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3. A DIREGAO Depois da criagao do roteiro, a diregaio 6 a parte mais delicada de uma pro- dugdio de curta-metragem em video, sobretudo de baixo orgamento, em que nao ha todos os recursos e equipamentos desejados para realizar 0 projeto. Infelizmente, muitas pessoas tem uma vi 10 deformada da funcao de di- recao. Desejam dirigir pelo status da profissio, acreditando que o diretor € 0 sujeito que “manda” em tudo, dé entrevistas etc. Esse pensamento é total- mente equivocado. FE evidente que a diregdo tem grande importancia em um projeto de video, mas as pessoas esquecem que um diretor nao faz um video ou filme sozinho, ele conta com uma equipe e depende dela para realizar seu trabalho. Embora seja 0 responsével pelas decisdes tomadas em todas as fases de produgao de uma obra audiovisual, o diretor nao é insubstitutvel. A meu ver, o diretor inteligente ¢ aquele que sabe reunir uma boa equi- Pe ¢, principalmente, sabe ouvir 0 que ela tem a dizer sobre o filme ou vi- deo. mas pertence a um grupo de pessoas que estado trabalhando para vé-lo rea- lizado. Volto a frisar que nao estamos falando de uma relagio comercial, ¢ em consciéncia de que 0 curta-metragem nao 6 exclusivamente seu, sim de cinema de grupo. O diretor trabalha tanto quanto todos mas tem a responsabilidade de tomar as decisées e fazer as escolhas nos 0s outros membros da equipe, momentos mais decisivos da realizacdo. Portanto, se voce pretende ser di- retor, nao fique esperando alguém da producao trazer aquela famosa cadei- tinha com a inscrictio “diretor” na parte de trés, com um kit basico de boné, Geulos escuros ¢ megafone para vocé ficar gritando “Acao!” na locacio. Muito do que dissemos em relagao ao roteiro servird para refletirmos sobre o aspecto da direco na produgao audiovisual. A diregao tem a fungaio Alex Moletta de pensar o roteiro em imagens que possam ser captadas pela camera. Ela direciona a realizacdo de um roteiro. O diretor deveré apresentar a hist6ria, ou revelar o personagem, com o olhar da camera, em todos os seus aspectos racionais e emocionais. Para isso, precisa literalmente “ver” o filme pronto antes de gravar, tendo bem claro o que pretende fazer com as imagens em cada acao descrita pelo roteiro. Acima de tudo, precisa saber transmitir isso aos demais membros da equipe. Diversos diretores tém ideias fantdsticas, mas néio conseguem transmiti- -las — ou, 0 que € pior, sonegam essas informagées, centralizando as aten- goes. E outro equivoco, pois o diretor necesita apresentar suas ideias a fim de obter outras opinides sobre elas. Quando isso acontece, geralmente al- guém sugere algo melhor, que o diretor (inteligente) acaba aproveitando. Nada pior que um diretor que insiste numa ideia que se mostrou ineficien- te ao restante da equipe. Deixando © sermfo A parte, as perguntas persistem: como iniciar um projeto de video como diretor? © que preciso saber para dirigit um video de curta-metragem? CONHECENDO O ROTEIRO Antes de mi linguagem escrita do roteiro. Todas aquelas reflexdes sobre a criagao de ro- is nada, € necessério que o diretor conhega 0 minimo da teiros devem ser de dominio também da diregao. Se um diretor pretende contar hist6rias por meio de imagens e sons, ele deve, no ma{nimo, conhecer as estruturas das histérias e dos personagens. Ao ler 0 roteiro, 0 diretor deve fazer as mesmas perguntas feitas pelo roteirista no momento da criagdo: © Qual é 0 tema principal do roteiro (pensamento embutido)? © Quem é 0 protagonista (personagem principal — heréi ou herofna)? © Quem, ou o qué, é sen antagonista (sombra — forca de oposigdo)? © Qual é 0 conflito principal do personagem? © Quando, onde e como acontecem todas as agdes? CO diretor deve distinguir todos esses elementos em qualquer roteiro que tenha em maos, identificando até onde vai a APRESENTAGAO, onde se inicia o DESENVOLVIMENTO e onde comega a RESOLUCAO da hist6- Criagdo de curta-metragem em video digital tia ou do personagem. E importante perceber quais sio as ACOES mais televantes para revelar a trajetria do Ppersonagem e quais mudam 0 rumo da historia. Somente conhecendo a historia e os personagens, podemos “ver” clara- mente as imagens que precisaremos extrair para compor 0 video de curta- “metragem. O diretor € um autor que escreve com a lente da camera, A maneira como capta cada imagem ¢ a justapde em sequéncia determina 0 tipo de clima ¢ a dramaticidade que o publico vai perceber, ou seja, deter- mina a relag3o que o ptblico vai travar com o video, Assim, ler ¢ reler o roteiro varias vezes se torna necessario para nao dei- xar passar despercebido nenhum detalhe, nenhuma sutileza. O diretor deve fazer uma leitura sob a perspectiva de cada Personagem e se manter isento em relagio a eles. Isento? E comum que o diretor goste de um personagem especifico da trama ou se identifique pessoalmente com ele (isso pode ocorrer também com 0 10- teirista). Ele passa, entdo, a tomar partido (ainda que inconscientemente) desse personagem ao conceber a diregao, privilegiando-o. Esse equivoco acaba minando os demais personagens , em consequéncia, enfraquecendo © filme. E necessério manter 0 equilibrio dramético do filme. Se um perso- nagem ganhar forca dramitica, os demais deverao ganhar também. Do Contrario, por haver um desequiltbrio de forgas, o conflito diminui ¢ a dra- maticidade é prejudicada. Depois de estudar e conhecer melhor 0 roteiro, é interessante conversar com 0 roteirista e saber qual é a sua visio da historia (no caso de o diretor nao acompanhar a criagdo do roteiro) ¢ 0 que pensa de cada personagem. Esse bate-papo é muito importante para iniciar a cria¢3o visual do projeto e conferir-Ihe unidade artistica. O roteiro no deixa de ser um texto, e mesmo sendo escrito em imagens é passivel de diversas interpretacdes. Geralmente a visio do diretor nao coincide com a do roteirista, e por isso esse encontro. é tao necessério, CONCEPGAO DE DIRECAO Quando pensamos em dirigir um video de curta-metragem (ficgdo ou nao), potencializamos 0 desejo e a habilidade de ser artistas. Todos temos esse potencial para fazer arte. Quando somos tomados por esse desejo, sur- eer Alex Moletta ge outra necessidade: 0 olhar artistico. A concepcao € 0 olhar artistico ca- minham lado a lado na produgdo de qualquer forma de arte. Concepgao vem do latim conceptione e significa geracao, criacao de algo. f a sua maneira de se comunicar com o public por meio da histéria e dos personagens. Eas 1a visdio de dire¢do, sua forma pessoal de se expressar por meio de imagens e sons. olhar artistico é um olhar “deformado” da realidade, uma imagem sub- jetiva do mundo, concebida por um indivfduo ou grupo de acordo com deter- minado ponto de vista. Esse olhar “deformado” da realidade 6 uma maneira de chamar a atencao do publico para algo que necesita ser dito pelo artista, da maneira como ele ve, seja pelo encantamento, seja