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O Autismo na sua atualidade

Alexandra Garcia Cardoso1

RESUMO

Esse artigo tem como objetivo apresentar o Transtorno do Espectro do


Autismo (TEA) atualizado, contando a história desde primeiras menções até a uma
definição, o conceitos e as características, os tipos tratamentos, a importância da
escola e famílias no acompanhamento, as leis, as conquistas obtidas aos longos dos
anos, pois esse transtorno ainda quando pouco falado, desde a pessoas acometidas
pelo transtorno e suas famílias sofriam muitos com preconceitos.

Palavras-chave: Educação Especial; TEA; Educação.

1. INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) reúne desordens do


desenvolvimento neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância.
No decorrer das suas primeiras menções, o Autismo passou por vários
questionamentos e pesquisa para se chegar numa definição.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
DSM-5 (referência mundial de critérios para diagnósticos), pessoas dentro do

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Aluno(a) do __º Período do Curso EaD de Pedagogia. Rede Doctum de Ensino. E-mail: ...@...
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espectro podem apresentar déficit na comunicação social ou interação social (como
nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade socioemocional) e padrões
restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses
fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais.
Apesar de ainda ser chamado de autismo infantil, pelo diagnóstico serem
comuns em crianças e até bebês, os transtornos são condições permanentes que
acompanham a pessoa por todas as etapas da vida.
A TEA obteve muitas conquistas desde os direitos aprovados em leis
como de acesso a escola regular com educação inclusiva, direito a descontos e
auxilio transporte gratuito, que a pessoa com transtorno do espectro autista é
considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais, auxilio a salario
mínimo para família de baixa renda, pessoas com autismo passaram a ser incluídas
entre os grupos com direito a atendimento prioritário no País e a redução de jornada
de trabalho sem redução no salário de pais com filhos que tem o TEA.

2- A HISTÓRIA DA TEA

O termo autismo foi criado em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler
para descrever a fuga da realidade para um mundo interior observado em pacientes
esquizofrênicos.
As primeiras e importantes menções sobre as características do Autismo,
este se originou dos estudos do psiquiatra austríaco Leo Kanner, este que ao
observar crianças exibindo comportamentos atípicos com relação à capacidade,
necessidade e busca por interações sociais comuns.
No ano de 1943, Kanner mostrava também para as respostas incomuns
dadas pelas crianças ao ambiente, dessa forma, criando a nomenclatura “Distúrbio
Autístico do Contato Afetivo”. Afirmando sendo isso a origem das dificuldades
expressadas.

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Entre os anos de 50 e 60 com novas pesquisas baseadas após
descobertas de Kanner, com isso também surgiram dúvidas e discordâncias, pois o
autismo ainda era pouco conhecido, muitos pesquisadores deduziram e até
constataram que o comportamento Autista teria como motivo as relações de pouco
afeto entre filhos e pais, que estes deviam ser mais emocionalmente afetivos com
seus filhos.
Com novos estudos realizados nos anos 60 foi constatado que pelo
aumento dos casos ao redor do mundo, o Autismo seria um transtorno cerebral que
se dava desde a infância de seus acometidos, não sendo relacionado à situação
financeira e sem escolha de lugar para acontecer.
A americana Temple Grandim foi um símbolo desse período, diagnostica
com Autismo, ela foi revolucionária, pois ao inventar um sistema que facilitava o
abate e o cuidado de animais da área da indústria pecuária do norte americano na
qual trabalhava e tendo como base suas dificuldades, Grandin atualmente ministra
palestras e fala sobre suas experiências com o Autismo e da importância em ajudas
pessoas Autista a desenvolver suas potencialidades.
Em 1978 um psicólogo Michael Rutter de origem britânico, constatou em
quatro critérios as bases do autismo, atrasos cognitivos e desvios sociais, problemas
de comunicação, comportamentos incomuns, tais como estereotipias e compulsivos;
e inicio do quadro anteriormente aos 30 meses de idade.
A definição de Rutter e o crescente corpo de trabalhos sobre o autismo
influenciariam a definição desta condição no DSM-III, em 1980, quando o autismo
pela primeira vez seria reconhecido e colocado em uma nova classe de transtornos,
a saber: os transtornos invasivos do desenvolvimento (TIDs) (Klin, 2006).
Entre outros fatores importantes da história do autismo foi sob as
constatações da psiquiatra inglesa, Lorna Wing, que já na década de 1970, teria
indicado o autismo como um espectro de condições, que deveria ser avaliado sob
níveis diferentes, dado que cada indivíduo apresentaria dificuldades específicas.
Com o objetivo de espalhar o conhecimento, o dia seria mais uma forma de criar
espaços para o diálogo entre familiares, profissionais da saúde mental e os próprios
indivíduos com autismo, para se pensar mais sobre ele e sobre todas as questões
que o envolvem de maneira produtiva e amparadora. Os distúrbios de comunicação
estariam no centro das dificuldades envolvendo o espectro autista, e apesar de seus

