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Tempestade

Capítulo I: Olá Novamente.........


Capítulo II: Continua Assustado?
Capítulo III: Boa Noite...............

O badalar da tempestade
Terror da meia noite
Não precisa olhar para parede
Não há perigo que te açoite

Andar no corredor
Nunca foi tão difícil
Já sentiu esse odor?
Jamais sentiu algo hostil

As janelas continuam abertas


As cortinas escancaradas
Por que te olho tão de perto?

A noite do dia chegou


Ainda está com medo?
Apenas relaxe, seu encosto chegou
Capítulo I: Olá Novamente

“O dia finalmente está chegando, tanto tempo de espera para este


momento em especial. É verdade, permita que eu me apresente, me chamo
Ele. Serei a pessoa que estarei com você nestas noites chuvosas, não espere
muito de mim, nem daquele que está nos olhando agora pela janela,
acredite, ele não pode fazer nenhum mal enquanto Eu estiver contigo.
Vamos parar de brincadeira e apresentações, está se sentindo
sozinho, fiquei tranquilo posso lhe afirmar que não está.”

Uma jovem acorda em seu quarto, paredes pintadas de cores pálidas


sem nenhuma emoção e nenhuma representação para aquela garota. Ao
lado da cama uma pequena cabeceira onde guarda suas fotos de quando
ainda era feliz, quando ainda tinha motivos pelos quais lutar. O relógio ao
lado de sua cama marca onze horas e trinta e dois minutos. A pessoa
sentada junto dela na cama mostra que o dia finalmente chegou.
A tempestade que pareceu tão calma nos últimos dias ficou forte de
uma hora para outra. Onde estão seus amigos quando eles mais precisavam,
onde estava a pessoa, aquela pessoa que você mais precisava? O homem
que estava sentado ao lado da cama se levanta, mostrando seus 2 metros de
altura, braços magros quase esqueléticos, sua roupa rasgada e o capuz não
revelam muito de seu rosto, apenas que este chegou para decretar uma nova
passagem. Com apenas uma mão, a criatura abre lentamente a janela,
deixando um pouco da chuva entrar.
A porta se abre, mas não há ninguém lá, ele então se aproxima e pega
do chão o pequeno animal da família. Nesta noite tensa ele deve ter ficado
com medo dos trovões e relâmpagos, veio pedir carinho e ajuda de sua
querida dona, infelizmente não foi ela que o recepcionou. Parece que este
animal não entende o que está acontecendo, quem é este ser? A figura
então o coloca junta de sua dona e segue corredor adentro.
A pobre menina se levanta rapidamente da cama e vai em direção do
corredor. Onde está a figura? Você se lembrou de fechar a porta? O
corredor da casa que sempre foi um lugar muito simples está
completamente diferente, onde está o banheiro, o quarto de seus pais, onde
está a luz. Muitas perguntas que a menina se faz, poucas respostas para
satisfazê-la. A porta do quarto bate atrás dela, mas, qual porta?
O que era seu longo corredor, se transformou em longa linha reta que
não leva a lugar nenhum, um longo caminho escuro que parece não ter
nada além de terra e da areia que pouco a pouco entra em seus pés.
Um relâmpago ilumina toda a estrada a frete, mostrando um poste de
luz, juntamente com um homem segurando uma maleta. Sem preocupação
nenhuma a jovem segue até a direção Dele.

- “Olá minha criança, fique tranquila. Nenhum mal te afetará enquanto


estiver comigo” – disse Ele.

Seguem viagem os dois, os ventos e raios mostram formas estranhas


na paisagem, figuras que você acredita já ter visto, não é como se uma rua
escura cercada de construções te fizesse ter tanto medo. Ele então a puxa
pelo braço, diz que está tudo certo. Não há motivos pelos quais temer, Ele
sempre estará com ela. Não é?
Uma pequena casa aparece à frente, a porta se abre. A garota entra.
Aquele que jurou protegê-la, fica do lado de fora. O lugar não parece ser
tão grande, a sala se conecta com a cozinha, mas a fundo uma porta entre
aberta que range constantemente. Ao entrar na casa a porta se fecha,
assustada a garota se vira e não ninguém junto dela, se voltando para frente,
dois adultos estão conversando em um idioma que parece estranho para a
jovem garota.

