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Direito Privado vs.

Direito Publico
São apresentados três critérios para fazer a distinção:
- critério do interesse prosseguido pelas normas
Se as normas prosseguirem interesses de carácter geral são de direito publico
(educação, segurança, saúde, etc.)

As normas que prosseguirem interesses de carater particular são de direito privado


(normas do interesse de António ter filhos, se casar, fazer um negócio, etc.)

Este critério é considerado falível, pois as normas podem prosseguir interesses


privados, mas reflexamente interesses públicos, e vice-versa.
Exemplo: vivemos num Estado social de direito, logo o Estado exerce funções
existenciais, como o SNS, que diz respeito ao interesse publico da saúde, mas presta
serviços a A, B ou C.

- critério da natureza dos sujeitos envolvidos/ posição jurídica dos sujeitos


Quando a situação envolver um ente que tem uma empresa publica é uma situação
de direito publico.

Quando a situação envolve dois privados é uma situação de direito privado.

Este é falível, pois pode haver um ente publico que se comporta como um privado.
Exemplo: por vezes o Estado comporta-se como um privado quando alguém que não
tem herdeiros deixa a herança o Estado fica com ela.

- critério da posição que esses sujeitos ocupam naquele momento


Quando uma entidade publica atua no exercício dos seus poderes é uma situação
jurídica publica.

Se a entidade publica atuar como um privado, então a situação jurídica é privada.

No ponto de vista da professora Maria Palma Ramalho para se saber se é direito privado ou
publico conjugasse o primeiro e o último critério, utilizando-se o primeiro como critério de
prevalência.

Ideias chave do direito privado: igualdade e liberdade (podem fazer tudo o que não seja
proibido)

Ideias chave do direito publico: autoridade (ente publico não está ao mesmo nível que o
privado) e competência (os entes públicos só podem fazer aquilo que a lei lhes permite)
Situações jurídicas
Na concessão da professora Maria Palma Ramalho as situações jurídicas substituem o
conceito clássico de relação jurídica.
O conceito de situação jurídica é mais amplo que o de relação jurídica, pois não exige que A
tenha uma relação com B.

Situação jurídica- situação da vida que tenha relevo jurídico

Modalidades de situações jurídicas:


- situações simples: conteúdo simples
- situações complexas: conteúdo mais complexo, envolvendo mais que um sujeito, que um
direito, que um dever

- situações unisubjetivas: um sujeito


- situações plurisubsjetivas: mais que um sujeito (compropriedade- 1403)

- situações absolutas: só por si, independente de qualquer outra, não exigindo uma relação
com outra pessoa
- situações relativas: pressupõe uma situação jurídica de sentido inverso

- situações patrimoniais: aquela que tem conteúdo económico, que é avaliada em dinheiro
- situações não patrimoniais: aquelas que não têm conteúdo económico

- situações compreensivas: abrange um conjunto de situações menores (o direito de


propriedade, em que o proprietário tem outros direitos, como o de dispor, usufruir, etc.)
- situações analíticas: aquela que o conteúdo é único, não se podendo decompor

- situações ativas: aquelas que conferem ao seu titular uma situação de vantagem
- situações passivas: o titular tem se suportar um encargo, estando numa situação de
desvantagem

Situações ativas
Direito subjetivo
Direito subjetivo- permissão normativa especifica de aproveitamento de um bem

Algo que a lei Atribuída a A utilidade do


permite- o direito é alguém- o direito subjetivo
atribuído por uma direito
norma permissiva subjetivo
que atribui uma confere uma
situação de possibilidade
vantagem de atuação
que só dele é
específico
Classificações de direitos subjetivos:
- direitos subjetivos comuns: permissão normativa de aproveitamento de um bem; pode ser
absoluto ou relativo
- direitos potestativos: poder de, unilateralmente, alterar ordem jurídica; com destinatário
(esfera de outrem) ou sem destinatário (própria esfera); podem ser constitutivos,
modificativos ou extintivos

- direitos subjetivos patrimoniais: incidem sobre bens com valores económicos; podem ser
bens materiais ou imateriais (prestação)
- direitos subjetivos não patrimoniais

- direitos subjetivos de crédito

- direitos subjetivos reais

- direitos subjetivos familiares

- direitos subjetivos sucessórios

Existem situações jurídicas ativas, que não são direitos subjetivos:


- poder
Disponibilidade de meios para a obtenção de um fim

- faculdades
Corresponde a um conjunto de poderes, ou de outras posições ativas, unificados
numa designação comum (Menezes Cordeiro)

- proteções reflexas
Técnica que faz incidir normas de comportamento que acabam por acautelar
interesses.
Aos deveres impostos a terceiros, protegem-se interesses.

