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Peter Pan

“Todas as crianças crescem, menos uma e ele daria um jeito de não


crescerem mais…”

Já se passaram altas horas da noite fria em Bloomsbury, mas Wendy e seus irmãos João
e Miguel continuavam despertos. Wendy, apaixonada por aventuras, lia contos para seus
irmãozinhos que gostavam tanto quando ela também.

- “E Cinderela saiu voando para longe de tudo que é feio é vulgar, mas quando chegou ao
baile ela se viu rodeada de piratas, quanta insolência” -. Começou com uma história, logo
incrementando com mais uma.

- “Havia o Alf Mason tão feio que a mãe o trocou por uma garrafa de moscatel. Bill Junkes
era coberto de tatuagens… e o mais cruel de todos…Gancho!

- “Com seus olhos cristalinos feitos miosótis, manos quando furava sua barriga com seu
medonho gancho que ele tem na no lugar da mão direita!”

- “Nesses momentos, seus olhos ficavam vermelhos e…”

“Mocinha, viemos pegar seu sapatinho de cristal”

- “E quem é você para me dar ordens e me chamar de ‘mocinha’?”

E ambos irmãos mais velhos começaram a interpretar uma briga enquanto seu irmão mais
novo e seu cachorro babá, torciam animadamente. Enquanto lutavam, Wendy finaliza sua
história e de sua janela um garoto misterioso assistia.

- “A corajosa Cinderela resolveu o problema de uma vez por todas… com um revólver!”

- “Um revólver?” - perguntou seu irmão menor.

Algo faz um barulho na janela e a cachorra Naná late em alerta, os irmãos vão averiguar o
que era, mas não havia nada. Nem uma ave, nem folha. E as crianças esqueceram, não
deram tanta bola.

“Pois o que perturba um adulto, nunca perturbará uma criança”

[…]

O barulho do relógio cuco, anuncia a chegada de sua tia da cansativa viagem, que
cumprimenta seus pais Jorge e Mary. Os adultos que estavam no andar abaixo observam o
lustre quase despencar do teto, com a algazarra que as crianças faziam, com Mary
justificando a tia que era por causa da ‘hora do banho’.
A família vivia bem e feliz, o Sr.Jorge Darling era bancário, sabia o custo de tudo,
poderíamos considerar o Julius de sua época. A Srª.Mary Darling era a fama mais amável
de Bloomsbury. E também a tia Millicent que não via sentido em ter a cachorra Naná como
babá.
A folia continuava no andar de baixo com as crianças presentes, Mary tocava piano
enquanto os irmãos cantavam de forma desordenada e sua tia observava de forma
debochada. Chegou a vez de Wendy cantar, mas cantar uma história.

- Minha nossa, que educação essas crianças recebem hoje em dia.

- Eu não tenho a menor educação tia, mas sei muito sobre piratas. Minha grande ambição é
escrever um romance em três partes sobre as minhas aventuras

- Quais aventuras?

- Bom ainda vou vivê-las, mas garanto que serão emocionantes.

- Mas querida, escritoras não são bem vista na sociedade e não têm nada mais difícil do
que casar do que uma romancista.

- Casar? - Disseram todos presentes.

- Mas tia Millicent, Wendy não tem nem se quer treze anos… - Disse Srª. Darling.

- Tolice, venha Wendy, deixe-me te avaliar.

Sr.Darling incentiva sua filha a ir até sua tia com ambos irmãos achando a situação
engraçada, já que Wendy dava voltas para que a mesma a avaliar.

*Como pensei, Wendy tem já o queixo de uma mulher. Ainda não notaram? Observem sua
boca ali a um sinal de nascença das gerações de mulheres da nossa família, o mesmo de
mim e sua mãe.

- Mas… pra que serve? - Pergunta Wendy

- É para maior aventura de todas, aqueles que o encontram experimentam o paraíso.

- Encontrar o que?

- Oras aquele a quem o beijo pertence. Bom irei ajudar nessa sua transição de mulher,
Wendy precisa de um quarto só dela e Jorge você precisa ir em eventos da alta
sociedade… - Seus irmãos ouviam as tagarelices de sua tia confusos, e Wendy e seus pais
espantados.

[…]

Chega a hora de ir dormir, em seu sono Wendy sente algo cutucando seu rosto, ela acorda
assustada e vê um garoto em sua frente que tenta fugir, mas Naná que estava presente no
quarto o morde mas, morde sua sombra que parece ser racional e ter vontade própria,
conseguindo escapar da boca da cachorra, a sombra voa em direção a uma gaveta, o
baque foi grande o suficiente para fechar o deixando preso.
O cujo garoto tenta escapar voando pela janela mas, a tranca da mesma solta prendendo
sua sombra que é retirada de seu corpo. Wendy tenta ver ele pela janela e acaba saindo
para fora.

“Mas não tinha corpo algum, pois nenhum havia caíra”

[…]

Wendy certamente sonhou com isso, aliás a perturbava um pouco, isto era um tanto
assustador, como forma de desabafar ela fazia desenhos medonhos desse acontecimento,
durante sua aula, mas sua professora acabou pegando e o interpretou com malícia já que o
desenho consistia nela na cama é um garoto sobrevoando em cima dela. Indignada a
professora mandou uma carta para um garoto de correio em tom moralista demais ao
Sr.Darling que, passará a tarde praticando frases feitas para os eventos de alta sociedade
já que surgiu a oportunidade.
Wendy e seus irmãos voltavam da escola junto de Naná sua babá cachorra, e esta maldita
carta perturbava a menina, que se sentia a caminho da execução. De repente o destino
sorria para ela, o garoto das cartas passava de bicicleta para ir ao trabalho de Jorge,
desesperada Wendy começou a correr, seus irmãos e Naná correram atrás dela sem
entender. Chegando ao trabalho de Sr.Darling o homem estava prestes a falar com os
senhores da alta sociedade e formar laços, corria o garoto das cartas, Wendy e Naná. A
pobre cachorra escorregou no piso fazendo os dois jovens caírem em Jorge, no meio de
seu trabalho várias cartas foram espalhadas.
Na casa da família feliz se inicia um pouco de terror com o pai deles esbravejando e
gritando com Wendy enquanto arrastava Naná pela coleira.

- Eu fui humilhado! Devo ser um homem que as crianças temem e os adultos respeitem

- Fale baixo Jorge… - Diz a esposa em tom acanhado.

- Os vizinhos ouviram! - Diz a tia.

- Que ouçam! Wendy vai começar os aprendizados com Millicent já está mais que na hora
de você crescer e dar frutos a esta família e que o mundo todo saiba que isto não é uma
babá, isto é uma cadela velha que só está fazendo hora e gastos nessa casa… amanhã
será levada em sacrifício!

As duas mulheres mais velhas olhavam assustadas e tentavam argumentar mas sem
sucesso e não podiam se opor ao homem da casa enquanto Wendy chorava de soluçar.
Esta decisão de Jorge mesmo radical e irracional, o próprio via motivos plausíveis como ele
diz a cachorra só lhe trazia gastos e era um cachorro velho, mas na verdade só estava
descontando suas frustrações e extremo estresse no pobre animal.
Está noite fria Wendy estava no quarto compartilhado com os irmãos com lágrimas nos
olhos, enquanto seus pais se preparavam para ir a um evento. Sua mãe foi preparar seus
filhos para dormir, ajeitando cobertores e janelas.

- Mãe, você tem que ir à festa? - Diz Wendy tristemente.

- É mamãe não precisa. - diz João.

- O papai pode ir sozinho…- cita Miguel.

- O pai de você é um homem corajoso, mas vai precisar de sua esposa para enfrentar os
colegas hoje.

- Papai corajoso? Depois daquela decisão covarde? - Wendy diz com um gosto amargo na
boca.

- Existem vários tipos de coragem, tem a coragem de pensar nos outros antes de si mesmo,
e está fazendo muitos sacrifícios por esta família, e por isso é um corajoso, não seja ingrata.
Bom, estamos de saída, sua tia ficará com vocês.

