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EAD

Interfaces entre o Lazer e


a Educação

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1. OBJETIVOS
• Enfatizar a relação entre o lazer e a educação como cam-
pos de estudos.
• Apresentar e discutir o conceito de campo.
• Apresentar estudos que articulam lazer e educação.
• Apresentar estudos que articulam educação e lazer.
• Apresentar e ilustrar com exemplos os conteúdos cultu-
rais do lazer.

2. CONTEÚDOS
• A educação na contemporaneidade.
• O campo de estudos do lazer.
• Articulações entre lazer e educação.
• Interesses culturais do lazer.
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3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Para ampliar seus conhecimentos sobre a "Lazer e Edu-
cação", procure distribuir os períodos de estudo: orga-
nize seu horário de maneira que não fique saturado e
procure variar seu programa, alternando as ações de
escrever, ler, refletir, participar na Sala de Aula Virtual,
realizar atividades etc.
2) Para profundar os principais conceitos tratados nesta
unidade, faça uma consulta à bibliografia indicada no tó-
pico Referências Bibliográficas.
3) Para enriquecer seu estudo, navegue nos sites indicados
ao final desta unidade.
4) Pesquise experiências de lazer-educação desenvolvidas
em diversos contextos sociais;
5) Você sabia que a dificuldade de se concentrar é um dos
problemas básicos de muitos estudantes? Como conse-
quência, as horas dedicadas ao estudo podem prolongar-
-se, e os resultados podem não ser os esperados. Assim,
procure realizar intervalos regulares de tempo (a cada
30, 40 ou 50 minutos) durante o estudo desta unidade.
Ah, lembre-se de que, na Educação a Distância, você faz
parte de um grupo de construção do conhecimento.
6) Faça um levantamento de trabalhos científicos que arti-
culem as dimensões do lazer e da educação, facilitando,
assim, o entendimento desta unidade.
7) Ao mesmo tempo em que não podemos desconsiderar
a faceta consumista e prática do lazer, procure, ao longo
desta unidade, analisar a relação entre o lazer e a educa-
ção sob um ponto de vista crítico e reflexivo.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Podemos afirmar que, em nosso país, foi a partir de 1970
que o lazer deixou de ser visto como um tema estudado por ini-
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ciativas particulares e passou a ser tratado como uma área capaz


de impulsionar pesquisas, projetos e ações coletivas e institucio-
nais. Nesse contexto, ganham destaque os estudos que articulam
o campo do lazer e o campo da educação, especialmente pela
abrangência deste último.
Esta unidade tem como objetivo situar você nesses estudos,
enfatizando como a articulação entre lazer e educação foi (e vem)
sendo construída em nosso contexto.
Para atingir esse objetivo, dialogaremos um pouco sobre a
educação na contemporaneidade e definiremos, posteriormente,
o que vem a ser um campo de estudos, uma vez que o lazer, dessa
maneira, vem se constituindo de forma legítima.
Em seguida, faremos uma apresentação dos principais te-
mas desenvolvidos nos estudos que se debruçaram sobre o lazer e
a educação. Esse encaminhamento possibilitou a identificação das
ênfases dadas aos objetos de pesquisa tanto em um campo como
em outro.

5. A EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE
Propomos um diálogo sobre o significado da educação em
nosso contexto social, tendo a sociedade globalizada e informati-
zada deste século 21 como referência.
O que estamos entendendo por educação? O que essa nova
configuração trouxe para o contexto educacional? O que preten-
demos para os sujeitos que estamos educando? Essas questões
de que trataremos devem ser respondidas a fim de que tenhamos
em nossos horizontes um papel definido ao atuarmos no campo
do lazer.
A cada dia, percebemos que a sociedade em que vivemos
tem se modificado. Tudo tem acontecido muito rapidamente. Res-
postas que antes nos convenciam e confortavam, hoje não aten-
dem mais às nossas expectativas.

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A ciência tem se desenvolvido de forma acelerada. Nossas


verdades foram abaladas e têm se tornado cada vez mais provi-
sórias. A comunicação entre os homens tornou-se facilitada, as
fronteiras geográficas foram diluídas, o capitalismo reina em qua-
se todo o mundo. Guerras e conflitos de todo tipo estão cada vez
mais presentes. Diante dessas e de tantas outras constatações,
precisamos nos posicionar de forma crítica, e é essa a função da
educação, que também se vê diante da necessidade de ser repen-
sada e ressignificada.
Estamos convencidos de que neste contexto social a esco-
la continua tendo papel de destaque na formação humana, mas
sozinha ela não tem dado conta dessa responsabilidade, pois são
muitas as informações a serem filtradas, vindas de várias dire-
ções. Sendo assim, outros projetos educativos presentes na vida
ganham destaque;. Entre eles, podemos citar as contribuições do
lazer como uma ação socioeducativa.
Para principiarmos nosso diálogo, consideramos fundamen-
tal rever determinados fundamentos – apoiados na antropologia
–, cruciais para nossa compreensão de educação.
Como afirmam os estudos antropológicos, o homem (ser hu-
mano) não nasce homem, ele torna-se homem. Todos os homens
são iguais como espécie. Nascemos no mundo da natureza e nos-
sas necessidades (de cuidado, alimento, afeto, entre outras) são as
mesmas em todo o mundo. Mas, em uma análise a partir de outra
perspectiva, pode-se afirmar que o homem também é diferente de
todos, pois assim que nascemos para o mundo da natureza, nasce-
mos também para o mundo da cultura, e isso ocorre de maneiras
diferenciadas em cada parte deste planeta.
A diversidade cultural coloca-nos diante da constatação de
que os processos educativos variam conforme o grupo social no
qual são desenvolvidos. É importante ressaltar que, lamentavel-
mente, a diversidade não tem sido entendida como diferenças
que enriquecem, e cada vez mais tem sido usada para justificar as
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desigualdades sociais. Daí o fato de convivermos, ainda nos dias


