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Dissertação - Regiane - Versão Final (02!10!22)
Dissertação - Regiane - Versão Final (02!10!22)
Cuiabá - MT
2022
REGIANE FARIA CARVALHO DA SILVA
Cuiabá – MT
2022
Dados internacionais de catalogação na fonte
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA
COMISSÃO EXAMINADORA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA
COMISSÃO EXAMINADORA
Agradeço primeiramente a Deus por ter guardado minha família, nos mantido
em união e com saúde ao longo deste ciclo de estudo que coincidiu com um dos
períodos mais desafiadores para a humanidade. Acredito que sem a Sua graça e
misericórdia não teria conseguido. Manifesto aqui a minha gratidão.
Agradeço a minha família por todo o suporte e apoio que me deram
possibilitando a minha dedicação para a realização e conclusão deste projeto.
Agradeço a minha orientadora Profa. Dra. Juliana Saragiotto Silva pelas
valiosas e incontáveis horas dedicadas ao projeto. Suas orientações foram, sem
dúvidas, pilares de sustentação para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço aos colegas da turma com quem pude dividir tanto os momentos de
angústia como os momentos de alegria e conquista.
Agradeço às mães das participantes que acreditaram no meu trabalho e
incentivaram suas filhas a participarem. Sem o apoio dessas mulheres esta pesquisa
não teria sido possível.
Agradeço às alunas que aceitaram participar desta pesquisa e dividiram
conosco seus pensamentos e sonhos. Contribuindo, assim, com a realização do meu
sonho de formação stricto sensu.
Eu poderia ser uma adolescente normal,
se não tivesse uma família formada por 11 pessoas.
Eu deveria ter sido uma criança normal,
se não fosse as responsabilidades que eu cumpria.
Eu gostaria de gostar do que eu faço,
se não fosse obrigada a fazer.
Eu deveria frequentar ambientes de lazer,
se não tivesse que trabalhar.
Eu deveria reclamar, quando dizem algo que eu não gosto,
se não tivesse inspiração para descrever cada situação.
Eu poderia reivindicar quando sou julgada injustamente,
mas calo-me e a humildade prevalece.
Eu deveria ter uma péssima impressão da vida,
se não fosse a paixão que eu tenho pela arte de viver.
(Valéria Fagundes, no documentário “Pro dia nascer feliz”, 2005)
RESUMO
É na juventude que a maioria das pessoas começa a construir seus próprios projetos
para o futuro – seja profissional, educacional, pessoal etc. A escola apresenta-se
como um local privilegiado para que jovens possam refletir e se informar, de modo a
terem elementos que contribuam para a construção de seu projeto de vida. Contudo,
a realidade das instituições básicas de ensino apresenta inúmeras limitações – falta
de investimentos ou falta de profissionais, por exemplo – para a garantia de uma
formação de qualidade que atenda às demandas da diversidade de estudantes
presentes no sistema educacional. Para além da sala de aula, a instituição escolar
oferece espaços educativos, como a biblioteca, que podem cooperar com a formação
de estudantes. Diante desse contexto, este trabalho tem como objetivo compreender
o papel da escola na construção do projeto de vida de estudantes do 9º ano do Ensino
Fundamental, subsidiando suas escolhas para o Ensino Médio, a partir de proposição
de ações no ambiente da biblioteca escolar. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de
natureza aplicada, com abordagem qualitativa. Quanto aos procedimentos, consiste
em um estudo de caso, por se propor a investigar a percepção de um determinado
grupo de alunas. As participantes da pesquisa foram estudantes do 9º ano do Ensino
Fundamental da Escola Estadual Dr. José Rodrigues Fontes (Cáceres-MT), bem
como o diretor, a coordenadora pedagógica e alguns docentes da instituição. Para a
realização da pesquisa foram utilizados questionários como instrumentos de coleta de
dados, além de roteiro para a realização de rodas de conversa e a observação direta
intensiva no ambiente da biblioteca escolar. Os resultados apontam que as estudantes
percebem a educação como algo para além do ensino escolar, abrangendo todas as
dimensões da vida. Percebem também o trabalho por um viés mercadológico,
indicando a necessidade de discutir o trabalho em sua dimensão ontológica. Outro
resultado é o de que as estudantes têm pouca informação a respeito das
oportunidades de formação existentes na cidade, o que ratifica a relevância da
proposta apresentada. Além disso, as estudantes têm em mente qual profissão
desejam seguir, demandando da escola o preparo para o alcance de seus objetivos.
Ademais, o contexto pandêmico impediu o uso efetivo do espaço físico da biblioteca
escolar, sendo as ações transpostas para um ambiente on-line. Com base nos
resultados dessa pesquisa foram desenvolvidos dois produtos educacionais: (i)
“Caminhos para o Ensino Médio: Vídeos”; e (ii) “Caminhos para o Ensino Médio:
Rodas de Conversa” – que podem contribuir para a discussão das temáticas Trabalho,
Educação e futuro educacional e profissional de estudantes. Nesse sentido, este
trabalho atrela-se à linha de pesquisa Práticas Educativas em Educação Profissional
e Tecnológica, que integra o Macroprojeto 1 – Proposta metodológica e recursos
didáticos em espaços formais e não formais de ensino na Educação Profissional e
Tecnológica.
It is in youth that most people start to build their own projects for the future – be it
professional, educational, personal, etc. The school presents itself as a privileged
place for young people to reflect and be informed, in order to have elements that
contribute to the construction of their life project. However, the reality of basic
educational institutions has numerous limitations - lack of investment or lack of
professionals, for example - to guarantee quality training that meets the demands of
the diversity of students present in the educational system. In addition to the
classroom, the school institution offers educational spaces, such as the library, which
can cooperate with the training of students. Given this context, this work aims to
understand the role of the school in the construction of the life project of students in
the 9th year of Elementary School, subsidizing their choices for High School, from the
proposition of actions in the school library environment. It is, therefore, an applied
research, with a qualitative approach. As for the procedures, it consists of a case study,
as it proposes to investigate the perception of a certain group of students. The research
participants were students of the 9th year of Elementary School at Escola Estadual Dr.
José Rodrigues Fontes (Cáceres-MT), as well as the director, the pedagogical
coordinator and some professors of the institution. To carry out the research,
questionnaires were used as instruments for data collection, in addition to scripts for
holding conversation circles and intensive direct observation in the school library
environment. The results indicate that the students perceive education as something
beyond school education, covering all dimensions of life. They also perceive work from
a marketing perspective, indicating the need to discuss work in its ontological
dimension. Another result is that the students have little information about the training
opportunities existing in the city, which confirms the relevance of the proposal
presented. In addition, students have in mind which profession they want to follow,
demanding that the school prepares to achieve their goals. In addition, the pandemic
context prevented the effective use of the physical space of the school library, and the
actions were transposed to an online environment. Based on the results of this
research, two educational products were developed: (i) “Paths to High School: Videos”;
and (ii) “Paths to High School: Conversation Circles” – that can contribute to the
discussion of the themes Work, Education, the educational and professional future of
students. In this sense, this work is linked to the line of research Educational Practices
in Professional and Technological Education, that integrates Macroproject 1 –
Methodological proposal and didactic resources in formal and non-formal teaching
spaces in Professional and Technological Education.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 19
2.1 Juventudes: aproximações conceituais ....................................................... 19
2.2 Entre jovens e projetos de vida: a escola .................................................... 22
2.3 Projetos de vida no contexto do Novo Ensino Médio................................... 25
2.4 Família e a escolha pela escola .................................................................. 30
2.5 A biblioteca escolar: espaço para reflexão .................................................. 32
2.6 Rodas de Conversa como metodologia de ensino ...................................... 36
2.7 Vídeos como recurso pedagógico ............................................................... 38
3 O PERCURSO METODOLÓGICO .............................................................. 41
3.1 Caracterização do Tipo da Pesquisa ........................................................... 41
3.2 Local da Pesquisa ....................................................................................... 42
3.3 Participantes da Pesquisa ........................................................................... 46
3.4 Demonstração dos Instrumentos de Pesquisa ............................................ 48
3.4.1 Questionário para estudantes ...................................................................... 48
3.4.2 Questionário para profissionais da educação .............................................. 49
3.4.3 Roteiro para a Observação Direta e Intensiva da Biblioteca Escolar ........... 50
3.4.4 Roteiro para as Rodas de Conversa ............................................................ 50
3.4.4.1 Roda de Conversa 1: Apresentação ............................................................ 51
3.4.4.2 Roda de Conversa 2: O que eu penso sobre a escola? .............................. 53
3.4.4.3 Roda de Conversa 3: O que eu penso sobre o trabalho? ............................ 55
3.4.4.4 Roda de Conversa 4: Caminhos de formação pós-Ensino Fundamental ..... 58
3.4.5 Metodologia para Análise de Dados ............................................................ 59
3.4.6 Linguagem inclusiva de gênero ................................................................... 60
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 63
4.1 O perfil das estudantes ............................................................................... 63
4.2 A Biblioteca Escolar da EEDJRF ................................................................. 69
4.3 O que pensam as participantes? ................................................................. 75
4.3.1 Categoria 1 – Educação .............................................................................. 76
4.3.2 Categoria 2 – Futuro educacional e profissional .......................................... 95
4.3.3 Categoria 3 – Mundo do trabalho .............................................................. 104
4.3.4 Considerações sobre os resultados .......................................................... 109
5 PRODUTO EDUCACIONAL ...................................................................... 113
5.1 Eixos estruturantes do PE ......................................................................... 114
5.2 O Roteiro para as Rodas de Conversa...................................................... 117
5.3 A produção dos vídeos ............................................................................. 118
5.4 Recursos utilizados para a produção dos vídeos ...................................... 120
5.4.1 Powtoon .................................................................................................... 121
5.4.2 YouTube Studio ......................................................................................... 122
5.4.3 Audacity .................................................................................................... 122
5.4.4 Shotcut ...................................................................................................... 122
5.5 Aplicação e Avaliação dos vídeos ............................................................. 123
5.5.1 Critérios para a aplicação e avaliação dos vídeos ..................................... 123
5.5.2 Roda de Conversa 5: Aplicação e avaliação dos vídeos ........................... 125
5.5.3 Análise da avaliação dos vídeos ................................................................ 127
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 133
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 138
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – Responsável
pela/o Estudante .................................................................................................... 146
APÊNDICE B – Termo De Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) .................... 149
APÊNDICE C – Questionário às/aos estudantes – Perfil Socioeconômico e Uso da
Biblioteca Escolar .................................................................................................. 152
APÊNDICE D – Questionário às/aos Profissionais da Educação sobre o uso da
Biblioteca Escolar .................................................................................................. 156
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – Profissionais
da Educação – (Versão on-line) ............................................................................. 158
APÊNDICE F – Produto Educacional 1 – “Caminhos para o Ensino Médio: Vídeos”.160
APÊNDICE G – Produto Educacional 2 – “Caminhos para o Ensino Médio: Roteiro das
Rodas de Conversa” .............................................................................................. 168
15
1 INTRODUÇÃO
1De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), atualizadas em
2018, estão previstos para o Ensino Médio, além da formação geral básica, a oferta de itinerários
formativos que possibilitam ao estudante aprofundar seus conhecimentos e se preparar para o
prosseguimento de estudos ou para o mundo do trabalho. Elaborados, em tese, considerando as
demandas e necessidades do mundo contemporâneo, o interesse de estudantes e o contexto local,
estes itinerários podem ser diferentes entre instituições e/ou sistemas de ensino. Havendo, ainda, a
necessidade de escolha por parte da pessoa estudante a respeito de qual itinerário cursar – o que
determinará, inclusive, o conteúdo a ser exigido em fase específica do Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM). (BRASIL, 2018)
16
2
Neste trabalho optou-se pela utilização de uma linguagem inclusiva de gênero, para tal, uma das
estratégias adotadas é o resgate do primeiro nome autoral nas citações no corpo do texto. Esta e
demais estratégias estão descritas na seção 3, subseção “3.4.6 Linguagem inclusiva de gênero”.
17
cursos e escolas de Ensino Médio Integrado e Ensino Médio Regular – sobre suas
perspectivas, de modo a possibilitar-lhes espaços e tempos para ponderações sobre
a temática.
Destarte, espera-se contribuir para que jovens estudantes tenham mais clareza
em relação ao sentido da educação e do trabalho para suas vidas, além dos caminhos
possíveis de formação, ainda na educação básica. Motivando a continuidade de seus
estudos, contribuindo, em certa medida, para mitigar a evasão.
Pretende-se, ainda, que, a partir do desenvolvimento desta pesquisa, a
biblioteca escolar se torne um espaço que, para além da guarda de livros, favoreça a
integração dos conhecimentos de diferentes disciplinas em prol da construção do
projeto de vida de estudantes.
