Você está na página 1de 22

ESTADO DO HIO GRANDE DO SUL

5* LEGISLATURA 5.* SSSSÃO LEGISLATIVA

ANO XVII Pôrto Alegre, Quarta-feira, 22 de Abril de 1964 N.0 2.727

..-rt-.-m-TTTTXsem -EY ["ir-1" " 1” **

~7.a SESSÃO, EM 31 DE MARÇO DE 1964


Presidência dos Srs. Solano Borges, Presidente e Heitor Campos,
1.° Vice-Presidente.
As 14 horas, o Sr. HEITOR CAMPOS, assume nicada a eleição e posse da Mesa que dirigira os tra­
a Presidência. balhos legislativos no corrente ano.
Encontram-se presentes os seguintes Srs. Depu­ Da Associação dos Jornalistas de Pelotas, comu­
tados: nicando a eleição e posse de sua nova diretoria.
Do Frefeito Municipal de A ratiba, agradecenao
Partido Trabalhista Brasileiro — Aldo Fagundes, a comunicação de posse da nova Mesa desta Casa Le .
Álvaro Petracco, Eirusa Netto, Fidélis Coelho, Ju s­ gislativa.
tino Quintana, Lamaison Pôrto, Pedro Simon e Nol­ Da P refeitura Municipal de Sapiranga, acusar.an
ly Joner. o recebimento de ofício no qual é comunicado a elei­
Partido Social Democrático — Porcínio Pii^p e ção e posse da nova Mesa da Assembléia Legislativa.
Darcy Conceição. Da Câmara Municpal de Pelotas, enviando cópia
Partido Libertador — Solano Borges. de proposição apresentada pelo Vereador Carlos Al
Movimento Trabalhista Renovador — Heitor berto Costa Gomes.
Campos. Do Prefeito Municipal de Arroio do Meio, agra­
Partido Democrata Cristão — Adolpho Puggina. decendo a comunicação da eleição e posse da nova
Partido de Representação Popular — . . . Mesa da Assembléia Legislativa.
União Democrática Nacional — Júlio Brunelli. Do Sr. Adriano Dias, comunicando que assu­
Ali.inç:» Republicano Socialista — . .. miu o cargo de D iretor Presidente do Departamento
O SR. PRESIDENTE (Heitor Campos) — Com Estadual de Abastecimento de Leite.
a presença de 14 Srs. Deputados, declaro aberta a Da Assembléia Legislativa do Estado de Pernam ­
sessão. buco, comunicando a eleição e posse de sua nova
O Sr. Darcy Conceição, 3.° Secretário, procede Mesa.
à leitura da ata da sessão anterior, que é aprovada. Da Câmara Municipal de Santo Antônio da P a­
O Sr. Porcínio Pinto, 2.° Secretário, faz a lei­ trulha, comunicando a eleição e posse de sua nova
tura do seguinte. Mesa.
Da União Arroio Grandense dos Estudantes Se­
EXPEDIENTE cundários de Rio Grande, comunicando a eleição e
posse de sua nova diretoria.
OFÍCIOS

Do Grêmio C ultural Dr. Geraldo Velloso Nunes


Vieira, de Urugupiana. comunicando a eleição e posse
TELEGRAMAS
de sua nova diretoria. Do Sr. Otávio Dalgnol. de Nova Prata, transm i­
Da Câm ara Municipal de São Lourenço do Sul, tindo satisfação da população de Paraí, pela vitória
enviando cópia de manifestação de apõio ao sr. Go­ obtida no plebiscito realizado
vernador do Estado. Do Prefeito Municipal de Cerro Largo, comuni­
Da P refeitura M unicipal de Garibaldí, acusando cando que a propósito de notícia do Jornal do Dia,
o recebimento de ofício no qual é comunicado a elei- edição do dia 20 do corrente, alusiva a manifestação
Çáo e posse "da nova Mesa desta Assembléia. do sr. Deputado Alvaro Petracco, desconhecer total­
Da Câmara Municipal de Pelotas, enviando cópia mente a matéria versada.
da proposição apresentada pelo Vereador Edgar Cur- Do Sr. Juiz de Direito de Lagoa Vermelha, comu­
vello. nicando o resultado da consulta plebiscitária sôbre
Da Câmara de Comércio da Cidade de Rio G ran­ a emancipação dos distritos de Barracão e Espigão
de, comunicando a eleição e posse de sua nova dire­ Alto.
toria. O SR. PRESIDENTE (H eitor Campos) — Não há
Do Secretário de Estado dos Negócios do Traba­ mais expediente a ser lido.
lho e Habitação, agradecendo o convite para a ses­ Passa-se ao período da sessão destinado às
são solene de instalação da Segunda Sessão Legisla­
tiva da Quinta Legislatura. COMUNICAÇÕES
Do Sr. H enrique C. Vogel, comunicando que as-
«umíu o cargo de D iretor do Arquivo Público. O primeiro orador inscrito é o Deputado Adol-
Do Gen. A m ir Borges Fortes, acusando o recebi­
mento do ofício desta Casa. através do auai é comu­
%)ho Puggina. do PDC. S. Exa, poderá ocupar a
tri­
buna u o r cinco minutos.
Pág. 146 22 de Abril de 1S64 Anais
O SK. ADOLPHO PUGGINA — Sr. Presidente O SR. ALDO FAGUNDES — Sr. Presidente e
e Srs. Deputados. Srs. Deputados.
Apesar de encontrar-se hospitalizado, há mais de Não é a prim eira vez, p provavelmente não será
noventa dias, tendo sofrido já cinco intervenções, S. a última, que usamos desta tribuna para comentar
Exa. Revma. D. Vicente Scherer, Arcebispo M etro­ a execução de uma importantíssima obra da Fron­
politano, conserva intata sua extraordinária capaci­ teira Oeste do Rio Grande do Sul, e Central Termo-
dade de trabalho, atento a todos os problemas, a elétrica ''Osvaldo A ranha’' que, localizada na cidade
toda 3 as conjunturas, tanto políticas como sociais ou de Alegrete, com capacidade de 6(5.000 quilowatts
econômicas que, direta ou indiretamente, possam a- pretende dotar aquela região da energia indispensá­
íe tar os seus arquidiocesanos. vel para promover, ali, a industrialização e o con-
Por ocasião da Páscoa da Ressurreição, enviou seqüente desenvolvimento econômico
um a mensagem aos rio-grandenses, documento em Pelo vulto da obra, el-T sc vem executando mo­
que não apenas dem onstra a sua alegria pascal, mas, rosamente. É de se reconhecer, aliás, a sua comple­
também, mostra as .?uas preocupações pelo momento, xidade, desde o transporte da m aquinaria a ser uti­
exalta as virtudes do regime democrático, da plura­ lizada, até à liberação das verbas públicas dotadas
lidade dos Partidos e pede aos fiéis para que orem no para aquêle im portante empreendimento, que vem
sentido de que a, dominação de um só grupo não se exercendo eir ritmo moroso. Mas. de qualquer
conduza o Pais à tirania e à subserviência. forma, senhores Deputados, merece ser registrado
É um documento qu* deve ser lido e meditado que, embora lentam ente, aos poucos, vai-se firmando,
não apenas pelos fiéis, mas também por aquêles que como obra definitiva, a Central Têrm o-Elétrica Os­
não comungam do mesmo credo e, principalmente, valdo Aranha. Definida a obra, já nesta altura irre­
por tôdas aquelas pessoas que tenham responsabili­ versível, começa o povo da fronteira oeste do Rio
dade na vida pública. , Grande do Sul a exam inar o que fazer com o po­
Para que conste nos Anais desta Casa, vou pro­ tencial energético que áli vai ser presente dentro
ceder à leitura desta mensagem; em breve. Pois bem. P ara equacionar as diferentes
(Lê;) posições, as diferentes atitudes que o capital local
■ ■ Move-me o júbilo da Páscoa a dirigir-vos, neste possa te r era relaçân ao potencial energético da
dia, diletos filhos, uma palavra que nos una, Pastor “Central Têrm o-Elétrica Osvaldo A ranha”, o Conse­
e rebanho, Arcebispo e fiéis, nos mesmos sentim en­ lho de Desenvolvimento de Alegrete vem de progra­
tos de impetração e de ação de graças, ao romperem, m ar a realização, naquela cidade, de um Fôro Re-
os sinos, os cânticos de aleluia de todo o mundo cris­ g io n a lld e 21 a 24 de maio próximo, tendo por esco­
tão, na alegria pascal. po reunir representações dos diferentes municípios,
em número de quatorze, que integram o sistema de
Cabe-nos, diletos filhos, render graças a Deus por A legrete e, do debate em comum encontrar, das
haver preservado, em nosso país. por entre tantas no=sas autoridades municipais, dos nossos homens de
dificuldades, a paz pública e a capacidade de resistir, emprêsa, dos homens que detêm o capital um equa-
como êle tem resistido, às adversidades econômicas cionamento para os problemas que angustiam aque­
e sociais. Aos ím perscrutáveis desígnios de providên­ la im portante região do Rio G rande do Sul.
cia Divina, devemos o inestimável dom de ter conser­ Não preciso destacar, daqui, o subdesenvolvi­
vado nossa Nação, o regime democrático, que a sua m ento econômico da fronteira oeste do Rio Grande
Constituição lhe estabeleceu. A pluralidade democrá­ do Sul. Embora seja imensa a sua capacidade de
tica dos partidos políticos vale ao nosso povo, nesta capital, no campo social, é doloroso o drama da
fase de sua história, para que os defeitos e qualidades fronteira oeste do Rio G rande do Sul.
de umas e outras parcialidades se equilibrem entre Já íoi dito que essas cidades vêm se constituin­
si, e os inevitáveis excessos, de parte a parte, reci­ do em verdadeiras ilhas cercadas de miséria por to­
procam ente se compensem e neutralizem, em face do dos os lados. Para romper essa estrutura e propor­
bem comum. Oremos, todos, a Cristo Ressurrecto, cionar a industrialização da fronteira e o seu de­
para que poupe, ao povo brasileiro, a dominação senvolvimento, é que êsse Fôro Regional, a te r lu­
absoluta ae uma só facção, ainda que m aioritária, de gar no Município de Alegrete, pretende indicar as
um só grupo, ainda que poderoso, de um só homem- soluções mais cabíveis para o desenvolvimento da­
ainda que execelente, capazes de impor ao nosso po­ quela região do Estado.
vo, pela violência, a trágica unidade, a lúgrube tra n ­ Com êste registro. Sr. Presidente e Srs. Depu­
qüilidade da tirania e da subserviência. tados, nós queremos, desta tribuna, em prestar a
Rendemos, também, graças a Deus, diletos filhos, nossa maior solidariedade aos ilustres dirigentes da
pelo insigne exemplo de liberdade e de variedade, CDA, que promove, êsse fôro regional, na expecta­
que. neste instante hií-tórico, dá, a todo o mundo, a tiva de que possa, realm ente, tal empreendimento,
verdadeira Igreja de Cristo abrindo a tôda a cristan- contribuir para que dentro em breve assistamos à
dade, novas perspectivas 110 caminho da unidade, pelo redenção da fronteira e à transformação daquele
conteúdo e enderêço dos temas do segundo Concilio quadro social. (Palmas) (Discurso não revisto pelo
Vaticano. Ergamos nossas preces, ao Divino Espírito, orador).
afim de que desperte, em todos os corações, o desejo O SR. PRESIDENTE (Heitor Campos) — A se­
da união, que é o desejo do Cristo e da salvação. guir, com a palavra o nobre Deputado Pedro Símon,
Volte-se neste dia. o nosso pensamento para os da Bancada do PTB. S. Exa, poderá dispor de cinco
horizontes iluminados do passado, em que, a p ar de minutos.
lutas esquecidas e de triunfos remotos podemos sen­ O SR. PEDRO SIMON — Sr. Presidente e Srs.
tir sôbre nós a mão de Deus a guiar-nos até o p re­ Deputados.
sente. como nos guiará, agora, e nos guiará pelo fu­ Trago daqui a m inha solidariedade à Ação Cató­
turo até a eternidade, lica do Rio G rande do Sul, & JOC, JUC. JEO,
Vicente Scherer, Arc. Metrop. de Pôrto Alegre, JAC e AC e ACI que, num manifesto de maior im­
Bàsco da Ressurreição, 29 de março de 1964”. portância, domingo passado deu a sua definição cora
O SK. PRESIDENTE (H eitor Campos) — A se­ relação àqueles que aproveitam-se da fé de Deus *
guir, com a palavra 0 nobre Deputado Aldo Fagundes. do Cristianismo, p ara defender seus interêsses e par»
4 a Bancada do PTB. S. Exa. poderá ocus&r & tribuna combater a redenção do povo brasilero. Os têrmos
p e r cinco minutos -íêsse manifesto, oue considero lido. o ara constar art
Anais 22 dé Abril dé 1964 Pág. 147

Anais, merece a atenção por parte desta Casa e da Tendo em vista o clima de desentendimentos
todo o Rio G rande do Sul. Verificamos que em no­ existentes no pais, entre grupos das mais diversas
me de Deus, em nome da Igreja ,e em nome de Cris­ tendências políticas e ideológicas, acerca dos proble­
to, e do Cristianismo dependem os interêsses mais mas nacionais, e o conseqüente desaparecimento do
escusos. É im portante que se leia a palavra da Ação dialogo, mesmo entre diversos grupos de cristãos, que
Católica do Rio Grande ao Sul, aliás a mesma que' se digladiam, julgando-se cada um o dono da ver-
já íoi feita em Minas Gerais, e em São Paulo, quando dade, cremos que se to rn a necessária um a séria re­
os homens da Igreja repelem àqueles que se valem flexão sôbre a participação dos cristãos, n a constru­
da fé, justam ente p ara confundir a m aioria esmago- ção da sociedade.
dora do povo que sofre e que procura melhores dias.
Vejamos alguns têrmos dêsse manifesto; “O que 1.° — Responsabilidade dos Cristãos
nos parece mais grave ainda, e que entre essas pes-.
soas existem aquelas que se organizam em movimen­ A criação do mundo foi feita por Deus. de um
tos que visam resistir às transformações sociais ou modo incompleto, tendo Êle entregue ao homem, co-
promover tão sómente medidas paliativas que não roamento dessa mesma criação, a missão de aperfei­
fôrem as causas reais dos problemas, justificando es­ çoá-lo — tomá-lo cada vez mais humano para que
ta posição com o próprio cristianismo.” volte como oferenda ao Criador.
“...ev idente que se de um lado, rápidos progressos
se operam em escalas cada. vez mais amplas, de ou­ O cristão, que ê o homem remido pelo Sangue de
tro lado, grandes entraves a condicionam nas carac­ Cristo posuidor do germe da Criação, tem dentro
terísticas ainda m arcantes de um país subdesenvol­ desta construção comum, um a tarefa im portante e
vido, em que as massas populares não participam essencial — é a êle que cabe a irradiação da salva­
do processo brasileiro, onde subsistem a miséria e a ção. Salvação esta que deve atingir a todos os ho­
mortalidade prem atura em números clamorosos, no mens e ao mundo. Salvação do homem todo, espíri­
qual o impacto das realidades rural e uroana, geram to encarnado, que ressuscitará com Cristo no fim dos
conseqüências gravíssimas de despersonalização. Sen­ tempos.
timos, de outro lado, que a consciência dos homens Na medida em que fôr sendo criado um mundo
no mundo os encam inha para uma maioi participa­ mais humanei, possibilitando a todos a Salvação, o
ção e compromisso com um a ordem plenária, na cristão estara contribuindo de modo decisivo p ara a
concretização de novos valores, como a dignidade do realização a a obra de Deus.
trabalho, o anseio da unidade, a maior íntercomunica- Esta missão do cristão não é algo de abstrato,
ção entre as pessoas e as estruturas, a elab o r^ ão de mas se realiza, no tempo e no espaço no aqui e agora
uma cultura popular”. de cada país.
Vejo neste m anifesto da Ação Católica, vejo nes­ 2.° — PAPEL DA IGREJA
te movimento do Cardeal de São Paulo, do Arcebis­
po de Recife, do Bispo Dom Jorge, aqui de Põno A le ­ O cristão não participa desta construção como sêr
gre de fôrças ponderáveis da nossa Igreja, veju, real­ isolatíu, mas como membro da comunidade de bati­
mente, um movimento digno de respeito, para colo­ zados — a Igreja.
car nos seus devidos têrmos. a fé, para que alguns A Igreja possui na sua missão redentora, varias
n a defesa dos seus interêsses privados, na deiesa da faixas de atuação, cabendo especificamente aos leigos
sua propriedade, do uso demasiado do direito de pro­ atuar concretamente na construção da- sociedade;
priedade, não abusem da, ingenuidade e crença do “A Hierarquia Intervém cora autoridade junto a
povo brasileiro. seus filhos na esfera da ordem temporal, quando se
Êste repúdio, Sr. Presidente, da Ação Católica, tra ta da lição dos principio* da sua doutrina aos ca­
êste repúdio de todos aquêles que se mostram e se sos concretos. Mas a presença da Igreja n a transfor­
apresentam contra a maioria do povo brasileiro, em mação do temporai se concretiza através de seus lei­
nome da fé, merece constar dos Anais desta, Casa, co­ gos e responsáveis, que. com todos os homens de
mo merecem, por parte da imprensa, a devida aná­ boa vontade mostram espirito de compreensão, de-
lise e o devido estudo. sinterêsse e disposição a colaborar lealmente n a con­
E ra isto, Sr. Presidente. .(Palmas) (Discurso não secução de objetivos bons por natureza, ou «ue pelo
■avisto pelo orador). menos se possam encam inhar para o bem”. (Mensa­
M atéria entregue para transcrição nos Anais). gem do I£p5scopado Nacional, sôbre a situação bra­
sileira. citando a “Pacem In T erris”).
Ação Católica Condena Grupos Anti-Reformistas Livres e responsáveis os cristãos leigos devem
optar tendo em vista os princípios evangélicos, expos­
Anunciando que o “cristão deverá ter o espirito tos pela doutrina da Igreja e de acôrdo com a rea­
suficientemente aberto para sentir os apelos que a lidade concreta onde estiverem inseridos.
realidade concreta lhe faz”, tôdas as entidades com­ Dentro desta faixa de opções o cristão deverá ter
ponentes do Secretário da Ação Católica da Arquidio­ o espirito suficientemente aberto p ara sentir os apê-
cese de Pôrto Alegre (JOC, JAC, JEC, JUC, ACI e los que a realidade concreta lhe faz, a fim de que
AC) lançaram , ontem, m anifesto em que lam entam e sua ação seja o mais possível eficaz, tendo sempre
consideram grave a existência de pessoas “que se or­ em vista a realização do homem.
ganizam em movimentos que visam resistir às trans­
formações sociais ou promover tão sómente medidas 2 .° — O Brasil
paliativas, que não terem as causas reais dos proble­
mas, justificando esta posição com o próprio cristia- Isto pôsto, situemo-nos como brasileiros diante
nismo”. da nossa realidade, que é o aqui e o agora onde de­
Uma vez que se constata que existem brasileiros vemos atuar:
vivendo em condições infra-hum anas e que o cristão “A quantos estudam esta realidade e a quantos
tem por dever salvar todos os homens, verifica-se que sentem as profundas aspirações do povo parece evi­
nunca a opção cristã pode ser a de conservar a si­ dente «ue. se de um lado, rápidos progressos we ope­
tuação — assinada, mais, mais adiante o manifesto — ram em escalas cada vez mais amplas, de outro lado,
opção da Ação Católica Pôrto Alegre. grandes entraves a condicionam nas característica»
O PRONUNCIAMENTO ainda m arcantes de um país subdesenvolvido em que
É o seguinte, na íntegra, o manifesto do Secreta­ as massas populares não participam do processo bra­
riado de Ação Católica de Pôrto Alegre: sileiro, onde subsistem o miséria e a mortalidade prt>
Pág. 143 22 de Abril de 1964 Anais

m atura em números clamorosos no qual o impacto das lho, da Bancada do PTB. S. Exa-, poderá ocupar o
realidades rurais e urbana, geram conseqüências gra­ microfone pelo espaço de cinco minutos.
víssimas de despersonalização. Sentimos, de outro la­ O SR. FIDELES COELHO — Sr. Presidente e
do, que a consciência dos homens para uma maior Srs. Deputados.
participação e compromisso com um a ordem plane­ P ara que conste dos Anais desta Casa, darei con-
tária, na concretização de novos valores, como a digni­ nhecimento ao Plenário, do editorial lido no dia de
dade do trabalho, o anseio da unidade entre as pes­ ontem, n a hora do esclarecimento que o PTB está
soas e as estruturas, a. elaboração de uma cultura po­ patrocinando através de um a rêde de emissoras. O
pular” Mensagem do Episcopado Nacional, sôbre a si­ referido editorial versa sôbre um tem a assaz interes­
tuação brasileira). sante, muito em moda atualm ente: tra ta da liberda­
Uma vez que se constata existem brasileiros de de imprensa.
vivendo em condições infra-hum anas e que o cristão Diz o editorial que tem como título “Violência
tem por dever salvar todos os homens verifica-se contra um jornalista” :
que nunca a opção cristã pode ser a de conservar a (Lê):
situação. EDITORIAL — DIA 30 — 12 H.
A liberdade de opção situa-se na faixa de es' HORA DO ESCLARECIMENTO
colha do modo de realizar a recuperação do povo
que não tem condições minimas de subsistência. Violências contra um Jornalista
É tendo em vista isto que nós encontramos cris­
tãos, igualmente verdadeiros em seu cristianismo, que Nossos ouvintes devem estar lembrados da tre ­
assumem posições diferentes no campo sócio-políti- m enda tempestade que se levantou nesta capital e
co-econômico. Cumpre, entretanto, notar que a n a­ no Estado, tempos airás, por causa de algumas crí­
tureza destas diferenças será sempre sócio-polítíco- ticas que o então governador Leonel Brizola enten­
econômica, mas, assim mesmo deverão os cristãos deu de dirigir aos jornais de um a poderosa emprêsa
fundam entar sua sposições nos princípios do Direito local.
N atural e de acôrdo com as exigências evangélicas. Não só os jornais da emprêsa, como outros órgãos
É portanto lamentável que sejam lançados por de divulgação, entidades de classe e outras organiza­
alguns cristãos, equívocos que levam a identificar ções econômicas, ergueram-se num a quase guerra
posições políticas com imperativos de consciência t p .santa, transform ando urna simples queixa de públi­
ligiosa, co em perigosa ameaça à liberdade de imprensa. —
Não faltaram , inclusive as manifestações de conspí-
ALERTA cuos cidadãos que encheram as redações no afã de
levar sua solidariedade bajulatória à emprêsa amea­
Parece-nos oportuno cham ar atmi atenção para ' çada. ..
algumas atitudes negativas que neste campo podem Os pruridos democráticos vieram à pele e tra -
ocorrer. Uns talvez fascinados pelo progresso material sandaram n a mais violenta cam panha de que até en­
d a ordem capitalista, sem sentir as conseqüências de tão se tivera conhecimento.
seus erros ou talvez receios de perder as vantagens A honra e a dignidade estavam compremetidas.
que possuem, tudo fazendo p a ra m anter ao atual es­ A liberdade de im prensa sob coação direta, do tirano.
tado de coisas. Outros, apressam-se em programar E ra preciso reagir, era preciso se erguer a cabeça, di­
e discutir as reformas cujo conteúdo pleno e reper­ ziam, p ara lavar a afronta.
cussões a longo prazo interessam-lhes menos do que Assim foi, n a época. .. O tempo foi passando.
as consequêncais do momento ou as solhções palia­ Leonel Brizola deixou de ser governador. Os jornais
tivas para as injustiças mais gritantes. Alguns, apro­ co n tin u aram ...
veitando-se do anseio comum de reformas passam a Hoje, um dos jornais dessa m esm a emprêsa pu­
promover agitação estéril e destrutiva. Finalmente, blica em suas próprias páginas que um de seus re­
grupos levados por ideologias extremistas, querem pórteres, por sinal um dos mais íntegros e idôneos
instalar no país um sistema de totalitarism o estatal. jornalistas da. im prensa gaúcha, foi, pelo Chefe da
Qualquer dêstes atitudes im portaria em abandonar o Casa Civil, posto fora do Palácio Piraíini, pela su­
ponto capital; a recuperação do homem oprimido, posição de tratar-se de pessoa que não comunga
sua inserção num a sociedade de acôrdo com a pers­ com as idéias políticas do G ovêrno...
pectiva evangélica, que defenda seus direitos inaliená­ E posto para fora do Palácio com um recado ao
veis e o ponha a serviço da comunidade, ao mesmo seu diretor: que substitua seu repórter credenciado no
tempo que o faça responsável pela construção de sua Palácio, se ouizer notícias governamentais.
própria história, chamando-o, também a construção E o que fez o jornal? R eagiu?... Não! Simples­
do reino de Deus”, (Mensagem do Episcopado Nacio­ m ente curvou a cabeça e aceitou o recado.
n al sôbre a situação brasileira). Sim, o jornalista Arlindo Pasqualini, o diretor d í
O que nos parece mais grave ainda é que entre“Fôlha da T arde”, um dos jornais da emprêsa Caldas
essas pessoas existem aquelas que se organizam em Junior, tão zeloso das chamadas franquias democrá­
movimentos que visam resistir às transformações so­ ticas e da- liberdade de imprensa, que a tôda h ora as
ciais paliativas que não ferem as causas reais dos vê ameaçadas, silenciou. Calou-se e, ao que se diz,
problemas, justificando esta posição com o próprio mandou substitutir seu repórter junto ao Palácio Pi-
cristianismo. ratini.
Permitimo-nos lem brar os. inconvenientes que e- Aceitou a violência e o recado, êle que se diz de­
quívocos desta natureza trazem à consciência reli­ m ocrata e anti-comunista., de quem, por coincidência,
giosa do povo e lembramos a nossas irmãos que a já foi diretor do jornal oficial do Partido Comunista
unidade de todos no Corpo Místico de Cristo não se no Rio Grande do Sul, o sr. Plinio Cabral.
reflete em posições políticas idênticas mas no espíri­ Agora, não será de estran h ar que su rja am anhã
to de verdadeira caridade que nos deve identificar ou depois, nas passeatas das meias de sêda, em punhan­
com o Pai. do faixas clamando pela democracia e pela liberdade
Páscoa da Ressureição do ano de 1964 — Secreta- de imprensa.
xiado da Ação Católica da Arquidiosese de Pôrto Os ouvintes. poderão pensar que se o fato, even­
Alegre — Representando os movimentos de JOC — tualm ente, se verificasse com algum auxiliar do go­
JAC — JEC — JUC — ACI — ACO”. vernador Brizola, o temporal estaria novamente ar­
O SR. PRESIDENTE — (Heitor Campos) — Amado, e que, de cinco em cinco m inutas, esiariamctó
WEUir, com a palavra o nobre Deputado Hidáiis a » . muMiadA na maic oaruientes desaeravos.
Anais 22 de Abril de 1964 Pág. 149
Nós, porém, apenas registramos o íato e daqui referência a funcionários, é êste Deputado, porque,
«vamos a nossa solidariedade ao jornalista Casteio durante quatro anos, como Secretário de Estado, ao
iranco. pela violência de que foi vitima, na sua ati- contrário, teve problemas com companheiros, por
jdade dd profissional independente, e digno da im- não perseguir- funcionários da Secretaria da Saúde.
irensa. O Sr. Honório Severo — O mesmo não aconte­
Quanto ao silêncio das entidades da classe, pa- ceu com o Deputado Justino Q uintana.
Ke confirmar-se de que só existem para defender O SR. PRESIDENTE — Resta um minuto a V.
s patrões e suas eniprêsas. J á calaram um a vêz, Exa., nobre Deputado-.
mudo viram um colega dispensado de seu emprego O SR. LAMAISON PÔRTO — Há pouco, quan­
| mando de um a autoridade m ilitar.” do ocupava esta tribuna, ainda ouvia uiíi depoimento
do Deputado Gudbem Castanheira, da Bancada do
(Após a leitura) Partido Libertador, que, espontâneamente, declinava
f Esta era, o Sr. Presidente e Srs. Deputados, a ma- o fato <ie êste Deputado não ter permitido que se
íifestaçãQ que, aqui desta tribuna, queria fazer para transferisse da Cidade de Santo Antônio da P atru ­
ue constasse nos Anais desta Casa o editorial lido, lha, o Médico-Chefe, Dr. Dalmo Amorim, por mo­
r,tem. n a hora radiofônica do Partido Trabalhista tivos apenas de perseguição política. Nenhum fun­
bsileiro. Obrigado. (Palmas) (Discurso não revis- cionário teve a sua transferência efetuada pelo Se­
i pelo orador). cretário da Saúde de então, por motivos de ordem
O SK. PRESIDENTE (Heitor Campos) — Por política. E, agora, S r. Presidente e Srs. Deputados,
issio de tempo do nobre Deputado W alter Berto- vem o atual Secretário da Saúde de transferir, por
icci, com a palavra o nobre Deputado Lamaison motivos em inentemente políticos, da Cidade de- Ca­
irto. xias do Sul, um cidadão com vários filhos, que estão
O Sr. LAMAISON PÔRTO — Sr. Presidente e freqüentando a escola. Êsse cidadão que reside hà
rs. Deputados. mais de trinta anos na Cidade de Caxias do Sul, é
Nós da Bancada do Partido Trabalhista Brasi- transferido, agora, por conveniência de serviço, para
iro, não fazemos oposição ao Govêrno apenas pelo E rval do Sul, no outro extremo do Estado; da zona
isejo de fazer. Em nossas manifestações e interven- colonial para a Zona Sul, apenas por mesquinhez,
ies nesta. Casa, criticando o Govêrno do Estado, te- por perseguição política.
ios sido levados pelns fatos que nos obrigam a êste O Sr. Hed Borges — É verdade:
fecedimento. O SR. LAMAISON PÔRTO — E me diz o nobre
!'. Agora mesmo, Sr. Presidente e Srs. D eputadoJ e estimado Líder da Bancada Situacionista, Depu­
Dr ocasião da greve das professoras, por sinal um tado Hed Borges, que “é verdade” .
içníecanento inédito na vida do Rio Grande do Sul, O Sr. Hed Borges — É verdade, sim, mas a co­
is veio, de certa form a criar um certo constrangi- ragem de V. Exa.
pio a todos os rio-grandenses em virtude da rei- O SR. LAMAISON PÔRTO — É verdade íim,
índicação justa das professoras rio-grandenses, in- mas é lam entável que isto aconteça, pois se esquece,
■pendente de credos políticos, apenas pelo atraso Sr. Presidente e Srs. Deputados, o que é xiais sa­
is vencimentos, apenas pelo não cumprimento do grado: a família do cidadão e os seus filhos, que
ie é sagrado e que afmal, são as férias, exatamen- encontram na escola. Mas, como serão transferidos,
nesta oportunidade, surgiu o comício do dia 13, nesta época do ano, de Caxias do Sul para E rval do
a Guanabara, e o Sr. Governador do Estado enten- Sul? Mas, por quê? Apenas porque nâo se aplaude
eu de enviar um telegram a de apoio ao Congresso êste Govêrno! Os aplausos e a solidariedade são en­
icional. comendados! Espero que alguém me venha contestar
Posteriormente, a im prensa passou a publicar e aqui hoje, nesta tribuna, que êsses aplausos e soli­
ije ouvimos n a leitura da Ata de correspondência dariedade enviados ao Governador do Estado e cujas
i Mesa quj e r a . dado conhecimento a esta Casa de manifestações estão chegando a esta Casa, são, efeti­
a telegrama enviado ao Sr. Governador do Estado, vamente, encomendados pelos Deputados situacionis­
ndo apoio a S. Exa. pelo telegram a enviado, ao tas, se temos informações, através de companheirrv»
ineresso Nacional. nossos do Interior.
Parece-nos que êste apoio que está recebendo o O SR. PRESIDENTE — Está term inado o tem ­
ivernador do Estado é encomendado pelos Srs. De­ po de V. Exa.
itados. E isto estamos informados. (Trocam-se apartes sim ultâneos).
Dizem os Srs. Deputados situacionistas que não Não são permitidos apartes fora do microfone.
exato, mas que. é de encomenda é verdade. Estão Peço ao nobre Deputado que conclua.
leomendando aos correligionários do interior do O SR. LAMAISON PÔRTO — Vou concluir Sr.
tado solidariedade. Que solidariedade artificial é Presidente, atendendo ao apêlo do Deputado Ama­
í? Que solidariedade espontânea é esta, provocada ra l de Souza para que o prove. Aqui está, vou pro­
Ios Deputados do Govêrno, que daqui enviam — var: cópia de um telegrama dirigido a um presiden­
(editamos nós — solicitações para Diretórios Mu- te de diretório do PSD. (L ê:)
ipais para que enviem de lá telegram as ao Go- "NOME DIREÇÃO REGIONAL E ATENDENDO
1 tnador do Estado, dando-lhe esta solidariedade! E SOLICITAÇÃO PRESIDENTE TARSO DUTRA PAR­
lis! As informações que temos de companheiros TIDO RECOMENDA PREZADO CORRELIGIONÁ­
Mos, do interior do Estado, é de que, além de so- RIO SE D IRIJA GOVERNADOR ESTADO MANI.
itar aos companheiros e membros dos Diretórios FESTANDO SOLIDARIEDADE SEU RECENTE TE­
interior, do PSD, que se congratulem com o Sr. LEGRAMA APOIO CONGRESSO NACIONAL BEM
íernador. ainda investem nestas congratulações COMO ATITUDE TOMADA FACE ILEGAL GRE­
itra a nobre culta e extraordinária classe do m a- VE MAGISTÉRIO ESTADUAL PREJUDICANDO
tèrio rio-°randense. FUNCIONAMENTO AULAS VIOLANDO DISCIPLI-
Enquanto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, es- NA EDUCACIONAL E ESTATUTO MAGISTÉRIO.
toiidariedade e êsses aplausos são encomendados, PT SAUDAÇÕES PESSEDISTAS DEPUTADO POR-'
. ■ Governador passa a agir de forma discrício- CÍNIO PINTO”
! tla; CMh maldade, contra modestos funcionários (Trocam-se apartes simultâneos) ’
! i-rabalham no “interland” rio-grandense. Se hà S r. Presidente. Agradecendo a tolerância de V.
nem nesta Casa que possa, como outros, conde- vE xas., retiro-m e da tribuna. (Palmas) (ttsc u rw
1 e criticar quaisquer perseguições políticas, com não revisto pelo o rad o r).
Fág. 150 22 de Abril de 1964 Anais

O SR. PRESIDENTE — Srs. Deputados. Encon­ O SR. PRESIDENTE — Com a palavra o nobre
tra-se no Pienário, honrando esta Casa com a sua Deputado Erivan França.
visita, o eminente Deputado estadual L nvan França, O SR. ERIVAN FRANÇA — Sr. Presidente e
do Rio Grande do Norte, pertencente à bancada do Srs. Deputados.
PDC daqueié Estado. S. E xa., como é do conheci­ É com grande emoção a com humildade que falo,
mento dos Srs. Deputados, é vice-líder da maioria neste momento, da tribuna da Assembléia Legisla­
naquela Assembléia, presidente da Comissão de Fi - tiva do Rio Grande do Sul. Emoção porque é uma
nauças é Orçamento e candidato a Prefeito de Na­ grande honra para um filho do Nordeste falar ao
tal, apoiado pelas fôrças políticas que sustentam o povo gaúcho; hum ildade porque quem lhes fala, é
atual Governador, Sr. Aloísio Alves. filho de uma te rra pobre, do Nordeste abandonado
P ara saudar S. E xa., em nome da Assembléia e esquecido, como o Rio Grande do Norte a minha
Legislativa do Rio Grande do Sul, tenho o prazer dí> terra, em que de mil crianças que nascem, quatrô-
dar a palavra ao Sr. Deputado Nelson Marchezan. cenias m orrem antes do prim eiro ano de vida: o Rio
O SR. NELSON MARCHEZAN — Sr. Presiden­ Grande do N orte com cento e cinqüenta e sete mu­
te e Srs. Deputados. nicípios dos quais 30% conta com médico residente
P or honrosa incumbência do Presidente des:a e nenhum dentista. 70% daquelas cidades não co­
Casa, coube-me a honra de transm itir ao Deputado nhecem médico, ou dentista.
E rivan França as saudações da Assembléia Legisla­ Êsse é o panorama do Rio Grande do Norte, ts
tiva do Rio Grande do Sul, no momento em que nos esta a fotografia do Nordeste Brasileiro. E; quando
visita. E é para nós motivo de intensa satisfação s.e fala em reformas de base, nós as defendemos
não só por pertencer o nobre Deputado à vida p ú ­ com tôdas as fôrças, mas pedimos, em primeiro la­
blica brasileira mas. sobretudo, por pertencer aos rgar. antes dessas reformas, hospitais e escolas, pois
quadros' políticos do nosso Partido que, atualmente, no Rio Grande do N orte há cento e quarenta e cin.
se engrandece no Brasil. co m il crianças, na idade de sete a quatorze anos,
Queremos dizer ao nobre Deputado Erivan F ra n ­ sem escola para estudar.
ça, que o Rio Grande do Sul, que tem o nome bem Sr. Presidente, Srs. Deputados. Com esta fran­
próximo ao do Rio Grande do Norte, apenas pelo queza, franqueza de nordestino, franqueza de quem
final se distingue, hoje, também, se encontra quase representa o Partido Democrata Cristão que no Rio
que com os mesmos problem as. Há bem poucos G rande do Norte apresenta-se com oito Deputados
anos, a parte do norte do Brasil tinha enormes e • na Assembléia Legislativa, digo à Casa dg povo dês-
transcendentais problemas que afligiam, como afli­ teVistaüo, que o Brasil inteiro espera pelo Rio Gran­
gem ainda hoje, a própria estrutura da Nação. Hoje, de do Sul, espera como, em 1949, o então Deputado
os desequilíbrios .regionais, os grandes problem as na­ Café Filho, num discurso na Câmara Federal, apar- j
cionais já começam, também, a atingir o Rio G ran­ teado pelo Deputado Glicério Alves, dizia: “quando
de do Sul na sua economia. E neste momento de o Rio Grande se une, o Brasil pode dormir tran­
transformações sociais e novos métodos adm inistrati­ qüilo” .
vos, se não houvessem outros laços de amizade en­ E quando vejo que o Govêrno do Rio Grande
tr e os Estados, é certo, o Rio Grande do Sul tam - do Sul, nestas horas terríveis,. nestas horas de amea­
hém se encontraria junto com o Rio Grande do N or­ ça, pede a conjugação de esforços, pede a união de
te na solução dêsses problem as. E é para nós m oti­ todos, pede a presença dos Governadores em Pôrto
vo de satisfação saudar o Deputado E rivan França Alegre, afirm o ao Rio G rande do Sul que o Nordes­
não só por êstes problemas que se tornam afins p a­ te brasileiro está mais tranqüilo, porque sabe que a I
r a a comunidade brasileira, como, sobretudo, por ser bandeira da democracia já está hasteada na terra I
o Deputado «Erivan França, além das responsabilida­ gaúcha.
des que tem. como bem disse o nobre Presidente, n a­ Sr. Presidente. Tenho uma devoção tôda espe-1
quele Estado do Rio Grande do Norte, casado com ciai por êste Estado. Minha êsposa é do Rio GrandeI
uma gaúcha de Bagé, aqui do Rio Grande do Sul. do Sul, meus filhos são netos do grande jornalista I
Por tudo isso, Deputado Erivan França, por to­ Souza Ribas, aquela resistência do seu tempo, o fun-l
dos êsses problem as comuns ao Brasil inteiro, co­ dador do “Correio do Sul”, de Bagé Tenho, portan-1
m uns a todos nós Deputados, nesta hora aflitiva d í to, afinidade com êste povo.
Brasil, por êsses laços de amizade que, tenho certeza, E. com estas palavras, quero agradecer às ex-|
vota V. Exa. ao Rio Grande, por êsses laços até pressões bondosas do Deputado Nelson Marchezan, I
de parentesco com pessoa dêste Estado, o Rio G ran­ na oportunidade que V. Exa. me concede, Sr. Pre-I
de e .esta Assembléia se sentem ufanos em recebê-lo, sidente, de falar nesta Casa, dizendo a todos, de co- 9
em saudá-lo, desejando-lhe um a feliz estada e um ração para coração: o Rio Grande, nesta hora de re-l
bom tempo aqui passado e boas' amizades e que co­ sistência, abre as portas de novas esperanças pari I
lha aqui do Rio Grande aquela fida^guia sempre co­ todo o Brasil.
mum, sempre presente nos corações dos gaúchos q.ue, Mas, Srs. Deputados, emocionado com êste gran-|
acima de tudo, prezam a amizade, o convívio, o diá­ de dia para mim, por ter oportunidade de falar nes-|
logo e a Pátria. ta hora, na Assembléia Legislativa da terra de Assis I
P ara nós, nobre Deputado E rivan França, já não Brasil, digo aos representantes do povo, aos legíti-i
existem mais as barreiras do Rio Grande do Sul; mos representantes da nossa terra, que o Nordestíl
para nós, os brasileiros todos são gaúchos, neste mo­ brasileiro .espera que o Rio Grande do Sul venha aog
mento em que lutamos juntos, todos os Deputados seu encontro, que o Rio G rande do Sul, com a suai
desta Casa, para encontrar a solução para os pro­ bandeira, como veio sempre, como veio em 61, venhal
blemas do Rio Grande e do Brasil, para dar um cli­ também agora, em 1964. (Palm as).
m a de tranqüilidade e justiça social ao povo brasi­ (Discurso não revisto pelo orador).
leiro. O SR. PRESIDENTE — A Mesa da Assembléüi
É com imenso prazer, pois, que, em nome desta Legislativa se associa à homenagem que acaba <»*■
Assembléia, dirijo a V. Exa. estas palavras m al ali­ ser prestada ao em inente Deputado Erivan França.»
nhavadas mas che'ias de emoção, de satisfação e en ­ pela palavra do nobre Deputado Nelson M a rc h e z a n !
tusiasmo pela sua presença aqui e lhe desejamos e q uer lem brar ao em inente representante do Ri°J
uma feliz estada no Rio Grande do Sul. Muito obri* G rande do N orte que o seu Estado enriqueceu o pa'l
*ado. (Palmas) (Discurso não revisto uelo orador). ' Jjic ía d o intelectual gaúcho, enviando para cá julztíi
Anais 22 de Abril de 1964 Pág. 151