E assim a mamãe Darling saiu do quarto deixando os filhos acanhados e Wendy sem um
desamparo. Na porta que dava acesso ao lado de fora, a tia Millicent encorajava Jorge,
enquanto quase expulsava o casal para irem ao evento e, com as crianças deitadas, a
mulher se sentou na poltrona para ler.

[…]

Um pouco despertada de seu sono Wendy sente um vento gelado entrar no quarto, a
janela misteriosamente estava aberta e algo brilhante entra sobrevoando o quarto, batendo
em brinquedos e derrubando livros o que acaba acordando a garota. Ela levanta em um
susto, a coisa brilhante se esconde no abajur e Wendy ainda muito sonolenta balança a
cabeça e volta a se deitar. A coisinha brilhante então voa para o corredor dos quartos e não
observa algo pela gaveta e indo novamente em direção a janela que agora contém a figura
de um garoto. A coisinha resmunga coisas incompreensíveis para ele, mas o menino parece
entender e ambos vão a gaveta.

- Conte comigo - Sussurra o garoto. - Um… dois… três.

O menino abre a gaveta libertando uma sombra com sua silhueta, sombra que na
velocidade da luz tenta escapar novamente. O garoto a pega novamente mas a sombra
luta, no processo empurrando a coisinha que tropeça na gaveta também ficando presa lá.
No quarto dos irmãos com sua sombra o jovem garoto tenta arrumar uma forma de prendê-
la a seu corpo mas sem sucesso, ele está prestes a chorar de raiva e frustração enquanto a
sombra tira sarro de sua cara. Wendy acorda olhando aquela cena.

- Olá… porque está chorando?


O jovem garoto se assusta com a voz repentina e acaba voando demais e acaba batendo
sua cabeça no teto.

- Você pode voar! - diz Wendy empolgada

O garoto desconfiado desce ao chão, fazendo uma reverência a garota que também vai ao
chão e faz uma reverência.

- Qual o seu nome?

- Não, qual o seu nome? - o menino exclama dando ênfase no ‘seu’ de forma arrogante.

- Wendy Moira Angela Darling.

- Peter…Pan.

- Onde você mora Peter?

- Hum, segunda à direita e siga reto até o amanhecer - diz o garoto, agora Peter que não
notou Wendy se aproximar enquanto falava.

- Escrevem assim nas cartas? No caso sua mãe as recebem.

- Não recebo cartas e muito menos tenho uma mãe.

- Por isso estava chorando…

- Não estava chorando por causa de mães, e sim porque não consigo grudar nessa maldita
sombra e aliás eu não chorei!. - esbravejava.

- Podemos arranjar um jeito, posso costurar ela!

- Claro… isso pode funcionar.

A sombra não se alegrou com isso, já Peter olhou com essa citada imodéstia. Wendy
achou um pouco estranho que Peter parecia animado durante a costura e, mesmo sem
emitir som a sombra não parava quieta como se estivesse com dor. A coisinha pequena que
continuava presa na gaveta assistia toda a interação e não parecia gostar nem um pouco.

- Me empresta sua faca?

- Se pretende esquartejar a sombra não dá certo já tentei e ela volta, mas eu deixo, por
tanto que não me atinja.

- O não que horror, é somente para cortar a linha.

- Oh sim claro, estava apenas brincando.


Finalizando a costura Peter vai fazer o teste para ver se estava mesmo presa. Wendy
observava que a sombra parecia cabisbaixa e não obedecia seu dono muito bem.

- Vamos lá coisa sombria, não faça corpo mole!… Realmente foi muita esperteza a minha!

- E eu não fiz nada né? - Wendy cita com ironia em sua voz

- É ajudou um pouquinho…

- Tudo bem, boa noite. - a menina foi em direção a sua cama para voltar a dormir, um pouco
charada com o comentário. Peter mesmo não querendo foi até sua cama com a voz mais
macia que conseguia.

- Wendy é lógico que uma garota vale bem mais que vinte garotos.

- Você acha mesmo?

- Eu moro com meninos, os meninos perdidos, é até um bom nome…

- Quem são eles? - a menina pula da cama com a animação renovada no processo fazendo
Peter cair, mas que se levanta rapidamente.

- Ah bem… crianças que caem dos carrinhos quando as babás se descuidam e se não são
procurados com antecedência, vão parar na Terra do Nunca!

- Tem meninas lá?

- Meninas não, são muito espertas pra caírem de seus carrinhos…

- Oh Peter, é muito lisonjeiro o jeito que você fala das garotas. Gostaria de lhe dar um beijo
em agradecimento.

No processo o garoto da sombra estende as mãos, com certeza não sabia o que era um
beijo, ele estendia suas mãos como se o beijo pudesse ser recebido igual a um objeto.

- Não sabe o que é um beijo?

- Vou saber assim que me der um.

- Haha claro - a menina dá uma tampa pequena que acabara de pegar.

- Acho que agora devo te dar um…

- Se quiser - diz a mesma já virando seu rosto e de olhos fechados para recebê-lo.

- Ahem - Peter finge uma falsa tosse para chamar sua atenção e a da uma semente que
carregava.
- Obrigada!

Mesmo não sendo o que era desejado agradece com um grande sorriso e vai correndo para
guardá-lo enquanto continua seu interrogatório ao menino não tão mais mistérios.

- Quantos anos tem?

- Com toda certeza sou bem novo!

- Você não sabe sua idade?

- Ah bem é porque fugi de casa - dizia enquanto vasculhava o quarto. - Uma noite ouvi
meus pais dizendo o que eu seria quando crescesse e… Daí fugi para o parque
Kensigtongarden e conheci a Sininho! - A última parte ele diz muito rapidamente.

- Sininho?

- Sininho, ela é a minha fada.

- Peter mas não existem fadas - a garota diz risonha

- Jamais diga isso! - ele a calou com as mãos enquanto quase avançava na menina com um
olhar histérico. - Toda vez que dizem isso em algum lugar uma fada cai morta! E… nunca
acharei se morrer…

- Não me diga que tem uma fada no neste quarto?

- Viemos aqui ouvir suas histórias, gosto daquele em que o príncipe procura a donzela dos
sapatinhos de cristal.

- A Cinderela! O príncipe a encontrou, e eles… e eles viveram felizes para sempre - a


menina já encantada com o garoto andava falando em sua direção com um olhar
apaixonado.

- Sempre este final, eu sabia…

- Peter, eu queria muito te dar um… dedal.

- O que é isso?

Wendy se aproximava de Peter com a intenção de beijá-lo, e agora Sininho continuava na


gaveta olhando, a cena lhe causou raiva o suficiente para fugir e agarrar a menina pelos
cabelos, que para uma fada puxava com muita força de um lado para o outro enquanto
batia sua cabeça, começará a brotar lágrimas nos olhos de Wendy. Peter de imediato
captura a fada e a joga longe que não se abala com a queda e começa a resmungar.
Sua tia que ainda permanecia no andar abaixo assustada com os barulhos, decide ir ao tal
evento em que seus pais estão para comunicá-los, já sei quem geralmente fazia isso era a
Naná.
- Não é muito educada, disse que se me der um dedal outra vez, ela te mata.

- E eu achava que as fadas eram boazinhas.

Enquanto enxugava as poucas lágrimas e passava as mãos na cabeça, sem esperar a


menina falar mais, junto de Sininho Peter vai em direção a janela mas é impedido pela
mesma.

- Não vá!

- Preciso contar aos outros sobre a Cinderela.

- Mas conheço diversas histórias que posso contar aos meninos perdidos.

- Está decidido então, você virá comigo!

- Calma mas não sei voar - ela disse isso receosa sem saber o que fazer.

- Não seja por isso, eu te ensino. Ensino a navegar nas costas do vento e lá vamos nós.

- Meus irmãos podem ir conosco? - Ela se separa de suas mãos que já a pegavam para
saírem e vai em direção às camas de seus irmãos que a todo momento dormiam
profundamente, como se estivessem em um encanto.