Para o detalhamento da pesquisa, elaborou-se esta dissertação que se
encontra estruturada em seis seções, incluindo esta Introdução. A seção 2 apresenta
o referencial teórico utilizado nesta pesquisa, considerando o arcabouço conceitual
relacionado a juventudes, educação, projeto de vida, novo ensino médio, biblioteca
escolar e a utilização de rodas de conversa e vídeos no ensino.
Na sequência, a seção 3 traz o percurso metodológico utilizado para o
desenvolvimento da pesquisa, desvelando as características que definiram o desenho
do estudo, com um olhar particular para as participantes, os critérios éticos, os
instrumentos para a coleta de dados, bem como a metodologia para a análise dos
dados utilizada para lograr o objetivo geral e os objetivos específicos. Ainda na seção
3, evidencia-se a estratégia de uso não sexista da língua, por meio da qual se
intenciona contribuir para a construção de uma linguagem inclusiva de gênero. A
referida opção deriva de um compromisso pessoal da pesquisadora com a luta pela
igualdade entre as pessoas.
Posteriormente, a seção 4, destina-se à exposição dos resultados e discute os
achados oriundos do estudo, articulando-os aos objetivos propostos e ao referencial
teórico.
Já a seção 5 pormenoriza os Produtos Educacionais (PEs) desenvolvidos
nesta pesquisa (vídeos didáticos/instrucionais e roteiro para rodas de conversa),
assim como as etapas de aplicação e avaliação.
Finalmente, a seção 6 apresenta as conclusões da pesquisa, apontando as
contribuições, os limites, possibilidades de pesquisas, tecendo algumas
considerações finais.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
construção de um rumo para a vida. Sendo que, de acordo com Geraldo Leão, Juarez
Dayrell e Juliana B. Reis (2011), a juventude pode ser uma fase crucial para o
desenvolvimento pleno enquanto pessoa adulta e cidadã.
Na sociedade moderna ocidental, pode-se dizer que a vida adulta abarca,
genericamente, 5 dimensões: “terminar os estudos; viver do próprio trabalho; sair da
casa dos pais e estabelecer-se numa moradia pela qual torna-se responsável ou
corresponsável; casar; ter filhos” (ABRAMO; LEÓN, 2005, p.7). Desse modo, a
consideração dessas dimensões fornece um ponto de partida para a análise, sem,
contudo, ignorar as formas diversas, desiguais e não-lineares de trajetórias possíveis.
Não obstante, ressalta-se que a fase adulta não é a simples superação da fase
de transição juvenil, antes, é consequência de um processo de crescimento em
múltiplas dimensões. Não havendo, desse modo, a substituição de uma fase da vida
pela outra, sendo que a adolescência marca o início da juventude e as transformações
dessa etapa (no corpo, nos afetos, nas referências sociais e relacionais), estarão
presentes, de alguma forma, ao longo de toda a vida da pessoa. (DAYRELL, 2003)
No caminho para a maturidade, a juventude que frequenta a escola se
questiona acerca do sentido dessa instituição para as suas vidas. De igual modo,
questiona-se, neste trabalho, qual a relevância da escola para a construção do projeto
de vida de jovens.
Ao refletir sobre essas questões, Carlos H. S. Martins e Paulo C. R. Carrano
(2011, p. 44) indicam que “a escola, em especial a de Ensino Médio, constitui-se em
instituição privilegiada de promoção de suportes para que os jovens elaborem seus
projetos pessoais e profissionais para a vida adulta”.
Para tal, é primordial que profissionais da educação tenham a compreensão de
que estudantes são jovens. Sendo que, os mesmos fatores que contribuem para a
diversidade de vivências juvenis, implicam, igualmente, no modo em que cada jovem
se constitui enquanto estudante, construindo, no bojo das suas relações sociais, as
motivações e os sentidos que atribuem à escola. (DAYRELL, 2003; MARTINS;
CARRANO, 2011; LEÃO, 2011)
Nesse sentido, tem-se a noção de que a escola pode não ser, para boa parte
da juventude, um tempo exclusivo de preparação. Jovens de classes populares, por
exemplo, vivenciam responsabilidades características da vida adulta – como a
pressão para a entrada no mundo do trabalho, a gravidez, a maternidade, a
paternidade – em um momento que ainda experimentam vivências relacionadas à
24
juventude. Assim, não é conveniente que a escola espere que jovens estudantes
simplesmente assumam a condição de estudante em um contexto que não considere
a sua condição juvenil. (CARRANO, 2010)
Em face disto, uma das mais relevantes incumbências das instituições está em
colaborar para que jovens construam seu próprio acervo de conhecimentos e valores,
ao mesmo tempo em que contribui para a realização de escolhas conscientes no que
concerne a suas trajetórias pessoais (MARTINS; CARRANO, 2011).
Assim, a escola tem a possibilidade de inspirar a construção de projetos de vida
de jovens estudantes. Nesse sentido, explicita-se que a compreensão de projeto de
vida adotada para esta pesquisa “remete a um plano de ação que um indivíduo se
propõe a realizar em relação a alguma esfera da sua vida (profissional, escolar, afetivo
etc.) em um arco temporal mais ou menos largo”. (LEÃO; DAYRELL; REIS, 2011, p.
1071-1072)
Avançando nessa compreensão, recorre-se à clássica interpretação de Alfred
Schutz (1979) segundo o qual as escolhas das pessoas são feitas por meio de
processos, etapa por etapa, em uma rede de decisões parciais. Sendo que, em
consonância com o autor, a construção de um projeto de vida não é um processo
linear, mas sim imbricado de idas e vindas, abandono e retomada de objetivos, que
acompanham e refletem o amadurecimento de cada pessoa.
Nesse sentido, projeto de vida é algo dinâmico, podendo sofrer alterações de
acordo com a maturidade alcançada e/ou pelas transformações em seu campo de
possibilidades. Tal campo de possibilidades está atrelado ao contexto socioeconômico
e cultural que cada jovem vive, bem como ao modo como cada pessoa se relaciona
com esse mesmo contexto (LEÃO; DAYRELL; REIS, 2011). De modo que, a
construção de um projeto de vida individual é diretamente associada ao contexto em
que vive.
Depreende-se, assim, a necessidade da construção de espaços, tempos e
relações de qualidade que possibilitem a experimentação e desenvolvimento de
potencialidades da juventude, dando a ela elementos que colaborem para a
elaboração de um projeto para suas vidas (LEÃO; DAYRELL; REIS, 2011).
Com alegado apoio nessa demanda, vive-se hoje, no Brasil, a iminência da
implantação do “Novo Ensino Médio”. Instituído pela Medida Provisória (MP) nº. 746,
de 22 de setembro de 2016 (BRASIL, 2016) – convertida na Lei n.º 13.415, de 16 de
fevereiro de 2017 (BRASIL, 2017) – é aventado pelo governo e por entidades
25
Perante o exposto, urge uma análise a respeito dos possíveis impactos que as
mudanças impostas pela legislação trarão para a formação da juventude brasileira,
como disposto a seguir.
Assim, já para o ano letivo de 2022, todas as escolas de Ensino Médio tiveram
que adequar sua carga horária para 1000 horas/ano (5 horas/dia) e,
progressivamente, chegar até o mínimo de 1400 horas/ano (7 horas/dia), ou seja,
período integral.
De maneira que, se permanecer na escola 7 horas por dia, com qualidade, é
direito de jovens estudantes; por outro lado, a extensão desta carga horária inviabiliza
o acesso ao Ensino Médio de estudantes que trabalham (KUENZER, 2017).
Sobre esse mesmo aspecto, Geraldo Leão (2018) chama a atenção para o
esquecimento da escola noturna, de modo que a Lei prevê apenas a oferta da
Educação de Jovens e Adultos e do ensino regular, considerando as condições do
educando, sem dar maiores detalhes. Demonstrando, dessa maneira, um
rebaixamento, ainda maior, dessa modalidade que atende, em sua maioria, jovens
das camadas populares3.
Quanto à organização curricular, determinada pela Lei, nota-se que sua
estruturação segue o princípio da flexibilidade (KUENZER, 2017). Sendo que, com o
pretexto de atender aos projetos de vida da juventude, a organização passa a admitir
diferentes trajetórias curriculares. Assim, o artigo 4º da Lei n.º 14.315/17 (BRASIL,
2017), altera o artigo 36 da LDB, que passa a vigorar com o seguinte texto:
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional
Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados
por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância
para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
I - linguagens e suas tecnologias;
II - matemática e suas tecnologias;
III - ciências da natureza e suas tecnologias;
IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
V - formação técnica e profissional.
§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas
competências e habilidades será feita de acordo com critérios estabelecidos
em cada sistema de ensino. (BRASIL, 2017)
3
As questões referentes à Educação de Jovens e Adultos não serão detalhadas por não se tratar do
enfoque desta pesquisa, contudo, compreende-se a relevância do tema para o debate sobre o Novo
Ensino Médio.
28
Ensino Médio, a carga horária da BNCC não poderá ser superior a 1800 horas da
carga horária total, aos itinerários formativos destinam-se 1600 horas. Tendo como
disciplinas obrigatórias apenas Português e Matemática. (BRASIL, 2017)
Diante destas alterações, infere-se a retomada de dispositivos de dualidade e
fragmentação, remetendo à reforma Capanema4, momento em que havia a divisão
entre ensino clássico e científico (RAMOS, 2017; MOTTA; FRIGOTTO, 2017).
Enfatizando que, no período, o ensino secundário industrial, comercial e agrícola não
tinham equivalência para continuidade para o ensino superior. De modo que, sob o
pretexto da escolha, os itinerários formativos, que supostamente serão oferecidos
pelas escolas, “ampliam o leque da não equivalência” (MOTTA; FRIGOTTO, 2017, p.
367).
Nessa mesma perspectiva, nota-se que, nas últimas décadas dos anos 2000,
com a ampliação das matrículas no ensino médio e expansão do acesso ao ensino
superior, a juventude passou a ter como perspectiva esse nível de ensino. Avalia-se,
então, que a redução das disciplinas básicas, e a criação de itinerários desvinculados
da formação técnico-profissional, intentam conter tal demanda. (LEÃO, 2017)
Ademais, a realidade material das escolas de todo Brasil, bem como a redução
no orçamento da educação, são os principais contrapontos ao discurso de respeito à
diversidade e opções de escolha aventada por pessoas e entidades defensoras da
reforma (KUENZER, 2017).
Salienta-se o fato de vários municípios brasileiros terem apenas uma escola de
Ensino Médio para atender sua população. Essa realidade sugere que a flexibilidade
pressuposta se converterá em rigidez, obrigando discentes a, simplesmente,
cursarem o itinerário disponível. E, mesmo que haja um leque de escolhas, esta seria
feita de forma precoce, pois a juventude que vem do ensino fundamental não estaria
preparada para decidir a respeito de uma área especializada de estudo, sendo
necessário que estudantes tenham maior contato possível com diferentes áreas.
(KUENZER, 2017)
Essa flexibilização, por um lado, atende a demandas de governadores e
gestores estaduais, já, por outro lado estreitam as possibilidades para a juventude. Ao
passo que estudantes receberão uma formação fragmentada em áreas do
conhecimento, em contraposição com a proposta de formação integral. (LEÃO, 2018)
A biblioteca escolar é, por muitos, vista como um local dentro da escola apenas
para a guarda de livros, contudo, sua função vai muito além desse aspecto. É possível
que esse espaço se constitua em um importante instrumento no processo de ensino-
aprendizagem, auxiliando tanto docentes em seu trabalho, quanto colaborando com a
trajetória escolar de estudantes.
Para Wladeck C. Silva (1995), a função básica da biblioteca escolar está em
transmitir a herança cultural às novas gerações, possibilitando, assim, a reapropriação
do passado, ao mesmo tempo em que enfrentam os desafios do presente e projetam-
se no futuro.
Nesse mesmo sentido, Walda A. Antunes (1998, p. 171) define a Biblioteca
escolar como sendo:
Justamente nessa perspectiva, que, no ano de 2010, foi promulgada a Lei n.º
12.244 (BRASIL, 2010), de universalização das bibliotecas escolares, na qual todas
as instituições de ensino (públicas e privadas) do país, deveriam contar com
bibliotecas, no prazo máximo de 10 anos, a partir de sua promulgação. Extrapolado o
prazo, a situação evidenciada nas escolas brasileiras é, ainda, a ausência desse
espaço em grande parte das escolas ou, quando existe, nota-se a sua precarização e
subutilização.
Nesse sentido, Luiz Milanesi (1986, p. 86) traz a reflexão de que:
5 Para a vaga pode ser atribuída pessoa no cargo de docente, Apoio Administrativo Educacional (AAE)
em readaptação de função, ou, ainda, Técnico Administrativo Educacional.
36
Assim, com esse método é estabelecido uma relação dialógica, apontando para
um protagonismo das pessoas estudantes no processo de ensino-aprendizagem, uma
vez que: “se dizer a palavra verdadeira, que é práxis, é transformar o mundo, dizer a
palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens” (FREIRE,
1987, p. 54). Remete-se, com isso, à uma educação enquanto prática social para a
transformação da realidade e libertação de todas as pessoas.