e prcíessôres dos mais ilustres que pontificaram na em Giruá, um funcionário prestava serviços, para
nagistralura, no T ribunal de Justiça e na cátedra sua m ulher receber os vencimentos na Coleíoria F e­
universitária. Quer lem brar, apenas, quatro dêles: deral, ' porquo ela não podia ser contratada. Então
c Sxmo. Desembargador José Bernardes de Medei­ era o marido que recebia e transm itia o dinheiro pa­
ros, pa/ de um ilustre colega nosso que no momento ra sua m ulher. Isso é que é ética adm inistrativa.
exerce as funções de Secretário de Segurança do Es-, Tanto é que o médico oe Giruá, H enrique Litwiu,
tí.do, dc em inente Desembargador A ndré da Rocha, está, presentemente, 'respondendo a inquérito por es­
fiesiaente do Tribunal de Justiça, fundador e Dire- sas irregularidades praticadas por ordem do Sr. L a­
tpr da nossa Faculdade de Direito, e dos Desem bar­ maison Pôrto, no Pôsto de Higiene de G iruá. É esta
gadores Ribeiro Dantas e Lucas Alves, todos êles fi­ pessoa, é êste ciáadáo, que reclama, contra o Govêr­
lhos do Rio Grande do Norte, conterrâneos, portan ­ no, que está reclamando, pelo menos justiça, para
to, do ilustre Deputado que hoje nos dá a honra da os funcionários do atual Govêrno!
sua visita. O SR. PRESIDENTE (Heitor Campos) — No­
Dou a palavra ao nobre Deputado Hed Borges, bre Denutado. V. Exa. dispõe de um minuto.
para uma Comunicação Urgente de Líder. O SR. HED BORGES — Vou term inar, Sr. P re­
O SR. HED BORGES — Sr. Presidente e Srs. sidente, dizendo, apenas, que os meios de agressão
Deputados. Há pouco ocupou esta tribuna o nobre dos desordeiros são por demais conhecidos. Ainda há
Deputado Lamaison Pôrto para criticar o com porta­ pouco se falava, num memorial do PTB, nas meias
mento de um seu colega. E, assim o fazendo, criti­ de seda das senhoras que andam por aí. Senhoras
cou quase que o comportamento de todos os Depu­ de meias de se d a ... Quisera saber que espécie de
tados da área governista, por terem dirigido telegra­ meia usa a espôsa de quem escreveu isto! Não será
mas ao interior do Rio Grande do Sul pedindo apoio meia de seda também?
a uma atitude do Governador do Estado. Portanto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é es­
Não é surpresa para nós, pois que é a segunda ta a posição dos salvadores da Pátria, dos homens
vez que o nobre Deputado Lamaison Pôrto viola defensores dos pobres, que hoje estão pagando a ba­
correspondência da Assembléia L egislativa... nha a CrS 1.000,00 e o azeite a Cr$ 800,00, e o Go­
O Sr. Lamaison Pôrto — Não apoiado! vêrno está aí sem tom ar medidas para m inorar a si­
O SR. PRESIDENTE — Não são permitidos tuação dêsse povo. (Apartes sim ultâneos).
apartes. O SR. PRESIDENTE — Srs. Deputados. Não
O SR. HED BORGES — S. Exa. levou um J le - são permitidos apartes. O orador está falando em
grama, no início da legislatura passada, do nobre comunicação. Determino à Taquigrafia que não re­
Deputado A lexandre Machado, à censura da P resi­ gistra apartes.
dência e hoje novamente se vale de telegram as pas­ O SR. HED BORGES — Vou term inar, dizendo
sados nesta Assembléia e, aqui, criticando colegas que em qualquer regime democrático é possível que
seus... um correligionário peça apoio ao seu Governador.
O Sr. Lamaison Pôrto — Não apoiado! Sómente os homens que estão contra o Congresso,
O SR. HED BORGES — Sr. Presidente! O que que querem o fechamento do Congresso, podem se
há de mal em que um Deputado peça o apoio dc rebelar contra tudo isto. (Palmas) (Discurso não re ­
seus correligionários ao seu Governador? Não sei visto pelo orador).
da malícia desta medida! O SR. PRESIDENTE — Com a palavra o se­
Recordo-me, agora, Sr. Presidente, quando, nu­ guinte orador inscrito, nobre Deputado Moab Caldas.
ma certa época, num certo período da nossa vida O SK. MOAB CALDAS — Sr. Presidente e Srs.
política brasileira, alguém pagava passagens, não se Deputados.
sabe por que fonte, não se sabe por que dinheiro, — J á que se falou tanto, nesta tarde, em se­
para que estudantes do norte fôssem a Quitandinha nhoras e mulheres, em meias de seda e naylon,
recepcionar o Sr. Leonel de Moura Brizola. Naque­ aproveitamos o mote p ara relembrar que ainda h á
le tempo, incluí, em meus discursos, na campanha, poucas horas, certas cúpulas apodrecidas’ de nossa
lim verso que dizia o seguinte: chamada “sociedade bem”, que aqui também têm
dnculações enormes, reprochava a manifestação
— “Então, as passagens da Varíg, feita por um a alta autoridade m ilitar, que num
Que foi outro saque à vista momento de realismo, confessava viver m aritalm ente
P ara transportar comunistas com um a baiana de origem popular.
De entonação espanhola, E nesta “colônia de banqueiros”, onde as espe­
Que de gravata, fraque e cartola culações mais vergonhosas se processam, pelas chá-
Levando boa vidinha, m adas cúpulas, _que vivem de rosário n a mão, até
Foram até Q uitandinha na televisão, esquecidas de que o povo não sofre
B ater palmas para o Brizola” . de amnésia isto quase provocou um “frisson”. ..
vejam! a publicidade da verdade.
E, agora, S r. Presidente e Srs. Deputados, ain Essa “societas celeris” da cham ada alta socie­
da há poucos dias, na Guanabara, um ônibus puxava dade, acostumada no ópio (melhor dito no uísque)
da mentira, se fêz de escandalisada por aquela
passageiros para um comício, por conta da P etro­ pública confissão. E já que h á tan to cinismo, tan to
brás. Era a solidariedade que os companheiros do mascaramento, quero aproveitar esta hora, p ara to r­
Sr. Leonel Brizola estavam prestando à custa do n ar a focalizar um assunto que p ara muitos é tabu.
erário público; e um avião presidencial veio aqui porém p ara êste que vos fala, não, porque a verdade
para buscar gente para assistir ao comício da Gua­ precisa ser proclamada, mesmo sõbre as conveniên­
nabara. Isto não causou espanto nem surprêsa ao cias. Refiro-me ao divórcio!
Sr. Lamaison Pôrto. E digo mais um a vez que as normas da sociedade
Agora, há. ainda, a outra parte da questão. É atual precisam ser postas no lixo, salvo raras exce­
tom referência à transferência de funcionários. Ora. ções. Há necessidade de um a desinfecção. Há ne­
o nobre Deputado Lamaison Pôrto, que usou e abu­ cessidade de 'u m a higienização em nossos Códigos,
sou da sua posição de Secretário, já não vou dizer já caducos e cheios de teia de aranha, por não cor­
<jue não tenha autoridade; mas não tem tradição pa­ responderem ao século e à época de renovação que
ta criticar alguém. Já trouxe ao conhecimento do nos sacode. A juventude, os homens livres e em
Rio Grande que, na gestão do S r. Lamaison Pôrtu, processo de liberação e esclarecimento espiritual,
Pág. 152 22 de Abril de 1964
não mais se conformam com o atual estado de coi­ problemas m aritais seríssimos. E o que dizer de mui.
sas, no que tange ao vinculo m atrimonial, que só tos oficiais dessa M arinha, hoje tão falada, e que
é Indissolúvel aos que são pobres, porque inclusive pretendem punir simples marinheiros, por quçrrremj
a Igreja 06 anula, como tem acontecido, inclusive uma lei que os perm ita casados?
aqui no Estado, para não nos reportarmos ao V ati­ E assim por deante! Etc. Etc. Etc___
cano onde centenas de casamentos são anulados, Não podemos calar. É nossa obrigação falar j,
anualmente. verdade e abordar o problema, que se está inco-j
Quero recordar, que aqui no Rio Grande, temos modando a muitos dos Srs. Deputados, incomoda,
mais de 300.000 casais ilegais, porque casados pelo lá fora. a muito mais gente.
padre, que não legalizou a documentação em car­ Espero que um dia o Congresso reforme o Códigol
tório, conforme exige a lei civil. E o Interessante Civil é reajuste êste grave problema. Tenho ditol
é que muitos nem oatólicos são e sòmente se servem (Palmas prolongadas).
dêsse recurso por ato capcioso. Outros, depois, mes­ (Discurso revisto pelo orador).
mo instados, não querem o reconhecimento da auto­ O SR. PRESIDENTE — Na parte da seisão]
ridade civil, que esta sim, é legal. E se eu fôsse J*stinaüa ao
nomear a gente rica e poderosa do nosso Estado,
que vive amancebada, casada no Uruguai ou outras
absurdidades escandalosas, então, eeria o mesmo que GRANDE DISCURSO
um. nôvo terrem oto do Alaska.
N aturalm ente que esta questão é conhecida d» tem a palavra o Deputado Justino Quintana, que ocu-l
sobejo e se falo mais um a vez é p ara registrar o pará a inscrição do Deputado Rubens Porciúncüla. o]
meu protesto, o protesto do povo, que vê o Projeto nobre Deputado tem 30 minutos para estar na tri-fl
Nelson Carneiro engavetado, por culpa do Con­ buna.
gresso, que tem um a vivência neste particular, muito O SR. JUSTINO QUINTANA — Sr. Presidente J
interessante, Srs. Deputados.
A maioria dessa gente que vive de crucifixo na O panoram a politico-brasileiro enseja, neste ins-l
mão, e não me refiro aos padres que têm filhos; tan te, motivo de alguns comentários, particularmentJ
nem aos m arinheiros que não podem casar mas são pela m aneira e pela forma como alguns setores!
casados aos m ilhares; nem aos que foram casados tan to das fôrças políticas como das chamadas cias!
por engodo do dinheiro ou do ínterêsse e depois Sâ i conservadoras, estranham as manifestações dei
faliram e arrum aram um "achego” ; eu quero recor­ Sr Exa., o Sr. Presidente da República que, numa!
dar agora, frente a V. Exas., que sabem que estou posição tipicamente democrática, resolve estabelecei!
falando a pura verdade, que essa gente dita da alta o diálogo franco com o povo brasileiro desde )]
sociedade e da administração, em geral, tem um a comício do dia 13 de março, n a G uanabara, ao d J
vida conjugal muito Irregular e, entretanto, tendo reunião dos sargentos e suboficiais, no dia de on-l
dinheiro para m anter m uitas mulheres, se esquecem tem. no recinto da sede do Automóvel Clube riol
dos pobres, que precisam, a bem da moral e da Brasil, tam bém n a G uanabara. Estas fôrças estáol
própria Religião, com R maiúsculo, norm alizar sua incentivando e de m aneira constante, pelas m sJ
situação. diVersas formas, a cam panha contra o Presidentel
Mas u m a , hipocrisia, um egoísmo, um a m entira da r.ep-.'blica e, particularm ente, de oposição àa mel
convencional deforma os fatos e até o noticiário é didas reformistas que o Chefe da Nação propõe ac»
distorcido. E, assim, surgem os filhos bastardos, as brasileiros e propõe de m aneira especial, dentro d al
mães solteiras, os casos impossíveis de reconciliação. suas atribuições de Presidente e Chefe da NaçSoI
Ora, não será pretender-se demais, adm itir-se que ao Congresso Nacional que se tem caracterizado peidB
um ato praticado pelo homem se tom e infalível? total indiferença aos problemas, particularm ente aoJ
Sim, por que as leis hum anas são falíveis e se problemas de base. aquêles aue são denominados cel
modificam com o tempo. Claro que não prego a mo urgente necessidade de reform a da estrutura ecol
destruição do lar, da fam ília. Eu mesmo sou um nômica e social do nosso País. Está o Brasil ho.ij
homem muito feliz em meu lar. Mas estou falando dividido em duas posições definidas, ultrapassaní®
em face da realidade social, porque verifico que o mesmo as legendas partidárias, as posições ideo:ól
destino de milhões de homens e mulheres, poderia gicas das mais diversas. O Brasil está dividia*
ser melhor, se houvesse um a compreensão mais séria entre os oue desejam as reform as da estrutura ecoa
do problema. E em virtude dêsse malefício de apre- nômica e social, superada, caduca e antagônica ■
•cíação, até a autoridade judiciária é partícipe no os que, por tôdas as formas e maneiras, embora nr.a
crime, porque quando um homem é processado por podendo opor argumentos diretos, procuram fazer 31
estupro ou sedução, ao verificar que vai ser conde­ alteração da estrutura brasileira através da arruaçai
nado, apela para o casamento, como recurso, para através da preparação de golpe, através dos raovil
fugir da cadeia, E a autoridade Judiciária sabe e mentos liderados, particularm ente pelo Sr. Ademal
consonte, nêsse expediente. E casam no Fôro e ali de Barros, tão conhecido dos brasileiros, pelo Sifl
mesmo, cada um sai por porta uiferente. Assim, essa Carlos de Lacerda e por outros, inclusive pelo Gol
gente que se diz moralista, além de indecente é vernador do Rio G rande do Sul. tão caracterizad')!
falsa e mentirosa, porque deixa muitos filhos em n a sUa indolência, na sua omissão, n a sua falta <H|
situação de angústia. posição concreta, mas sempre favorecendo è.quêie™
Por isso, digo; vivemos num a república de fan ­ que se opõem t. transform ação da ordem soria! «j
toches, sem responsabilidade e com m uita baboseira. que têm, hoje, por mais absurdo que pareça, coma
Se o católico quer o laço indissolúvel — que seja líder maior, exatam ente um demagogo, um homenl
assim. Ma» para êle e não p ara os que nada têm sem qualquer formação ideológica, sem qualouer prinl
com sua confissão. cípio doutrinário, sem qualquer pensamento filosflB
O que não é possível é tolerar-se um Congresso fico, aponas um demagogo e um demagogo vul?*J
de cansados, de reumáticos mentais, que nada deli­ que é o Governador de São Paulo, o Sr. Adenffi*
bera a favor do povo, mas que permite que uma de Barros, hoje liderado por essa figura tão conhel
im prensa dirigida deforme os fatos e‘ apresente tudo rida e que inclusive abandonou o território nacional!
como obra do comunismo — o que não corresponde através de íu;5o de um ex-Presidente eleito, exatal
à verdade. m ente pelas fôrças aliadas a o . Governador de Si'1
E no Brasil, inclusive, magistrados e bispos têm Paulo de hoje.
Anais 22 de Abril de 1964 Pág. 153