- Je n’em peux plus mon amour, désolé mais il y a quelu’um d’autre. Tu as


été très bon cette fois, mais je ne peux plus.
- Pourqoui cela vous a-t-il pris si longtemps pour être honnête, cela aurait
pu être plus simple.

Um passo errado da jovem foi o suficiente para chamar atenção dos


dois, que se viram completamente diferentes para a criança, os olhos
derretendo, rostos manchados de sangue, a casa que aparentava estar
bagunçada mostra sua real forma, uma completa bagunça, cenário de um
surto. As duas pessoas começam a se aproximar da menina e chegando
cada vez mais perto dela, a forte respiração destas duas pessoas te lembra
uma brisa leve, como se estivesse entrando da janela aberta de seu quarto
ou sala. A criança tenta gritar por Ele, mas onde Ele está? Deve estar
escolhendo ajudar outra pessoa, por isso ficou do lado de fora, será que Ele
está com medo, por que teria, tudo isso não é Sua criação...

- “Calado! Apenas continue.”

Assustada, a criança tenta correr buscando alguma maneira de se


esconder. Infelizmente, já não há mais tempo, a figura feminina a agarra
pela perna. Enquanto a masculina se volta para um canto escuro. Os olhos
derretendo deste ser que um dia já foi uma mulher, prendem o olhar da
pobre garota, as mãos já gélidas desta figura não parecem mais ter alguma
pele ou algo que remeta que ela já foi uma humana, há apenas carne sendo
sustentada pelo feliz sentimento de ter encontrada uma ótima refeição para
a tensa noite de tempestade.
O badala da tempestade toca, o terror da meia noite se aproxima, a
figura olha pelas paredes, buscando aquele que sela e cria destinos. O
homem alto chega. Não precisa ter medo pessoa, ele não te faria mal. A
mulher começa a segurar com mais força a criança, como se estivesse
segurando um urso de pelúcia que ganhou da pessoa que mais gostava. Ela
está com medo? Não adianta mais procurar por ele, é triste perceber quando
sua hora chega e não tem nada que você possa fazer para impedir que o
momento chegue. A mulher olha para a criança uma última vez, soltando
um grito desesperado olhando para garota. Que brisa boa.
A garota acorda em sua cama, não passou muito tempo desde que ela
adormeceu, ela esqueceu de fechar a janela e acabou se molhando um
pouco com a chuva que entrou, a fria brisa deixou a garota com frio, um
ótimo momento para se enrolar no cobertor.
Agora... onde você estava quando a garota precisava de você? Não é
Ele que jurou proteger todos quando fosse preciso, deixou que aquela coisa
entrasse no caminho para salvá-la. Você vem se tornando cada vez mais
patético sabia?
“Cale-se, eu tenho assuntos mais importantes para resolver com
todas as pessoas, não posso estar em todos os lugares ao mesmo tempo.”
Que engraçado, pensei que você fosse onipresente. Nos vemos em
breve, ou vai fugir mais uma vez por que...
Capítulo II: Continua Assustado?