Internacionalmente, o nome que se destaca é do educador francês Celèstin
Freinet (1975) que, com o foco na educação infantil, enfatizava em sua pedagogia a
livre expressão (corporal, verbal, nas artes) de estudantes. Desta feita, a livre
expressão permeia todas as técnicas de ensino utilizadas pelo educador, como: roda
de conversa, jornal escolar, imprensa escolar, correspondência interescolar, aulas
passeio, entre outras. (SCARPATO, 2017)
Em especial, a roda de conversa, para Freinet (1975), constituía-se em uma
prática diária em sala de aula. Para o autor, esta metodologia deveria ocorrer em dois
momentos: no início e no final da aula. A conversa inicial possibilitaria às crianças o
relato de novidades, discussão de conteúdos e o planejamento do dia, entre outros;
e, a conversa final, por sua vez, seria um meio de avaliação das atividades realizadas.
Além desses momentos, as rodas de conversa poderiam ser realizadas em qualquer
37
conhecimento de forma integrada e com sentido para estudantes, que se tornam, para
além de receptáculos, agentes desse conhecimento, ao mesmo tempo em que
promovem o entusiasmo pelo saber. (WARSCHAUER, 2004)
De forma semelhante, Petronilha B. G. Silva e Nara M. G. Bernardes (2007, p.
54) entendem a roda de conversa como:
3 O PERCURSO METODOLÓGICO
próximo ano letivo, a escola seria desativada. Assim, conforme orientações contidas
no comunicado, profissionais da educação, com lotação na referida unidade escolar,
deveriam apontar uma outra escola, de sua preferência, para participar do processo
de atribuição6 do ano subsequente.
A justificativa foi de que, na escola, havia um baixo número de estudantes com
matrícula ativa – 256 no total – além de um alto custo de manutenção do prédio – que
era tombado pelo patrimônio histórico (SILVA, J., 2020).
Entretanto, não foi levado em consideração o momento de pandemia que
contribuiu, em certo aspecto, para a diminuição da efetivação de matrículas, como não
ocorreram momentos de diálogo com a comunidade escolar para discutir a situação
da escola e construir estratégias para sua continuidade.
Apesar de toda revolta e mobilização da comunidade escolar (Figura 2), e de
grande parte da sociedade cacerense, o que prevaleceu foi a política de governo que,
no mesmo período, fechou mais outras 13 escolas em Mato Grosso (SILVA, J., 2020).
Desse modo, por meio desta decisão, os 108 anos de contribuição da Escola Estadual
Esperidião Marques para a educação, cultura e história foram encerrados.
6No processo de atribuição, profissionais de uma mesma escola concorrem entre si pela preferência
na escolha de aulas e horário de trabalho. O processo de atribuição para 2021 foi regido pela Instrução
Normativa nº 010/2020/SEDUC/MT (MATO GROSSO, 2020).
44
Por conta da distância entre a sala da biblioteca e, também, pelo fato dos
computadores do Laboratório de Informática serem antigos, sem condições efetivas
de funcionamento, não foi realizada a integração desses ambientes conforme
orientativo exposto na subseção “2.5 A biblioteca escolar: espaço para reflexão”.
Assim, emergiu a necessidade de busca por estratégias que contribuam tanto
para a reflexão com estudantes (sobre temas como trabalho, educação e suas
perspectivas educacionais e profissionais), quanto para a integração do espaço da
biblioteca escolar nas práticas pedagógicas.
Diante disto, a proposta de promover na biblioteca escolar um espaço de
discussão sobre o mundo do trabalho implica em tornar esse espaço um ambiente
essencial à vida escolar, uma vez que “somente quando as vivências que acontecem
na biblioteca forem essenciais à vida escolar é que ela deixará de ser um lugar de
esconder livros (às vezes, até mesmo de depositar o ‘entulho’ que não se sabe onde
por) ” (MOLLO; NOBREGA, 2011, p. 9).
Torna-se, então, um local de construção de conhecimento, onde é
complementado o ensino formal desenvolvido em sala de aula – no sentido de
contribuir com o delineamento do projeto de vida de estudantes.
46
7
Link para o vídeo convite: https://www.youtube.com/watch?v=ZKmpXkBNGRE.
47
8Lockdown é a medida mais radical utilizada por governos para promover o isolamento social. Com o
objetivo de reduzir a velocidade de propagação do coronavírus, a medida promove um bloqueio total
das atividades não essenciais, limitando a circulação de pessoas obrigando-as a ficar em casa. Cada
governo define as especificidades de como a ordem será implantada. (VALENTE, 2020)
48
Esse encontro teve como objetivo apresentar o trabalho que seria desenvolvido
pela pesquisadora, bem como estabelecer alguns aspectos atitudinais para que os
encontros ocorressem de forma respeitosa. Além disso, foi realizada uma sondagem
inicial sobre as perspectivas educacionais e profissionais das participantes.
Para uma melhor gestão do tempo, as atividades foram organizadas conforme
disposto no Quadro 2.
9
Verificou-se que o link disponibilizado não respeitava os direitos autorais da produção, sendo sugerido
a aquisição do filme para a composição do acervo audiovisual da biblioteca escolar para, a partir daí
disponibilizá-lo para acesso à comunidade escolar.
54
comprometida, não apenas com o trabalho, mas também de forma pessoal com
estudantes, em um contexto de desvalorização profissional.
A partir do trecho assistido, foi estimulado que as participantes comentassem,
de forma voluntária, sobre as seguintes questões: (i) Vocês acreditam que o
depoimento da professora condiz com a realidade que vocês vivenciam em sala de
aula?; (ii) O que vocês consideram que seja uma boa professora ou um bom
professor?; (iii) Como cada uma percebe seu comportamento em relação às
professoras e aos professores?; (iv) O que vocês acham que as professoras e os
professores podem fazer para melhorar as aulas, deixando-as ainda mais atrativas?;
e (v) Em que cada uma, enquanto estudante, acha que pode contribuir, para um bom
andamento das aulas?
Finalizada as discussões, a pesquisadora propôs que, para a próxima roda de
conversa, as alunas ouvissem e/ou lessem as letras das músicas da lista de
reprodução “Mundo do Trabalho”10, disponível no YouTube. A referida lista de
reprodução é composta por 7 músicas, selecionadas pela pesquisadora, que abordam
o tema Trabalho. As letras das músicas foram disponibilizadas em arquivo PDF,
encaminhado via WhatsApp, de modo que, o conteúdo das músicas serviria como
apoio para as discussões da roda de conversa seguinte.
Ademais, a pesquisadora encerrou a roda de conversa, mais uma vez,
agradeceu a todas pela participação, reforçou a relevância das atividades para a
formação das estudantes e reiterou o convite para que se façam presentes no próximo
encontro.
10As músicas foram selecionadas em canais que resguardam os direitos autorais das produções,
sendo a playlist disponível em:
https://youtube.com/playlist?list=PLtMghP7OGfLu1SREmQt0UYN6NOcXYa7jg
56
Figura 5 – Abelhas
organização das frases de modo que fujam às flexões de gênero. Salienta-se que
estratégias que propõem alterações morfológicas 11 não foram adotadas, mantendo o
texto dentro das normas gramaticais e de formatação.
Não obstante, compreende-se que a proposta (ou as propostas) de uma
linguagem inclusiva de gênero é, ainda, incipiente e limitada. No entanto, acredita-se
que o esforço em a utilizar pode contribuir com as discussões em torno da prática e,
por consequência, com o seu desenvolvimento.
Nesse sentido, buscou-se como referência para a escrita deste trabalho as
práticas textuais indicadas pelo Manual para o Uso Não Sexista da Linguagem
(GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, 2014), bem como pelas autoras
Guacira L. Louro (2014) e Karen S. F. M. Ribeiro (2020). Tais práticas são
evidenciadas a seguir e relacionadas a exemplos do próprio trabalho.
A primeira prática refere-se à opção por não utilizar o gênero masculino em
generalizações, priorizou-se, assim, a utilização de palavras ou expressões que não
trazem marcação de gênero (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL,
2014), por exemplo: “Destarte espera-se contribuir para que jovens estudantes […]”.
Em caso de plural, quando engloba ambos os gêneros sem especificações, é escrito
primeiro a palavra segundo o gênero feminino e, na sequência, a palavra segundo o
gênero masculino. Como exemplo: “Como cada uma percebe seu comportamento em
relação às professoras e aos professores. ”
Neste mesmo sentido, não se utiliza a palavra “homem”, “indivíduo” ou outra
correlata quando o que se quer dizer refere-se às pessoas em geral (GOVERNO DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, 2014), cita-se como exemplo: “[…] a
adolescência como uma fase homogênea que todas as pessoas, obrigatoriamente,
passam […]”.
Ainda, quando no texto faz-se referência a uma ou mais mulheres, o gênero
feminino é explicitamente utilizado (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL, 2014), cita-se como exemplo: “O vídeo foi compartilhado pela coordenadora
pedagógica […]” e “De acordo com as estudantes, a dinâmica do ensino remoto [...]”.
11Existem iniciativas que propõem o uso do “X”, “@” e “e” em substituição aos marcadores de gênero
“a” e “o”. Tais propostas alcançam grande repercussão nas redes sociais, não há, contudo, consenso
sobre qual seria a maneira ideal. Tem em comum entre si a transgressão morfológica com o objetivo
de contemplar a representação de pessoas não binárias (MEDEIROS, 2016). A não adoção destas
estratégias se deu, principalmente, pela compreensão de que os recursos sugeridos dificultam a leitura
do texto, impactando em sua fluidez e acessibilidade.
62
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Gênero
feminino
14 anos de Cor parda ou
idade preta
Estudante do Nacionalidade
9º ano brasileira
Estudante na Natural de
EEDJRF Cáceres
Quanto ao seu percurso educacional (Gráfico 1), a maioria das estudantes (3)
informou ter estudado o ensino fundamental somente em escolas públicas. Uma
estudante informou ter estudado em escolas públicas, na maior parte do tempo. Ainda,
outra estudante informou ter cursado o ensino fundamental em escolas particulares,
na maior parte do tempo.
1
Só em escolas
públicas
Metade em escolas
públicas, metade em
escolas particulares
1 3 Em escolas
particulares, na
maior parte do tempo
Gráfico 2 – Período que estudam na Escola Estadual Dr. José Rodrigues Fontes
2 A partir do 1º ano do
Ensino Fundamental
A partir do 9º ano do
3 Ensino Fundamental
Mãe 4
Pai 3
Irmã 4
Irmão 1
Ensino Superior
completo
2
Ensino Fundamental
completo
Ensino Fundamental
incompleto
1
Não quero responder
cursou o ensino médio completo e, ainda, 1 cursou o ensino superior completo. Uma
participante não respondeu. Verifica-se uma variedade nos níveis de formação dos
pais das alunas.
1 1
Ensino Médio completo
Ensino Fundamental
completo
Ensino Fundamental
incompleto
Ensino Superior
1 1
completo
Não quero responder
Vendedor Repositor
Trabalhador na
Policial
marinha
Já, as profissões exercidas pelas mães (Figura 9), foram: operadora de caixa,
autônoma e professora (2).
68
Operadora de
Autônoma
Caixa
Professora Professora
Diante dos dados relativos à escolaridade e profissão das mães e dos pais,
será possível considerar a influência desses indicadores nas percepções e
perspectivas manifestadas pelas alunas participantes.
Outrossim, foi questionado acerca da renda média familiar (Gráfico 6); a maioria
das estudantes não souberam (2) ou não quiseram (1) responder à pergunta – o que
pode evidenciar uma falta de diálogo familiar envolvendo as estudantes sobre a
questão.
Não sei 2
Empréstimo de livros 1
Leitura de livros 2
Atividades de aulas 1
Hora atividade 1
Atividades de aulas 2
Estrutura física
2
Acervo de livros
2
Atendimento 2
1
Recursos tecnológicos 1
Estrutura física
2
1
Acervo de livros
1
Atendimento 2
1
Recursos tecnológicos 1
Figura 11 – Temáticas para a análise da subcategoria (1.1) “Educação que a gente leva pra vida”
(1.1.1)
Respeito
(1.1.2)
Certo e errado
(1.1) Educação que
(1) Educação a gente leva pra
vida (1.1.3)
Hábitos, costumes e
valores
(1.1.4)
Aprender para
ensinar
Quadro 7 – Categoria de análise (1) Educação, subcategoria (1.1) "Educação que a gente leva pra
vida”
Subcategoria (1.1)
“Educação que a gente leva pra vida”
Descrição: A educação que se dá na escola é vista como limitada a conteúdos escolares. Contudo,
o que se espera é uma educação relevante para a vida em sociedade, no que tange ao respeito
entre as pessoas, aos hábitos, costumes e valores da comunidade.
