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Missiologia Fundamental – Rev.

Carlos Del Pino

Aluno: Ricardo Augusto Narciso Gonçalves dos Santos

Declaração de Fé da Comunidade Reformada Mundial

O Saulo Vilela em seu pequeno resumo nos propõem uma discussão muito
relevante e atualizada, pois em sua narrativa podemos extrair a seguinte pergunta: Qual
a relevância e aplicabilidade da CFW para os dias atuais? Não quero com essa pergunta
desmerecer ou desconsiderar todo o trabalho bíblico e teológico realizado pelos nossos
irmãos no passado, mas, analisar conforme o resumo exposto a aplicabilidade da CFW
para os dias atuais. Normalmente os presbiterianos são questionados por irmãos de
outras denominações por adotarem um catecismo, no entanto precisamos considerar
conforme argumentado por Saulo Vilela que todo aquele que professa a fé em Cristo já
manifesta a sua confissão de fé.

Entendo que todos nós cristãos possuímos um conjunto de crenças, costumes e


verdades que regem àquilo que professamos. Concordo com o autor do resumo
supracitado quando ele diz: “uma vez que a igreja, instituída por Jesus, estava
organizada ela precisava, como igreja, declarar sua fé de maneira pública. Foi assim
que os credos e confissões históricos, da igreja em geral, nasceram”. Não basta apenas
dizermos que somos cristãos. Pois ser cristão se tornou algo muito genérico em nossa
sociedade, e por este motivo, precisamos esclarecer se somos protestantes ou católicos.
Em muitos outros momentos temos que informar se somos reformados, pentecostais, ou
neopentecostais, e quando apresentamos tais argumentações, fazemos uma
diferenciação que consiste exatamente na maneira como entendemos as Sagradas
Escrituras e interpretamos a teologia que ela nos apresenta.

Quando analisamos a Didaqué (60 a 90 d.C) percebemos um conjunto de escritos


que retratam muito bem a tradição das primeiras comunidades cristãs. Já havia neste
documento um padrão doutrinário muito bem elaborado. Discussões que já respondiam
sobre questões éticas, como por exemplo: a proibição do aborto. Outras confissões
foram escritas para trazer um esclarecimento sobre a pessoa e obra de Jesus Cristo.
Sabemos que ocorreram muitos debates no primeiro século em torno da pergunta: Quem
é Jesus? Os ebionistas acreditavam que ele era apenas um homem comum. Os gnósticos
não acreditavam na sua humanidade. Os arianos não acreditavam na sua eternidade.
Com isso, houve a necessidade de se produzir um credo para afirmar e reafirmar quem
é o Jesus Cristo que os cristãos creem.

As igrejas reformadas dos séculos 16 e 17 produziram várias coleções de


confissões reformadas ortodoxas que diferenciavam a fé reformada tanto do Catolicismo
Romano como de outros grupos de igrejas protestantes. No ano de 2017 para maior
entendimento do posicionamento doutrinário das Assembleias de Deus no Brasil e para
fazer uma diferenciação da teologia reformada e calvinista que a cada dia estava sendo
apreciada pelos pentecostais, foi a provada a Confissão de Fé das Assembleias de Deus.
Com isso percebemos que sempre há a necessidade de apresentarmos com clareza aquilo
que cremos.

Quando voltamos os nosso olhar para a Fraternidade Reformada Mundial (World


Reformed Fellowship - WRF), percebemos que a discussão não é apenas de sermos
diferenciados no que tange aos nossos credos em relação à católicos ou outros
protestantes, mas, se trata de uma observação, análise e aplicação de uma confissão de
fé que esteja adequada para os dias atuais. Observo no arraial presbiteriano muitas
discussões em torno dos assuntos tratados na Confissão de Fé de Westminster, e um
esforço sobre humano de muitos pastores e teólogos em aplicar o texto da confissão para
uma realidade da qual ela não foi escrita. Concordo com a justifica apresentada pelos
membros da FRM sobre a necessidade de uma nova confissão. Na ocasião em que o
texto da CFW foi escrito, usaram várias confissões como base, porém havia uma
concordância geral de que todos eram reformados na teologia. Seria possível
produzirmos uma declaração coletiva e em concordância nos dias atuais? No passado
foi escrita uma confissão que atendia as demandas dos seu tempo, mas, será que a nossa
confissão de fé trata das questões atuais que a igreja enfrenta hoje? A CFW foi escrita
na Europa Ocidental ao passo que a liderança na igreja global se deslocou para o
hemisfério sul. Será que teríamos o mesmo consenso teológico no contexto atual do
século 21, tendo a participação de teólogos oriundos da África, Ásia, Austrália e
América do Sul juntos com os teólogos da Europa e da América do Norte a fim de
produzirem um documento de fé? Como seria tratado as questões de pandemia? Do
regulamento dos cultos públicos mediante há um confinamento global? Como seria
regulado os cultos domésticos? E sobre o uso das pílulas anticoncepcionais? Como
ficariam as discussões sobre a Ceia online, lembrando que muitas igrejas presbiterianas
a realizaram? Não tenho condições de responder tais perguntas, mas poderia arriscar-
me a dizer que existem discussões e resoluções em nossa confissão que não possuem
aplicabilidade para a nossa realidade atual. Portanto, penso que poderíamos sim analisar
cuidadosamente cada ponto escrito pelos nossos irmãos do passado, e ampliar ou
acrescentar novas discussões que respondam as perguntas que são feitas em nosso
tempo.

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