Amor e desamor

(ou ao meu herdeiro)

Meu filho amado, meu grande amigo

Sempre ao lado, sempre sorrindo

Mas hoje tu te sufocas com esta dor

Saiba que é isto que tem o amor,

Que ora o é espinho ora é flor,

Ora o prazer e ora aperto

E os erros que parecem

Suplantar os acertos,

E tudo desmorona:

Éramos morada,

E de repente

sentimos

o nada.

Que nada.

Nada disso

O vazio ocupa

E decerto há dor

Mas há também

Uma paixão maior a nascer

Mais madura, terna e dura

Maior é o amor que renasce

Do lado do amor antigo que transmuta

(Que ao mesmo tempo que grita sabe emudecer)

Com isso crescemos e, assim, o amor a ser amado

Há de ser muito mais intenso, saboroso, azedo e árido:

Não tem como ser diferente, cada ato da vida é um aprendizado:

quando se apaixona, amor e dor, prazer e dessabor habitarão a gente.