Temas Exemplos de Verbalizações
Esmeralda: “[…] eu penso, tipo, em respeito a todos e… nossa… única
(1.1.1) Respeito coisa que eu penso mesmo é sobre o respeitar as pessoas, tipo, educar a
pessoa pra respeitar mesmo.”
Safira: “É… basicamente acho que ensinar a pessoa a, talvez, para ela não
(1.1.2) Certo e cometer os erros dela, ser uma pessoa certa […].”
errado Safira: “[…] eles só tratam a escola como estudo, eles não tão lá pra ensinar,
tipo, o que é certo, o que é errado.”
Rubi: “Ai, eu acho que a educação significa o meio de hábitos, né, os
(1.1.3) Hábitos,
costumes e valores de uma comunidade [...]. Na escola, educação que a
costumes e valores
gente leva pra vida.”
(1.1.4) Aprender Agatha: “Para mim, tipo, é a gente aprender com uma pessoa e depois [...] o
para ensinar conhecimento da gente que a gente aprendeu passar para outra pessoa.”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
(1.2.1) Bullying
(1.2.2) Família
(1.2.4) Nossa
realidade
(1.2.5) Filme
Subcategoria (1.2)
“Sobre a realidade”
Descrição: Assuntos como Bullying, racismo, homofobia e demais temáticas que fazem parte do dia
a dia das estudantes são apontados como temas de interesse para serem abordados pela escola.
Manifestam a percepção de que, para algumas pessoas, o convívio familiar acaba potencializando
comportamentos negativos dentro do contexto escolar. É criticada a abordagem dos temas, apenas
por meios de divulgações isoladas – como cartazes –, sendo sugerida a utilização de filmes que
versem sobre a realidade vivenciada por elas.
Temas Exemplos de Verbalizações
Esmeralda: “[…] a questão do bullying, sabe? Então, eu acho que primeiramente
eu queria muito que os professores, tipo, ensinassem mais sobre isso [...] eu acho
que colar uma… um papel na parede, falando para não fazer bullying, eu acho
que isso realmente não vai funcionar com umas pessoas, até porque tem
(1.2.1) Bullying
bastante aluno que tem os pais que [...] não conversa, não tem… um convívio
(1.2.2) Família
muito bom com os pais.”
Rubi: “Que às vezes a pessoa não tem um relacionamento bom com os pais
e traz um sentimento muito grande de raiva e acaba trazendo para escola e
desconta nas pessoas que estão na escola, nos colegas.”
(1.2.3) Racismo Safira: “Racismo, todo tipo de… ser homofóbico e tudo mais, nunca eles tratam
(1.2.4) sobre isso.”
Homofobia
Agatha: “Ah, é, passar coisas diferentes, coisas que chamam, tipo, atenção da
gente, assuntos tipos… não só voltados pra aula, mas outros assuntos[...]. Passar
filme, as coisas, tipo, sei lá.”
(1.2.5) Nossa
Rubi: “Passar filme, passar umas coisas sobre o dia a dia nosso, né? [...]
realidade
alguma coisa assim, tipo no final da aula, passar alguma coisinha assim, igual
(1.2.6) Filme
aqui.”
Safira: “[…] falar mais sobre a realidade, com filmes mais sobre a realidade
brasileira.”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
Figura 13 – Temáticas para análise da subcategoria (1.3) “Muitas coisas aprendi na escola”
(1.3.1)
Respeito
(1.3.2)
Português
(1.3.3)
Matemática
(1.3.4) Arte
(1.3) Muitas
(1) Educação coisas aprendi
na escola (1.3.5)
Educação
Física
(1.3.6) Inglês
(1.3.7)
Ciências
(1.3.8)
Geografia
Quadro 9 – Categoria (1) Educação, subcategoria (1.3) “Muitas coisas aprendi na escola”
Subcategoria (1.3)
“Muitas coisas aprendi na escola”
Descrição: Apontam o respeito, além das disciplinas curriculares – Português, Matemática, Inglês,
Educação Física, Artes, Ciências, Geografia – como algo que aprendem na escola e utilizam no seu
dia a dia. Se motivam para estudar disciplinas que têm mais afinidade.
Temas Exemplos de Verbalizações
1.3.1 Respeito Rubi: “[…] a professora minha sempre dava uma lição de moral, ou alguma coisa
assim, quando começava a aula. Então, sempre fui aprendendo bastante coisa
com eles, por exemplo, que tinha que ter respeito com as pessoas, que, mesmo
você tendo um dia ruim, você tem que tratar as pessoas bem, assim como você
gostaria de ter respeito, sempre fazia isso.”
Esmeralda: “[…] na minha escola, também sempre ensinou o respeito, de vez
em quando também[...].”
1.3.2 Português Rubi: “É, utilizo bastante português quando vou falar; assim, às vezes, quando
1.3.3 eu vou falar com a minha mãe, eu tenho… uma certa linguagem com ela… a
Matemática gente fica discutindo sobre isso. É isso.”
1.3.4 Arte Esmeralda: “[...] Matemática, com as contas que eu uso todo dia, que todo lugar
1.3.5 Educação tem número, então eu preciso da Matemática para isso. Português também, e…
Física Artes, eu gosto bastante de ver Arte na rua ou algo do tipo. Até porque tem vários
1.3.6 Inglês tipos de Artes que existe. A Educação Física também é muito importante para a
1.3.7 Ciências gente não ficar parado, tipo, dançar, se exercitar ou algo do tipo [...].”
1.3.8 Geografia Agatha: “Ah, muitas coisas, tipo, a Matemática, é, em todo lugar tem conta para
fazer. E também Inglês, na TV fala muito Inglês, é... músicas que eu ouço... e
Educação Física, eu treino bastante em casa. É, muitas coisas aprendi na
escola que eu uso no dia a dia.”
Safira: “Ah, o que eu mais uso no meu dia a dia é mais do Português, da
Matemática e Ciências, é que eu gosto bastante e são as matérias mais
importantes para mim. Sobre Português, sobre os verbos; Matemática, sobre
multiplicação.”
Rubi: “[…] eu gosto bastante da matéria de Educação Física, ao estudo da
capoeira e as danças. [...] Como eu dançava, eu gosto muito de dançar.”
Esmeralda: “Ah, eu gosto, tipo, [...] Ciência, Geografia ou do tipo. Eu meio que
gosto de estudar quando tem alguma matéria que eu gosto.”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
O respeito entre as pessoas é citado, por parte das estudantes, como algo que
aprendem na escola; sendo relacionado às normas de convivência social. No entanto,
percebe-se que a referência ao tema no contexto escolar é feita de forma isolada, sem
uma relação com o Projeto Político Pedagógico da instituição. Dependendo das
concepções da pessoa docente, bem como de sua disposição em tratar o assunto
com a turma.
No momento em que se constata a escola como um espaço não apenas de
transmissão de conteúdos previamente estabelecidos, seria ideal que esses objetivos
fossem explicitados e discutidos entre as pessoas envolvidas no processo educativo
– famílias, profissionais, equipes gestoras etc.
85
De acordo com José C. Libâneo (2006, p. 24), “para tornar efetivo o processo
educativo, é preciso dar-lhe uma orientação sobre finalidades e meios de sua
realização, conforme opções que se façam quanto ao tipo de homem que se deseja
formar e o tipo de sociedade que se aspira. ”
Ademais, todas as participantes foram capazes de relacionar alguma disciplina
do currículo escolar à sua rotina. As disciplinas citadas foram: Português, Matemática,
Artes, Educação Física, Inglês, Ciências e Geografia.
A disciplina de Português foi relacionada à comunicação. Destaca-se a fala da
participante Rubi no uso da matéria em seu convívio familiar: “É, utilizo bastante
português quando vou falar; assim, às vezes, quando eu vou falar com a minha mãe
[...]”. Observa-se que o domínio da norma culta facilita a comunicação entre mãe e
filha, estabelecendo um ponto de congruência intergeracional, no que diz respeito à
linguagem.
A Matemática é referenciada entre as disciplinas, de um modo mais
generalizado, nas palavras de Agatha: “[...] em todo lugar tem conta pra fazer”. Por
meio desse relato é possível observar que, essa disciplina, permeia de modo mais
perceptível a vida das alunas; na perspectiva das participantes, que onde há número
há Matemática.
A disciplina de Arte é citada pela aluna Esmeralda e relacionada à sua vivência
na cidade: “[...] eu gosto bastante de ver Arte na rua [...]”. Já, a disciplina de Educação
Física, as participantes a relacionam à saúde e ao bem-estar. Ademais, ao se referir
à disciplina de Inglês, Agatha a relaciona a momentos de lazer, como ver televisão e
ouvir músicas.
Quando citadas, as disciplinas de Ciências e Geografia não são relacionadas
com alguma vivência das participantes; porém, são por elas consideradas matérias
com as quais têm afinidade e, portanto, gostam de estudar.
Nota-se, assim, que a percepção das alunas, mesmo que incipiente, aponta
para a possibilidade de vinculação do conhecimento científico ao cotidiano, e vice-
versa.
Sobre esse aspecto, José C. Libâneo (2016) declara que a escola deve
assegurar às pessoas estudantes condições para a apropriação dos saberes
produzidos historicamente, de modo que, por meio deles, alcancem o
desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral. Idealmente, nesse processo, devem ser
86
Figura 14 – Temáticas para análise da subcategoria (1.4) “Docentes que se importam – Docentes
que são ‘jogados’”
(1.4.1) Docentes
que se importam
e estudantes
nada
(1.4.2) Docentes
(1.4) Docentes que se importam
que se importam -
(1) Educação
Docentes que são
"jogados" (1.4.3)
Incentivadas a
aprender mais
(1.4.4) Docentes
que são "jogados"
Quadro 10 – Categoria (1) Educação, subcategoria (1.4) “Docentes que se importam - Docentes que
são ‘jogados’”
Subcategoria (1.4)
Docentes que se importam – Docentes “jogados”
Descrição: As alunas reconhecem o trabalho das professoras e professores e apontam que, muitas
vezes, não é valorizado pelo próprio alunado. Indicam que professoras e professores bons são
aquelas e aqueles que se comprometem com o aprendizado por parte dos estudantes. De outra feita,
professoras e professores ruins apenas se preocupam com o cumprimento da sua jornada de
trabalho. Há a indicação de que, na atualidade, algumas alunas não conhecem suas professoras e
seus professores.
Temas Exemplos de Verbalizações
1.4.1 Docentes Esmeralda: “É muito ruim isso, sobre os professores dedicarem ao máximo
que se deles, e os alunos nada, sabe?”
importam e Safira: “Tem vezes que o professor tenta de tudo pra a pessoa e ela não corre
estudantes nada atrás de tentar.”
Rubi: “Vários professores tentam fazer de tudo para dar o melhor ensino para
o aluno e o aluno não demonstra nenhum interesse. Isso acaba prejudicando
o psicológico, também, né?”
Agatha: “Sempre eles dão melhor deles para ensinar a gente; só que tem
pessoas que não valorizam isso.”
1.4.2 Docentes Esmeralda: “Um professor bom, tenta ajudar o máximo os alunos; tipo, tá com
que se dúvida? ‘Ah, vem aqui que eu explico de outra forma para você, para ver se você
importam entende’,[...] faz alguma coisa para o aluno entender melhor, sabe?”
1.4.3 Safira: “A boa professora é aquela que dá atenção, ajuda o aluno quando ela tá
Incentivadas a em dúvida, [...] presta bastante atenção, se uma pessoa tá prestando atenção ou
aprender mais não; pergunta, faz questionário com elas.”
Rubi: “Eu acho que um bom professor é aquele determinado a executar o seu
papel, é [...] dar atenção aos alunos, explicar matéria, perguntar se entendeu ou
não, é... passar um bom ensino para os alunos.”
Agatha: “Um bom professor pra mim é aquele que se preocupa com o aluno
quando ele está com dúvida. Aí ele vai ajudar até o aluno aprender.”
Esmeralda: “[...] Pedir pra gente fazer alguma pesquisa, se aprofundar mais no
estudo que a professora tá trabalhando. Eu acho isso muito bom, tipo, de se
preocuparem com a gente.”
Safira: “Tem vezes que eu gosto não é sobre o estudo mesmo que a professora
trata pra gente, mas sim que ela fala para a gente aprender mais, saber mais.”
1.4.4 Docentes Safira: “Tem os professores que querem que a gente aprenda, querem que a
que são gente se esforce, mas tem uns outros professores que são jogados.”
“jogados” Esmeralda: “Eu acho que os professores deveriam, tipo, se preocupar um pouco
mais com os alunos. Tipo, o que que eles pensam sobre, não é só explicar a
matéria e fazer, sabe?”
Esmeralda: “[…] os professores deveriam se preocupar mais com a saúde
mental dos alunos.”
Rubi: “Mas também tem aquele professor que só explica, dá a tarefa e tá nem
aí pro aluno também.”
