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Dissertação Thamiris Paiva - Vfinal (09!11!21)
Dissertação Thamiris Paiva - Vfinal (09!11!21)
Cuiabá - MT
2021
THAMIRIS STEPHANE ZANGESKI NOVAIS PAIVA
Cuiabá - MT
2021
INSTITUTO FEDERAL DE MATO
GROSSO
Autarquia criada pela Lei n° 11.892 de 29 de Dezembro de
2008
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA
À minha família, por todo o apoio e suporte que prestaram para que eu
pudesse me dedicar a concluir este projeto tão importante em minha vida. Com
vocês, eu aprendi a valorizar a educação e que há sempre algo novo a se aprender.
Ao meu esposo, pelo cuidado e apoio em todos os momentos. Às minhas
filhas, minhas “companheirinhas” de vida, por me instigarem a ser uma mulher cada
vez melhor e buscar um mundo mais justo e igualitário, onde elas possam crescer
com liberdade e segurança.
Ao Instituto Federal de Mato Grosso, em especial ao programa do Mestrado
Profissional em Educação Profissional e Tecnológica - ProfEPT, que me
proporcionou esta experiência tão rica.
Aos professores do programa, que de forma tão gentil, compartilharam seus
saberes e acrescentaram muitos ensinamentos à minha vida.
Aos servidores do IFMT, que auxiliaram na pesquisa e sempre foram solícitos
às minhas dúvidas e necessidades.
Aos colegas de turma, com quem tive o prazer de dividir diversos momentos
de alegria, dúvidas, aprendizado e até mesmo os momentos de tristeza.
Aos professores da banca de qualificação do projeto e defesa da dissertação,
pelas fundamentais contribuições à pesquisa.
À minha orientadora, por sua generosidade em partilhar tantos
conhecimentos, sua compreensão e apoio constantes.
Às estudantes que participaram da pesquisa e voluntariamente
compartilharam suas vivências e sonhos, o que tornou este trabalho ainda mais rico
e especial.
À Altia Podcasts Criativos, que acreditou no potencial deste trabalho e
transformou os poderosos relatos das estudantes no podcast “Ciência, Tecnologia e
Meninas”.
A cada um de vocês, a minha mais sincera gratidão.
RESUMO
The history shows that the world of work and the production of knowledge, especially
in Science and Technology, were occupied and developed, mostly, by men,
reiterating from this, the stereotypes of the social role of gender; there is, on the other
hand, a remarkable and continuous expansion of women in these fields. This
advance has occurred through the increasing participation of women in the world of
work and by the increase in women's educational levels. In this context, the objective
of this research was to understand how the experiences lived in high school can
influence women's choices regarding their decisions of formation, work, and career.
For this, a field and exploratory research was developed, of an applied nature and
with a mostly qualitative approach, in which the research locus was the Federal
Institute of Mato Grosso (IFMT), Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva. The
results indicate that women are a minority in the courses objects of the research, and
that this phenomenon is repeated in the other Federal Institutes of Brazil, which offer
the same courses. It was also possible to notice that this problem is related to the
Technological Axis and teaching area of the courses (Engineering and Information
Technology), which, historically, have been occupied, mostly, by men. Another
important result of this research is that the experiences of the women students in the
courses surveyed have impacted their future decisions of education and career and
that gender inequality is a factor that considerably impacts this choice. Finally, from
this research, an Educational Product was developed, “Ciência, Tecnologia e
Meninas” podcast, with the objective of sharing the perceptions of the women
students, participants of the research, in the face of the theme of Gender in the
context of work and Professional and Technological Education.
Gráfico 1 – Ingresso feminino anual (2010 – 2019) no IFMT, Campus Cuiabá – Cel.
Octayde Jorge da Silva ............................................................................................. 49
Gráfico 2 – Evasão feminina anual (2010-2019) IFMT, Campus Cuiabá – Cel.
Octayde Jorge da Silva ............................................................................................. 54
Gráfico 3 – Conclusão feminina anual (2010-2019) IFMT, Campus Cuiabá – Cel.
Octayde Jorge da Silva ............................................................................................. 56
Gráfico 4 – Integrantes na moradia da participante .................................................. 58
Gráfico 5 – Participantes que recebem benefício estudantil .................................... 59
Gráfico 6 – Fatores motivacionais para as participantes estudarem no IFMT .......... 60
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Roda de conversa 1: De onde vim, como estou e para onde vou? ....... 42
Quadro 2 – Roda de conversa 2: Concepções de gênero, no contexto do trabalho e
da EPT ...................................................................................................................... 42
Quadro 3 – Roda de conversa 3: Preparação para a oficina de podcast ................. 42
Quadro 4 – Organização das atividades da oficina - parte teórica ........................... 43
Quadro 5 – Organização das atividades da oficina - parte prática ........................... 44
Quadro 6 – Categoria de análise temática: (1) Motivos para a escolha da Instituição
.................................................................................................................................. 64
Quadro 7 – Categoria de análise temática: (2) Motivos para a escolha do curso
técnico ....................................................................................................................... 67
Quadro 8 – Categoria de análise temática: (3) Vivências das participantes nos
cursos escolhidos ...................................................................................................... 69
Quadro 9 – Categoria de análise temática: (4) Expectativas futuras ........................ 71
Quadro 10 – Subcategoria de análise temática: (5.1) Percepções sobre a
representatividade feminina ...................................................................................... 74
Quadro 11 – Subcategoria de análise temática: (5.2) Relacionamentos, voz,
liderança e conflitos................................................................................................... 75
Quadro 12 – Subcategoria de análise temática: (5.3) Situações de gênero veladas e
explícitas ................................................................................................................... 76
Quadro 13 – Categoria de análise temática: (6) Papéis sociais, estereótipos e
intersecções de gênero ............................................................................................. 80
Quadro 14 – Categoria de análise temática: (7) Impactos do Ensino Médio nas
escolhas futuras, subcategoria (7.1) ......................................................................... 83
Quadro 15 – Categoria de análise temática: (7) Impactos do Ensino Médio nas
escolhas futuras, subcategoria (7.2) ......................................................................... 84
Quadro 16 – Categorias temáticas de análise criadas para classificar e inferir sobre
os relatos das participantes da pesquisa .................................................................. 86
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
2 RELAÇÃO ENTRE GÊNERO, TRABALHO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA ........................................................................................................ 19
2.1 Estudos de Gênero ............................................................................................. 19
2.2 A mulher e o mundo do trabalho ......................................................................... 21
2.3 Gênero e Educação ............................................................................................ 24
2.3.1 Um olhar para a história das mulheres na Educação ..................................... 24
2.3.2 Um olhar para os indicadores atuais de Gênero e Educação ......................... 27
2.4 Gênero na Educação Profissional e Tecnológica ............................................... 28
2.4.1 Um olhar para a criação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica
e Tecnológica e do IFMT ........................................................................................... 29
2.4.2 Um olhar para os indicadores brasileiros da EPT ........................................... 31
3 O PERCURSO METODOLÓGICO ....................................................................... 34
3.1 Caracterização da Pesquisa ............................................................................... 34
3.2 Local da Pesquisa ............................................................................................... 35
3.3. As participantes da pesquisa.............................................................................. 36
3.4 Critérios Éticos .................................................................................................... 39
3.5 Instrumentos de Pesquisa ................................................................................... 39
3.5.1 Coleta dos dados ............................................................................................ 40
3.5.1.1 Questionários ............................................................................................... 40
1 INTRODUÇÃO
Até o início do século XX, o papel da mulher na sociedade era restrito aos
cuidados do lar, do marido e dos filhos. No âmbito familiar, a figura do pai, ou do
esposo, era central, pois tinham a responsabilidade de manter o lar e a família. Nas
situações em que a mulher era a principal provedora, como nos casos das mulheres
pobres e viúvas, por exemplo, os trabalhos realizados por elas eram, em sua
maioria, artesanais, de baixa remuneração e malvistos, pois eram tidos como uma
transgressão do papel social imposto à mulher (PROBST; RAMOS, 2003).
Por se casarem ainda novas, tornarem-se mães e donas de casa, a baixa
escolaridade também era muito comum, uma vez que o desenvolvimento de
habilidades voltadas ao trabalho doméstico (tais como limpeza, culinária, costura,
cuidados com a saúde e criação dos filhos) era mais importante do que a
escolaridade (PROBST; RAMOS, 2003).
Percebe-se assim, que a submissão econômica da mulher à figura masculina
e a baixa escolaridade eram reflexos de sua desvalorização social. Para Abramo
(2007, p. 6-7), esse fenômeno “[...] está fortemente relacionado a uma subvaloração
(econômica e social) do significado do seu trabalho e de seu papel na sociedade”.
A partir da primeira e segunda guerra mundial (1914 – 1918 e 1939 – 1945,
respectivamente), as mulheres adentraram, de forma mais expressiva, no mundo do
trabalho, principalmente nos negócios de família e nas indústrias, pois os homens da
família saíram para lutar nas guerras. Muitos não retornavam e, os que voltavam, às
vezes, encontravam-se impossibilitados de trabalhar (PROBST; RAMOS, 2003).
Nesta jornada, obstáculos se apresentavam às mulheres, tais como, jornada
acentuada de trabalho (até 18 horas por dia) e desigualdade salarial, se comparado
ao trabalho masculino (ABRAMO, 2007). Um dos fatores para esta desigualdade no
mundo do trabalho é a divisão sexual do trabalho, pois “ao mesmo tempo em que
conferem à mulher função básica e primordial de cuidar do mundo privado e da
esfera doméstica, atribuem a essa esfera um valor social inferior ao do ‘mundo
público’ [...]” (ABRAMO, 2007, p. 6).
Ou seja, impõe-se à mulher a necessidade da polivalência, o estereótipo do
“ser mulher”, pois, ainda que ela esteja inserida no mundo do trabalho, a
organização da vida doméstica e familiar são vistas, como de sua responsabilidade.
16
Esta representação do senso comum corrobora para que a mulher esteja sempre em
desvantagem de oportunidades em comparação aos homens.
