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Fiscalidade
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GESTÃO FINANCEIRA I
2º Ano
Tema:
Discentes:
O administrador financeiro..................................................................................................... 6
Conclusão................................................................................................................................. 19
Na conjuntura econômica que vivemos nos dias actuais percebe-se que muitas empresas têm
dificuldade em identificar a sua situação económico-financeira, sendo estas situações
remanescentes de problemas internos das empresas, concorrentes vizinhos ou qualquer outro
advindo da situação econômica actual, dificultando assim o processo de tomada de decisão.
Para tomar tais decisões sabe-se que é necessário identificar sua capacidade de solvência,
analisar seus resultados e ter pessoal capacitado para identificação dos problemas existentes,
enfim realizar uma boa gestão financeira.
Assim, a gestão financeira se torna um dos pilares de sustentação de toda e qualquer entidade;
uma vez bem administrada possibilita investimentos e a perenidade dos negócios. É muito
importante analisar as demonstrações contábeis, bem como todos os dados e informações
fornecidos pela contabilidade e demais departamentos da empresa, para que se possa identificar
eventuais problemas financeiros e então fornecer subsídios que auxiliem na tomada de decisão
da entidade.
Identificação do problema
Para melhor compreensão dessa relação e do vínculo que a torna possível e para alcançar o
objectivo do qual nos propomos, identificamos e formulamos como problema: Qual a relação
e influência da fiscalidade na gestão financeira da empresa?
Objectivos do estudo
Objectivo geral
Objectivos específico
Para Ferreira (2001, p. 347) gestão significa: “acto ou efeito de gerir; gerência”.
Já outros autores caracterizam-na com mais especificidade e afirmam que: gerenciar uma
organização é definir a prioridade com que seus recursos (físicos, financeiros, humanos,
tecnológicos, etc.) serão consumidos, visando alcançar os objetivos predeterminados pela
organização (MIRANDA; SILVA, 2002, p. 137)
Além disso, a compreensão do termo gestão financeira nos leva a concluir que a gestão
financeira é uma área de estudo que aborda assuntos relacionados às finanças empresariais.
Está diretamente ligada a movimentação de recursos financeiros, utilizando-se de outras áreas
do conhecimento como: Administração, Economia e a Contabilidade, para propiciar à empresa
um melhor desempenho na utilização de seus recursos monetários.
A gestão financeira, sob o ponto de vista da técnica é uma ferramenta para controlar, da forma
mais eficaz possível, a concessão de crédito para clientes, planeamento, análise de
investimentos de empresas, visando o desenvolvimento organizacional e evitando gastos
desnecessários.
O administrador financeiro
Para atingir um certo objectivo, a empresa necessita de um administrador apto a tomar decisões
acertadas. Esse profissional deve colocar o interesse da empresa acima de seus interesses
pessoais, evitando conflitos de interesses.
Segundo Bourdeaux et al. (2006), a gestão financeira de uma organização é bem complexa e
deve ser desenvolvida sobre a óptica da maximização do valor para os stakeholders. Abaixo,
alguns aspectos importantes que os administradores financeiros consideram no
desenvolvimento de seu trabalho, segundo os autores referenciados:
✓ Planeamento estratégico e sua interação com o planeamento financeiro: actualmente,
boa parte das empresas desenvolve objectivos estratégicos a serem atingidos
[planeamento estratégico]. Tais objectivos possuem correlação financeira e devem ser
contemplados no planeamento financeiro. Daí decorre a responsabilidade do
administrador financeiro em desenvolver o seu trabalho contemplando a eficiência e
eficácia na utilização dos recursos disponibilizados pela empresa;
✓ Demonstrativos financeiros e avaliação de performance: constituem-se em fontes vitais
para o acompanhamento do desempenho da organização, permitindo ao administrador
financeiro acompanhar e corrigir acções, visando atingir os objectivos delineados no
planeamento;
✓ Administração do capital de giro: clientes, fornecedores, funcionários e impostos: o
cotidiano de uma empresa possui um fluxo de recebimentos e desembolsos, que se
traduz no recebimento de clientes e no pagamento de dívidas. Portanto, a gestão do
capital de giro constitui-se em algo vital para o bom resultado organizacional, uma vez
que corresponde ao “fôlego” financeiro para que todos os compromissos sejam saldados
e a empresa possa comprar matérias-primas, produzir, estocar e vender sem passar por
dificuldades;
✓ Decisões de investimento: a opção de investir ou aguardar o melhor momento é
recorrente em qualquer empresa. Entretanto, se a opção for investir é coerente avaliar
o retorno considerando o risco incorrido na operação;
✓ Decisões de estrutura de capitais: todo administrador financeiro tem presente em seu
cotidiano o equacionamento das proporções de dívida e de capital próprio, uma vez que