- Podem, podem - Diz Peter de costa já que revirava os olhos.

- Miguel, João acordem, tem um menino aqui que vai nos ensinar a voar!

- Você certamente desafia a lógica - argumenta João enquanto olha Peter voando acima
dele. - E certamente eu adoraria desafiá-la como você!

- Simples só ter bons pensamentos que farão isso, mas com uma ajudinha dos brilhinhos
que a Sininho solta ficará tudo mais fácil. - Peter pega Sininho e a sacode loucamente nos
três irmãos. - Então venha comigo… venham A Terra do Nunca!

- Mas e nossos pais? - questiona Miguel.

- Pra que pensar em seus pais enquanto lá há sereias, índios e piratas

- Sereias, índios e piratas! - dizem em uníssono animados.

Wendy tinha dúvidas de deixar sua casa, achava um pouco perigoso, mesmo
gradativamente se apaixonando por Peter. Pensou nos acontecimentos recentes e o quanto
estava infeliz é triste naquela casa, uma aventura a faria bem e teria o que escrever em seu
futuro livro. João e Miguel saíram voando animados pela janela.
- Esqueça-os Wendy, esqueça a todos. Se vier comigo, nunca mais terá de se preocupar
com os problemas dos adultos - Peter a influência vendo que ela foi a única que
permaneceu com um olhar perdido no quarto.

- Nunca é um tempo longo de mais…

“Seria um final feliz dizer que seus pais e tias chegaram ao quarto a tempo.
Mas aí não seria o intuito desta história…”

Os mais velhos chegaram sim ao quarto, mas se encontrava vazio, apenas diversas coisas
espalhadas e a grande janela do quarto escancarada.
Sobre os céus estavam as crianças, Peter olhava os dois meninos e não conseguia se
lembrar de seus nomes, na verdade não fez muita questão de decorar, só estava guiando e
cuidando de Wendy mas a menina estava zelando de seus pequenos irmãos. Para acelerar
a viagem que mais parecia um sequestro, o mais rápido Peter deu a mão a todos e
literalmente voou na velocidade da luz, assim chegando numa ilha através do espaço.
Além de avistar uma ilha, também há um navio com piratas. Um desses piratas acorda de
seu sono para ir avisar o Capitão do navio.

- Capitão? Eu estava de olhos bem abertos, de vigia quando notei que era inverno na água
e primavera no litoral e pensei… é cedo para a primavera surgir e…

- Eu estava sonhando, Smee…- sussurra de forma ameaçadora o Capitão. - Com o Pan…

- Pan, Capitão?

- E no meu sonho eu era um sujeito magnânimo disposto a perdoar e até mesmo agradecia
a ele por decepar minha mão…e me conceber este belo gancho para estripar e rasgar
gargantas…

- Então ele te fez um favor!

- Um favor? Ele atirou minha mão ao crocodilo e a fera gostou tanto que me segue desde
então, chama isso de favor?!

- Não, não, não…

- Graças a Lúcifer essa fera engoliu um relógio… porque você me acordou Smee..

- O gelo está derretendo, o sol saiu e as flores desabrocharam

- Ele voltou!

No alto do céu o grupo de crianças estavam numa nuvem observando o grande navio, com
a curiosidade decidiram se aproximar, mas não foram tão discretos assim.
- Preparem o canhão - o Capitão Gancho diz com sagacidade. - Fogo!

Os piratas acertam a nuvem que estavam desequilibrando os dois meninos menores e


jogando Wendy longe.

- Sininho ache Wendy e deixe o resto comigo. Ouh capitão Gancho!

Os garotos pendurados se manteriam em apuros já que Peter mal deu importância,


enquanto ia enfrentar o Gancho, sobrevoando e dando piruetas sobre o navio, fazendo com
que os canhões que estavam direcionado a ele, atigince o navio.
Os irmãos caíram num rio enquanto Wendy estava prestes a atingir o chão, mas um grupo
de garotos a observava com uma telescópio.

- O que é aquilo? - diz um.

- Um grande pássaro branco, e nossa como é feio…

- Deixe me ver! - diz outro.

- Não quando Peter não está, eu dou as ordens! - no meio da pequena discussão Sininho
chega.

- Oh olá Sininho onde está Peter? E tem mais notícias da Cinderela? - A fada concorda.

“Wendy tinha toda razão, fadas eram más”

As fadas são minúsculas é só podem ocupar um sentimento de cada vez, e tudo o que
dominava Sininho era a raiva.

- Sininho disse que o pássaro se chama Wendy, e que Peter quer que nós atire nela. Já
temos nossas ordens atirem no pássaro Wendy! Preparar, apontar em três, dois, um fogo!

A menina é atingida caindo delicadamente, por causa do pó de fada. O grupo de meninos


vão correndo atrás de sua “presa” enquanto a fada fazia grunhidos maléficos.

- Isto não é uma pássaro, é uma moça! - anuncia um.

- E o Tootles a matou - o restante do grupo diz em coral.

- Ha voltei! - de surpresa Peter aparece - Boas notícias sei o que ouve com a Cinderela, ela
bravamente derrotou os piratas, houve facadas, cortes, torturas e muito sangue! E ainda
trouxe a autora!

Olhando mais à frente Peter olha a pobre menina no chão da floresta em que caiu, ele se
ajoelha e retira a flecha.

- Flecha de quem? - questiona Peter nada feliz.


- Minha Peter… - diz Tootles acanhado.

Indo na direção do menininho com a flecha em mãos ele iria crava-lo no peito do menino
sem dó nem piedade. A ponta estava prestes a ser afundada, mas Wendy solta um
resmungo, não acordando e Peter para seu quase homicídio.

- A Wendy está viva! - escondida numa folha, Sininho da um gritinho de raiva, a flecha a
atingiu superficialmente, atingiu a semente que Peter a deu, ela tinha transformado em um
colar.

- O meu presente a salvou… o nosso amor a salvou!

- Podemos deixá-la aqui para morrer…

- Você será deixado para morrer se disser isto de novo!

- Desculpe, desculpe, como pude pensar nisso.

- Construam uma casa, rápido! - Ordena. Ele se aproxima observando o rosto da menina,
dois garotinhos gêmeos se aproximam de Peter.

- Foi a Sininho que ordenou. - dizem em sussurro e saem rapidamente.

- Ah Sininho né. Oh Sininho! - cantarola ele é a fada vai devagar em sua direção e Pan a
agarra com brutalidade. - Foi você Sininho? - ele pergunta em tom ameaçador, mas a
fadinha nega. - Eu não acredito em você sua mosquinha, saia daqui antes que eu
concretize o que iria fazer com Tootles!

Peter pega Wendy e vai em direção a casa construída, e a coloca numa cama
improvisada. Pan vai até o grupo de meninos.

- Quando ela acordar, eu ordeno que peçam perdão e se ela não perdoar viram
consequências! - Com a fala baixa mas em tom duro Peter finaliza, com Wendy
despertando e indo em direção a eles.

- Olá moça Wendy, fizemos essa casa para você então… - ajoelhados eles pedem. - Por
favor no perdoem e seja nossa mãe!

- Oh isso é tanta gentileza que assusta, mas entendam, não tenho experiência de ser
mãe…

- Peter obcecado o suficiente por você pra te considerar perfeita, se ele te acha perfeita,
todos nós achamos! - fala um dos garotos

- Obcecado?
- Ele quis dizer fascinado, perdão, e você conta histórias então realmente é uma mãe
perfeita. - explica Tootles

- Esta bem… prometo me esforçar.

- Eba! - todos falam em coral.

Mesmo em duvida, a nova mãe aceita seu cargo e os garotos comemoram e se


apresentam pra ela: Tootles, Slightly, Nibs são esses.

- Temos que tomar cuidado tem umas pessoas perigosas por aqui - alerta Nibs. - Se o
Gancho descobre o esconderijo ele nos estripa.

- Que horror! - diz Wendy.