Igualmente, na área da Educação, a história demonstra que o
desenvolvimento do conhecimento em Ciência e Tecnologia (C&T) foi destinado e
ocupado, majoritariamente, por homens, construindo-se, assim, uma tradição de que
as profissões ligadas a este campo são, a princípio, masculinas. Essas restrições à
participação feminina foram “[...] pautadas por discursos científicos, que postulavam,
a partir de determinações biológicas, que a mulher seria menos capaz de produzir
ciência e tecnologia” (FREITAS; LUZ, 2017, p. 4). Os mesmos autores
complementam que, no senso comum, a representação da pessoa que faz ciência
se dá pela figura masculina, de idade avançada, que, embora casado, não
demonstra preocupação com as questões domésticas e familiares, podendo então
dedicar-se inteiramente ao fazer científico. Logo, essa representação é antagônica
ao papel social que se espera que uma mulher desempenhe.
Diante do exposto, esta pesquisa buscou explorar a seguinte problemática: as
experiências vivenciadas pelas estudantes do Ensino Médio Integrado (EMI), das
áreas da C&T, influenciam em suas escolhas sobre formação, trabalho e carreira?
Justifica-se a relevância de estudar a vivência feminina no Ensino Médio, por
esta fase ser um marco na vida das estudantes. Pois, em geral, estão em plena
construção e descoberta de si, enquanto seres sociais, políticos e cidadãs. E, por
meio dessas construções, que antecedem a fase adulta, as escolhas sobre o futuro
pessoal e profissional podem ser impactadas por suas vivências escolares.
Ademais, se de um lado pode haver os sonhos de uma formação e carreira
profissional de sucesso, de outro há uma série de desafios e fatores que
influenciarão este futuro, dentre eles a desigualdade de gênero e suas
interseccionalidades com a cor, etnia e classe. Inclusive, Soares (2002) afirma que
há uma falsa ideia no capitalismo de que o indivíduo possui inúmeras possibilidades
de escolha, quando na realidade suas alternativas são delimitadas por sua classe
social.
Sendo assim, além de investigar as vivências femininas nos cursos de C&T, é
importante conhecer as características das estudantes, os motivos e oportunidades
que as fizeram adentrar no universo da Educação Profissional e Tecnológica (EPT),
bem como os desafios encontrados nessa jornada e as expectativas para o futuro.
17
por exemplo, o sexo feminino era desqualificado por Aristóteles, que considerava as
mulheres seres inferiores e incapazes (GALINKIN; BERTONI, 2014). Desta forma, a
mulher tinha sua vida restrita ao mundo privado, suas responsabilidades eram as de
procriar, criar os filhos, realizar os trabalhos domésticos e servir às necessidades
dos homens.
Apesar de, atualmente, a participação social da mulher não estar mais restrita
e condicionada à esfera privada, uma vez que ela está cada vez mais presente no
mundo do trabalho, estudos demonstram que a responsabilidade pelo universo
privado ainda continua sendo majoritariamente da mulher. Nesse sentido, em 2013,
a Comissão de Estatística das Nações Unidas (United Nations Statistical
Commission) propôs o “Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero” - CMIG1
(Minimum Set of Gender Indicators - MSGI) com o intuito de possibilitar subsídios
para o debate dos estudos de gênero, mensurar as desigualdades em nível mundial
e estabelecer uma metodologia para promover harmonização e comparabilidade
adequada entre países. Desde então, o CMIG tem desempenhado o papel de guia
para os países na produção de estatísticas de gênero.
Inclusive, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018; 2021)
utilizou-se de alguns indicadores de gênero, propostos pelo CMIG, e desenvolveu o
estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, no qual
apresentou um panorama das desigualdades de gênero no Brasil, a partir de cinco
domínios2: (i) estruturas econômicas, participação em atividades produtivas e acesso
a recursos; (ii) educação; (iii) saúde e serviços relacionados; (iv) vida pública e
tomada de decisão; e (v) direitos humanos das mulheres e meninas.
Neste estudo, o IBGE ressalta a importância da produção de indicadores de
gênero para o atendimento de dois objetivos:
[...] enriquecer o debate, proporcionando informações destacadas sobre o
tema, e corroborar a importância de se manter uma agenda pública
1
Constituído por 63 indicadores (52 quantitativos e 11 qualitativos) que refletem o esforço de
sistematização de informações destinadas à produção nacional e à harmonização
internacional de estatísticas de países e regiões com relação à igualdade de gênero e ao
empoderamento feminino (IBGE, 2018).
2
Os domínios utilizados no estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres
no Brasil” estão relacionados a uma ou mais áreas de concentração da Plataforma de Ação
de Pequim, de 1995. Esta Plataforma foi a consolidação do resultado da IV Conferência
Mundial sobre as Mulheres (Fourth World Conference on Women), onde foi formalizado um
conjunto de objetivos estratégicos nas áreas definidas como prioritárias, bem como ações
necessárias para atingir a igualdade de gênero
(http://www.un.org/womenwatch/confer/beijing/reports/) (IBGE, 2018).
21
Apesar de o estudo ser composto por cinco domínios, nesta pesquisa foram
destacados apenas os indicadores referentes aos domínios “Estruturas econômicas,
participação em atividades produtivas e acesso a recursos” e “Educação”. O primeiro
será tratado na subseção 2.2 e o segundo será abordado na subseção 2.3.
A partir do contexto dos estudos de gênero, destaca-se outra vertente
passível de análise e que traz importantes reflexões sobre a vida da mulher, que é a
sua inserção social como força de trabalho – como descrito a seguir.
Esta é uma realidade ainda comum nos tempos atuais, tanto que, a Catho
(2021), empresa de tecnologia que funciona como um classificado online de
currículos, vagas e soluções de recrutamento, publicou, em 2021, uma pesquisa
salarial que demonstra que a remuneração das mulheres são, em média, 34%
menores que a dos homens, em todos os cargos de liderança. Especificamente para
profissionais técnicos, esta diferença sobe para 47%.
Abramo (2007) caracteriza esse fenômeno, a partir da concepção da mulher
como “força de trabalho secundário”. Segundo a autora, como tradicionalmente a
mulher deveria ser sustentada pelo homem, ela não precisaria tanto do trabalho e
nem receber um salário equivalente ao do homem.
Nesta mesma direção, nos estudos “Estatísticas de gênero: indicadores
sociais das mulheres no Brasil”, publicados pelo IBGE3 (2018; 2021), no domínio
“Estruturas econômicas, participação em atividades produtivas e acesso a recursos”
constam três indicadores que merecem atenção, por retratarem questões
importantes sobre a temática “gênero e trabalho”, os quais são descritos a seguir.
O primeiro indicador trata do “número médio de horas semanais dedicadas
aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos, por sexo”. Os dados
demonstram que, no Brasil, este tipo de trabalho não remunerado tem sido
realizado, majoritariamente, por mulheres. No ano de 2016, as mulheres dedicaram
cerca de 73% a mais de horas semanais (18,1 horas) a esta função do que os
homens (10,5 horas) (IBGE, 2018). Já em 2019, este índice aumentou para cerca de
95% – sendo 21,4 horas de trabalho feminino contra 11,0 horas masculino (IBGE,
2021).
Em um recorte por cor ou raça, os números demonstram que mulheres pretas
ou pardas são as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e/ou aos afazeres
domésticos, se comparado às mulheres brancas (IBGE, 2018; 2021). Isto significa
que por mais que a participação da mulher no mundo do trabalho venha
aumentando, ela ainda é a principal responsável pela execução das atividades
relativas à esfera privada (atividades domésticas e cuidados de pessoas).
Esse fator tem relação direta com a divisão sexual do trabalho, pois mulheres
que precisam conciliar o trabalho remunerado com as atividades relativas ao mundo
3
A primeira edição do estudo (IBGE, 2018) foi publicada no ano de 2018 e se refere à
pesquisa realizada em 2016. Já a segunda edição (IBGE, 2021), foi publicada em 2021 e diz
respeito à pesquisa executada/efetivada em 2019.
23
privado estão mais suscetíveis ao trabalho com carga horária reduzida (part-time),
precarizado e desregulamentado. A exploração do trabalho feminino também é
abordada por Antunes e Alves (2004) que afirmam que esta é a forma como a força
de trabalho feminino vem sendo absorvida pelo capital.
O segundo indicador do estudo do IBGE (2018; 2021) apresenta a “proporção
de ocupados em trabalho por tempo parcial, por sexo”. É possível verificar nas duas
publicações que, mesmo quando as mulheres estão empregadas, a sua maior
dedicação às atividades domésticas e de cuidado tendem a impactar na sua
inserção no mundo do trabalho, marcada pela necessidade de conciliar a dupla
jornada de trabalho (remunerado e não-remunerado). Em 2016, a proporção da
ocupação feminina, em tempo parcial, foi de 28,2%, contra 14,1% da ocupação
masculina (IBGE, 2018). Em 2019, este percentual aumentou para 29,6% e 15,6%,
respectivamente (IBGE, 2021).
Este indicador também demonstra o recorte de cor ou raça, em que mulheres
pretas ou pardas exerceram mais trabalho em tempo parcial do que as brancas –
sendo 31,3% de mulheres pretas ou pardas e 25,0% de mulheres brancas, em 2016
(IBGE, 2018), aumentando para 32,7% e 26,0%, respectivamente, em 2019 (IBGE,
2021).
Nesta conjuntura, faz-se necessário, ainda, explicitar um terceiro indicador,
denominado “rendimentos médios do trabalho”. Este indicador aponta que, em 2016,
a remuneração das mulheres correspondeu a 75% da remuneração dos homens
(IBGE, 2018) e, em 2019, este índice aumentou para 77,7% (IBGE, 2021). Esta
desigualdade observada pode estar relacionada a fatores como segregação
ocupacional e discriminação salarial das mulheres no mercado de trabalho,
mantendo, assim, uma desigualdade de inserção ocupacional feminina (IBGE, 2018;
2021).
Além desses indicadores, é importante mencionar que os trabalhos de Marx e
Engels também contribuem para este debate, ao demonstrarem que se pode
desdobrar o estudo de gênero, de forma a refletir sobre os fenômenos relativos ao
“ser mulher” dentro da desigualdade de uma sociedade de classes. Neste sentido,
Bittencourt (2015, p. 1) complementa que:
É preciso imprimir questão de gênero na classe, isto é, “des-homogeneizar”
a classe trabalhadora a fim de perceber que as mulheres sofrem de
opressões diversas dos homens, as quais implicam que sejam as mulheres
a maior parcela da classe trabalhadora e miserável, especialmente no
cenário de capitalismo periférico, em que as mulheres, predominantemente
24
criação e educação dos filhos, que deveriam se tornar cidadãos de bem (LOURO,
2004).