a relação capital próprio possui vinculação com o pagamento de impostos. Desta forma
a utilização de capital de terceiros (dívida) pode ser viável para a empresa, já que
poderia deduzir os juros pagos da renda tributável. Tal fato torna relevante a
determinação do grau ótimo de endividamento da empresa com a finalidade de obter
benefícios fiscais;
✓ Decisões de financiamento: as operações de financiamento junto ao mercado é fruto do
relacionamento que a empresa possui com bancos, investidores e agências
governamentais. A isto, vincula-se também a capacidade que a empresa possui em
informar sua condição para que estes possam avaliar sua capacidade de risco visando à
concessão de linhas de financiamento;
✓ Política de dividendos: é certo que qualquer acionista objective a rentabilidade de seu
investimento, por esta razão a empresa deve adoptar uma política de dividendos que
busque uma lucratividade sustentável e responsável. Desta forma, a adopção de uma
política transparente de distribuição de lucros possibilita um relacionamento melhor
com os accionistas, evitando oscilações desfavoráveis ao valor das acções da empresa
no mercado de capitais (bolsa de valores);
✓ Criação de valor para o acionista: além do ganho de capital decorrente da valorização
das acções da empresa, a geração de valor decorrente da lucratividade das operações
empreendidas é a garantia da sustentabilidade da remuneração dos próprios accionistas
e, portanto, objetivo perseguido pelo administrador financeiro;
✓ Avaliação de negócios para aquisição: a adopção de uma política empresarial
expansionista impõe ao administrador financeiro uma preocupação sobre a avaliação
de novos negócios, pois a supervalorização de outro empreendimento pode representar
um risco desnecessário à gestão financeira;
O administrador financeiro deve decidir que projetos realizar, onde e como captar os recursos
e quanto distribuir aos accionistas dos lucros obtidos. Essa proporção de lucros reinvestidos
apresenta dois aspectos: se for muito pequena, sinaliza falta de projetos atraentes; se for muito
grande, afasta os investidores interessados em dividendos. (BOURDEAUX et al. 2006, p. 11-
12)
Toda empresa participa de um ambiente onde se inter-relaciona com outras empresas. Neste
ambiente estão presentes diferentes participantes que influenciam e são influenciados pelas
acções empreendidas pela organização. Por esta razão, é importante que o administrador
financeiro identifique os participantes deste ambiente e avalie os riscos presentes no
relacionamento que a empresa desenvolverá com cada um destes.
Cada empresa possui uma dinâmica organizacional própria, que é consequência de sua
organização interna e de sua interação externa com o ambiente que a circunda. No tocante, na
interna nos referimos a sua própria estrutura (recursos físicos, financeiros e humanos) e como
reage às interações com o ambiente externo. Desta forma, podemos afirmar que a dinâmica
organizacional – compreende-se pela interação que a organização desenvolve com o seu
ambiente externo e como ela se organiza internamente para atender e responder as demandas
externas de seu entorno.
Outra característica relevante refere-se ao ambiente em que a organização opera que pode ser
classificado em três tipos de situações ambientais:
Podemos deduzir, portanto, que toda organização é um sistema aberto, que ao desempenhar as
suas funções para qual foi concebida, está intimamente articulada e em conexão com o seu
ambiente; bem como os seus componentes internos precisam estar alinhados para cumprir os
objectivos globais e específicos delineados em sua concepção.
Ambiente empresarial
Segundo Oliveira (2002, p. 55) sistema é “[...] o conjunto de todos os factores que, dentro de
um limite específico, se possa conceber como tendo alguma influência sobre a operação do
sistema”.
Neste espaço externo à organização, existem diversos atores que figuram ao seu redor
influenciando o comportamento desta e dos demais componentes do ambiente. Muitos detêm
a capacidade de influenciar directamente, seja positiva ou negativamente, o ambiente e toda
sua estrutura organizacional.
A figura abaixo demonstra a interpretação contextual que a área de gestão financeira tem sobre
as questões abordadas acima:
Demonstrações financeiras
Se bem aplicados os recursos em projectos produzem bons resultados, que devem ser
apurados em demonstrativos de resultados.
Os investidores na gestão normal dos seus negócios procuram minimizar os impostos a pagar.
A gestão fiscal “caracteriza-se por uma postura activa da parte do contribuinte, que procura
inserir a variável fiscal nas suas decisões e, assim, normalmente, minimizar a factura fiscal que
sobre ele recai (…) por uma via totalmente legítima e lícita, querida até pelo legislador ou
deixada por este como opção ao contribuinte” (Freitas Pereira, 2011).
Recorrendo sempre a práticas lícitas, a gestão fiscal procura exclusões tributárias, benefícios
fiscais ou alternativas fiscais. Estas alternativas projectam-se nas disposições dos códigos
fiscais, em que é possível escolher-se o regime de tributação ou a forma de determinação do
rendimento tributável (Freitas Pereira, 2011).
