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FIGURAS OA HISTORIA DE PORTUGAL | SUMARIO Vets da Capa: FIGURAS DA HISTORIA DE PORTUGAL ‘2+ NENSAGENS DO GENERAL LEMOS FERREIRA 9 © EDITORIAL — A.DANGA DAS HORAS 44 © PREMIO-MAISALTO” MAJ PARAQ MANUEL CASMIARRINHO LOPES MORAIS ‘5 # DESPEDIDA Sew SEPARAGAO 6» NOTICIAS 71 GENERAL SROGHADO DE MIRANDA — NOVO CHEFE DO EESTADO-WAIOR DA FORGA ACREA 8+ AFORGA AEREA EM AFRICA (1981/1074) 17 6 MACAU E PORTUGAL 186 ESTADO-MAIOR PESSOAL 00 CEMFA CCOMANDO NO CLAFA 19. CLAFA — COMANDO LOGISTICO E ADMANISTRATIVO DA Fonga Aenea 206 AFORGA AEREA EM ANGOLA (1960/1963) ‘0 ¢ (V- HERALDICA DA FORGA AEREA 32 © A ELECTRONICA A GUERRA — EXPLORAGRO DEIMAGENS ‘TenMucas MAIS ALTO NO BRASIL A TEACEIRA REGIAO AEREA E A DEFESA D0 ULTRAMAR ORIENTAL CCONHECIVENTO CONTRA DESEIO [NOS BASTIDORES DA NATO — GENERAIS PACIFISTAS TESTEVUNHO — NORTE DE ANGOLA (1961/1962) HINO 04 FORGaA ARE? LUMA NAGKO SEM ARMAS ADERE AUMA ALIANGA DEFENSIVA CCOMPLEXO SOCIAL DAS FORGAS ARMADAS (COS [A MORTE DE JOE POESIAS DE ABRIL AP VAI A VILA REAL HA'50 ANOS — PLANTADAS RAIZES DO Aut (S JACINTO} Noticias. RENDER DE Ni CAPA “AGAS DE PORTUGAL” SOBRE 0 MOSTEIRO DOS JERONIMOS ESTADO-MAIOR DA FORGA AEREA PUBLICACKO BIMESTRAL MARGO/ABRIL DE 1984 ANO XX « NUMERO 228 PREGO 100$00 DIRECTOR E ADMINISTRADOR Brigacelro Ploto Aviacor JOAO MENDES QUINTELA SUBDIRECTOR ‘Tenente-Coronel PILAV ATILIO PALMA REGO SUBDIRECTOR ADJUNTO Tenenie Coronel TPAA ANTONIO PERESTRELO DA SILVA CHEFE DE REDAGGAO ‘Aspirante SG ‘CARLOS VALENTE Coordenagao gréfica: PSAR Duarte Fetraia 5 Carlos Simees Maquetizagao: Victor Clemente, Fotocomposigao: Teresa. Costa Montagom: Fornando Albuquerqus; Fotolitografia: Nuno Silva 6 «jose Sousa; Impressao: Seratim Barrola; Eneademagao: Jucite fois Fotografia’ PSAR Pabao Esteves e Alexandre Siva ARTES GRAFICAS: CENTRAL DE PUBLICAGOES DA FORGA AEREA FOTOGRAFIA CENTRO DE AUDIO-VISUAIS DA FORGA AEREA DIRECGAO, REDACGAO E ADMINISTRAGAO {y. Leite de Vasconcelos — Alfragide “elefs. 97 25 83-87 05 12— Ext 3272 ASSINATURAS PORTUGAL (Continente) ‘Anual — 450800 acrescidas do respectivo porte AGORES, MADEIRA o ESTRANGEIRO ‘anual — 450800 acrescidas Uo respectivo porte IMiltares em servigo obrigatério "Anual — 200800) [AS MATERIA EXPOSTAS NESTA REVISTA SKO DA RESPON: SABILIDADE EXCLUSIVA DO DIRECTOR © DOS AUTORES, NKO REPRESENTANDO, NECESSARIAMENTE, A DOUTRINA (OU0 PENSAMENTO DG ESTADO-MAIOR DA FORGA AEREA a A FORGA AEREA © terminar as minhas fungdes como Chefe do Da oie a ie rr traduziga na passagem do teatemunho em que os homens mudam mas em que as Instituigdes prosseguem, cumpre-me dar publica difusao, e é com manifesta satistagao que o fago, do reconheci- mento que sinto pelo apoio, espirito de equipa, von- fade ‘de realizagao © de servir que foram’ uma constante sempre presente em todos os militares & civis, homens e mulheres, que constituem a Forga Aérea. Conforme Ihe competia e continua acompetir,a Forga Aérea percorreu nos Ultimos anos um notavel Caminho de ajustamento &s novas condig6esda vida nacional, que abrigaram a uma adequacao répida as modernas técnicas de gestao, 4 revisao profunda dos principlos doutrindrios e do emprego operacio~ nal dos meios, bem como ao acompanhamento do progresso tecrologico mals recente ‘Aquilo que se conseguiu realizar e consolidar nos virios sectores, cortamente que nao tela sido possivel sem a dedicaco, o trabalho, 0 espirito de Corpo ede humiidade 6 o entusiasmo a que todos se entregaram, mesmo nas condigdes mais dificeis de notéria caréncia em recursos humanos e de meios de toda a ordem. Perante o incentivo e o desafio unificados na atitude atras referida, cumpria ao CEMFA procurar orresponderihe até ao maximo das suas capacida- des, pelo que aquilo que nao foi vidvel