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Estudo
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O dever ser não pode ser considerado como verdadeiro ou falso, mas sim como válido ou
inválido.
Este ainda pode ser violado ou respeitado, enquanto não se pode falar em observância ou
violação no ser.
Este exige um querer, algo deve ser, porque alguém assim o quis, mas não se resume a este,
como as experiências históricas totalitárias já nos demonstraram.
Ordens normativas
Ordem moral: carater intrasubjetivo (tem a ver com o nosso interior); esta orienta a
conduta humana para a realização de um bem; esta regula aspetos relacionados com o
decoro, decência; esta pode ser relevante para a ordem jurídica (280 nº2).
Ordem do trato social: carater intersubjetivo (tem a ver com uma relação entre as pessoas);
trata dos convencionalismos sociais, como a boa educação; podem ter expressão sanções
baseadas na reprovação social
Ordem jurídica: carater intersubjetivo (tem a ver com uma relação entre as pessoas);
constituída por regras jurídicas; é a mais relevante das ordens normativas, pois é a única
cuja violação determina a aplicação de sanções que podem ser impostas pela força
Função política: este organiza o poder político e coloca limites ao seu exercício
Modalidades da justiça
Justiça distributiva: opera nas relações verticais e orienta-se para a distribuição dos bens;
assenta numa ótica de igualdade, esperando-se que os bens sejam distribuídos de uma
forma igual aos iguais, e os desiguais de forma desigual
Justiça comutativa: pensada na ótica nas relações entre indivíduos; damos algo e a outra
pessoa algo de volta
Justiça legal: orienta a realização de um bem comum pelos indivíduos; esta orienta-se por
um princípio de proporcionalidade, em que quem tem mais dê mais
Justiça geral: aquela em que o bem comum coincide com o interesse individual de cada um
de nós
Direito e Estado
Temos de ter em atenção se estamos perante um Estado absolutista ou um Estado de
direito democrático.
Imperatividade- há um dever ser, normas que têm mesmo de ser cumpridas, pois caso
contrário o estado tem de reagir (sanção aplicada ao autor/ atribuir um desvalor ao ato que
incumpre a norma)
Desvalores jurídicos
- ilegalidade: algo contrário à lei
- inexistência: forma mais grave; o vício é tão grande, que é como se não tivesse existido
- invalidade: - nulidade (286): ato é nulo; é mais grave; não produz efeitos jurídicos
- anulabilidade (287): ato é anulável
- ineficácia: decorre de uma irregularidade verificada no processo de formação
Sanções jurídicas
As regras sancionatórias têm uma previsão (regra de conduta) e uma estatuição (sanção).
Tipos de sanções:
- sanções preventivas: visam prevenir a violação da regra jurídica
- sanção compulsória: levam o infrator a adotar a conduta devida
- sanção reconstitutiva: procuram recriar a situação que existiria se o agente não tivesse
violado a regra
Natural- reconstruir em espécie
Execução especifica- obter, através do recurso ao tribunal, a prestação a que o
devedor está obrigado
- sanções compensatórias: quando as reconstitutivas não são possíveis, procura-se uma
solução equivalente à que existiria se não se tivesse verificado o evento lesivo
A indemnização é feita em dinheiro, pois a reconstituição natural não é possível, não
repara integralmente os danos, ou quando é demasiado onerosa para o devedor
- sanções punitivas: reprimem um sujeito que atuou de modo ilícito
Penais- penas de multa ou prisão
Contraordenacionais- coima
Civis- valem no domínio do direito privado
Disciplinar- por parte das organizações em que o sujeito está integrado
Erro- 388º
Pressupostos:
- perigo do dano
- atualidade
- relativamente à pessoa ou a terceiro
- princípio da proporcionalidade
Estado de necessidade agressivo- o agente destrói ou danifica coisa alheia para remover um
perigo
Estado de necessidade defensivo- o agente destrói a própria coisa que cria o perigo
Se os pressupostos forem cumpridos, não há como utilizar a legitima defesa contra o Estado
de necessidade.
Pressupostos:
- agressão ou violação do direito que já tenha sido consumada
- existência de um direito próprio que se pretende acautelar
- ser o único meio possível
- proporcionalidade
Título II
Regime das Fontes do Direito
Sistemas de Direito
Sistema romano-germânico: a principal fonte de direito é a lei
Fontes internas
Imediatas: lei (enunciado linguístico que contém regras jurídicas)- sentido material (leis em
sentido material nem sempre são leis em sentido formal, como os regulamentos); sentido
formal, que provem de um órgão com competência legislativa (leis em sentido formal são
sempre em sentido material); são gerais e abstratas
Normas corporativas- ditadas pelos organismos representativos das diferentes
categorias profissionais, culturais económicas, etc.