Esmeralda: “Um professor ruim é um professor que, tipo, ‘ah, eu tô aqui, só tô
aqui porque tem que ter dinheiro todo mês’; e é isso, ‘só vou entregar atividade
para vocês fazerem aí, tenho que ir embora logo’ e não faz nada, só fica na sala
mesmo.”
Rubi: “Um professor que não está determinado a executar corretamente o papel
de professor dele, eu acho que é aquele que não liga para nada, só passou
tarefa.”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
88
assimilado e estimulam a busca por mais conhecimento, têm uma avaliação positiva.
Diante da ênfase na relação pessoal no âmbito do ensino, questionou-se a
percepção das alunas no que se refere ao ensino, no período pandêmico, que obrigou
uma migração do ensino presencial para o não presencial.
Os dados sobre esse tema foram organizados na subcategoria (1.5) “Ensino
Remoto”, organizada conforme a Figura 15.
(1.5.1) Bom
(1.5.2) Mais ou
menos
(1.5) Ensino
(1) Educação (1.5.3) Ruim
Remoto
(1.5.4) Precisa
melhorar
(1.5.5) Nunca
tive aula
De acordo com as estudantes, a dinâmica do ensino era feita apenas por meio
de atividades disponibilizadas em um material impresso apostilado e, em caso de
dúvidas sobre o conteúdo, as estudantes realizavam contato direto com a professora
ou professor, por mensagens via WhatsApp. De sorte que, estas mensagens eram o
único contato estabelecido entre docentes e estudantes.
O Quadro 11 traz as falas analisadas das participantes para esta subcategoria.
Destaca-se um dado que apresentado na fala da participante Rubi: “[...] até por que
eu nunca tive aula com eles, com esses professores [...]”. Nessa fala nota-se que a
aluna considera que as experiências educativas desse período não se caracterizaram
como aula.
90
Subcategoria (1.5)
“Ensino Remoto”
Descrição: A avaliação das aulas remotas na pandemia varia entre bom (2), mais ou menos (1) e
ruim (1). São apontados elementos que podem ser melhorados para que estas aulas sejam mais
atrativas e alcancem melhor os objetivos, como exemplo: aulas síncronas, realizar atividades direto
no material, utilização de jogos.
Temas Exemplos de Verbalizações / Unidades de Registro
Agatha: “Tá sendo boa, eu acho [...] o professor manda a tarefa, a gente faz e
manda. Só isso mesmo.”
1.5.1 Bom
Rubi: “Eu acho que tá sendo bom assim. Eu tô entendendo várias matérias, tá
sendo bom.”
Safira: “Ah, tá sendo mais ou menos, porque eu sempre fui acostumada, tipo,
1.5.2 Mais ou
ter aula on-line, explicar e a gente fazia a tarefa. Mas tipo, eles só mandam a
menos
tarefa. Mas tem vez que chama no PV e eles explicam, né? Mas, mais ou menos.”
Esmeralda: “Eles só mandam mesmo a página que é pra gente ler no livro, as
1.5.3 Ruim atividades e, tipo, a gente faz. Se tiver alguma dúvida, a gente procura no PV
deles. Mas tirando isso acho que não.”
Rubi: “Acho que seria bom também [...] ter aula on-line, [...] tipo agora aqui.
Poderia ser assim, né? Para explicar melhor, para entender [...]”
Safira: “Eles deveriam prestar mais atenção [...] porque toda vez tem que pegar
1.5.4 Precisa apostila, copiar pergunta e responder. Isso cansa muito, porque é bastante tarefa,
melhorar então, tem vezes que nem dá para entregar no prazo, basicamente.”
Esmeralda: “Eu acho que na on-line seria bem melhor se desenvolvesse algum
tipo de jogo pra gente fazer, tipo um questionário, sabe? [...] é praticamente isso.
Eu acho que eles deveriam fazer alguma coisa mais atual, sabe?”
1.5.5 Nunca tive
Rubi: “[...] até por que eu nunca tive aula com eles, com esses professores [...]”
aula
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Nota: Estão em destaque as palavras-chave identificadas nas unidades de registro.
que ocorrem “nos pátios, nas brigas, nas horas da entrada e da saída” (ARROYO,
2011, p. 191) e demais momentos do cotidiano escolar.
Assim, com foco exclusivo na transmissão de conteúdos, pouca interação e
grande delegação de tarefas, fica evidente a perda das demais dimensões intrínsecas
ao processo de ensino-aprendizagem.
De igual modo, verifica-se, neste período, uma redução da relevância da
instituição escolar para a educação em um sentido amplo. O que possibilita a incerteza
acerca da qualidade do ensino ofertado.
Após a exposição da avaliação acerca do ensino remoto, questionou-se a
respeito da autoavaliação das participantes sobre o seu desempenho como alunas,
bem como sobre a organização da rotina de estudos das participantes, neste período.
A subcategoria (1.6) “Eu, aluna” focaliza os aspectos citados a partir dos temas
expostos na Figura 16.
(1.6.1)
Esforçando
(1.6.4) Rotina de
estudos
Subcategoria (1.6)
“Eu, aluna”
Descrição: A autoavaliação das alunas, em relação ao seu desempenho escolar, varia entre:
tentando me esforçar (2), meio ruim (1) e boa aluna (1). A rotina de estudos é flexível.
Temas Exemplos de Verbalizações
1.6.1 Rubi: “Agora nesse momento de pandemia, acho, estou me esforçando mais pra
Esforçando deixar tudo em dias, pra que os professores não tenham outra (obrigação).”
Safira: “Pior que tem vezes que eu sou muito quieta e tem vezes quando eu tô
com dúvida eu não pergunto. Mas agora nessa quarentena, como a Rubi falou,
eu tô tentando dar o meu melhor, para tentar entregar as atividades, para tentar
ser correta, porque já cometi muitos erros na escola e... eu não quero tirar nota
baixa de novo.”
1.6.2 Meio ruim Esmeralda: “Eu sou [...] meio ruim na escola. A Agatha tá de prova. Eu realmente
não tenho orgulho disso [...] mas eu não me esforcei muito na escola. Sabe, me
arrependo bastante disso, de não ter realmente estudado esses anos, até porque
eu tô no 9º ano já, gente. 9 anos sem fazer nada, rsrs, que loucura! Eu fico bem,
bem chateada comigo mesmo [...].”
1.6.3 Boa aluna Agatha: “Na escola sempre fui uma boa aluna, sempre dou o melhor em tudo
que faço, para aí eu ter futuro bom. Minha mãe sempre diz que a escola é boa se
o aluno é bom, então eu sempre dou meu melhor em tudo.”
1.6.4 Rotina de Rubi: “Eu acordo um pouquinho mais tarde, umas 11 horas, 10. Aí eu vejo tarefas
estudos e eu começo a fazer de tarde.”
Agatha: “De manhã, eu faço tarefa da escola e, de tarde, por conta própria, eu
estudo inglês e espanhol, só isso.”
Safira: “Ah, como mudou minha rotina e como a minha mãe também tá
trabalhando, tem que acordar mais cedo pra limpar a casa e estudar.”
Esmeralda: “De manhã, às 6:30 estou acordada, aí eu vou comer alguma
coisinha e vou ver o que tem na matéria. [...] depende, se tiver muita tarefa, eu
até que deixo, tipo, para fazer de tarde.”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
a depender dos contextos mais amplos da vida de cada pessoa. Cada jovem cria
sentidos e motivações particulares para estar na escola e investir (ou não) nos
estudos. Não há, portanto, homogeneidade no desempenho do “ofício” de estudante.
Assim, para o autor, o grande desafio consiste-se em compreender como se
dá a construção dos modos de ser e de viver da juventude, além de como se educam
e recebem educação, em uma sociedade em constante mudança.
É importante registrar, também, que uma autoavaliação predominantemente
negativa causou espanto à pesquisadora, uma vez que todas as participantes
demonstraram, ao longo das rodas de conversa, uma excelente capacidade de
expressão, comunicação e desenvoltura ao falar de temas que, apesar de
transpassarem a vida de todas, não costumam ser objeto frequente de reflexão. Além
disso, o assentimento em participar de atividade extracurricular, por si só, exprime a
disposição e o interesse por novas experiências educativas.
Ainda nesta subcategoria, verificou-se a rotina de estudos, adotada por cada
participante, para a realização das atividades escolares. Foi possível observar uma
flexibilidade em relação aos horários dedicados aos estudos.
Observou-se que, apenas Agatha – que expôs ter uma boa relação com os
estudos – declarou uma rotina determinada para a realização das atividades
escolares.
Ademais, é constatado que as estudantes têm autonomia para organizarem-
se, não houve a menção a qualquer responsável para acompanhamento ou orientação
nesse processo. Além disso, a estudante Safira apontou que precisou dividir os
estudos com atividades domésticas.
Verificou-se que a migração forçada de um estudo presencial para o ensino
remoto emergencial, impôs desafios para toda a comunidade escolar. A já conflituosa
relação com a escola, atrelada à dificuldade educacional, expressa pela maioria das
participantes, acentuou-se neste período.
É, então, nesse contexto que as estudantes precisam decidir qual caminho
percorrer após o ensino fundamental. De sorte que a próxima subseção aborda a
análise das questões referentes às perspectivas das alunas a respeito de seu futuro
profissional e educacional.
95
Figura 17 – Temáticas para análise da subcategoria (2.1) “Expectativas para o Ensino Médio”
(2.1.1) Estudar
para entrar na
faculdade e
trabalhar
(2.1.3) Entender
sobre trabalho,
trabalhando
Quadro 13 – Categoria (2) Futuro educacional e profissional, subcategoria (2.1) “Expectativas para o
Ensino Médio”
Subcategoria 2.1
“Expectativas para o Ensino Médio”
Descrição: Esperam estudar para entrar em uma faculdade e trabalhar. Ao longo do Ensino
Médio, esperam poder compreender mais sobre o mundo do trabalho, seja por meio da realização
de cursos ou da experiência com o trabalho.
Temas Exemplos de Verbalizações
2.1.1 Estudar
para entrar na Agatha: “Eu quero fazer, depois que eu sair do Ensino Médio, uma faculdade e,
faculdade e também, um trabalho junto. É, os dois.”
trabalhar
Safira: “Pro Ensino Médio eu não sei, porque eu quero fazer vários cursos pra
2.1.2 Entender
mim entender mais sobre o trabalho. Eu quero fazer para mim ver mesmo se eu
sobre trabalho
quero trabalhar nesse projeto.”
por meio de
Esmeralda: “[...] eu quero também, fazer bastante cursos e, não sei, ver o que
cursos
vai ser, né? Eu não posso ter muita expectativa, né?”
2.1.3 Entender
Rubi: “Eu acho que, além de ser difícil o Ensino Médio eu quero entrar no mundo
sobre o
no trabalho, mas mesmo assim estudando, sabe? Eu tendo uma noção pra
trabalho,
quando eu terminar o Ensino Médio, ir para uma faculdade e, só isso, né?”
trabalhando
Fonte: elaborado pela autora (2021).
suas potencialidades.
Nessa mesma perspectiva, observa-se a necessidade de informações a
respeito do contexto social na qual se inserem, as possibilidades acadêmicas e do
mundo do trabalho, e demais elementos que possam contribuir para a delimitação de
um rumo para suas vidas.
Conseguinte, nota-se que os achados aqui expostos consolidam a relevância
da proposta desta pesquisa – que é justamente contribuir para a construção de um
espaço, no ambiente escolar, para a reflexão sobre a temática.
Ademais, a partir da análise nesta categoria, chega-se à subcategoria (2.2)
“Ter um futuro melhor”, na qual são expostas as perspectivas das alunas a respeito
de suas motivações para o estudo, organizada conforme a Figura 18.
(2.2.1) Futuro
melhor
(2.2.2) Ajudar
os pais
(2.2.3)
Conhecimento
(2) Futuro
(2.2) Ter um (2.2.4)
Educacional e
futuro melhor Dinheiro
Profissional
(2.2.5) Viajar
(2.2.6)
Faculdade
(2.2.7) Feliz
Quadro 14 – Categoria (2) Futuro educacional e profissional, subcategoria (2.2) “Ter um futuro
melhor”
Subcategoria 2.2
“Ter um futuro melhor”
Descrição: Todas estudam para ter um futuro melhor. Citam ajudar os pais, cursar faculdade, ter
dinheiro e viajar, como aspectos deste futuro.
Temas Exemplos de Verbalizações
(2.2.1) Futuro
melhor
(2.2.2) Ajudar os
Agatha: “Eu estudo para ter um futuro melhor, para ajudar os meus pais [...]
pais
para adquirir conhecimento e ter uma família, dar um lugar melhor para minha
(2.2.3)
família; para ter dinheiro e viajar bastante.”
conhecimento
(2.2.4) dinheiro
(2.2.5) Viajar
(2.2.1) Futuro
Esmeralda: “Primeiramente para ter um futuro, eu quero fazer minha faculdade,
(2.2.6) Faculdade
trabalhar e ter meu dinheiro, ter meu dinheiro, normal, [...] tá tudo bom.”