Não há nada mais fértil que a pura mente de uma criança em


desenvolvimento. A ampla variedade de histórias fantasiosas com infinitas
ramificações e ligações com absolutamente tudo. Desde as cantigas de uma
pessoa minúscula que vive dentro do sapato esquecido no jardim, até as
incríveis lutas nos céus entre dois dragões sendo “pilotados” pelas mesmas
crianças.
Contudo, assim como há várias possibilidades belas de grandes
histórias com enormes feitos, a gama para uma mente assustada é
infinitamente maior. Poucas coisas realmente não assustam uma criança, o
escuro, palhaços, raios numa tempestade, a pessoa te observando pela
janela ao seu lado. Um vídeo ou filme que foi visto na noite anterior é o
suficiente para deixar um pequeno sem dormir por dias sem a presença dos
pais, falando neles, onde estão os seus? Já procurou por eles nesta noite,
você os viu hoje? A luz nunca esteve tão fraca não é mesmo, a chuva tão
forte, interessante como os relâmpagos mostram todos aqueles que se
escondem na escuridão, ou aqueles que estão mais próximos, você é tão
belo assim de perto.

Seis crianças gostam de brincar na rua, brincar de bola, de tocar


campainha e sair correndo depois. Todos os dias faziam sempre a mesma
coisa, parecem se conhecer desde sempre, os quatro sempre andaram
juntos. Quando cresceram as brincadeiras mudaram, continuaram jogando
bola, porém tocar campainha não parecia mais interessante para os agora
jovens, seria mais interessante ir em locais abandonadas, na pior das
hipóteses daria para eles apenas mais uma história que eles iriam adulterar
por completo, até parecer o mais impressionante possível para seus amigos
na faculdade.
Certo dia, eles encontram uma casa que havia sido posto a venda
fazia pouco tempo. Definitivamente não era uma boa ideia entrar naquela
casa, mas umas três ou quatro cervejas no futuro, a ideia não parecia tão
ruim.
Os seis então decidem entrar na casa, um lugar escuro sem nenhum
sinal claro de que alguém esteja lá. O tempo vai passando e os amigos
começam a discutir, as discussões aos poucos vão se tornando brigas, ainda
bem que aquela porta bateu não é mesmo.
- Bom dia senhores, percebi que vocês invadiram minha casa, essa não é
uma coisa boa a se fazer, não, não é.
Assustados com a voz que falava com eles, começaram a procurar de
onde vinha este som gutural, quase como se fosse uma tentativa engasgada
de falar. Passos e mais passos, ele tá chegando perto de vocês. Tentam
buscar desesperados por uma saída daquela sala que antes repleta de latas e
pontas apagadas, local de uma boa festa antes da desgraça acontecer. A
menina mais nova começa a entrar em pânico, acredita ter visto uma
pequena janela onde ela e seus amigos poderiam sair, uma pena ela ser tão
pequena. Ele tá chegando, uma tempestade começa a cair do lado de fora,
que conveniente a chuva começar a cair justamente no momento que uma
porta aparece em uma das paredes. Duas batidas, a porta lentamente se abre
e mostra o dorso do que era para ser um homem alto, de tal altura que ele
se curva para conseguir andar, as pernas batem perto do queixo, o restante
do corpo colocado para trás vaza uma espécie de líquido esverdeado, o
rosto desfigurado e repleto de dentes mostra a real finalidade do homem, os
braços magros e finos servem como apoio para o equilíbrio do corpo.
Parados pelo medo causado por ele, os jovens tentam gritar. Pena
que eles não têm mais voz para fazer isso, o homem então se aproxima de
um dos meninos, engraçado como estão mais velhos e continuam agindo
como crianças. A criatura pega a menina mais velha e a leva consigo, a
porta se fecha, que pena, agora restam 5. Os barulhos de todo o ambiente
cessam, ninguém tem uma única palavra para falar, nenhum deles consegue
falar, o choque e o medo são tão grandes que os cinco não conseguem
sequer reagir a morte de sua amiga.
Assim está ficando bom? Parece estar ficando apenas genérico.
“Faça aquilo que normalmente funciona, para que arriscar?”
Arriscando, eu já fiz outras originais, não precisei seguir uma
fórmula para dar certo.
“Os tempos mudaram, você não quer voltar para aquele lugar branco
não é mesmo?”
Cala a boca, você não faz a mínima ideia do que aconteceu comigo,
eu estive em locais piores recentemente que aquele lugar completamente
vazio.
“Mas quando estava no lugar branco você escrevia, por que desta vez
foi diferente?”
Você não tem que ir irritar a cabeça de outro, vai realmente ficar aqui
comigo enquanto me observa sofrer e coloco em palavras esse sentimento?
“Não mesmo, até porque, hoje é dia 25 não é mesmo”
Vá embora...