Exemplo: ninguém pode obrigar os outros a vacinarem-se, porém o facto de ser um


requisito para frequentar uma escola, protege o interesse dos que assim desejavam.

- expectativas
Posição do sujeito inserido na sequência que irá conduzir a um verdadeiro direito,
mas antes de este surgir. Estas podem ser: factos simples de produção instantânea-
depende de um só facto (ocupação- 1318); factos de produção complexa- depende
de vários factos (herança).

Expectativa jurídica- beneficia de uma tutela do direito (herdeiros legitimários)


Expectativa meramente de facto- não atribui aos seus beneficiários de nenhum meio
de tutela que alguém com expectativa jurídica tem (herdeiros legítimos ou
testamentários, pois o testamento é revogável)

- poderes funcionais
Poderes que estão instrumentalizados em prol de algo.

Exemplo: poderes dos pais em relação aos filhos, que na realidade são deveres

- exceções
Situações jurídicas através das quais uma pessoa que esteja adstrita a um dever
pode, de forma lícita, recusar a efetivação da pretensão correspondente (428)

Exceção forte- permitem ao beneficiário deter um direito alheio


Perentória- detém a pretensão por tempo indeterminado
Dilatória- detém a pretensão por tempo determinado

Exceção fraca- permitem ao beneficiário enfraquecer um direito alheio

Situações jurídicas passivas


Classificações:
- obrigação
O espelho é o direito subjetivo.

Vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à
realização de uma prestação (conteúdo de uma obrigação).

- dever
O espelho são os poderes.

Incidência de uma norma de conduta (impositiva ou proibitiva).

As obrigações e os deveres têm inúmeras classificações:


- dare: obrigação de entregar alguma coisa
- facere: obrigação de fazer alguma coisa
Facto positivo: fazer alguma coisa
Facto negativo- não fazer alguma coisa
Patti: desenvolver uma atividade que, em princípio, não teria lugar

- sujeições
O espelho é o direito potestativo.

Está numa situação de sujeição a pessoa que possa ter a sua posição jurídica alterada
por outrem, unilateralmente, não podendo fazer nada em relação a isso.
- ónus/ encargo
Comportamento que uma pessoa deve realizar caso pretender obter um
determinado efeito.

Não chega a ser um dever, pois tem uma estrutura condicional (se, então).

Menezes cordeiro defende que o ónus pertence ao direito processual, logo fala em
encargo.

Encargo- dever que proporciona vantagens a outras pessoas, mas essas não podem
exigir o seu cumprimento

- deveres genéricos
O espelho são os direitos absolutos.

- deveres funcionais
O espelho são os poderes funcionais.

Pessoas singulares
Personalidade
A pessoa em si não é um instituto jurídico, mas um dado pré-jurídico, pois o direito é feito
pelas pessoas para as pessoas. É um titular de situações jurídicas.

Pessoa em sentido ontológico- dado pré-jurídico


Pessoa em sentido técnico- titulares de situações jurídicas

Pessoa- suscetibilidade de ser titular de direitos e de ficar adstrito a obrigações; centro de


imputação de normas jurídicas

Direitos de personalidade
Direitos inerentes à esfera pessoal de cada um, que têm a ver com a própria pessoa.

Estes correspondem a situações jurídicas ativas.

Características:
- privados: inerentes à qualidade da pessoa enquanto individuo, e não a outras qualidades
que possa ter
- gerais: assistem a todas as pessoas, pelo facto de serem pessoas; não podem ser limitados
- absolutos: impõem-se universalmente, não necessitando de uma situação jurídica de
sentido contrário
- não patrimoniais: não são avaliáveis em dinheiro (mas se forem violados exigem uma
indemnização)
- inatos e perpétuos: decorrem diretamente do nascimento (inatos) e mantêm-se até à
morte do titular (perpétuos)
- intransmissíveis: não se podem transmitir
Artigo 70º- norma geral; conceito amplo de personalidade (física ou moral); protege os
indivíduos em caso de ofensa ilícita, mas também de ameaças de ofensa ilícita

70º nº2- protege-se através da responsabilidade civil

Artigo 71º- alguns autores pensam que a personalidade tem um prolongamento depois da
morte; a professora Maria Palma Ramalho acha que são os herdeiros que têm o direito à
preservação da memória do falecido

Quais as providencias que os herdeiros podem recorrer?


