Você está na página 1de 19
AUMONT, faaqus A Cihea, Ho Fle, $5 Rule Papuan Bctitwia , 2605 2 AMONTAGEM © principiode montagem Come indicamos anteriormente a respeito da representagio Ima, um dos tracos especificos mais evidentes do cinema ¢ ser Juma aste de combinagio e da organizacio (um Hlme sempre mobili Zauma cela quantidade de imagens, de sons ede inscrigaes graicas femorganizagses e proporcoes variiveis). A nogie de montagem inclu essa caractristieae, portanto, & possvel notar de imediata que se tuata de una nogio totalmente central em qualquer teorizagio do flmico, Como jé fomos levados a observar em outras nogies, « de rmontagem procede, em sua definigio mais corrente aplicads a 6l- mes, de uma base empirica: a existéncia, hi muito tempo (quase ‘desde as origens do cinematografo), de ums divisio do trabalho ma <_produgso de filmes que muito depressalevou & execugio em separ “do; camo tentas laretasespetializadas, das diversas fases dessa pro- lugio. Num filme (e mais geralmente, no cinema), a montagem &, 3 Incipio, uma atividade técnica, organizada como profssio © que, Fiolecorrer de suas décadas de existencia, determinow as coordena- ‘dase estabeleceu aos poucos certos procedimentos ecertostipos de stividade. Lembremosbrevementecomose presenta scorer eva do ‘ptcro o fmetermunad, no cao de una produto tana ‘ifn prea apn const cm deca Ooo en onidades Geintate cventuainente decopslas anda mais pan ober un dado de tmager lens) sete per quando da imager, ess ples geram mits temas (oma intca,repetdas até ue o resultado 28 ‘arsierndo satieatrto pela drei ou tomadas dierent, ob {Eins por exemple "cobrindo-e”aAlmagem com muita hime a : Ge gus omesso tabalno de montagem propriamente do, gue ‘Sinn em pelo menos res operas: rena seg no materia bo, do elementos esque sto reeds contituem on cores). 3 im agnmmenta dos planorselesonados em ama cea ‘dom (obs, assim, que echamado tna “primeira cont ‘hide ono jar da prised, um “copio") 3 Finalmente 2 determinae, em rivel mals preciso, do Some ot oscar can pln eed ce (Ghservese que desrevemos aqui o qu az sormalments mn ‘She de insgen trabalho na telhaconora pod ependendo {So cas, ser conduzicesimanesmente ou psa tonager ‘Assim, emseu aspecto original o de uma tenicn especializada centre outras, a montagem consiste em tes grandes operagSes:sele- Gho, agrupamento e juncio — sendo a nalidade das tés operagoes Soren a partir de elementos a principio separados, uma totalidade iQue € 0 filme. E com referencia 9 esse trabalho do montador (cua escrigio que demos 20 corresponde a0 caso mais comm, mas que pode eveniualmente ser transformado.em muitos pontos) que geval Frente se define a nocio de montagem entre os tedricos que trataram, dessa questio, Reteremos, por exemplo, a definigio proposta por Marcel Martin, "A montagem € a arganizacio dos-planss de um om filme,em certas condicies de,orden, e de duracig", definigio que onfismaamplarsente, quanto esoncial a da maioria dos autores ‘eque € a tradugio, em termos abstratos egerais, do processo concr=- to'de montagem tal como o deserevamos. Determina, portanto, de ‘mania mats formal, os dois dadoe seguintes: «0 objeto sobre 0 qual amontagem se exerer abo 02fiana Me tim filme (oy seas paga expleitar ainda mais a montage + as maodalidades de acio da mentagem sto duas: ela orgiizca fucessdo das unidades de montagem que sio 08 PLAMOs; © fstabelece sua duns, Ora, precisamente, fal formalizagso faz com que se perceba 0 cariterlimilade dessa concepeio da montagem ¢ sua submissio 0s processostecnolgicoslevar em consideragio, deforma mais abran~ Bente e mais teética, 0 conjunto dos fendmenos fllmicos conduz, portanto, a pretender estendé-la. © 0 que tentaremos fazer: a partir esoa definigto, que chamaremos dagui por diante de “definigio festrta ca montagem”, proporemos sma extensio nas duas diecoes {Que distinguimos: os bjetos da montagem e suas modalidades de Objetos da montagem ‘Adefinisto restrita coloca, potanto,0 plano como “unidade de rmontagem” candnica: jf assinalames, em uma discussio anterior, 0 gue essa nogio podia ter de equivocada, em vietude da forte polisse- nia! do termo. E claro que, no presente caso, esse equivoco € em parte resolvido.o “plano® ¢considemdo aqui segundo uma tnica de ‘Rias dimensies, aque marca inscigio do tempo no filme (sto Eo Plano caracterizado por uma certa daragioe por um cero movimel= fe portanto, coma equivalente dz expressao “unidade (empiric) “Ge mantagem ‘Mas também é possive considerar que as operagies de OF5 nizagiy ede orienagio que definem a montagem possam ser apli Gass outros tipos de objeto; assim, distinguiremos: ves de ines intagmg#? tml) de tan superio29 Poe ees Sag ci Gee nce oe Piplemitiea bem real, pelo menot nos filmes narrativos-ePre- creelgvos: peralmente, esses filmes so articulados som. urh certo ‘ndmero de grandes unidades parrativas sucessivas, Veremos, Pos aietnte, gue o cinema essico chegou a elaborar uma verdadeira Thalaly seativamente est4vel no decorer de sus Netra, desne Meee ridades(o que chamaremos, com Metz, de “segmentos” bu "grandes sintagmas”) “Autm do problema coloendodesse mode, que € oa segmentasho oem eretrnves € possvel dar ds exemplos conceon $Skdonados aes primera exten da nos: wegefenbmene un qu eo da ctgao Emi um agent de Fae came urn ot fe, desir ws rade faceente sesAtve de tran om geal superior a0 do plano ge ea ‘SEctamore em eign el coe oreto do fe Sesame tric oe cance bem mas rests; no trabalho Teen Socomn seus alunos para prepara flimagem de um eps Freese itn propos decuparo oto em grandes una ee (oteadas de complocs de planer) «conser doi aaa upepem/ montage © primer ce comple Oe a scp derze des andes unde, ee NO Panos © bs nresnnint oc de todo os fines expressimenie tides a pea dy sernanciae da combanast de dis 0 ‘= Brmpaa tings epetenmer de rade “de pric acls” ¢ Se woe mar “nega z9 soem venue Pa neconies prow de pane 4. Enel Bj prt drm jvm iment de Michel De 1 de ea ae dr ct Seton (19095 © am, Max Oph (1° seed Taner tn, de Ren Al (O87 | amplos Intl, de DME, Cri 16, Apu ot doi, de Yee Se Sa iti te a met he os artes de. fl sino inferior 90 plano — Aina nesse “eso, Cau festulagio incu casos de figura totalmente reas ¢ até $eC,S te dete em que se pode considerar um plano passvel de 4° aaa er unidades menores,Pode-se conalderar a “fragmenta- Glo” de um plano de duas manciras + Emauad jm plan yode bem sex, do ponto de vista do ‘conteido,equivalente uma mais Tonga: caso lds- SDivdo que se chamaplano-sequéncia” (do qual éadefinisio) Stras também de muitos flanos que nfo sto de fto plans Frjtencine onde todavia um evento qualquer movimento de Seittra gosto) € sulestemente marcado para desempenbar eT dcrunge até de vesdaderaegura m para carretar profundastransformaciesdoquasp xemplo (eflebre: 0 pln faoco de Ciado Rene (1940) ese pas ns term insta Susan Alexander no pao Sree Teamernsobe, nam Ingo teeing vert 6 3 SPer ah terminando ns dos maquinisias Durante ese o- ‘echt aceon image ransorma-se sem css ano WEST Se vuen Sa perspec quate do poo de vita da do Pont goa quads (que stoma cada ves ma abst ‘SIRES ima! de uma 25 we, ene plano € imediatamente Teper ame ama de oo dr moniepen ances (© fine [SF etes bastante nem son E070) Em seus pardietros visuals (principalmente expaciais) um Fiano de trodo mais umienos manifesto, dependendo do Paen® ghalisdvel em fungio dos pardmetros visuals que © Siplaan, Agha os casos de figuras imaginaveis (¢ dos quals ‘gossvel encontrar exemplos renis nos fUmes exstentes) Seb thamneros e bem diversficados: para fxar as ideias i580 ia de efeitos plistioos glativamente sumarios (por exee flo, urna oposigio brutalbrario/ preto dentro do quadro) a Pr hon de colagens’ espaciais que podem, #0 contrrio, ser muito sofisticadas. FE caro, nesses dois exemps, assim como em todos 08 outros casos pertencentesa essa eatepora, que nio existe qualquer pas? Seren Peagem wolavel:o jogo do principio de montagem (arto de 9 tes diferentes ¢ até heterogtness) ¢ produzido, aqui, dentro da propria unidade que o plano € (0 que significa, entre outras conse- eigncias priiens, que esse género de efeito # sempre prevsto ants de flosigem). evidente que se deve acrescentar que, tanto nesse caso como no precedente (o do plano longo), embora os efeitos de montage Possam ser ber nitidos e indubitiveis — como nos exemplos que Efamot eles jamais sio suscetiveis de serem definidos formal- Shonte como mesmo rigor gue a montagem no sentido restrto. artes de filme que nso cojncidem ou niocoineidem totalmen- te-com a aivisto em planos — E esse 0 caso, quando se considera 0 Jomo teciproco em umn filme de duas instancia diferentes da repre segraies sem gue esse jogo veja necessarlamente suns articulagbes SSneordarem com as dos planos, Pratcamente, o caso mais notivel Co da)"montagem entre a trilha de imagem, considerada em se ‘Conjunto, €atritha sonora & possive, alld, observar que, diferente- Shonte dqueaasinalarRos no caso precedente, aqui hs, nocaso mais ‘Comum (digamos, 0 do cinema classico), uma operagio que ¢real- ‘SRonte da erdem da manipulagio de montagem — pots a trilhn Tonora és maloria das vezes fabricada depois e adaptada &trilha ‘Szlmagens, partir de medidas determinadas, Todavia, as concep {ce puedominiantes sobre o som (dissemes algo a esse respeito RO Sipitdo I) fazem com que esea operacio de montagem sea negnda ‘Dino tale com qu, 20-contrari,o filme ldssico tenha tendéncia proventar sua trlha sonora esta trilha de imager como consubs- ‘uncial (e onde devem ser spagads também, tanto em uma como tia emsua relacdo matua—, quaisquer vestigios do trabalho fe fabricacio) rumibém sana eras do cinema em que sla soma fr cnc prom a nga. 2 ial The sonar com aso a desenvolvimento Ja ‘ai Steen rtarenteopotssaqulgucr tein des eussepeeman,Vollaremor seas pono props de Basins dr Eoutina ies poor capil E certo que, em todos os casca que aesbamos de evocat, esta- ‘mos mais ou menos longe, nio apenas da definicho inicalmente Tilocada da montagem (defiaigto esti), mas também, as vezes, de “tim. operagdo de(tiontager real, Condo, s¢¢ possivel considera {fue dit todos s casos, existe algo que pertence § ordem da monts- om € que sempre se trata do relcionamento de dois ot! muitos ‘remantos (de mesma naturezs ou nio), esse relacionamento prod- “Sineo este ou aquele efsito particular nfo contido em nenfium dos Glemnantos inilals tomados isoladamente, Na segunda paste deste ‘apltulo, voltaremos a esa definigto da montagem como prodttivi- ‘Gade acsinalaremos seus limites na terceira parte. £ ponsveiraindn mais lnge na wens do conceit de ments fecha a's conekderer tos quedo stows pares de fie tos enunciad, nwi inda do que o Ges presedenes le garecor longe das veaidaces fens de fat, « bastante [pseco.c cao ao gual etter artes cad como cuepual cane detuimupo" no ecerto que cl nao lve a uma deniio cat acaba rina crite see cectiva seta postive por esemplo, dfiircomouma DEEAEGcie as mes enue st iverson fimes de wm mesmo Cineasou deine mesina exolefmes be © mes aunt ‘Sher que onstituem um gin ou subgenero ot. No nit Modalidades de ago da montagem ‘Voltando rapidamente & definigio restrita; constatamos que la 6 newse ponto, mullo mais satsfatéra e completa'do que no gue se Stone aot objtos da montage: De fato, ela destina ao principio {fe montages Gi papel de organizagio de elementos do filme (os Pianos —e estendemos, nas paginas precedentes, esse campo de Peangio) de acordo com criéricn de ordem e de dutagio. Se mencio- tenes novamente os muiltiplos djetos muito diversos evocados em "Opjetos da montagem”, vemos gue nos basta, para cobrr o conju to dos easos poriveis acrescentar a esses dois critrios oda comps: Helo na simultancidade (98, mals simplesmente, a operagto de $itponn). Cont estes tos pes de operagso — justaposigio (de Flementos homogeneos ou hetexogéneos), organizagto (na contigii- [sade on sucessibiidade,fixagio ia duragio — mostramos todas as, feventualidades que