Capítulo III: Boa Noite

Mais uma noite se aproxima, aquelas sensações que as pessoas tanto


gostavam foram destruídas de uma hora para outra, é uma época confusa. É
normal não entender o que está acontecendo, assim como não entendemos
as coisas quando estamos tomando grandes quantidades de álcool, aquela
vez que você usou LCD, ou quando ousou acreditar em alguma entidade
superior estava no controle de tudo, e ele te decepcionou.
Agora espero que estejamos a sós, eu peço desculpas por enganar
você por dois capítulos completamente sem relação, confesso que estou um
pouco enferrujado, baseado nos outros que você deve ter visto, seguindo a
lógica este deveria ser mais um conto ou sequência de contos com leve
terror ou horror, mas como tudo isso depende da sua imaginação, fico a sua
mercê de entender ou não o que aconteceu nas últimas páginas.
“Que porra é essa!?”
Eu não quero mais fazer esse tipo de coisa, acho engraçado como
você sempre está presente quando estou mal e me enche de criatividade e
vontade de fazer isto, está achando que isto é o que? Uma forma de escapar
da realidade? De me distrair por que você tem medo? Me poupe por favor.
“Sempre foi a forma mais fácil de escapar quando você estava mal
consigo mesmo, desta não poderia ser diferente. Querendo admitir ou não,
você gosta disso, desses momentos em que estamos. Não adianta tentar
fugir.
Eu não aguento mais isto, eu não tenho mais medo daquilo que tem a
possibilidade de me afetar, as pessoas mudam muito em um ano, eu mudei.
“Para pior só se for. Você próprio admitiu que esteve em um local
pior que o vazio e só pulou esta parte como se não tivesse importância. As
vezes tenho minhas dúvidas se você é realmente tão forte como tenta passar
para os outros”
Calado, não preciso de seu julgamento e da sua visão distorcida das
coisas, não é como se você só existisse enquanto estou aqui fazendo isto.
Engraçado como na teoria você sempre tem as melhores opções, mas nunca
quer se envolver muito, planta a semente e deixa para os outros
trabalharem. Esse seu poder de imaginação nunca esteve tão fraco. É o
medo de perder mais uma mente, pois sinceramente, estou prestes a sair.
“Você não pode sair, sabe que precisa de mim para continuar com
este minúsculo prestígio. Ou estou mentindo Escritor?”
Não me chame mais desta forma, eu não quero mais vê-lo, pensar ou
ter a possibilidade de me envolver novamente com algo como você.
“A escolha é totalmente sua, você pode até se afastar de mim por
algum tempo, mas sabe que uma hora ou outra nós estaremos juntos
novamente Escritor, você pode não querer. Mas quando estiver estragado e
sem ninguém a sua volta, completamente esquecido no tempo, você irá se
lembrar de mim, e eu estarei aqui, sempre estive.”
Eu não estarei sozinho, pode ir embora. Irei me despedir agora.
“Boa noite Escritor, até uma outra noite de tempestade.”
Olha, obrigado por ter acompanhado todas estas loucuras que você
leu até agora, muitas coisas ninguém entendeu ou descobriu até hoje, e
sinceramente nem vão. Eu espero que esta seja a última que nos vemos, não
leve a mal, vocês foram companhias incríveis ao longo destes dois anos,
mas eu preciso me afastar. Obrigado uma última vez, espero que tenha
gostado das histórias, essa começou até com poema. Obrigado leitor.

Um conto de: Escritor... João Gabriel da Silva Sanches

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