FABRÌCIO, Branca; PINTO, Joana. (Orgas). Exclusão social e microrresistências: a
centralidade das práticas discursivo-identitárias. Goiânia: Canône Editorial, 2013.p.11-31.
No texto Exclusão social e microrresistências, as autoras Branca Fabrício e Joana Plaza
introduzem-nos a relação discursiva identitária no processo de inclusão e exclusão dos indivíduos sociais. Primeiramente, aborda-se a linguagem não como representação do real (visão essencialista do mundo), mas, sim, como um modo de ação daquilo que cremos como real, ou seja, a linguagem expressa um ponto de vista do “real”, não pode o discurso expressar um ponto universal que agrupe todos os indivíduos, sendo o discurso uma visão ideológica criada num determinado tempo-espaço e cultura. Entretanto, está sedimentado em nossa sociedade a visão essencialista do mundo que cristaliza conceitos de identidade. É a partir de termos, expressões cristalizadas de identidade que se produz a exclusão. A linguagem deve ser tomada em contraposição com o discurso padrão na medida que inclui todos aqueles fora das regulações sociais, pois não há uma identidade cristalizada, universal que se aplique a todos os seres humanos, as identidades são plurais e devem ser incluídas como válidas. Como exemplificadas pelas autoras, alguém que diz “sou lésbica” está indo contra os padrões de normatização da sexualidade impostas pela nossa sociedade. É dentro deste e de tantos outros contextos que as autoras apresentam como a linguagem pode gerar realidades de inclusão social e agenciamento. As ações de contraposição as regulações sociais são chamadas pelas organizadoras de “estranhamento”. O estranhamento consiste em desfamiliarizar o que parece natural, olhando por um outro ângulo. Porém, o efeito destas ações é a repetição de discursos que estruturam as normas de padronização dos indivíduos. Outro conceito abordado pelas organizadoras é o de a agenciamento que consiste no embate social para reformular os padrões normativos de identidade. Porém, para haver o agenciamento, reformular, desfazer sistema(s) de regulação, os indivíduos devem produzir por meio do discurso, expressões o estranhamento da norma estabelecida pela sociedade dando possibilidades de mudança das regras impostas, tudo isto através de um discurso-identitário inclusivo.
¹Estudante de graduação no curso de Letras, com habilitação em língua Portuguesa, 1° período, pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE