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Missiologia Fundamental – Rev.

Carlos Del Pino

Aluno: Ricardo Augusto Narciso Gonçalves dos Santos

A Natureza Missionária da Igreja – Capítulos 6 e 7

Johannes Blauw, apresenta uma discussão sobre a questão do universalismo da


missão a partir do Antigo e do Novo Testamento. O autor diz que a questão da missão é
a vida da própria igreja. Se a igreja é missionária por natureza, não há como fugir desse
comissionamento que nos é dado pelo próprio Deus. A igreja é o braço estendido de
Deus para cumprir o seu projeto de resgate da dignidade humana e de toda a obra da
criação contaminada pelo pecado. No capítulo 6, ele destaca a mensagem missionária
NT em contraste com a do AT, onde fica muito claro o plano da restauração da
comunhão entre Deus e o homem, e também entre Deus e o mundo das nações. É
maravilhoso olhar este plano redentor na perspectiva criacional, pois fica muito claro
que Deus não é surpreendido pelos acontecimentos que se desenrolam na criação, mas
tudo foi planejado de acordo com a sua vontade santa. Deus não abandonou o mundo
por causa do pecado dos nossos representantes federais, pelo contrário, o livro do
Gênesis vai nos informar que no palco da queda a promessa de redenção é anunciada
através de Cristo. De acordo com o autor a revelação da salvação divina significa tanto
a redenção de Israel quanto a liberação das nações. Ele divide essa história em fases, e
a terceira fase desta história começa com a vinda de Jesus. Com ele o reino de Deus é
apresentado.

Ao ler esses capítulos eu pensei em vários desafios que tenho apresentado para a
minha igreja, no que tange a pensarmos sobre a nossa missão como igreja. Muitos
crentes pensam que a missão é apenas para missionários, teólogos, pastores. Mas, a
missão é para todos aqueles que foram feitos discípulos. Se hoje somos discípulos de
Jesus, significa que somos pescadores de homens e devemos nos engajar com esta
grande obra. Podemos começar essa obra através do nosso testemunho, mas também a
proclamação a respeito do amor de Deus, das manifestações de Seu poder em relação as
experiências que temos vivido e testemunhado. Eu sei que em nossos dias, anunciar o
Evangelho se tornou mais difícil, mesmo compreendendo que temos mais ferramentas
de propagação da mensagem disponíveis ao nosso tempo. Se tornou mais difícil, porque
as relações sociais hoje são e tendem a ser mais e mais impessoais, elas são virtuais.
Com isso observamos com mais frequência o distanciamento entre as pessoas. Por outro
lado, temos muitos meios de comunicação à disposição de todos nós. Conforme se
discutiu em sala de aula hoje, o nosso campo de atuação e propagação do evangelho
pode ser a nossa própria casa. Todos nós temos uma missão, e a minha pergunta é sobre
o que estamos dispostos a fazer para anunciar Jesus Cristo. Deus já elegeu homens e
mulheres por todo o mundo antes mesmo da fundação de todas as coisas, mas, a Bíblia
diz que a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus. Portanto, para que os eleitos
possam ouvir a voz do pastor a fim de segui-lo, é necessário que haja aqueles que
preguem. Deus nos chamou para a obra de evangelização, essa é a natureza da igreja. O
apóstolo Paulo escrevendo aos romanos questionou sobre esse ponto, dizendo: “Todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” Como, porém, invocarão aquele em
quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se
não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” (10.13-15a).

Blauw também fala sobre a presença duradoura de Cristo no e através do Espírito


Santo deve capacitar os discípulos agora, por sua vez, a levar a comissão de pregar o
evangelho a todas as nações. Essa semana eu li a seguinte frase de Charles Spurgeon
presente num dos seus sermões: “É meu desejo que todos os homens sejam salvos. É
seu desejo que todos os homens sejam salvos. Logo, é também desejo de Deus que todos
sejam salvos, pois, certamente, Ele não é menos benevolente do que nós”. Precisamos
ter o desejo de ver os homens sendo salvos. Eu sempre digo que nós presbiterianos
cremos na soberania de Deus, cremos também na eleição, mas a eleição e nem os eternos
decretos de Deus anulam a obra da salvação, pelo contrário, ela impulsiona a pregação
do evangelho. O autor também menciona a pregação se estendendo fora dos limites de
Jerusalém, assinalando assim a natureza do evangelho, que atravessa todas as fronteiras
de acordo com a narrativa de Lucas em Atos 1.

Nesta leitura desafiadora e reflexiva chego à conclusão que somos levados a ver
a missão como algo estreitamente relacionado com o fato de ser da igreja. Eu sempre vi
desta maneira e não sei dizer se existe a possibilidade de desvincularmos uma coisa de
outra. Blauw destaca que a missão pertence de fato à natureza da igreja. Ele trouxe
algumas indagações que nós precisamos considerar. Primeiro, devemos tentar responder
quem somos nós e qual a nossa missão. O que nos identifica como a verdadeira igreja
de Nosso Senhor Jesus Cristo? A igreja só conseguirá manifestar a sua verdadeira
identidade quando demonstrar o seu envolvimento com o mundo da mesma forma como
Cristo fez. Precisamos nos identificar e nos envolvermos com Jesus. Precisamos manter
uma vida de oração, precisamos perseverar na doutrina. Precisamos proclamar o
Kerygma, na manifestação da nossa diaconia ao mundo, e na nossa comunhão iremos
nos identificar com Cristo que é o cabeça do corpo. Em segundo lugar devemos tentar
responder onde nós estamos em relação ao mundo. Precisamos ir ao mundo, pois Cristo
veio a nós. Os homens necessitam de uma conversão profunda e na sua integralidade.
De modo que as nossas ações como igreja não sejam simplesmente um departamento
localizado numa determinada geografia, mas que possamos de fato existir a fim de
interagirmos e influenciarmos este mundo decadente do nosso século.

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