Costume- prática social reiterada (elemento fáctico) com a convicção da sua
juridicidade (elemento normativo); pode ser:
- secundum legem: quando a regra consuetudinária
coincide coma regra legal; o costume tem apenas uma
função declarativa
- praeter legem: complementa a lei
- contra legem: costume contrário à lei; implica a
cessação da vigência da lei
Mediatas: usos (3º nº3)- é que é habitual fazer-se, não há convicção da sua juridicidade
Jurisprudência normativa- acórdãos com força obrigatória geral do TC e dos
tribunais administrativos
Fontes de direito privado- resultam da autonomia privada; quando as regras
possam ser invocadas por terceiros
Vicissitudes do direito
Desvalores dos atos normativos
Os atos normativos também podem ser:
- inexistentes: 137º CRP
- inválidos: comporta as modalidades de nulidade (ex.: inconstitucionalidade) e
anulabilidade
- ineficazes: não produz quaisquer efeitos; 119 nº2
Uma situação que tenha acontecido entre o dia da publicação e o dia da entrada me vigor
de uma lei não pode ser abrangida por uma lei que ainda não vigorava.
Contudo, se a situação for no âmbito da responsabilidade penal, contraordenacional ou
disciplinar, aplica-se o princípio da aplicação retroativa da lei de conteúdo mais favorável ao
arguido.
Vicissitudes da vigência da lei
Impedimento à vigência da lei
Antes da lei entrar em vigor, é publicada uma outra lei sobre a mesma matéria, que entra
em vigor antes ou ao mesmo tempo que a primeira lei. Como a segunda lei tem a última
posição do legislador, esta impede a vigência da primeira.
Suspensão da vigência
Quando se considera inconveniente a continuação da vigência de uma lei, mas que ainda é
justificada, podendo voltar a entrar em vigor num momento posterior, suspende-se a
vigência dessa mesma lei.
Pode ser:
Temporária: suspensa durante um determinado tempo
Indefinida: não se define um prazo de suspensão
Cessação da vigência
- caducidade: quando a lei se destina a ter uma vigência temporária, pois tem um prazo, ou
podem desparecer os seus pressupostos
- revogação: cessação da vigência de uma lei determinada por outra lei; as suas modalidades
são:
- expressa ou tácita
- simples ou substitutiva
- global (um ramo do direito ou um instituto jurídico) ou individualizada (só uma lei, ou
algumas regras jurídicas de uma lei)
- parcial ou total
- retroativa ou não retroativa
Atos regulamentares
- regulamentos de forma mais solene; produzidos por órgãos superiores; emanados
de órgãos com competências mais vastas
- regulamentos de forma menos solene; produzidos por órgãos inferiores; emanados
de órgãos com competências mais restritas
- decretos regulamentares
- decretos simples
- portarias
- despachos normativos
Título III
Regras e proposições jurídicas
Caracterização da regra jurídica
A regra jurídica não é um ponto de partida, mas um ponto de chegada, pois primeiro tem de
acontecer a interpretação.
Nem todas as regras jurídicas regulam condutas, existem regras que regulam poderes, ou
são sobre efeitos (ex.: invalidades).
A proporção jurídica acontece quando alguém enuncia uma regra jurídica, podendo esta ser
verdadeira ou falsa.
Esta é feita por qualquer falante.
- estatuição
Dentro desta existem dois elementos: operador deôntico (permissão, obrigação ou
proibição) e o objeto
Modalidades de regras jurídicas
Objeto
Regras primárias- regulam condutas, poderes ou efeitos; podem ser:
- regulatórias: respeitantes a
condutas e poderes, podendo ser
violadas
- constitutivas: respeitantes a
efeitos, não podem ser violadas
(ex.: aquisição da maioridade)
Regras secundárias- regras sobre outras regras (ex.: regras revogatórias, regras
interpretativas)
Âmbito
Regras gerais
Regras específicas- definem um regime próprio para situações diferentes das que estão ao
abrigo da regra geral; têm um âmbito de aplicação mais limitado
Disponibilidade
Regras injuntivas- aplicadas, mesmo que haja uma manifestação de vontade contrária dos
seus destinatários
Regras supletivas- aplicadas apenas na falta de regulação da matéria pelos seus interessados
Vinculação
Regras de resultado- definem um resultado que deve ser alcançado ou evitado; não deixam
ao destinatário nenhuma opção de conduta
Regras técnicas- definem o meio que deve ser utilizado para obter determinado resultado
Espécies de regras
Regras definitórias- explicação de uma palavra ou enunciado; estas mostram quando algo
deve ser considerado uma realidade jurídica
Regras de remissão- equiparam duas situações análogas, aplicando a uma delas o regime
jurídico da outra
Regras de presunção- ilações que a lei tira de um facto conhecido para firmar um facto
desconhecido; podem ser:
- ilidíveis: podem ser refutadas caso prova em contrario
- inilidíveis: não podem ser afastadas
Ficções legais- o legislador ficciona que duas realidades destintas são idênticas, de forma a
permitir que a aplicação a ambas a regra que regula uma destas realidades