No Brasil, uma das precursoras na luta pelo direito das mulheres à educação
foi Nísia Brasileira Floresta Augusta (1810 - 1885), que nasceu no Rio Grande do
Norte e mostrou-se uma mulher à frente de seu tempo e preocupada com a
educação da mulher. Fundou e dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e foi
uma escritora que, apesar de não ter seu reconhecimento na literatura brasileira,
escreveu diversos livros e ensaios, em três idiomas, nos quais defendia os direitos
de mulheres, índios e escravos, além de ter publicado diversos textos em jornais de
grande circulação (DUARTE, 2010).
Nísia Floresta também recebeu a alcunha de “precursora do feminismo” no
Brasil e em toda América Latina, após publicar uma adaptação à realidade nacional
da obra de Mary Wollstonecraft “Vindications of the rights of woman” que, em
português, recebeu o título de “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”; a obra
original é considerada, atualmente, como uma das obras fundadoras do feminismo
mundial. As duas autoras buscaram acentuar a importância da mulher na sociedade
e o papel secundário relegado a elas. Porém, Nísia Floresta dedicou seus esforços
em questões sobre a emancipação da mulher pela educação, enquanto
Wollstonecraft lutava, também, pela emancipação política (DUARTE, 2010).
Outras mulheres brasileiras, contemporâneas de Nívea Floresta, também se
destacaram na luta pela emancipação feminina por meio da educação, da
participação política e social, tais como Maria Lacerda de Moura (1887 – 1945),
professora e escritora, e Bertha Lutz (1894 – 1976), ativista do movimento sufragista,
também professora, pesquisadora, cientista e política. Estas e muitas outras
mulheres fizeram parte das lutas e conquistas dos direitos femininos mais
elementares, como a educação de qualidade e mais igualitária.
A despeito da democratização do acesso à educação, Bourdieu (1999)
aponta que a sexualização dos cursos e carreiras persiste. Inclusive, no que tange à
participação da mulher na área de Ciência e Tecnologia, especificamente, é
perceptível que este não foi um lugar tradicionalmente destinado a elas. Apesar de
Freitas e Luz (2017) afirmarem que o “fazer Ciência” e o “criar Tecnologia” são um
processo em que as relações de poder se encontram intrincadas, os autores
também destacam que as mulheres produziram C&T no decorrer da história, no
entanto, por diversos motivos, não obtiveram seu reconhecimento:
27
Neste contexto, Ribeiro et al. (2020, p. 105) afirmam que a “relação de gênero
com tecnologia é tão antiga quanto a própria tecnologia”. Além disso, destacam a
problemática da baixa representação feminina na área da Computação e
demonstram que existem ações direcionadas para o aumento da diversidade e
inclusão de mais mulheres, em áreas específicas da Computação, tais como,
Inteligência Artificial, Interação Humano-Computador, Banco de Dados e Big Data.
Percebe-se, ainda, que a desigualdade de gênero impacta, também, em
menores remunerações. Uma pesquisa salarial publicada pela Catho (2021) apontou
que somente 19% da área da Tecnologia é composta por mulheres e, geralmente, o
salário delas é 11% menor que o dos homens. Para o cargo de Engenheiro(a) de
Sistemas Operacionais em Computação, por exemplo, esta diferença aumenta para
33%.
4
“Esse indicador mede a proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino
adequado a sua faixa etária, incluindo aquelas que já concluíram esse nível, em relação ao
total de pessoas da mesma faixa etária. Logo, o complemento desse indicador apresenta o
percentual da referida população com atraso escolar, resultante de repetência e/ou abandono
escolar” (IBGE, 2018, p.6).
28
Para isso, “[...] o foco dos Institutos Federais será a justiça social, a equidade,
a competitividade econômica e a geração de novas tecnologias” (MEC, 2010, p. 3).
Já o IFMT, para além da formação profissional, técnica e contributiva para o
desenvolvimento econômico “[...] compreende ainda a necessidade de uma
educação emancipadora que, numa perspectiva histórica, aponte para a superação
das desigualdades de classe, gênero e raça” (IFMT, 2018a, p. 63).
Isso significa que a instituição compreende a relevância da busca pela
mitigação de fatores que culminam em desigualdades, sobretudo de oportunidades,
aos cidadãos, em decorrência do exercício da sua diversidade.
O respeito à diversidade é uma forma de garantir que a cidadania seja
exercida e os vínculos sociais fortalecidos. Trata-se de uma atitude política
para com a diversidade gerada pelas diferenças de classe, gênero, etnia,
diversidade sexual, capacidades, enfim, de atributos que fazem parte da
identidade pessoal e definem a condição do sujeito na cultura e na
sociedade. O desenvolvimento de atitudes de tolerância e respeito à
diversidade tem a ver com o direito à educação, o direito à igualdade de
oportunidades e o direito à participação na sociedade. Por isso mesmo,
representa um grande desafio a ser enfrentado pelos sistemas de ensino na
construção das suas bases político-pedagógicas (IFMT, 2018a, p. 70).
5
Relativo ao androcentrismo, à tendência para assumir o masculino como único modelo de
representação coletiva, sendo os comportamentos, pensamentos ou experiências, associados
ao sexo masculinos, os que devem ser tidos como padrão (DICIO, 2021).
32
6
Que fizeram o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), entre os anos de
2009 e 2018 (INEP, 2020a).
33
3 O PERCURSO METODOLÓGICO
Esta pesquisa foi realizada no IFMT, Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da
Silva, localizado na Rua Profa. Zulmira Canavarros, 95, CEP 78005-200, Cuiabá,
Mato Grosso (Figura 1). Este é o campus mais antigo do IFMT (fundado no ano de
1909), onde atualmente são ofertados cursos presenciais e à distância, atendendo
aproximadamente 3.500 alunos (IFMT, 2018a).
3.5.1.1 Questionários
Quadro 1 – Roda de conversa 1: De onde vim, como estou e para onde vou?
Momentos Descrição
1 Apresentação pessoal da pesquisadora e dos objetivos da pesquisa.
2 Apresentação das participantes com um breve relato de suas vidas.
Apresentação de um infográfico sobre o histórico da representatividade feminina na EPT
3 e nas áreas de C&T. Posteriormente, um debate com o grupo sobre este material para
exposição das opiniões.
Encerramento da roda de conversa e disponibilização do link do Questionário 1
4
(Apêndice K).
Fonte: elaborado pela autora (2020).
7
Diz-se, na cultura pop, de toda a esfera relacionada aos Podcasts (Dicionário Informal,
2020).
44
Após a submissão e aprovação do projeto que deu início a esta pesquisa pelo
CEP/IFMT, a segunda etapa da pesquisa consistiu na realização de uma análise do
número de matrículas, trancamentos, desistências e conclusões – por gênero – nos
cursos técnicos integrados ao Ensino Médio, objetos desta pesquisa, entre os anos
de 2010 e 2019. O objetivo foi descobrir se a proporção de ingresso feminino nos
cursos estudados aumentou (ou não).
Nesse sentido, o primeiro passo consistiu em coletar as listagens de
matrículas dos estudantes no sistema Q-Acadêmico do campus e exportá-las em
formato de planilha eletrônica. Em seguida, categorizou-se as matrículas por curso,
ano e gênero. Posteriormente, os dados foram desagregados a partir das seguintes
variáveis: (i) ano letivo inicial, para saber o ano de ingresso dos estudantes; (ii) ano
letivo, para discriminar os dados por ano; (iii) sexo, para diferenciar feminino e
masculino; e (iv) situação da matrícula, para distinguir “concluído”, “evasão” e
“transferido”.
Por conseguinte, realizou-se a contagem de alunas presentes no conjunto
das variáveis elencadas. Após a normalização dos dados, ocorreu a projeção das
informações obtidas por meio de gráficos, análises e discussões dos resultados
verificados.
47
8
Informações adicionais sobre a representatividade masculina nos cursos podem ser
verificadas em Paiva e Silva (2021).
9
Devido à pandemia do Coronavírus e a consequente suspensão das atividades presenciais
do IFMT, durante a finalização desta pesquisa, não foi possível coletar os dados acadêmicos
relativos ao ano de 2020. A coleta dos dados de 2010 a 2019 foi realizada em março de 2020,
quando as atividades administrativas do campus ainda eram realizadas de forma presencial.
49
Gráfico 1 – Ingresso feminino anual (2010 – 2019) no IFMT, Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da
Silva
Fonte: Elaborado pela autora, a partir dos dados coletados no sistema Q-Acadêmico (2020).
Notas:
(1) Não houve registros de turmas ingressantes nos cursos de Eletroeletrônica, entre os anos de 2010
e 2015, nem de Informática, entre os anos de 2010 e 2012.
(2) Para saber a representação masculina basta calcular o percentual de ingresso restante.
2017 a 2019. Nesse sentido, pôde-se perceber que há uma significativa diferença na
quantidade de mulheres no campus, quando destacados os Eixos Tecnológicos10
(ET) dos cursos, conforme demonstrado na Tabela 3.
Tabela 3 – Concentração feminina no Ensino Médio Integrado do IFMT, Campus Cuiabá – Cel.
Octayde Jorge da Silva, por ET (2017 a 2019)
Ano base Ano base Ano base
2017 2018 2019
Eixo Tecnológico Curso Técnico (%) (%) (%)
(%) por (%) por (%) por
no no no
ET ET ET
EMI EMI EMI
Turismo, Hospitalidade e
Eventos 79% 81% 85%
Lazer
Gestão e Negócios Secretariado 78% 78% 80%
Agrimensura
Infraestrutura 42% 46% 45%
Edificações
Informação e Informática 47% 49% 48%
29% 32% 26%
Comunicação Telecomunicações
Eletroeletrônica
Controle e Processos
Eletrônica 17% 17% 18%
Industriais
Eletrotécnica
Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados coletados na Plataforma Nilo Peçanha (MEC,
2020).
Notas:
(1) Estão destacados os cursos objetos desta pesquisa.
(2) ET – Eixo Tecnológico
(3) EMI – Ensino Médio Integrado
10
“É o agrupamento de ações e das aplicações científicas às atividades humanas de mesma
natureza, possuindo um núcleo de saberes comuns, embasados nas mesmas ciências e
metodologias. São aplicados na classificação dos cursos da educação profissional,
constante dos Catálogos Nacionais” (MEC, 2020, p. 6).