Por isto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é ne­ Chateaubriand chega ac cúmulo de comentar que
cessário caracterizar bem o momento histórico e êsses prelados estivessem a serviço do comunismo no
dizer que o Brasil está dividido: de um lado, os Brasil.
que se opõem ás reformas estruturais porque que­ Vejam, Sr. Deputados! Essas fôrças, não tendo
rem m anter a atual ordem, a íim de garantir os mais argumentos para caracterizar sua oposição ao
privilégios, as vantagens, as propriedades, os lati­ movimento revolucionário brasileiro, e é preciso di­
fúndios,. a pobreza, a miséria, o analfabetismo, a zer alto e bom som, o “movimento revolucionário
m ortalidade infantil, enfim, todos os males por que brasileiro”, porque p ara o movimento de transfor­
passa e por que sofre o Brasil. São essas fôrças, mação da estruturação brasileira o único têrmo exa­
Sr. Presidente e Srs. Deputados, a causa funda­ to, no sentido filosófico, sociológico e político é êste
m ental da crise brasileira, crise que significa tran s­ — revolução — usam de todos os meios p ara impedí-
formação de estágio no sentido etimológico e socio­ -lo. Mas, a revolução brasileira não será impedida,
lógico, crise que significa a alteração da estrutura pelos reacionários; a revolução brasileira não será
social e econômica, evolução ou revolução brasileira, impedida pelos “slogans" dos comunistas, dos anti-
como norm alm ente e cham ada a nossa atual situa­ -comunistas ou de outras fôrças, lançados em de- ,
ção social. Os atuais defensores desta ordem consi- sespêro de causa; íi revolução brasileira não será
deíam os efeitos como causas da crise brasileira e impedida através de artigos do Sr. Assis Chateau­
assim incorrem no êrro de considerar a inflação, a briand com agressões ao Sr. Cardeal de São Pauio
indisciplina, os movimentos grevistas e reivindica- e aos Srs. Bispos do Nordeste. Pouco im porta que
tórios dos operários, dos estudantes, dos militares, se façam ataques desta natureza, e pouco importa,
dos professôres, dos trabalhadores, do povo em geral Sr. Presidente, que o Sr. Padre Calazans, Senador
como causa da crice brasileira, como se fossem ca­ pela União Democrática Nacional, ande de braços
pazes ou pudessem adm itir que não tivessem condi­ com o Sr. Saldanha da Gama, que deve ser o Almi­
ções intelectuais para entender a realidade brasileira ran te Saldanha da Gama, não o Almirante histó­
e saber mais do que ninguém que a inflação, a rico, não o Almirante patriota, mas êste outro, de
indisciplina, as greves e os movimentos reivindica- braço, no comício de São Paulo, fardado, o m ilitar,
tórios não são causas da crise brasileira, mas, evi­ e de batina, o padre. Contra isto, Sr. Presidente e
dentemente, efeitos, resultados, conclusões dos erros Srs. Deputados, a velha reação, a im prensa reacio­
acumulados ao longo da história do nosso Pais. n ária não publicou manchetes aqui, n a nossa Ca­
Por isto, Sr. Presidente e Srs. DeputJ&os, que­ pital nem nos grandes jornais em circulação no
remos considerar como lido, na sua íntegra, para País. Por isto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é
constar dos Anais desta Casa, o discurso proferido necessário, imperioso, que os verdadeiros democratas
pelo em inente brasileiro, Dr. João Goulart, Presi­ definam as suas posições, a fim de que o BrasiE
dente da República e pronunciado ontem perante m arche realmente unido, dando a sua colaboração,
os sargentos e suboficiais das Fôrças Armadas B ra­ o seu apoio às autoridades constituídas, ao Presi­
sileiras, onde o Presidente da República reafirmeu dente da República, que fala claram ente à Nação
a sua vocação democrática, o desejo de levar o Bra­ Brasileira, que não se intimida, que não teme a
sil aos caminhos certos, dentro de um Govêrno que reação e as maquinações dos elementos reacioná­
luta por reformas cristãs e democráticas, dentro das rios, como êle mesmo diz que “a crise que a esta
estruturas atuais, sem quebra daqueles princípios hora se m anifesta neste País foi provocada por um a
que caracterizam o regime democrático, isto é, o minoria de privilegiados, que vive de olhos voltados
funcionamento com amplos podêres do Executivo, o para o passado e teme enfrentar o futuro que se
funcionamento com tôdas as garantias do regime e há de abrir n a nossa Democracia, pela integração
o funcionamento ccm tôdas as ■prerrogativas do Po­ de milhões e milhões de brasileiros n a sociedade e
der Judiciário. O que não é possível admitir-se é que serão libertados da penúria e da ignorância”.
que o Chefe da Nação, o Chefe do Poder Executivo, O Sr. Presidente da República, em um a das
sôbre quem recai tôda a responsabilidade da política passagens de seu discurso referente a reformas, afir­
brasileira no setor Executivo, fique indiferente, fique mou:
omisso e se torne ausente do debate dos problemas 'L ê :)
brasileiros. Por isto o Sr. João Goulart foi e veio “É impossível baratear os gêneros sem um a re­
à rra ç a pública para dialogar com o povo brasi­ forma. agrária. Os inimigos que se atêm, às causas
leiro e exigir do Congresso Nacional que, dentro do das elevações, se esquecem de suas origens, que são
regime democrático, pese bem, analise bem a nossa a falta de terra p ara milhões plantarem . Dou o
sitüação e, assim, decida de acôrdo com os altos exemplo do meu Estado, o Rio G rande do Sul. Lá,
princípios da Democracia e do são patriotismo. um agricultor que produz arroz em terra de outros
É por isto que o sr. Presidente da República proprietários — e 75% assim trabalham em sistema
caracterizou bem, no seu discurso: “Os que hoje de arrendam ento — dão 50% aos donos da te rra.
acusam o Govêmo são os mesmos que pregavam, Como é que pode o arroz ser barato, se os latifun­
muito recentemente, ditaduras, golpes e regimes de diários já ficam inicialmente com 50% do valor?”
exceção”. “Enganam-se aquêles que imaginam que Daí, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que as
as fôrças da reação possam destruir um mandato reformas estruturais da Nação Brasileira devem ser
que nãc é meu, mas sim do povo brasileiro”. levadas a cabo e não é mais possível, Srs. Depu­
tados, estarmos analisando as causas brasileiras
Representantes da reação, Sr. Presidente e Srs. através apenas de um a conjunção. Os reacionários,
Deputados, que h á pouco não respeitavam o m an­
dato do Presidente da República, não respeitavam o os elementos reacionários, que se opõem às reformas
estruturais, usam apenas um a conjunção em tôda
Chefe da Nação, passaram a desrespeitar, inclusive,
as instituições. A própria Igreja está sendo atacada a língua brasileira, a conjunção “mas”, que é uma,
através de determinados órgãos, particularm ente o alternativa, que é um a conjunção de discordância
“Estado de São Paulo” que, inclusive, em Editorial, para dizer que são favoráveis as reformas de base,
conclamou os catóücos paulistas a que não pres­ “m a s..” — e, aí, vêm as condições, aí vêm as
tassem obediência ao seu Cardeal-Arcebispo, D. Car­ distorções, ai vêm as alterações, aí vêm as oposições
los Carmello de Vasconcellos Motta, bem como ao a tôdas as reformas estruturais. Por isto, Sr. Presi-
Bispo de Santo André, ao Bispo auxiliar de São dente, somente o povo, sómente os trabalhadores,
Paulo, e aos Bispos do Nordeste; quando o Sr. Assis sómente os Deputados progressistas, sómente as cias-
Pág. 154’ 22 de Abril de 1964 Anais
ses assalariadas, os professôres, os militares, os estu­ solva, falar-se em esperar que o Congresso vote as
dantes, enfim, tôdas as classes dêste País poderão reformas estruturais sem a pressão do povo, quando
pressionar o Govêrno — o Govêrno no sentido da êsse Congresso é formado, n a sua maioria,- por ele­
estru tura política brasileira — não só o Executivo mentos comprometidos com os latifundiários, reacio­
como o Legislativo e o Judiciário. Sem esta pressão nários e inimigos que não desejam, sob qualquer
popular, não haverá reform as ní. Brasil, não haverá form a e m aneira , as nossas transformações sociais?
alteração da estrutura social e econômica do nosso O Sr. Porcínio Pinto — V. Exa. premite? (Assen­
País. Pouco im porta que a im prensa reacionária, timento do orador)
pouco im porta que os inimigos do progresso e da Não pensa V. Exa. que essas reformas, aquelas
felicidade do Brasil, aquêles que estão sendo privi­ que realmente vêm de encontro às aspirações do po­
legiados pela atual ordem social, aquêles que recebem vo brasileiro, dentro de um regime verdadeiramente
só os benefícios, pouco im porta que êstes não dese­ democrático, poderiam ser levadas a efeito quase no
jem abrir mão de suas prerrogativas — e, mesmo, anonimato, entre aquêles que realmente desejam
nós não desejamos retirar a fôrça, nós não deseja­ proceder a essas reformas? Por que, então ta n ta agi­
mos elim inar a ferro e fogo. Esperamos que, a tra ­ tação? Por que se procurar criar um clima até mes­
vés da legislação, através das medidas concretas, mo de incompreensão entre o povo brasileiro com
democratas e cristãs, possam êles dar a sua contri­ isso que está aí e que V. Exa. não poderá negar?
buição no sentido do progresso, do desenvolvimento O SR. JUSTINO QUINTANA — Nobre Deputado
e da felicidade da P átria brasileira. Por isto é que Porcínio Pinto. V. Exa. é conhecido, nesta Casa, por
se organizam, hoje, dois, movimentos nitidam ente ser um homem de boa vontade, por ser um homem
caracterizados: os reform istas e os anti-reformistas. da espirito liberal, por ser um homem, até certo pon­
Hoje, ninguém, nesta Casa, poderá jam ais levantar to, dem ocrata...
a sua voz e dizer: “Sou a favor da reform a agrária, O Sr. porcínio pinto — 100% democrata!
“mr\s” o Presidente João G oulart não devia te r falado O SR. JUSTINO QUINTANA — Digo até certo
no comício do dia treze de março. Sou a favor da ponto porque a democracia que V. Exa. defende é a
.reforma tributária, da reform a universitária, da re­ democracia de m anter a coisa como está é a demo­
forma bancária e tan tas outras medidas que o Go­ cracia de garantir aos privilegiados que continuem
verno deve tomar, “m as” o Presidente da República gozando e aos miseráveis que continuem sofrendo.
nâo deveria ter lalado num a reunião de sargentos Esta é a democracia que V. Exas. querem que faça as
e sub-oficiais. Os que assim estiverem falando, os reformas no. anonimato. Êste anonimato serve muito
que assim estiverem argum entando nada mais estão bem p ^ 'a a democracia que V. Exas. defendem, isto
fazendo do que servir à causa da reação. São rea- é, a democracia do quanto mais calma e tranqüilida­
eionarios, são anti-reform istas da mesma categoria, de, melhor. Aliás, o Governador de V. Exa.. no pri­
d a mesma marca, do mesmo sinal. Por isso, Sr. meiro dia em que compareceu a esta Casa, falou em
Presidente e Srs. Deputados, é necessário que todos paz e tranqüilidade. Evidentmeente, paz e tranqüili­
estejam preparadps, todos estejam capacitados de dade p ara quem? Paz e tranqüilidade para quem tem
analisar as condições atuais, por que vive o Brasil; tem comida em casa, paz e tranqüilidade p ara os que
analisar com cuidado, com precisão, em face, exa­ pagam bom impôsto de renda e sonegam parcela
tam ente, dos pronunciamentos daqueles que se opõem maior, paz e tranqüilidade p ara quem tem um bom
às reform as e que são favoráveis à alienação da automóvel, várias fazendas, bons rendim entos n a in­
p átria brasileira. dústria; paz e tranqüilidade, enfim, p ara quem sesa
O Sr. Presidente da República, no seu discurso bem. P ara os que vivem bem, esta paz, esta tranqüi­
memorável do dia de hoje, disse; lidade é muito boa. Esta paz, esta tranqüilidade é
(Lê:)
necessária p ara essa gente. Mas, o que adianta a paz,
"Eu não estaria falando convosco, sargentos, com
tranqüilidade p ara as multidões fam intas, mas que
nossas tradições, se permitisse violências contra os ad ian ta a paz, a tranqüilidade para as multidões sem
m a rn h e iro s”.
(Lê:) casa, p ara as multidões analfabetas, p ara as multi­
(Após a leitura) Mais adiante: dões sem escolas, como h á pouco o Deputado Nordes­
(Lê:) tino falou que, em seu Estado, h à mais de 150.000
O GOLPE crianças, de 7 a 14 anos, sem escola p ara estudar;
7 . 000.000 de brasileiros em idade escolar não têm es­
cola prim ária, neste isstante, no Brasil; paz e tra n ­
Os que querem enfraquecer as Fôrças Armadas
qüilidade para esta gente, p ara os tuberculosos que
são os que pretendem usar as Fôrças Arm adas para
a defesa de seus interêsses contra a Nação. Mas morrem n a rua ; paz, tranqüilidade p ara os miserá­
estão enganados: O povo brasileiro não adm ite mais veis sem casa que moram debaixo da ponte; paz e
golpe reacionário. tranqüilidade p ara os homens que estão doentes pe­
(Após a leitura) las epidemias das zonas rurais; paz e tranqüilidade
Não seria de esperar manifestação mais clara, para os trabalhadores do Sul do Brasil que recebem
m ais concreta e mais positiva do Chefe da Nação. salários de fome; paz e tranqüilidade p ara êsses ho­
vLê:) mens que constroem a grandeza do Brasil e que só
O golpe que seja é o das reformas democráticas. têm o direito de m orrer de fome e de velhos: paz e
Não queremos o Congresso fechado. Ao contrário, tranqüilidade, enfim, p ara os brasileiros famintos,
queremos um Congresso de coração aberto para os miseráveis, perseguidos e sem qualquer condição. Paz
anseios do povo brasileiro. e tranqüilidade p ara êste Govêrno que m anda a Po­
lícia dissolver agrupamentos e prender fogo em chou-
Não vejo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, m ani­ panas de trabalhadores sem terra. Tranqüilidade pa­
festação mais sincera, mais dem ocrata e m ais coeren­ ra os que m antêm a tranqüilidade, mas intranqüili­
te do que essa do Sr. Presidente da República que, dade p ara os que m antém a tranqüilidade; mas com a
de m aneira clara e insofismável, falou à Nação brar intranqüilidade dos que estão com fome. Por isto V,
Sileira, Nação form ada de mais de 75 milhões de Exa. quer anonimato, por isto V. Exa. quer democra­
brasileiros, dos quais pouco mais de 3 milhões e meio cia, mas democracia p ara alguns, mas democracia
são proprietários de terras e, entre êles, 73.500 são para poucos, liberdade p ara uns e p ara outros escra­
proprietários de mais de 60% do território nacional. vidão e miséria. Por isto V. Exas. insistem nessa paz
Como é possivel falar-se em esperar que o Congres­ e nessa tranqüilidade, essa paz e essa tranqüilidade
so decida, lalar-se em esperar que o Congresso re­ que é como a paz dos cemitérios, como a paz das ca-
Anaü 22 de Abril de 1964 Pãg. 155

tacumbaâ. Mas ftusa não é a paz dos cristãos, esta estaduais do P aia o sr. João Goulasrt afirmou no sa­
não é a p aí aos verdadeiros e sinceros democratas. lão de atos do Automóvel Clube do Brasil, que “o*
O Sr. Lamaisou Pôrto — V. Exa. perm ite um apar­ que hoje acusam o Govêrno são os mesmos que pre­
te? (Assentimento do orador) gavam, muito recentemente, ditaduras, golpes e re ­
Quando V. Exa, fáz referência à queima de r a n ­ gimes de exceção”. E advertiu: "Enganam-se aque­
chos s à prisão de camponeses, me íáz lem brar que les que imaginam que as lôrças da reação possam
é para êste Govêmo que o Deputado Porcínio Pinto destruir um mandato que não é meu, mas sim do povo
pede aplausos, por telegrama. brasileiro”.
O Sr. Porcínio Pinto — Graças a êste Govêrno é O DISCURSO
que o Rio Grande tem um clima de paz.
O SR. JUSTINO QUINTANA — Vejam, Sr. Pra. Foi o seguinte na íntegra o discurso proferido
sidente e Srs. Deputados. pelo presidente João Goulart: “Qu* o que minhas
Não compreendo a paz e a ordem em que o De­ primeiras palavras sejam de agradecimento pelo es­
putado Porcinio Pinto e os Deputados do Govêrno tímulo. conforto e solidariedade que recebi nesta
íalam Pergunto: paz e ordem para a m inha zona, memorável assembléia de sargentos das Fôrças A r­
por exemplo, que é a Fronteira, onde em tôrno das madas do País. Recebo com agradecimentos a home­
cidades existem de três a quatro mil desempregados nagem das Polícias Militares de todos os Estados pe­
permanentes? Paz e tranqüilidade, Deputado Porcínio la luta que vimos realizando para a emancipação
Pinto, onde em cada mil crianças morrem 300, como econômica do nosso País. A tôdas as Polícias M ilita­
no Rio Grande do Sul? Paz e tranqüilidade quando res representadas neste ato os meus agradecimentos.
tudo isso acontece? E de quem é a culpa, Deputado Ouvi, srs. sargentos e suboficiais, com o mais profun­
Conceição? Culpa de quem, não interessa. Culpa do respeito as palavras que os sargentos em nome
minha, cuipa de V. Exa., culpa nossa I (Palmas ca
Bancada do PTB). Mas, é que isso mesmo devemos de suas entidades de classe dirigiram ao Presidente
ca República.
admití-la com sinceridade. Hâo devemos lançar a cul­
pa sôbre ninguém. É nossa culpa e vamos analisar as Podem esbar certos srs. sargentos e subtenentes,
causas desta situação e vamos agir como patriotas e que o Presidente da República está .corajosamente ao
verdadeiros democratas. Não é fazendo afirmativas lado dos Sargentos, na luta que vem desde a> data
desta ordem, nem procurando confundir a opinião memorável da campanha pela estabilização dos sar­
publica... gentos e que continuará neste momento. Quero cum­
O SR. PRESIDENTE (Heitor C am pos)'— Falta prim entar e presier m inhas homenagens à classe e
um minuto para esgotar-se o tempo de V. Exa. í-stou certo de que o ministro Abelardo Jurem a sa­
O SH. 3 CSTÍNO QUINTANA — Agradecido a V. berá exam inar com o maior interêsse tôdas as rei­
Exa. vindicações das Polícias Militares, e no exame sere­
Não é, Sr. Presidente e Srs. Deputados, transfor­ no dessas reivindicações não há de faltar o apoio
mando o rosário, que é um instrumento de fé, o ro­ do Presidente da República. Encontra-se no Congres­
sário que foi recomendado a ser rezado pela Virgem so Nacional, encaminhado pelo Govêrno o Código de
M aria no anonimato das igrejas, no anonimato dos Vencimentos que cuida da situação de todos os mem­
lares, dentro dos corações e dos sentimentos. Não é bros das Fôrças Armadas. O Govêrno cum priu seu
o rosário das televisões, onde um sujeito bem alimen­ dever, como jamais faltará ao cumprimento de seus
tado e já decadente — física e moralmente — h á deveres. O meu Govêrno estuda, também com o maioi
muito tempo, tira do bolso o rosário e larga, como interêsse a nova lei de promoção para todos os sar­
poderia largar a carteira cheia de dinheiro, e que tàl- gentos das Fôrças Armadas. Essa proposição em bre­
vez seja bem cheia, tira o rosário e mostra aos teles- ve será rem etida ao Congresso.
pectaodres como se fôsse a salvação, o rosário bento
pelo Papa João X PIII, que felizmente talvez não A CRISE
saiba que aquela benção está sendo objeto de sacri­
légio, para demonstração profana, demagógica, vul­
gar, primária, anti-democrática, contrária aos inte­ Mas, srs. sargentos, neste instante, além de vossas
rêsses brasileiros e de perseguições aos miseráveis; reivindicações legítimas que terão todo o apoio e a
o rosário que se diz bento por João X X III, naquele acolhida do Govêrno Federal preciso falar agora aos
instante deixou de ter a condição sagrada* de benção sargentos e oficiais da 3 Fôrças Armadas sôbre outras
papal p ara se transform ar num objeto profano nas reivindicações que interessam a todo o País. E ’ n e­
mãos de quem já profanou a té ... (Inaudível.) cessário, nesta oportunidade, que me d irija a tô ­
O SR. PRESIDENTE (Heitor Campos) — Nobre das as Fôrças Armadas, que me dirija aos comandan­
Deputado. Está esgotado o tempo dé V. Exa. tes oficiais e sargentos que comemoram, hoje, mais
O SR. JUSTINO QUINTANA — Vou term inar, uma data de aniversário da valorosa corporação da
Sr. Presidente, dizendo — e lamento, inclusive — Guanabara. A crise que, nesta hora se manifesta nes­
oue o líder de hoje seja exatamente aquêle que foi te País, foi provocada por uma minoria de privilegia­
corrido pelos, liderados dé ontem, exatamente aquêle dos que vivem de oihos voltados para o passado e
que teve de em barcar às pressas para o Paraguai ou temem enfrentar o futuro que se há de ab rir na nos­
não sei para onde, mas corrido pelo Sr. Jânio Q ua­ sa democracia para a integração de milhões de brasi­
dros e pelo presidente das atuais fôrças reacionária.-, leiros na nossa sociedade, que serão libertados da pe­
que o elegeram nestas eleições. (Palmas) (Discurso núria e da isnorância.
não revisto pelo orador)
A CONSPIRAÇAO
(M atéria entregue pelo orador, para transcrição:)
IANGO FALA A NAÇAO: GOVÊRNO LUTA POR O momento que estamos vivendo exige do povo
REFORMAS CRISTAS E DEMOCRÁTICAS brasileiro o máximo de calma, energia e determina*,
ção. Somente assim poderemos fazer frente ao que
RIO, 31 (UH) — Falando ontem à noite para cer­ grupos poderosos procuram criar contra o Govêrno,
ca de 5 mil sargentos e suboficiais da Polícia Mi­ contra o progresso da Pátria, e contra as Fôrças A r­
litar da Guanabara e a representantes de quase tô- madas. P ara compreender o esquema de ação dêsses
ias as associações de sargentos das demais polícias grupos, é fácil observar que são comandados pelos
Pág. 156 22 de Abril de 1964 Anais

-j ores inimigos da democracia. "Os que hoje acusam tituição e suas leis. Com o mesmo espírito daquela
n Govêrno são os que pregavam a ditadura, golpes época é que agora enfrento a crise em nossa Arma­
« regime de exceção. As fôrças e as pessoas que pro­ da. Estava igualmente no Rio G rande do Sul e des-
vocaram o suicídio de Vargas, as fôrças que foram ioquei-me para o Rio de Janeiro e aqui a minha
'•esponsáveis pela renúncia de meu antecessor,,as for­ única constatação foi ver a crise já contida pelo
cas que procuraram impedir em 1950, 55 e 61 a pos­ Exército e pela Aeronáutica pois não perm itiria ja­
se de três presidentes eleitos, são as mesmas fôrças mais que se praticassem violências contra aquêles
que se unem agora contra as reform as exigidas pe- brasileiros que se encontravam dontro de um sin­
u povo. dicato.