atuais, com o racismo, a intolerância e a violência para com deter-
minados grupos.
Os indivíduos participam de maneiras diferentes dentro de
sua cultura. Essa participação tem uma relação direta com a edu-
cação e é sempre limitada, uma vez que ninguém é capaz de par-
ticipar de todos os elementos de sua cultura. Isso pode ser obser-
vado quando analisamos, por exemplo, as relações de gênero, nas
quais a participação masculina é destacada em quase todas as so-
ciedades. Desde cedo, por meio das brincadeiras, as crianças são
educadas para cumprir os papéis sociais a elas designados. Sendo
assim, aprendem o que significa ser homem e ser mulher e o que
se espera de cada um deles naquela sociedade (ALVES, 2003).
Também a idade interfere nessa participação. Cada cultura
define o que é ser criança, jovem, adulto ou idoso e o que é per-
tinente a cada um. O acesso à educação escolarizada e aos bens
culturais, assim como as opções religiosas, políticas e sexuais, faz
parte dessas limitações. Entretanto, tais limitações são importan-
tes e devem existir, pois movem a necessidade dos sujeitos de se
relacionar com os demais membros de sua sociedade. Dessa de-
pendência em relação ao outro é que surgem as regras de convi-
vência, a necessidade do controle das ações e a educação. Sem
esses mecanismos de controle (cultura), a vida em sociedade seria
um caos (LARAIA, 2001).
Ao ser inserido no mundo da cultura, o homem vive um pro-
cesso de humanização, que se materializa no corpo e se concretiza
por meio de ações educativas. Por meio desse processo, somos
conduzidos a disciplinar o corpo, a transformar o mundo em lin-
guagem, a interagir com outros seres humanos e com o universo,
construindo a realidade a partir dessa relação.
Cada conjunto de homens interioriza os símbolos exteriores
e (re)produz os conceitos pertinentes àquele grupo social. No clás-
sico texto de Marcel Mauss (1974), intitulado As técnicas corpo-

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rais, o autor afirma que a imitação é o primeiro processo de edu-


cação do homem. Sendo assim, a educação é uma produção social
a partir da qual cada indivíduo extrai as bases para a construção de
seu mundo próprio, pessoal e intransferível. Educar é humanizar o
homem e sem esse processo ele não se constrói social, política e
historicamente.
Cabe destacar, no processo de educação/humanização do
homem, o papel fundamental desempenhado pela família, pela
escola, pela Igreja, pelo trabalho, pelo lazer e pelos sistemas de
comunicação, entre tantas outras dimensões e instituições sociais,
cada uma com seus modos e finalidades particulares.
Como herança histórica, o homem recebe o mundo cons-
truído antes do seu nascimento. Mas cada sujeito interfere na re-
alidade e pode construir outras possibilidades, pois ele também
é um ser capaz de produzir cultura. Além disso, o homem é livre
para ser, criar, escolher. Parece simples, mas essa possibilidade
é complexa, pois ser livre e responsável pelas próprias escolhas
exige que a educação desenvolva a sensibilidade do sujeito, para
que este tenha consciência da dimensão de sua própria liberdade
– que é socialmente construída – bem como de sua participação
criativa no mundo.
Se recorrermos a uma definição bastante abrangente de que
educação é transmissão de cultura (RIOS, 1997), e que cultura é
tudo o que resulta da interferência dos homens no mundo que os
cerca e do qual fazem parte, podemos afirmar que a educação ex-
trapola o sistema formal de ensino. Seguindo essa linha de raciocí-
nio, tudo o que transmitimos e tudo o que recebemos é educativo.
Querendo ou não assumir a postura e a responsabilidade de
um educador, estamos, cotidianamente, educando e sendo edu-
cados. A responsabilidade de estarmos atentos ao nosso fazer co-
tidiano, agindo em prol da qualidade das relações interpessoais,
deve ser uma atitude assumida por qualquer cidadão. Esse com-
promisso torna-se mais significativo quando se refere a uma área
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específica de atuação, como a dos profissionais de lazer, em que


sua ação profissional é centrada no ser humano, ao vivenciar, cor-
poralmente, uma das dimensões imprescindíveis para o seu pro-
cesso de tornar-se verdadeiramente humano.
Temos sido educados, apesar de algumas iniciativas contrá-
rias, em um ambiente alienante, em que o observador ingênuo vê
o mundo constituído de elementos independentes uns dos outros,
o que também é perceptível no campo do lazer. Nosso sistema
educacional, fruto do pensamento moderno, continua a nos en-
sinar a analisar, a isolar os objetos, a separar os problemas, mas,
salvo raríssimas exceções, não nos tem ensinado a articulá-los uns
com os outros. Esse ambiente desarticulador é reforçado pela ide-
ologia capitalista, que está diretamente relacionada à ocultação ou
distorção dos fatos e com uma comunicação que torna a realidade
meio invisível e dissimulada.
Imersos nessa atmosfera, muitos profissionais, entre os quais
os da área do lazer, têm se restringido ao desempenho de tarefas
essencialmente práticas, cujas finalidades podem estar simplifica-
das, obscurecidas ou mascaradas. Atuando dessa forma, podere-
mos alcançar objetivos para os quais talvez não trabalhássemos se
tivéssemos pleno conhecimento de seus desdobramentos e impli-
cações sociais, políticas e pedagógicas.
Mesmo que não tenhamos consciência, nossas ações e omis-
sões sempre comunicam algo, fundamentando-se em princípios e
normas construídos culturalmente. Rejeitando a posição ingênua
ou indefinida dos estudiosos, Paulo Freire (2000) nos alerta para o
fato de que ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com
os outros de forma neutra. Por mais adaptados, inconscientes, pa-
catos e acomodados que possamos estar, sempre nos colocamos a
serviço de algo. Sendo assim, se não nos posicionarmos de forma
clara, atuaremos como importantes multiplicadores e defensores
das coisas como estão.