encontraumos (e, 0 que & mais importante, todos fs casos concretos praticamente imagindveise atestévei). KDesinigfo “amplinda” da montagem CConsiderando tudo isso, estamos agora em condigies de defi nie montagem de maneira mais ampla — aio mais unicamente a partir da base empiricafornecida pela pratica tradicional dos mon- Tadores, masa partir de uma consideragao de todas as manifestagdes ddo principio de montagem no campo filmic. Colocaremas, portanto, a seguinte definigio (que vamos de signar a pair de agora como “detinicio ampliada da montagem”): é ‘A montagem & principio que rege a organizagio de elemen- tos filmicos visuaise sonoros, ou de agnpamientos.e tis elementos, istaponde-os,encadeando-os ¢/ ou onganizanlo sua drags” Chservemoy nt curs ss Qu ests fini ni cnt io mune cad por chr ee pra an2menegem “fess ap funn conte i snap aden nse, guedsingte wes me disclpnapa deena decanter tagmatca ‘nies decrement) |, =e movimeno de camers, . "Nossa propria descrigio ¢ ainda mais “ampliada”. E claro, sepitamon que co amplagio bo tem inereste et ea perapectvn teoncne sult unger da montage A “definigio ampliada” que acabamos de dar coloca a mont gem como algo que afeta um certo numero de “objetos filmicos” Giversos e que finciona segundo trés grandes modalidades. Vamos agora examinar, sempre de acoréo com o mesmo designio (ou se, ‘onstragio de um embriao de modelo formal coerente, capaz de Justificar todos os casos reas), a cuestio das fangses da montagem Como na exposicio precedente, vamos comesar estimando a bordagem esteien tradicional dassa questio; mas, se essa abord gem, como a dos objetos e modalidades da montagem, inspirase fortemente na pratica, que ela refite de maneira empties, dessa vez ino resulta, como veremos, er definigSes simples Em prineiro lugar docet, ni intl acaba om um eguivoco ro plano do vocabulteia. © sue designamos por fais da ton tagem fe que responce 8 questi "0 que a montagem posdus, no agua fe cede, mite vse pac Imomagem cate quea direc praca poquens nde vas ATejungn ea de eta da monagem. Se nos tems easbamente 20 prime teria € por doistipos de ao: 2 pales “let” emete algo que se pode consaar ative rent: adapa-se malhor porto, uma desengso de coe ‘bem stuado numa tentative devocsie formalicante(anestnos0 importante sregurarse da enn, ou da posablidade de salzagos reals dos asos que teremon de examina) ‘Tipe outa lado, a palavra “tit pode grat uinaconfasio (ets ease comet niplcienets) cnt ees de morta femme etomontsgan, que &¢ term pelo qual eos teocos (Gorexemplo fan sity) desu ogc cham principio demontagem” oa “mortagem spa ‘Abordagem empirica ‘As consideragies tradicional sabre as fangbes da montagem sustentamse, em primeiro lugaz na consideragio das condighes historicas do surgimento e do desenvolvimento da-montagem (09 sentido restrito). Sem entrar em detalhes nessa histori, € de fato ‘muito importante observar que muito cedo 0 cinema uilizo & colocagzo de muitas imagens “em seqiéncia” com fins narrativos ‘Hoave muitascontovsas entre istoradores quant &datasSo provi dese srpimento de montage “pela pranera vez" mt Emme de ole Como dara guentses onl am € = “il sll spices de orgs Malo 1090 80 fomporos de mulos panos mas em geal coneder- Sevoinentordo- me naar nao sade fos monage {Sige seus mer abo no maximo suceeded. Eoin nes precursors ¢ inventors de uma montagem de {a ‘SGlzada ore tal che-we oamercano ES Pore com #08 Vie 1 homie emer (08) principaiment, The rt ta ratty 1903). “Em todo caso. tovlos os historiadores concordamem,conside- rar que 0 eleito extetico principal do surgimento da montagem fo! tama liertacdo da edmero, até entso presa aa plang fixo, E de fato um pparadoxo mullas vezes assinalado que, engquanto © caminho mais [eto para uma mobilizagio da cimera parece ter sido, logicamente, ‘Odo movimento de cimera, a montagem teve um papel ruito mais Gecisivo nas duas primelras décadas do cinema. Confirmande © que diz Christian Mets, a tenncformagio do cinemat6grafo er cinema Sperourse em torno dos problemas de sucesso de varias imagens, ‘muito mais do que em torne de uma modalidade suplementar da Propria imagem eM eeseedre aces eit tage ae ees eo oa oe eee eT ec dass ceerepes ies da ort SS a tacit es anlocoe Sa ar eer Seema que grante as tneadeamento dos elementos da asto pee aap er ee eee ae gt oy oe Se ee oe cae ee ren ae Ree ee Essa funcio “fundamental” e até “fundadora” da montage na dhalria das vezes, oposta a uma outra grande funcio as vezes tonsidernda como exclusiva da primeira, «que seria uma monésgem Sapressite Tso uma montagem que “nlo-€ wm meig, mas um ao fim’ ¢ que “visa a exprimir por si mesma, pelo choque de duas ‘image is, UH Sentimento ouuma séia™ (Marcel Martin) ‘sen ditingio ence uma montagem que vease esencalimente sero inrumento de ura samocio dara © una que Visas figs eeetualnente independents de ef bem evidetemente naguesio particula Gh morage, un aagnione aan ara em ‘Sutra parte (princpalmente 3 proppta do om) Ett fora de ivi que Ses dean asennad oem goer Inference, «propria ka dma "montage xp ‘ir gunesStevedestatunlizarsmestade puro em alguns ies {pero mado (por examples a vanguard france S=)Almenan mai do mes, mesmo mde core defo ‘Samba eategoras” de montage, A fraqueza eo carsterartifidal dessa distingio entre dois tipos| de fle levaram rapidamente a consideragio de que, de fato, alem de sun fungto central (narrativa) a montagem também deveria en- ‘arregar-se de produair no filme tm certo nimero de outros efeitos. [Enesse ponte que as descrigdeserpiricas das fungbes da montagem, na propria proporgio de seu empitiemo, divergem amplamente, niatizanda alternaclamente esta ot aquela fng8oe, prineipalmen- te, definindo-as com base em pressupostos ideoldgicos gerais que nem sempre aio claramente explcitados. Na terceita parte, voltae- ‘mos a ezaa questao das motivagde das vérias teorias da montagem. ‘Assinalemos apenas, por enquanty, ocarster muito gerale até ¥ago ‘dessns fungoes "criadoras” designadas para a montagem, Marcel Martin (que consagra longos estudos, bastante pertinentes, ques: io) afitma que a mgntagem cia 9 movimento, o ritmo 2a “ideia" srandes categorias de pensamenbs, que als ndo deixam de-confe~ _Eharaita hinge narsaiva equase ngo permitem seguir adiante na ee foot DescrigSo mais sistematica [ssa abordagem empirica e descritivas da qual acabamos de falas esta longe de nao ter interes: sempre permanecendo prowima do que a historia das formas flicas verlicou, ela recenseou, em ro seus melhores exemplos o exten das fungbes pensivels da mong Fannie tga cdbane de at oper case A montagem “produtiva” — Antes de mais nada, énecessirio defnir bem eosa nog, A gual acabames de aluds, de montagem “SGiadora” ou “produtiva’ (e que esté igada & propria idéin de possvels “fetes” da monlagen), Observeros, em primi gas uc eon nto ¢ bastante antiga apareeru desde a primeira tena {Was de voiendo teorcasisematica sobre o enema} Enconramos em Bla Balog 390, guint dei: € oda" mean fp aan casa gun io ass PGE hancien ous ampla © cara, en(JGan Kat em 1953): 0 cto onraen (ts ontgen come raise rep abicpin tide oon ines cu Com ou, mina a once sik tt gousi umsenimenesemnorsesia \Vemos, postanto, que esta nogéo se apresenta de fato como tama verdadeitaldefivigdo do principio de montagem, dessa vez do ponto de vista de seus efeitos: a montagem poderia ser definida, de faneira bemn geral, como "a colocagio, lado a lado, de dois elemen: tos flmicos gue acerretam a produgio de tim efeto especifco, que nda um desses elementos, considerado isoladamente, nio produz” SM definigio importante que, no fundo, s6 faz manifestare justificar ‘lugar capital atribuido £m todos os tempos & nogio de montagem ‘ho cinema, em todos os tipos de abordager tedrica De fato_qualquer tipo de montagem, qualquer utlizagio da montagem,€ “produtiva”:a montagem narrativa mais “iransparen- fe", assim como a montagem expressiva mais abstrata visamambas a pro a parliedo eonfronto,o choque entre elementosterentes, fale ot aque tipo de feito, qualquer que sj a importancia, 8¢ ‘eres considersvel ei certos filmes, do que esta em jogo no momento Ga montagem (sto é do que a manipulagio do material filmado pode trazer com relagio # concepgao preliminar do filme) — a frontagem como prinipo 6, por natureza, uma técnica de produgio 66 (de signiticagSes, de emogbes). Em outras palavrasi a montagem sempre se define também por suas fungbes Abordemos esses proprias fingbes, das quas distinguiremos {a€s tipos principals: FFungOes sintatieas — A monlagem garante relagSes “formas”, detectiveis como tal, mals ou menos independentes do sentido, entre os elementos que reine. Essasrelagies dois pos: + tos de igego ou, ao contro, de disunco,e maisampla- mente lodos os efeitos de pontuacio e de demarcagio. Para dar um exemplo muito csc, sabese que a figura chamads “dupla exposgto” rete, bo decor da hts ‘os limes, visa sigsseaeber fot porexempi associa por muito tempo de waneta quace stems, Sidéta de urine alr que hoje absltamenle no € mais 9 nc) | produgio de uma ligacio formal entre dois planos acess vos (caso particular dessa fngio sintatica), em especial, € 4 que define 0 accord no sentido estrite do termo, no qual essa Higngso formal vem reforgar uma contintidade da propria representagse (Woltaremos a isso tim poco adiante) + Beitos de altersncia (ou, a0 contréio, de linearidade), Da mesma forma qu as ivrss formas hstoricamente ver cacas de ligagso ou de demarasS, 3 alterdncis de dos ou ‘tos motvos€ uma cracetcn formal do discuss cd ‘Que nio compromete por ssuma sgrfeaso unvors, Ob. Secva-soha mut tempo (ada encontr-se etre sprees tecnicos da montage, de Padorkin als) que, Sependend sla patueza do conte dos pis (ou das aegments ena {dog a abemdncn pon sgiear + simlantcade caso a “montagem alterna” propriomente is) o4 pods erat ‘um compara ene dom tras desiguis cons tlio 8 ‘egee (ao da" montage prea") ote Fungées seménticas — Esta fingio cestamente a mais impor tante universal (a que a montagen sempre garante); de fato, abran- indos. De modo talvez arti- Fe casos extremamente numerosos © ficial, distinguiremos + a produgio do sentida denotado — essencialmente espaco- temporal —que compreende, no undo, oque a categoria da fontagem “harrativa’ deserevia: a montsgem € sim dos principsis melos de produgio do espago Hlmico e, de manel- «Fu gera, de toda a diegese; + a produsio de sentido: conotados, eles proprios bem diver osem sua natureza, an sea, todos os casos em que a mom: tagem relaciona dois ekmentos diferentes para produzir um tfeito de causalidade, de paralelismo, de comparagso ete trontngem istamente er sue da extensio quaze nei BrP fogse de conotair osrtido pose ser produzigo pls Selaio de qualquer semento com goalguer auto element tnenno de natura comp eamente serene caro que nao falar eemplos cision para sta, entre (ute cos 9 tie de cmmparagso ou de mtr lens frowns dos panos de Reena, colds aor de um pavio Tecinice(embolo de vnidade) em Outro, ee Bienen {t92m, do eoanho de cameios gue sucee ronicaments um lane de mdse humana em pas moder, de Chaplin [isan de um plano de gntas cacaeants vivo coment fhov move nr ir Oe te Lang (936) ete Mas ese a0 piss deuncaso uae psticuly lalivos montage de ols Ea propésite dessasfungées semlnticas que ocorseram, como veremos, as polémicas sobre 9 lugar © 0 valor da montagem no ‘nena, que atravessaram toda ateoria do filme Funcéesritmicas — Esa fungio fot igualmente reconhecida © muito cedo reivindiada — es vezes até coma a precedente (& Principalmente 0 caso dos adeptos do “cinema puro’ dos anos 20) nue outras cosa, proposes carsctersear o cinema como "sica di smagen, verdadcrscombinatoria de itmox De fat, come Jean Mitry mostiou ema spate muito sutl 4 qual 2 se pode remeter, to exte por asim dizer, nada em comun entre orn ico © ito musical (estencialmente, porguea vio, se 6 excelentemente tmada para perceber proporgaes-—isto brits expeciais pers tie mult lo thos de drag, as qua ooo mao Sensivel).O sitmo flmic apreentase, portato, como a sobrepost- ‘iowa combinagio de dois tpos destin talinene heteroyereos, + ritms temporais, que acharam uma maneira de se instaurar natriha sonora —embora nio se deva exclu em absoluto, 8 possibilidade de jogar com duragées de formas visuals (0 cinema “experimental” em seu conjunta € muitas vezes ten. tao pela produgao de ais ritmos visusis) *vitmas plistce, que podem resultar da orgenizacio das su- perficies no quadro ou da distebuiso das intensidades lu Iminosas, das cores ete (problema disso dos teoricos da pintura do sécala XX, como Klee ou Kandinsky). Naturalmente, distingwindo t&s tipos de funsies, afastamo- tos de ume descrisio imediata das figuras coneretas de montagen. aque se apresentam como dando lugar a vsros efeitos simultancos, como um exemple bastard para demonstra: Tome-se uma figura muito banal, o “raccond sobre um gesto", {que consiste em juntar dois planos de forma que o fim do primeiro © ‘inicio do segundo mostrem, reepectivainente (e ob pontos de vista diferentes) 0 inicio e 0 final de um mesmo gesto. Esse roccord val produzir (pelo menos} * um efelto sintitico de liguoio entre os dois plats (pela com- Hinuidade do movimento aparente em ambss a8 partes da colagem); + um efeito semantico (narrativa), ne medica em que essa figura faz parte do arsenal das convengSescissicas destinay dasa traduzira continuldade temporal + eventuais efeitos de sentidos conotados (dependendo da dlstincia entre os dois enquadramentos © da naturezs do proprio gesto) + um possivel efit stmnico, ligade & cesura introduzida den- trode movimento, A idéia de descrever “espécies de montagem” e de consteuir suas tipologias também ¢ muito antiga; raduziu-se, por muito tem> po, pela elaboragio de“ planes” (= grades) de mantagem. Essae Plies muitas vezes bascadas, male ou mens dirtamente, na propria pita de seus autores, afo sempre inteessants; mas et Utelgnior na maiora dos casos, € wm pouco confso, © a tatase tanto de um catslogo de “recess” destinadas a alimentar apt de realizagio de filmes quanto de uma elasficacto tedrea dos trios da montagerm,Comseagio8 noms dasifcaya clas definem tips compoton de montagern, por combinagso de diversostagoe mentres, tanto no gue o refere aor objetos quanto as madalda- ddesdeagto cor eteltosbuscados. sso quer der que a propria nocio {de “plantha’ de montagem, que decertoassinalou uma etapa i portants a formalizagao da tflexdo sobre o cnet, esté hoje a Plamentenrapessada. ars termina vam dar ripidamente alguns exemplos deans * plies ‘hm pretender se sstemico Pals enumera rer nero ‘dotpos de montagems"ideolgica,metaltriea, poetic, lego tele tic, formal sujet PPidovkin da uma nomendaturacferente, desert mals aciona: Shite paren, analogs snconismo, mote © pripsio Eisertein em uma perpectiva, é verdad, bastante farsa eps spate santa memati deviogias da montagen PPor maior que tenha sido nossa preocupagso de jamais perder de vista a realidade conereta dos fendmenos fmicos, a constragio Go conceito de montagem ampliado qual acabamos de nos entregar Gonstragio que implicava que asstimissemos um ponto de vista tio geral e* objetivo" quanto fesse possivel —masearou-nos um fato 70 histérico essencial: se a nogio de montagem é tio importante pera a teoria do cinema, é também (¢ talvez esvencialmente) porque foi 0 locale 0 desafio de confrontes exremamente profundos e duraweis entre duas concepsdes radicalmerte opostas do cinema A historia dos filmes a partic do final dos anos 10 ea histéria das teorias do cinema desde suas origens manifestam, de fato, fexistencia de duas tendéncias que, sob 0s nomes de diversos autores ‘ escolas ¢ sob formas variévels, raticamente nio cessaram de se ‘opor de maneira feqiientemente muito polemica + uma primeira tendéncia 6a de todos os cineastas teéricos, para quem a montagom, cnquanto técnica de producto (de Sentidos, de afetos), € mais ou menos considerada o elemen- to dinamico essencial do cinema, Como indica a expressio "montagem-rei", 4s vezes utilizada para designat, entre 08 flmes dos anos 20, aqueks (princpalmente os sovieticos) ‘que representaram esta tendéneia, baseia-se em uma valoc Zagio muito forte do pemcipio de montager (e até, em alguns cacos extremos, emuma avaliagio exagerada de uae posibllidades), 40 contrrio, a outratendéncia baselase em uma desvalost- ida montagem enquanto tale na subenisado estrita de seus efeitos &inetincia nazrativa ou a representagso realista ddo mundo, consideradas como o designio essencial do eine ma. Esta tendéncia, als amplamente predominant na ‘maioria da historia dos filmes, € muito bem descita pela nogio de “transparéncia” do discursa filmico, & qual volar remos logo adiante ‘Vamos repetir:embora essas tendéncias tenham sido encarnae das especificadas de maneiras muito diferentes de acordo com 85 Gpocas, aso deixa de ser verdade que seu antagonismo definiu, até ‘os nossos dias, duas grandes ideo ogies da mantagem —e, correla: tivamente, duas grandes abordagans ideoldgico-hlosoficas do pro- prio cinema como arte da represertagio e da significasio com voc (So de massa, até fora de questéo apresentarem poucas paginas um quadro detalhado de todas a3 attudes adotadas sobre o assunto desde os ‘anos 60. Por esse motive, por manifestarem ambas de maneira radi- Gale quase extremista, respectivamente, cada uma dessas duas posi- pes, escolhemos expor e opor os sistemas teGricos de André Bazine EESM Eisenstein, Nao estamos dizendo que um ou outro seria ‘hecessariamente um "lides” da primeira ou da segunda escola (ais, Os tipos de influgncla que eles conseguiram exercer so bem diferen {es): se estamos escathendo 0s dois ¢ porque ambos elaborerass am sistema estétco, uma teorla do cinema de certacoeréncia: porque, tanto em um quanto em outro, 08 pressupostos ideolégicos 380 tfirmados com muita nitides e porque, Finalmente, ambos aribuer S questdo da montagem —em seus sentidos opostos — um lugar central em seu sistema ‘Andsé Bazin e o cinema da “transparéncia” O sistema de Bazin basela-se em um postulado ideolbgico de ‘base aticulado em dias teses complementares, que seria possivel formulas da seguinte mance: + na ealidade, no mundo res], nenhum evento jamais ¢ dota {do de uum sentido totalmente determinado a prior (€ 0 que Bazin designa pea ia de wma “ammbighiade imanente a0 real"), + avocasio “ontol6gica” do cinema ¢reprodtzir o real espei- tando a0 maximo essa caracterstiea esencial:o cinema deve portanto produsie representagies dotadas da mesma “ambi- uidade” — ou se esforcar para isso Em particular est exginca stra para Ban pela noses ‘dade, pact cinema, de Teprdusie © mundo real esta ‘Sonfinuidade Hsien facta Asse em "Montage probe" fie gue a epciiidads cnematogrétic reside no simples respelto fGtoprtce da unidade da iagent — tone da qual aval mon tudo o que pode te de paradox « provocador com ‘lope oulres coneepgses dt "eppescdade” do cinema (principsmenteaguea que a procir, jrtament, no jogo da thonlagen), Alike no mismo oo, Bazin desonvolve ea as Sgt, da seguinte manele" necesstio que o imapinstio fenhapa elas deneidade erpacia do eal Amontagem nels [Pode ser liad em Simsterprectsossob pena de anlar Erna propria ontsloge da Souls cinematogri.” Hzologicamentefalando,o etencial das concepsbes de Bazin teside nesses poucos principios, que 0 conduzem a reduzir consice- Tavelmenteo lugar concedido 8 montagem. ‘Sem pretender dizer tudo, descreveremos essas concepgoes relativas & montagem de acordo cm os tés seguintes efxos ‘A montagem proibida” —Tratase, na verdade, de um cso ‘que, segundo o proprio André Brzin, totalmente particular, mas ‘Que, para nés, era jastamente precioso como caso-limite (, portan- { como manifestagio paticularmente clara dos principios em jogo). [A definigto desse caso particular & dada dessa forma por Bazin Quando oessendal de urn evento depende de ara prensa ‘smultines de dois ou virtosftores da ag, a monagemn & pofida, Ela eadquire sus deitos toda ver que o sentido da [sho Jf no depende da congue fica — mesmo se et ‘Stver mplcada (Andre Basin "Montage iter” em Que equa tecntna) [Naturalmente, essa definicfo 36 tem significado se dissermos © que consideramos o “essencal’ de um “evento” (0 “sentido” da ). Vimos que, para Bazin, o principal ¢ de fato.© evento como pertencente ag mundo real ov a am mundo imaginario andlogo a0 Teal isto ¢,enquanto sua signifiacio no é “determinada pri”. Conseqiientemente, para ele, "oessencial do evento” s6 pode desig- par precisamente esse farnosa “ambigiidade”, essa auséncta de sig- hificagao imposta & qual ele ds tanto valor. Para ele, portanto, a rontagem ser4 "proibida” (notemos de passagem a normaividade Caracteistica do sistema de Basia) toda vez que o evento real — ou, Snes, 0 evento rejerencial do evento diegético em questio — for fortemente “ambiguo": toda vez. por exemplo, que 0 resultado do evento for imiprevisivel (pelo mes, em principio) n (© exemplo piven no qual le neste ¢ aquete que cloca te dos antagonist guaisquer: por sxemplo, ‘do ¢ indeterminado (0 cagador pode ou no pegar a presa; €m spate dese semen soe ohos de Has, quar ‘montagem aera, una ste de ora A transparéncia — Naturalmente, em uum grande nGimero (na maior parte?) de casos préticos, a montagem nao tera de ser esta ‘mente "proibida’ o evento poders ser representado por meio de fuma sucessso de unidades fica (sta 6, para Bazin, plancs) des Continuo: — contanto que esea descontinuidade, precsamente, soja tio maescarada quanto possiveléa famosa nogio de “transparcncia” do diseurso Smico, que designa uma estética particular (mas bem difundida © ate dominante) do cinema, segundo a qual a fungio, ssencial do filme é mostrar os eventos tepresentados e nao deixar vera sl mesmo como filme, O essencal dessa concepsio & definido desta maneira por Bazin: star emt ny de alga made, a iopeea de wt Assim, vemos que, neste sistema, ¢ de modo muito coerente, xe ¢ considerado principal ¢ sempre "um evento real” em sua “continuidade” (e¢ evidentemente com ese pressuiposto que pode ‘amos relacionar com mais proveito wma ertia de Bazin) CConcretamente, ess “imprsssto de continuidade e de homo- _geneidade” 6 obtida por um traba ho formal, que caracteriza o perio do da histéria do cinema que mcitas vezes chamamos de "cinema clésico” — ¢ ej figuen mais representativa € a nogio de raccord. rccord, cuja existencia conereta cecorze da experiencia de décadas {dos montadotes do “cinera class eo”, seria definido como qualquer mudanca de plano apagada encuanto tal isto & como qualduer figura de mudanga de plano ex que hi esforgo de preservar, de ‘ambos os lados da colagemy elementos de continuidade A lingguagem clissica determinou um grande némero de Bg ras de records € imposafvel citarmos todas, As principals sho iu “cape cont cao" ‘Rinads dissin vl ser repetde no plano seguite (em que o =< mor em um get: un gto fio onto de ta (Coe CObservemos qu, sobre esse pontoo sistema de Bazin oom flocamplifcado pr uma taco cassca’ da esta do me ‘Vamor encontrar, por exemplo emt Noe! Burch, wma descriqso bem dealbads da vera finger dorcel de acre com os ‘anos lastamentos expose temporais qu le ssn A recusa da montagem sem raccord — Consoqiéneta logiea das consideragdes precedente, Bazin recasa-se a Jevar em consideraci0 | existencia de fendmenos de mantagem que no a passagem de um. Plano ao seguinte, A manifestagio mais espetacular dessa recusa pode provaveliente cer ida na maneira como ele valoriza (em. particular em Orson Welles) a utlizaglo da fmagem em profundi- fade de campo ¢ em plano-sequencia, que, segundo ele, produz, de tmaneira univoca, um “Iucro de realism”. De fato se, para Bazin, a ‘montagem 6 pode redusir a. ambigaidade do real, forgando- a Adquirir um sentido (forgando o filme a se tomar discurso), 20 Contrdrio, a flmagem em pianos longos e profundos, que mostra ‘mais” realidade em um dno e mesmo pedaco de hime eque coloca, tudo o que mostra em pé de igualdade diante do espectador, deve logicamente ser mais respeitedoza do “ral” “Ao contri do sue se poder acoditar a principio, a‘decups gem em profundidade € mais carsegada Ge setico do que 4 (Ecipagem analica, Nio € menos abrata do que a utr mas (buplemento de abetracso que inegre oa narrative the vem preceaments de um exagiso de Teaismo, Realism de certo ‘odo nteligin, ue ett a jeto ea consro sua densi ‘Sede se seu pes de presen, alsa dramaico que ere=s38 ‘Sepuar oat do consi o primeira plano dosfando reals colegio, ue eoloea 0 eopectador nas vedadeias conisSen {i percept oma Csompietamente dstrminada« per (Gace Bazin, Orson Well, p7). Ainda ai, podemos notar que, se esas observacies sao total: mente coerentes com a verdadelra obsesséo da continuidade que Gefine o sistema de Bazin, elas procedem de uma certa cegeira com felagdo ao qus, nos filmes de onde tram o pretexto (sobretudo Cidadco Kans), vria a contradizé-Ins muito dietamente: desse modo, po filme de Welles, longamente analisade por Bazin, a profundidade Ge campo € ullizada, pelo menos, tnto para produzir efeitos de montagem — por exemple, justarondo numa mesma imagem duas ‘conas Fepreventadas a partir de modos relativamente heterogeneos quanto para apresentar “em pede igualdade” todas os elementos da representacio; da mesma maneira, 0 tamanho dos plancs €, ‘mullas vezes, a oportunidad de produzir, gras, prineipalmente, fos intmeros movimentos de cirter, as ransformagoes ¢ as rapt ts, no interior dos proprios plaios, que se aparentam muito com tfeltos de montagem, SM, Eisenstein ea “cine-daltica” (sistema de Eisenstein talvez menos monotematico do que 0 le Bazin, é Ho coerente quanto o timo, em um sentido radicalmen- te oposto.O postulado ideologice que o fundamenta exclai qualquer consideragio de um suposto *rel” que conteria em si seu proprio sentido e no qual néo se devers tocar Para Eisenstein, ¢ possivel fragmento, extraido do real (arn real jt organizado na frente da cimers ¢ pars ela), opera come que um corte no sltimo — é, se quisermos, o exato ‘posto da “janela aberta para o mundo” de Bazin. Assim, 0 ‘quadro, om Eisenstein, tem sempre mais ou menos valor de {esuratitida entre dois sniversosheterogéneos,odo.campo, (0 do fore de quairo —a negto de fora de campo, com poucas ‘excegSes, prticamente nio fol uilizada por ele, Bazin, que |apesar da forga normativa de sins proprias opgdes caplara muito bem o fundo do problema, flava a esse reepeito de dduas concepsies opostasdo quadro ja como “centifga” t0 & abrindo-se para umm suposto exterior, um fora de ‘campo; sea como “centripela” — iso é, alo remetendo a nada fora, definindlo-ce apenas como imagem; 0 fragmento cisensteiniano pertence evidentemente a essa segunda ten- deneia ese, portanto, como essa nogio de fragmento, em toxios 0s rlvels que a definem, manifesta uma mesma concepgio do filme ‘como discurso aticulado: 0 fechamnento do quad focaliza a atengio sobre o sentido que nele esta isolido; esse proprio sentido, construt- do anaiticamente levando-se em conta caracterstcas materials da imagem, combina-se, articula-se, de maneira explcitae tendenciosa- mente uniower (o cniema de Eisenstein “fulmina a tmbigiidade”, Segundo a formula de Roland Barthes). Correlativamente, a produsio de sentido, no encadeamento de fragmentos sucessivos, € pensada por Eisenstein partir do ‘model do confit Sea nogso de confit” nada tem de original (ela deriva muito dietamente do conceito de “contradisio", fal como folocado na filosofia marxista, o“materalismo dialético"), seu us0 por Eisenstein nfo deixa, as vezes de serbastante surpreendente por fa extensio e sistematizagao, Pera ele o confit g de fato,o modo fandnico de interagio entre duis unidades quaisquer do dicesrso s filmico: confito de fragmento a fragmento, decerto, mas também “dentro do fragmento” e especficando-te segundo este ou aquele [parimetio particular. Citemos apenas, entre muitos outros textos, Alguns extsidos de um artigo de 1929 “Ame ex monlagam no 6 uma da composta de fragman tos cnlocadosem sogoenc, nas uma iia que mace 2 choque ‘rte dais fagmentosindepondentes(-) Como exemple de onltos poderamos mencionar 1, O conti rio 2 Oconto das superdicis 3 Oconite dos vues 4 Oconto espa 5 Ocroite da nina © Osonite doe tm) 2, Osantite ene o material eo enguadrament (forage Sl pto pnto de vista da mer) [Seno ene n materiale sua expacaiade (dfermao ier pela bjt 9, © confit ene o process «saa temporada (ment tenting ac) 10, O cnt ene conju do complexe dis € um dom Diobem dlferente” (Demat da forma ica") [aturalmente, como idéia de decomposigio anaitica do fag ‘mento em todos os seus parimetros constitutivos tl lista nao pode- ra vara exaustio (mesmo se, ds vezes,utopicamente, Fisenstein ‘entender isso): ela vale principalmente pela tendénda que indica, {que é a de uma produtividade aumentada do principio de monta [gem a nogio de montagem “produtiva”, tal como evocamos acima, funciona plenamente agi Extensio da nogio de montagem — Conseqiiénciaimediata do que acaba de ser dito, a montagem vai ser, portanto, ness sste ‘ma, principio nico ¢ eentral que rege qualquer produgio de ghificado e que organiza todos os signiicados parcais produzidos ‘num determinado filme. A esse ponto, Eisenstein no cessa de volta, ‘oncagrando, por exemplo, toda uma parte de seu importante trata re do sobre a montagem, de 1957-940, a demonstrar que o ensued mmentono passa de um caso paricular dependente da problemsticn ‘geral da montagem (enquanto c enquadramento e a cneposiedo do squsdro visam antes de mals nada, a produsiy sent), A tltima etapa de sua refexdo ¢, desse ponto de vista, a do ‘contraponto audiovisual”, expresso que visa descrever o cinema sonoro como jogo de eontraporto generalizado entre todos 0s ele= ‘mentos, os parimetros fimicos: 08 da imagem, ja considerados na dlefnigio do fragmento visual, etambém os do som. Aidélando gem st nove, com relagio as suas proprias priicas analiticas sobre a Imagem, mas historiamente é mito importante, pols €pratcamen- tea tunica tentativasistemética para pensar os elementos sonoros no filme de outra forma quedo o mode da redundancis eda submissio do som instineiacénico-visual Na teoria de Eisenstein (seno em Seus filmes, pols o unico filme cm que levava essa idéia até fi, Bezhin Lug, filmado em 1935-1935, fol proibido e depois perdido), os diversos elementos sonoros,palavras rides e miisieas, participa fem pé de igualdade com a imagem e de maneira relauvamente futdnoma com relagio a ela na censtitsigso do sentido: poderiam de acordo com ocaco,reforg-la,cortradizé-la ou slplesmnente matter tum discurso “paralclo™ ‘A infiuéncia sobre o espedador — Finalmente, determinacio Stima de todas as consideragBes sobre a forma fimies, 0 fato de que ssa forma (que, paa Eisenstein analisa-e de imediato como Veles- lo de um sentido pré-determinado, desejado, dominado) tem como tarefainfluenciar,“modelar”o espectador. Nesse ponto 0 vocabuli- ‘Ho de Eisenstein variou enormertente com os ands —-variagdes que ‘acompanham as dos modelos do psiquismo do espectador, que ele dota sucessivamente —, mas essa preocupacio sempre continuo Sendo central, essenal. Do ponio de vista da coerencia do sistema, ‘© importante é destacar que todos os modelos que ele utiliza pata escreveraatividade psiquica dc espectador tém/em comum, apesar de sua grande diversidade, a suposigio de uma certa analogia entre ‘09 processos formas no filme e @ funcionamento do pensamento humana. Nos ance 2 Eisenstein referee de bom grado a “reesoogi", Pemagngeaigurconporanennhumensraust args, ima etn Da enna manera oo en na ae te ponte clear tor os parimros que defincin a Bee Pennie étentado pola de que se podecalclar Eg tment de ods sees stale, portant, domnat 9 {toto pacslgico pedusido peo lme Maistard, ele va procurarsnalgiafureona entre ofl ¢ 0 Neeteento em tepreseatagies mas global, menos meciicas Perera gor o levars a delender alia de wm “tsa ime oF comesporern, de mancea“orgincs", uma ier de a do expec que conguistara sus de Dessa manera, tudo opie — © ado apenas na questio da oniagent —os teoricos Bazine isenstcin, fo, como se deve ter TDunpeendide, que existam enze eles antagonismos Ponto Por Pon trahue decorrerim de posigbes opostas sobre conceitos comuns & ‘Snadigao ¢ bem mais radical, pois, de fato, entre esses dois sist seas nash praticamente nada em comumy no apenas suas aprecia Thee Gobre elugar da montagem, entre outras coisas) sto diverge Fee Sethe fan iteralmente da mesma coisa, O que interesss 2 Badin g quate exclusivamente a reproducio fie, “objetiva” de uma partdlad gue carmega todo o sentido em simesma, enquanto Eisens- Ten co conzebe a hime como discurso articulado, assertivo, que 86 faz se sustentar por uma referénea figurativa ao real Essas duss atitudes Ideolégicas decerto nao sto as dina pemsivels 0 fato € que, durante décadas, foram o centro de uma peemica as vezescifusa, sempre aguda, entre “os que acreditarh na Pongem ¢ oa que acreditam na realidade” (Bain). Talvez menos wnnedo conceitanlmente do que o sistema de Eisenstein, ode Bazin tin, om compensagio, uma espécie de carater de “evidencia” (em toosa sosiedade), que explica a influéncia muito grande que ele crane arcobee uma geragto inteia de teéricos (ainda se encontram (iannseraiosinios multo *bazinianos", por exemplo, nos textos aise Spuixonantes,esritos por Pier Paolo Pasolini, no final ds anos 6), Jracontsiri,oslatema de Eisenstein, por muito tempo mal conheci do (os textos de Fisenstein ocupam milhares de paginas, em grande pants inéditas), permaneceu até estes timos anos uma curiosidade EETmusou, ou quase, «sua redescoberta acompanhow, de maneira ‘Dem significativa,o grande movisrento ideokigico que, no campo do ‘Sinema, traduziu-se, por volta do nicio dos anos 70, por uma eitca (Gna das teses bozinianas (em name de um cinema "materialist ‘posto ao da "wansparéncia’). Sugestesdeleituras ‘A fango narrativa da monlagem: SOURIAU, A. "Succession et simeltansté dans lef’, emt L'univers miu (s0 8 eregao de E Sourian). Paris, 1953, (CHATEAU, D. "Montage et réci,em Cobiere du 200 sil 8, 1978. ROPARS.WUILLEUMIER, M.-C. ‘Fonction du montage dans const fotdon du réeltan Gnéana’, ex Revue des Sciences Harmsine, janeiro eis Definigbes extensvas da nagio de montagem: AMENGUAL,B. Cl pour lecindna, Paris, Soghers, 1971, pp. 149-164 BALAZS,B. Lesprit dacinéms. Pais, 1977 cap. 966. METZ, CH. "Montage et discours dans lei’ em Essas sr a signif ‘tio ax encina, tra 2 Pats, Khnckseck, 1972 Onitme: BURCH, N. “Plastique du montage", emt Praxis du cinfma, Panis, 1969 MITRY, |. Eehtiuee! sycholgi di ind, tomo 1. Pais, 196, xp. 910 iw As ideologias da montagers: NARBONL Jy PIERRE, S. © RIVETTE, J. “Montage’, em Cohiers du ‘intra 210, BAZIN, A. "Montage interdit", em Qu’ste que le cinéma? EISENSTEIN, SM. Auld de ois. Pais, 1974, passim, AUMONT, J. Montage Eisenstein. Paris, 1979, passim. {A fangio "expressiva" da montagem: PUDOVKIN, Vi. Fi technique, Nova York, 1958, pp. 66-78 Para.a historia ea pritica da montagem, de uma perspectiva muito cassia, a referénci bisica continua sendo: REISZ, 6 ¢ MILLAR, Gui Ti teloniue of film eiting. 2 ed. Londres, ‘Nova York Focal Press 1968, 3 CINEMA E NARRACAO Ocinema narrative © encontro do cinema ¢ danarragio [Na maioria dos casos, ir aocinema ¢ir ver um flme que conta uma hist6via. A afirmagio parece uma tolice, tanto dnema como narragio sio aparentemente corsubstanciais, contudé, ela nao eccr re por conta propria. ‘A principio, a unido de ambos nio era evidente: nos primeiros tempos de sua existinca, 0 cinema nio se destinava a Se tomar rmacigamente narrative, Poderia ser apenas um instrumento de it ‘estigacao cientifien, tm instramento de reportagem ot de doc ‘menldrio, um prolongamento da pintura e até um simples divert ‘mento efémero de feira. Fora concebido como um meio de regis, que nao tinka a vocagio de contar historias por procedimentos Sepecifcos ®

Você também pode gostar