o IDC é menor do que 1, significa que as atividades já realizadas tiveram seu
orçamento estourado, enquanto que valores maiores do que 1 significa que as ativida-
des tiveram custo menor do que o previsto. Quando o IDC é igual a 1, o custo das ativi-
dades efetivamente realizadas até o momento foi rigorosamente respeitado.
116 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
VP = R$ 600,00
CR = R$ 500,00
VA = VP x progresso físico = R$ 600,00 x 1/3 = R$ 200,00
Prazo:
VPR = VA – VP = R$ 200,00-R$ 600,00 = – R$ 400,00
NA PRÁTICA IDP = VA/VP = (R$ 200,00) / (R$ 600,00) = 0,33…
Custo:
VC=VA – CR = R$ 200,00 – R$ 500,00 = – R$ 300,00
IDC= VA / CR = (R$ 200,00) / (R$ 500,00) = 0,4
Até aqui, vimos indicadores que nos permitem analisar a situação do projeto enquanto ele
progride. Contudo, dependendo dos motivos e da magnitude dos desvios, o Gerente de Pro-
jetos pode adotar atitudes diferentes, por exemplo:
■■ aceitar os desvios, se estiverem dentro das margens de erro aceitas;
■■ negociar solicitações de mudança com o patrocinador para obter novo prazo ou custo;
■■ negociar a decisão de cancelar o projeto com o patrocinador;
■■ comprimir o cronograma para correções de prazo;
■■ encontrar soluções técnicas mais baratas para corrigir desvios de custo;
■■ negociar mudanças de escopo com o patrocinador.
No entanto, com os indicadores vistos, não é possível assumir decisão. Para esta tomada,
é necessário ter uma estimativa de quando o projeto vai terminar e quanto vai custar ao
final. É possível estimar novamente o prazo e o orçamento com a nova realidade, do mesmo
modo com que foi feito no planejamento, mas, para isto, o Gerente tem de parar a equipe
para gerar novas previsões, o que provocaria ainda mais desvios.
CAPÍTULO 4 117
Neste contexto, o Gerenciamento de Valor Agregado fornece técnicas para que a equipe de
gerenciamento de projeto possa calcular as estimativas, sem precisar realizar novas estima-
tivas bottom-up. Primeiramente, deve-se identificar a natureza do desvio.
■■ Situação 2: o desvio ocorreu por problemas de custo que serão recorrentes no projeto,
sendo que o ritmo executado até agora será mantido até o final do projeto;
■■ Situação 3: o desvio ocorreu por problemas de custo e de prazo que serão recorrentes
no projeto, sendo que o ritmo executado até agora será mantido até o final do projeto.
Para cada situação o cálculo é feito por fórmulas diferentes. Vamos analisar cada uma a
partir de agora!
Cálculo da situação 1
O custo realizado até o momento é aceito, já que não tem como recuperá-lo. Além disso, o
trabalho feito até o final é calculado, diminuindo o orçamento no término pelo valor orçado
do que já foi produzido. Assim, temos que:
ENT = CR + ONT – VA
EPT = ENT – CR
ENT = CR + ONT – VA
ENT = 500 + 2000 – 200
ENT = R$ 2.300,00
EPT = ENT – CR
EPT = 2300 – 500
EPT = R$ 1.800,00
118 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Cálculo da situação 2
Assume-se que o Índice de Desempenho de Custo para o resto do trabalho do projeto será
igual ao encontrado até o momento da medição. Desta forma, faz-se uma divisão do orça-
mento no término pelo índice. Assim, temos:
ONT
ENT =
IDC
EPT = ENT - CR
ONT
ENT
= (cumulativo )
IDC
2000
ENT =
0,4
ENT = 5.000
Cálculo da situação 3
Considera-se que, além do desempenho de custo ser mantido até o final do projeto, o
desempenho de prazo com desvio (diferente de 1) também será mantido. Desta forma, a
estimativa no término deve ser ponderada tanto pelo IDC quanto pelo IDP. Vejamos:
( ONT - VA )
ENT = CR +
(IDC x IDP )
EPT = ENT - CR
( 2000 - 200 )
ENT = 500 +
( 0,4 x 0,33…)
1800
ENT = 500 +
0,133…
ENT = 500 + 13.500
ENT = 14.000
EPT = ENT – CR
EPT = 14.000 – 500
EPT = 13.500
CAPÍTULO 4 119
Percebe-se que o EPT, nos três casos, possui a mesma fórmula de cálculo. Ela será a nova
estimativa orçada para o fim do projeto, menos o custo realizado até o momento do cálculo.