51
Tabela 4 – Concentração feminina no Ensino Médio Integrado dos Institutos Federais do Brasil por
ET (2017 a 2019)
2017 2018 2019
Eixo Tecnológico Curso Técnico
(%) Média (%) Média (%) Média
Turismo, Hospitalidade e Lazer Eventos 68% 75% 78%
Gestão e Negócios Secretariado 78% 77% 78%
Agrimensura
Infraestrutura 48% 49% 51%
Edificações
Informática
Informação e Comunicação 38% 39% 40%
Telecomunicações
Eletroeletrônica
Controle e Processos Industriais Eletrônica 28% 29% 31%
Eletrotécnica
Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados coletados na Plataforma Nilo Peçanha (MEC,
2020).
Nota: Estão destacados em cinza os cursos objetos desta pesquisa.
Tabela 5 – Presença feminina nos cursos técnicos integrados ao EM, dos Institutos Federais, por ET
(2017 a 2019)
2017 2018 2019
Eixo Tecnológico Matrículas (%) Matrículas (%) Matrículas (%)
ofertadas Fem. ofertadas Fem. ofertadas Fem.
Ambiente e Saúde 13.619 58% 14.993 60% 16.190 62%
Controle e Processos Industriais 41.357 29% 43.291 31% 45.403 32%
Desenvolvimento Educacional e Social 4 75% 49 61% 70 71%
Gestão e Negócios 15.929 58% 17.943 60% 19.424 63%
Informação e Comunicação 46.100 38% 49.267 39% 51.891 40%
Infraestrutura 19.434 48% 20.575 50% 21.078 52%
Produção Alimentícia 10.294 60% 10.839 63% 11.599 65%
Produção Cultural e Design 2.948 61% 3.539 63% 3.963 64%
Produção Industrial 15.871 54% 16.376 56% 16.715 59%
Recursos Naturais 39.369 44% 40.589 46% 40.912 49%
Segurança 1.477 60% 1.612 63% 1.782 63%
Turismo, Hospitalidade e Lazer 4.766 67% 4.655 67% 4.791 69%
Total 211.168 44% 233.728 44% 233.818 48%
Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados coletados na Plataforma Nilo Peçanha (MEC,
2020).
Nota: Para uma melhor identificação, os ETs destacados em cinza, são os que foram ocupados,
majoritariamente por mulheres, em 2019.
11
Desligamento do curso, a pedido (formalizado).
12
Desligamento do curso, mediante abandono.
54
ano de 2019. Logo, as taxas de evasão dos períodos destacados não são
definitivas, uma vez que poderão aumentar até que as alunas concluam o curso.
Gráfico 2 – Evasão feminina anual (2010-2019) IFMT, Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva
Fonte: Elaborado pela autora, a partir dos dados coletados no sistema Q-Acadêmico (2020).
Nota: O Gráfico retrata apenas a evasão feminina nos cursos.
A partir desses dados, verificou-se que a taxa média de evasão feminina, por
curso, nos anos apreciados, foi de: 24% – Agrimensura; 19% – Edificações; 13% –
Eletroeletrônica; e 21% – Informática.
Ademais, houve um destaque no curso Técnico em Informática, dado que
83% das alunas ingressantes, em 2013, evadiram do curso. Ao aprofundar esta
investigação, averiguou-se que, no referido ano, houve o ingresso de somente seis
alunas, sendo que duas abandonaram o curso e três realizaram a transferência
externa.
Nesse sentido, apurou-se que, dentre os motivos mais recorrentes de evasão
nos cursos pesquisados, estão o abandono e a transferência externa (40%),
seguidos de cancelamento de matrícula (15%) e transferência interna (4%).
Apesar de a representação masculina nos cursos não ser o foco desta
pesquisa, verificou-se que, com exceção do curso de Informática, a evasão
masculina tem sido superior à feminina, com taxas de: 36% – Agrimensura; 26% –
Edificações; 18% – Eletroeletrônica; e 19% – Informática. Sendo assim, a taxa média
geral, de evasão masculina, nos cursos analisados, foi de 25%.
55
Sob esta perspectiva, ainda que o INEP (2020a) não tenha feito um recorte de
gênero13, ele aponta que um dos fatores para a evasão via transferência externa, se
dá a partir da perda de estudantes da EPT para a educação regular, tanto que
aproximadamente 10% dos estudantes do Ensino Médio se formam em um
programa regular depois de ingressar em um curso profissionalizante.
Diante disso, verifica-se que os índices de evasão dos cursos explorados são
significativos e, em função disso, o IFMT desenvolveu um “Plano Estratégico
Institucional de Ações de Permanência e Êxito dos Estudantes do Instituto Federal
de Mato Grosso” – PEIAPEE (IFMT, 2017). Segundo esse plano, foram identificados
diversos fatores motivadores da evasão, que perpassam as questões: (i) de ordem
individual (do estudante) – como, reprovação e desmotivação para os estudos; (ii)
internas à instituição – como falta de acesso à assistência estudantil e dificuldade
com a avaliação praticada; e (iii) externas à instituição – como a distância de casa
até o Instituto, aliada à dificuldade de transporte, dificuldade financeira e falta de
apoio familiar.
Posto que os indicadores de evasão feminina dos cursos pesquisados foram
apresentados, na próxima subseção analisa-se e discute-se os dados referentes à
conclusão feminina de curso.
13
Não foram encontradas publicações com recorte de gênero sobre as taxas de conclusão e
transferência na EPT, no Brasil, entre os anos de 2010 e 2019.
56
Gráfico 3 – Conclusão feminina anual (2010-2019) IFMT, Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da
Silva
Fonte: Elaborado pela autora, a partir dos dados coletados no sistema Q-Acadêmico (2020).
Notas:
(1) Para o cálculo da taxa média de conclusão feminina, dos cursos técnicos em Agrimensura e
Edificações, considerou-se somente os anos entre 2010 e 2016, pois estes cursos possuem duração
de quatro anos. Logo, as alunas que ingressaram a partir de 2017 ainda estavam em curso, em 2019.
(2) Da mesma forma, verificou-se que os cursos técnicos em Eletroeletrônica e Informática possuem
duração de três anos; sendo assim, o cálculo da taxa média de conclusão foi realizado considerando
os anos de 2016 e 2017, para o primeiro curso e, 2013 a 2017, para o segundo curso.
(3) Não foram considerados os desvios que ocorreram após os períodos destacados nas notas 1 e 2,
pois se referem a estudantes que ingressaram na instituição ou curso a partir do 2° ano do Ensino
Médio ou se trata de divergência de cadastro no sistema Q-Acadêmico.
mulheres, no qual as pretas e pardas são as que apresentam maior atraso escolar
no nível médio e possuem menor taxa de formação em nível superior, quando
comparadas com as mulheres brancas.
Nesse contexto, verificou-se que o IFMT reserva 60% das vagas, de todos os
cursos e turnos, para candidatos que tenham cursado integralmente o ensino
fundamental na rede pública de ensino (municipal, estadual ou federal). Essas vagas
são distribuídas aos estudantes considerando sua renda familiar, a autodeclaração
de cor/raça ou etnia (preto, pardo ou indígena) e Pessoas com Deficiência (PcD). Os
outros 40% das vagas são destinadas à ampla concorrência ou egressos de escola
particular, sendo que destes, 2% das vagas são destinadas às pessoas com
deficiência.
No segundo bloco de perguntas, denominado de “Bloco B – Caracterização
econômico-social”, todas as participantes declararam morar com mãe e/ou pai
(Gráfico 4), além disso, 4 participantes afirmaram que também moram com irmão(s).
(Gráfico 5). Percebe-se que algumas delas ganham os dois auxílios de forma
concomitante e uma participante declarou não receber algum benefício.
complementou sua resposta dizendo que: “Algumas palestras são ministradas para
desencadear esses conceitos discriminatórios, a fim de, promover uma
conscientização igualitária entre os discentes.” (P7)
Com o objetivo de conhecer um pouco mais da percepção das participantes
sobre esta temática, elas foram perguntadas sobre a eficácia das ações
desempenhadas pelo IFMT acerca da prevenção e/ou do combate à desigualdade e
discriminação de gênero. Diante disso, 3 participantes declararam que as ações são
eficazes e 3 afirmaram que as ações são pouco eficazes. Uma das participantes
complementou sua resposta com a seguinte afirmação: “Acredito que a partir de uma
divulgação, essas pessoas que têm certas atitudes discriminatórias adquirem
conhecimento sobre o seu ato e podem, muitas vezes, se transformar em uma
pessoa igualitária.” (P7)
No quinto e último bloco de perguntas, chamado de “Bloco E – Projeções
Futuras”, somente 2 participantes declararam que pretendem exercer a profissão na
área de formação técnica. Outras 2 afirmaram não saber e 3 disseram que não
pretendem seguir na área de formação atual.
Em seguida, as participantes foram perguntadas sobre a pretensão de realizar
outro curso após o Ensino Médio. Desse modo, 2 participantes relataram que sim, na
mesma área de formação atual, 4 participantes disseram que sim, porém, em outra
área de formação e 1 afirmou não saber.
Para aprofundar a investigação acerca das perspectivas futuras das
participantes na temática educação, elas foram indagadas sobre qual outro tipo de
formação pretendia-se obter. A maioria das participantes (4) respondeu que deseja
fazer um curso bacharelado, 1 declarou que pretende fazer outro curso técnico ou
profissionalizante, 1 afirmou não saber e 1 não respondeu à pergunta.
Por último, as participantes discorreram sobre como imaginam sua vida
profissional, social e familiar, nos próximos dez anos e obteve-se 5 respostas,
descritas a seguir.
O objetivo desta pergunta foi fomentar uma reflexão prévia acerca das
projeções futuras das participantes, visto que essa temática foi retomada na
segunda roda de conversa.
Após demonstradas as respostas obtidas no Questionário 1, na próxima
subseção apresentam-se os relatos das participantes, obtidos nas rodas de
conversa.
A primeira roda de conversa, intitulada “De onde vim, como estou e para onde
vou?”, foi realizada no Google Meet, no mês de outubro de 2020 e teve a
participação de 7 estudantes.
As atividades foram guiadas pelo roteiro disposto no Apêndice N e tiveram o
objetivo de investigar as motivações das participantes em ingressar no IFMT, a
realidade vivenciada durante o curso e as expectativas futuras – à luz da temática de
gênero, no contexto do trabalho e da educação, por meio de relatos de experiências.
A partir disso, no primeiro momento, houve a apresentação da pesquisadora e
da pesquisa. Em seguida, explicou-se sobre a roda de conversa e pediu-se às
participantes que se apresentassem.
63
O Ensino Médio técnico é uma das portas de entrada dos jovens ao mundo do
trabalho, uma vez que lhes permitem uma formação profissionalizante. Em outros
casos, possibilitam-lhes a ascensão à educação de nível superior.
Nessa perspectiva, percebeu-se como fundamental iniciar a roda de conversa
perguntando às participantes sobre quais os motivos para a escolha do IFMT,
Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva. As respostas obtidas foram
organizadas em 4 subcategorias de análise, que demonstram os diferentes motivos
relatados pelas participantes (dispostas na Figura 2, a seguir).
(1.3) Ingresso na “[...] para conseguir ingressar na UFMT, que é o meu objetivo principal.”
Universidade Federal (P1)
(1.4) Nível dos “[...] por ser um processo seletivo, com certeza os alunos que estariam ali
Estudantes seriam alunos interessados.” (P7)
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
Pode-se notar que o motivo mais recorrente para a escolha da instituição foi
“Acesso a um ensino de melhor qualidade” (citado 4 vezes), seguido da “Influência
de familiares, amigos ou professores” (citado 3 vezes). Inclusive, quando as
participantes responderam ao Questionário 1 (subseção 5.1), todas destacaram que
o ensino de qualidade era fator primordial na escolha da instituição.
Além disso, percebeu-se que, ainda que todas as participantes tenham
realizado o Ensino Fundamental na rede pública (Cf. Questionário 1 - subseção 5.1)
e, assim, continuaram no Ensino Médio, elas demonstram acreditar que a qualidade
do ensino da Rede Federal é superior ao ofertado pela Estadual.
Nesse sentido, o processo seletivo de ingresso reitera esta percepção, como
demonstrado pela participante P7, que fez a alusão de que se há um processo
seletivo, logo, só entram no Instituto Federal os alunos interessados em aprender.
65
Outro motivo, citado pela participante P1, é conseguir ingressar na UFMT logo após
concluir o Ensino Médio.
Em relação à estas diferenças de desempenho entre as redes de ensino,
Ramos (2018) problematiza estas diferenças de desempenho entre as redes de
ensino e destaca que, geralmente, as escolas federais contemplam diversos
quesitos de qualidade, além de possuir um sistema de avaliação prévia dos
estudantes (que é o processo seletivo para o ingresso na instituição), o que não
ocorre nas demais escolas públicas. Estes fatores contribuem para que as escolas
federais apresentem bons resultados nas avaliações de larga escala 14.
Pode-se perceber, também, que apesar de o IFMT ser uma instituição que
oferta o Ensino Médio integrado ao Ensino Técnico, nenhuma das participantes citou
ter escolhido a instituição visando a sua profissionalização ou adentrar ao mundo do
trabalho, a partir da formação técnica. Inclusive, a participante P1 afirmou que seu
objetivo principal é ingressar na UFMT.
Diante disso, levanta-se a hipótese de que todos os motivos citados para a
escolha da instituição estão, mesmo que indiretamente, relacionados à qualidade do
ensino ofertado e não à formação profissional técnica e o ingresso no mundo do
trabalho, presente na missão da instituição.
Nesse sentido, Ramos (2018) afirma que o perfil histórico dos estudantes da
Rede Federal é proveniente de famílias que, provavelmente, dispensam a
complementação de renda, oriunda do trabalho dos filhos. Desse modo, para além
da busca por uma instituição gratuita e de qualidade, as famílias projetam nas
escolas federais a possibilidade da preparação do estudante para o ensino superior
(bom desempenho no ENEM), assim como a formação profissional técnica que os
ajude a suportar os gastos futuros com a próxima etapa de formação.
Uma vez que se tem conhecimento sobre os motivos que levaram à escolha
da instituição, a próxima subseção se dedica a apresentar os processos de escolha
das participantes pelo curso técnico.
14
“Avaliações em larga escala são reconhecidas como aquelas que visam à avaliação do
desempenho escolar, como o nome diz, em larga escala e com caráter sistêmico, realizadas
por sistemas externos à escola” (RAMOS, 2018, p. 449). Exemplos: Avaliação Nacional da
Educação Básica, Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (popularmente conhecida como
Prova Brasil) e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
66
Quadro 7 – Categoria de análise temática: (2) Motivos para a escolha do curso técnico
Subcategorias de
Exemplos de respostas / Unidades de registro
análise temática
“Eu fui um pouco por eliminação [...] o que me atraiu para Agrimensura é
porque são quatro anos e eu sou um pouco indecisa do que eu quero fazer de
(2.1) Por faculdade.” (P1)
eliminação “[...] eu estou no segundo ano de Eletroeletrônica. É um curso que eu escolhi
ou identificação meio por eliminação [...]” (P3)
“[...] eu escolhi o curso de Informática porque era o que eu mais me identificava
ali dentro [...]” (P4)
“Eu escolhi o curso de Edificações porque eu já queria me envolver na área de
(2.2) Engenharia Civil.” (P2)
Proximidade
com a “O meu padrasto é Engenheiro Civil, então muitos dos trabalhos dele, ele fazia
profissão em casa. Na minha primeira oportunidade [...] eu tinha escolhido fazer Química,
escolhida só que na segunda [...] eu decidi [...] escolher Edificações, justamente por já ter
esse apreço pela Engenharia Civil.” (P5)
“[...] porque eu tinha alguns amigos que já tinham feito esse curso.” (P3)
(2.3) Influência de
familiares ou “[...] Na verdade, eu nem sabia o que Edificações fazia. [...] uma mulher me
terceiros indicou e me falou um pouco sobre esse curso, porque a filha dela tinha feito.”
(P7)
“Eu não escolhi esse curso porque eu gostei dele ou porque eu o conhecia. Eu
(2.5) Não sabe
escolhi porque, sei lá, nem sei por que eu escolhi esse curso, mas escolhi.” (P6)
Nota-se que a maioria das participantes demonstrou que teve dúvidas sobre a
escolha do curso. Sendo que o motivo mais citado foi a escolha por eliminação (3
respostas). Nessa perspectiva, Saavedra (2009) afirma que uma das primeiras
responsabilidades atribuídas aos jovens, na atualidade, é a escolha da carreira.
Entretanto, devido à instabilidade do mercado de trabalho, a escolha da profissão já
não é mais uma decisão para a vida toda. Para além deste desafio, a autora destaca
que o gênero é a barreira que mais limita a liberdade dos jovens em relação à
escolha de formação e carreira. E, por conta das influências socioculturais, percebe-
se a existência de estereótipos de gênero nas carreiras, que demarcam as que são
adequadas para os homens e as que são adequadas para as mulheres. Isto faz com
que meninas e mulheres evitem, por exemplo, as Ciências Exatas e Tecnologias,
68
Percebe-se pelas falas das participantes que, muitas delas, tinham dúvidas
com relação à escolha do curso. Nesse sentido, elas foram perguntadas como tem
sido estudar no curso escolhido e, a partir das respostas obtidas, foram criadas 2
subcategorias de análise (apresentadas na Figura 4, a seguir).
Figura 4 – Categorias de análise sobre as vivências das participantes nos cursos escolhidos
Quadro 8 – Categoria de análise temática: (3) Vivências das participantes nos cursos escolhidos
Subcategorias de
Exemplos de respostas / Unidades de registro
análise temática
“Eu estou gostando do curso. [...]. Eu gosto de ler, estudar sobre a área
ambiental [...]; da parte teórica eu gosto bastante.” (P1)
“Eu gosto muito do curso que eu faço e, também, dos professores que são
(3.1) Aspectos muito bons. [...] eu faço Eletroeletrônica e tem vários programas, vários
positivos aplicativos que têm como a gente simular as coisas que nós faríamos em
laboratório.” (P3)
“Eu vejo que os alunos são interessados em estudar, eles querem um objetivo
na vida.” (P6)
“Antes da pandemia era até bom, mas como tudo envolve mais desenho [...]. A
gente depende da prancheta [...] e aí, como está em casa, fica bem ruim para
as matérias técnicas.” (P2)
“No momento, está sendo um pouco complicado mesmo. Igual a ‘P2’ disse,
porque o nosso curso é muito prático [...]” (P7)
(3.2) Aspectos “Dificuldade, sim, porque simular algo presencial é uma coisa e tem muitas
negativos coisas que [...] nos aplicativos, você faz de um outro jeito.” (P3)
“[...] agora que já tenho mais uma noção do que realmente é o curso, eu já
desisti de seguir essa carreira [...]” (P5)
“[...] eu vi no curso que ele é muito difícil [...]” (P6)
15
O edital pode ser conferido no seguinte endereço eletrônico:
http://cba.ifmt.edu.br/media/filer_public/4c/1a/4c1ab18e-8fb4-4c1e-af32-
2f475787bb4f/edital_no112020.pdf.
70
(4) Expectativas
(4.2) Curso ou carreira na mesma área
futuras
Pôde-se perceber nas falas das participantes, que algumas ainda não se
decidiram sobre uma nova formação ou carreira, outras desejam continuar na
mesma área de formação atual e as demais optaram por seguir em uma área
diversa. Dessa forma, os relatos das participantes foram detalhados no Quadro 9
abaixo.
71
Figura 6 – Infográfico sobre a participação feminina nos cursos, entre 2010 e 2019
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de dados coletados no sistema Q-Acadêmico – IFMT (2020).
73
(5.1.3) Representação
equilibrada
(5.2.1) Relacionamento
grupal
(5.2.3) Liderança
(5.2.4) Conflitos
(5.3.1) Situações
(5.3) Situações de veladas
gênero veladas e
explícitas (5.3.2) Situações
explícitas
até mesmo explícita. Diante disso, os exemplos destas situações foram organizados
no Quadro 12, a seguir.
fez um comparativo entre os esportes disponíveis nas aulas, afirmando que o futebol
é mais masculino e o ballet e a ginástica são mais femininos.
Ainda sobre as situações veladas, a participante P5 compartilhou uma
história, em que, a partir de um trabalho coletivo, apenas o colega recebeu elogios e
reconhecimento por parte do professor. Mesmo que o colega tenha justificado que
ela participou do projeto, o professor não reconheceu seu trabalho. Ela afirmou que,
ainda que ela tenha feito mais coisas neste projeto, sentiu que o colega foi
favorecido e ela preterida pelo fato de ser mulher.