- A gente já se acostumou com isso, ameaças entre outras coisas. Vamos hora de ver o
papai.

Os meninos tagarelavam enquanto guiavam Wendy pela floresta para uma outra casa, a
casa de Peter a empurrando porta a dentro, a menina vai andando na casa que mais
parece uma caverna, ela pisa em falso e cai em um buraco que a leva a mais fundo ainda
na casa, se deparando com Pan.

- Bem-vinda mãe! Disciplina e nisso que o papai acredita. Deve espanca-lós se tentarem a
matar outra vez… de fato deveríamos matar eles já!

Peter enquanto pega uma grande espada e como um maniaco começa a correr atrás
deles. Em desespero Wendy se opõem à frente dos garotos e pensa rápido em um
argumento pra tentar convencer esse Peter não tão normal.

- Papai! Eu concordo que sejam meninos terríveis, mas se matá-los se acharam muito
importantes

- Esse é o melhor método de disciplina que eu sei não a outro, na verdade esse é o mais
razoável.

- Remedio! - exclama ela o segurando.

- Remedio?

- Sim, com certeza é um jeito bem mais cruel, o castigo mais feroz e nojento de todos, como
um veneno.

- Oh sim envenena-lós.

- Agora o menor primeiro, vamos Miguel… Miguel? Cadê o Miguel?

- Quem? - Pergunta Peter.


Miguel e João continuavam no rio que tinha mm caídos, não aconteceu nenhum acidente
grave em sua queda, só se molharam por inteiro e estavam perdidos. Começaram a correr
na floresta ao redor para tentar encontrar sua irmã ou Peter mas acabaram sendo pegos em
uma armadilha.

- João, tem coisa pior aqui…- diz Miguel apontando para uma índia a sua frente.

Os dois irmãos começam a gritar e a índia dar risada da situação, a índia ria com tanta
força que caiu do pequeno barranco que estava e, por coincidência Gancho e sua tripulação
estava ao redor.

- O que temos aqui, a Princesa Tigrinha. - Gancho diz monótono. - Procuramos como
sempre o Pan e seu esconderijo e, dois garotos que o acompanhava caíram por aqui, não
nos entenda mal só queremos ajudar eles a se protegerem.

Não tinha como a Índia saber as reais intenções de Gancho, ele era uma figura
ameaçadora na Terra do Nunca quem sabe ele realmente queria ajudar, mas era o Pan seu
amigo. Então, Índia da uma resposta em sua língua mas parecendo deveras insultante, da
a entender porque no final ela cospe na bota do capitão.

- Ela disse: “Desculpa, mas não” - traduz Smee com mais sutileza.

- Meu gancho diz que viu princesa. - Com a parte não afiada do seu gancho ele inclina a
cabeça da Tigrinha para cima, onde está a armadilha e os dois meninos.

- Eu exijo que soltem essa selvagem agora seus, seus selvagens! - João fala com a cara
mais brava que ele possa interpretar.

- Será que ninguém vê que estou tentando ajudar aqui?! Não ligo, vocês viram comigo!

[…]

“Sereias não são o que se lê nos livros”

Sereias são criaturas sinistras em contato com tudo de mais misterioso. Elas atraem
pessoas com sua aparência e voz como formar de capturar suas presas. Por este seu
método, as sereias sabiam de tudo da Terra do Nunca, conseguiam tirar informações como
ninguém. E nesse momento Pan e Wendy estavam no seu local de origem, o que será que
se passava na cabeça de Peter para trazer num lugar perigoso como esse, sadico..

*Que adoráveis! Elas não são lindas? - disse Wendy encantada.

*Sim, eu acho adorável a maneira como elas atraem para afogar lindamente se ficar muito
próximo, quer se aproximar? - ele dizia essas palavras com um conforto no olhar.

*Peter acho melhor não… - a garota a olhava com olhos grandes e assustados.
- Deixe de bobeira, vamos! -

Peter a pegou e a deixou em uma pedra enquanto voava observando, as sereias se


aproximaram, uma delas começou a cantar para Wendy enquanto lentamente pegava no
seu pulso e a garota parecia hipnotizada. A sereia tenta puxar Wendy para o mar, mas
Peter a impede a tempo.

- Malditas mulheres peixes!

[…]

Os piratas, a princesa Tigresa e João e Miguel eram reféns do Gancho em seu pequeno
barco, já que o navio foi destruído. Adentravam uma caverna no mar com tochas já que caia
à noite.

- Desta vez minha vingança será… bem sórdida - o capitão fala enquanto carregava sua
arma de munição. - Atem minhas iscas a rocha. - que eram as crianças.

- Venha voando Pan que irei atirar bem nas suas verdadeiras nobres intenções… - Gancho
se preparava de um local para dar um fim no garoto voador.

[…]

Peter Pan e Wendy foram ao encontro de Gancho, naquela terrível tempestade que estava
começando a se formar.

- Eu trouxe duas, sabe usar? - diz enquanto lança uma espada em direção a garota.

- Sim, mas iremos lutar contra o Capitão Gancho?

- Adoraria ver você esquartejar ele em pedaços, mas quero fazer isso eu mesmo, então
deixe-o pra mim, você pode fazer isso com os outros piratas.

- Quero lutar mas não ferir ninguém. -

- Mas vai, então espere aqui pelo meu sinal.

- Esperar aqui? Ei espere Peter! - já era tarde ele saiu voando

[…]

De onde o Capitão Gancho estava ele ouvia uma conversa e saiu de seu esconderijo,
empunhando sua arma, por sorte Wendy se escondeu a tempo, Peter e Wendy estavam no
mesmo local que seu rival e nem se deram conta, bem pelo menos não Wendy. A menina
escondida observava Gancho.

“Assim Wendy viu pela primeira vez os olhos do vilão com sua figura sinistra,
que assombrava suas histórias. Ela viu aqueles olhos mas não ficou com
medo, e sim encantada…”

As três crianças permaneciam presas, Pan estava escondido, ele tinha uma habilidade de
manipular a própria voz para parecer de outras pessoas e ele iria usar isto, para soltar as
criança? Oh não, não, para afoga-las mesmo, o porque disso? Estava tudo muito bem com
os novos recém tornados pais e os meninos perdidos, até a mamãe se lembram da
existência de seus irmãos, se ele desse um jeito de vez neles, teria Wendy só para ele, e
infelizmente a princesa Tigrinha teria que ir junto, não tinha escapatória para ela.

- Sr.Smee? - Peter imitava o Gancho perfeitamente.

- Chamou capitão? - pergunta Smee com mais um capanga ao lado.

- O que raios pensa que vai fazer?

- Bem atamos as crianças na rocha como o senhor mandou.

- Precisamos causar dor e sofrimento como os piratas que somos, afogue-os!

Smee e o outro capanga estavam receosos, isso realmente fazia parte do plano de seu
capitão? Não lembrava disso, de qualquer forma, não queriam andar na prancha, puxaram
as três crianças pelas correntes e os obrigaram a entrar no rio profundo. Com o peso das
correntes gradativamente as crianças foram afundando, se debatiam mas estavam presos,
era difícil nadar e Peter via tudo isso com um enorme sorriso maléfico em sua face.
Resolvido este problema Peter retorna para dar o sinal para Wendy. Smee olha aquelas
pobres crianças se afogando e lhe dá um aperto em seu peito, junto ao outro capanga
ambos cortam as correntes com espadas afiadas e saem do local rápido.
As três crianças sobem à superfície com falta de ar e nadam o mais longe o possível da
visão dos capangas.
O verdadeiro capitão Gancho não notou nada lá fora, então não encontrou Wendy,
retornou na onde seus capangas estavam.

- Smee! Onde estão as moleques? - grita o Capitão.

- Capitão, depois de sua ordem, o Pan acabou os libertando!

- Maldito Pan!

Smee achava que quem tinha dado a ordem de afoga-los era seu Capitão, e ele não podia
dizer que tinha os libertados o quão bravo ele ficaria. preferiu mentir para limpar sua barra.
Pan volta para seu local escondido e Wendy em outro e continua com sua interpretação de
Gancho.