Alguns autores (professor Oliveira de Ascensão) acreditam que, numa interpretação
restritiva do 70º nº2, não há lugar a indemnização.
A professora Maria Palma Ramalho pensa que, além das providencias, também há
que haver uma indemnização.

Artigo 81º- a lei admite que os próprios titulares dos direitos de personalidade os possam
limitar; existem restrições:
- tem de ser voluntária
- não pode ser contrária aos principio da ordem publica
- se revogar tem de indemnizar os prejuízos causados

Direitos de personalidade em especial:


Não estão no CC
- direito à vida
- integridade física
- direito à honra

Estão no CC
- direito ao nome
- inviolabilidade de correspondência
- imagem

A doutrina, procurando precisar até onde pode ir a intervenção na imagem da


pessoa, desenvolveu a teoria das esferas:
- esfera publica: área de condutas propositadamente acessível ao publico,
independentemente de autorizações
- esfera social: relacionamento social que as pessoas estabelecem com amigos,
colegas e conhecidos; a produção de imagens seria possível, salvo proibição, mas
apenas para circular dentro desse circulo
- esfera privada: vida privada comum da pessoa, sendo apenas acessível no circulo
da família, amigos mais próximos, equiparáveis a familiares
- esfera intima: vida sentimental ou familiar (sentido mais estrito, como conjugue,
filhos); tem tutela absoluta
- esfera secreta: abrange o âmbito que o próprio tenha decidido não revelar a
ninguém; tem total tutela
- reserva da vida privada

Pressupostos da responsabilidade civil:


- facto
- ilicitude (violação do direito de outrem ou de uma norma de proteção)
- culpa (dolo ou negligência)
- dano
- nexo causal

Teoria das pessoas


Pessoa jurídica- em sentido biológico ou técnico (ente capaz de atuar no mundo do direito)

Personalidade jurídica- suscetibilidade de ser titular de situações jurídicas (não diz quantas)

Capacidade jurídica (67)- medida concreta das situações ativas e passivas de que uma
pessoa é titular
A doutrine distingue em dois tipos de capacidade:
- capacidade de gozo- titularidade das situações jurídicas, e os direitos inerentes às
situações jurídicas
Há direitos, que pela sua natureza, só pessoas singulares ou coletivas podem
ser titulares.

- capacidade de exercício- possibilidade de gerir a situação jurídica de forma pessoal


e livre

Início da personalidade jurídica


Artigo 66 CC nº2- demostra que há direitos (sem sujeito) antes do nascimento
Menezes cordeiro/ PPV: os nascituros têm personalidade jurídica, pois esta adquire-
se com a conceção, e não com o nascimento

Rosaria Palma Ramalho: os nascituros têm expectativas jurídicas, e o Direito confere-


lhes alguma tutela

O nado morto não adquire personalidade jurídica. Os bebés que nascem e depois morrem,
adquirem a personalidade jurídica para depois a perderem.

Se o óbito acontece durante o parto, não há nascimento completo.

A tutela anterior ao parto decorre do artigo 66.

Nascituros- em sentido estrito, aqueles que não nasceram, mas foram concebidos; em
sentido amplo, aqueles não nasceram nem foram concebidos (conseturos)

Divergência doutrinária do artigo 66º


Oliveira Ascensão- o nascituro tem personalidade jurídica desde o momento da conceção
Menezes cordeiro- a personalidade adquire-se no momento da conceção; o nº2 é uma
supressão retroativa dos direitos dos nascituros
Antunes varela- nega aos nascituros a personalidade jurídica

Termo da personalidade jurídica


Artigo 68- cessa com a morte

Quando ocorre o momento do óbito? Segundo a medicina, acontece com a morte cerebral.

68 nº2- estabelece que em caso de dúvida há uma presunção de comoriência, ou seja,


morreram ao mesmo tempo.