(2.2.4) Dinheiro
(2.2.1) Futuro
melhor
Safira: “Ah, para eu ter um futuro melhor, para conseguir uma faculdade dos
(2.2.6) Faculdade
meus sonhos e, talvez, ajudar meus pais mais velhos. É isso.”
(2.2.2) Ajudar os
pais
(2.2.1) Futuro
Rubi: “Pra mim ter um futuro melhor.”
melhor
(2.2.7) Feliz Esmeralda: “[...] fazer uma coisa que me faz feliz, sabe?”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Foi possível verificar que as ponderações das participantes tiveram como foco
a inserção no Ensino Superior. Evidencia-se, dessa maneira, o desejo de,
imediatamente após o Ensino Médio, cursar uma faculdade – apostando nisso como
estratégia para alcançar não só a sobrevivência básica, como também, possibilidades
de lazer e independência financeira.
Ao falar sobre a expectativa dominante da juventude atual, em cursar o ensino
superior, Geraldo Leão, Juarez Dayrell e Juliana B. dos Reis (2011) afirmam que esse
fato é uma novidade desta geração, que vive em um período de expansão do Ensino
Médio e do Ensino Superior no Brasil. Nas gerações antecessoras, essa perspectiva
não era recorrente, o que torna comum a incidência de pais e mães com escolaridade
mais baixa que seus filhos e filhas.
Ajudar a família foi, também, um dos aspectos apontados pelas participantes
como expectativa para o futuro. O que ratifica a análise de Geraldo Leão, Juarez
Dayrell e Juliana B. dos Reis (2011), na qual a família aparece como uma instância
99
(2.3.1)
Veterinária
(2.3.2) Jogadora
de futebol
(2) Futuro
(2.3.3)
Educacional e (2.3) Profissões
Advogada
Profissional
(2.3.6) Jogadora
de vôlei
(2.3.7) Juíza
(2.4.1) Esforço
próprio
(2.4.2)
Pandemia
(2.4.3)
Dificuldades
futuras
(2.4.4) Família
(2) Futuro
Educacional e (2.4) Influências
Profissional
(2.4.5) TV
(2.4.6) Eu
mesma
(2.4.7)
Experiência
pessoal
(2.4.8) Escola
Subcategoria (2.4)
“Influências”
Descrição: Todas consideram que o esforço próprio é necessário para o alcance de seus sonhos
para o futuro. Família, automotivação e programas de TV são citados pelas alunas como aquilo que
as influenciam e/ou incentivam em seus projetos para o futuro. Disciplinas escolares são citadas
como prováveis colaboradoras. Em relação às dificuldades, uma citou a pandemia e duas citaram
apenas dificuldades futuras.
Temas Exemplos de Verbalizações
Esmeralda: “Acho que, tipo, [...] só me esforçar bastante que eu acho que eu
consigo fazer isso. Sabe?”
Rubi: “Todo meu esforço.”
Agatha: “Ah, tem muita dificuldade, muita mesmo, mas eu sempre vou me
esforçar; devo dar meu melhor em tudo para conseguir os dois trabalhos.”
(2.4.1) Esforço Rubi: “Primeiro eu teria que estudar, treinar bastante, me esforçar bem, tentar
próprio entender as dificuldades que vêm, tentar ultrapassar os obstáculos.
Esmeralda: “É, cursar todos os ensinos, o Ensino Médio, a faculdade que é de
Medicina Veterinária, e aí conseguir minha clínica que eu quero muito.”
Safira: “[...] focar bastante, porque não é fácil mexer com a Engenharia;
basicamente a Matemática, pra eu aprender, acho que é isso, prestar atenção.”
Agatha: “Muito treino, muito, muito, muito e muito estudo. É.”
(2.4.2)
Rubi: “Essa pandemia.”
Pandemia
(2.4.3) Safira: “Talvez para conseguir a minha própria empresa [...].”
Dificuldades Jade: “As minhas dificuldades serão ameaças, realizar provas pq eu ñ (tenho)
futuras deficiência física.”
Rubi: “Meus pais.”
Safira: “Ah, foi a minha família, porque tem uns primos que são Engenheiros e
eu sempre quis correr atrás dessa carreira junto com eles.”
Agatha: “Ah, é, o meu primo, e a TV.”
Jade: “Veio da minha cabeça mesmo.”
(2.4.4) Família
Rubi: “Eu acho que se eu me esforçar bem, prestar atenção, me dedicar mais
(2.4.5) TV
nos estudos, acho que sim, pode me ajudar bastante.”
(2.4.6) eu
mesma Safira: “A minha mãe. Por ela ser professora...”
(2.4.7) Esmeralda: “Acho que mais o meu pai mesmo [...] Ele sempre fala: ‘faz o que eu
Experiência mando, mas não faz o que eu faço’. Aí ele fala para mim estudar bastante para
pessoal mim não depender de ninguém. É isso.”
Agatha: “Eu mesma. Minha mãe e meu pai os dois.”
Rubi: “Meus pais e eu; mais eu.”
Esmeralda: “É, primeiramente, quando eu era criança eu via bastante cachorro
machucado na rua. Então, eu vi isso de uma forma de ajudá-los ou algo do tipo.
Eu não sei, tipo, eu quero muito ajudar, tentar ajudar alguns cachorros, sabe? Em
tudo, ah, não sei, eu gosto de fazer carinho em cachorro, enfim, você entendeu?”
Esmeralda: “Sim, até porque na Ciências mesmo usa, tipo, os exemplos dos
animais. Eu gosto bastante de estudar Ciências por causa disso. Então, acho que
a escola, sim, pode me ajudar bastante no meu futuro.”
Safira: “[...] Matemática é matéria básica da Engenharia. Se você não saber
matemática, você não sabe mexer com Engenharia. E sim, a escola vai ajudar
(2.4.8) Escola
bastante, até algumas provas, para fazer Enem, vai ajudar... acho que sim.”
Agatha: “Sim, eu tenho certeza que a escola me ajuda muito em relação ao meu
futuro. Educação Física, eu treino aqui em casa e tudo que eu aprendo, aqui, eu
vou e aplico no jogo; e também Português usa bastante lá em Direito, então vai
me ajudar muito.”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
103
(3.1.1) Direitos
iguais
(3.1) Gênero e o
(3) Mundo do
mundo do
Trabalho
trabalho
(3.1.2) Está
melhorando
Quadro 17 – Categoria (3) Mundo do Trabalho, subcategoria (3.1) “Gênero e o mundo do trabalho”
Categoria (3) Mundo do Trabalho
Subcategoria (3.1)
“Gênero e o mundo do trabalho”
Descrição: Consideram que homens e mulheres têm direitos iguais para escolher que atividade ou
ocupação irão trabalhar. Apesar de algumas dificuldades em determinadas categorias profissionais,
a situação parece estar melhorando.
Temas Exemplos de Verbalizações
Safira: “[...] direitos iguais – todo mundo deve fazer o que se sente bem, não é?
(3.1.1) Direitos
Eu acho que a mulher e o homem têm que ter esse direito de querer trabalhar
iguais
qualquer lugar que eles quiserem.”
Esmeralda: “Se a pessoa quer, tipo Agatha [...]. A Agatha quer ser jogadora de
futebol, certo? Ela, como uma mulher, talvez vá ter mais dificuldade em
conquistar isso. Porque mulher, tipo, hoje em dia, até que não é tão ruim em fazer
(3.1.2) Está esse tipo de coisa. Mas antigamente sofria bastante por conta do trabalho; mulher
melhorando só podia ficar em casa esperando um homem, bonitinha, cheirosinha. [...] Isso,
não tá totalmente leve, mas tá até que melhorando. E eu realmente não vejo, tipo,
uma mulher que tem que, como disse Safira, ficar só na cozinha, o homem
trabalhar fora. Pra mim tanto faz, se a pessoa está feliz, por que não?”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
(3.2.1) Meta
(3.2.2) Dinheiro
(3) Mundo do (3.2) O pão de
Trabalho cada dia
(3.2.3)
Independência
financeira
(3.2.4) Sustentar
a família
Quadro 18 – Categoria (3) Mundo do trabalho, subcategoria (3.2) “O pão de cada dia”
Subcategoria 3.2
“O pão de cada dia”
Descrição: Conquistar uma meta, ter dinheiro, independência e sustento para a família foram citados
pelas participantes como sendo relacionados ao trabalho.
Temas Exemplos de Verbalizações
Agatha: “Para mim trabalhar é um conjunto de tarefas que as pessoas fazem
para conquistar uma meta.”
(3.2.1) Meta
Safira: “É como objetivo para você conseguir sua meta, ajudar as pessoas com
seu trabalho [...].”
Esmeralda: “Ah, eu penso num modo de ganhar dinheiro para ajudar a família
ou algo do tipo.”
(3.2.2) Dinheiro Rubi: “Eu acho que o trabalho é um meio de ter dinheiro, de alcançar bastante
prestígio, poder e reconhecimento. Muita das vezes é uma forma de ajudar as
pessoas que têm necessidade de dinheiro.”
(3.2.3) Safira: “É, primeiro pra não depender de ninguém, para você ter seu próprio
Independência dinheiro, ter sua própria casa, não depender dos seus pais. É [...] também para
financeira ter o seu pão de cada dia, né? Acho que é isso: ter sua independência própria.”
Agatha: “Elas precisam trabalhar, tipo, para serem reconhecidas, para dar o pão
de cada dia, para ter um pão de cada dia na mesa, para ajudar sua família, por
vários motivos.”
Rubi: “Eu vejo bastante reportagem de Jornal falando que têm muitas pessoas
desempregadas no mundo. Que passam fome. Então, eu acho que a gente pode
ter um pensamento já nesse quesito. É porque tem que ter dinheiro, né? [...] hoje
(3.2.4)
em dia a gente compra quase tudo com dinheiro, então eu acho que as pessoas
Sustentar a
têm que trabalhar para não passar fome, para não passar necessidades,
família
também.”
Esmeralda: “Acho que, principalmente, para não faltar comida na mesa, Como
diz a Rubi [...]. Talvez seja pela conquista da pessoa, dependendo da pessoa;
tipo, eu quero ser advogada, a pessoa trabalha, né? Mas também ganha o
dinheiro dela e, principalmente, para ter a renda mesmo da família.”
Jade: “Para sustentar suas famílias e etc.”
Fonte: elaborado pela autora (2021).
Quadro 19 – Categorias temáticas de análise criadas para classificar e inferir sobre as falas das
participantes da pesquisa
(1.3.3) Matemática
(1.3.4) Artes
(1.3) “Muitas coisas aprendi
(1.3.5) Educação Física
na escola”.
(1.3.6) Inglês
(1.3.7) Ciências
(1) Educação
(1.3.8) Geografia
(1.4.1) Docentes que se
importam e estudantes nada
(1.4.2) Docentes que se
(1.4) “Docentes que se importam
importam - Docentes
‘jogados’”. (1.4.3) Incentivadas a
aprender mais
(1.4.4) Docentes que são
“jogados”
(1.5.1) Bom
(1.5.2) Mais ou menos
(1.5) “Ensino Remoto”. (1.5.3) Ruim
(1.5.4) Precisa melhorar
(1.5.5) Nunca tive aula
(1.6.1) Esforçando
(1.6.2) Meio ruim
(1.6) “Eu, aluna”. (1.6.3) Boa aluna
(1.6.4) Rotina de estudos
(1.6.1) Esforçando
(2.1.1) Estudar para entrar na
faculdade e trabalhar
(2.1) “Expectativas para o
(2.1.2) Entender sobre
Ensino Médio”.
trabalho por meio de cursos
(2.1.3) Entender sobre o
(2) Futuro Educacional e trabalho trabalhando
Profissional (2.2.1) Futuro melhor
(2.2.2) Ajudar os pais
(2.2.3) Conhecimento
(2.2) “Ter um futuro melhor”.
(2.2.4) Dinheiro
(2.2.5) Viajar
(2.2.6) Faculdade
(Continua)
111
(Continuação)
5 PRODUTO EDUCACIONAL
Para esta pesquisa, optou-se pelo desenvolvimento de dois PEs, de modo que,
o primeiro PE consiste em dois vídeos, que se enquadram na categoria “material
didático/instrucional”, caracterizando-se como “[...] produto de apoio/suporte com fins
didáticos na mediação de processos de ensino e aprendizagem em diferentes
contextos educacionais (impressos, audiovisuais e novas mídias)” (RIZZATTI et al.,
2020, p. 4), que foi produzido pela pesquisadora, a partir das perspectivas das
estudantes emanadas ao longo das rodas de conversa.