- Sr.Smee! - grita o falso Gancho.

- Quem é você? Estranho! - agora grita o verdadeiro.

- Eu sou o James Gancho, capitão do Jolly Roger!

- Se você é o Gancho… então quem sou eu?

- Você é… um bacalhau! Hihihi - a risada de Peter saiu com seu tom de voz verdadeiro, e o
Gancho notou isso.

- Diga-me… Gancho, você tem outro nome? - perguntou.

- Tenho.

- É vegetal?

- Não?

- Mineral?

- Não.

- Animal então? - perguntou recarregando sua pistola.

- Sim haha.

- Homem…

- Não! - Peter falou um pouco mais alto e com raiva, novamente usando sua verdadeira voz.

- Menino então? - falava Gancho já bem próximo do local onde Peter estava deitado, bem
despojado.

- Sim! - aqui Peter já usava sua verdadeira voz livremente, sem interpretações.

- Menino comum? - Gancho se preparava e avistava Pan.

- Não! - berrou em fúria.

- Ah sim, menino especial! - mas também Gancho não notou que Wendy estava por perto, e
enquanto ele perseguia Peter, ela o perseguia.

- Sim, então você desiste? Eu sou… - se preparava para falar.


- Um defunto, ficará no passado! - O pirata engatou, mirou e atirou.

- Peter cuidado! - grita Wendy

O tiro passou perto, mas não pegou o Pan, ele voou a tempo. Os outros piratas ao redor
agem então, baixando o portão e preparando um canhão na direção dele.

- Moleque ordinário esta será minha tão esperada vingança e sua marcha fúnebre!

- Esta preparado para outra derrota e perder sua outra mão?!

- Não desta vez!

O garoto avança na direção do capitão, Peter e Gancho começam a lutar, um com uma
espada e outro com seu gancho. Wendy vai em direção a outras espada e enfrenta um dos
piratas na esperança de ajudar o garoto.

- Hehe, olá mocinha. - debocha o pirata.

- Quem é você para me chamar de mocinha? - a menina diz com toda sua bravura e
habilidade com espada.

João, Miguel e a princesa faziam o máximo de esforço pra reerguer novamente o portão e
com sucesso. Wendy derrotou o pirata que lutava mas Gancho conseguiu prender Peter na
sua lâmina afiada, mas não queria o matar ainda. Pegou o garoto e o lançou em direção ao
canhão que foi acionado e continha uma rede. Peter caiu em direção ao mar, por sorte ele
sempre carregava uma faca menor consigo e, agora junto de seus irmãos e a Tigrinha
pularam no barco de Smee o jogando ao mar.
Peter escapou e subiu a superfície com dificuldade se agarrando a algo, era o pé do
Capitão Gancho, o mesmo o pega e o joga de costas na rocha e avança com a lâmina do
seu gancho, Peter se opõe tentando que não lhe corte.

- E agora sim Pan, você irá morrer e me vingarei por tudo que me fez passar…

- Morrer seria uma enorme aventura, mas não está nos meus planos e, por acaso escuta
esse som?

- Não tente me enganar mole… - é, o capitão ouve um tic-tac, era o crocodilo que ele foi
lançado, pelo jeito sentia falta do seu gosto.

- Atirem no monstro!

Foi tempo suficiente para ele se distrair e o garoto fugir, e ir para o barco com seus
companheiros e Gancho foi engolido pela fera.

[…]
Todos foram a aldeia da princesa Tigrinha comemorar, os meninos perdidos e os dois
irmãos mais novos curtiam a comemoração, enquanto Wendy e Peter estavam na floresta
próxima admirando as fadas. Com um par de fadas dançando, e muitos pozinhos mágicos
flutuando o que iluminada o local.

- Elas são tão pequenas e frágeis, mas tão belas - a garota estava encantada

- Sim, frágeis até de mais, é fácil quebrar seus ossos da até para ouvir o barulho deles
destroçando. - disse de forma distraída - Posso até voar com pensamentos felizes sabe,
mas é muito chato esses pensamentos, o pó delas é bem mais prático é só sacudir em cima
de você e pronto, está voando. - continuava a divagar - Essas farinhas são bem protetoras
com seu pozinho, talvez eu tenha pegado uma delas para usar e a apertei e sacudi de
mais…

- Peter que coisa terrível porque você diria e faria algo tão ruim assim, está me assustando
um pouco.

- Haha nada, esqueça o que eu disse, as vezes acabo falando bobagens quando estou
nervoso. - … É porque estou envergonhado em te tirar para dançar como aquelas fadas… É
o meu pedido de desculpas…

- Eu aceito sim, mas por favor não fique mais nervoso ao meu lado, não quero ouvir coisas
assim.

Nesse momento bizarro e se apertar os olhos romântico, os dois começaram a dançar com
as fadas ao redor não foi necessário quebrar ossos para obter o pó mágico.
Capitão Gancho apareceu e, vivo? Ele tinha sido devorado! Mas ainda assim não parecia
bem, mas inteiro cambaleava pra cá e pra lá acabando caindo no chão da floresta sem que
o notassem, de forma cansada.

- Então ele encontrou mais uma… Wendy? - falava tristemente enquanto virava o rosto para
o lado e se deparava com Sininho resmungando ao seu lado, também bem sofrida.

- Oh fada se sente solitária? - Sininho faz ‘sim’ com a cabeça e gesticula com suas mãos
um choro - Pior? Banida? - suspiro - E o ciclo se reinicia, crápula… acho que nós dois
podíamos fazer uma parceria.

Nos céus o casal continuava a dançar, nem faziam ideia do que acontecia na floresta, era
um momento único de ambos em seu próprio mundinho.

- Wendy… não me diga que isso é faz de conta, diga que permanecerá comigo - dizia Peter
de maneira desesperada enquanto agarrava com força as mãos da garota.

- Peter poderia ser um pouco mais gentil? Está apertando muito minhas mãos. - o garoto
solta suas mãos no processo Wendy e Pan descem ao chão - Sinto muito Peter mas não,
não vou permanecer com você…

- Entenda meu lado Wendy é que… eu pareceria velho de mais se fosse pai de verdade.
- Não Peter, isso é só um dos problemas que percebi, mas sinceramente esse é o de
menos… eu confesso estou te amando mas você não, o que era para ser amor está se
tornando obsessão!

- Claro que não Wendy! Tudo que eu fiz e estou fazendo é por você!

- Me responda uma coisa, diga você têm sentimentos?

- Sentimentos?

- Sim como, felicidade, tristeza ciúmes.

- Ciúmes?! Sininho.

- Ou raiva.

- Raiva… Gancho… - Peter da as costa a Wendy, algo tinha pisado na floresta que fez um
barulho.

- Amor…

- Eu nunca ouvi falar! - e volta sua atenção por sua amada obsessão.

- Eu acho que ouviu, ouso dizer que já sentiu por alguém…

- Nunca… só o som da palavra me ofende. - ele diz num sussurro de um jeito frio, bem
próximo a Wendy

- Peter… - Wendy o chama tentando toca-lo, mas ele rebate sua mão.

- Argh, porque você tinha que estragar tudo? Nós nos divertimos não foi? - a menina
acompanha seus passos para alcançá-lo - Te ensinei a lutar e a voar, o que você deseja
mais, porque é tão ambiciosa e egoista?

- Você que quer me prender e eu sou a ambiciosa e egoista? Sim, a muito mais o que eu
quero…

- O que pode querer mais?! - interrompe Pan - O que mais você quer daquele mundo cruel
dos adultos?

- Uma vida, não só me manter como criança pela eternidade, tenho certeza que fica tudo
mais claro a medida em que cresce! - a menina fala com ternura no olhar

- Não! Não vou crescer, não vai me obrigar. - esbraveja Peter - Tem sorte por se tornar
minha nova favorita ou seria banida igual Sininho e, é bem igual Sininho!