68 nº3- em relação a não encontrarem o cadáver, só se dá por falecida se o


desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam duvidar da morte dela

Cadáver- não é uma pessoa nem uma coisa, é uma coisa intermédia

Capacidade jurídica
Divide-se me dois tipos:
- capacidade de gozo
- capacidade de exercício

A incapacidade- idade (regime da menoridade); deficiência física ou mental altamente


incapacitante (maior acompanhado); razões comportamentais ou de saúde (maior
acompanhado)

Regras gerais:
- capacidade das pessoas singulares é plena (não podem ver restringida a sua capacidade)
- capacidade é irrenunciável (artigo 69)

Legitimidade- não é tratado pelo código; posição de uma pessoa perante uma certa situação
que lhe permita agir sobre ela

Esfera jurídica
Identifica o conjunto de situações ativas e passivas de que a pessoa é titular em cada
momento.

É um conceito variável de pessoa para pessoa, e de momento para momento.

Esfera jurídica pessoal- situações jurídicas de natureza de não patrimonial


Esfera jurídica patrimonial- situações jurídicas que compõem o património de alguém

Principais caraterísticas de um património:


- unidade: cada pessoa e toda a gente tem o seu património, sendo variado (pode ter um
património negativo, se tiver mais dividas do que bens); cada pessoa só tem um património
(pode estar todo concentrado em Portugal ou pode estar espalhado); todo o património é,
em principio, responsável pelas suas dividas; há situações que contrariam esta unidade, pois
para efeitos profissionais ou comerciais, a lei permite que uma pessoa tenha dois
patrimónios separados (exemplo: sociedade unipessoal)
- autonomia: a responsabilidade pelas dividas de um património restringe-se aos ativos (não
há prisão por dívidas); nos casos em que se admite um património separado, só esse
património responde (exemplo: herança); no caso das pessoas coletivas, a autonomia pode
ser perfeita (só o património das pessoas coletivas responde) ou autonomia imperfeita
(situações só o património da pessoa coletiva é que responde, mas se não for suficiente vai
se buscar ao património da pessoa singular)

Domicílio
Domicílio- sede jurídica da pessoa; o local que para efeitos jurídicos a pessoa é encontrada

A localização da pessoa é importante:


- notificada lá
- correspondência
- onde a pessoa vota
- centro de saúde
- etc.

Domicílio geral- aquele que nos dá a regra geral relativamente ao paradeiro das pessoas
Domicílio especial- para efeitos jurídicos específicos

Regras da fixação do domicílio geral (pessoas singulares)- artigo 82º:


- domicilio é a sua residência habitual (centro da vida da pessoa)
- quando há mais que uma residência habitual, considera-se o domicilio geral todas elas
- não tem residência habitual em nenhum sítio, então é tido como domicílio geral a
residência ocasional, e ainda se não houver esta ultima é onde a pessoa se encontra

No caso das pessoas coletivas (159) corresponde à sede da pessoa coletiva.

Domicílio especial:
- profissional
- eletivo: tem de haver uma determinação por escrito
- determinados pela lei (85, 87 e 88): para certos efeitos, o domicilio é aquele (menores e
maiores acompanhados; dos trabalhadores públicos; dos agentes diplomáticos)

Ausência
Requisitos (89):
- necessário que tenha desaparecido§1212321§1qa
- sem que dele se saiba parte
- não haver um representante legal ou voluntário da pessoa
- haver necessidade de prover à administração dos bens de quem desapareceu4588

Tem várias fases, podendo ser sequencial ou não:


- curadoria provisoria
Tendo a perspetiva de que o ausente voltará, de forma a evitar perda de bens, o
tribunal nomeia um curador provisório.

É necessário os requisitos, mas também que tenha sido requerido por quem tem
legitimidade (91).

Quem pode ser curador provisório- 92

O curador é uma figura que serve para conservar os bens.

A curadoria provisória termina:


- o ausente regressar
- o ausente designa um administrador dos bens
- se passar a haver um curador definitivo
- se o ausente morre

- curadoria definitiva

Uma fase em que se começam a regular outros interesses.

Têm de se preencher os mesmos requisitos da curadoria provisória, mas terem


decorridos 2 anos sem se ter deixado representante legal nem procurador, ou 5
anos, no caso contrário.

A legitimidade (100) é mais restrita.

Os artigos 108 e 109 determinam a abertura da sucessão.

- morte presumida

Os requisitos são os requisitos gerais da ausência, mas também terem decorrido dez
anos desde a ausência, ou 5, se o ausente tiver, entretanto, completado 80 anos.
A declaração de morte presumida não pode ser feita antes de terem decorrido 5
anos sobre a data que o ausente atingiria a maioridade.