materializar foi devido as suas préprias limitagdes que nao colo- cam em divida as reconhecidas potencialidades e a vitalidade da Forga Aérea como organizacao e insti- {ulgdo. a0. servigo. dos superiores Interesses nacionals, ‘Com a confianga de que o futuro reiteraré ainda mais intensamente a disponiblidade e a determina- go de todos aqueles que servem na Forca Aérea para que esta progrida e evolua em ritmo acelerado, porquanto os outros no esperam por nés, termino Geta meneagem com a afirmagdo de ter sido para mim um priviégio e uma honra ter servido convosco ao longo de todos estes anos. MENSAGENS DO GEN. LEMOS FERREIA AO “MAIS ALTO” N a ocasiao em que se comemoram os 25 anos de existéncia do MAIS ALTO, é com o maior agrado pessoal como militar da Forea Aérea como seu ex-Chete do Estado-Maior, que expresso omeureconhecimento pela dedicagao e pelos estor- G05 feitos por muitos durante um quarto de século visando coneretizar 0 objectivo unico mas dificil de conduzir esta Revista ao elevado nivel desejado por todos nés, ‘Sendo uma publicagao periédica que serve um amplo e diversificado conjunto de leitores, desde aqueles da Forga Aérea até 4 populagdo portuguesa interessada em melhor conhecer este Ramo das For- as Armadas e aspectos culturais da aviagao e da exploragao espacial, incumbe ao MAIS ALTO a importante e ardua missdo de a todos procurar satis- fazer de forma isenta e equilibrada, com qualidade bastante e com aceitacdo natural. Em consequéncia, os 25 anos jé decorridos representa um patriménio assinalavel que importa preservar, desenvolver e, se possivel, elevar ainda mais. Numa situagao muito marcada pela omissto & pela distorcao dos valores e quadros ético-morais de referéncia, os quais constituem o indispensdvel cimento da uniao social e das Instituigdes, apelar e insistir no chamamento aos ideiais superiores do Homem, constitui uma nobre tarefa a favor da comunidade. Dentro da sua simplicidade, das suas modestas possibilidades e sem desvio dos seus objectivos essenciais, 0 MAIS ALTO tem vindo sistematica~ mente a consolidar-se, a progredir e a firmar-se ‘como um importante 6rgao da comunicagao social escrita de Ambito cultural-militar com credibilidade assegurada. Com o mesmo sentido de servir, com a mesma dedicagao e espirito de sacrificio que s6 as causas superiores conseguem fazer nascer e crescer, estou certo de que o MAIS ALTO prosseguiré 0 seu bri- Ihante caminho para satisfagao dos seus numerosos leltores e como recompensa do dever cumprido em relagdo aqueles que o fazem e Ihe dao vida. Parabéns ao MAIS ALTO pelas suas Bodas de Prata, bem como & sua Direcgao e colaboradores pelos éxitos alcangados, 2 = MAIS ALTO EDITORIAL &o é da 6pera “La Gioconda”, do misico N Italiano Ponchielll, que pretendemos dis- correr nesta meditagdo, embora a ela 16s- ‘semos buscar o titulo, Nao ¢ propésito, também, comentar a alternancia periédica e regular que se verifica todos os anos com a mudanga da hora de Invemo para a hora de Verdoe vice-versa. O que esté em nossa mente é reflectir na “danca das horas” que ocorre no panorama da nossa vida nacional, umas vezes omamentada de especta- cular dramatismo, outras revestida de humor e também de ridiculo. Proclama-se solenemente, por exemplo, que chegémos & “hora da verdade". Isto pressupde, naturalmente, que no periodo precedente terla- mos vivido na “hora da mentira” ou, pelo menos, na “hora da ocultagéo”, horas estas que, como aquela outra, ndo correspondem rigorosamente 08 sessenta minutos do cronémetro mas so, sim, varldvels em duragéo, podendo prolongar-se Por semanas, meses ou anos, consoante os inte- esses dos arautos deste tempo sem calendario. Curloso 6 verificar que, invariavelmente, ahora da mentira é sempre mais longa do que a hora da