- Eu não serei banida! - grita Wendy com raiva.


- É realmente não será.

- Ah que bom que está começando a me compreender e…

- Até porque darei um jeito de que você permaneça aqui, para sempre!

- Peter? Como assim Peter, por favor não vá Peter!

Sem dar ouvidos a menina Pan sai voando e a abandona na floresta, a garota então corre
para a casinha improvisada feita pelos meninos perdidos e adormece aos prantos. Capitão
Gancho e Sininho ouviam todo o espetáculo.

“Peter não queria que Wendy fosse embora, sua querida tinha ainda muita
preocupação por sua família e ia averiguar”

Srª.Darling por todo este tempo permaneceu em frente à janela do quarto de seus filhos
passava dia e noite, até dormia em frente à janela com o vento gelado batendo em seu
rosto. Até mesmo o pai estava devastado, querendo ou não ele continuava sendo o pai
dessas crianças. Sr.Darling não tinha forças para comer quem dirá para trabalhar. Sua tia
acabou indo embora mais cedo, não suportava ver sua família assim. E lá estava ele, Pan,
olhando os pais dos três irmãos.

- Eu poderia a devolver, ou até ela ser de nós dois, mas Wendy tem razão dona… o
ambicioso e egoista sou eu… - ele se aproximou da janela e a fechou.

Mary ouviu o baque da janela e acordou e foi correndo para abri-la em desespero, parecia
emperrada mas não, era Peter que a segurava ao lado de fora.

- Porque não abre? Tenho que mantê-la aberta, meus filhos retornaram! - dizia com
lágrimas já escorrendo por seus olhos - Jorge me ajude a abri-la! - berrou alto a esposa e
seu marido chegou para ajudar.

- Eles não voltaram… - disse o pai da família de modo choroso e abraçando sua amada.

[…]

Os piratas de Gancho com ajuda de Sininho encontraram na onde Wendy estava e


silenciosamente a carregaram para o novo navio. A menina cortou perdida, e foi em direção
a cabine do Capitão Gancho que tocava e cantava em seu piano, a garota adentrará e
Smee também estava presente e pedia silêncio para a mesma.

- Ele mesmo que compôs - cita Smee em tom baixo.


♫ “…Quem não quiser obedecer na prancha vai andar

Yohol, yohol a prancha é má,

é bom não arriscar!

Quem nela andar… irá parar… no escuro e fundo mar..”♪

Após a música Wendy foi exposta a uma mesa de jantar. Com Gancho rondando a menina
que parecia um pouco amedrontada.

- Wendy querida… me disseram que você fugiu de casa?

- É o que parece, mas estou em uma aventura com o Peter.

- Mais uma das mentiras que o Pan não lhe disse.

- Peter não mentiu para mim, você sim!

- Tem certeza querida, além de mentiroso é um bom manipulador, repare só, você fugiu de
casa por causa dele.

- Eu… eu não tinha visto por este ângulo…

- Garoto mimado, inconsequente e caprichoso, está vendo, nem pensou em seus


sentimentos, nós de seus pais.

- Oh não, o que eu fiz… - Wendy pós suas mãos no rosto e suas lágrimas chegavam

- Wendy não derrame lágrimas por aquele maniaco. Ouvi dizer também que você gosta de
contar histórias… aqui você poderia contar incontáveis se quisesse, mas você gostaria de
ouvir uma história minha?

- Você sabe contar histórias?

- Não tão bem quanto você, mas queria muito que me ouvisse, ouvisse o lado do pirata
desta vez, uma história real, minha história, está disposta?

- Não lhe garantirei que acreditarei, mas não abro mão de uma história…

- Maravilha! - Gancho perambulava de uma lado ao outro - Por onde começamos, teremos
que começar pelo meu inimigo. A Terra do Nunca já existia a tempos e seu amado Peter é
um foragido que veio pra cá.

- Foragido? Mas-
- É e tente não me interromper tanto. Como dizia foragido, Peter abomina seu crescimento e
responsabilidades e em como qualquer outra criança ele tinha uma lar, tinha pais.
Chegando uma fase os pais de Peter conversaram sobre isso com ele, seus pensamentos
triste acionaram uma fadinha para lhe ajudar e foi nesse instante que ele decidiu fugir para
cá.

- Mas e os pais deles, como ele teve coragem?

- Peter era uma criança, crianças são inconsequentes é só pensam em brincar, e era o que
ele queria fazer pelo resto de sua vida. - Gancho ia até o outro lado da mesa se servir de
bebida - Ele te convenceu da enrolação das babás?

-…

- Ha ha ha, essa é clássica. Não, as babás não se distraem, ele que sequestra as crianças.

- Não… por favor não.

- Sim, por favor sim. Ele pega as crianças vendendo o sonho falso da festa eterna que é
aqui. Mas a verdade é que ele é um inconsequente já que ainda tem sua mente de criança
que não desenvolveu o senso de responsabilidade. Ele não avisou a você e seus irmãos
dos malvado piratas e dos ataques constantes que vocês iriam sofrer avisou?

- Não… em nenhum momento.

- E como deve ter percebido, não há meninas aqui, porque geralmente são mais espertas e
desenvolvidas e alertam seus pais. - ele se serve mais um pouco - Os meninos são burros,
e ele se aproveita disto porque, para ele se manter nesse mundo precisa de quem lhe
arrume comida, cuidando da casa, precisa colocar essas responsabilidades ‘adultas’ em
alguém que não seja ele.

- Por isso ele queria que eu fosse a mãe…. Eu notei que ele mudou com o tempo não sei
se estava fingindo…

*Ele parecia…Sinistro. - afirmava com um sorriso irônico - Tem uma lei nos meninos
perdido, igual sou o capitão do meu navio, Pan é do seu, e quem desobedece sofre
consequências, só que, Pan não tolera desobediência e ele vai punir de forma severa, seja
torturando… ou matando…

- Meu Deus… - a menina já estava com seu rosto vermelho de tanto segurar suas lágrimas.

- Ah e sim ele mata e tortura, Pan não tem pena. Era pra ter bem mais meninos perdidos
por aqui, mas os meninos que ficam aqui, não permanecem como Peter eles crescem
mesmo na Terra do Nunca, e como ele precisa afirmar na cabeça doentia dele o trauma de
crescer ele acaba dando um fim nisso…

- Matando os meninos…
- Bingo! Garota esperta!

- Espere, tem algo que não se encaixa aqui, os piratas e inclusive você, são adultos!

- Sabe porque querida Wendy… Eu sou um dos meninos perdidos, eu e minha tripulação
não fugimos

- O Peter te baniu

- Sim essa é a grande questão - o pirata degustava um prato de comida agora - Eu e Pan…
éramos próximos, eu era seu favorito, ele que era meu melhor amigo. Um dia ele trouxe um
outro garoto era Smee, e por sua confiança a mim, eu era seu braço direito e cuidava do
meninos e me aproximei bastante deste.

- E com certeza ele não gostou.

- Ele tenta nos afastar e chamar minha atenção e não consegue, mas ele sempre dá um
jeito de conseguir o que quer e começa a matar os meninos mas não só os que cresciam,
matava sem sentido. - Gancho gesticulava - Eu estava assustado, o que poderia fazer? Era
apenas uma criança, então comecei a clamar sentir saudades da minha… da minha bem
ele me baniu por sentir saudades da minha…

- Sua mãe?

- Isso… da minha mãe - uma capitão Gancho com olhos manejados, que despencava em
sua cadeira - … É tão abominável assim? Sentir saudades da própria mãe?

- Não claro que não - Wendy imediatamente foi em sua direção e colocou a mão em seu
ombro em sinal de conforto.

“Quanto mais Wendy pensava em seus pais, menos se lembrava deles”

- Como forma de defesa, me aliei aos outros meninos banidos e nos tornamos piratas.

- Surgindo a eterna rivalidade e briga de vocês…

- Estamos quase acabando Wendy. Sabe do porque do gancho no lugar da minha mão?