Outra situação que denotou explicitamente uma discriminação de gênero, foi
o caso da participante que ouviu de colegas que uma estudante do curso de
Eletroeletrônica “devia” ser muito inteligente, por estar neste curso. Além de
contestar a capacidade da estudante de estar naquele curso, em função do gênero
dela, percebe-se que talvez exista no imaginário dos estudantes uma hierarquia de
cursos, baseada no seu grau de dificuldade.
Nesse aspecto, as participantes foram perguntadas se percebiam alguma
diferença no desempenho escolar de meninos e meninas, em função do seu gênero,
e elas afirmaram que não.
Eu acho que no meu curso quando alguém tem algum desempenho maior é
porque já está mais desenvolvido na área. Na área de Java, tem alguns
alunos que já estudavam isso antes de entrar mesmo no curso, então têm
mais facilidade, mas em questão de gênero eu acho que não. É mais por
experiência na área mesmo. (P4)
para você não ter medo, se acontecer alguma coisa você conseguir procurar
ajuda, da psicóloga, de alguma pedagoga de lá, conversar. (P2)
Quadro 13 – Categoria de análise temática: (6) Papéis sociais, estereótipos e intersecções de gênero
Subcategorias
de análise Exemplos de respostas / Unidades de registro
temática
“[...] desde quando a gente nasce, a gente vê aquela questão de enxoval [...]
menina veste rosa e menino veste azul. [...] já vem aquele pressuposto de que
a gente tem cor definida [...] eu vejo muitas situações em que a menina nasce e
os pais já falam [...] ‘eu vou cuidar dela porque ela vai ser muito frágil’. O menino
(6.1) Diferença e não, o menino já vai ser ‘meu garotão’, ‘meu fortão’. Ele vai ser o grandão da
desigualdade de família.” (P5)
gênero “[...] principalmente quando você tem um irmão da sua mesma idade ou um primo,
você vê que a diferença está no que seus pais falam para você, que você é
mulher, você não pode falar alto, você não pode se sentar com a perna aberta.
[...] Enquanto ao gênero masculino não. Eles podem gritar, fazer o que
quiserem, podem bagunçar e mulher não pode.” (P2)
“Eu acho que as mulheres não deixaram de ser consideradas que a obrigação
delas é cuidar de casa. [...] aumentaram o trabalho das mulheres, porque antes
era só ser dona de casa. As mulheres que querem trabalhar hoje têm ainda que
(6.2) A mulher e cuidar de casa [...]” (P1)
o mundo do
trabalho “Eu vejo que acontece muito, principalmente na minha família, que é cristã. [...] de
não poder trabalhar. Eu tenho primas que nem terminaram o Ensino Médio por
querer ficar em casa, ter a obrigação só de [cuidar da] casa, de ir à igreja. Isso
é uma realidade para mim.” (P2)
“Eu acho que pelo fato de o Brasil ser um dos últimos países a abolir a
escravatura [...] Se você levar em consideração uma mulher negra, que era
escrava e uma mulher branca que estava na sociedade, que tinha privilégio,
você já vê que [...] o salto da mulher negra teve que ser maior do que de uma
mulher branca, por exemplo. [...] ela já começou como se tivesse uma escada e já
estivesse lá embaixo e, a outra, estivesse em cima.” (P1)
“Eu mexo bastante no Twitter e vira e volta tem alguns casos falando sobre
machismo, sobre feminismo. [...] Aí eu vejo questões de mulheres negras e
mulheres brancas e o padrão que existe. [...] No ano de 2020 tivemos muitas
discussões falando sobre as pessoas não contratarem pessoas negras,
(6.3) preferirem pessoas brancas, muito caso de racismo.” (P2)
Intersecções de “Normalmente eu sempre vejo na internet. Eu já vi em alguns livros, que eu tenho
gênero uma professora que me emprestou. [...] Eu me interessei muito. [...] Sobre a
desigualdade, eu concordo com o que elas falaram. Sobre antigamente, como
tinha muito isso, sobraram sequelas atualmente, então as coisas não mudaram
muito, só mudou o cenário.” (P4)
“Eu tenho uma proximidade com isso e já li muitas coisas [...] acho que uma coisa
muito errada que acontece [...] é que, muitas vezes, a gente vê coisas ruins serem
romantizadas, o feminismo ser romantizado, o machismo ser romantizado, a
escravidão ser romantizada. [...] as pessoas que libertaram [...] que se
compadeceram com os escravos, [...] eles meio que foram obrigados a fazer isso.
Acho que quando a gente para de romantizar uma coisa que é ruim, [...] aí que a
gente vai conseguir agir de uma forma diferente.” (P3)
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
Figura 9 – Categorias de análise sobre os impactos do Ensino Médio nas escolhas futuras
Quadro 14 – Categoria de análise temática: (7) Impactos do Ensino Médio nas escolhas futuras,
subcategoria (7.1)
Subcategorias de
Exemplos de respostas / Unidades de registro
análise temática
“[...] o que faria eu desistir da profissão que eu quero seguir, é eu não gostar
das matérias práticas [...] eu não me importo com a questão do machismo
que ocorre [...] porque Engenharia Civil é geralmente para um público mais
masculino.” (P2)
“Todo ano eu acho que é muito novo [...] Acho que já é, no meu pensamento,
um preparo [...] Geralmente, eu gosto das matérias, apesar de que elas são
bem difíceis. Tem hora que eu falo "meu Deus do céu, será que eu quero
mesmo?" (P2)
“[...] eu quero fazer Fisioterapia. [...] acho que as experiências que a gente
tem no Ensino Médio não são necessariamente determinantes, mas nos
ajudam a ter uma clareza maior sobre as coisas que nós vamos encontrar em
determinados cursos. [...] Eu vejo uma diferença muito grande como as
experiências são diferentes para cada pessoa. Tenho uma amiga que quer
fazer Engenharia e ela aproveita muito o curso [...] Eu já tenho uma outra
amiga que não quer fazer Engenharia. [...] as experiências que nós temos
nessas matérias técnicas fazem ela criar aversões, cada vez maiores, sobre
faculdade de Exatas.” (P3)
(7.1) Influências
relacionadas ao “[...] no meio da Informática, não tenho muita vontade em continuar no ramo
desempenho escolar [...], mas as experiências do curso, algumas matérias, me fazem querer
continuar, porém algumas outras, pela dificuldade, pela ‘bateção’’ de cabeça
nos conteúdos, às vezes não me dá muita vontade de continuar [...] como lá
é escola técnica, já ouvi falar ‘isso vai te ajudar no trabalho’. ‘Esse trabalho
em grupo ou essa apresentação vai te ajudar a ser melhor’, ou ‘coisas
desse tipo que vão te ajudar no trabalho quando você sair da escola ou
entrar em algum estágio durante ainda o Ensino Médio’ [...]” (P4)
“[...] eu entrei no IF com o desejo de me tornar Engenheira Civil futuramente
e eu fui vendo que todas as vezes que tinha algumas matérias mais
complicadas [...] sempre tinha uma diferença de como o professor via o
nosso desempenho. Eu sempre ficava um pouco para baixo. [...] as matérias
técnicas foram vindo e eu perdi completamente o gosto que eu tinha e hoje
eu penso que o curso que eu quero é Psicologia.” (P5)
“[...] eu sinto muito mais prazer em estudar Matemática, Física e Química do
que estudar História [...] então não vou fazer um curso que tenha uma carga
horária relacionada à História [...] eu não mudei muito minha cabeça de antes
de eu entrar para agora, só descobri que tem matérias que a gente só tem no
Ensino Médio [...] que eu tenho mais aptidão que outras.” (P1)
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
Quadro 15 – Categoria de análise temática: (7) Impactos do Ensino Médio nas escolhas
futuras, subcategoria (7.2)
Subcategorias
de análise Exemplos de respostas / Unidades de registro
temática
“Em questão de mudar o comportamento, acho que não [...] minha sala tem
treze meninas e sete meninos, então não tem muito essa influência lá, eu acho.”
(P1)
“[...] Eu gosto da área de Exatas, mas eu tenho um pouco de receio de fazer
Engenharia [...]; por exemplo, é uma área que se um homem falar que ele fez [...]
todo mundo confia nele, mas se uma mulher chegar e falar que é Engenheira
Elétrica, todo mundo vai ficar: ‘mas você fez o curso direito?’, ‘mas você sabe
fazer tal coisa?’. Eu tenho receio disso, de cursar uma faculdade e, quando
chegar na hora de atuar, as pessoas ficarem duvidando da minha capacidade
[...]” (P1)
“[...] eu fui desencantando completamente, porque eu fui vendo que não era isso
que eu consigo fazer, que eu tenho facilidade e, também, porque sempre que eu
estava indo bem em alguma coisa, vinha alguém [...] (eram mais os meninos
mesmo), fazer alguma piada de mal gosto. [...] até agora, no Ensino Médio, a
gente tem essa coisa de não acreditarem que a gente realmente consegue fazer
algo voltado para a Engenharia [...]” (P5)
“Já chegaram para mim e falaram: ‘mas por que você queria Engenharia? [...] não
é um curso para mulher’ [...] Eu fiquei meio balançada. Na hora não falei nada,
(7.2) fiquei quieta. Fiquei (pensando) ‘Será que eu quero mesmo?’; ‘Será que é um
Desigualdades curso que eu vou conseguir me adaptar?’. [...] fiquei (pensando) ‘ah, não vou
de gênero querer... não quero mais Engenharia’ [...] Aí acordei um dia e falei: ‘Não vou
durante e após o deixar um pensamento de uma pessoa que nem fez faculdade direito falar que
curso não é para mulher, eles não podem ditar regras para mim. Vou fazer sim! [...]”
(P2)
“Para eu escolher o curso de Informática para o IF eu já ouvi muito falar, que era
mais para menino, eu só ia encontrar menino na turma, era mais difícil para eu
concorrer [...] coisas desse tipo, só que eu fui atrás.” (P4)
“Fazer esse curso é sair totalmente da minha zona de conforto. Eu tive que
readaptar vários pensamentos, alguns tipos de comportamentos para me
adaptar ao curso de Eletro [...] e sinto que ainda vou precisar me adaptar, me
modificar, para conseguir fazer algumas coisas. [...] ‘eu tenho que estudar tal
coisa de tal maneira com os meninos’. [...] Antigamente eu encontrava muita
dificuldade para ser ouvida nas decisões de alguns trabalhos com os meninos.
Eu sempre tenho que repetir muitas vezes, me posicionar muitas vezes de uma
única coisa, para ser ouvida [...] Para muitas coisas você tem que elevar o tom
de voz, que é uma coisa que eu não gosto de fazer; eu tenho que me posicionar
de maneira mais firme para ser ouvida.” (P3)
“Eu já tive uma experiência como a P3 falou, ter que repetir várias vezes coisas
que, no final, eles acabam concordando, sendo que a gente falou no começo. [...]
Já teve vezes que eu fiz perguntas lá e nem me responderam direito; e, depois
um menino foi falar e eles acabaram respondendo.” (P4)
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
Quadro 16 – Categorias temáticas de análise criadas para classificar e inferir sobre os relatos das
participantes da pesquisa
Categorias Primárias Categorias Secundárias Categorias Terciárias
(1.1) Acesso a um ensino de melhor
qualidade
(1) Motivos para a escolha (1.2) Influência de familiares, amigos ou
professores -
da Instituição
(1.3) Ingresso na Universidade Federal
(1.4) Nível dos Estudantes
(2.1) Por eliminação ou identificação
(2.2) Proximidade com a profissão
(2) Motivos para a escolha escolhida
-
do curso técnico (2.3) Influência de familiares ou terceiros
(2.4) Gosto pela área de estudo
(2.5) Não sabe
(3) Vivências das (3.1) Aspectos positivos
participantes nos cursos -
escolhidos (3.2) Aspectos negativos
(4.1) Curso ou carreira não definida
(4) Expectativas futuras (4.2) Curso ou carreira na mesma área -
(4.3) Curso ou carreira em área diversa
(5.1.1) Alta
representatividade
(5.1) Percepções sobre a
(5.1.2) Falta representação
representatividade feminina
(5.1.3) Representação
equilibrada
(5) Questões de gênero (5.2.1) Relacionamento
levantadas na Roda de grupal
Conversa (5.2) Relacionamentos, voz, liderança e (5.2.2) Voz
conflitos
(5.2.3) Liderança
(5.2.4) Conflitos
(5.3) Situações de gênero veladas e (5.3.1) Situações veladas
explícitas (5.3.2) Situações explícitas
Uma vez que se tenha conhecimento dos relatos das estudantes que
participaram das rodas de conversa, a próxima subseção se dedica a demonstrar a
avaliação que elas fizeram acerca de sua participação na pesquisa.
Um dos conteúdos das rodas de conversa que mais me chamou atenção foi
sobre gêneros, após essas discussões adquiri conhecimentos importantes.
(Resposta 1)
Saber da experiência de outros cursos da instituição. (Resposta 2)
Me possibilitou mais informações sobre algumas experiências femininas em
variados cursos, curiosidades dos outros cursos. (Resposta 3)
Sim, eu nunca tinha escutado um podcast e nem sabia como era gravar um.
Fico grata a Gabs por ter apresentado essas novas informações. (Resposta
1)
Me ajudou a entender como funciona o processo de criação e toda
organização que existe para que um podcast seja criado. (Resposta 2)
“Me informou mais sobre o mundo dos podcasts, o preparo, como são
gravados e como são postados cada podcast. (Resposta 3)
88
6 O PRODUTO EDUCACIONAL
16
O podcast pode ser acessado nos seguintes endereços eletrônicos:
Spotify:
https://open.spotify.com/show/0Kf7v5foEykjU6Ybg8wbFM?si=K97VOzR8T8uNibCQtGcMow
Deezer: https://www.deezer.com/br/show/2320162
SoundCloud: https://soundcloud.com/cienciatecnologiaemeninas
17
Endereço eletrônico do PE no repositório eduCAPES:
http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/600718
90
A identidade visual deste podcast foi criada pela autora desta pesquisa. O
fundo da imagem tem a cor roxa, com sobreposição de pequenas manchas em tom
de rosa (Figura 10). O título foi escrito com letras amarelas, em caixa alta, e a
palavra “meninas” é destacada com um grifo em cor laranja.
O podcast “Ciência, Tecnologia e Meninas” é composto por uma série de 4
episódios. O episódio 1, denominado “Rede Federal – Uma história que vale à pena
conhecer”, possui 07:12 minutos de duração e as participantes contam como ocorreu
a criação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e dos
Institutos Federais. Além disso, relatam como as mulheres adentraram na Educação
Profissional e Tecnológica no IFMT, Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva.
93
Em alguns momentos dos podcasts, houve repetições nas falas, mas nada
que atrapalhe o desenvolvimento e qualidade deles. (P1)
Acredito que deveriam ter mais informações sobre os cursos. Senti falta
disso. (P2)
Nada a declarar. (P3)
A identidade visual. (P4)
Não tenho o que apontar, gostei de tudo. (P5)
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ABRAMO, L. W. A inserção da mulher no mercado de trabalho: uma força de
trabalho secundária? Orientadora: Maria Célia Paoli. 2007. 327f. Tese (Doutorado
em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-23102007-141151/pt-br.php.
Acesso em: 12 jun. 2019.
RAMOS, M. N. Ensino Médio na Rede Federal e nas Redes Estaduais: por que os
estudantes alcançam resultados diferentes nas avaliações de larga escala? Holos,
[s.l.], v. 2, p.449-459, 11 jun. 2018. Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Disponível em:
http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/6976. Acesso em: 22 maio
2021.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade,
[s.l.], v. 20, n. 2, p.71-99, 1995. Direitos autorais 2017 Joan Scott. Disponível em:
https://www.seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/viewFile/71721/40667. Acesso
em: 22 maio 2021.
VIEIRA, S. Como elaborar questionários. São Paulo: Atlas, 2009. ISBN 978-85-
224-5573-7.
108
APÊNDICES
18
O podcast pode ser acessado nos seguintes endereços eletrônicos:
Spotify:
https://open.spotify.com/show/0Kf7v5foEykjU6Ybg8wbFM?si=K97VOzR8T8uNibCQtGcMow
Deezer: https://www.deezer.com/br/show/2320162
SoundCloud: https://soundcloud.com/cienciatecnologiaemeninas
19
Endereço eletrônico do PE no repositório eduCAPES:
http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/600718
110
Figura 12 – Identidade visual do podcast “Ciência, Tecnologia e Meninas”, disponível no Spotify 1/2
Figura 13 – Identidade visual do podcast “Ciência, Tecnologia e Meninas”, disponível no Spotify 2/2
Assinatura da pesquisadora
Assinatura da aluna
responsável
Em caso de dúvidas quanto aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso no seguinte endereço: Avenida Senador Filinto Muller,
963, 1º andar, Bairro Duque de Caxias. CEP: 78.043-400, Cuiabá – MT. Telefone:
(65) 3616-4180. E-mail: cep@ifmt.edu.br. Horário de Atendimento da Secretaria do
CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-Feira (das 8h às 12h).
Pesquisadora Responsável: Thamiris Stephane Zangeski Novais Paiva.
Contato: <omitido para publicação>.
Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/IFMT - Parecer n°
3.392.337.
113
aluna; além disso, a aluna poderá dispor dos serviços da Coordenadoria de Apoio ao
Estudante (CPAE), que oferece, dentre outros, orientação psicológica no IFMT –
Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva.
Para participar desta pesquisa, a aluna não terá nenhum custo, nem receberá
qualquer vantagem financeira. A aluna será esclarecida sobre a pesquisa, em
qualquer aspecto que desejar e estará livre para responder ou não ao questionário
de pré-teste, retirando o consentimento ou interrompendo a participação, a qualquer
momento.
A pesquisadora tratará a identidade da aluna com sigilo e privacidade e a aluna
não será identificada em nenhuma publicação que resulte desta pesquisa.
Este Termo de Consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que
uma será arquivada pela pesquisadora responsável, no IFMT Campus Cuiabá – Cel.
Octayde Jorge da Silva e, a outra, será fornecida a você.
Em caso de dúvidas, quanto aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso no seguinte endereço: Avenida Senador Filinto Muller,
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(65) 3616-4180. E-mail: cep@ifmt.edu.br. Horário de Atendimento da Secretaria do
CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-Feira (das 8h às 12h).
Pesquisadora Responsável: Thamiris Stephane Zangeski Novais Paiva.
Contato: <omitido para publicação>.
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Assinatura da pesquisadora
Assinatura da aluna
responsável
Em caso de dúvidas, quanto aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso no seguinte endereço: Avenida Senador Filinto Muller,
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CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-Feira (das 8h às 12h).
Pesquisadora Responsável: Thamiris Stephane Zangeski Novais Paiva.
Contato: <omitido para publicação>.
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Desta forma, declaro que concordo com minha participação nesta pesquisa e que
recebi uma via deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Assinatura da pesquisadora
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responsável
Em caso de dúvidas, quanto aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso no seguinte endereço: Avenida Senador Filinto Muller,
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(65) 3616-4180. E-mail: cep@ifmt.edu.br. Horário de Atendimento da Secretaria do
CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-Feira (das 8h às 12h).
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Em caso de dúvidas quanto aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso no seguinte endereço: Avenida Senador Filinto Muller,
963, 1º andar, Bairro Duque de Caxias. CEP: 78.043–400, Cuiabá – MT. Telefone:
(65) 3616-4180. E-mail: cep@ifmt.edu.br. Horário de Atendimento da Secretaria do
CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-Feira (das 8h às 12h).
Pesquisadora Responsável: Thamiris Stephane Zangeski Novais Paiva.
Contato: <omitido para publicação>.
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em formato de podcast.
Dessa forma, sua participação na pesquisa consistirá em ouvir o
programa de podcast e avaliá-lo por meio de um questionário online, a ser
enviado no seu e-mail. Diante disto, seu e-mail será solicitado.
Considerando que toda pesquisa contém riscos, esclarece-se que, no caso
desta pesquisa, os riscos são classificados como de graduação mínima, pois Rubrica da
podem acarretar algum tipo de constrangimento ou desconforto na concessão de pesquisadora
Assinatura da pesquisadora
Assinatura da participante
responsável
Em caso de dúvidas, quanto aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso no seguinte endereço: Avenida Senador Filinto Muller,
963, 1º andar, Bairro Duque de Caxias. CEP: 78.043–400, Cuiabá – MT. Telefone:
(65) 3616-4180. E-mail: cep@ifmt.edu.br. Horário de Atendimento da Secretaria do
CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-Feira (das 8h às 12h).