Todos os cálculos diferenciados de acordo com a natureza do desvio são feitos no cálculo da
estimativa no término.
Por fim, podemos calcular a projeção do Índice de Desempenho de Custos que devemos
atingir para que o projeto termine de acordo com o objetivo definido, ou mantendo o ONT
original ou a ENT. Esta projeção se chama Índice de Desempenho para o Término (IDPT),
sendo que sua fórmula de cálculo é expressa do seguinte modo:
IDPT =
(ONT - VA )
(ONT - CR )
IDPT =
(ONT - VA )
(ENT - CR )
Se o índice for maior do que 1, será mais difícil concluir. Se for menor que 1, será mais fácil.
Já se for exatamente 1, será igual para concluir o projeto.
=
IDPT
(ONT - VA )
(ONT - CR )
IDPT =
( 2000 - 200 )
( 2000 - 500 )
1800
IDPT =
1300
IDPT = 1,38
IDPT =
(ONT - VA )
(ENT - CR )
IDPT =
( 2000 - 200 )
( 2300 - 500 )
1800
IDPT =
1800
IDPT = 1
120 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
=
IDPT
(ONT - VA )
(ENT - CR )
IDPT =
( 2000 - 200 )
( 5000 - 500 )
1800
IDPT =
4500
IDPT = 0,4
Análise do desempenho
Uma das análises que pode ser feita é a análise das variações. Nela, analisam-se as causas
dos desvios entre o realizado e o orçado para saber se o problema se encontra nos custos
unitários dos recursos, na quantidade de recursos diferente do que foi estimado ou em
ambos. Nesta análise, considera-se a margem de erro que foi especificada na estimativa
de custos, sempre tendo em vista que a margem de aceitação deve diminuir com o tempo,
quando se adquire mais informações sobre o projeto.
Também deve ser realizada a análise de tendências, que consiste em examinar se o pro-
jeto está melhorando ou piorando, se as estimativas devem ser revistas ou que ações devem
ser realizadas de acordo com o que tende a acontecer com o projeto no futuro.
122 GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA E DOS CUSTOS EM PROJETOS
Resumo
Neste capítulo você conheceu os tipos de custos de projetos e outros importantes conceitos
relacionados a custos, além de ter uma visão dos processos componentes desta disciplina,
com entradas, ferramentas, técnicas e saídas.
No processo de estimar os custos, verificamos os insumos que são fonte das estimativas e
de que processos eles surgem. Também vimos técnicas para estimar os custos das ativida-
des. Para determinar o orçamento, entendemos como agregar os custos das atividades para
formar o orçamento do projeto. Compreendemos, também, o conceito de Curva S, como
ocorre sua construção e sua importância para o fluxo de caixa do projeto. Já em controlar os
custos, abordamos a aplicação do sistema de controle de mudanças para alterar a linha de
base de orçamento e demonstramos a técnica de Gerenciamento de Valor Agregado (GVA).
Esperamos ter atingido o objetivo deste capítulo, oferecendo as ferramentas para que você
seja capaz de realizar os processos de Gerenciamento do Custo do Projeto, maximizando o
resultado do produto do projeto para sua empresa.
CAPÍTULO 4 123
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