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Não podemos mais ignorar a urgência de universalização da


cidadania, que, por sua vez, requer uma nova ética. Podemos nos
lançar a esse desafio obtendo informações pertinentes e nos tor-
nando mais vigilantes em relação ao que pensamos e, especial-
mente, em relação ao que fazemos.
Acreditamos que transformar a experiência educativa em
puro adestramento é amesquinhar o que há de fundamentalmen-
te humano no exercício educativo: seu caráter formador. Ensinar
– e um profissional da área do lazer ensina muito – exige compre-
ender que a educação é uma forma de intervenção no mundo.
Não podemos ser educadores a favor simplesmente do ho-
mem ou da humanidade. É uma intenção louvável, mas muito vaga
em face da concretude da prática educativa. Ainda inspirados em
Paulo Freire, acreditamos também que devemos ser educadores
a favor da liberdade contra o autoritarismo, a favor da autorida-
de contra a desordem. Devemos lutar pela democracia e contra
qualquer forma de discriminação. Somos educadores a favor da
esperança que anima, e contra o desengano que imobiliza, espe-
cialmente nos dias de hoje.
Em suma, a educação pode ser entendida como um processo
de transmissão e construção de cultura, sendo esta resultante da
interferência humana no mundo. Seu papel na atualidade é formar
os sujeitos para que desenvolvam o pensar crítico, compreendam
o contexto no qual são constituídos e ampliem sua capacidade de
criação, elementos básicos para a superação dos desafios coloca-
dos para a humanidade neste início de século.
Como cidadãos, somos convocados a pensar nos efeitos da
globalização, na "ocidentalização" do mundo, na velocidade das
mensagens veiculadas pelos meios de comunicação, na explosão
das novas tecnologias da informação, na exacerbação do individu-
alismo e da competitividade, na crise do trabalho, enfim, na dinâ-
mica da sociedade que prevalece no momento presente.
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Como destaca Alves (2003), o tempo atual é o dos fluxos de


informações, conhecimentos e imagens, que são constituídos de
formas interdependentes. Tais características introduzem novas
estruturações sociais no que diz respeito às relações entre os in-
divíduos e às novas formas de agrupamentos, provocando manei-
ras diferentes de se situar nos tempos e nos espaços, imprimindo
um novo desenho para a sociedade. Um bom exemplo são as mu-
danças provocadas pelas TVs a cabo e pela internet, que rompem
fronteiras (mesmo que virtuais), possibilitando novas interações e
construções dos sujeitos com o tempo e o espaço.
Esse novo "desenho social" evidencia, ainda, a necessidade
de se refletir sobre os problemas advindos desse contexto, entre
outros, a produção de lixo em excesso, as consequências do uso
indiscriminado das reservas naturais, a possível falta de água potá-
vel, o aquecimento global e a "revolta" da mãe-natureza. É, portan-
to, dentro dessas novas configurações societárias que a educação
precisa assumir o desafio de humanizar o homem, desenvolvendo
competências e habilidades para que este possa compreender sua
realidade, intervindo nela de forma consciente.
É a partir desse entendimento do papel da educação na so-
ciedade contemporânea que definiremos o campo de estudos do
lazer, para posteriormente pensarmos na articulação de ambos,
no sentido de superação dos desafios colocados pelas contradi-
ções presentes em nosso cotidiano.

6. RECONHECENDO O CAMPO DE ESTUDOS DO LA-


ZER
Antes de iniciarmos nossas reflexões sobre alguns dos estu-
dos que se dedicam ao tema lazer e educação, julgamos pertinen-
te definir o que estamos entendendo por "campo".
Gomes (2008), pautada no pensamento de Bourdieu, nos
aponta que a noção de campo serve para designar universos dife-

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rentes que são regidos por um mesmo modo de pensamento. Essa


característica permite o estabelecimento de leis gerais e invarian-
tes, e são elas que possibilitam a compreensão da estrutura e do
funcionamento dos campos.
Dessa forma, cada campo se particulariza em função de va-
riáveis secundárias e do grau de autonomia que possui. Existem,
dessa forma, campos tão diversificados como as múltiplas formas
de interesse, podendo-se falar em campo político, campo esporti-
vo, campo religioso, campo científico e vários outros. A condição
de ingresso em determinado campo é, justamente, a crença na sua
importância.
Ainda pautada no pensamento de Bourdieu, a autora des-
taca o valor de se conhecer profundamente a lógica de um cam-
po. Para isso, é necessário apreender os elementos implícitos na
crença que sustenta determinado campo, compreender o jogo de
linguagem que nele se joga e os aspectos materiais e simbólicos
nele gerados. Em sua estrutura, o campo também é um espaço
definido pelo estado de relação de forças entre formas de poder.
Sendo assim,
[...] para que um campo funcione, é preciso que haja objetos de
disputas e pessoas prontas para disputar o jogo, dotados de habitus
que impliquem o conhecimento e o reconhecimento das leis ima-
nentes do jogo, dos objetos de disputas, etc. (BOURDIEU, CITADO
POR WERNECK, 2000, p. 78).

Entre outros elementos, um campo – dentre os quais o cam-


po de estudos do lazer – se estabelece por meio da definição dos
seus interesses específicos, assim como dos objetos que merecem
ser "disputados".
Para ficar mais claro o que estamos querendo dizer, os obje-
tos de disputa em um dado campo podem ser conceitos, teorias,
correntes de pensamento, linhas de ação. Esses objetos que estão
sendo disputados, entretanto, só são percebidos por aqueles que
foram criados para entrar neste campo por aqueles que fazem par-
te do jogo e conhecem suas regras.
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Partindo do pressuposto de que o lazer representa um cam-


po em processo de constituição em nosso país, é possível perceber
que ele não se encontra totalmente estruturado, e, por esse moti-
vo, possui um relativo grau de autonomia. Em termos de produção
científica, muitos de seus estudos ainda não alcançaram o nível
de amadurecimento, consistência e profundidade com que outras
áreas abordam determinadas questões, como é o caso da educa-
ção (GOMES, 2008).
Conforme salientam Melo e Alves Júnior (2003), a maioria
dos estudos sobre o lazer tem se constituído sob a forma de rela-
tos de experiências que não partem de uma compreensão teórica
aprofundada, e os trabalhos de pesquisa, mesmo apresentando
uma discussão consistente sobre o lazer, nem sempre apontam ca-
minhos necessários para promover um avanço qualitativo nesse
campo.
Esse quadro faz parte do processo de amadurecimento do
lazer, por isso a produção teórica requer contribuições de campos
já estruturados. A busca de fundamentos em outras áreas não des-
qualifica os estudos específicos sobre o lazer, uma vez que essas
contribuições enriquecem as análises multidisciplinares sobre o
nosso campo de estudos (GOMES, 2008).
Uma vez discutido o entendimento de campo, nosso olhar
será direcionado para algumas iniciativas que relacionam lazer e
educação, especialmente as contribuições que esta última vem
trazendo para a área em questão.
Nossa intenção é inserir você nesses debates. Entretanto, se-
ria praticamente impossível abarcar nesta unidade toda essa pro-
dução, uma vez que encontramos estudos sobre a temática tam-
bém em interfaces com a pedagogia, a psicologia, a sociologia, a
antropologia, entre outros.
Nossa opção foi direcionar os olhares para o campo de estu-
dos que envolve o lazer. Tal encaminhamento revela que reconhe-
cemos hoje a constituição de um campo que se constrói mediante