pela estranheza. Um exemplo claro de concepgao de direcio ¢ olhar artistico é 0 filme A paixito de Cristo, dirigido por Mel Gibson. Discussio religiosa 8 parte, sua concepedo de diregao sobre uma historia que jé foi filmada de intimeras maneiras chamou a atengao do ptiblico para sua viséo pessoal do cruel e violento castigo que sofreu Jesus Cristo. O diretor recorreu aos mesmos texto \« biblicos que outros colegas, porém seu olhar artistico e sua concep- cao de diregao valorizaram aspectos totalmente diferentes dos filmes ante- riores. Faca uma experiéncia: ssista a Jesus de Nazaré, do diretor italiano Franco Zefirelli, e compare-o com o filme de Mel Gibson. LINGUAGEM DE DIREGAO E a forma usada pelo responsavel pela direcao para se comunicar com seu publico, para expor de maneira eficiente sua ideia, seu olhar artistico e sua concep¢do sobre a obra audiovisual fundamentada por um roteiro: David Mamet (2002, p. 24) afirma que “a fungao do diretor é elaborar uma sequéncia de planos a partir do roteiro. [...] O trabalho no set de filma- gem és implesmente o de registrar 0 que foi escolhido para ser registrado”. Concordo plenamente, mas sabemos que a gravacao de um curta-metra- gem, sobretudo de baixo orgamento, esté sujeita a intimeros imprevistos — tanto humanos quanto técnicos, sobretudo estes tiltimos. ‘A maioria dos diretores iniciantes entra em panico quando a locagao esté pronta, o elenco, preparado para gravar, ¢ alguém pergunta onde deve posicionar a camera. Outros ficam extremamente ansiosos ¢ querem gravar tudo ao mesmo tempo, sem a devida organizagio. Bi preciso ter em mente Daas Griagdo de curta-metragem em video digital que a finalidade maior da técnica e do planejamento é favorecer e libertar 0 inconsciente criativo, tendo tudo sob controle. Tanto o diretor como a equi- pe poder improvisar, explorar mais a situagao na locacao, refletir sobre 0 que foi escolhido e planejado, experimentar e executar outras opgoes de- pois. Esse tempo para “improvisar” na locagdo s6 € possivel se todos estive- rem cumprindo o planejado, cabendo ao ditetor fazer que isso aconteca, Decupagem técnica A fungao do diretor est baseada na linguagem de diregao. Ele decide como 0 roteiro sera decupado. O termo vem do francés decoupage ¢ signifi- a escolha da imagem mais adequada para cada palavta, frase ou parégrafo de um roteiro. ca formar imagens. Na linguagem cinematogréfica, refere-se O diretor divide, literalmente, o roteiro em imagens. Hssa escala de divisado segue uma nomenclatura especifica: sequéncias, cenas e tomadas. Antes de conhecer esses trés elementos, preciso abordar 0 que me parece 0 mais importante: 0 corte. Corte E 0 momento que limita o infcio e o fim de uma ag&o em imagem. E o Tecurso que permite interromper uma aco para apresentar outra. Ele pro- Picia o salto no espago e no tempo da narrati Faz a histéria avangar mos- trando a0 publico somente o necessério, O corte toma possivel maior controle por parte de quem est narrando, nesse caso o diretor. Vejo 0 cinema como a arte da imagem potencializada pelo uso sensivel do corte. O cinema nunca mais foi o mesmo depois dos diretores David W. Griffith e Sergei Eisenstein. O primeiro, norte-americano, introduziu — em 1915, com o filme Nascimento de uma nagdo — 0 corte e a montagem de cenas com agdes paralelas, intercalando imagens na narrativa, A mesma técnica foi utilizada pelo russo Sergei Kisenstein no filme Encouracado Potemkim, de 1925. Ambos revolucionaram a linguagem cinematogréfica utilizando corte como forma de expressio artistica e intelectual, usando a montagem paralela, 0 close e 0 movimento de cAmera para dramatizar e envolver o piiblico diretamente na histéria e na trajetéria dos personagens. Eles mostraram a importancia do corte para a narrativa visual e 0 impacto emocional que causa no ptiblico. cage es Alex Moletta ‘Além de saber trabalhar a imagem, um diretor deve saber quando utilizar (ou nao) 0 efeito do corte para dramatizar uma cena: Nao hé uma regra para introduzir um corte numa cena; 0 que determina isso é a dina- mica da cena e a concepedo narrativa que o diretor escolheu para contar sua hist6ria em imagens e sons. Portanto, 0 uso do corte na narrativa vat depender exclusivamente da concepgio e do olhar artistico do diretor a0 realizar a decupagem de seu roteiro. Depois de conhecer a potencialida- de do uso do corte, podemos refletir sobre os outros elementos de divisio do roteiro. Sequéncias Conjuntos de ages que acontecem uma apés a outra, em lugares dife- rentes, todas relacionadas com um mesmo tema ou situagdo. As sequéncias facilitam a divisio do roteiro em blocos que orientam tanto 0 aspecto da produgio quanto o da criagao visual, pois existe uma unidade de agdo com- pleta com comego, meio e fim. Um exemplo seria uma sequéncia de perse- guigdio em um parque. Um individuo rouba a bolsa de uma mulher e inicia a fuga. O marido dela vé 0 roubo e corre atras do ladrao. A agao de um per- seguir 0 outro comeca no portao principal, depois os homens seguem pelas alamedas intemnas do parque, por entre as 4rvores, passam por um lago cen tral e terminam num quiosque no outro lado do parque, 0 marido capturan- do o ladrao ¢ resgatando a bolsa da mulher. A unidade de agao é a mesma — a perseguigao —, mas os lugares mudam: poi io, ruas, entre as Arvores, lago € quiosque. Cenas Agdes que acontecem em um mesmo lugar. Gada cena também é for mada com estrutura de infcio, meio e fim e tem um mesmo tema, ou unidade de acdo. Por exemplo: na CENA do roubo da bolsa no portao principal do parque, o ladrao olha a mulher distrafda, verifiea que o cami- ho esté livre, se aproxima da mulher, pega a bolsa e corre. A unidade de acio € tinica — “o roubo da bolsa” —, assim como o local — “o portao prin- cipal”. Hé apenas pequenas agdes do personagem: olhar, se aproximar, roubar e corres, e todas elas mantém a unidade no mesmo espaco. +462 Griagao de curta-metragem em video digital Tomadas Sao as menores unidades de agdo de cada cena, gravadas sem corte. Se uma sequéneia é dividida em vs jas cenas, uma cena pode ser dividida em varias tomadas. Um exemplo seria se gravassemos somente o mo- mento em que o ladrio rouba a bolsa da mulher. A agao do roubo é a menor unidade de aco gravada da CENA do roubo, da SEQUENCIA da perseguigao. Agora que jé sabemos como dividir um roteiro para decupé-lo, precisa- mos conhecer os elementos de linguagem da diregao para escolher 0 tipo de Imagem que mostraré cada palavra, frase ou parégrafo do roteiro. Plano E aquilo que a camera vé. Um plano mostra a area em que a ago vai ccorter, Existem vérios tipos de plano que compsem a linguagem de dire- cao. E comum a confusao entre PLANO e TOMADA. Uma tomada, como vimos antes, é a divisdo de uma cena em partes, enquanto plano 6 aquilo que a camera “vé" naquela tomada. Se nossa tomada fosse uma janela aber- ta, o plano seria a paisagem que vemos através dela. Contraplano Como o nome ja indica, é a imagem oposta de um plano anterior. Por exemplo: no plano de uma rua, 0 contraplano seria o outro lado dessa rua. Esse recurso serve para inserir o espectador na cena ¢ apresentar os dois lados de determinada situacao. E um efeito visual interessante Por exem- plo: em uma cena em que dois personagens conversam ¢ a dindmica do corte é de plano e contraplano, mostrando ora um personagem, ora outro, 0 espectador passa a ser 0 terceiro integrante da cena. TIPOS DE PLANO E MOVIMENTOS DE CAMERA Plano geral (PG) A camera vé todo o ambiente onde esté 0 objeto da agao. Uma cidade, uma praia, uma montanha, um vilarejo ete. Apresenta ao espectador o uni- verso em que os personagens esto insertos. O personagem pode compor 9 plano geral ou nao; caso aparega, seré de forma quase imperceptivel, Sues Alex Moletta tomando-se um detalhe. © plano geral sugere solidao ¢ isolamento; tam- bém indica um desafio a ser vencido, Plano aberto (PA) O tema ou personagem ja ocupa uma parte maior da imagem, porém ainda se pereebe sua relagdo com 0 ambiente, Sabe-se quem (ou o que) é, mas sem detalhes ou sutilezas. Em nosso exemplo, sabemos que 4 mulher est num parque, mas nosso foco de interesse € s6 a mulher e suas agoes. plano aberto favorece a inter-relacdo entre os personagens ¢ permite ao publico visualizar claramente suas agdes e reagdes fisicas Plano americano (PAm) Os personagens sio visualizados até um pouco acima dos joelhos. Criado na década de 1940 para os bangue-bangues norte-americanos, permitia que o puiblico visse os mocinhos ¢ bandides sacar as armas em cenas de duelo. Facilita a movimentagao ¢ permite um melhor reconhe- cimento dos personagens. Plano conjunto (PC) {i formado pela combinago de um personage com um objeto, ou pela combinagéio de mais de um personagem em cena. Esse plano serve para compor mais de um elemento importante para a aco numa mesma ima- gem. Por exemplo: alguém que espera um telefonema importante. O plano conjunto pode compor a imagem do personagem sentado proximo ao apare- Iho de telefone, ou compor uma imagem de trés personagens aguardando 0 mesmo telefonema. Plano médio (PM) Apresenta 0 personagem até um pouco acima da cintura, permitindo que o espectador se aproxime mais dele, Notam-se somente os gestos lar- gos, e sente-se cumplicidade com o personagem ou rejeisio & dle. Plano fechado (PF) Também conhecido como primeiro plano (PP), mostra o personagem dos ombros até 0 alto da cabega, possibilitando ao espectador penetrar nas ee Criagdo de curta-metragem em video digital emogdes ¢ nos dramas internos dos personagens. Exibe sutilezas de expres so, como um leve sorriso ou um pequeno desvio de olhar. Close-up A cdmera mostra apenas 0 rosto de um personagem, expondo totalmen- te seus sentimentos. Notam-se rugas de preocupacao, lagrimas, hesitacao, raiva e medo. O close-up faz que o espectador entre na cabega e no coragiio do personagem e sinta 0 que ele estd sentindo. Plano detalhe (PD) ‘Também conhecido por primeirtssimo plano (PPP), é utilizado para mos- trar detalhes significativos de um personagem ou objeto. Exemplos: os olhos de um personagem, um relégio de pulso, uma mao na macaneta, uma cane- ta sobre a mesa, as teclas de um telefone etc. Esse plano é necessario numa arte em que o espectador precisa “ver” para sentir ou entender o que esté acontecendo na aco. Porém, assim como revela detalhes, também pode ser usado para ocultar o objeto/personagem por inteiro. Plano subjetivo Ou somente subjetiva, quando relacionado com a camera. Esta se torna os olhos do personagem, fazendo que 0 espectador veja o que ele vé e sinta o que ele sente. Por exemplo: o personagem entra numa casa abandonada, desaparecendo por um momento da imagem, e o espectador passa a “ver” no lugar dele. E um plano bastante emocional, podendo variar do prazer absoluto ao pavor do desconhecido. Primeiro e segundo plano Nomenclatura geralmente utilizada no caso de planos conjuntos. E a forma de priorizar o elemento que deve ser mostrado ao piiblico. Voltando a0 exemplo do personagem esperando uma ligacdo importante, podemos compor a imagem com 0 telefone estando em primeiro plano e 0 persona- gem olhando para ele em segundo plano, ow seja, atrés do aparelho, no fundo da cena. A nomenclatura de primeiro e segundo plano trabalha mui- to com a proporg4o e a dimensao dos objetos. ee Alex Moletta Plongé Termo que vem do francés plongée e significa mergulho. F, como s a camera fosse dar um mergulho de cima para baixo no objeto ou persona~ gem. Esse plano refere-se mais ao posicionamento da camera do que a0 plano em si. O plongé transmite ao espectador a sensago de opressio ¢ inferioridade do personagem; nesse posicionamento de camera os persona- gens parecem impotentes diante do universo. Contraplongé Posigao inversa ao do plongé. A camera é posicionada de baixo para cima e transmite ao espectador a sensacdo de poder e superioridade do objeto ou personagem em cena, O plongé e 0 contraplongé estabelecem um jogo de forgas inferioridade/ superioridade. Por exemplo: um empregado que vai Jevar bronca do chefe geralmente é filmado em plongé (de cima para baixo), para demonstrar fra- gilidade e obediéncia. Ja o chefe ¢ filmado em contraplongé (de baixo para cima), denotando poder e superioridade. Basicamente sao esses os principais tipos de plano utilizados na lingua- gem de directo. As vezes surge outra nomenelatura, mas a fungdo é sempre a mesma. Prosseguindo, a decupagem nao constitui apenas planos, hé tam- bém os movimentos de cAmera. Vamos aos principais. Panoramica (Pan) Vem do grego antigo pan, que significa total; e de drama, que quer dizer vista total ou ampla visdo de um local ou paisagem. A cAmera gira em seu pr6- prio eixo, paralelo ao plano que se esté gravando. A panoramica pode ser feita no sentido horizontal (pan horizontal), de um lado a outro, ou no sentido vertical (pan vertical, também conhecido como tilt), de cima abaixo (ou vice-versa). HA também o movimento de pan invertida, tanto na horizontal como na vertical: quem se desloca é a camera, mantendo seu eixo fixo no objeto ou personagem. A camera gira em torno do objeto ou personagem. Travelling Termo inglés que significa viagem, caminho. Nesse movimento, a camera de seu lugar fixo e percorre um caminho, acompanhando a agdo ou um Criagdo de curta-metragem em video digital personagem, Geralmente a camera é fixa num catrinho ¢ ste, num trilho. Quando os personagens se movem de um local para outro, a cAmera no carr ho os acompanha. Ela se mantém fixa, quem se move é a base de seu eixo (tripé ou carrinho). Esse movimento comporta travelling horizontal e 0 tra- yelling vertical (grua, uma espécie de gangorra em contrapeso que eleva a ca- mera verticalmente), acompanhando a acao de baixo para cima ou vice-versa, O movimento de aproximacao e afastamento do objeto ou personagem é chamado de travelling-in/out (entrada e saida), também conhecido como chi- cote. No caso do travelling-in, a camera caminha em diregao ao objeto da cena, como se fosse entrar nele. Jé no travelling-out a camera se afasta do objeto em sentido contrario, como se estivesse saindo dele. Ambos os movimentos sao feitos pela base que sustenta a camera — seja um tripé, um carrinho ou o pré- p q pt Pp! prio operador. Esse efeito causa uma sensacdo de tensdo e suspense que refor ¢2 a identificagao do espectador com o personagem em cena. Plano-sequéncia A camera acompanha a aco do personagem durante uma cena ininter- tuptamente, ou seja, sem corte. Esse plano segue uma sequéncia de agoes do personagem sem perder 0 foco. Por exemplo: a camera acompanha, sem cortar a tomada, 0 personagem descendo de um dnibus, 0 trajeto dele pela calgada ¢ 0 momento em que ele cai desmaiado. O plano-sequéneia pode ser de frente, de costas ou lateral. Zoom Em inglés significa subida répida e repentina. A camera foca, de forma répida e repentina, 0 objeto da imagem. Nao se trata exatamente de um movimento de camera, pois a tinica coisa que se move é a lente. O efeito de zoom serve para chamar a atenciio para um objeto na paisagem, ou para um detalhe numa imagem mais aberta. O zoom comporta dois movimentos: 0 Zoont-in, que aproxima 0 objeto da imagem; e o zoom-out, que distancia 0 objeto da imagem de forma répida ou lenta. Angulo de camera, dimensao e proporcao Embora esses elementos estejam mais ligados a questoes de fotografia, 0 diretor precisa conhecé-los para realizar ¢ a decupagem. Dependendo Alex Moletta do Angulo de camera, as proporcdes ¢ dimensdes de um objeto ou persona- gem mudam totalmente. A cémera pode explorar justamente a falta de di- mensao e proporcao, deformando a realidade e imprimindo as imagens um_ ambiente subjetivo, aleg6rico ou surreal. Tudo depende de onde a camera € posicionada. Uma pessoa pode se tornar maior do que realmente €, ou 0 inverso. Um corredor pode ficar muito mais longo, uma janela, muito mais alta. O Angulo de camera tem o poder de transformar uma realidade intei- ra.e quebrar as referéncias que temos das coisas. Um bom bate-papo com seu diretor de fotografia pode transformar a concepgao de diregiio de um projeto de video. Por isso, depois de conversar com seu roteirista, converse com seu fotégrafo. Com esses conceitos principais de linguagem visual, o diretor tem con- dicdo de iniciar a decupagem técnica do roteito. Nesse momento ele esco- Ihe os planos mais adequados para cada tomada. Exemplo de decupagem Em virtude de sua duracao, o curta-metragem pode, muitas vezes, ser escrito apenas com uma tinica sequéncia, como no caso do nosso exemplo de roteiro em que a mulher morre na calgada enquanto dois homens brigam na rua. Sao algumas cen: em locais diferentes (rua, carro, calgada...), mas todas ligadas a um s6 tema: a morte da mulher por falta de socorro, Portan- to, nosso exemplo de decupagem nao vai abordar a divisao em sequéncias, apenas cenas ¢ tomadas. ‘Tomemos o roteiro anterior: 1. EXT. CALGADAO — CENTRO DA CIDADE - DIA Manha de calor intenso. Surge, invadindo a tela, o rosto de uma MULHER, 40 anos, olhos arregaladas. A mulher esta morta, Varios calcanhares de pessoas a0 lado do corpo indicam que esto indiferentes a ela 2. EXT. RUA - CENTRO DA CIDADE - DIA Som de buzinas e gritos. DOIS HOMENS, um de paleté e 0 outro de camisa e gravata, na faixa de 30 anos. Os dois brigam a socos e pontapés. HOMEM DE PALETO (desatiando) Quer apanhar, vagabundo? Quer? (soca-o violentamente) Folgado!! Criacao de curte-metragem em video digital Homem de camisa levanta-se furioso em direcéo ao homem de palet6, As pessoas gritam, torcem e vaiam, como numa rinha de cées. Para facilitar 0 entendimento em tomo da decupagem, é aconselhével dividir 0 roteiro em cenas e tomadas, desmembrando-o didaticamente. A seguir, alguns planos e divisées de tomadas que, embora nao sejam muito criativos, ilustram bem esse processo CENA 1 - EXT. CALCADAO - CENTRO DA CIDADE - DIA TOM 1— PLANO GERAL (PG) PAN Vertical. A CAMERA DESCE do sol ardente até apa- Fecer todo 0 centro da cidade. Manha de calor intenso. TOM 2 - PLANO FECHADO (PF) no rosto da mulher. Surge, invadindo a tela, o ros- to de uma MULHER, 40 anos, olhos arregalados. A mulher esté morta. TOM 3 ~ PLONGE mostra o corpo inerte no chao. O plano mostra também varios calcanhares dle pessoas ao lado do corpo, o que indica que esto indiferentes aela, CENA 2 - EXT. RUA - CENTRO DA CIDADE - DIA TOM 1— PLANO MEDIO (PM) nos dois homens se socando, um de paleté, o outro de camisa e gravata, ambos na faixa de 30 anos. Som de buzinas e gritos. CA- MERA NA MAO tenta acompanhar os movimentos dos dois de forma frenética em ‘toda a cena. TOM 2 PLANO CONJUNTO (PC) nas pessoas da calcada gritando em segundo plano & tomando parte da tela. Os dois brigam a socos e pontapés, TOM 3 — CLOSE em PLANO MEDIO do homem de palet6 agitado. HOMEM DE PALETO (desafiando) Quer apanhar, vagabundo? Quer? (soca-o violentamente) Folgado!!! pisae Alex Moterta TOM 4 - CONTRAPLANO MEDIO no homem de camisa, que se levanta furioso em direcdo ao homem de paleté. TOM 5 — PLANO MEDIO das pessoas que gritam, torcem e vaiam, como numa rinha de ces. A princfpio um roteiro decupado tecnicamente pode parecer confuso, mas a decupagem é uma importante referéncia para quem esta dirigindo ou criando a fotografia do video. E com base nela que sera criado o storyboard, do qual falaremos mais adiante. Conhecer as locagdes previamente poupa muito tempo e trabalho. Nas grandes produgdes — ou nas que dispdem de verbas —, 0 roteiro € es- crito, decupado, e s6 ent&o a produgao providencia as locagées adequa- das. Como nfo é 0 nosso caso, é necessario conhecer as locagées onde serio gravadas as cenas pata depois realizar a decupagem. Vamos a um exemplo. O diretor pensa, em sua decupagem, em varios movimentos de camera ou em tomadas bem abertas. Porém, a locagao dispontvel ou mais adequada (em virtude de autorizagdes de uso, condigées técnicas ou tem- po disponivel para gravar) nao possibilita a concretizacaio dessas opgées. Para nao perder tempo nem trabalho, o diretor precisa decidir se muda a decupagem em favor da locagao ou se procura uma nova locagao, atrasan- do os trabalhos. f tudo uma questo de escolha. Entao, se o diretor nao pretende mudar a decupagem no meio do caminho, é preciso que ele co- nhega a locacao antes. Tera locagdo mais adequada permite ao diretor conhecer as condigdes técnicas, o espaco fisico ¢ as possibilidades de criagio visual com a camera antes de realizar a decupagem do roteiro. Fotografar as locagGes para reali- zat a decupagem € de extrema importancia: ao mesmo tempo que permite ao diretor decidir que planos utilizard em cada tomada, mostra se isso vai ser possfvel ou nao. Ter em méos a metragem dos espacos (altura, largura e profundidade) ajuda a prever problemas de movimentagao de equipamento e pessoas durante as cenas. Um diretor cuidadoso e dedicado faz uma ma- quete em escala do espago fisico da locagao, a fim de visualizar as movi- mentag6es de todos no set. s54e Criagao de curta-metragem em video digital Voltando ao nosso exemplo, a decupagem é apenas uma referéncia do que 0 diretor pretende narrar com a cémera. © roteiro é absorvido e frag- mentado pela decupagem. Ao dividir as tomadas, 6 necessério numeré-las dentro de cada cena, apresentar o tipo de plano escolhido para aquela ima- gem ou acio e deserever qualquer tipo de informaciio extra, como movi- mento ou posicionamento especifico. A decupagem vai ser a referéncia para a criacdo do storyboard, portanto precisa ser clara e especifica. Em resumo, a decupagem deve apresentar, de maneira eficiente, 0 que o diretor pretende ‘mostrar com a camera. CRIACAO DE STORYBOARD Muitos alunos que tivemos e varios diretores que conhego costuamam menosprezar o storyboard. Acham que néo precisam perder tempo dese- nhando as tomadas mais importantes quadro a quadro. A explicagaio para esse desprezo é que o diretor conhece perfeitamente todos os planos. Oti- mo. Um diretor competente deve conhecer todos os planos que escolheu para fazer um curta da primeira 4 tiltima tomada. Mas e quanto 4 equipe? Ela também conhece todos os planos? O storyboard € basicamente uma histéria em quadrinhos. A meu ver, é extremamente importante para a compreensao e a realizado da obra audio- visual, pois democratiza a concepgao de diregao e fotografia para toda a equipe de criagdo e serve de referéncia para a produgao. Diretores iniciantes nao devem abrir mao do storyboard, pois sem ele as chances de se perder nos planos, errar enquadramentos ¢ esquecer 0 que pretendia fazer com a camera em determinada tomada so grandes. Lembre- -se de que anotagGes podem ter varias interpretagdes, principalmente quando ha dezenas ou centenas de tomadas para ser gravadas em poucos dias, mas um desenho do plano no deixa dtividas do que foi planejado anteriormente. Outro equivoco que a maioria dos iniciantes comete é pensar que 0 desenho do storyboard precisa ser uma obra de arte, feito por um desenhis- ta profissional da DC Comics ou dos mangas. Nada disso. O storyboard é apenas uma referéncia visual no que se refere a planos, angulos de camera, dimensées e proporgées do objeto da imagem. E um rascunho da cena, podendo trazer apenas os contornos de pessoas e objetos. Vejamos um exemplo de storyboard: Alex Moletta STORYBOARD Cena Tomada: Locaco: Locacao: Criagde de curta-metragem em video digital A esquerda, ficam quadros em branco para que os planos de cada toma- da sejam rascunhados. A direita, fica o espaco para os devidos comentérios sobre cada plano, observagées de movimento de camera etc. No cabecalho de cada tomada ha um lugar especifico para anotar a cena, a tomada e a locagao a qual o desenho corresponde. Nao € necessério desenhar todas as tomadas do roteiro, apenas as princi- Pais de cada cena —as que tenham as mudangas mais significativas no que se refere aos planos. Como referéncia, 0 storyboard permite alteragdes de ultima hora na locacao, um angulo diferente, uma tomada mais longa ou mesmo a Jingo de duas tomadas numa s6, formando um plano-sequéncia, Na elaborago do storyboard, o diretor eo fot6grafo sentam-se juntos para discutir como seré executado cada plano descrito na decupagem e ra- pidamente vao criando os rascunhos dos desenhos referentes a cada plano. ‘Também é impreseindivel ter as fotos das locagées, para que o plano dese- nhado seja o mais préximo posstvel do que sera captado na propria locagao. Nesse momento o diretor conhecera a estética visual sugerida pelo fotégra- fo — que, evidentemente, ja leu o roteiro ¢ fez suas pesquisas tendo como referéncia a concepgao de direcao. Isso nao quer dizer que o fotégrafo v mplesmente executar os planos de ditecao. Ao contrério, ele vai eriar com base neles. O diretor precisa compreender isso e deixar 0 fot6grafo livre para criar — seja no aspecto da luz, das cores ou de outras referéncias visuais, como fotos, pinturas ou artes graficas. O mesmo processo de troca entre roteirista e diretor acontece ago- ra entre diretor e fotégrafo. ESCOLHA E PREPARAGAO DE ELENCO Aescolha do elenco define a estética ¢ a capacidade de comunicagtio de um video, principalmente de curta-metragem, pois ha pouco tempo para convencer 0 ptiblico de que estamos contando uma boa hist6ria, Nao ha como negar que nossa realidade é bem diferente da do cinema industrial das grandes produtoras. Estamos produzindo um curta-metragem em video de baixo custo, portanto nao teremos dinheiro para contratar ato- res renomados para nosso projeto. A opcao é procurar os atores, convencé- -los de que o projeto é bom e convidé-los a participar do elenco. Existem dezenas de excelentes atores que gostariam de participar de uma obra Alex Moletta audiovisual, muitos deles sem pensar no caché, apenas pela experiéncia de atuar para a camera. © teatro oferece intimeras opgies e revela grandes talentos para a for- magio de elenco. © diretor precisa conhecer esses atores, assistir a pet de teatro, entrar em contato com grupos teatrais, formar um elenco de pes- soas que poderiam trabalhar com ele. Ha também a possibilidade de traba- Thar com pessoas que néo sao atores profissionais, ou com aqueles que nunca atuaram num palco ou em frente a uma camera de video. Muitos “nao atores” acabam revelando uma naturalidade maior na tela, pois atores de teatro tendem a teatralizar a interpretacao, ou seja, acabam levando para 0 video os gestos ¢ falas exagerados prdprios da linguagem. No video a in- terpretagio muda, os gestos e falas sao muito mais naturais; 0 que confere poténcia a fala ou ao gesto no € 0 ator, ¢ sim a camera Caso opte por tra- balhar com nao atores, sera necessério fazer uma preparagdo especfica com nocdes basicas de interpretagao, de preferéncia orientado por alguém que tenha experiéncia em atuagao ou prepare atores. Escolha 0 elenco sempre com base nos personagens de seu roteiro. Néo caia na tenta 10 de chamar seu melhor amigo s6 porque é seu melhor ami- go! O elenco é uma peca-chave na realizagao de um curta-metragem e nao pode ser negligenciado. Antes de definir quem vai interpretar qual persona- gem, o diretor precisa conhecer: o perfil dos personagens; a idade e 0 tipo fisico de cada um; sua importancia na trama; se se trata de personagem principal, secundério ou figurante; se 0 ator tera disponibilidade para traba- Thar no video. O elenco deve ser selecionado, ou convidado, seguindo esses requisitos bas icos. Para definir o elenco é preciso antecipacao e organizagao Geralmente, os diretores consagrados convidam os atores que formardo seu elenco prin- cipal e promovem testes para selecionar 0 elenco restante. Nao tenho nada contra os testes, mas numa produgiio independente, inclusive de baixo cus- to, 6 mais adequado garimpar o elenco e conquisté-lo pelo projeto, princi- palmente quando nao se tem um contrato a oferecer ao ator. Assim, torna-se tuma relagao pessoal de trabalho, nao uma relagao comercial. Portanto, nao espere a locago estar pronta para ir atrds do elenco. Escale-o assim que 0 roteiro estiver definido. Os atores precisam ler o roteiro e se preparar para interpreté-lo paralelamente a pré-produgao e a produgao do video. ser Criaedo de curte-metragem om video digital Idade e tipo fisico adequados Os atores precisam se enquadrar nessas caracteristicas para desempe- nhar bem cada personagem, mas a obra de ficgao é um tanto flexivel em relacao a isso. Um ator com um pouco mais ou um pouco menos de idade pode facilmente transmitir a imagem de alguém de 30 anos. Basta que o diretor tenha bom senso. O tipo fisico também influencia muito o personagem. Um personagem desnutrido e sofrendo de inanigtio ndo pode ser interpretado por um ator que esteja acima do pes Disponibilidade de hordrio Um ator escolhido para formar o elenco, seja principal ou nao, deve ter disponibilidade de trabalhar no projeto. Nao adianta convidar um ator per- feito para o papel se ele n&o tem horirio na agenda. Sabemos que o artista que vive da sua arte precisa fazer mil coisas ao mesmo tempo. Para pagar as contas, muitos atores fazem espetaculos adultos, infantis, dao aulas em oficinas, participam de eventos ‘Tempo para eles & dinheiro, e se vocé nao vai pagar um bom caché, ou talvez nenhum, nao pode exigir que eles dei- xem de ganhar dinheiro para trabalhar em seu curta. Lembre-se de que os atores vao precisar de uma preparagdo para desempenhar os personagens; Portanto, nao podem estar dispontveis somente nos dias de gravacao. Preparador de elenco Um diretor nao precisa, necessariamente, ser um profundo conhecedor da arte da interpretacdo, mas deve saber o que deseja que os atores facam em cena. A preparacao do elenco para o video pode ser feita por alguém que conhega mais sobre interpretagao. Atualmente, 0 cinema brasileiro utiliza muito o preparador de elenco. Enquanto 0 diretor se dedica as imagens, 0 preparador de elenco se Preocupa, por meio de ensaios e laboratérios, com o trabalho do ator — nao com 0 ato de decorar textos, e sim com as agoes internas do personagem, suas motivagées e nuangas O diretor Ie 0 roteiro com o elenco e apresenta suas ideias em relacdo 40s personagens € ao curta. Em seguida, os atores dao sua visao do que vio. interpretar. Chamamos esse processo de leituras e andlise de “mesa”. Di _— +598 Alex Moletta pois disso, o preparador, que participa ativamente, pode explorar outras si- tuacdes e aspectos que talvez nem entrem em cena, mas explicitarao os sentimentos dos personagens. O trabalho racional fica por conta das ima- gens e da montagem, mas o trabalho emocional, pelo menos a maior parte dele, é responsabilidade dos atores. Nao podemos nos esquecer de que a obra audiovisual transmite uma experiéncia humana, Sabemos também como a sociedade contemporanea cultua a beleza fi- sica, sendo 0 elenco quas e sempre formado por atores que correspondam a esses padres. Beleza fisica vende, principalmente se vier acompanhada de talento. Embora o video de curta-metragem seja uma producao indepen- dente, precisamos conhecer a diferenga entre beleza fisica e estética. Se 0 personagem precisa ser bonito fisicamente para atender a0 publico, 0 ator ou a atriz escolhidos devem corresponder a essa expectativa. Porém, se um personagem ¢ bonito aos olhos de outro personagem, sua beleza fisi- ca torna-s subjetiva. E, se isso for bem trabalhado na relagao dos dois atores no video, o belo para o personagem passa a ser o belo também para 0 pablico. Um ator ou uma atriz, sem beleza fisica podem se tornar extrema- mente belos no video: tudo depende de como isso vai ser trabalhado pelo ator e pela criagao visual da obra © trabalho de interpretacao também deve ser homogéneo, nao podendo haver discrepancias na vis geral do elenco. Todos precisam estar igual- mente preparados para desempenhar cada papel — do personagem principal ao figurante. Uma atuagaio descuidada ou mediocre pode danificar 0 bom andamento do video e expor o ator de forma constrangedora O diretor de cinema Carlos Gerbase (2003, p. 29) diz. que “todo diretor deve ser capaz, de levar todos os seus atores e atrizes ao limite de seus res- pectivos talentos. A atuagiio ser a combinagao dos talentos de quem dirige e de quem atua. Méritos e deméritos stio sempre coletivos”. Desse modo, a responsabilidade por uma boa atuagao depende necessariamente de uma boa diregao € prepara’ ao. Nao adianta o diretor dizer que 0 video nao ficou bom por causa da mé interpretacéio de um ou outro ator, a responsabilidade é dele por nao ter dado a devida atengo a eventuais falhas. Em relacio ao trabalho com o elenco durante as gravagoes, partimos do principio de que houve uma preparagéio adequada, com laboratérios ¢ en- saios. Portanto, todos precisam ir para a locacdo sabendo 0 que seus perso- 60° Criagdo de custe-metragem em video digital nagens vao fazer em cena. Os atores devem se preocupar somente com a interpretacao, nunca com questées téenicas e de produgio. Por experiéncia prépria, sugiro que o diretor ni assista e discuta as cenas que acabaram de ser gravadas com 08 atores. Todos tendem a nao gostar da Prépria imagem gravada; mostrar essas imagens aos atores vai despertar seu senso critico e, provavelmente, eles pedirao para regravar a cena — e nunca estario satisfeitos. Havendo necessidade, apenas discuta com eles o que pre- cisa ser feito ¢ refaga a tomada, Discussdes filoséficas sobre interpretagiio tendem a atrasar o cronograma de gravacao, prejudicando 0 cronograma ge- ral. Ao orientar atores em relacdo a uma cena, seja pratico ¢ objetivo. f bom para o diretor, para o elenco e para o projeto em si. PLANILHA DE GRAVACAO. Assim que terminam a eriagdo, a diregao ea decupagem; depois que 0 storyboard esta pronto, com 0 elenco se preparando e a producao em anda- mento, o diretor monta a planilha de gravacao. Nao se trata de uma planilha de produgao, mas sim de orientacdes do diretor para determinar o que pre- cisa ser gravado primeiro, de acordo com 0 cronograma estabelecido pela producao para uso das locacées. Essa planilha é montada com base nas datas e nos horarios de uso das locagdes. Locagado Espaco fisico onde serdo gravadas as cenas, como uma casa, uma rua, um edificio, uma loja, uma praia etc. Serve tanto para designar um local extermo como interno (quarto, sala, banheiro...). As locagées exereem grande influén- cia ~ fisica, estética e técnica — no processo de criago de uma obra audiovi- sual, podendo alterar toda a concepcao de criacio de um curta-metragem. Justamente porque o formato do curta sugere um momento intenso dentro de uma historia ou na vida de um personagem, muitos sao os projetos realizados em uma tinica locagao; assim, as vezes, ela acaba ditando seu conceito visual. Um video de fic sobre uma heranga numa sala ampla, moderna e aconchegante transmite 0 com dois personagens discutindo veementemente certa mensagem para o publico. Porém, se os dois estiverem trancados em uma cela imunda, as agées e os diglogos mudam radicalmente. Se na sala ampla, moderna e aconchegante imaginamos um contexto social que envol- ee Alex Moletta ve status € poder, a cela suja nos sugere um contexto social de pura degra- dacao do ser humano. Em produgdes de baixo orgamento as vezes somos obrigados a redefinir locagées em virtude da dificuldade de consegui-las. ndo definidas as locagdes, os dias ¢ os hordrios de gravagao, 0 dire~ tor vai montar uma planilha identificando todas as cenas € tomadas que sero gravadas na ordem do cronograma estabelecido pela produgdo. Nesse caso, a sequéncia de gravagao das cenas nao i seguir a sequéncia linear do roteiro. Alids, gravar as cenas nessa sequéncia 86 € possivel quando ha ape- nas uma lo tempo ¢ elenco disponiveis. Vejamos 0 exemplo abaixo: PLANILHA DE GRAVACAO DATA: 00/00 LOCACAO: Rua INTEXT: Externa CENA 1 DESCRICAO_ Repetiu ‘Valeu a tomada ToM.1 PAN — Do sol dasce até mostrar centro | 5 4 TOM.2 PF — Rosto da mulher 6 6 TOM. 3 PLONGE — Corpo da mulher no chéo 5 4 TOM. 4 TOM. 5 TOM.6 CENA2 _ | DESCRICAO Repetiu, Valeu a tomada TOM.1 PM — Dois homens se socando 5 3 TOM. 2 PC —Multidéo gritando e dois brigando | 3 3 TOM.3 CLOSE — Homem de paleté ~ dialogo 3 2 TOM.4 CP-MEDIO - Homem de camisa levanta 3 3 TOM.5 PM — Pessoas gritando 4 4 TOM. 6 CENA3 | DESCRIGAO Repetiu ‘YValeu a tomada TOM. 1 TOM.2 TOM. 3 TOM. 4 TOM. 5 Seguindo dessa forma em todo o roteiro decupado. Criagdo de curta-metragem em video digital A planilha serve de referéncia para 0 cronograma de trabalho do diretor no dia da gravacao. Ela traz data, locagao, cenas e tomadas devidamente numeradas e na sequéncia em que sero gravadas. Ha também, ao lado de cada tomada, uma curta descrigao da acdo. No canto esquerdo consta que a tomada jé foi gravada, quantas vezes foi repetida e qual tomada valeu. Essa planilha, aliada ao storyboard, evita que se esquega de filmar alguma cena. No calor do set de grav 0 isso é comum; porém, a equipe s6 perce- be o problema na ilha de edi¢éo, quando niio hé mais nada a fazer A planilha de gravacio do diretor serve de guia para a minutagem, ou escolha das cenas que serao editadas posteriormente. Essa planilha pode ser acompanhada por um assistente da diregao, um continuista ou 0 proprio diretor; porém, é mais seguro deixar essa tarefa a cargo de um assistente, pois o diretor tem muitas outras coisas com que se preocupar durante as gravagdes. Apesar de burocrética, a planilha ¢ titil para manter controle to- tal sobre a etapa que vem a seguir: a captagaio das imagens. CAPTANDO AS IMAGENS Vimos que todas as etapas de produgao sao importantes para a obra audio- visual. Mas nenhuma é tao delicada e depende tanto de organizagao quanto a fase de captagao das imagens. Nesse momento o diretor saberd se vai ter ou nao um bom curta-metragem. Os dias ¢ as horas que antecedem o inicio das gravacées so os mais dificeis para quem esté na fungao de diretor. O melhor a fazer nos momentos que antecedem as gravagdes € se orga- nizar e manter a calma, verificar com os outros integrantes da equipe se esta tudo certo e relaxar. A dica é procurar manter sempre o bom humor no set durante as gravagées. Nao adianta gritar, dar ordens, fazer cara de poucos amigos. Muita gente escolhe o momento de gravar para resolver conflitos pessoais ¢ criativos que vinham sendo alimentados desde 0 inicio. f° preciso saber acalmar os nimos caso isso aconteca. Porém, o clima no set nao pode descambar para a descontrago total, é preciso manter a organizacao ¢ a seriedade do trabalho. No primeiro dia de gravagdo, 0 diretor e a equipe precisam chegar bem antes a locag4o para preparar o set e verificar equipamentos e condigdes técnicas. E necessério ter 0 storyboard & mio, comecar a planejar as cenas e fazer os devidos testes de camera. O diretor precisa levar um monitor, ou +63 a Rest eels eo eens nal nn od Alex Moletta aparelho de TV portétil, para acompanhar as cenas, pois a camera provavel- mente serd operada pelo fotégrafo — ou, na melhor das hipéteses, por um cinegrafista —, e o diretor deve assistir a todas as tomadas para saber se aten- dem As suas expectativas. Caso haja um cinegrafista, 0 fotdgrafo precisa acompanhar o diretor no monitor, fazendo a mesma anilise em relagio aos planos, & luz, ao enquadramento, as cores etc. O uso do monitor O visor digital ou ético de qualquer camera tem iluminacao prépria. Portanto, a luminosidade da tela de LCD (display de cristal Ifquido) ou do visor 6tico (lente view finer) torna a imagem mais bem iluminada e mais nitida, Porém, quando vocé assiste a essa mesma imagem num monitor de TV, ela se torna mais escura e menos definida. A correcao de luz, nesse caso, deve ser feita com a imagem do monitor e nao do LCD ou visor dtico da propria camera. ‘Além disso, 0 monitor permite que o diretor perceba certos detalhes que nao so visualizados no LCD ou no visor da camera: um cabo elétrico aparecendo no fundo da cena, uma pagina de roteiro ou fita crepe no meio do cenério, a sombra ou o reflexo do cinegrafista em vidros ou espelhos. Esse problema é muito comum, e perceber esses detalhes evita dores de cabeca no processo de edi 40. Quando isso acontece, hé duas solugdes: tentar manipular a imagem com programas especificos ou escolher outra tomada que nao esteja tao boa. O uso da claquete Jé imaginou gravar dezenas de tomadas, na ordem cronolégica totalmen- te alterada, sem saber qual se refere a que cena do roteiro? Ter varias fitas, com horas de gravacéio, sem saber o contetido de cada uma delas? Para organizar tudo existe a claquete. termo vem do francés claque e significa palmada, estampido. Esse acess6rio surgiu para organizar as imagens e sincronizé-las com 0 éudio, que nas produgées maiores é captado com equipamento separado, e tam- bém para facilitar a montagem posterior de todas as cenas filmadas com os dudios captados. Ela traz as seguintes informacées: nome do filme e do diretor, mimero da cena e tomada que seré gravada. E pela claquete que gave Criagdo de curta-metragem em video digital se organi m as imagens nas fitas e na planilha de gravagao para mont: gem posterior. Enquanto se prepara a proxima tomada a ser gravada, 0 responsével pela claquete anota nela — geralmente com giz ou caneta piloto — 0 ntimero da cena e o ntimero da tomada correspondente. Assim que estiver tudo pronto, 0 diretor dé 0 “ok” & camera. O responsavel pela claquete coloca-a em fren. te 4 camera (jé gravando) e canta (fala) 0 ntimero da cena ¢ o da tomada correspondente para que todos ougam. Quando ele “bate” a haste mével da claquete, significa que a tomada estd valendo; no momento de editar, a to- mada correta serd localizada na imagem pelo ntimero correspondente da claquete, e 0 som seré sincroniz do pela batida da haste mével da claquete. No caso de uma producao em video, em que a imagem ¢ gravada juntamen. te com 0 dudio na mesma fita digital, nao hé necessidade de uma claquete com haste mével: bastam um quadro negro com as informagdes de niimero da fita, ntimero da cena ¢ ntimero da tomada, Mas ouvir a batidinha da claquete também € muito bom. Ensaio de marcagao Estando tudo no lugar, os equipamentos afinados e 0 elenco pronto, 0 diretor parte para um ensaio de marcagao, realizado pelo elenco. Duas ou trés passadas da cena antes ajudam a “esquentar” os atores ¢ a equipe para as gravagdes definitivas. Uma sugestao: passe a cena com a camera ligada e gravando, mesmo que nao esteja valendo, pois isso mantém todos no clima de “vamos fazer tudo certo”. Se houver equipamentos de iluminagao, estes devem estar acesos no ensaio, para que o fotégrafo possa verificar a luz da cena e fazer posstveis correcées antes de gravar para valer. Tempo para o corte O diretor deve tomar alguns cuidados no momento de gravar as cenas. ‘Todas as tomadas precisam ser gravadas inteiras, com tempo de sobra antes e depois, para que a edigao corte onde for necessdrio. Para isso, o diretor deve orientar a equipe ¢ 0 elenco para gravar todas as tomadas com alguns segun- dos antes da acdo dos atores ¢ alguns segundos depois de ela ter terminado. A dinamica é a seguinte: quando estiver tudo pronto para que a tomada seja gravada, o ditetor pede ao camera que inicie a gravacao; a claquete é mess ee Alex Moletta cantada e o diretor diz o famoso “Gravando!”; os atores iniciam a agdo no seu tempo; depois de terminada a cena, o elenco mantém a agao interna do personagem por alguns segundos até que o diretor diga “Corta!” A pravaciio de imagens anteriores e posteriores & cena dé flexibilidade ao filme. Sem esse procedimento, a camera pode ser ligada muito em cima da hora ou ser cortada antes que os atores terminem totalmente a ago, limi- tando a ediciio na hora da montagem. Isso no pode acontecer, principal- mente porque quem sabe se esta preparado para a aco sdo os atores e no a camera. Agindo assim, o diretor permite que os atores sigam seu fluxo de interpretacao e construgao dramitica da cena. O elenco precisa desse tem- po, ¢ cada tomada também. Gravacao em acao continua Sabemos que a cena foi dividida em tomadas pela decupagem do dire- tor. Isso mantém a dramaticidade da cena pelo uso das imagens em planos previamente determinados. Porém, gravar uma cena dramética em que os personagens se relacionam por agdes ou diélogos ndo teria sentido se 0 elenco interrompesse a agdo cada vez, que mudasse um plano exigido pela decupagem. Como seria manter a agao interna do personagem em um did- logo se a cada frase o ator tivesse de parar a cena para a mudanca do plano? Parece algo tdo primario que os livros sobre directo falam pouquissimo desse assunto. Como estamos tratando de produgdes de baixo orgamento, supomos que o diretor v4 trabalhar com apenas uma camera. Numa cena de didlogo em que a decupagem determinou que vio acontecer cortes de campo € contracampo nos dois personagens, compondo uma espécie de pingue-pon- gue da imagem, nao é necessério cortar a tomada toda vez que um persona- gem terminar de falar, Digamos que seja uma cena de didlogo entre dois personagens com trés tipos de plano diferentes ¢ alternados Plano médio em personagem “A” ¢ “B” e um plano aberto nos dois. Primeiro, grava-se a cena toda com plano médio no personagem “A”; em seguida, grava-se nova- mente todo 0 didlogo com o plano médio no personagem “B”; depois, filma- -se a cena toda mais uma vez, com o plano aberto nos personagens “A” e “B”. ‘A claquete mantém 0 mimero da cena e das tomadas, acrescentando a in- formacao “corte na ilha” (edig%io). Pronto! Obedecemos a decupagem e ao ea Griacao de curta-metragem em video digital storyboard do roteiro e os atores nao perderam as acdes internas dos perso- nagens, fazendo a cena com mais vigor e naturalidade. No momento da edic&o essa cena tera muito mais possibilidades de coztes ¢ combinagdes de planos, pois temos as tomadas gravadas em agées continuas. E preciso to- mar cuidado para que os atores nao alterem de maneira significativa as marcagdes das cenas, pois isso causaria uma falta de continuidade nas agdes no momento de edité-las. Geralmente os planos detalhes sao capta- dos depois das tomadas principais: repete-se a cena filmando, dessa vez, somente og detalhes necessirios. Um bom diretor precisa saber 0 que quer das imagens e 0 que vai fazer com elas, transmitindo & equipe suas expectativas. Saber tomar dec isdes € fazer escolhas certas requer muito trabalho € uma dose de talento. AO ASPIRANTE A DIRETOR Entenda que nao se aprende diregao apenas fazendo um curso, lendo alguns livros ou assistindo a alguns filmes. Ditigir um primeiro curta tam- bem nio faz de ninguém um diretor. Conheco pessoas formadas em cine. ma, em linguagem de direeao, que nao sio diretores. Também conhego Pessoas que nunca estudaram formalmente (ou tém outra formagio acadé- mica) ¢ se tornaram diretores brilhantes. A posigdo de diretor se constréi ao longo da carreira. Vontade, persisténcia e trabalho duro — aliados ao conhe- cimento constantemente atualizado por novos olhares, novos conceitos e trocas de experiéncias com outros Profissionais — formam bons diretores. Se vocé pretende se tomar um diretor de curtas-metragens ou diretor de longas, deve comegar a partir de agora. Comece pelo bésico, leia bastante sobre técnicas cinematograficas, Procure conhecer mais a fundo o trabalho dos diretores de que vocé mais gosta. Leia varios roteiros de filmes ¢ assista a muito mais filmes do que assiste agora. Veja principalmente os extras dos DVDs (muitos filmes vém com os bastidores das filmagens). Conhega o cinema clissico, 0 modemo e o contemporaneo. Gomece a assistir a curtas-metragens e a frequentar mostras e festivais de cinema. Consulte alguns dos livros citados aqui sobre direcao, leia artigos e entre- vistas de diretores brasileiros, acesse sites sobre criagao cinematogréfica nao perca a oportunidade de fazer cursos, oficinas workshops de direcdo. Se pretende seguir carreira, produza, mas também procure um curso de Alex Moletta graduago em cinema. Interesse-se mais pelo ser humano e pela arte! Aprenda a apreciar histérias em quadrinhos, pintura, teatro, misica ¢ lite- ratura, A sensibilidade de um ditetor esta em sua capacidade de compreen- der melhor o ser humano. Procure também participar de produgoes de video independentes. Retina alguns amigos, desenvolva um projeto € come: ce a dirigir! Crie sua maneira de trabalhar e desenvolva seu olhar artistico. Estude, o maximo que puder, 0 seu trabalho e o dos outros. O olhar de di- reco ndo € algo que se pode ensinar, mas € algo que se pode aprender. agai

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