- Sim, por causa do crocodilo.

- Mas quem será que causou isso? Na nossa primeira luta Pan estava insano, eu ainda era
jovem e não tinha experiência com armas mas ele sim. Ele conseguiu me mobilizar e com
uma faca pequena é bem lentamente, Pan cortou minha mão fora enquanto, por serem
obrigadas as fadas atiravam sua magia como uma maldição que consistia em que eu nunca
morreria mas sentiria a dor imensurável de qualquer ferimento.
- Achei estranho mesmo, eu vi com meus próprios olhos você ser engolido pelo crocodilo
mas, agora está aqui na minha frente.

- Pois é pequena Wendy, ele me amaldiçoou assim por puro sadismo, porque ele poderia
me mutilar o quanto quisesse que, já mais morrerei, mas vir agonizar em dor. E você e seus
irmãos tem poucas maneiras de sair daqui, ou junte-se a mim, passem a eternidade com o
Pan, ou aceitem suas mortes.

Neste momento a menina estava no chão do navio aos prantos, era tanta coisa pra
processar. Gostaria muito, mas muito que fosse tudo mentira, é invenção da cabeça já
perturbada do pirata, mas isso tudo se encaixava e fazia muito sentido. Todo esse tempo
passou pensando que Peter era do bem, mas não, ele era um tirano. Seu amor, o garoto
por quem se apaixonou era um lunático, e como o amava, talvez ela seja mais louca ainda
do que ele por continuar o amando, mas não podia evitar.

- Minha flor, não precisa acabar assim… lhe faço um convite, a senhorita gostaria de ser
uma pirata?

- Sempre sonhei em ser uma pirata com nome de Bulcaneira Djil

[…]

O plano de Gancho e Wendy era enviá-la para o mesmo local, e fingir que esta conversa
não aconteceu para que, quando for o momento certo eles possam agir. Ela retornou a casa
de Peter e lá comia junto com os meninos perdidos e seus irmãos. Peter aparece com
novas informações.

- Garotos…e mamãe, tem uma nova pirata a bordo do Jolly Roger. Segundo as sereias se
chama Bulcaneira Djil. - anuncia Peter.

- Essa pirata parece assustadora - diz Nibs.

- Assustadora? Ela só é uma contadora de histórias.

- Só uma contadora de histórias? Djil é uma valente espadachim. - Wendy solta esse
comentário por pura raiva acumulada.

- Hahaha - riam todos os garotos.

- Valente ou não, eu vou cortar-lhe a garganta.

- Então prepare-se Peter Pan, pois eu sou a Bulcaneira Djil! Fui convidada a pirataria- A
valente garota puxa uma espada apontando para Peter Pan.

- Maldita traidora!

- Mas mãe o Gancho é malvado. - diz um dos meninos perdidos.


- Muito pelo contrário, é um homem de sentimentos.

Peter tem um olhar é uma áurea insana e ataca Wendy com sua espada, ambos lutam
mas a garota não é páreo a ele, acabando com a lâmina apontada para sua garganta.

- O senhor é deselegante é deficiente!

- Como assim deficiente? - pergunta Pan com olhar ameaçador.

- É somente um menino…

- Vai ser mesmo pirata, mamãe? - pergunta Miguel a seu irmão.

- Não. - vista as circunstâncias foi sua melhor resposta, já que Peter retira a lâmina de sua
garganta - Nós vamos para casa.

Seus irmãos e os meninos perdidos se recusam, mas Wendy explica que é preciso, nem
se quer lembram mais de seus pais.

- Não, vocês não vão. - diz Peter de forma firme.

- Peter por favor não torne isso difícil.

- Traidora Wendy é isso que você é! Disse que me amava e ainda mantém esta ideia na
cabeça?!

- E você é um nefasto mentiroso, sádico, sanguinário que só pensa em você mesmo.


Realmente Peter te amei, mas percebi que isso que temos é algo tóxico e ruim para os dois.

- Então ele te contou não é…?

- Sim contou, e agora de forma civilizada sairei por aquela porta com meus irmãos e os
meninos perdidos, e você nos deixará em paz! Se me ama como eu te amo, fará isto!

- Está bem, não farei nada e os deixarei em paz.

Peter estava com suas mãos atrás do corpo e Wendy o olhava de forma histérica
enquanto esperava um por um dos meninos sair. Logo em seguida, continuou olhando
fixamente e saiu também. O que a garota não notou de seus braços para trás era que seus
dedos estavam cruzados.

- Como disse mamãe, vocês não saíram daqui, pelo menos não você Wendy…

[…]

Wendy se encontrou com Sininho, ela era também uma das aliadas de Gancho, a fadinha
guiou o grupo de crianças até o navio. Ainda um pouco desconfiados os meninos
adentraram, aqueles piratas ameaçadoras a todo momento parecia que pularia em cada
um.

- Ohoho crianças não temas, aqui agora somos todos aliados Wendy e James explicaram
nosso plano, e a tirania de Peter para vocês! - Com um rosto simpático dizia Smee.

- Venham, vamos até a cabine do Gancho.

As crianças entram, com receio, mas Wendy e Sininho garantem que estava tudo muito
bem, até Gancho se esforçou para passar o mínimo de confiança aos pequenos.
Depois de um longo monólogo, a situação das crianças era triste Wendy e Sininho
estavam com um olhar tristonho, João em choque e o pequeno Miguel com outros meninos
choravam muito, já a maioria dos outros meninos sabiam da história por partes,
Toda a tripulação e o Gancho planejaram sua grande luta, canhões acionados, todos muito
bem trajados e se passaram um dia, dois, três, duas semanas, e nenhum sinal de Pan, o
Capitão estava com os nervos à flor da pele. Quase um mês e ainda assim nada, estavam
todos mortos de cansaço e fome muitos cochilavam e sentiam frio com a calada da noite e
não dava pra observar absolutamente nada com o breu.

- Olhe Wendy, passou tanto tempo que está nevando agora! - aponta Miguel ao céu.

Wendy achou cômico e fofo a cena de seu irmãozinho já Gancho e Sininho não, eles
conheciam bem aquela ‘neve’ era o pó mágico das fadas.

- Homens e crianças! Não deixem ser atingidos por isto! - Infelizmente era tarde.

Eram milhares, literalmente uma nevasca de pó de fada e o que estava fazendo com que
todos caíssem de sono, Wendy começou a cambalear até seus irmãos sua visão começou
a ficar turva.

- João…Miguel… - Wendy apagou no chão frio do navio.

[…]

Wendy acorda perdida, ela estava amarrada muito forte suas roupas sujas de um líquido
vermelho, aos poucos sua visão retorna, ela olha ao redor e está no navio, mas o que vê a
faz querer desmaiar novamente.
O chão estava cheio de corpos dos piratas e meninos perdidos, estripados e multilados,
com sangue, tripas e órgãos para todo lado. Wendy entra em desespero e sente
lágrimas quentes em sua bochecha.

- Gostou do espetáculo? - Peter plana em frente a ela, ele estava coberto de sangue, com
olhos arregalados e pequenos é um sorriso sinistro.

- Peter…porque Peter, porque fez isso!

- Fiz pela gente Wendy, por nós, fiz por você… - ele toca o rosto dela com as mãos
ensanguentadas, o sangue ainda quente, que penetrava o cheiro metálico no seu nariz.
- Não nada disso foi por mim, eu nunca pedi nada disso!

- Sim, pediu! Se você tivesse sido uma boa garota poderíamos ter vividos juntos e felizes,
eu estava cogitando até manter seus irmãos ao nosso lado e os manter vivos!

- Meus irmãos?! Onde estão? O que você fez com eles?

- Serve aquele pendurado em cima do mastro?

Wendy direciona seu olhar para o mastro com a vontade de soluçar junto com o choro. Um
de seus pendurados e perfurados por ganchos. João mantinha sua cartola seus óculos
estavam estilhaçados com a língua para fora e o caco do vidro do óculos foi colocada de
modo que perfurasse sua língua, a armação do mesmo estava no lugar onde devia estar
seus globos oculares e seu estômago estava aberto.