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o desenvolvimento de diversos empreendimentos que assumem o


lazer como seu objeto de estudos.
Entre essas ações, podemos citar a composição de grupos de
estudo, a realização de eventos científicos, a publicação de livros,
revistas e artigos, o desenvolvimento de cursos em diversos níveis
e a realização de pesquisas, projetos e intervenções sobre o lazer,
que serão discutidos a seguir.

7. ARTICULAÇÕES ENTRE O LAZER E A EDUCAÇÃO


A preocupação em associar lazer e educação pode ser loca-
lizada, inicialmente, nas primeiras décadas do século 20, período
em que encontramos registros sobre o tema, como pode ser veri-
ficado nos estudos de Marcassa (2002) e Gomes (2003).
Foi na segunda metade desse século, especialmente na dé-
cada de 1970, que observamos a preocupação de articular lazer e
educação ser acentuada. Esse interesse não foi por acaso: nesse
período, o processo de desenvolvimento industrial capitalista ob-
teve um impulso no país, alcançando vários municípios brasileiros
e demandando a formação de uma força de trabalho cada vez mais
laboriosa e produtiva.
No seio desse processo, lazer e educação adquiriram impor-
tância vital, pois, juntos, poderiam afastar os perigos do ócio, da
indolência e da preguiça. De acordo com esse pensamento, todos
precisavam ser educados nos momentos de lazer para que este co-
laborasse, de alguma forma, com a reposição das energias gastas
no trabalho e com o alívio das tensões vividas ao longo da semana.
Esse contexto impulsionou estudos que mobilizaram profis-
sionais de diversas áreas. Uma das iniciativas que deu visibilidade
a esse momento foi o I Encontro Nacional Sobre o Lazer, realizado
em 1975, no Rio de Janeiro, no qual a educação se fez presente
nas discussões. Nessa ocasião, houve a discussão de questões per-
tinentes àquele contexto histórico, que, de outro modo, ainda se
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fazem presentes nos dias de hoje, como o uso do tempo no lazer e


o papel da educação.
Algumas considerações de Requixa (1979, p. 21) publicadas
nessa época também merecem ser registradas. De acordo com o
autor, a educação deveria ser entendida como
[...] o grande veículo para o desenvolvimento, e o lazer, um excelen-
te e suave instrumento para impulsionar o indivíduo a desenvolver-
-se, a aperfeiçoar-se, a ampliar os seus interesses e a sua esfera de
responsabilidades.

Essa condição é vista como indispensável para a garantia do


bem-estar e para o atendimento de necessidades e aspirações de
ordem individual, familiar, comunitária, dentre outras.
Entretanto, o próprio autor destaca que o lazer não pode
ser encarado apenas como um meio ou instrumento de educa-
ção. Preocupado com essa questão, Requixa (1980,) faz menção
ao duplo aspecto educativo do lazer, que é pautado nas seguintes
premissas:
• o lazer como veículo de educação: a educação pelo lazer;
• o lazer como objeto de educação: a educação para o lazer.

As reflexões inicialmente apresentadas por Requixa (1980),


e posteriormente difundidas e ampliadas por autores como Mar-
cellino (2010) e Camargo (1998) também tratam da questão do
duplo aspecto educativo do lazer.
Falar em duplo aspecto educativo do lazer é reconhecê-lo
como veículo e objeto privilegiado de educação (MARCELLINO,
2010).
Em se tratando do lazer como veículo de educação (educa-
ção pelo lazer), devemos considerar o seu potencial no processo
de desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. As atividades
de lazer vivenciadas no tempo disponível são capazes de cumprir
seus objetivos, conhecidos como consumatórios, relaxar e propor-
cionar prazer às pessoas que a elas se entregam, como também
contribuir para a leitura e o entendimento da realidade na qual
estamos inseridos.

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Nesse caso, o próximo passo seria o reconhecimento das


responsabilidades sociais de cada indivíduo, por meio da sensibi-
lização pessoal, o que estimularia sentimentos de solidariedade e
anseios de transformação coletiva da realidade. A concretização
dessas possibilidades vem pela atuação no plano cultural, via lazer,
tendo em vista o estabelecimento de uma nova realidade moral e
intelectual que favoreça mudanças na esfera social.
Além da importância de se educar em momentos em que se
vivência o lazer, Marcellino (1990, p. 82) considera a importância
de se educar para o lazer, um aprendizado que tornaria o homem
mais consciente ao usar seu tempo livre. Sobre isso o autor co-
menta: "considero que para o desenvolvimento de atividades no
‘tempo disponível’, de atividades de lazer, que no plano da produ-
ção, quer no do consumo não conformista e crítico, é necessário
aprendizado".
Abordando esse outro aspecto do lazer, ou seja, visto como
objeto de educação (educação para o lazer), não só devemos esti-
mular a prática de atividades diversificadas de lazer como também
demonstrar a importância desse fenômeno para os indivíduos.
A educação para o lazer, foco principal deste estudo, torna-
-se, dessa maneira, um instrumento de defesa contra a homoge-
neização e internacionalização dos conteúdos veiculados pelos
mais diversos meios de transmissão cultural, despertando nos in-
divíduos um espírito crítico frente às atividades vivenciadas.
O duplo processo educativo do lazer, quando apropriado de
uma forma coerente e crítica, possibilita a vivência de um lazer
crítico e gratificante, mesmo com um mínimo de recursos, ou con-
tribui para a organização de grupos de interessados em sua práti-
ca para a reivindicação de recursos necessários junto aos órgãos
competentes.
Essas e outras constatações evidenciam a necessidade de
(re)conhecermos as discussões sobre esse assunto, motivo pelo
qual fomos incentivados a fazer uma análise da produção teórica
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no lazer, com o objetivo de compreendermos melhor a interação