Além dos vídeos, elaborou-se como PE um Roteiro para as Rodas de Conversa
–um “material didático/instrucional”, que pode auxiliar demais Técnicos
Administrativos Educacionais (TAEs) de escolas públicas, a promover na biblioteca
um espaço de informação e reflexão sobre trabalho, educação e as perspectivas
educacionais e profissionais de estudantes, o que contribui para a construção de seus
projetos de vida.
Com relação à distribuição destes PEs, tanto o vídeo, como o Roteiro para as
Rodas de Conversa ficarão disponíveis às pessoas interessadas, em formato digital,
com acesso por meio do repositório eduCAPES12.
É importante salientar, ainda, que o desenvolvimento dos PEs aqui
apresentados considerou o período de pandemia da Covid-19 (abrangendo os anos
de 2020 a 2021). De maneira que, as atividades a eles relacionadas foram elaboradas
para a execução em formato não-presencial, respeitando, assim, as medidas de
biossegurança, bem como as restrições de locomoção vigentes no período. Assim, a
biblioteca escolar foi transposta para o ambiente virtual, garantindo que, mesmo à
distância, este local tenha relevância na formação de estudantes.
Não obstante, o propósito é de que, com o retorno das atividades presenciais
nas escolas, tanto os vídeos (produzidos nesta pesquisa) quanto as Rodas de
Conversa, possam ser aplicados presencialmente, no espaço da biblioteca escolar –
um espaço formal de ensino.
Para tanto, os PEs possuem a licença Creative Commons (CC BY-NC)13 e,
conforme a necessidade, profissionais que farão uso deles poderão revisá-los de
acordo com seu contexto, adaptá-los às demandas de diferentes turmas e devolver à
sociedade novos PEs num continuum (RIZZATTI et al., 2020).
Diante disso, nesta seção serão detalhados aspectos relacionados aos PEs
derivados desta pesquisa, no que concerne à sua elaboração, aplicação e avaliação.
13 Esta licença permite que outras pessoas possam – para fins não comerciais – copiar, redistribuir,
remixar, adaptar e, até mesmo, criar novos materiais a partir do trabalho aqui apresentado. Para tanto,
faz-se necessário dar os devidos créditos à autora, resguardando, assim, as pessoas usuárias de
preocupações quanto aos direitos autorais. (CREATIVE COMMONS, 2020)
115
educação como algo que vai além do contexto escolar, abrangendo diferentes
aspectos da vida.
Categoria (2) “Futuro educacional e profissional”: subcategoria (2.4) “Todo
meu esforço”, na qual nota-se que as participantes percebem o esforço próprio como
condição sine qua non para o alcance de seus objetivos de vida, contando com o
apoio e influência da família sem, contudo, grande percepção de influência da
instituição escolar para a construção de uma trajetória para suas vidas.
Categoria (3) “Trabalho”: subcategoria (3.1) “O pão de cada dia”, na qual é
evidenciado que as participantes percebem o trabalho com algo para alcançar uma
meta de vida, ganhar dinheiro ou, até mesmo, a independência da família.
Assim, por meio do PE, aqui apresentado, é proposto que, as pessoas
destinatárias percorram uma nova perspectiva e/ou avancem em algumas de suas
próprias percepções. Espera-se que, “[...] ao fim deste caminho poderá ele, ou não,
ter efetivamente mudado ou enriquecido algumas de suas concepções, percepções,
valores etc. De qualquer modo, pelo menos a possibilidade estará aberta”. (KAPLÚN,
2003, p. 49)
Ademais, o eixo comunicacional, proporciona o meio concreto pelo qual o
caminho será percorrido. Para o efetivo desenvolvimento desse eixo, faz-se
necessário conhecer as pessoas destinatárias, bem como uma grande criatividade
para elaborar histórias, criar personagens, paisagens e demais elementos que
conversem com o público-alvo. (KAPLÚN, 2003)
Assim, a escolha pela utilização de vídeos apoia-se na manifestação das
participantes pela predileção a esse formato, conforme verificado na Categoria (1)
“Educação”, subcategoria (1.2) "Sobre a realidade", tema (1.2.5) “Filme” descrita
na seção 4 desta dissertação.
Ainda, a construção das personagens utilizadas nos vídeos inspirou-se nas
características evidenciadas na subseção 4.1.
Isso posto, na elaboração dos PEs, aqui apresentados, buscou-se a
congruência entre os três eixos (conceitual, pedagógico, comunicacional). Nas
subseções a seguir, detalham-se os elementos que os compõem.
117
14
Detalhes adicionais podem ser consultados em https://www.canva.com/pt_br/.
118
A partir do questionamento "Você já parou para pensar: Por que temos que
estudar?", a pessoa que assiste é convidada a refletir sobre a teleologia do trabalho,
bem como a respeito da maneira como o trabalho transforma, não só a natureza, mas,
igualmente, a pessoa humana.
Na sequência, é dado ênfase à necessidade de aprendizagem não só dos
processos de trabalho, como também a aprendizagem de como ser e agir na
sociedade. Sendo abordado os meios pelos quais aprende-se, com foco especial para
os conhecimentos tradicionalmente escolares.
Diante disso, o vídeo se constitui em um material de apoio para que docentes
– e demais profissionais da educação – possam fomentar a reflexão sobre o sentido
do trabalho e da educação para as vidas de estudantes da educação básica.
O vídeo 2, por sua vez, é intitulado “O Ensino Médio na cidade de Cáceres-
MT”16 (Figura 26), com 5 minutos e 16 segundos de duração, tem como objetivo
favorecer a promoção da reflexão sobre o futuro educacional e profissional de cada
estudante.
Para tal, ele inicia com o questionamento "Você sabe o que quer para o seu
futuro?" e, a partir de então, a pessoa que assiste é levada a refletir sobre seus
objetivos de vida. Uma vez que, para cada objetivo existe um caminho, a escolha por
uma escola de Ensino Médio é uma importante etapa, nesta trajetória.
(Continua)
121
(Continuação)
5.4.1 Powtoon
5.4.3 Audacity
O Audacity20, por sua vez, é um software livre21, gratuito, voltado para a edição
de áudio. O aplicativo foi utilizado para a gravação e edição da narração, retirada de
ruídos e sons ambiente. Após esse processo, o áudio foi incluído no Shotcut para
compor o vídeo final.
Tutoriais para a utilização deste software são facilmente encontrados na
internet, o que colaborou para que a pesquisadora, mesmo sem prévio conhecimento
do programa, conseguisse utilizá-lo de forma que atendesse aos objetivos propostos.
5.4.4 Shotcut
19
Detalhes adicionais podem ser consultados em: https://www.youtube.com/.
20
Detalhes adicionais podem ser consultados em: https://www.audacityteam.org/.
21
Um software livre é um programa que pode ser utilizado, copiado, modificado ou redistribuído de
acordo com a necessidade da pessoa usuária, podendo ser gratuito ou não. (KUSZKA, 2013)
22
Detalhes adicionais podem ser consultados em: https://shotcut.org/.
123
narração, editar a trilha sonora, além de realizar cortes e ajustes necessários para a
finalização do projeto.
Por oferecer uma variedade de recursos especializados de edição, foi
necessária a busca na internet por tutoriais que facilitassem o manuseio do programa.
Porém, após a familiarização com a interface, o processo de trabalho ocorreu
tranquilamente.
23 O dia designado para a Roda de Conversa de aplicação e avaliação dos vídeos, 04 de outubro
de 2021, foi marcado por uma pane global no aplicativo de mensagens WhatsApp (principal ferramenta
de comunicação com as alunas) que, assim como o Facebook e o Instagram, ficou fora do ar durante
cerca de 6 horas. Esse fato dificultou a comunicação com as alunas, uma vez que não estavam
familiarizadas com outras ferramentas como SMS e E-mail, e alguns celulares não estavam habilitados
para a realização/recebimento de ligação via linha telefônica.
126
com as estudantes.
A análise da avaliação dos vídeos é exposta na subseção que se segue.
A análise das falas, oriundas da Roda de Conversa 5, foi realizada à luz dos
componentes proposto por Luciana Ruiz et al. (2014) (quadro 21), quais sejam: (1)
Atração; (2) Compreensão; (3) Envolvimento; (4) Aceitação; (5) Mudança de ação; e
(6) Formato.
Dessa maneira, por meio da análise do componente (1) Atração foi possível
perceber o que mais chamou a atenção das alunas nos vídeos exibidos na Roda de
Conversa 5.
Como exemplo, pode-se mencionar que, em suas falas, as participantes
destacaram o trecho do vídeo 1, no qual são mostradas as abelhas comparadas com
as pessoas, como sendo algo que lhes chamou a atenção. Apontaram, igualmente,
as figuras que compõem os vídeos como item de destaque, conforme evidenciado na
fala de Agatha:
[…] eu também achei muito interessante; [...] eu não sabia que tinha muita
escola para o Ensino Médio. As únicas que eu sabia que tinha eram a Onze
de Março, a Natalino (que é a escola Tiradentes) e IF, o resto eu não sabia.
[...] eu achei muito interessante isso, a gente saber mais quais escolas que
têm. Eu achava que algumas escolas que apareceram aí eram só (ensino)
fundamental, ou creche. Então achei bem interessante isso, a gente saber
quais escolas tem.[...] (Esmeralda)
[…] eu também achei muito interessante sobre a parte que está falando,
assim, do Novo Ensino Médio; eu não sabia. (Agatha)
Sobre como a gente, desde criança, não sabe de nada e a escola ensina a
crescer, saber os valores humanos. Enfim, eu entendi que quando era
pequena eu não sabia de nada, eu não sabia o que era escola, não sabia o
que era trabalho. E, hoje, com a escola eu sei porque a gente trabalha.
(Esmeralda)
Sobre educação. […]. É tipo, fazer a gente pensar sobre nosso futuro, o que
a gente quer pra nossa vida. (Agatha)
além da necessidade de refletir sobre aquilo que querem para o seu futuro, em
conformidade com os seguintes trechos:
[...] é o que eu entendi do vídeo foi o que a gente deve procurar e o que as
escolas têm para oferecer para a gente. [...] E falou sobre os cursos que o IF
tem para oferecer. E pra gente ver o que a gente quer ser, mesmo, no nosso
futuro, pesquisar mais sobre o que a gente quer ser. (Esmeralda)
Que eu pense mais sobre o meu futuro, o que eu quero para minha vida. Me
esforçar mais pra o que eu quero. (Agatha)
De sorte que, Agatha destacou o trecho do vídeo 2, que fala sobre o Novo
Ensino Médio, como algo que não compreendeu totalmente. Esmeralda, por sua vez,
manifestou interesse em compreender melhor o processo seletivo para os cursos do
IFMT. Segundo manifestado em suas falas:
Eu queria saber como que funciona para entrar no IF. [...] algumas pessoas
falaram que tem que fazer uma prova; eu queria saber como é que funciona
mesmo, tipo, é uma avaliação? (Esmeralda)
Eu achei que tem muita informação, mas no modo positivo. Porque tudo me
fez pensar muito sobre; e é bom ter bastante informação para tirar bastante
dúvidas das pessoas. Mas, no geral, deu para entender bem o que queria
passar.
[…] parece uma pessoa jovem, da minha idade, são pessoas de Ensino
Médio. […] pessoas que, tipo, tão procurando a escola que querem estudar,
para saber mais sobre o seu futuro. Está ajudando muito, tá bem resumido.
Um dado destacado por Esmeralda é o de que, por não ter o suporte da família,
ela se vê como público-alvo do vídeo, uma vez que compreende que tem que buscar
sozinha informações a respeito das possibilidades existentes: “[…] minha família
nunca fala sobre isso para mim, sabe? Então eu acho que tenho que procurar sozinha
mesmo”.
Ainda, Agatha manifestou o entendimento de que os vídeos podem auxiliar
demais colegas que se encontram na mesma etapa de ensino: “Sim, porque elas
(colegas) também estão pensando sobre as escolas; um bom meio delas verem quais
escolas que elas vão querer. E também chama muita atenção e é bem resumido”.
Outrossim, o componente (4) Aceitação demonstra que a linguagem utilizada,
o conteúdo e o enfoque foram aceitos pelas participantes.
As questões relacionadas a esse componente não motivaram muita discussão,
as participantes não apontaram nada que, em suas percepções, fosse ofensivo ou
irritante, no que concerne a estereótipos de gênero ou qualquer outro tema que
pudesse ser destacado por elas. Restringiram, suas manifestações sobre este
componente, a falas restritas, como exemplo: “Não, por mim, tipo, está normal. ”
(Agatha)
Infere-se que as alunas não possuem elementos que favoreçam uma discussão
mais apurada em relação à temática, apontando para a necessidade de aprofundar o
conhecimento sobre a questão. Evidencia-se, com isso, uma demanda para futuros
projetos na escola.
Não obstante, a análise do componente (5) Mudança de ação demonstrou que
o material contribuiu para que as participantes adotassem uma mudança de visão ou
atitude.