Pesquisadora Responsável: Thamiris Stephane Zangeski Novais Paiva.
Contato: <omitido para publicação>.
Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/IFMT - Parecer n°
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128
Esta pesquisa tem como objetivo realizar um estudo de gênero sobre a pesquisadora
participação feminina nos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do IFMT.
Além disso, a partir desta pesquisa, será desenvolvido um Produto Educacional
em formato de podcast.
Dessa forma, a participante deverá ouvir o programa de podcast e
avaliá-lo por meio de um questionário online, a ser enviado no e-mail dela.
Diante disto, o e-mail da participante será solicitado.
Considerando que toda pesquisa contém riscos, esclarece-se que, no caso
desta pesquisa, os riscos são classificados como de graduação mínima, pois podem
acarretar algum tipo de constrangimento ou desconforto na concessão de
determinadas informações. Nesse sentido, para minimização dos riscos, é garantido
às participantes da pesquisa: (i) o anonimato; (ii) a livre participação na pesquisa; (iii)
a não indução de respostas; (iv) a mínima intervenção possível; (v) a imparcialidade
e a objetividade na condução das atividades, por parte da pesquisadora
responsável, buscando minimizar, ao máximo, os possíveis riscos.
Caso ocorram danos decorrentes dos riscos desta pesquisa, a pesquisadora
responsável assumirá a responsabilidade pelo ressarcimento e indenização da
participante; além disso, a participante poderá dispor dos serviços da Coordenadoria
de Apoio ao Estudante (CPAE), que oferece, dentre outros, orientação psicológica
no IFMT – Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva.
Para participar desta pesquisa, a aluna não terá qualquer custo, nem receberá
alguma vantagem financeira. A participante será esclarecida sobre a pesquisa, em
qualquer aspecto que desejar, e estará livre para participar ou não da atividade
proposta, retirando o seu consentimento ou interrompendo a sua participação, a
qualquer momento.
A pesquisadora tratará a identidade da participante com sigilo e privacidade. O
nome ou o material, que indique a participação da aluna, não será disponibilizado
sem a sua permissão e a de seu(s) responsável(eis). Além disso, é importante
129
Assinatura da pesquisadora
Assinatura do(a) responsável
responsável
pela participante
Em caso de dúvidas, quanto aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso, no seguinte endereço: Avenida Senador Filinto Muller,
963, 1º andar, Bairro Duque de Caxias. CEP: 78.043–400, Cuiabá – MT. Telefone:
(65) 3616-4180. E-mail: cep@ifmt.edu.br. Horário de Atendimento da Secretaria do
CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-Feira (das 8h às 12h).
Pesquisadora Responsável: Thamiris Stephane Zangeski Novais Paiva.
Contato: <omitido para publicação>.
Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/IFMT - Parecer n°
3.392.337.
130
Assinatura da pesquisadora
Assinatura da participante
responsável
Em caso de dúvidas, quanto aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso no seguinte endereço:
Avenida Senador Filinto Muller, 963, 1º andar, Bairro Duque de Caxias. CEP:
78.043–400, Cuiabá – MT. Telefone: (65) 3616-4180. E-mail: cep@ifmt.edu.br.
Horário de Atendimento da Secretaria do CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-Feira (das
8h às 12h).
Pesquisadora Responsável: Thamiris Stephane Zangeski Novais Paiva.
Contato: <omitido para publicação>.
Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/IFMT - Parecer n°
3.392.337.
132
Olá!
Este questionário tem o objetivo de identificar algumas de suas características
demográficas, socioeconômicas, antecedentes e vivências escolares, além de
projeções quanto ao seu futuro profissional, social e familiar. Desta forma, é muito
importante que você responda a todas as questões.
Não existem respostas certas ou erradas, portanto, pode responder com
sinceridade. Além disso, as suas respostas serão mantidas em sigilo.
Se você tiver alguma dúvida, entre em contato comigo pelo telefone: <omitido
para publicação>.
Desde já agradeço sua participação!
02. Gênero:
( ) Feminino
( ) Outro ________________________
( ) Não desejo responder
06. Com quem você mora? (Marque quantas opções julgar necessário)
( ) Mãe e/ou Pai
( ) Irmão(s)
( ) Sozinha
( ) Cônjuge ou companheiro(a)
( ) Amigos
( ) Outros Familiares
( ) Outros _______________________
( ) Não desejo responder
08. Se você respondeu que sim na pergunta anterior, por qual(is) motivo(s) você
trabalha atualmente?
( ) Ajudar nas despesas com a casa
( ) Adquirir experiência
( ) Custear/ pagar meus estudos (atuais ou futuros)
( ) Ser independente (ganhar meu próprio dinheiro)
( ) Sustentar minha família
134
( ) Outros _______________________
( ) Não desejo responder
17. Você acredita que há diferença no desempenho escolar, por gênero, no seu
curso?
( ) Sim, muita diferença
( ) Sim, pouca diferença
136
18. Na sua opinião, o IFMT promove ações para prevenção e/ou combate à
desigualdade e discriminação de gênero?
( ) Sim, frequentemente
( ) Sim, raramente
( ) Não
( ) Não sei
( ) Não desejo responder
Se você desejar, justifique sua resposta:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
19. Se você respondeu que "sim" na pergunta anterior, como você percebe a
eficácia destas ações?
( ) Muito eficazes
( ) Eficazes
( ) Pouco eficazes
( ) Ineficazes
( ) Não sei
( ) Não desejo responder
Se você desejar, justifique sua resposta:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
21. Você pretende realizar outro curso, após a conclusão do ensino médio?
( ) Sim, na mesma área de formação
( ) Sim, em outra área de formação
( ) Não pretendo realizar outra formação
( ) Não sei
137
22. Se você respondeu "sim" na pergunta anterior, em qual outro tipo de curso
você pretende se formar?
( ) Técnico ou Profissionalizante
( ) Tecnólogo
( ) Bacharelado
( ) Licenciatura
( ) Outro (s)_________________________________
( ) Não sei
( ) Não desejo responder
23. Como você imagina sua vida profissional, social e familiar daqui há dez anos?
( ) Não desejo responder
Sua resposta:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
138
Olá!
Cara participante, chegamos ao final da pesquisa e foi ótimo ter contado com
a sua participação. Muito Obrigada!
Te convido, neste momento, a responder este questionário, para que você
avalie a sua participação na pesquisa.
Não se preocupe, pois não existem respostas certas ou erradas, apenas o
seu ponto de vista, que é muito importante para mim!
Se você tiver alguma dúvida, entre em contato comigo pelo telefone: <omitido
para publicação>.
Desde já agradeço sua participação!
Olá!
Cara participante, te convido a ouvir o podcast, que está sendo desenvolvido
como Produto Educacional da pesquisa. Após isso, por gentileza, responda ao
questionário abaixo.
Não se preocupe em responder às questões com sinceridade, pois não
existem respostas certas ou erradas, apenas, o seu ponto de vista, que é muito
importante para mim.
Se você tiver alguma dúvida, entre em contato comigo pelo telefone: <omitido
para publicação>.
1 2 3 4 5
( ) Não desejo responder
1 2 3 4 5
( ) Não desejo responder
1 2 3 4 5
( ) Não desejo responder
1 2 3 4 5
( ) Não desejo responder
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) Não desejo responder
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) Não desejo responder
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) Não desejo responder
8) Você indicaria este podcast para outras pessoas? Se sim, quem você gostaria
que tivesse acesso a ele?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) Não desejo responder
142
1. Apresentação e objetivos
A primeira roda de conversa online terá o objetivo de investigar as motivações
das participantes anteriores ao ingresso, a realidade vivenciada durante o curso e as
expectativas futuras – à luz da temática de Gênero, no contexto do trabalho, Ciência
e Tecnologia, por meio de relatos de experiências.
Quadro 01 – Organização das atividades da Roda de Conversa 1: De onde vim, como estou e
para onde vou?
Ordem Atividades Tempo/min.
1 Apresentação da pesquisadora e dos objetivos da pesquisa 10
2 Apresentação das participantes com um breve relato de suas vidas 40
3 Apresentação do tema e debate em grupo 40
4 Encerramento da roda de conversa e aplicação de um questionário 30
Tempo Total (minutos) 120
Fonte: elaborado pela autora (2020).
3. Procedimentos de trabalho
Nesta seção, tem-se o objetivo de descrever os procedimentos adotados para
a realização de cada atividade da Roda de Conversa 1: De onde vim, como estou e
para onde vou?
4. Recursos de apoio
Os recursos a serem utilizados nesta roda de conversa compreendem uma
plataforma de comunicação online (Google Meet, Zoom ou similar).
145
1. Apresentação e objetivos
Na segunda roda de conversa online, almeja-se compreender as concepções
das participantes sobre gênero no contexto do trabalho e da educação.
3. Procedimentos de trabalho
Nesta seção, tem-se o objetivo de descrever os procedimentos adotados para
a realização de cada atividade da Roda de Conversa 2.
Por fim, a pesquisadora fará uma síntese das apresentações e abrirá espaço
para comentários adicionais.
4. Recursos de apoio
Os recursos a serem utilizados nesta roda de conversa compreendem uma
plataforma de comunicação online (Google Meet, Zoom ou similar).
147
1. Apresentação e objetivos
A terceira e última roda de conversa terá como finalidade definir a estrutura
das oficinas de podcast, os temas a serem trabalhados, a quantidade de episódios e
as participantes da gravação.
3. Procedimentos de trabalho
Nesta seção, tem-se o objetivo de descrever os procedimentos adotados para
a realização de cada atividade da Roda de Conversa 3.
4. Recursos de apoio
Os recursos a serem utilizados nesta roda de conversa compreendem uma
plataforma de comunicação online (Google Meet, Zoom ou similar).
149
Oficina de Podcast
1. Apresentação e objetivos
A oficina de podcast será desenvolvida com o objetivo de proporcionar à
pesquisadora e participantes da pesquisa conhecimentos teóricos e práticos que as
possibilitem desenvolver um podcast.
3. Procedimentos de trabalho
Nesta seção, tem-se o objetivo de descrever os procedimentos adotados para
a realização de cada atividade da oficina de podcast, que será dividida entre a parte
teórica e a parte prática.
150
4. Recursos de apoio
Os recursos a serem utilizados nesta roda de conversa compreendem uma
plataforma de comunicação online (Google Meet, Zoom ou similar), smartphone com
app de gravação de voz e fones de ouvido.
152
ANEXOS