AS REFORMAS NADA DE VIOLÊNCIAS

“E’ im ptssível baratear os gêneros sem reforma Eu estaria faltando convosco, sargentos, com as
, çrária. Os mesmos inimigos que se atêm nas causas nossas tradições, se permitisse violências contra os
das elevações se esquecem de suas origens, que são marinheiros. A p a rtir daquele instante, coloquei o
a falta de te rra para milhões plantarem . Dou o exem- problema nas mãos do atu al Ministro da Mairínha.
oío do m eu Estado o Rio Grande do Sul. Lá, um agiri- Não tive mais interferência, senão a de prestigiar o
cultor que produz erroz em te rra de outros proprie- ü o s s o Ministro. Ninguém mais neste Páís do que eu
fários — e 75% assim trabalham em sistema: de ar- deseja a coesão das Fôrças Armadas, a glória da Ma­
.■Fndamento — dão 50% aos donos da terra. Como ranha cercada de um clima de compreensão, respei­
p que pode o arroz ser barato, se os latifundiários já to e disciplina. Mas a disciplina não se constrói sô-
f.cam inicialm ente com 50% do valor? Srs. sargen­ ere o ódio, mas no respeito mútuo dos que coman-
tos, em nossa mensagem ao Congresso está o pensa- éam e são comandados. Desejo que, do marinheiro
ir.ento do Presidente da República sôbre as reformas ao almirante, se unam todos em seus esfarços pela
reclamadas pelo nosso País. A h está claro, citando- glória de nossa Marinha.
se artigo por artigo, os artigos necessários de serem
modificados. O pensamento das Mformas eu fui pro­ ASSISTÊNCIA
curar nas ruas e praças públicas de nosso País. O
rtm inho que desejamos é o caminho das reform as Não falta, srs. sargentos quem diga ser propósi­
-.^as estruturas arcaicas, para um a Nação jovem que to do Presidente enfraquecer as Fôrças Armadas. No
ouer caminhar. Não se diga portanto, que não se co­ últinV- despacho com o Ministro da Guerra, o gene­
nhece o pensamento do Presidente da República. Lá ral Ja ir Dantas Ribeiro, antes daquele m ilitar sub­
t-stá a mensagem, bem clara: Não se fará reform a meter-se a um a intervenção cirúrgica, disse-me: “De­
pgrária sem a modificação da Constituição da Re­ pois do Presidente Vargas é o govêrno òe V. Exa.
pública. o que mais tem estimulado e assistido ao Exército
Lá está consignado o pedido do direito de votar Brasiléiro”. O atual Govêrno não tem faltado com
para soldados, cabos e marinheiros, que foram m or­ o apoio às Fôrças Armadas que depois de muitos
re r nos campos da Europa e que têm também o di- s nos estão recebendo armas mais modernas, viatu­
__ reito die serem votados como brasileiros que são. ras, equipamentos de comunicações. Foi enviado ao
Congresso Nacional um Código de Vencimentos com­
A DISCIPLINA patível com a dignidade das Fôrças Armadas. Êste
é o Presidente que quer enfraquecer as Fôrças A r­
Mas, dignos representantes das Fôrças Armadas madas.
ae nosso País, quero confirm ar nesta noite que cm
nome da disciplina, se estão praticando as maiores O GOLPE
•ndisciplinas. Quero afirm ar, srs. sargentos das dig­
nas Fôrças Armadas, que não adm itirei que a de­ Os que querem enfraquecer as Fôrças Armadas
so rd em seja feita em nome da ordem. Não admitirei são o.s que pretendem usar as Fôrças Armadas para
. que o conflito entre irmãos seja conclamado pelas a defesa de seus interêsses contra a Nação. Mas es­
'ierças da reação contra o povo e contra os trabalha­ tão enganados: O povo brasileiro não admite mais
dores. Não perm itirei que a fé das nossas m ulheres golpe reacionário. O golpe que seja é o das refcir-
nossos filhos sejam usados contra o segundo man- rr.as democráticas. Não queremos o Congresso fechai
íam ento da Lei de Deus. O meu mandato, srs. sar­ do. Ao contrário queremos um Congresso de coração
gentos é. conferido pelo povo e reafirm ado pelo povo aberto para os anseios do povo brasileiro.
j? pelos interêsses populares. Enganam-se redonda­
mente aquêles que imaginam que as fôrças da rea­ DINHEIRO DO ÓDIO
ção possam destruir um m andato que não é meu,
mas sim do povo brasileiro. Ainda agora, srs. sar­ Sargentos brasileiros, alicerces básicos das Fôrças
gentos, srs. com andantes que me ouvem, em nome Armadas, h á um a terrível cam panha contra os in-
ia disciplina m ilitar procuram criar uma crise para lerêsses de nosso País, contra o Presidente da Re­
d iv idir as Fôrças A rm adas do País. Quem fala em pública e especificamente contra o pensamento do
disciplina, srs. sargentos brasileiros? Quem está pro­ Presidente da República. Se perguntarem de onde
curando intrigar o presidente da Repúbica com as surgem tantos recursos, tanta mobilização contra o
Fôrças Armadas? São os mesmos que em 1961, em povo brasileiro, eu respondo ràpidam ente: é o di­
nome da> disciplina, da pretensa legalidade, da pre­ nheiro das remessas ilícitas, é o dinheiro manchado
tensa ordem, prenderam centenas de sargentos b ra ­ pelo interêsse enorme do petiróleo internacional e de
sileiros. Em nome da disciplina prenderam num a for­ f-ompanhiq^ nacionais contra a lei de monopólio de
taleza no Rio. como criminoso vulgar, o marechal petróleo para a Petrobrás. E’ o dinheiro que se le­
H enrique Teixeira Lott, pelo crim e de defender a vanta contra o ato do Presidente da República en­
Constituição que êle tinha jurado defender. Foi tra n ­ campando es refinarias particulares, ato que prat;-
cafiado num a fortaleza em nome de um a falsa lega­ uuei dentro da lei 2.004. criada pelo im ortal presi­
lidade. Fiel à m inha formação cristã srs. sargentos, dente Vargas. Êste é o dinheiro poderoso que se le­
não guardo nenhum a mágoa daqueles acontecimentos vanta contra nós. E' o dinheiro dos donos dos apar­
contra aauêles aue não souberam In tem retar a Cons­ tamentos de todo u Brasil, de apartam entos que se
&.nais 22 de Abril de 1964 Fág. 157

aiugavam <4 pelos quais se chegava a exigir paga­ e grande cardeal de São Paulo. Na hora em que
mento em dóiares como se Copacabana fôsse em ou­ ainda ressoam vivos e bem vivos em nosso espírito
tro País. E’ o dinheiro dos comerciantes desonestos as extraordinárias encíclícas do Papa João XXIII,
e insolentes que roubavam do povo brasileiro e que, purgem aventureiros falando em nome da Igreja e
por isso, o Govêrno deu ordens ao m inistro Abelar­ de sentimento religioso de nosso povo. Não me cabe,
do Jurem a que não mais permitisse a espoliação. En­ meus patrícios, combater essa usurpação, pois as
fim trabalhadores é o dinheiro dos grandes laborató­ Ações Católicas de Minas Gerais e São Paulo já to ­
rios que terão que cum prir a lei, porque o P&ssi- maram essas iniciativas, e a maior resposta a todos
dente da República não vacilará um só instante na êles é dada' por aquêle extraordinário prelado que
execução de tôdas as leis que beneficiam o povo. a 2 de fevereiro de 1963 afirmava: “Os poderosos da
Enfim também é o poderoso dinheiro dos que América Latina falam muito em reformas de base,
se levantam contra o decreto da S .U .P .R .A ., dos mas quando vão à luta a sua atitude pública é para
que se levantam contra as reformas. Sabem, portan­ levar a efeito a reforma que êles querem”.
to os srs. sargentos, a origem dessa fabulosa soma que Continuava o grande prelado: “O equívoco de
é jogada na imprensa, nas rádios, nas televisões, pa­ muitos ricos, sua cegueira é problema mais impor­
ra m istificar a opinião pública do País. Mas enga­ tante do que o próprio comunismo”. Êsse grande sa­
nam-se. Os sargentos de hoje, o povo brasileiro de cerdote é Dom Heldeir Câmara. As palavras não são
hoje, as Fôrças A rm adas de hoje saberão defender minhas são do grande sacerdote brasileiro que assu­
os seus interêsses, como saberei responder às cari- m irá seu posto na cidade de Recife. Reconheço que
‘ nhosas manifestações que constituem a resposta con­ muitos iludidos ■e de boa fé estão sendo manipula­
tra <<?das as calúnias que se jogam contra o Govêr­ dos em seus geiíerosos sentimentos por grupos q is
no, contra os interêsses do Pàís. controlam a imprensa e as agências de publicidade. ,
Recordem-se,' também neste instante todos oa
FIDELIDADE brasileiros da palavra do Santo Padre de que o gran­
de escândalo do nosso tempo é .a Igreja ter perdido
Quero agradecer às Fôrças Armadas, aqui re- seu contato com o povo e com as classes trrabalha-
^pres.entadas por seus ilustres titulares, agradecer aos toras. Não existe sentimento cristão, mais humano,
■sargentos, cabos e soldados por esta manifestação ex­ mais <democrático, do que lutar por melhores con­
traordinária que calou fundo no meu coração, esti­ dições de vida para o povo, de reform ular as estru­
mulo para que continue ao lado do povo, contra tô­ turas que não atendem mais à Nação e às reivin­
da a reação neste País. Podem ficar tranqüilos, con­ dicações das grandes massas populares. Não existe
tinuaremos na luta p ara cum prir com firmezíí/os de- sentimento que mais atente contra o espírito puro
veres impostos pelo povo brasileiro. Aqui continua- das igrejas do que abafar o grito do povo. A injus­
lemos, fiéis aos ensinamentos do im ortal presiden­ tiça, a fome, a miséria, o analfabetismo são os maio­
te Vargas. Aqui, finalm ente estou para dizer aos dig­ res inimigos da democracia autêntica e verdadeira,
nos comandantes, aos soldados das Fôrças Armadas, e são êles o maior risco das tradições cristãs do povo
que não existem fôrças capazes de afastar meu Go­ brasileiro.
vêrno um m ilím etro sequer da rota que se traçou,
com apoio e solidariedade do povo e das Fôrças Ar- REFORMAS CRISTAS
madass.
Tenho afirmado reiteradas vêzes como chefe de
SAtíOTAGESl Nação independente de uma nação de 80 milhões de
homens livres e democratas, que não aceito qual­
A Nação é testem unha de meu desejo de falar quer figurino que não o seja o do pavilhão brasilei­
<10 povo brasileiro com a maior franqueza. E lhes a- ro. Realizarei, com apoio de tôdas as fôrças patrió­
fianço que existem fôrças que se erguem ameaçando ticas e progressistas de nosso País, com as Fôrças
a estabilidade do País. Isto tem suas causas no es­ Armadas de nosso País, reformas cristãs e democrá­
fôrço patriótico para as soluções que melhor aten­ ticas, à sombra única da bandeira do Brasil. Ilu­
dam ao interêsse nacional. Começamos a trabalhar dem-se aquêles que pretendem mistificar o povo bra­
e logo percebemos a sabotagem contra meu Govêr­ sileiro, dizendo que desejamos outras reformas que
no, contra o principal esfôrço do Presidente de. con­ não ^aquelas exigidas pelo povo brasileiro.
seguir pacificamente as reformas de base reclam a­ Certos reacionários, sargentos brasileiros, sem­
das pelos anseios populares. Eis tôda a sorte de es- pre insensíveis às aspirações do povo, encontrarão
ítrç o s para procurar encam inhar soluções concilia­ por trás de vossas túnicas um coração que bate na
tórias para essas reform as. Convoquei para meu Go­ defesa de um interêsse mais alto. Tambéb lutare­
vêrno expressivos representantes das classes* diri­ mos ao lado de cada túnica de soldado, de cada m i­
gentes tradicionais de meu País, com críticas de litar, haveremos de defender as verdadeiras inspi­
meus amigos e companheiros. No entanto, meus pa­ rações do nosso povo.
trícios, todo êsse esfôrço chocou-se com preconceitos, 6 \
com a insensibilidade dos mais favorecidos que en­ INCOMPETÊNCIA
caravam com frieza essas reivindicações e m eu de-
rsejo de encontrar um a solução pacífica para o en­ a s reform as que pedimos estão rigorosamente In­
caminhamento das soluções para o problema do po­ cluídas dentro da Constituição. As atitudes que vêm
vo. caracterizando o Govêrno, os decretos, são dentro
da lei, dentro da Constituição. O IBAD, os interês­
EXPLORAÇÃO DE CRISTO ses econômicos, os grandes grupos nacionais e inter­
nacionais, não têm competência para julgar os atos
Soldados do Brasil, a campanha de sabotagem co Presidente da República. Existem poderes cons­
foi além da obstrução das diretrizes legalistas do meu tituídos, uma suprema Côrte em nosso País e outro 3
govêrno. Vimos, de repente meus patrícios, . sargen­ poderes constituídos para aquilatar e julgar os atos
tos das Fôrças Arm adas do Brasil, que aquêles que do Presidente da República. Em 1946, estabelece­
rr.ais pregavam o ódio e a divisão neste País, irm a­ ram no artigo 217 o princípio consagrado nesta Cons­
nados com os maiores corruptores da história nacio- tituição de aue ela pode ser modificada. Compreen­
ra l passaram a acusar de anticristão, anticatólico deram os legisladores que a Constituição tem vigên­
não apenas o Presidente da República mas o próprio cia histórica e que não deve servir somente ao pre­
Pág. 15Ü 22 de Abril de 1964 AtH;
sente, m'as resguardar as necessidades futuras. Tris­ A ntônio V isintainer, A yrton B am asque, H arry Sauer
te do Pais que tiver constituições intocáveis, que MiroJriò
H élio F o n to u ra , H enriqué H enkin, João C aruso,
não evoluem à medida que evoluem os povos e n a­ L oureiro, M oab C aldas, R ubens P orciúncula, Suely de
ções. Oliveira, W alter Bertolucci, W ilson V argas, Ósm any Vt.
Deus iiá de aju d ar o presidente Jango a fitar ras, A lexandre M achado, A lfredo H offm eister, A ttâral
no Brasil de amanhã, o Brasil das reformas, a ban­ de Souza, H ed Borges, R einaldo C hêrubini, O távio Ger­
deira da nossa Pátria, que é o símbolo do nosso povo m ano, D ario B eltrão, G etúlio M arcantonio, H onório Se.
t das nossas Fôrças Armadas. vero, P aulo B rossard, C ândido N o rb erto , Flávio Ramos,
O SR. PRESIDENTE (H eitor C am pos) — Passa
•nos ao p erío d o destinado à O sm ar L autenschleiger, José Sanseverino, N elson M&ròhe’
zan, A rnildo S arturi, A ntônio M esquita, O scar Westen-

Apresentação de Proposições
dorff, R einholdo K om m ers, A rtu r Bachini, Synval Guàz.
zelli e M arin o dos S antos.
“Senhor Presidente,
O Deputado que êste subscreve requer a V. fixa.
O primeiro orador inscrito é o nobre Deputado Hé que, ouvido o douto Plenário, seja consignado em ata
fio Fontoura, da Bancada dó PTB. (Pausa). Desis um voto de profundo pesar pelo trágico desapareci­
tindo S. Exa. concedo a palavra ao segundo orador mento dos Srs. Ulisses Rodrigues, Júlio Cezar Fulg».
inscrito, o nobre Deputado Lamaison Pôrto, da Ban rini, Vitor Poglia e Pedro Leão, sendo, os dois pri.
cada do PTB. meiros, funcionários da Caixa Econômica Estadual,
e os dois últimos cidadãos da soeiedade Caçapavanãl
O SR. LAMAISON PÔRTO — S r. P residente c Vitmias de pavoroso desastre, deixaram todos
S rs. D ep u tad o s. êles a lam entar sua morte, seus colegas de trabalho,
V enho à trib u n a apenas p a ra trazer ao conheci­ seus familiares e um vasto circulo dé amizades, pois
m ento d o P len ário , e enviar à M asa, um p ro je to de que todos êles, homens de aprim oradas virtudes cí­
lei que h á de m erecer á consideração dos senhores D e­ vicas e morais, gozavam de real estima.
p u tad o s. Êste p ro jeto pretende disciplinar a concessão Requer, ainda, o peticionário, que seja telegrafar
d a isenção de pagam ento dos im postos sôbre , em placa- do às famílias enlutadas em Caçapa^a, com exceção
m entos, já que até o presente m om ento quer nos p a ­ de Ulisses Rodrigues que residia nesta Oupital, no
recer que um determ inado núm ero de pessoas está se núcleo residencial do referido ettabeieeim tnto, para
onde deverá ser dirigido o dito telegrama.
WAcidente de tam anha proporção à mais uma ad­
beneficiando, e de fo rm a ilegal, co n trarian d o a qual­
vertência â tantos quanto* dirigem veiculo* & motor
q u er diplom a legal, m elhor dizendo. São concessões que
e que, nem sempre, sabem zelar não só pelas suâs
têm sido d adas p o r governos que se vêm sucedendo no