entre esses dois campos. Para isso, apresentaremos, no campo do
lazer, alguns livros que se articulam com a educação.
No campo da educação, por sua vez, propomos que se pense
a respeito da abertura encontrada por alguns pesquisadores para
estudar o lazer em cursos de pós-graduação stricto sensu. Propo-
mos também a análise dos anais do evento anualmente realizado
pela Associação Nacional de Pesquisas da Pós-Graduação em Edu-
cação (Anped), por ser este um dos principais encontros da área
em nosso país.
Esperamos que essa iniciativa signifique um ponto de parti-
da para que você se sinta estimulado a pesquisar outros textos, co-
nhecer as produções de outros grupos de estudos, analisar outras
obras (como, por exemplo, aquelas publicadas em outras áreas) e
examinar outros eventos que também exploram essa questão.

Livros sobre lazer e educação


Ao fazer um levantamento dos livros que articulam lazer e
educação, encontramos as seguintes obras, publicadas a partir da
década de 1980: Educação e lazer, a aprendizagem permanente
(ROLIM, 1989); Lazer e educação (MARCELLINO, 2010); Pedago-
gia da animação (1990); Educação para o lazer (CAMARGO, 1998);
Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contem-
porâneas (GOMES, 2008) e Lazer como prática da liberdade: uma
proposta educativa para a juventude (MASCARENHAS, 2003).
Considerando a importância desses textos para as nossas re-
flexões, destacaremos as abordagens desenvolvidas pelos autores.
Chamamos a atenção para o contexto de produção desses escritos,
visto que, desde a década de 1980 até os dias atuais, a sociedade
brasileira tem passado por mudanças significativas, especialmente
nas relações com o trabalho, o lazer e a educação, o que demanda
respostas diferenciadas em cada momento específico.

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Rolim (1989) coloca-nos diante de referências teóricas sobre


o lazer introduzidas em nosso país. Apesar de os temas não serem
tratados com profundidade, a autora mostra que a aprendizagem,
por meio do lazer, pode ultrapassar o período da formação escolar
e se estender à vida cotidiana, contribuindo para o pleno desen-
volvimento do indivíduo.
Camargo (1998, p. 13) tece considerações sobre a educação
para o lazer. A preocupação básica do autor é
[...] tornar as pessoas mais aptas para desfrutar adequadamente
de um tempo livre novo, criado pela primeira vez na história da
civilização, que não acarreta perdas na produção econômica e traz
ganhos à qualidade de vida.

Essa obra foi preparada como livro paradidático, destinado


especialmente a alunos do Ensino Médio, jovens inquietos com
o futuro profissional. Ela apresenta um painel panorâmico sobre
diversos assuntos relacionados ao lazer, tais como trabalho, tempo
livre, lazer, ludismo, diversão, formação e atuação de profissionais
nessa área.
Com essa obra, o autor pretendeu introduzir a discussão so-
bre o lazer na primeira juventude, justificando que nessa fase os
sonhos estão "quentes"; ainda não se perdeu a espontaneidade
tão necessária para se viver o lúdico, e se pode apostar em uma
vida na qual o trabalho, a família e o lazer caminhem de forma in-
tegrada. Apesar de muitas ideias contidas no livro suscitarem críti-
cas e polêmicas entre os estudiosos da área, a obra contribui para
uma discussão introdutória sobre o lazer para outras camadas da
população.
Podemos constatar que a obra Lazer e educação, de Mar-
cellino (2010), foi a que mais se destacou nas pesquisas acadê-
micas que relacionam esses dois campos. Esse livro foi fruto do
trabalho de mestrado do autor na área de Filosofia da Educação e
discute as relações existentes entre o lazer, a escola e o processo
educativo.
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Partindo de seu entendimento sobre lazer e educação, o au-


tor aprofunda reflexões sobre a importância do papel da escola
quando considera o lazer em seu duplo aspecto educativo, ou seja,
como veículo e objeto de educação. A relação entre lazer e escola
é pontuada quando Marcellino (2010) discute a instituição escolar,
procurando compreender como ela prepara os sujeitos para a ocu-
pação do tempo. Inevitavelmente, emerge na discussão o papel
de algumas disciplinas consideradas "mais próximas do lazer", tais
como educação física, educação artística e literatura. Entretanto, o
autor observa que essa visão precisa ser superada, porque o lazer
não se restringe a determinada(s) disciplina(s).
Por fim, Marcellino apresenta a proposta de uma "pedago-
gia da animação", buscando caminhos alternativos para ações que
privilegiem o campo cultural nas escolas. Essa obra é um marco
nas produções teóricas do lazer e educação e deve ser lida por
aqueles que pretendem aprofundar seus estudos, considerando,
obviamente, o contexto de sua produção e o fato de que, para tra-
tar da educação, o autor privilegia o universo escolar.
A proposta da "pedagogia da animação" foi aprofundada
por Marcellino em 1990, em obra de mesmo título. O autor ques-
tiona a ausência do lúdico na educação brasileira e propõe a sua
inserção nas escolas como um componente da cultura, sobretudo
nas séries iniciais. Alerta que não se trata de um manual de ativi-
dades dirigido aos educadores, e, sim, de uma reflexão filosófica
em busca de argumentos para sua existência nos meios escolares.
Como diz o próprio autor, a pedagogia da animação estaria ligada
à criação de ânimo, à provocação de estímulos e à cobrança da
esperança.
Em Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões
contemporâneas, Gomes (2008) propõe uma reflexão sobre o pro-
cesso de constituição histórica do lazer no mundo ocidental, ten-
do em vista a compreensão dos valores a ele associados. A autora
verificou que, ao longo dos tempos, lazer, trabalho e educação fo-