Diante das falas das participantes, notou-se que os vídeos contribuíram para
motivar a reflexão sobre o que as estudantes querem para o seu futuro. Ainda, diante
da alegada falta de suporte familiar, as alunas motivaram-se a buscar ativamente as
131
[…] Porque, às vezes, meu pai nunca me ensinou o que fazer depois da
escola, sabe? Então, eu tenho muito essa dúvida. Aí, com esse vídeo, então
eu vou pesquisar mais sobre isso; [...] vem uma mente muito aberta com esse
vídeo.
[…] Pra mim tá bom. […] tá bem colorido. Está bem chamativo e bonito. Eu
gostei. [...] ficou bem interessante o vídeo mesmo. (Agatha)
[…] deu para entender bem o vídeo, o que a mensagem que foi passada, deu
para entender tudo. (Esmeralda)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
quanto às mudanças e exigências que foram se colocando ao longo dos anos de 2020
e 2021.
Ademais, acredita-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para
que, profissionais da área da educação, tenham uma perspectiva a respeito do que
pensam as estudantes sobre educação, trabalho e suas demandas para a escola, no
processo de construção de seus projetos de vida.
Para além disso, avultou-se a importância de dar voz à juventude no contexto
escolar, para que se conheçam as demandas específicas de cada público, nesse
sentido, a utilização do PE disponibilizados por esta pesquisa, contribuem para que a
juventude estudante possa ser ouvida.
Como indicação para trabalhos futuros, sugere-se o aprofundamento, bem
como a ampliação das temáticas abordadas nas rodas de conversa e nos vídeos.
Acredita-se que o fortalecimento de um espaço de diálogo dentro do contexto escolar
possibilitará tanto a construção de conhecimento sobre a realidade de jovens
estudantes quanto a intervenção nessa realidade.
Em suma, conclui-se este trabalho concordando com a posição de Giselle
Rôças, Maria C. A. Moreira e Marcus V. Pereira (2018) de que o principal produto de
um mestrado profissional é o processo de transformação pelo qual passa as
mestrandas e mestrandos. Nessa conformidade, a pesquisa proporcionou uma
reflexão, tanto a respeito das etapas teóricas e metodológicas, quanto ao que se refere
à dimensão educativa do trabalho da pesquisadora Técnica Administrativa
Educacional, colaborando para um redirecionamento e aperfeiçoamento da prática
profissional.
138
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 1. ed. São Paulo: Edições 70, 2016, 229 p.
DAYRELL, J. T. O jovem como sujeito social. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro,
n.24, p. 40-52, set./dez. 2003. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n24/n24a04.pdf. Acesso em: 21 out. 2020.
DUBET, F. O que é uma escola justa? Cadernos de pesquisa, São Paulo, v. 34, n.
123, p. 539-555, set./dez. 2004. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cp/a/jLBWTVHsRGSNm78HxCWdHRQ/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 08 out. 2021.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 253
p.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2016.
200 p.
LEÃO, G. Entre sonhos e projetos de jovens, a escola. In: DAYRELL, J.; MOREIRA,
M. I. C.; STENGEL, M. (Org.). Juventudes Contemporâneas: um mosaico de
possibilidades. Belo horizonte: Ed. PUC Minas, 2011. p. 99-115.
LEÃO, G.; DAYRELL, J. T.; REIS, J. B. Juventude, projetos de vida e ensino médio.
Educ. Soc., Campinas, v. 32, n. 117, p. 1067-1084, out./dez. 2011. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
73302011000400010&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 26 out. 2020.
PERALVA, A. T. O jovem como modelo cultural. Rev. Bras. Educ., São Paulo, n.
5/6, p. 15-24, mai./dez. 1997. Disponível em:
http://anped.tempsite.ws/novo_portal/rbe/rbedigital/RBDE05_6/RBDE05_6_04_ANG
ELINA_PERALVA.pdf. Acesso em: 6 out. 2021.
PRO dia nascer feliz. Direção: João Jardim. Produção: Flávio Ramos Tambellini. Rio
de Janeiro: Tambelline Filmes. 2005. 1 vídeo. Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=nvsbb6XHu_I. Acesso em: 30 out. 2020.
RUIZ, L., MOTTA, L., BRUNO, D., DEMONTE, F., TUFRÓ, L. Producción de
materiales de comunicación y educación popular. 1. ed.
Buenos Aires: Departamento de Publicaciones de la Facultad de Derecho y Ciencias
Sociales de la Universidad de Buenos Aires, 2014. 15 p.
SILVA, W. C. Miséria da biblioteca escolar. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995. 118 p.
145
YOUNG, M. Para que servem as escolas? Educ. Soc. Campinas, v. 28, n. 101, p.
1287-1302, set/dez. 2007. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/es/a/GshnGtmcY9NPBfsPR5HbfjG/?lang=pt&format=pdf.
Acesso em: 10 out. 2021.
146
__________________________________ ________________________________
Assinatura do responsável pela/o estudante Assinatura da pesquisadora
Este estudo atende às normas éticas de pesquisa com seres humanos e foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Mato Grosso
(CEP/IFMT) – Parecer n.º 4.641.448.
Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você
poderá entrar em contato com o CEP/IFMT, conforme informações a seguir:
E-mail: cep@ifmt.edu.br Telefone: (65) 3616-4180
Endereço: Avenida Senador Filinto Muller, 963, 1º andar, Bairro Duque de Caxias, CEP:
78.043–400 Cuiabá-MT
Horário de atendimento da Secretaria do CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-feira (das 08h às
12h)
Pesquisadora responsável: Regiane Faria Carvalho da Silva
Telefone para Contato: <omitido para publicação> E-mail: regianelimaf@hotmail.com
Endereço institucional: Praça Duque de Caxias, n.153, Centro, CEP: 78210-086, Cáceres-
MT. Horário de atendimento: de Segunda a Sexta-feira (das 07h às 13h)
149
de dados será realizada por meio das seguintes atividades: (i) aplicação de
questionário on-line – com o objetivo de identificar seu perfil socioeconômico e o
que você pensa sobre a biblioteca escolar; e (ii) realização de rodas de conversa
em ambiente virtual – com a finalidade de conhecer o que você pensa sobre os
temas trabalho, educação, saber o que você deseja para o seu futuro, tanto
educacional quanto profissional e te informar sobre as possibilidades de formação
existentes no município. Essas rodas de conversa serão gravadas, para garantir um
registro fiel das falas de cada participante. Os questionários e as gravações não serão
mostrados para outras pessoas, ficando sob responsabilidade da pesquisadora.
Ao final da pesquisa, será desenvolvido um vídeo, de forma não-presencial, em
que você será convidada/o a participar da gravação de um depoimento sobre aquilo
que foi discutido nas rodas de conversa – esta participação também será voluntária.
Todas as atividades propostas serão realizadas on-line, pensando na sua
segurança, em função desse período da pandemia. Mesmo assim, ainda é possível
150
Consentimento pós-informado
151
_________________________ _________________________
Assinatura da/o estudante Assinatura da pesquisadora responsável
Este estudo atende às normas éticas de pesquisa com seres humanos e foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal de Mato Grosso
(CEP/IFMT) – Parecer n.º 4.641.448.
Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você
poderá entrar em contato com o CEP/IFMT, conforme informações a seguir:
E-mail: cep@ifmt.edu.br Telefone: (65) 3616-4180
Endereço: Avenida Senador Filinto Muller, 963, 1º andar, Bairro Duque de Caxias, CEP:
78.043–400 Cuiabá - MT
Horário de atendimento da Secretaria do CEP/IFMT: de Segunda a Sexta-feira (das 08h às
12h)
A – Perfil Socioeconômico
1. Gênero:
Masculino
Feminino
Outro:__________
Não quero responder
__________ anos.
Não quero responder
Branca/o
Preta/o
Amarela/o (de origem asiática)
Parda/o
Indígena
Outra ________________
Não sei
Não quero responder
Brasil
Bolívia
Outro:____________
Não quero responder
Só em escolas públicas
Em escolas públicas, na maior parte do tempo
Metade em escolas públicas e metade em escolas particulares
Em escolas particulares, na maior parte do tempo
Não quero responder
6. Atualmente você:
Apenas estuda
Estuda e trabalha
Não quero responder
153
(Caso você tenha respondido que trabalha, na questão anterior, responda à questão
7, senão, vá direto para a questão 8)
Menor aprendiz
Empregado/a doméstico/a (mensalista ou diarista)
Trabalha por conta própria (autônomo/a)
Trabalha em negócio familiar sem remuneração
Trabalha em negócio familiar com remuneração
Outro: ___________________
Não quero responder
Pai
Mãe
Irmã
Irmão
Avô
Avó
Tio
Tia
Outros: ___________________
Não quero responder
11. Em que seu pai ou responsável trabalha ou trabalhou na maior parte de sua
vida?
________________________________
Não quero responder
12. Em que sua mãe ou responsável trabalha ou trabalhou a maior parte de sua
vida?
________________________________
B - A biblioteca escolar
3. O que você acha da biblioteca da Escola Estadual Dr. José Rodrigues Fon-
tes quanto:
3.3 Ao atendimento
5. Você acredita que, na biblioteca escolar, podem ser feitas atividades que te
ajudem no seu futuro, como estudante e como profissional?
Sim
Não
Não sei
Não quero responder
6. Aproveite esse espaço para deixar algum comentário, opinião e/ou suges-
tão que você acredita que possa contribuir para a melhoria da biblioteca da
Escola Estadual Dr. José Rodrigues Fontes:
__________________________________________________________
Atividades de aulas
Hora atividade
Empréstimo de livros para planejamento de aulas
Empréstimo de livros para uso particular
Pesquisa com as/os estudantes
Utilização dos recursos de multimeios didáticos (aparelho de som, televisão
etc.)
Projetos de leitura
Outras:______________________
Nenhuma
Não quero responder.
2.3 Ao atendimento
Sim
157
Não
Não sei
Não quero responder
5. Aproveite esse espaço para deixar algum comentário, opinião e/ou sugestão
que você acredita que possa contribuir para a melhoria da biblioteca da Escola
Estadual Dr. José Rodrigues Fontes:
__________________________________________________________
Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você
poderá entrar em contato com o CEP/IFMT, conforme informações a seguir:
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Sim
Não
160
Vídeos
PARTE 1
TÍTULO: Trabalho e Educação PARTE 2
OBJETIVO: Promover a reflexão TÍTULO: O Ensino Médio em
sobre os sentidos do trabalho e Cáceres-MT
da educação para as vidas de
OBJETIVO: Promover a
estudantes da educação básica
reflexão sobre o futuro
em uma perspectiva histórica
educacional e profissional de
ontológica.
cada estudante.
DURAÇÃO: 3 minutos e 24
DURAÇÃO: 5 minutos e 16
segundos.
segundos.
Link:
Link: https://youtu.be/-
https://youtu.be/tbNWATgwnz
wADc584EFg
M
2
Caminhos para o Ensino Médio
em Cáceres - MT
Parte 1: Trabalho e Educação
Este primeiro vídeo tem como objetivo promover a reflexão sobre os
sentidos do trabalho e da educação para as vidas de estudantes da
educação básica em uma perspectiva histórica ontológica. Para
tanto, aborda, de forma sintetizada, a relação intrínseca entre
trabalho e educação tendo como principal referência Dermeval
Saviani (2007).
3
Caminhos para o Ensino Médio
em Cáceres - MT
Parte 2: O Ensino Médio em Cáceres-MT
Este segundo vídeo tem como objetivo favorecer a promoção da
reflexão sobre o futuro educacional e profissional de cada estudante.
O vídeo inicia com o questionamento: "Você sabe o que quer para o
seu futuro?". A partir de então, as alunas e alunos são levados a
refletir sobre seus objetivos de vida. Considerando que para cada
objetivo existe um caminho, a escolha por uma escola de Ensino
Médio é uma importante etapa, nesta trajetória.
4
REFERÊNCIAS
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Orientações Registro de Resultados e Produções Intelectuais. Brasília, DF:
CAPES, 2020. Disponível em:
http://capes.gov.br/images/ficha_avaliacao/orientacoes_registro_producao_tecnica_
tecnologica_ensino.pdf. Acesso em: 23 ago. 2020.
LIBÂNEO, J. C. Cultura, Jovem, Mídias e Escola: o que muda no trabalho nos professores?.
Revista Educativa - Revista de Educação, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 25-45, mar. 2007. ISSN
1983-7771. Disponível em:
http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/educativa/article/view/73. Acesso em: 16 nov.
2021.
MORÁN, J. M. O vídeo na sala de aula. Comunicação & Educação, São Paulo, n. 2, p. 27-
35, 1995. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/36131.
Acesso em: 16 nov. 2021.
5
IDEALIZADORA E PRODUTORA
Regiane Faria Carvalho da Silva
PROFESSORA ORIENTADORA
Profa. Dra. Juliana Saragiotto Silva
AGRADECIMENTOS
6
168