próprias vidas cotno também pela de «eus semelhan­


R io G ran d e do Sul.
tes, pois é do conhecimento públioo deu orlgém a táo
V am os trazer ao conhecim ento do Plenário, e para
p osterio r consideração, o p ro jeto que isenta m inistros
infaúto acontecimento o descuido de um motorista,
pue, sem medir a» conseqüências qua poderiam ad­
de tô d as as religiões do pagam ento de tributos referen­
vir, estacionou mai o seu pwad© veículo na faixa ou
tes ao registro, o u renovação de registro de veículos
au to -m o to res.
leito da rodovia onde se deu o desastre.
O teor do projeto é o seguinte»
Sala das Sessões, 31 dé março de 1964.
(L ê:)
(a) Porcínio Pinto
PROJETO DE LEI
\Ap 6s a leitura)
Isenta os m inistros de tonas as re- O SR. PRESIDENTE (Heitor Campoi) - Sm se
Jg iõ e s do pagam ento dos tributos refe­ caçáo. Os Srs. Deputados que aprovam o rèquerimen-
rentes ao registro ou a rertovação d® to, queiram permanecer sentados.
registros de veículos autom otores. (Pausa) Aprovado.
H á um outro requerimento sôbre a mes»
A rt. 1.® — O s m inistros de tôdas as religiões são O Sr. Secretário (Lê):
isentos do pag am ento dos trib u to s totais referentes ao
registro ou a ren o vação de registro de veículos a u to ­ “Senhor Presidente,
m otores de su a p ro p ried ad e .
A rt. 2 . ° — P a ra que a isenção seja concedida, o Na form a regim ental, o Deputado signatário do
requerim ento que a solicita deverá ser acom panhado de presente, solicita a Vossa Excelência, que seja formu­
um atestad o co m p ro b ató rio da condição de m inistro re lado um voto de loüvor à Faculdade de Filosofia d«
ligioso. passado pelo representante legal das entidades Caxias do Sul por ocasião da form atura de sua pri­
respectivas- devidam ente registradas n a fo rm a da lei, com meira turm a que será levada a efeito no próximo sá-
a firm a reco n h ecid a. bado, dia 4 de abril vindouro.
Art. 3.° — Revogam-se as disposições em contrá­ Outrossim, solicita que seja dado oonhecimento
rio. ao Pe. Darcy Fontanive, n a Faculdade de Filosofia
Art. 4 .o — Esta lei entrará em vigor na data de Caxias do Sul„ da presente Iniciativa.
da sua publicação.
Sala das Sessões, 31 de março de 1964
Sala das Sessões, em de m arço de 1964. (a) Pedro Simon
O SR. PRESIDENTE — Em votação o requeri­
(a) L am aison P ô rto , mento. Os Srs. Deputados que o aprovam, queiram
perm anecer sentados. (Pausa) Aprovado.
Deixarei, Sr. Presidente, de tecer outros comentários O Sr. Secretário 'L ê :)
«guardando a oportunidade que o projeto entre em pau­
ta, nesta Casa. (Palmas). (Discurso ” *0 revisto pelo “Senhor Presidenta.
orador).
O Deputado que êste subscreve, requer a V. Exa>
Compareceram mais os Srs. Deputados-a nos têrmos regimentais, ouvido o plenário, urgência
Anais 22 de Abril de 1964 Pág. 15U
para, o projeto de resolução de sua autoria de n.° querem instaurar no País um sistema de totalitarismo
10/64. estatal.” Vê ' a Casa, portanto, que o documento de
que trata o requerimento em discussão procura carac­
Sala das Sessões, 31 de março de 1964. terizar a ação nefasta dêsses que, a pretexto de pre­
gar as reformas de base, na realidade, estão a serviço
(a) Alexandre Machado” dos totalitários, estêo comunizando êste País, estão trans­
formando a' campanha reformista num instrumento para
O SR. PRESIDENTE — Em votação. Os Srs. De­ acabar com a liberdade e com a democracia na terra
putados que aprovam o requerimento, queiram con- brasileira.
servar-se sentados. (Pausa). Aprovado. Ainda ontem a Nação ouviu o Presidente da Re-
Há outro requerimento sôbre a mesa. íública, que é o maior agente da totalitarização dêsto
O Sr. Secretário (Lê) — ’aís, da comunização dêste País, da guerra revolucio­
nária de que êle hoje é o chefe, invocar o Papa, in­
"Senhor Presidente, vocar a doutrina social da Igreja e citar Arcebispos
para justificar a ação subversiva, para justificar a pre­
O Deputado signatário do presente, n a form a re­ gação demolidora das instituições que êle está fazendo,
gimental, solicita a Vossa,. Excelência que seja enca­ para justificar a ação do Govêrno Federal que repre­
minhado um voto vongratulatório ao Secretariado senta, neste instante, a traição do juramento de cum­
da. Ação Católica da Arquidiocese de Pôrto Alegre, re­ primento e respeito à Constituição da República. O
presentando os movimentos de JOC, JAC, JEC, JUC, manifesto da Ação Católica, Sr. Presidente e Srs. De­
ACI e ACO, face ao pronunciam ento contido no ma­ putados, condena a atitude dêsses fariseus, dêsses trai­
nifesto publicado no Jornal “Ultim a H ora”, em que dores da Pátria brasileira. (Palmas). (Discurso revista
condena grupos anti-reform istas evidenciando, pois, pelo orador).
a alta compreensão que domina as entidades repre­ O SR. PRESIDENTE — Continua em votação o
sentadas pelo Secretariado de Ação Católica. requerimento do nobre Deputado Pedro Simon.
Sala das Sessões, 31 de março de 1964. O SR. AMARAL DE SOUZA — Sr. Presiden­
te. Peço a palavra.
(a) Pedro Simon O SR. PRESIDENTE — Com a palavra o nobre
Em votação. Deputado Amaral de Souza, para encaminhar o reque­
O SR. HONÓRIO SEVERO — Para encamir£Ãr o rimento. S. Exa. tem cinco minutos para estar na tri­
requerimento, Sr. Presidente. buna. Não são permitidos apartes.
O SR. PRESIDENTE (Heitor Campes) — Para O SS. AMARAL DE SOUZA — Sr. Presidente
encaminhar o requerimento, com a palavra o nobre e Srs. Deputados.
Deputado Honório Severo. O documento, a manifestação da Juventude Operí-
O SR. HONÓRIO SEVERO — Sr. Presidente e ria Católica, JEC, JUC, JAC, ACI, contém, Sr. Presi­
dente e Srs. Deputados, os verdadeiros conceitos, os
Srs. Deputados.
O nobre Deputado Pedro Jorge Simon solicita que verdadeiros princípios que devem inspirar, no Brasil, as
a Casa encaminhe voto congratulatório ao Secretariado reformas estruturais que o povo exige, que nâo são pri­
da Ação Católica da Arquidiocese de Pôrto Alegre e vilégios de grupos políticos, mas que representam a as­
às representações da JUC, JEC, JOC, JAC, JIC, ACI piração do povo brasileiro. Nesta altura e nesta con­
e ACO, em face do pronunciamento publicado na im­ juntura da vida nacional, ninguém de bom senso, ne­
prensa de hoje. Acrescenta o nobre representante traba­ nhum patriota pode negar, pode se opor às reformas
lhista que êste pronunciamento condena grupos anti-re­ democráticas e cristãs que a estrutura econômica, po­
lítica e social da Pátria exigem.
formistas, procurando dar assim ao documento das enti­
dades católicas uma interpretação restrita e unilateral, co­ Assim os pessedistas, o PSD, portanto, manifestam
mo se êste documento criticasse simplesmente a posição o seu aplauso e a sua concordância com os conceito*
e com a manifestação dos órgãos da ação católica que,
daqueles que se opõem às reformas no País. cm manifesto dirigido ao Rio Grande do Sul, concei­
Desde os primeiros instantes da minha atuação par­ tuam perfeitamente os princípios informativos das refor­
lamentar, nesta Casa, deixei claro, Sr. Presidente e Srs. mas estruturais que a Pátria brasileira exige.
Deputados, que tenho posição tomada a favor de trans­ Sr. Presidente e Srs. Deputados. Os verdadeiros re­
formações substanciais no País, de profundas transforma­ formistas, os homens, os grupos políticos que desejam
ções nas estruturas jurídicas, econômicas e sociais. Co­ mudanças estruturais devem, em primeiro lugar, lutar
mungo do pensamento daqueles que predicam a doutri­ para que se estabeleça na pátria brasileira um clima da
na distributista inscrita nos documentos que consubstan­ compreensão e de concórdia, porque sem o entendimen­
ciam a doutrina da Igreja Católica Apostólica Roma­ to, sem a união das fôrças democráticas, progressistas
na, de que sou fiel. Por isto a mim as reformas não e cristãs, não é possível que na pátria brasileira se
assustam, por isto de mim as reformas têm a solida­ realizem as reformas estruturais. Por isto nós queremos
riedade; mas há reformas e reformas, como há refor­ dizer, desta tribuna, que os grandes inimigos das trans­
mistas e reformistas. E o manifesto da Ação Católica, formações e das mudanças na estrutura econômico-socia!
das entidades a ela vinculadas, hoje publicado, acentua do Brasil são aquêles que procuram a subversão da or­
bem isto, traça nítida distinção a respeito destas re­ dem, porque sabem perfeitamente que sem a ordem 8
formas. O nobre Deputado Pedro Simon, quando na sem a tranqüilidade da Pátria não haverá ambiente pa­
primeira parte' do expediente desta Casa ocupou a tri­ ra reformas e para mudanças. Sr. Presidente e Srs.;
buna, se excusou de ler trechos que deveriam ser li­ Dep^fados. Quem ignora que quando o Brasil luta pe­
dos para que a posição da Ação Católica Rio-gran la sua independência econômica nós temos, à semelhan­
dense ficasse bem expressa, bem clara e bem nítida ça do que ocorreu na nossa independência política, de
Diz êste documento, por exemplo, que há algumas at: um lado os demagogos, de um lado os homens que
tudes negativas no campo da predicação das reformas. seguram o poder para explorar êste poder; de um lado
Começa condenando a posição daqueles que defendem os homens que exploram a miséria do povo para fa­
a ordem capitalista, para, a seguir, acentuar que al­ zer negócios eleitorais, de outro lado os reacionários, os
guns, aproveitando-se do anseio comum de reformas, homens que não querem as mudanças, que querem e de­
"passam a promover a agitação estéril e destrutiva” . sejam que os* seus privilégios continuem intactos. Assim,
Finalmente, ‘‘grupos chefiados por ideologias extremistas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é necessário te-
Pá". ICO 22 de Abril de 1964 Anais
jam afastados, que sejam desm ascarados p eran te o povo, sidente e S rs. D eputados, realm ente o Brasil vive êste
ta n to os agitadores e dem agogos de todos os matizes p aradoxo de que os hom ens que dom inam esta Naçã;,
qu an to os reacionários, que, no íu n d o , se u nem aos h á tantos anos, segundo o D ep u tad o P edro Sim on, des­
dem agogos p o rq u e p a ra am bos n ão convém reform as « de a P roclam ação da Independência, êsses hom ens são
m udanças, p o rq u e p a ra determ inado estilo de política hoje, os que pregam as ' reform as, m as que, tendo o
prim ária não convém que o Brasil e n tre num clim a de poder p a ra realizá-las, não as concretizam .
desenvolvim ento econôm ico, porq u e p a ra os dem agogos O SR . P R E S ID E N T E — O nobre D eputado tem
q uando todos os grandes problem as nacionais estiverem um m in u to p a ra concluir.
iesolvidos n ão h av erá am biente p a ra a sua p o lítica e O S R . A N T Ô N IO M E S Q U IT A — J á concluo, Sr.
para a sua p reg ação. P residente.
O S R . P R E S ID E N T E —* O tem po de V . E x a. E ’ por _ isso, S r . P residente e S rs . D eputados, que
está esgotado. reform as na m ão dêsses dem agogos não inspiram con­
O SK . A M A R A L D E SO U Z A — S r. Presidenta fiança a ninguém . E ’ p o r isso que a pregação dêsses
. Srs. D ep u tad o s. dem agogos é condenada pelo S ecretariado (]a A ção Ca­
Vou concluir, lam entando que neste P lenário q uando tólica de P ô rto Alegre, porq u e sabem que êles não
alguém laia, p ro cu ran d o expor, p ro cu ra n d o respeitosam en- realizam reform a algum a em fav o r do povo; êles fa.
te dirigir a sua palavra, alguns colegas, m anifestando a zem as reform as que co n jp m a si e aos seus apani-
intolerância, a , aversão ao diálogo, dem onstram perfeita­ guados.
m ente que se identificam com aquêles que procuram E sta é, S r. Presidente, a (declaração de voto que, era
envenenar o povo, em vez de dirigir o povo. nom e da m inha B ancada, faço, p a ra ap o iar o pronun­
O S R . P R E S ID E N T E — E stá term in a d o o seu ciam ento do S ecretariado da A ção C atólica n a sua
(em po, nobre D ep u tad o . in teg rid a d e. (P a lm a s). (D iscurso n ão revisto pelo ora.
O S R . A M A R A L D E S O U Z A — V ou concluir. d o r),
S r. Presidente e S rs. D eputados, dizendo que o processo O SR . P R E S ID E N T E — E m votação o requeri­
de reform a e de transform ações é irreversível, que n in ­ m ento.
guém o atacará, que os dem agogos e os reacionários O S R . W IL S O N V A R G A S — Peço a palavra, Sr.
serão vencidos, não p o r partidos ou p o r facções polí­ Presidente.
ticas, m as pelo povo brasileiro. (P a lm a s ). (D iscurso náo O S R . P R E S ID E N T E — C om a p alavra o nobre
revisto pelo o r a d o r ) . D ep u tad o W ilson V argas, p a ra falar em nom e da Ban­
O S R . P R E S ID E N T E — C ontinua em votação o cada do P T B .
req u erim en to . i.3 SR . W IL S O N V A R G A S — S r. Presidente e
O S R . A N T Ô N IO M E S Q U IT A — P ara encam inhar S rs. D ep u tad o s.
a v o tação, S r. P residente. O que fêz o Presidente da R epública p a ra deter­
O S R . P R E S ID E N T E — P ara encam inhar a vo­ m in ar esta m obilização de G overnadores, de P artidos po­
tação, em nom e da B ancada do P R P , tem a palavra líticos, de associações rurais, de entidades representativns
o n obre D ep u tad o A ntônio M esquita. de classes econôm icas, de líderes, chefes e dirigentes po­
O S R . A N T Ô N IO M E S Q U IT A — S r. Presidente líticos, se é verdade que. em nenhum m om ento, o Pre­
C S rs. D ep u tad o s. sidente da R epública saiu fo ra da lei e da Constitui­
ção; se é patente, se é incontestável que o Presidente
O S ecretariado da A ção C atólica desta C apita! fêz tem se m antido, rigorosam ente, dentro das suas prerro­
u m im p o rtan te e o p o rtu n o pronunciam ento a respeito da gativas. no exercício da sua com petência? P o r que, en­
crise p o r que passa a sociedade brasileira. tão, esta m obilização que m enos visa à paz alardeada,
Nós, que sem pre entendem os que a Igreja é <t m as é a causa fund am en tal da intran q ü ilid ad e, da in­
van g u ard eira das m aiores e m elhores conquistas sociais quietação. da divisão e da desordem que já se lavra
de todos os povos da hum anidade, entendem os que se neste ,País° (M uito bem da B ancada T rab alh ista). Qual
estava fazendo sentir a falta de um . pronunciam ento d a ­ a causa que determ ina a m obilização dêsses Governa­
queles que têm m aior responsabilidade n a vida da Ig re­ dores de E stados, constituindo, p o r assim dizer, um ou­
ja C a tó lica. P o r isto, recebem os, com agrado, com sa ­ tro poder nesta R epública e ferindo, sim, substancial­
tisfação. esta to m ada çle posição da Ig reja face aos m ente. o espírito federativo dêste País? O que se quer
angustiantes problem as que atorm entam a vida do p o ­ defender, • o que se pretende defender? D efender os re­
v o b rasileiro . D êste m odo. S r. P residente e S rs. D e­ síduos do feudalism o rural co n tra o surto de um a re­
putad o s, ' a B ancada do P a rtid o de R epresentação Po form a que necessária se faz, im ediatam ente, p a ra cor­
pular, com o n ã o poderia deixar de sê-lo, já que som os rigir a caducidade de um a estrutura agrária que não
defensores de um a orientação espiritualista, se congra serve a ninguém , que não serve ao país, que n ão ser­
tu!a e aplau d e o pronunciam ento do S ecretariado da A ve à produtividade, à econom ia e- ao bem -estar social,
ção C atólica dé P ôrto Alegre, m as aplaude-o na sua que só serve apenas ao egoismo de um pequeno grupo
integridade, aplaude-o na sua totalidade, e n ão com o de privilegiados p roprietários de terras, que estão enve­
fêz o n o b re D ep u tad o P edro Simon em seu requeri­ nenando a pequena burguesia rural dêste P aís contra
m ento, p ro cu ra n d o distorcer o pronuriciaipento da A ção a pregação reform ista, utilizando-a, na sua b o a fé, co­
Católica, n o sentido de servir à causa dos agitadores. m o instrum ento p ara defender os interêsses dêsse feu­
O S R . P R E S ID E N T E — N ão são perm itidos apar­ dalism o r u r a l.
tes. A T aquigrafia n ão deve ap an h ar os apartes anti-
regim entais do n o bre D eputado L am aison P ô rto . O SR P R E S ID E N T E — Nobre- D ep u tad o . V . Exa.
O S R . A N T Ô N IO M E S Q U IT A — Justam ente, S r. dispõe de um m inuto.
P residente p o rq u e o requerim ento apenas p ro cu ra tirar O S R . W IL S O N V A R G A S — V ou m e esforçar.
p artid o daquilo que o pronunciam ento condena, %isto é, S r. Presidente, para, neste m inuto, resum ir o pensa­
dos dem agogos e dos agitadores que se prevalecem da m en to . O que se pretende defender, S r. Presidente e
anseio do povo p o r m elhores condições de vida, que Srs. D eputados, é êsse sistem a de investim entos estran­
éles. n o G ovêrno, que êles, com o p o d er na m ão, não geiros que vem espoliando o País, n u m a hemorragia
p ro p o rcio n am ao p o v o . O requerim ento n ão trad u z a constante que anem iza a econom ia nacional, que paupe-
v erdade do p ro n unciam ento do S ecretariad o da A ção riza n nossa indústria, o nosso com ércio e. sobretudo,
C atólica de P ô rto A legre. E ’ p o r isso que nós vam os atinge o escasso p o d er aquisitivo das m assas assalaria­
v o tar, aplaudindo o pronunciam ento na sua integridade, das brasileiras.
m as n ão da m an eira com o redigiu o seu renuerim en- P oderíam os continuar enum erando o sentido do qu«
to o n o b re D ep u tad o P ed ro Sim on, porque, S r. P re ­ pretendem defender êsses que se alard eiam em defenso­
Ànais 22 de Abril de 19S4 • pag. 16 1 '
res das instituições dem ocráticas, se tivéssem os tem po p a ­ sôbre a p articipação dos cristãos, n a construção da so­
r a fazê-io. E m resum o, o que poderíam os dizer c quo c ie d a d e .”
5 « u e í s t á oco rren d o , po r tôdas as form as, é a defesa O ra, S r. Presidente e Srs. D eputados, parece-m o
4os privilégios, é a defesa dos privilégios das cam adas que o requerim ento do n o b re D eputado P edro Simon
dom inantes que vêem êsses privilégios am eaçados pela foge totalm ente ao intróito desta m anifestação, porque,
disposição de um governante que busca sintonizar a sua se êste m anifesto da A ção C atólica de P ô rto A legre ini­
ação com os anseios m ais sentidos e m ais legítim os aa cia pedindo, em ou tras palavras, a reabertura do diálo­
g ran d e m aioria, da m aioria esm agadora do povo b ra si­ go, um a posição reform ista, a n ã o exploração das re­
leiro . ligiões em favor de grupos ou de interêsses, o reque­
O S R . P R E S ID E N T E — E stá term inado o tem po rim ento do D eputado P edro Sim on justam ente pareca
da V . E x a ., n o b re D ep u tad o . que pretende dividir ou, pelo m enos. situar um a p a rta
O S R . W IL S O N V A R G A S — M uito obrigado, S r. dos que estão contra n ó s. P orque nós, dem o cratascris-
Presid en te. tãos — e falo, neste instante, em nom e d a B ancada
D esejava, assim discorrendo sôbfe a m atéria, anali­ — de há m uito que defendem os nesta P átria a n e ­
sa r a pro p o sição p ara verberar co n tra a alitude daq u e­ cessidade das reform as. E um dos prim eiros P artidos
les que explorando os próprios sentim entos religiosos do do R io G rande do Sul, n o encontro de C aràzinho, an­
povo brasileiro, inescrupulosam ente, o que querem é tes m esm o de o S r. L eonel Brizola lan çar as bases
su sten tar a perm anência im oral dêsses privilégios. da reform a agrária, discutíam os e m anifestávam os, sem­
O S R . P R E S ID E N T E — A M esa pede que en­ pre, a necessidade da reform a agrária, n um a m anifesta­
cerre a sua o ração , n o bre D ep u tad o . ção pública. M as n ão chegou só até a í. N o p ró p ria
O S R . W IL S O N V A R G A S — A penas nesto enun­ Congresso N acional se encontra projeto do P artid o D e­
ciad o que o tem po m e perm ite. S r. P residente e S rs. m ocrata C ristão e — diga se de passagem — n ã o só
D eputados, defino o voto favorável da m inha B an ca­ de um D eputado, m as da B ancada, do D iretó rio N a ­
d a, dizendo da nossa com preensão de que tu d o que aí cional, aprovado pelo P artido em todo o território n a ­
vai tem o seu fu n d am ento na defesa dos privilégios, cm cional, pedindo ^ reform a agrária em to d o o P aís,
c t iji defesa n ão estão sendo atendidos os m ínim os p r in ­ solicitando a reform a agrária com em enda constitucio­
cíp io s de escrúpulo, sequer, com os sentim entos religio­ nal, propondo m edidas concretas e inatacáveis p o r ne­
sos do povo b rasileiro . E ra o que tin h a a dizer, S r. nhum a das fôrças dem ocratas do Congresso reform ista.)
P resid en te. (P a lm a s). (D iscurso n ão revisto pelo ora­ M as agora, S r. Presidente, neste instante então tem os nós
d o r) . r
o direito, e m ais do que isto, a autoridade p a ra vir
O S ” . P R E S ID E N T E — Em v o t a ç ã o . # . a esta trib u n a denunciar que no Brasil existem grupos
O S S . N E L S O N M A R C H E Z A N — P ara encam inhar exploradores, existem os anti-reform istas, m as existem
a v o tação. S r. Presidente, peço a p alav ra. tam bém os grupos reform istas que, lam entàvelm ente, o
O S R . P R E S ID E N T E — P ara encam inhar a vo­ que fazem é mais prejudicar as reform as do que re a b
tação , tem a p alav ra o nobre D eputado. m ente re a liz á la s. E ’ p ara isto, S r. Presidente, qua
gostaria de cham ar a atenção. {
O S R . N E L S O N M A R C H E Z A N — S r. P residente N ão quero en trar noutros setores onde êste mani«
e S rs. D ep u tad o s. festo especificam ente diz que h á grupos, que h á re fo r.
D e início, devo dizer que a B ancada do P D C apoia m istas que querem se adonar do p rogram a das re fo r­
o requerim ento do n obre D ep u tad o P edro Simon, mas m as e que mais prejudicam do que realizam em nom e
o u er, neste m om ento, esclarecer apenas um detalhe que do povo brasileiro. M as quero apertas, e tão-sòm enfe,
se contém nesse requerim ento p ara que se evidencie a cham ar a atenção dos meus nobres P ares para êste in ­
to talid ad e d a nossa posição frente a êsse problem a. tró ito m agnífico, que nada mais e n ada m enos faz do
E ’ verdade que o m anifesto m uito bem lançado que um apêlo candente â reabertura do diálogo qua
p ela A ção C atólica A rquidiocesana de P ôrto A legre que. um grupo de privilegiados, em que um grupo de anti-
diríam os nós, representa o laicato católico do Rio G ran- povo que não se encontra entre todos os brasileiros
ie do Sul, se m o strou favorável às reform as dc base m as entre os que postulam posição reform ista. Q uere­
d o Brasil e diz m esm o que elas são insuperáveis p o r ­ m os um a posição reform ista clara, objetiva, dem o cráti­
que deverão ser realizadas. M as, o requerim ento do ca e não desejamos, sobretudo, p ara nós o título do
n o b re D ep u tad o P ed ro Sim on p ro cu ra situar apenas um anarquistas e desordeiros.
g ru p o que sustenta o anti-reform ism o no Brasil e nós O SR . P R E S ID E N T E — E stá term inado o tem po
auerem os estender êste requerim ento ao grupo reform is­ de V . E xa.
ta , que deseja as refo rm as pelas reform as, ou pelo p o ­ O SR . N E L S O N M A R C H E Z A N — E ra isto o qua
d er, ou apenas p ara p rom oção política, E êstes exis- queria dizer, encam inhando o voto da B ancada do P D C ,
•em realm ente e, se preciso fôsse, daria disto testem u­ que está inteiram ente favorável ao requerim ento. E
n h o . N ós querem os é que seja fixada a posição no queria que êste requerim ento tivesse em conta o intrói­
in tró ito dêste diálogo, dêste m anifesto, quando diz as- to desta m anifestação, porque a prim eira coisa que
'im : (L ê:) “T endo enl vista o clima de desentendim en­ êste requerim ento c ir de encontro e não a favor do
to existente n o P aís, entre grupos das m ais diversas intróito da m anifestação do S ecretariado da A ção C a ­
tendências p olíticas e ideológicas, acêrca dos problem as tólica de P ôrto A legre. (P a lm a s). (D iscurso não re­
jacionais, e o conseq ü ente desaparecim ento do diálo­ visto pelo o r a d o r ) .
go. . O S R . P R E S ID E N T E — P ara encam inhar a vota­
E aqui m e p arece um p onto im nortante do m ani- ção, com a palavra o nobre D ep u tad o M arino dos
!esto, quando diz que está interrom pido o diálogo en­ S antos.
tre as fô rças dem ocráticas do B rasil. E ’ êste, S r. P re­ O S R . M A R IN O D O S SA N TO S — S r. Presidente
sidente e S rs. D eputados, um dos aspectos que dese­ e Srs. D eputados. Em relação a êste m anifesto da
jav a ressaltar neste m om ento: a in terru p ção d i diálogo A ção C atólica e a discussão que se trava nesta C asa,
n o Brasil, fa to que, pela sua gravidade, im pede que o poderia m uito bem dizer aquela do português: "N ão
problem a brasileiro possa obter um a solução harm ônica sou M artuel, nem m oro em N iteró i” . N ão tenho n a ­
e dem ocrática e que atenda os interêsses da P átria. da com a coisa; é problem a de católicos e não sou
M as, prossegue, ainda, êste intróito: católico.
" . . . m esm o entre diversos grupos de cristãos que M as, n a intervenção do nobre D eputado N elson
digladiam , julgando-se cada um o dono da verda­ M archezan foi ferido, realm ente, o p onto crucial do pro ­
de. crem os que se to rn a necessária um a séria reflexão blem a no B rasil. E ’ o da interrupção do diálogo ou
Pág. 162 22 de Abril de 1964 Anais

