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Aula Fuganti
Aula Fuganti
Aula 34 15/02/2022
O vazio é um operador que atua no corpo e no uso do movimento. O silêncio é
um operador que atua na mente, pensamento e no uso da linguagem. A solidão é um
operador que atua criando distancias como razão de composição. Já a espreita está
mais para dispositivo.
O corpo não precisa da mente para se guiar, o corpo tem uma orientação
própria, um modo de se efetuar, ao corpo não falta ideia, assim como para a ideia não
falta corpo. Há uma formalidade própria da ideia, mente e pensamento. E uma
formalidade própria do corpo e no entanto eles não são dicotômicos. A formalidade
própria da ideia entra em pressuposição reciproca com a formalidade própria do
corpo.
Uma intervém na outra, uma atravessa na outra, mas uma não causa a outra.
Há uma autonomia do corpo, assim como há uma autonomia do pensamento, ambos
dizem respeito a potência, por isso não tem dicotomia. Eles se comunicam através da
potência, e não como causa e efeito um do outro.
A mente ao se efetuar está efetuando e diferenciando a potência, gera
modificação no movimento, não por que a mente atua direto no corpo, mas por que
devido ao modo que a potência se modifica através da mente afeta também o corpo. E
vice versa. Para haver relação entre linguagem e corpo, é preciso que ambos toquem
a potência diretamente, é a potencia que faz com que ambos se atravessam. Para
Deleuze e Guattari forma de conteúdo e de expressão, para Spinoza extensão e
pensamento que se atribui ao desejo.
No fundo de tudo tem o desejo. Desejo tem uma dimensão sem forma, a
dimensão virtual, esse aspecto do desejo é que remete para máquina abstrata que é o
outro polo do agenciamento. O dispositivo envolve a efetuação em todos os meios ao
mesmo tempo. Enquanto o operador atua no corpo ou na mente, ou no campo afetivo,
ou nas maneiras de ser. Dispositivo atua em todos os campos ao mesmo tempo. O
dispositivo envolve o modo de vida. O operador é uma intervenção pontual: corporal,
linguístico ou afetivo.
O desejo é agrimensor de si mesmo. Usar os operadores para encontrar o
desejo. Ex. Prefiro não. Prefiro não fazer, diz respeito ao corpo. Prefiro não pensar
diz respeito a mente. Prefiro não sentir ou desejar diz respeito ao campo afetivo.
Prefiro não, leva para a distância, silêncio e vazio. Ambos tem como condição a
espreita, uma suspensão atenta. Envolve um engajamento, não na ação ou reação, mas
na presença, duração.
A indeterminação no pensamento, linguagem, o indiscernível que fomenta o
ambíguo, uma pluralidade de sentidos antes de ter determinação de um significado.
Toda existência é problemática, o elemento problemático da existência é positivo. O
problema no pior dos casos é uma provocação para a diferenciação.
Criar as condições para recolocar o problema, pois o problema do ponto de
vista parcial, individual, subjetivo vai ser mal colocado. Encontrar o desejo onde ele
se separa do que pode, por sua cumplicidade, aí vou poder colocar o problema do
ponto de vista da evolução criadora da vida.
Olhar para o desejo sob o ponto de vista da diferenciação da potência, que o
faz existir no pensamento, corpo etc... encontrar as tendências, as linhas de efetuação
do desejo a partir da potência que faz existir. Ao estar separado do que pode se
diferencia a partir de clichês, narrativas, hábitos. Não larga devido a cumplicidade.
A máquina social investe nos papeis e funções. Investe nos tipos e não nesse
ou aquele rosto. Este ou aquele rosto vão ser o resultado da tipificação da fabricação
de subjetividade, individualidade. Encontro com a matéria real de uma vida vai dar a
aquele rosto. O tipo de rosto é mais importante do que o rosto. Chegar na linha de
singularização.
A análise da linha de singularização ressoa sobre todos. Extrair singularidade
que faz saltar o elemento singular e comum que atravessa a pessoa. Sair do pessoal,
do individual. Ter a visão do duplo aspecto que ultrapassa o ideal, transcendente, a
verdade universal, lei, moral, pessoal, individual, privado, coletivo. O desejo tem
elemento paradoxal, mas não tem contradição.
Investir nas linhas tipológicas da máquina social para desconstruir os tipos e
chegar na singularidade de cada potência capturada. Como extrair singularidade e a
dimensão comunal de um caso particular? Encontrar a inocência do desejo na linha de
singularização. A inocência do desejo vai ressoar com o desejo dos demais implicados
no grupo. Vai contagiar para que cada um encontre o seu ponto de vista onde o desejo
é inocente, não sujeito ao enquadramento. O trabalho de um caso já inspira a
investigação dos outros casos também, até uma auto análise.
As vezes é bom ficar em silêncio. Afirmar até uma voz aparecer. As vezes o
silêncio cala o verbo, mas não cala a imaginação. Provocar a tagarelice mental a se
exprimir, ou permanecer calada. Discorrer sobre a virtude do silêncio de um silêncio
que cessa o encadeamento mental das imagens e signos.
Sempre tem uma necessidade de efetuação. O silêncio também é um modo de
se efetuar. Quando o silêncio se efetua a ponto de cessar a tagarelice mental, algo se
passa no pensamento. Aí até o sistema do juízo é questionado. O quanto que alguém
que está em silêncio não está julgando? Julgando com os olhos, ouvidos, com a pele,
com o corpo, olfato. O juízo está no nosso corpo, estamos tomados por um organismo
que captura o corpo. Os órgãos apreendem a atender as demandas de um corpo social.
E o corpo de potência fica em segundo plano.