- Por favor me mate! - implora Wendy aos berros - Me mate Peter Pan, me mate!

- Eu não fiquei meses aguardando e planejando tudo isso sozinho pra acabar com meu
prêmio assim rápido. - dizia enquanto brincava de pular os corpos - Sabe o quanto tive que
ser paciente? Sabe quantas fadas que tive de capturar para adquirir o pó mágico? tive que
aniquilar uma por uma nem foi preciso dizer que elas não existem, preferir quebrá-las para
tirar o máximo do pó, tenho coleção de lindas asas… - passava a mais no rosto - E as
sereias então? Tive de arrancar as escadas uma a uma para que fizessem o seu eu
mandasse e fizessem vigiar vocês, provavelmente não as percebem já que, óbvio, ficam
submersas, ah e o Gancho, fiz a tolice de torná-lo imortal então ele será meu brinquedo de
tortura pessoal e…

- Chega! Pare de falar! Não quero ouvir esse show de horrores, por favor! - dizia Wendy aos
prantos - Porque Peter, poderia ser tudo diferente…

- Porque Wendy? Eu finalmente entendi o amor que você tanto tentou me explicar,
finalmente tenho sentimentos e os sinto e é fascinante!

- Não! Isto está longe de ser amor! Isso tudo é doentio, eu odeio Peter Pan, te odeio!

- Mamãe… estou perdendo a paciência com você… seja uma boa garota e se comporte,
como disse não vou te matar, mas posso arrumar diversas maneiras para que você se
comporte…

Peter tinha se aproximado da menina e dizia isso aos sentimentos de seu rosto e com um
dos ganchos do capitão em seu pescoço. A garota enfim abaixou a cabeça parecendo
rendida.

- Esta bem meu bem, você conseguiu ficar aqui com você pela eternidade. Viveremos como
crianças para sempre, só você e eu como sempre sonhou - a pobre menina dizia com o
mais belo sorriso que conseguia dar.
- Era isto que queria ouvir!

- Mas Peter por favor estou morrendo de fome e sede preciso de algo, se não me alimentar
não conseguirei passar muito tempo ao seu lado… Por favor…

- É tem razão… Eu irei te trazer uma banqueta minha amada, mas lembre-se se tentar fugir,
é o seu fim…

O menino sai voando e finalmente Wendy sente o ar trêmulo que prendia. Mesmo suas
chances sendo poucas ela ainda iria lutar por sua vida, ela continuava presa com sua
cadeira ela vai pulando até um de seus irmãos mortos pendurado pelo gancho afiado e
tenta cortar as cordas.

- Se existe algum Deus nesse mundo, me ajude com isso… - as cordas foram cortadas.

[…]

Wendy foge do navio chorando, perdida na densa floresta, continuava a correr


desesperadamente, desejando escapar de alguma forma de Peter. Os galhos secos batiam
contra seu rosto, as árvores pareciam se contorcer ameaçadoramente e o chão era irregular
com pedras e vegetação densa. Wendy corria sem olhar para trás, mas sentia uma
presença maligna perseguindo-a implacavelmente. O vazio sombrio estava cada vez mais
próximo.
Enquanto corria em desespero, Wendy tropeçou em algo e caiu. Ao olhar para baixo, seu
coração gelou de terror. Era o corpo de seu irmão mais novo Miguel, ensanguentado, com
uma flecha cravada em seu peito. O choque paralisou Wendy por um instante, enquanto a
visão macabra se desdobrava diante dela.

- Wendy - gaguejou Miguel, sentado no canto sombrio de uma árvore próxima, seus olhos
arregalados de pavor. Antes que pudessem processar a horrível descoberta, uma voz
tenebrosa e irreconhecível ecoou pelo ambiente.

- Vocês não me veem, mas isso não significa que eu não saiba onde vocês estão… -
sussurrou a voz com um tom de ameaça.

Num piscar de olhos, tudo ao redor deles desapareceu. A Terra do Nunca se transformou
em um pedaço de terra desolada, onde Wendy e Miguel estavam perdidos em um vazio
escuro e sufocante. O silêncio era opressor, sem qualquer sinal de vida ou esperança.
Enquanto a escuridão envolvia seus corpos, um sentimento de desamparo e angústia os
consumia. A realidade distorcida da Terra do Nunca se revelava como um pesadelo
sombrio, onde não havia escape e a esperança parecia perdida para sempre. Wendy e
Miguel se agarravam um ao outro, lutando contra a sensação de desespero que os
envolvia, enquanto buscavam desesperadamente uma maneira de escapar desse inferno
desconhecido.

- O que faremos, Wendy? - Miguel perguntou em voz trêmula, com lágrimas presas na
garganta. - Quero a mamãe e o papai.
Wendy, tomada pelo medo, abraçou seu irmão Miguel com firmeza, prometendo protegê-
lo.

- Wendy… - disse John em voz baixa.

- Oi Miguel? - respondeu Wendy com ternura, tentando acalmar seu irmão assustado.

- De repente, uma risada aterrorizante ecoou pelo ar, saindo da boca de John. Wendy
sentiu seu coração congelar de horror ao perceber que algo estava terrivelmente errado.

- Miguel, o que está acontecendo com você?- Wendy gritou, tentando se libertar do abraço
cada vez mais apertado.

Enquanto ela lutava para se soltar, uma metamorfose sinistra começou a ocorrer com
Miguel. A figura de seu irmão começou a distorcer e se transformar, revelando-se como
uma ilusão. Era Peter Pan, disfarçado o tempo todo. O terror a dominava enquanto olhava
para o rosto familiar de Peter, agora contorcido por um sorriso assustador. As lágrimas
escorriam pelo rosto de Wendy.

- Minha infância inteira acreditei que você era o herói, mas é só um louco doente! - Wendy
exclamou, sua voz tremendo de descrença e desespero.

Peter Pan riu, um som macabro que ecoou pela paisagem sombria.
Wendy sentiu o medo pulsar de suas veias. Ela prometeu a si mesma que iria lutar, que
tentaria se salvar pelo restante mas era um mundo onde ela não conseguiria ganhar.

- Desta vez foi quase perfeito, demorou pra que você percebesse, você era minha Wendy
perfeita mas novamente falhei - Disse Peter Pan. Wendy, congelada de medo, não disse
uma palavra.

“Wendy nunca seria mais viveria mais uma grande aventura para seus livros
futuros e seus pobres pais se afundariam na depressão pela perda de seus
filhos”

[…]

Peter Pan coberto de sangue e pensativo, está com um Capitão Gancho mutilado ao seu
lado, inconsciente mais com vida. E sua amada Wendy morta em seus braços quem ele
abraça de forma amorosa.

- Agora que finalmente sei o que é o amor, posso lhe dar seu dedal Wendy… - Pan
delicadamente vira o rosto da defunta e a beija nos lábios.

O silêncio perturbador permeia o ambiente, ecoando pela ilha vazia, desprovida dos risos
dos meninos perdidos e dos sons da natureza e dos tilintar das fadas. O ar é pesado e
carregado energia sombria.
Enquanto Peter respira profundamente, a Terra do Nunca ao redor começa a se
transformar, ganhando assumindo uma aparência mais macabra ainda.
Após algum tempo, é como se tudo tivesse sido reiniciado e Peter Pan volta a agir como o
do início brincalhão e alegre.
No entanto, por trás daquela fachada encantadora, há uma escuridão sinistra que sempre
o teve.
Peter Pan, se dirige a uma outra casa imponente. Ele se desloca silenciosamente e, com
uma agilidade perturbadora, entra pela janela do quarto de três crianças inocentes. Já
vimos algo parecido, não acha? Creio que já sabemos como essa nova história irá acabar.
Pobres almas inocentes. O destino dessas crianças parece sombrio e incerto diante do
perigo que se aproxima em um ciclo sem fim.

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