<la tentativa de in terru p ção do diálogo. P arece-m e que m en to . Os Srs. D eputados que o aprovam , queiram
o q u e está determ in an d o tom adas de posições n esta C a p erm anecer sentados. (P a u s a ). A p ro v ad o .
sa n ão é o docum ento da A ção C atólica em si, q u i O S R . A L F R E D O H O F F M E IS T E R — S r. Presi­
todos co nsideram justo, e eu que n ão sou católico ta m ­ dente. P eço a p alav ra.
bém o considero, e reconheço, nos católicos, um a gran­ O S R . P R E S ID E N T E — T em a palavra o n o ­
de p arcela de responsabilidade no encam inham ento dos bre D ep u tad o .
p roblem as do Brasil, m as o que p a ira sôbre esta C a ­ O S R . A L F R E D O H O F F M E IS T E R — D esejava c o ­
sa são as tais de m archas que se p ro cu ra m organizar m unicar à M esa que estou redigindo u m a declaração de
neste Brasil co n tra » D em ocracia # as refo rm as. Ê s­ voto que en cam inhará p a ra que fique fixada a posição
te é o fa to . In terru p ção do diálogo, é justam ente o que d a B ancada do P S D .
querem os pro m o to res destas m archas, pois não foram O S R . P R E S ID E N T E — A M esa aguarda a de­
êles que, usando sacrilegam ente, desum anam ente com o claração de voto da B ancada do P S D .
se viu n a televisão, velhinhas, com rosário, im pedir o O S R . H O N Ó R IO SE V E R O — S r. P residente.
diálogo em Belo H o rizonte com parlam entares nacio S olicitaria a V . E x a. que fôsse reg istrad a a u n an im i­
nalistas d a F re n te d e M obilização P ò p u lar que te n ta ­ dade.
ram fa la r ao povo de Belo H orizonte? N ão fo ram êles O S R . P R E S ID E N T E — D eferido o requerido por
q ue "tentaram im pedir, dêste m odo, porque, de outro, V . E xa.
n ão conseguem ? Êles n ão poderão dizer que n ão que­ A ntes de passarm os à discussão de M atéria em
rem o diálogo, que são anti-reform istas, então inven­ P a u ta a M esa deseja com unicar aos S rs. D eputados q u í
tam que estão defendendo D eus. Ora! S erá que D eus p retendia constituir as C om issões P erm anentes da Casa
precisa de alguém que o defenda? Ê le n ão é todo n a sessão de hoje. N o entanto, os S rs. L íderes da
p oderoso? B ancada solicitaram à P residência que adiasse p ara
am anhã a constituição. N a sessão de quarta-feira se­
O n o b re D ep u tad o N elson M archezan feria realm en­ rã o constituídas as C om issões P erm anentes da A ssem ­
t e o p ro b lem a. Precisam os restabelecer a atm osfera do bléia com a indicação dos nom es pelos S rs. L íderes,
diálogo, e a exem plo do ocorrido aqui no Rio G ra n ­ ou então a M esa o fa rá com base no R egim ento I n ­
d e do S ul. O S r. Jo ã o P inheiro N eto n ão p ô d e f a ­ terno da C asa.
la r em São P au lo . O A dhem ar n ão deixou, e, no ^assam os à p a rte da sessão destinada à
entanto, o A d h em ar vem com o rosário aqui p ro cu ra r
o rg an izar u m a das m arch as. N ão deixou o S r. Jo ão V M A T É R IA E M P A U T A
P inheiro N eto falar em São P aulo, interrom pendo o
d iálogo. O S r. P in h eiro N eto veio a P ô rto A legre e C o n c e d o . a p alavra ao nobre D ep u tad o P orcínio
fa lo u . F oi recebido pelo S r. G overnador, foi recebido P in to .
pelo povo, foi recebido pelos dem ocratas e trouxe a O S R . P O R C ÍN IO P IN T O — S r. P residente e
sua m ensagem p ara ^er ouvida, p ara ser exam inada, p a ­ S rs. D eputados.
ra ser considerada p o r iodos os que se interessam pélas V enho à m inha trib u n a p a ra cham ar a atenção
soluções dêstes problem as, no B rasil. de todos os L íderes de B ancada com assento n esta A s­
E n tão , vam os colocar as coisas nos seus devidos sem bléia.
term o s. O que paira, sôbre esta C asa é a am eaça de V ou repetir porque observo q u e determ inados L í­
ser interrom pido o diálogo dem ocrático. deres já se afastam dêste P lenário e gostaria que S .
E xas. ouvissem com a atenção qu e entendo deva m e ­
N ão é p ara os católicos Justam ente o que está recer, o assunto que rap id am en te irei ab o rd ar neste
im p lícito n a m ensagem dos católicos de P ô rto A legre è instante R efiro-m e, S r. Presidente e S rs. D eputados,
a condenação dessas m anobras, porque isto se dirige aos ao m eu P ro jeto de Lei n . ° 367/63, que tra ta do p la ­
católicos, co n tra os que exploram èsses m ovim entos. N ão n o de auxilie c subvenções p a ra o exercício de 1964.
vem dizer a mins q u s não m« reuna com os traba O bservo, S r. P residente e S rs. D eputados que es­
Ihadores, não vem dizei a mim que não vá em tô d i ta C asa, quando se tra ta de assunto m eram ente p o lí­
a p arte onde há acam pam ento de cam poneses, p ara de­ tico dá m ais atenção. G ostaria de voltar a dizer e
fendê-los Êles devera dizef aos católicos que n ão in insistir que se encontra em P au ta o P ro jeto de Lei
terro m p am o diálogo, qu* não colaborem para inter n . ° 367/63, em seu últim o dia, com a seguinte em en­
ro m p er o d iálo g o . ta: “ P lano de Auxílios, Prêm ios e Subvenções p ara o
O que há no Kio G rande do Sul, hoie, e a am ea­ exercício de -19G£” .
ça concreta sob a fo rm a de passeata dêsses elem entos E sta A ssem bléia está com um a enorm e responsa­
que n ão podem dialogar porque não têm o que dizer bilidade; esta A ssem bléia está com u m a trem enda res­
ao povo; estão m istificando o povo e p ro cu ra n d o ex ponsabilidade p ara com o R io G ran d e do S ul. E sta­
p io rar sentim entos sem análise algum a da realidade. O m os em fins de m arço. S r. P residente e S rs. D ep u ­
que nos deve p reo cu p ar a todos aqui é justam ente is­ tados, e a Lei de Auxílios, P rêm ios e Subvenções a in ­
to ; m an ter o diálogo e deixar que todos falem . Que d a n ão foi v o tad a. São centenas e centenas de hospi­
venha A d h em ar e pregue as suas m entiras aqui; que tais., que estão a ag u ard ar a votação desta Lei, são
venha P inheiro N eto e pregue a sua m ensagem aqm ; centenas e centenas de instituições pias, beneficentes,
que venha Jo ão G o u lart e pregue a sua m ensagem colégios, enfim , despôrto-am adoristas que aguardam a
aqui; que venha C arlo s L acerda e diga que q u er es­ votação desta Lei, que sem pre foi votada em dezem bro,
m ag ar as liberdades do povo, p ara que o povo dê a no fim de cada Stíssão L egislativa.
êle a resposta que m erece. S r. P residente e S rs. D ep u tad o s. Até hoje a Lei
S r. P resid en te. V ou v o tar com a m oção do no de Auxílios. Prêm ios e Subvenções, com enorm es co m ­
b re D ep u tad o P edro S im on. C reio que a red ação que prom issos p erante o R io G rande, ainda não foi vota­
êle deu precisam ente leva a êste p o nto, isto é. quem d a . P o r o u tro lado, sabo-se perfeitam ente que existe um
são os que am eaçam o diálogo, a quem foi dirigida a substitutivo p a ra a m esm a, substitutivo êste que se não
m ensagem da A ção C a tó lica. A m im n ão foi, foi aos fô r devidam ente analisado e n ão fô r devidam ente estu­
católicos p ara que êles se previnam co n tra isto que dado im porá trem endas dificuldades p ara as instituições
se preten d e fazer em P ô rto Alegre, que é um a m ano que estão aguardando esta m igalha, êste pequeno auxí­
b r a , fascista p a ra evitar o diálogo necessário às re fo r­ lio que anualm ente lhes é concedido p o r esta A ssem ­
m as de oue o povo precisa. (P a lm a s ). bléia ou pelo G ovêrno do E stad o .
O S R . P R E S ID E N T E — E m v o tação O requeri­ A ssim , S r. P residente e S rs. D eputados, era est»
Pág.1 44 32 Pde.A 32 bril 96na bis

j advertência, era êste o apêlo que desejava dirigir aos Grande do Sul um séríssimo problema. (Palmas). (Dis­
meus Colegas, aos Lideres de Bancada que nem sequer curso não revisto pelo orador).
deram ouvidos, em sua maioria, ao que estou afirman­ O SR. PRESIDENTE — Não havendo mais orado­
do. Já disse mais de uma vez, e aqui repito, que res inscritos para discussão de Matéria em Pauta, pas­
se esta Lei fôr votada sem os estudos que está a exi­ sa-se para o período da sessão destinada a
gir, nenhuma — e quero tornar bem claro, para defi­
nir responsabilidades — instituição no Rib Grande do
Sul, ou muito poucas receberão auxílios no corrente EXPLICAÇÕES PESSOAIS
ano. Dezenas e dezenas de crianças pobres que estão
estudando graças aos auxílios conseguidos em determina­ “Com a palavra o primeiro orador inscrito, Sr. De­
dos colégios e êsses mesmos estabelecimentos receberão putado Honório Severo, que ocupará a tribuna pelo es­
êsses auxílios. E por quê? Devo dizer aqui, Srs. De­ paço regimental de dez minutos.
putados, que o substitutivo engloba a totalidade do per­ O SR. HONÓRIO SEVERO — Sr. Presidente e
centual para — e vamos exemplificar — educação 40%, Srs. Deputados.
para assistência social 30%, para esporte amadorista 5% De uns tempos a esta parte, ninguém mais tem
e para outras entidades 25%. Pois bem, feitas as indi­ dúvidas do que se pretendie neste País, País que
cações, se apenas uma entidade, de acôrdo com proje­ assiste, traumatizado, que, angustiado, v ê o Govêr­
to de que já tenho conhecimento, apenas uma entida­ no que deveria presidir os seus grandes destinos,
de não completar a sua documentação, tôdas as de­ enveredar pelo caminho da preparação da anarquia
mais entidades do Estado do Rio Grande do Sul se­ e d a desordem. Agora, já ninguém mais tem dúvi­
rão prejudicadas e não poderão se habilitar para re­ da do que se pretende. Ainda aquêles que perm ane­
ceber êste auxílio. ciam indiferentes, ainda aquêles que estavam ce­
Desejava, assim, chamar a atenção dos Líderes que gos, aperceberam-se, afinal, que os que ichegairam
se afastaram dêste Plenário, frisando que êste caso é ao Govêrno por acaso, na esteira d a renúncia do
muito sério e muito grave. A Assembléia do Rio Gran­ Presidente eleito no pleito mais memorável que já
de do Sul está comprometida com a opinião pública se realizou neste País, aquêles que ao Govêrno che­
rio-grandense, com os hospitais de caridade, com as ins­ garam por acaso, repito, estão promovendo, estão
tituições pias, com as creches, com os colégios, enfim, realizando a progressiva, a total entrega dêste País
com tôdas aquelas entidades que deverão receber auxí­ uo grupo dos amantes da ditadura comuno-sindical.
lio. Agoira, já puseram todos as unhas de fora, e inves­
Esta lei deveria ter sido votada em dezembro, mas tem, Sr. Presidente, contra tudo. e contra todos que
estamos em 31 de março e ainda não í a f nem se­ se antepõem no seu caminho destruidor.
quer votado ■o substitutivo. O substitutivo não preen­ Esta Casa tem assistido, como exemplo, a uma
che as finalidades; o substitutivo vai criar tremendas di pregação contra a imprensa livre, contra a im pren­
ficuldades. Chamo, pois, a atenção desta Assembléia, sa democrática, contra a sadia im prensa brasileira,
desta Casa porque, como os senhores sabem, engloba contra aquela im prensa que se ergue em defesa da
o percentual a mesma rubrica e, só para que o Es­ liberdade e da democracia. E todos os dias, Sr. P re­
tado envie ao Tribunal de Contas para registro, neces­ sidente, se ouvem nesta Casa as aieivosias e as dia­
sário se torna que tôdas as entidades beneficiadas com­ tribes dos totalitários. A -im prensa rio-grandense, que
pletem a documentação; mas, se uma delas não a com­ constitui um orgulho do povo gaúcho, é diariam ente
pletar, sendo a verba global, tôdas as demais, de acôr­ agravada nesta Casa., ‘ é diáriam ente insultada pelos
do com o substitutivo, de acôrdo com o projeto, esta­ am antes do totalitarism o aue, por engano, do povo
rão vendo seus direitos sonegados. L;vre, para aqui vieram.
Esta a advertência que pretendia deixar, na tarde Por que isto? Precisam ente' porque a imprensà
de hoje, no último dia em que se encontra em Pau do Rio G rande se tem erguido em defesa da De­
ta o Projeto de Lei n .° 367/63. mocracia e das liberdades do povo brasileiro. Ainda
Concluo, Sr. Presidente, dizendo que assim procedi hoje o grande órgão da imprensa gaúcha “Correio
para1 definir posições, para chamar a atenção de meus do Povo", num dos seus excelentes editoriais, in ti­
colegas e principalmente dos líderes das grandes Ban­ tulado “Definição Contra a Mazorca”, ergue a voz,
cadas, do Líder do PTB, que se afastou desta Assem­ cenunciando ao povo brasileiro, denunciando à opi­
bléia e, aqui, dirijo um apêlo ao meu nobre colega nião rio-grandense a verdade, a amarga, a desola-
que se afastou da Assembléia; e aqui eu dirijo um apê­ dora, e arrasante verdade a que o País assiste, ou
lo ao nobre Deputado Antônio Visintainer para que, seja, a destruição daquilo que é um dos grandes an ­
imediatamente, junto à sua Bancada, tome as providên­ teparos das liberdades e da Democracia ou s«ja, a-
cias necessárias, porque como disse de início, se estas destruição da disciplina e da hierarquia ntos seios
providências não forem tomadas, nenhuma entidade no das Fôrças Armadas. -E acentua o “Correio do Po­
Estado, nenhuma entidade educacional, nenhuma entida­ vo” que a indisciplina é prestigiada, é estim ulada
de assistencial do Rio Grande do Sul receberá os au­ pelas próprias autoridades incumbidas pela Consti­
xílios no corrente exercício e por culpa exclusiva desta tuição do comando das Fôrças Armadas, ou seja, p e­
Assembléia, por culpa exclusiva nossa. E quero dizer lo Presidente da República, e, o que é m ais ttrave
mais uma vez que o substitutivo que se encontra para é que: t.Lê:)
exame vai criar tremenda dificuldade a essas entidades
porque se uma, duas, dez ou noventa e nove das cem DEFINIÇÃO CONTRA A MAZORCA
entidades entrarem com os documentos e uma apenas
não entregar a documentação necessária para ser ane­ 3espacho do Rio, ontem divulgado pela “Fôlha
xada aos processos para registro no Tribunal de Con­ da T arde”, dizia que, “num a dirástica mudança de
tas, prejudicará tôdas as demais, porque a verba pre­ atitude”, o nôvo M inistro da M arinha r»solvera “r e ­
vista é global, o percentual é um só, apenas as indi­ vogar a anistia" concedida aos m arinheiros am oti­
cações é que são variadas. nados e determ inar um a investigação geral dos “in­
Esta advertência, Sr. Presidente, desejava fazer, na cidentes” que ocasionaram um a crise na M arinha e
tarde de hoje, aos meus colegas da Assembléia, aos Lí­ nc Govêrno.
deres de Bancadas, enfim, a todos os Deputados para Em prim eiro lugar, está claro, cumptre sanar o
que, em comum acôrdo e com urgência, examinem êste lapso referente à pretensa “anistia”, que teria sido
problema e tomem as medidas acauteladoras, porque do concedida e seria agora anulada, eis que não cabe
«ontrário teremos criado para as entidades do Rio nem ao Presidente d a República quanto m ais a um
Pág. 164 22 de Abril de 1964