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diferentes níveis, a linguagem normalmente estaria afetada em todos eles. As
pessoas que sofrem de distúrbios do espectro autista memorizariam traços
diferentes de seu meio ambiente, seu processo de exploração do meio estaria
voltado para detalhes ao seu redor e isso os impediria de apreciar uma situação por
inteiro (Rogé, 2014).

3- TEA – CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é resultado de alterações físicas


e funcionais do cérebro e está relacionado ao desenvolvimento motor, da linguagem
e comportamental.
As causas do TEA não são totalmente conhecidas, e a pesquisa científica
sempre concentrou esforços no estudo da predisposição genética. Já existem
evidências de que causas hereditárias explicam apenas metade do risco de
desenvolver TEA. Fatores ambientais que impactam o feto, como estresse,
infecções, exposição a substâncias tóxicas, complicações durante a gravidez e
desequilíbrios metabólicos teriam o mesmo peso.
Uma pessoa diagnosticada como de grau 1 de suporte apresenta
prejuízos leves, que podem não a impedir de estudar, trabalhar e se relacionar. Um
indivíduo com grau 2 de suporte tem um menor grau de independência e necessita
de algum auxílio para desempenhar funções cotidianas, como tomar banho ou
preparar a sua refeição. Já o autista com grau 3 de suporte vai manifestar
dificuldades graves e costuma precisar de apoio especializado ao longo da vida. Por
outro lado, o diagnóstico de TEA pode ser acompanhado de habilidades
impressionantes, como facilidade para aprender visualmente, muita atenção aos
detalhes e à exatidão; capacidade de memória acima da média e grande
concentração em uma área de interesse específica durante um longo período de
tempo. Cada indivíduo dentro do espectro vai desenvolver o seu conjunto de
sintomas variados e características bastante particulares. Tudo isso vai influenciar
como cada pessoa se relaciona se expressa e se comporta.

4. DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTOS

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Os primeiros sinais do Transtorno do Espectro Autista são visíveis em
bebês, entre 1 e 2 anos de vida, embora possam ser detectados antes ou depois
disso, caso os atrasos de desenvolvimento sejam mais sérios ou mais sutis,
respectivamente. A partir dos 12 meses, as crianças autistas não apontam com o
dedinho, demonstram mais interesse nos objetos do que nas pessoas, não mantêm
contato visual efetivo e não olham quando chamadas. O diagnóstico do autismo é
feito por observação direta do comportamento e uma entrevista com os pais e
cuidadores, que pode incluir o teste com a escala M-CHAT. Em casos de autismo
leve, por exemplo, o transtorno pode demorar mais tempo para ser diagnosticado,
pois costuma ser confundida com outros comportamentos, como timidez,
excentricidade ou falta de atenção. O DSM-5 também reconhece que indivíduos
afetados pelo TEA podem apresentar sintomas associados em diferentes graus,
como uma habilidade cognitiva fora do normal (para mais ou para menos), atrasos
de linguagem ou alta habilidade de linguagem expressiva, surtos nervosos e
agressividade, padrões de início, além de outras condições associadas.
O acompanhamento médico multidisciplinar, composto por pediatra,
psiquiatra, neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo, entre outros, é o tratamento
mais recomendado para ajudar no desenvolvimento da criança autista. Em linhas
gerais, o tratamento associa diferentes terapias para testar e melhorar as
habilidades sociais, comunicativas, adaptativas e organizacionais. Frequentemente,
as terapias são combinadas com remédios para tratar condições associadas, como
insônia, hiperatividade, agressividade, falta de atenção, ansiedade, depressão e
comportamentos repetitivos. O contexto familiar é fundamental no aprendizado de
habilidades sociais e o trabalho com os pais traz grandes benefícios no reforço de
comportamentos adequados.
O método ABA visa desenvolver habilidades sociais e comunicativas em
pessoas com transtorno do espectro autista, ao lado da redução de condutas não
adaptativas, partindo de estratégias de reforço. A terapia objetiva a criação de
estratégias para o desenvolvimento de habilidades sociais e motoras nas áreas de
comunicação e autocuidado e busca que o paciente consiga, de forma natural,
praticar as habilidades aprendidas de forma a incluí-las na vida diária.

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5- A ESCOLA X FAMÍLIA

Após os anos de 1990 quando ficou estabelecido que todos com


necessidades educacionais especiais, deviam ter acesso a escolar regular como
forma de inclusão para todos, muitas mudanças ocorreram na educação brasileira.
Estudos apontam que, quando ocorrem intervenções precoces e
adequadas, principalmente com a participação da família e da escola, a maioria das
crianças com TEA se beneficia, podendo apresentar um ou mais comportamentos
disfuncionais apenas por breves períodos de tempo ou em situações específicas
(Caminha et al., 2016), além de serem capazes de utilizar suas habilidades
intelectuais para avançar em níveis acadêmicos (APA, 2013). Nesse sentido,
entende-se que a família e a escola são sistemas fundamentais de suporte à criança
para enfrentar os desafios da aprendizagem.
Em muitas pesquisas médicos, pesquisadores ressaltam da importância
da escola e família no desenvolvimento das crianças com autismo. A criança com
TEA necessita desse convívio em escola regular com proposta inclusiva, a
frequência na escola para elas, além de oferecer estímulos do seu comportamento,
cria laços afetivos desde com colegas e professores isso auxilia no seu
desenvolvimento cognitivo, coordenação motora, na fala, pois ao interagir a criança
aprende novas palavras, experimentam novos alimentos e as atividades são sempre
direcionadas.
A criança com autismo em escolar regular tem direito a uma professora
de especial para ser atendido e uma cuidadora para cuidar de suas necessidades
como alimentação, banho e acompanhamentos nas suas atividades diárias na
escola.
O acompanhamento dos pais e familiares nesta etapa da vida da criança,
na qual a mudança da sua rotina, ao ingressar na escola, a adaptação depende de
cada criança e a criança com autismo exige um esforço maior e é neste momento
que a participação da família é fundamento, não somente isso, mas o
acompanhamento nas terapias dando continuidade nas atividades feita na escola,
auxilia no desenvolvimento dessa criança.

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6 - TEA E SUAS CONQUISTAS

Na década de 1990, documentos como a Declaração mundial sobre


educação para todos e principalmente a Declaração de Salamanca sobre princípios,
política e prática na área das necessidades educativas especiais, estabeleceram
que os alunos com Necessidades educacionais especiais (NEE), deviam ter acesso
a escolar regular, tendo como principio orientadora a inclusão de todos; o passou a
influencia a politica educacional no Brasil, como formulação de políticas públicas
sobre a educação inclusiva e fundamentaram propostas políticas expressas na Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN).
A Educação Especial foi firmada como transversal ao ensino oferecido em
todos os níveis e modalidades educacionais com o objetivo de evitar a manutenção
de um sistema paralelo de escolarização (Tosta & Baptista, 2010). Nesses casos,
conforme a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, estão inseridos os alunos
com TEA.