115- a morte presumida tem os efeitos da morte, mas não dissolve o casamento; no
caso do cônjuge se casar outra vez, então se o ausente voltar considera-se o
primeiro matrimonio dissolvido na data da declaração da morte presumida.

Incapacidades
Há situações, em que as pessoas, apesar de serem titulares de direitos, não os podem
exercer de forma livre e pessoal.

Tendo em conta a natureza, podemos ter uma incapacidade estável, mas também há a
incapacidade acidental (257; eventual, passageira).

A fonte das incapacidades estáveis:


- idade
- situação de saúde, deficiência ou comportamento

O objetivo das incapacidades é proteger o incapaz pelos meios de suprimento (instituto


jurídico que o CC que permite ultrapassar a incapacidade); o poder é atribuído a outra
pessoa, por responsabilidade parental, instituto da tutela, acompanhamento) e formas de
suprimento (através da representação, assistência- não por ele, mas com ele).

Menoridade
122º- menor é quem não tiver completado 18 anos

Existem alguns patamares intermédios de capacidade:


- inimputabilidade até aos 7 anos
- aos 14 anos, numa ação de atribuição do poder paternal, tem se o direito de ser ouvido
- aos 16 anos pode casar
- etc.

Os menores têm uma incapacidade genérica de atuação.

127º- exceções da incapacidade

Meios de suprimento:
- poder paternal/ responsabilidades paternais: cabe aos dois progenitor ou progenitor com a
guarda do menor; acordo dos pais; irrenunciável; envolve deveres importantes, como
alimentação, vestuário, etc.; 1877 ss.
- tutela
- administração de bens: a administração de um determinado bem ser subtraído do poder
paternal e entregue a outra pessoa

Forma de suprimento:
- representação legal

126º- Menezes cordeiro: os herdeiros (ficam na mesma situação que o menor estava) e os
representantes não podem
Maria Palma Ramalho: herdeiros não podem, mas os representantes podem (o objetivo é
proteger o menor)

Maior acompanhado
Os maiores acompanhados são indivíduos que sofrem de limitações, logo é lhes imposto um
regime especial (138).

Legitimidade para requerer e ser escolhido


Quem tem legitimidade para requerer e ser escolhido acompanhante são os enumerados
nos artigos 141 e 143.

Nos termos do nº1 do artigo 144º os ascendentes, o cônjuge e os descendentes têm o dever
de aceitarem ser acompanhantes, não podendo escusar-se ou ser exonerados.
Os descendentes podem, ao fim de 5 anos, ser exonerados, no caso de existirem outros
descendentes adequados (nº2).
Os restantes só podem pedir escusa com as justificações do artigo 1934º, ou serem
substituídos ao fim de cinco anos.

Nos termos do artigo 142º o acompanhamento pode ser requerido dentro do ano anterior à
maioridade, produzindo efeitos a partir desta.

Fim do acompanhamento
O fim do acompanhamento dá-se quando houver uma decisão judicial que considere que as
causas que o iniciaram já não existem ou foram modificadas (149). As pessoas enumeradas
no nº1 do artigo 141º também podem pedir a modificação ou cessação do
acompanhamento.

Atos do acompanhado
No artigo 147º nº1 é permitido o exercício de direitos pessoais e a celebração de negócios
da vida corrente.

São considerados anuláveis os atos praticados após o registo do acompanhamento, bem


como os praticados após ser enunciado o inico do processo (154 nº1). Aplica-se o regime da
incapacidade acidental aos atos praticados antes de se ter iniciado o processo.

Existe uma lacuna em relação ao prazo e a quem tem legitimidade para requerer a
anulabilidade dos atos praticados pelo acompanhado (a única informação que temos, no
artigo 154 nº2, é que o prazo do pedido de anulação começa no dia do registo da sentença).
Assim existem duas soluções. A primeira solução é aplicar o regime geral da anulabilidade,
presente no artigo 287º do CC (pedro pais Vasconcelos); a segunda é aplicar por analogia o
regime da menoridade, 125 (Mafalda Miranda barbosa).

Pessoas coletivas
Na parte das pessoas coletivas não estão previstas as sociedades (980 ss.).

Aquisição da personalidade jurídica- há entes que têm e outros que não têm

Para que tenham personalidade jurídica têm de estar reunidos 3 elementos:


- substrato pessoal
Conjunto de pessoas que a compõem.

Nem sempre este é o mais importante.