Não existe formula pronta, o que existe é uma presença. Criar interruptores das
cadeias que capturam o desejo e investem na estratificação. A representação não entra
para dominar o mundo próprio, o mundo próprio tem uma territorialidade expressiva
que diferencia a potência e produz algo inédito. Incentivar o aspecto positivo da
paranoia. Toda potência é desligada do que pode, quando passa estar a serviço de
outra coisa que não da o retorno integral no efeito que ela produz, retorno de um
resíduo de intensidade.
Viver de modo tal a preencher de intensidade uma ampliação do real. Tudo o
que leva a investir em interruptores que desligam a vida da subserviência e da
escravidão pode dispor da potencia para se singularizar e não se subjetivar. Silêncio
interrompe a cadeia significante, a mente separada do que pode busca uma
determinação do pensamento. Desligar o signo do signo, ligar o signo ao sentido.
Ligar a afecção a um afeto e não a afecção.
Só da para ter silêncio na medida em que a potência é estimulada a aparecer,
precisa de uma oportunidade. O silêncio pressupõem a potência, e a potência
pressupõem o silêncio. Como o sim da criança, e o não do leão. O sim da criança não
aparece sem o não do leão, mas o não do leão é efeito do sim da criança, mas o sim da
criança não estava evidente, mas estava agindo de modo virtual com esse sim sem
formula que consigo dizer um não que não é ressentido, pressupõem a afirmação.
O pensamento afirmativo encontra afirmação no próprio acontecimento que já
acontece antes dele acontecer enquanto pessoa. Criação de distância, não temos que
ser reconhecidos pela máquina social, pois estaríamos sujeitos a um principio de
organização. Criar distância para retomar o tempo próprio, aprendo a minha variação
continua no campo do movimento.
Experiência não é adquirir conhecimento, é modificar-se a si, aumentando a
potência. Encontrar não é encontrar um outro eu, mas uma potência em
acontecimento. Há algo de comum entre a força que me faz existir e a força que me
faz adoecer. A força que fez adoecer enquanto força é necessária. Em cada ponto de
vista tem um horizonte absoluto que é a zona de passagem. A causa da dor é sempre
um ente imaginário, mesmo que tenha uma relação real com aquele que está
ocasionando a dor. Continua pois não imagina as forças que tem.
O comum não é uma formula, mas zona de passagem. Ex: devir orquídea e a
abelha. O singular é uma potência de acontecer que quando acontece modifica a si
impedindo que esse retorno a si seja o retorno ao mesmo. A distância no desejo é a
oxigenação do afeto, deixar o afeto na sua variação própria e não na imagem da
variação que seria um sentimento, paixão. Julgar é ignorar o pensamento.
Nem todas as velocidades se compõem a qualquer tempo e movimento. A
distância implica em além de encontrar o elemento comum a percepção de que não é a
qualquer momento, em qualquer condição de movimento que consigo me compor, as
vezes em certo tempo, lugar, não tem como se compor. Mas sempre tem uma razão
potencial de composição, precisa de distância. O presente tem uma multiplicidade de
dimensão e todos os seres de tempo que nos constituem podem se apresentar.
No grupo, sair do sujeito e sua subjetividade, pessoalidade. Se existe uma
unidade em nós, é a unidade da variação contínua. O que nos faz ser um, mas não
enquanto eu, mas um enquanto singular, único é o modo de estar em variação.
Não há uma unidade em nós que fica sendida esquizofrênico, psicótica. A
psicose é sempre uma produção social a partir de um rebaixamento da vida. Não
adianta atribuir a psicose como uma doença da pessoa. Não é uma personologia nem
estruturalismo. O que preenche o desejo não é um objeto, mas um acontecimento. O
desejo está sempre preenchido, as vezes é daquilo que está separando do que ele pode.
Encontro o desejo nas suas tendências de efetuação a partir do que acontece ao
desejo, no agora, com que lugar e com que elementos se conecta. O que está
acontecendo com aquele desejo. E o que está fazendo com o que está se passando com
ele. A linha de singularização não é pessoal nem subjetiva. É única. Ao extrair a
singularidade do caso pessoal essa linha vai ressoar, provocar as outras subjetividades
aprisionadas.
Máquina social é feita de desejos e crenças, nossa cumplicidade é uma
máquina de tipificação. Opera por esburracamento e opacidade. Potência de acontecer
reduzindo ao acontecido. Preso num estado que impede de apreender a zona de
passagem de si mesmo. O ideal está inscrito nessa opacidade. Possível é um passado
já vivido projetado de modo idealizado.
Máquina joga fora, e inclui só que inclui num nível rebaixado. Não vamos
excluir os negros, só uma categoria inferior. Se cria gradações, Platão analogia de
proporções, é a comparação de verdade que uma coisa tem, se mede a proporção de
verdade pelo grau de semelhança ao modelo. Ninguém alcança, o máximo que se
pode é se aproximar.
Sequestra se para produzir uma subjetividade que pode fazer parte da máquina
social. A diferença entre nome próprio e nome comum. O que é comum a todos não é
o bem, mas a zona de passagem.
O depressivo é um idealista que se frustrou, cansou. Precisa desistir de tentar,
sair do campo do possível. Encontrar a santidade do depressivo. A depressão se cura
na medida em que se consegue lidar com a zoa de acontecimento na existência.
Não desejamos sem surpresas, quem deseja é o acontecimento em nós, o eu
mata as surpresas. A moral não é questão de verdade, mas de mal gosto. Prudência,
vou até onde posso retomar a minha potência.
Bergson, a percepção vem do isolamento de uma parte do meu corpo que vira
uma potência sensorial. A potência sensorial sente antes, apreende a ação possível, vai
ter mais tempo de preparo, vai ver mais.