Ministro de Estado decretar anistia, medida que só tuitos daqueles que am am a tirania, que desejam a
pode ser decretada peio Congresso Nacional, por &er supressão dás liberdades, que anseiam pela' queda
de sua exclusiva competência, de acôrdo com a Cons­ ao regim e democrático, na nossa Pátria.
tituição, enquanto ela estivor em vigor e não fôr A condenação que se tem ouvido, nesta Casa, e
im plantada a “República Sindical” dos sonhos de Bom que se diga, não abrange, apenas, o grande jo r­
certos líderes de triste figura e do exército de “pe- nal de Caldas Júnior, mas se esíende, também, a
legos” que êlas estão m anobrando dentro dos sin­ outros órgãos da im prensa pôrto-alegrense, como a
dicatos, d as escolas e, já agora não se pode ter mais “Folha da Tarde”, o “Diário de Notícias”, o “Jornal
dúvida, desgraçadamente, também dentro das pró­ do D ia”, que se puseram na defesa das liberdades,
prias Fôrças Armadas. a começar pela liberdade de imprensa sem a qual
Mas, admitamos, para argum entar, que a inves­ r.ão há Democracia, das liberdades sem as quais, não
tigação se promova e surp-.eendentemente venha a é possível que o povo brasileiro alcance aquelas re ­
te r oomo desfècào a punição dos culpados. Não en­ formas e aquelas modificações por que êle anseia e
tra rá aí, então, a autêntica (mas mal inspirada) que lhe virão proporcionar melhores condições de
anistia proverbial, como a que está sendo discutida vida. Ainda hoje, nesta Casa, ouvimos, dos totaíitá-
no Congresso em favor dos responsáveis pela inten- rios, agressões à “Fôlha da T arde” e ao grande jo r­
tona dis Brasília? nalista A rlindo Pasqualini que vem realizando, pelas
Porque a verdade, a am arga, a desoladora, a ar- colunas do vespertino da cidade, uma grande cam­
rasante verdade, é a que, desassombradamente, dis­ panha de pregação democrática, denunciando a fa l­
seram os alm irantes e oficiais da Armada, no seu sidade que m ora no coração dos pregoeiros das re ­
“Aviso à Nação”, e o Clube Naval, na sua “partici­ formas de base, dos pregoeiros das reform as de ba­
pação”, tam bém à Nação, a propósito da grotesca se que estão no Govêrno e que liada fizeram no
dêmonstração havida n a sede do Sindicato dos Meta­ sentido de reform ar, mas que apenas têm promovido
lúrgicos, na Guanabara. A solu'ção imediata, m andan­ a deformação das nossas instituições, a conspurcação
do em paz os m arujos sublevados, para que fôssem das nossas instituições, a maculação <!o que o B ra­
rom per a A leluia e festejar a Páscoa com suas fa­ sil tem de mais sagrado e de m ais solene, inclusive
mílias, e que foi a que funcionou como um impacto, e. maculação dos sentim entos familiares,
eôbre o espírito popular, não passou de um “acober- O SR. PRESIDENTE iDarcy Conceição) — T er­
tam ento à indisciplina", como se declara no manifes­ minado o tempo de V. Exa.
to do Clube Naval. E isso porque, como ainda se O SRA ÍONÓRIO SEVERO — Já concluo, aten-
diz no mesmo manifesto, “o ato de indisciplinai p ra ­ tendendo a- advertência de V. Exa. Ainda entem,
ticado por um grupo de m ilitares foi acobertado pe­ o grande jornalista, num magnífico artigo intitulado
la autoridade constituída, destruindo o princípio de “O Presidente escolhe M inistro”, m ostrava por on­
hierarquia, fundam ental em qualquer organização, de caminham os reform istas e dizia que é possível,
principalm ente nas m ilitares”. Além de que “os la- d jante das declarações do nôvo Ministro da M arinha
menitáveis acontecimentos foram o resultado de um dêsse Govêrno reform ista, que, daqui por diante, os
plano executado com perfeição e dirigido por um oficiais casados pelo juiz e pelo padre venham a ser
grupo, já identificado pela Nação Brasileira como considerados transgressores da disciplina, “transgres­
interessado na subversão geral do País, com caracte­ sores da disciplina, em caráter grave, com pena de
rísticas nitidam ente comunistas”. reclusão na Ilha das Enxadas” ou, quem sabe, tam ­
O mais grave, o que im porta ser devidam ente as­ bém de exclusão das fileiras m ilitares. E ’ esta a
sinalado e posto em relêvo, pelo que substancialm en­ reform a que os reform istas das Arábias estão fazen­
te significa e pelas inferências a que poderá d ar lu ­ do, é esta a reform a das instituições jurídicas, polí­
gar, “é que não se tra ta de um a indisciplina sem ticas, econômicas e sociais que estão realizando: é
m aior expressão, de simples e vulgar insubordina­ a reform a da anarquia, é á reform a da subversão, é
ção de quartel, mas de uma indisciplina dirigida de e reform a da desmoralização de tudo o que há de
fora paira dentro e com finalidades inequivocamen­ mais solene e mais sagrado nas instituições, nos cos-
te políticas e revolucionárias, pois o que se quer é . t-umes, na Lei, na Constituição, enfim, na vida do
a ab-rogação da ortiem constitucional para ser subs­ País. E ’ natural, pois, que um jornalista que descre­
tituída por aquela que seria imposta por decreto e ve com a felicidade como vem o jornalista A rlindo
provavelm ente submetida a plebiscito, à moda de Fasqualini descrevendo a realização da mozorca que
Mussolini, H itler ou Perón. o Govêrno Federal está promovendo se faça eivo da
E ’ o caminho ou, melhor, são os atalhos, os es­ injúria e da orítica dos afeiçoados da ditadura.
curos e tortuosos atalhos, através dos quais se inten­ O Sr. Paulo Brossard — V, Exa. permite? (As­
ta chegar a lim a suposta democracia eem idireta e sentim ento do orador). Na m archa que vai, prospe­
plebiscitaria, que na realidade, no esquema aristo- rando as idéias do nôvo Ministro da Marinha, a pró­
télico, não seria um a república dem ocrática ou po­ xim a reform a de base, certam ente, será a da disso­
pu lar e nera sequer um a república aristocrática (dí- lução do casamento indissolúvel e monógamo. ..
i-igida por u 'a m inoria), pois, im plantada que fôsse, O SR. HONÓRIO SEVERO — Assim se vai rea­
quem passaria a governar seria um a oligarquia de lizando a democratização da sociedade brasileira. A
“pelegos”. punição ao casamento parece que será a grande re ­
Contra tudo isso é que está conclamada, para forma a ser pregada, no futuro próximo.
reagir, em favor da preservação da ordem constitu­ Sr. Presidente. V, Exa. já m e advertiu de qua
cional e democrática, a opinião nacional, através de o meu tempo está concluído. Retiro-me da tribuna,
todos os seus autênticos líderes, a começar pelos go­ deixando apenas daqui, desta tribuna, enquanto pos­
vernadores de Estados, que outra coisa não terão sa falar dela ao povo rio-grandense, a m inha soli­
e fazer, na reunião program ada para' depois de am a­ dariedade à imprensa gaúcha, que, em boa hora, vem
nhã nesta capital, senão se definirem contra a m a­ reagindo contra êets caótico estado de coisas. A m i­
zorca. nha solidariedade e o meu modesto estímulo a A r-
(Após a leitura) — Um jornal que assum e uma iindo Pasqualini, porque, enquanto houver jornalis­
posição destas, de veem ente condenação aos desor­ tas como A rlindo Pasqualini, enquanto houver jo r.
deiros, aos mazorqueiros, aos que estão im plantan­ nais como os da im prensa gaúcha, que se levantam
do gradativam ente a ditadura com unista na nossa oomo um a só voz em defesa da liberdade e da D e.
W triü. tem de merecer, como está recebendo, os in ­ mocracia. temos a certeza, Sr. Presidente e Srs. De-
jis 22 de Abril de 1964 Pág. 165

dos, de que não será fácil aos em preiteiros da ra” de Canoas 40 hectares de terra. Pediu-lhes, entre­
duira a vitória, a vitória que tantas vêzes parece tanto, que esperassem 15 dias, enquanto* se processam
sorrir e que lhes escapa das mãos quando o entendimentos. O sr. João referiu-se, também, a Adão
j brasileiro se ergue, como se levantou o povo da Silva, um elemento que se infiltrou entre as famí­
eiro e ° povo paulista e como se levantará, em lias dos “Sem Terra”, acusando-o de estar pregando de­
;e, o povo gaúcho, para dizer onde está o povo, sordem e agitando os agricultores, aconselhando-os, in­
i dizer, em praça pública, com quem e com que clusive, a não aceitarem as terras que serão doadas peio
sa está o povo brasileiro, o povo orasileiro que 1 ■overno do Estado.
j se confunde com os marujos rebelados so bo es-
ulo do Govêrno, do Partido Comunista e do CGT (Após a ieitura). '
; não se confunde com aquela massa arrebanha- Vejam, Srs. Deputados, veja, Sr. Presidente, a ver­
pelo Govêrno, à custa do dinheiro da Nação pa- dade aqui reposta na declaração, por todos os títulos
o icomício die 13 de março; que não se confunde válida, do próprio Presidente da Associação dos Agri­
n nenhum a dessas parcelas m inoritários que são cultores Sem Terra da Vila Rio Branco, e veja como
.-ebanhadas pelo Govêrno para prestigiar em praça se procura distorcer fatos desta ordem com o objetivo
blica, — guarnecidas, infelizmente, por tanques manifesto, com o objetivo de incompatibilizar o Go­
i Exército Nacional — a pregação to ta litá ria . dos vêrno do Estado com a opinião pública e especialmen­
munisías aliados com conheç.dos fascistas cabo- te com os menos afortunados, tentativa esta que nada
3s. (Palmas). mais significa e nada mais é do que uma cortina
(Discurso revisto peio orador). de fumaça para encobrir, para distrair, e para despis­
O SR. PRESIDENTE — A seguinte inscrição é do tar a opinião púbiica do Rio Grande relativamente ao
sputado Antônio Visintainer, que cedeu o seu tem- que se faz no cenário da República, onde todos os
j ao Deputado Darcy Conceição. Assim sendo, con- desmandos são praticados, onde se cometem as maio­
ido a palavra ao nobre Deputado. res agressões contra a própria Constituição e se cria,
O S2. DARCY CONCEIÇÃO — Sr.. Presidente e mercê destas ações, um climá de insegurança, de in­
rs. Deputados. Inúmeras vêzes nesta Casa, neste Ple- quietação e de intranqüilidade, artificialmente forjado pa­
ário, nesta tribuna têm sido feitas as críticas mais ra ensejar aquêle ambiente necessário para a consecução
andentes, as yecriminações contra a atuação do Go- dos fins nefastos a que se propõem os inimigos da
êrno no que diz respeito à sua conduta em relação Democracia.
ios agricultores sem terra e, entretanto, sabe o povo Sr. Presidente e Srs. .Deputados. Em boa hora des­
•io-grandense da isenção, da maneira correta, pacffica, perta a consciência nacional e a todos os movimento9
patriótica que S. Exa. o Sr. Governador do f^pdo legítimos que se esboçam neste País, procurando con­
vem desenvolvendo no sentido de equacionar e procu­ gregar os legítimos democratas para uma crazada con­
rar a melhor solução para os problemas pertinentes. à tra as más intenções dêsses -pseudos líderes, dêsses maus
questão de terra para agricultores que desejam cultivá- brasileiros que querem escravizar a nossa Pátria, hipo­
las. tecamos desta tribuna a nossa mais irrestrita solidarie­
Tenho aqui em meu poder uma no«»ia publicada dade, o nosso apoio, afirmando mais, que êste é o
no “Jornal do Dia” de 20 de março de 1964, em que único caminho para que encontremos urgentemente a so­
faz referência a declarações prestadas pelo Presidente da lução para os problemas angustiantes desta pobre Pá­
Associação de Agricultores sem Terra da Vila Rio Bran­ tria que deseja viver em paz. democràticamente e era
co, do Município de Canoas, em que vemos, desde liberdade. Oxalá, Sr. Presidente e Srs. Deputados, pos
logo, de forma clara e insofismável, que muitas distor­ samos ainda muitas vêzes assomar a e>ta tribuna pa­
ções têm-se procurado fazer relativamente ao incidente ra, interpretando os sentimentos e o pensamento po­
surgido com êstes agricultores. Diz a declaração o pular, aqui praticarmos a Democracia. No entanto, te­
seguinte: nho sérios temores e muitas apreensões, em face dos
norizontes sombrios que toldam os céus da nossa Pá­
(Lê:) tria, que isto talvez não possa acontecer, porque assim
não o querem aquêles que se intitulam defensores do
'3r. João Lopes da Silva, Presidente da Associa­ povo, aquêles que querem minorar a sorte dos qus
ção. sofrem, mas em realidade, dentro de um esquema adre-
demente preparado, estão levando a “pari passu” êsts
"Sem Terra” esclarece ocorrência com policiais — País para o caminho da escravidão, do servilismo, orien­
O sr. João Lopes da Silva, presidente da Associa tados por seus mentores intelectuais ligados a Moscou e
ção dos “Sem Terra” da Vila Rio Branco, município à pobre e infeliz ilha do Caribe, de Fidel Castro.
de Canoas, estêve ontem à tarde na Divisão de Ordem (Palmas). (Discurso não Tevisto peio orador).
Política e Social, a fim de esclarecer o que ocorreu O SR. PRESIDENTE — O seguinte orador ins­
na sexta-feira última entre policiais daquela divisão e crito é o Deputado Antônio Visintainer. (Pausa). Au­
os agricultores “Sem Terra” que estão acampados ao sente S. Exa., com a palavra o Deputado Otávio Ger­
longo da rodovia BR-2, naquele município. Foi noti­ mano. (Pausa). Também ausente, concedo a palavra ao
ciado que os policiais ao chegarem no acampamento dos Deputado Artur Bachini. (Pausa). Osmany Veras. (Pau­
“Sem Terra” retiraram e rasgaram uma bandeira, que sa). Heitor Campos (Pausa). Alfredo Hoffmeister. (Pau­
havia sido colocada numa das barracas e que uma mu­ sa). Hed Borges. (Pausa). Brusa Netto. (Pausa). La­
lher teve suas vestes prêsa das chamas, fogo ateado pe maison Pôrto. (Pausa). Justino Quintana. (Pausa). Nel­
Ios policiais da DOPS. O presidente da Associação son Marchezan. (Pausa). Fidélis Coelho (Pausa).
dos “Sem Terra” de Canoas afirmou que nada disso Todos ausente. Não havendo mais inscrição, e se
ocorreu e que os policiais, que eram comandados pov nenhum dos Srs. Deputados desejar fazer uso da pâla-
um delegado, sómente foram ao acampamento para ob­ vra, vamos encerrar a presente sessão, antes convocan­
servar o que ali estava se passando e não tomaram qual­ do outra para amanhã, à hora regimental, com a Or­
quer atitude contra os “Sem Terra” e até trataram os dem do Dia constante dos avulsos distribuídos aos Srs.
agricultores, ali acampados, com consideração. Quanto ao Deputados.
caso da mulher — referiu-se o sr. João Lopes da Stl- Deixaram de comparecer os Srs. Deputados:
va — ela foi preparar café e quando retirou a panela Siegfried Heuser, Wilmar Taborda, Arliudo K.U’
do fogo a água derramou em seu pé, queimando-a. •> Gudbem Castanheira.
Em seguida, o sr. João Lopes da Silva informou que
Q Governador Ildo Meneghetti prometeu aos “Sem Ter Levanta-se a sessão às 18,00 horas,.
Pág. 163 22 de Abril de 1964 A

COMISSÃO DE FINANÇAS E ORÇAMENTO II — 40% para a execução de um program,


obras, serviços e auxílios em favor da cultura
Projeto de Lei N.° 91/G3 pular em geral, assegurada a prioridade das seg
tcs iniciativas:
729/63
a) conclusão das obras do Auditório An
Dep. Flávio Ramos Viana, em P ôrto Alegre;

Institu i a Taxa de Desenvolvimento b) instalação de centros comunitários de cult


da Cultura Popular, e dá outras popular, na forma estabelecida em D ecreto do
previdências. c e r Executivo.

16.5.63. Sala Joaquim Murtinho, 13 de novembro de li

D ep. Honório Severo Honório Severo


* Relator
Favorável, com emendas.-
A ry Delgado
Apresentado pelo nobre deputado Flávio Ramos Presidente
e mais 43 representantes, o projeto de lei n.° 01/63
"in stitu i a Taxa de Dsenvolvimento da Cultura Po­ Flávio Ramo»
pular, e d á outras providências” .
O expediente, de maio do corrente ano, vem sen­ Siegfried H euser
do dem oradam ente estudado em diversas comissões
técnicas desta Casa. Justino Quintana
Nesta Comissão de Finanças e Orçamento a ma­
téria foi longamente debatida, tendo sido, inclusi­ A lberto Hoffmann
ve. objeto de discussão em várias sessões extraor­
dinárias. Alfredo Hofm eister
O relator, resumindo o pensamento unânim e
dos membros dêste órgão, exará' parecer favorável 7!"dija-se assim o art. 2.°:
ao projeto, com as emendas anexas.
As emendas resultam dos entendim entos e es­ "A rt. 2 .' — O Departam ento da Loteria do Es,
tudos realizados nesta Comissão. tado fará a aplicação da percentagem prevista no
inciso I d“o artigo 1 ° efetuando, mensalmente, o pa­
Com as emendas desta C. F. O ., parecer íavo- gam ento às entidades destinatárias na proporção do
Tével. número de doentes-dias gratuitos assistidos.
Sala Joaquim Murtinho, 13 de novembro de 1903. § 1.° — Incumbe à Cecretaria da Saúde m antef
atualizado o cadastro dos doentes-dias gratuitos das
Honório Severo entidades hospitalares beneficiadas por esta lei, co­
Relator municando ao Departam ento da Loteria os dados ne­
cessárias para a efetivação dos cálculos do rateio.
A ry Delgado
Presidente § 2 .° — O pagamento âs enticades sediadas no
in terio r poderá ser, feito, pelo D epartamento da
Flávio Ramos L oteria do Estado, m ediante remessa para crédito
da conta das mesmas no Banco d a Estado do Rio
G rande do Sul, S .A .” .
Siegfried H euser
Sala Joaquim Murtinho, 13 de novembro de 1963.
Justino Q uintana
Honório Severo
Alberto Hoffmann Relator
Alfredo Hofm eister \ Ary Delgado
P residi ^ .e

Flávio Ramos
Dê-se a seguinte redação ao a rt. l.«:
Siegfried Heuser
“ A rt. l.° — O produto da percentagem a aue
se refere o artigo 11 do Decreto-Lei n.° 1.350, de Justino Q uintana
15 de janeiro de 1947, te rá a seguinte aplicação:
Alberto Hoífmann
'I — 60% para auxilio ordinário a entidades hos«
pitalares, assim distribuídos: Alfredo Hofmeistei
a) 30% sa ra as Santas Casas de Misericórdia
cu de Caridade do Estado; Dê-se a seguinte redação ao art. 3.*:
b) 30% para os hospitais do interior do E sta­ “ A rt. S.° — A percentagem prevista no inciso
do, mantidos por outras entidades pias ou caritati- II do artigo 1.° será, mensalmente, recolhida pela
v*S que atendam , anualm ente, no mínimo, vizttc D epartam ento da Loteria do Estado ao Banco do Es-
s u l doentes-dias. em carater de aratuidadeí todo do Rio G rane do Sul, S .A ., « i conta espeeial,
Digitally signed by RIO GRANDE DO SUL
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA:88243688000181
Date: 2014.09.22 11:15:17 -03:00
Reason: PUBLICAÇÃO MEMORIAL AL RS
Location: Porto Alegre - RS - BR

Você também pode gostar