Nas associações e nas sociedades civis simples, este elemento é o mais importante.
Se o elemento pessoal desaparecer, extingue-se a pessoa coletiva.

- elemento patrimonial
Nem sempre este é o mais importante.
É o mais importante nas sociedades de capitais, nas fundações.
- elemento teleológico
Tem que ter um fim.

O fim das pessoas coletivas pode ser muito diferente (as sociedades têm um fim
lucrativo, as fundações não têm).

280- o fim não pode ser contrário à ordem publica, ofensivo dos bons costumes,
contrário à lei

Fundações têm de ter um fim lícito, mas também de interesse social.

É importante, pois é caso de extinção da pessoa coletiva, se esse fim não conseguir
ser atingido, se for ilícito, ou se já tiver sido atingido.

É necessário haver um ato de atribuição dessa personalidade, que é de reconhecimento da


personalidade jurídica. Pode ter duas formas:
- automático/ normativo
Nas maiorias das vezes é assim.

Desde que a pessoa coletiva se constitua pela forma indicada pela lei.

- individualizado/ por concessão


Exige um ato administrativo para cada entidade.

As fundações têm de ser reconhecidas desta forma, por terem de ter um património
suficiente, mas também porque o fim, alem de ter de ser lícito, tem de ter um
interesse social.

Lei-quadro das fundações.

Tipos de pessoas coletivas


- nacionais: sua base em Portugal
- internacionais: sua base noutro país

- direito publico: detidas por um ente publico (Estado, município)


- direito privado: detidas por um ente privado (fundações, associações)

- comuns: regem pelo regime comum


- especiais: regem-se por um regime próprio (bancos, por exemplo)

- de base fundacional: mais importante o substrato pessoal


- de base associativa: mais importante o substrato patrimonial

- com fim lucrativo (sociedades)


- sem fim lucrativo (fundações, associações em sentido estrito)
As pessoas coletivas seguem um princípio de tipicidade, ou seja, são constituídas pelas
formas previstas na lei.

Associações
As associações têm um sentido amplo, mas dentro deste podemos distinguir dois tipos:
- associações sem fim lucrativo: associações em sentido estrito
- com fins lucrativos: sociedades

Personalidade: atribuída por lei (158 nº1)

A constituição é livre.

Há uma autonomia patrimonial perfeita, pois o património dos associados nunca responde.

Extinção- 182; destino dos bens no artigo 166

Sociedades
As sociedades podem ser:
- comercial: se prosseguem um objeto comercial
- civis: prosseguem outro tipo de objeto
A lei admite que estas tomem a forma de sociedade comercial.
A vantagem é que as sociedades comerciais têm uma maior proteção na divisão
entre o património da sociedade e dos sócios.

No que não está especialmente regulado, submete-se ao regime das associações.

A constituição é livre.

A autonomia patrimonial das sociedades civis não é completa, pois o património dos sócios
pode ser chamado a responder.

Extinção- 1007 ss.

Fundações
Aquisição da personalidade- 158 nº2

Constituição: - instituição: negócio jurídico unilateral, pelo qual uma pessoa afeta um
património a uma pessoa coletiva a criar
- elaboração dos estatutos: 186 nº2 e 187
- reconhecimento: 185 nº2 e 188

Há uma absoluta autonomia patrimonial.

Estas não têm assembleia geral, pois não têm membros.


Extinção- 192 e ss.

Capacidade das pessoas jurídicas


160- todos os direitos e obrigações necessários e convenientes à prossecução dos fins
Nº2- os direitos que são reservados somente a pessoas singulares não podem ser
feitos pelas pessoas coletivas

Doutrina diz que há um princípio da especialidade, em que só pode ser titular dos direitos e
deveres necessários ou convenientes à prossecução dos seus fins. Assim teria uma
capacidade de gozo especifica, ao contrário das pessoas singulares.
Porém, a doutrina mais recente não concorda, dizendo que a capacidade é genérica, tirando
as exceções do nº2.
Maria Paula Ramalho: a capacidade é ampla, mas não é completamente livre
Pais de Vasconcelos: o artigo 160 nº2 refere-se à legitimidade que a pessoa coletiva tem
para praticar um certo ato, e não se tem titularidade desse direito

Três tipos de órgãos:


- assembleia geral: órgão deliberativo por excelência; elege e controla a administração
- administração: gestão e representação da sociedade; órgão executivo
- conselho fiscal: fiscalização da gestão e das contas da sociedade

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