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136 © Recreação e Lazer

ram concebidos como eficientes mecanismos de controle moral e


social. Compactuando com esse projeto, a educação foi ministrada
com reservas aos segmentos populares, pois significava uma gran-
de força nas mãos dos segmentos privilegiados.
Gomes (2008) também discorre sobre as relações entre a re-
creação e o lazer, uma questão controvertida e polêmica entre os
estudiosos. Conforme suas constatações, a recreação representou
um movimento que propagou as eficientes possibilidades "sau-
dáveis e educativas" das atividades recreativas para as massas, a
serem utilizadas com imenso proveito político e integradas, via es-
cola, a um sistema de valores coerentes com os propósitos hege-
mônicos em cada contexto histórico.
Observamos que, nesse livro, o lazer é compreendido como
uma esfera estreitamente vinculada ao trabalho e à educação.
Como o lazer constitui o assunto central da obra, as teorias da
educação não foram consideradas, sendo que o tema é abordado
quando perpassa as questões que são pertinentes ao campo do
lazer.
No livro Lazer como prática da liberdade: uma proposta edu-
cativa para a juventude, Mascarenhas (2003) apresenta a síntese
de suas problematizações sobre as relações de poder e interesses
de instrumentalização conservadora do chamado tempo livre. An-
corado nas reflexões de Paulo Freire, dentre outros autores, sugere
um método de intervenção no qual a experiência com o lazer pos-
sa formar sujeitos com vistas a promover espaços de organização,
solução de problemas e vivência plena de direitos e da cidadania.
Padilha (2003), em uma resenha sobre este livro, afirma que
o autor apresenta uma forma viável e necessária de tratar o lazer,
não mais como instrumento de equilíbrio social, mas como uma
prática pedagógica envolvida com o compromisso da liberdade
e da emancipação humanas. Embora a parte conceitual retome
questões já debatidas por outros estudiosos, a abordagem meto-
dológica é consistente e instiga novos estudos sobre a temática.
© U3 - Interfaces entre o Lazer e a Educação 137

Certamente, nesse livro encontramos uma proposta concre-


ta de intervenção, que articula, de forma inovadora, os campos do
lazer e da educação. Essa proposta será retomada na Unidade 3.
A articulação entre lazer e educação também vem sendo
discutida em muitos capítulos de livros que, no entanto, tratam
de questões mais específicas sobre o assunto. É o caso de Lazer,
recreação e educação física, organizado por Werneck e Isayama
(2003), em que, nos artigos de Bracht (2003) e Isayama (2003),
foram abordadas as dimensões educacionais, além das dimensões
histórico-sociais, culturais e políticas.
O primeiro autor analisa como a educação física e o lazer in-
teragem, buscando pontos em comum, diferenças e relações entre
essas áreas; o segundo faz uma análise dos conteúdos que vêm
sendo desenvolvidos sobre a recreação e o lazer nos currículos dos
cursos de formação do profissional em educação física. Marcassa
(2004), no verbete "lazer-educação", opta por analisar as princi-
pais correntes ou tendências de intervenção no campo do lazer e
educação que se configuraram ao longo da história e que podem
ser verificadas ainda nos dias atuais.
A primeira tendência, predominante até meados de 1960,
é aquela que reclama a aplicação de recursos e estratégias peda-
gógicas para a ocupação saudável e produtiva do tempo livre por
meio da recreação. A segunda refere-se ao entendimento de lazer
como espaço de educação constante e em consonância com a or-
dem estabelecida.
Por essas razões, a autora considera que esse entendimento
encerra, em sua essência, uma concepção burguesa de sociedade
e uma concepção funcionalista de lazer e educação. Por fim, a ter-
ceira tendência percebe o lazer como um canal de atuação no pla-
no cultural, tendo em vista contribuir com uma nova ordem moral
e intelectual, favorecedora de mudanças no plano social.
Esses textos nos fornecem alguns indicativos para o trata-
mento que vem sendo dado ao tema lazer e educação. Observa-se

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138 © Recreação e Lazer

que a educação é considerada de extrema importância na apro-


priação pelos sujeitos das práticas culturais possíveis de serem de-
senvolvidas na vivência do lazer, seja para ajustar-se de maneira
funcional ao sistema instituído, seja para modificá-lo.

8. ARTICULAÇÕES ENTRE A EDUCAÇÃO E O LAZER


O debate sobre o lazer como campo reconhecido e legítimo,
como discutido neste texto, não encontra a mesma ressonância no
campo da educação. Nos diferentes cursos de licenciatura, pedagogia
e normal superior, essa articulação é comumente encontrada apenas
nos estudos sobre o lúdico, quase sempre seguindo uma vertente
psicológica, que analisa, entre outros temas, a importância dos jogos
e das brincadeiras na vida dos sujeitos e os benefícios de processos
metodológicos que priorizam o aprendizado de forma lúdica.
Analisando os títulos e os resumos dos estudos apresentados
nos últimos encontros anuais da Associação Nacional de Pesquisas
da Pós-Graduação em Educação (ANPed), não foram encontrados
trabalhos sobre o lazer.
Estudos sobre o lúdico aparecem pulverizados em outros
Grupos de Trabalho Temático (GTTs), como, por exemplo, o da
educação infantil. Curiosamente, percebemos que as questões
relacionadas ao trabalho, dimensão historicamente relevante na
sobrevivência da vida humana, congregam seus estudos em um
GTT específico: Educação e Trabalho. Esse fato é suficiente para
provocar nos estudiosos do lazer a pergunta: seria apenas o traba-
lho uma dimensão fundamental na vida dos sujeitos?
Apesar dessas constatações, temos percebido que alguns
pesquisadores encontram abertura para tratar do lazer ou elemen-
tos que o constituem como objetos de análises em programas de
pós-graduação em educação, trazendo contribuições não só para
um campo quanto para o outro. Tomando como exemplo a UFMG,
encontramos alguns trabalhos, como veremos a seguir.
© U3 - Interfaces entre o Lazer e a Educação 139