Desconto em Transportes e gratuidade em viagens (Lei N.º 8.899, de


29 de junho de 1994).
É concedido passe livre aos autistas que comprovem ser de baixa renda,
assim como suas famílias, também têm direito ao transporte gratuito em ônibus,
barco ou trem. Em relação ao transporte aéreo, o acompanhante do autista pode ter
um desconto de 80% do valor da passagem, conforme resolução da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), N.º 280, de 11 de julho de 2013.

Lei Berenice Piana (Lei N.º 12.764, de 27 de dezembro de 2012).


A Lei 12.764/12 determinou que a pessoa com transtorno do espectro
autista é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais.
A lei leva o nome de Berenice Piana, mãe de um menino autista e
militante da causa. Sua luta começou, há dez anos, em uma época onde havia um
desconhecimento total sobre o TEA. Berenice se juntou a outros pais com situações
semelhantes, conseguindo levar e aprovar a proposta de lei ao senado.
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Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) (Lei N. 8.742/93, de 7
de dezembro de 1993).
A pessoa com autismo tem o direito de um salário mínimo, desde que
comprove que ele, ou a família, não tem condições financeiras para se sustentar. É
o que determina a Lei N.° 8.742/93, que oferece o Benefício da Prestação
Continuada (BPC).

Lei Romeo Mion (Lei N.º 13.977, de 8 de janeiro de 2020)


Sancionada em 2020, a Lei Nº 13.977 – conhecida como Lei Romeo Mion
estabelece a emissão de uma Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno
do Espectro Autista (TEA) e pessoas com autismo passaram a ser incluídas entre os
grupos com direito a atendimento prioritário no País. Seu nome foi inspirado no
adolescente Romeo, de 16 anos, que é filho do apresentador de televisão Marcos
Mion e está no espectro.

Leis Estaduais reduzem a jornada de trabalho de servidores públicos


com filhos autistas, sem redução salarial.
A Lei Estadual N.º 241, de 27 de março de 2015, que consolida a
legislação relativa à pessoa com deficiência no Estado do Amazonas, reduz 2 (duas)
horas diárias a carga horária de trabalho dos servidores públicos que possuem filho
ou dependente com deficiência em qualquer faixa etária. O direito será assegurado
com objetivo de oferecer recursos de habilitação e reabilitação à pessoa com
deficiência e terão como princípios fundamentais o fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários.
Lei N.° 5.598 (8 de setembro de 2021)
Dispõe sobre a concessão ao servidor público estadual tutor, curador ou
responsável por pessoa com deficiência o direito à redução da jornada de trabalho.
18/08/22 - Em duas decisões recentes, a Sétima e a Terceira Turma do
Tribunal Superior do Trabalho garantiram o direito à redução da jornada de
trabalho, sem redução de salário, as profissionais de saúde que têm crianças
diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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7– Conclusão
Podemos perceber que após muitas pesquisas ao longo dos anos entorno
da TEA, esse transtorno que era pouco falado, nos dias atuais obteve muitas
conquistas, como leis aprovadas após a luta das famílias pelos direitos de seus
filhos. Hoje após pesquisas conclusiva, houve um avanço nos tratamentos de
pessoas com TEA, o que se tornou importante para o desenvolvimento e inclusão
educacional e social.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação


Especial na Educação Básica / Secretaria de Educação Especial – MEC; SEESP,
2001.
https://blog.cenatcursos.com.br/conhecendo-o-autismo-sua-origem-
historia-e-caracteristicas/
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/contexto-social

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-26102018-
191739/publico/mas_me.pdf

Política Nacional de Educação Especial Brasília: MEC/SSEESP. 1994.

UNESCO. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre


Necessidades Educativas Especiais. Brasília: CORDE, 1994.

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