A gestão fiscal ou elisão fiscal internacional trata de evitar a aplicação de certas normas, através
de actos que procuram impedir a ocorrência do facto gerador do imposto em certo ordenamento
jurídico e que promovem a ocorrência desse mesmo facto em outro ordenamento jurídico mais
favorável (Xavier, 2009).
1
Cfr. Informação vinculativa em http://info.portaldasfinancas.gov.pt/NR/rdonlyres/DD9EB601-9B5D49CB-
87B8-0F0D64D415B7/0/Inf-vinculativa%20art.5%20CIRS.pdf
países não têm em devida conta ao formularem as suas políticas fiscais, tirando até vantagens
das repercussões negativas que essas políticas podem produzir nos outros países. A
concorrência fiscal descontrolada tem efeitos nefastos, designadamente nos países com taxas
mais elevadas que perdem receitas e capitais. Consequentemente, estes países, para evitarem
estes efeitos negativos, desencadeiam um processo de redução de taxas, que pode ser abaixo
do ótimo, com implicações na despesa pública, que compromete a melhoria do bem-estar dos
cidadãos.
A mesma autora refere ainda que muitos modelos económicos preveem que, se a economia for
pequena e aberta e o capital tiver completa mobilidade, a tributação na fonte tenderá quase a
desaparecer, o que tem levado os países a deslocarem o peso da tributação para fatores com
menor mobilidade, sobretudo o trabalho.
Outra literatura (Wilson, 1999) investigou modelos em que se demonstra que a concorrência
fiscal pode desempenhar um papel benéfico na redução do despesismo dos governos.
De acordo com Bastardo (2011), a eficiência dos mercados financeiros, entre outros factores,
pressupõe a existência de uma plataforma de transações com custos reduzidos, designadamente
os impostos.
Modigliani e Miller (1961, citados por Pereira Cadete, 1998) sugerem que as decisões dos
investidores na selecção das suas carteiras podem ser influenciadas pelas imperfeições do
mercado, designadamente a existência de custos de transação e de diferentes taxas de
tributação. Estas imperfeições afiguram-se suficientemente importantes para incentivarem os
investidores a centrarem a constituição das suas carteiras em títulos que possibilitem a redução
destes custos.
Para além disso, a tributação também pode influenciar a distribuição de dividendos. Num
trabalho apresentado por Atkinson e Stiglitz (1980, citados por Pereira Cadete, 1998)
demonstrou-se que na avaliação do preço de uma acção se deve incorporar, não só os
dividendos a receber, mas também os ganhos de capital que se espera obter aquando da
alienação do título. No caso de se considerar um sistema fiscal com diferentes taxas de
tributação sobre os dividendos e sobre as mais-valias, os autores demonstraram que se gera um
claro incentivo à criação de ganhos de capital através da recompra pela empresa das suas
próprias acções.
No mesmo contexto, alguns autores conseguiram demonstrar (Dammon, Spatt, and Zhong,
2003) que os investidores têm preferência por investir em aplicações que possibilitem diferir o
pagamento do imposto, designadamente em ações que não distribuam dividendos.
Este modelo foi estendido ao mercado global, onde se avaliou a relação directa entre o imposto
sobre rendimento e o desempenho do mercado, concluindo que a optimização de uma carteira
de activos financeiros num mercado global é altamente sensível a vários factores de mercado,
tais como a correlação entre os activos financeiros; o retorno; os custos de transação; e a política
fiscal. Além disso, os preços justos de alguns activos financeiros mostraram ser influenciados
pelas taxas de imposto sobre outros.
O impacto dos impostos sobre o desempenho de carteiras foi também objecto de estudo de
Bergstresse e Pontiff (2012), que analisaram os efeitos na variação dos encargos com impostos
sobre ganhos de capital de carteiras de referência, tendo concluído que as carteiras com activos
financeiros de pequenas empresas tendem a ter uma maior exposição à tributação dos ganhos
de capital, em relação às carteiras compostas com ações de grandes empresas ou em carteiras
de crescimento em que a tributação tende a ser menor.
Conclusão
Esta pesquisa, permitiu concluir que os investidores procuram mercados de baixos custos de
transação, designadamente no que diz respeito aos impostos, e que nas suas decisões,
geralmente, ponderam a fiscalidade aplicável aos rendimentos dos activos financeiros em que
pretendem investir. A actividade de gestão individual de activos financeiros ainda consegue
atrair investidores não residentes, sendo as carteiras de titulares não residentes sob gestão
bastante significativas.
Em suma, pode inferir-se que, nas suas decisões, os investidores tomam em consideração a
fiscalidade na alocação dos investimentos a activos financeiros, sendo que a gestão de carteiras
considera os efeitos da tributação no retorno das aplicações em activos financeiros.
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