Alves (1999), adotando um conceito de educação em uma


vertente antropológica, busca compreender os sentidos e os signi-
ficados dos jogos e das brincadeiras para a comunidade indígena
Maxakali, residente no interior de Minas Gerais.
Gomes (2003) analisa as trajetórias percorridas pela recrea-
ção e pelo lazer no Brasil, focalizando os significados incorporados
por ambos na primeira metade do século 20.
Pinto (2004), por sua vez, desenvolve um estudo sobre os
sentidos e os significados de tempo de lazer na atualidade, proble-
matizando um dos dilemas das sociedades industriais modernas: a
luta dos sujeitos pela posse do seu tempo existencial e das institui-
ções pela posse das experiências culturais no tempo social.
No mestrado em educação da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais (PUC/MG), Serejo (2003) realizou uma pesquisa que
analisou os motivos que levaram à inclusão dos estudos de recrea-
ção/lazer no currículo da graduação em Turismo, em um curso pio-
neiro em Belo Horizonte, e as transformações que nele ocorreram
no período de 1974 a 1985. O Centro Federal de Educação Tecnoló-
gica de Minas Gerais (Cefet/MG) abriu suas portas para Guimarães
(2001) compreender a abordagem do lazer e suas inter-relações
com o trabalho e a tecnologia na produção acadêmica brasileira.
Por sua vez, Marcassa (2002) desenvolveu, na Faculdade de
Educação da Universidade Federal de Goiás, uma pesquisa que tra-
ta da constituição histórica do lazer como uma prática institucio-
nalizada entre os anos 1888-1935, que se configurou como estra-
tégia de cooptação da classe trabalhadora paulista.
Certamente há estudos em outras universidades, mas, infe-
lizmente, há limites para as buscas. Por isso, priorizamos os estu-
dos que formam publicados e os mais próximos territorialmente.
Como nosso interesse foi centrado nos programas de pós-gradua-
ção em educação, não consideramos as pesquisas que tratam de
lazer e educação realizadas nos programas de pós-graduação em
Educação Física.

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140 © Recreação e Lazer

Os estudos aqui apresentados delineiam os diferentes con-


textos sociais e as mudanças provocadas pelas novas configura-
ções políticas, econômicas, religiosas, tecnológicas, de comunica-
ção e suas implicações para o trabalho, a educação e o lazer em
nossa realidade. Isso demonstra, cada vez mais, a necessidade de
continuarmos aprofundando conhecimentos sobre a relação entre
a educação e o lazer, com vistas a compreender o contexto e nele
propor intervenções consistentes e conscientes.

9. OS CONTEÚDOS CULTURAIS DO LAZER


Não seria possível discutir uma unidade que se centrasse nas
articulações entre lazer e educação sem tecer comentários acerca
dos conteúdos culturais do lazer. Esses interesses são fundamen-
tais para aqueles profissionais que se dedicam (ou se dedicarão)
ao estudo/intervenção no campo do lazer.
Sobre as práticas do lazer, Dumazedier (1999) contribui para
um entendimento que consiste em um conjunto mais ou menos
estruturado de atividades com respeito às necessidades do corpo
e do espírito dos interessados: os lazeres físicos, práticos, artísti-
cos, intelectuais, sociais, dentro dos limites do condicionamento
econômico, social, político e cultural de cada sociedade. A esses
lazeres, Camargo (2003) adiciona os turísticos, enquanto Schwartz
(2003) acrescenta os virtuais.
Por interesse, afirma o sociólogo francês, "deve-se entender
o conhecimento que está enraizado na sensibilidade, na cultura
vivida" (DUMAZEDIER, 1980, p. 110). Entretanto, a distinção entre
um interesse e outro não se dá de forma isolada, pois podemos
compreendê-los no sentido de predominância.
Um bom exemplo para ilustrar o que estamos dizendo se dá a
partir da seguinte situação: em um jogo de voleibol para idosos, qual
é o motivo principal para o encontro do grupo? Alguns poderiam
afirmar que seria a prática de uma atividade física (interesse físico),
© U3 - Interfaces entre o Lazer e a Educação 141

visto que pessoas nessa faixa etária necessitam de praticar exercí-


cios devido às perdas fisiológicas ocasionadas pelo envelhecimento.
Entretanto, poderíamos contrapor esse argumento, afirmando que
nessa idade a busca pelo convívio entre os pares seria a maior moti-
vação para os encontros – nesse caso, para o jogo de voleibol.
Percebemos, portanto, que cada um desses "conteúdos cul-
turais do lazer" não cumpre apenas uma área. Dessa forma, é difí-
cil distinguir com precisão os critérios levados em conta para essa
classificação.
A seguir, comentaremos, de maneira breve, cada um dos
conteúdos culturais do lazer, indicando possibilidades metodoló-
gicas para o seu desenvolvimento.

Interesse físico
É representado pela prática de atividades físicas de modo
geral. As práticas esportivas, os passeios, as pescas, a ginástica,
realizadas em espaços específicos (academias, ginásios) e não
específicos (ruas, residências), são exemplos representativos. De
acordo com Coutinho e Maia (2009, p. 36), poderíamos pensar nas
seguintes ações para o desenvolvimento desse conteúdo:
• Todo o universo de jogos esportivos tradicionais e adaptados
(paraolímpicos).
• Prática de modalidades esportivas não comuns ao dia a dia dos
participantes. – Ex: golfe – utilizando bolinha de tênis ou bor-
racha e um taco de madeira; rugby – tomando cuidado com
questões de segurança; esgrima – utilizando um giz colorido
tentando pintar a roupa do companheiro.
• Brincadeiras tradicionais que possam estar meio esquecidas –
Ex: bolinha de gude com suas diversas variações.
• Dia do Recreio sobre rodas – estimular as crianças a trazerem
suas bicicletas, skates, patins, patinetes, carrinho de rolimã e
organizar espaços para eles se divertirem. Tomar o cuidado para
que não se cause constrangimento, caso muitos participantes
não tenham e não tragam nenhum desses brinquedos. Pode-se
pensar numa forma de estimular o brincar junto, partilhando o
brinquedo que se trouxe.

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142 © Recreação e Lazer

É representado pela capacidade de manipulação, exploração


e transformação de objetos/materiais, bem como pelo trato de
elementos naturais e/ou animais. São exemplos disso o artesanato,
a jardinagem, a bricolagem e o cuidado com os animais. Como
sugestões de atividades apontadas por Coutinho e Maia (2009, p.
38), temos:
• Oficina de trabalhos manuais da região – artesanato típico.
• Oficina de culinária – por exemplo, como fazer um sanduíche
natural. Aproveitar para fornecer dicas de higiene.
• Oficina de jardinagem – ensinar como plantar uma árvore.
• Confecção de pipas.

Interesse intelectual
Nesse contexto, interesse intelectual é a ênfase é dada ao co-
nhecimento vivido, experimentado, fundamental para a formação
do indivíduo. O que se busca é o contato com as informações objeti-
vas e explicações racionais, por meio de cursos ou leitura, por exem-
plo. As sugestões apontadas por Coutinho e Maia (2009, p. 41) são:
• Mini-palestras sobre o tema gerador – convidar profissionais ou
até mesmo pais de participantes para falar sobre meio ambiente.
• Mesas de discussão temáticas – expor um problema ambiental
que acomete a localidade onde está inserido o PST, buscando
sugestões coletivas para solução do problema.
• Rodas de discussão a partir de situações vivenciadas, para pro-
posições coletivas de possíveis modificações nas regras e estru-
turas das atividades propostas, tornando-as mais participativas
e/ou cooperativas.
• Jogos de mesa – xadrez, dama, gamão.
• Jogos intelectivos (que podem ser trazidos pelos participantes)
– perfil, imagem e ação, batalha naval.
• STOP – utilizando categorias adaptadas a cada região. Neste
jogo sorteia-se uma letra do alfabeto para que todos escrevam
uma coisa ou objeto que comece com esta letra. Ex: nome de
carro, de filme, de fruta.
• Gincanas com provas de conhecimentos gerais ou relacionados
a um tema específico.
© U3 - Interfaces entre o Lazer e a Educação 143

Interesse artístico
O interesse artístico abrange as mais diversas manifestações
artísticas, como teatro, cinema, artes plásticas, buscando a satis-
fação do imaginário (imagens, emoções e sentimentos). Seu con-
teúdo é estético. As festas podem ser incluídas nesse segmento
do lazer. Coutinho e Maia (2009, p. 39) nos sugerem as seguintes
atividades:
• Oficinas de dança – utilizando danças típicas da região bem como
outras formas de dança que possam demonstrar a diversidade
cultural de nosso país e até mesmo de outros países. Ex: dança
de salão, hip-hop, brinquedos cantados, ginástica maluca criada
de forma coletiva, entre outras manifestações.
• Filmes relacionados ao tema gerador – uma sessão de cinema
improvisada, ou até mesmo uma visita ao cinema da cidade.
• Teatro – apresentação de um grupo de teatro da região ou uma
oficina para as crianças e adolescentes possam produzir suas pró-
prias peças ou esquetes teatrais.
• Música – oficina de instrumentos musicais ou organização de um
festival onde os participantes poderão apresentar os seus talen-
tos.
• Oficina de vivências e confecção de artes plásticas (escultura e
pintura), fazendo uso de materiais recicláveis.

Interesse social
O interesse social manifesta-se quando se procura um conta-
to direto com outras pessoas, por meio de um relacionamento ou
convívio social. Exemplos específicos são os bailes, os cafés, os ba-
res e a frequência a associações servindo como ponto de encontro.
Para esse conteúdo, Coutinho e Maia (2009, p. 41) nos apontam:
• O momento do lanche pode ser feito em forma de piquenique,
onde um grupo de participantes recebe uma quantidade X de
alimentos para serem preparados e divididos entre si. Os grupos
podem receber alimentos diferentes, gerando a possibilidade de
intercâmbio entre os mesmos.
• Festa temática – num dia especial os alunos poderão vir fanta-
siados para uma festa com música, dança e um lanche diferente.

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144 © Recreação e Lazer

• Ter um espaço de convivência para os momentos de espera, tanto


na hora da chegada, como no horário de saída dos participantes.
• Incentivar a troca de experiências entre os participantes. Ex: cada
um pode trazer sua coleção de figurinhas (ou outra coleção) ou
hobbies para partilhar experiências com os amigos.

Interesse turístico
A busca de novas paisagens, ritmos e costumes distintos da-
queles vivenciados cotidianamente é a aspiração mais presente
nos interesses turísticos. Os passeios, as viagens e a visita a shop-
pings centers constituem exemplos desse tipo de interesse. Couti-
nho e Maia (2009, p. 45) apresentam as seguintes sugestões:
• O momento do passeio que faz parte do planejamento do Recreio
nas Férias.
• O conhecimento ou reconhecimento do espaço circunvizinho da
localidade onde funciona o núcleo (Ex: praças, espaços culturais,
museus, prédios históricos), na perspectiva de demonstrar possi-
bilidades de lazer não percebidas ou exploradas pela população.

Interesse virtual
Compreende as formas de atividades de lazer que utilizam
tecnologia como as do computador, do videogame e da televisão.

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Na visão de Pierre Bourdieu, qual é o conceito de "campo"? Para os estudos
do lazer, quais são suas implicações? Dê exemplos.

2) Qual é o significado do duplo aspecto educativo do lazer? Como desenvolvê-


-lo, tendo como perspectiva o lazer na condição de objeto e veículo de edu-
cação? Dê exemplos.

3) Dumazedier apresenta uma contribuição interessante para os estudos do


lazer ao introduzir na área a ideia de conteúdos culturais do lazer, posterior-
mente acrescentados por Camargo e Schwartz. Sendo assim, defina:
© U3 - Interfaces entre o Lazer e a Educação 145

a) conteúdo físico;
b) conteúdo prático;
c) conteúdo social;
d) conteúdo intelectual;
e) conteúdo artístico;
f) conteúdo turístico;
g) conteúdo virtual.
4) Apresente exemplos de como poderíamos desenvolver cada uma dessas di-
mensões com um público frequentador de um clube social.

11. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim de mais uma unidade!
Agora que você teve a oportunidade de pensar sobre as
questões importantes para a sua formação no que tange às articu-
lações entre o lazer e a educação, reflita sobre sua futura prática
pedagógica nesse campo.
Os elementos teóricos trazidos para o debate nesta unida-
de favorecerão a construção de um entendimento mais amplo do
processo de formação e atuação profissional. Aliás, esse será o
tema de nossa próxima unidade.
Vamos a ela?

12. E-REFERÊNCIAS
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