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Nota de Esclarecimento Do Ministro de Estado Do Meio Ambiente
Nota de Esclarecimento Do Ministro de Estado Do Meio Ambiente
CARLOS MINC
A coordenação das ações relativas à elaboração e revisão das listas foi, desde 1967,
competência do então Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal - IBDF e,
posteriormente, a partir de 1989, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - Ibama. Mais recentemente a atribuição passou para o
Ministério do Meio Ambiente - MMA com a promulgação da Lei nº. 10.683/03, que
determina expressamente que compete ao MMA, na estrutura do governo federal,
coordenar a implementação da política de preservação, conservação e utilização
sustentável de ecossistemas, biodiversidade e florestas. Além de assessorar-se da
comunidade científica e dos seus institutos de pesquisa (Ibama, Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, Serviço Florestal Brasileiro - SFB), o MMA dispõe
de um corpo técnico especializado, composto por muitos doutores e mestres. O
ICMBio e o Ibama, por sua vez, contam em sua estrutura com vários centros de
pesquisa especializados em diversos grupos da fauna e da flora.
Por estas razões, as informações sobre as espécies devem ser precisas, consistentes
e bem documentadas, retratando com realismo sua situação de ameaça no país, de
modo a não deixar dúvidas quanto à aplicação da legislação ambiental por parte dos
órgãos competentes, bem como por parte do Poder Judiciário. A credibilidade da lista
é fundamental e deve estar respaldada em critérios técnico-científicos seguros,
gerando resultados confiáveis, defensáveis e sustentáveis perante todos os setores
que venham a questioná-la, permitindo maior eficácia na aplicação das políticas
públicas. De outra forma, estaremos sob risco de cairmos no descrédito e perdermos
esta extraordinária ferramenta legal e de gestão que se constitui uma lista de espécies
ameaçadas.
Foi dentro desse contexto que o MMA e seus órgãos vinculados criaram os processos
de revisão das listas de espécies da fauna e da flora brasileiras ameaçadas de
extinção, que culminaram com a edição das Instruções Normativas MMA nos 3/03 e
5/04 (fauna ameaçada), e 6/08 (flora ameaçada). Em ambos os casos, por demanda
do MMA, foram realizados convênios entre o Ibama e a Fundação Biodiversitas, uma
instituição envolvida com a temática, para nos ajudar a mobilizar o setor acadêmico-
científico e assim subsidiar, tecnicamente, os processos de revisão das listas.
No caso das 108 espécies presentes na lista da flora anteriormente vigente (publicada
em 1992 pelo Ibama), o processo de consulta conduzido pela Biodiversitas havia
resultado na manutenção de 55 espécies na condição de ameaçadas, na exclusão de
18 espécies consideradas não ameaçadas, e em outras 35 espécies excluídas sob o
argumento da deficiência de dados. Porém, na falta de informações que
consubstanciassem a retirada destas 35 espécies deficientes de dados, o MMA optou,
adotando o princípio da precaução, por mantê-las na lista das ameaçadas, até que
surjam dados que fundamentem a sua exclusão. Isto ocorreu pelo fato de que também
a retirada de uma espécie da Lista de Ameaçadas deve ser realizada somente com
base em dados que justifiquem tal ato, uma vez que exclusões arbitrárias tornariam
espécies desprotegidas, o que poderia resultar em perdas ao patrimônio biológico
brasileiro. Isto mostra a responsabilidade e a seriedade com que o MMA vem tratando
as questões relativas à conservação da biodiversidade.
Outra causa importante que leva espécies à extinção é a introdução de espécies exóticas,
ou seja, aquelas que são levadas para além dos limites de sua área de ocorrência
original. Estas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de
predadores e pela degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos ocupados
pelas espécies nativas. Com o aumento do comércio internacional, muitas vezes
indivíduos são translocados para áreas onde não encontram predadores naturais, ou
ainda são mais eficientes que as espécies nativas no uso dos recursos. Dessa forma,
multiplicam-se rapidamente, ocasionando o empobrecimento dos ambientes, a
simplificação dos ecossistemas e a extinção de espécies nativas.