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Poesia Trovadoresca
Poesia Trovadoresca
Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a
agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada
podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.
Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram
feitas de forma indireta, utilizando-se de duplos sentidos.
Cantigas de amigo
São assim chamadas as cantigas trovadorescas medievais para os poetas que punham na boca das
amigas ou namoradas os amores que viviam, podendo falar deles a confidentes que podiam ser as
mães e as amigas como os seres e as coisas da Natureza. O tema dominante é o amor não
correspondido, origem de todo o sofrimento, da “coita” e causa de desconforto e lamento. Com efeito,
a mulher que se lamente pela ausência ou indiferença do amigo é a donzela do campo, simples e
ingénua, sinceramente apaixonada, vulnerável a qualquer desilusão. Como protagonista, move-se
num ambiente de natureza que ela convoca como testemunha dos seus sofrimentos e muitas vezes
refletindo-os por semelhança ou por contraste. Vários elementos da natureza assumem papel de
cenário, de testemunhas ou interlocutores e, ainda, valor simbólicos (o mar, as ondas, as arvores, a
fonte, o cervo, o papagaio, a alba e o vento). São também cantigas de tradição popular, que
apresentam uma variedade temática inquestionável: cantigas de romaria, barcarolas ou marinhas,
albas ou alvoradas, bailias e bailadas, tenções (cantigas dialogadas), cantigas de cenas venatórias
(caça). Do ponto de vista formal, as cantigas de amigo apresentam, na sua maioria, refrão, sendo
denominadas, por isso, como cantigas de refrão. As que não têm refrão, muito raras, denominam-se
cantigas de mestria, revelando complexidade formal e semântica semelhante às cantigas de amor.
Além desta classificação, há a considerar as cantigas paralelísticas simples e as paralelísticas
perfeitas com leixa-pren como dominantes.
Cantigas de amor
O poema é em voz masculina, onde o sujeito exprime o seu amor. O amor é tratado como segundo o
ideal do amor cortês, de influência provençal, mas adaptado à nossa sensibilidade. A acentuação é
feita nos aspetos contraditórios dos sentimentos amorosos. A invocação é feita nos aspetos
contraditórios dos sentimentos amorosos. A invocação da senhora é feita numa atitude de súplica e
submissão. Repete-se bastante e nota-se bastante os poderes e da beleza da dama, de acordo com o
código de amor cortês.
O retrato da senhora surge sempre hiperbolizado. A senhora parece ser idolatrada por ele, ela
também exerce um certo poder sobre ele, ela também parece ser dotada sobre todos os seus dons e
atributos. Os sentimentos dominantes na cantiga de amor são: a devoção amorosa, prazer em
aceitar as decisões ou caprichos da dama, qualquer que seja; desejo e esperança de que as suas
súplicas sejam ouvidas e atendidas.
Coita de amor com várias origens: deixou de ver a amada, sente dificuldade em viver sem ela, um
sentimento amoroso que provoca “loucura”. Num caso mais extremo ou grave, a coita de amor
aumenta para a coita de morte, ou para a morte dele.
Em resumo:
• Elogio superlativo da dama (de elevada estirpe social); • Amor cortês (distância respeitosa
do trovador em relação à Senhora, cuja identidade, por princípio, não revelará);
• Vassalagem amorosa;
• Queixume pela desgraça de amor devido aos rigores, indiferença ou desamor da dama; (A
dama não deixa, por esse motivo, de ser, a todos os títulos, digna de amor e louvor).
• Quem nestas cantigas fala é um homem (sujeito poético) que se dirige ou se refere a uma
dona, oriunda de um estrato social superior (residindo em ambientes palacianos).
• O trovador imaginava a “dona” como um “suserano” a quem “servia” numa atitude
submissa de “vassalo”.
Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada,
colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não
correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo. pois
o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de
seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).
Análises de textos
“Levantou-s’ velido”
Em termos gerais, a “história” é simples: uma donzela levanta-se ao romper da manhã e dirige-se a
uma nascente para lavar camisas (brancas); aí chegado, o vento começa a soprar, fazendo voar as
camisas e a donzela zanga-se com essa perturbação inesperada. O termo “alua” aplica-se à manhã,
à donzela, às camisas e mesmo à nascente. Podemos também ter em conta o valor simbólico do
vento. Esta cantiga não se consegue classificar exatamente como uma cantiga de amigo, uma vez
que a voz feminina não está presente. Mas, no entanto, o protagonista e o cenário são típicos de uma
cantiga de amigo.
“Roi Queimado”
Dirigida ao trovador Rui Queimado, esta cantiga é uma das mais célebres paródias ao cliché da maré
do amor, tão repetidamente, jurada nas cantigas de amor galego-português. A sátira que aqui
desenvolve-se talvez tivesse sido propiciada por uma particular cantiga de Rui Queimado na qual
este trovador, por amor da sua senhor, lhe diz que se arrepende da sua anterior decisão de querer
morrer. Os dotes poéticos de Rui Queimado, cujo problema seria querer “meter-se” a fazer aquilo que
não sabe.