verdade, sendo frequentemente sobreposta com 8 proclamacdo e vigéncla desta ultima, a qual é multas vezes anunciada 86 para mais furtiva- mente continuar aquel Os “cidadaos bons” de Portugal vivem confun- didos com esta danca e muito mais perturbados com ela do que com o desacerto eventual dos seus relégios pessoais. As horas destes poderao seracertadas por um sinal hordrio radiodifundido ou televisivo, ou pelo bater do martelo nos cam- panarios; ou, ainda, pela informagao que se pede @ quem ao nosso lado passa. O mesmo ja néo sucede quanto aquelas outras horas, a da ver- dade e a da mentira. Estas, nunca se sabe quando entram legalmente em vigor e quando estao real- mente certas. A Danca das Horas Os “cidadios bons” de Portugal, jé psiquica- mente transtornados e frustrados com esta dia- bélica danga das horas intercorrentes, aguar- dam, para retomarem o legitimo equilibrio, que no ft nacional” sejam introduzi- dos outros tipos de horas: a do arrependimento e a da peniténcia, por exemplo. Desta forma a representaco teatral teria um pouco de digni- dade: se quem mentiu vem a reconhecer que é tempo de se integrar na verdade (louve-se a humildade), & natural que também se confesse contrito e se sujeite voluntariamente & peniténcia, ‘qual ndo pode ficar-se, apenas, com promessas de tentar corrigir o tanto mal que se fez enquanto vigorou a hora da mentira. E muito nobre seria renunciar ao exercicio do seu cargo, onde a ten- taco para continuar mentindo Ihe poder Irresistivel. Os “cidadaos bons” de Portugal viveram, em tempos recentes, a “hora do esbanjamento”, que os fez passar de um periodo j4 longinquo de razoavel bem-estar & opressiva “hora da auste- ridade” e cair dramaticamente na “hora da d crenga”. Esta hora, porém, apresenta-se esperangosamente de curta duracdo. Com efeito, 6 licito admitir que a nomeagdo do General Lemos Ferreira para as funcdes de Chefe do Esta- do-Malor-General das Forgas Armadas e do General Brochado de Miranda, para Chefe do Estado-Maior da Forca Aérea, sejam indicio de que hé, finaimente, 0 desejo de acertar os relé- gios da vida nacional pela HORA DO BOM SENSO. Embora este acerto ocorresse pela pri- meira vez e somente no ambito politico-militar, & de esperar que venha a verificar-se noutros pal- cos da vida nacional, atastando definitivamente o espectro da “hora macabra”, pesadelo ameaga- dor que tem preocupado a mente dos “cidadaos bons” de Portugal. J. QUINTELA Mais ALTO — 3 Major Para-Quedista Manuel Cas marrinho Lopes Morais pertenoeu ‘Aquela raga de homens que recuss parse em bicos de pés, preferindo canali- Far toda a forga e coeréncla dum cardctor al para um quotidiano de sacri- ficios e daterminacdo ao servigo do dos Crianga, nunca sonhoucom prebendas ‘ou desfles comemarativos, tao-pouco se ‘maginou de armas na maoa protagonizar aventuras, A ambigao que o movia entao fra ja & eva medias: ade um homem com. ‘0s pes no chao, empenhado em exceder- “se apenas como fal E naluralmente € nao como fruto de uma vocagae antiga que se matricula na ‘Academia Militar apos ter concluido 08 teetudos llcoals na sua Benguela natal [Em Marco de 1962 termina o curso de antinana. ‘Mas a sua tempora levou-o4 reivindicar desde jogo a Winchelra mais exposta. Se fa precise defender a sua Angola, entao {queria faz8-lo nas primeiras linhas, onde ode aspirar-se 0 cheiro da polvorae ver= See 0 rasto a0 inimigo. ‘Com este espirito se fez para-auedista, \Jéalferes, partiu para Angola em Sete ibro de 1963 para comandar um pelotaode combate durante 24 moses, ‘Se algo faltava para fazer dele 0 ines ‘quecivel eondutor de homens que a vida Velo a revelar, entao depressa o tera aprenaido nos planltos da Zona de Inter engao Norte. Ferido em combate am Setembro de 1964, 120 cedo a ferida cica- {rizou, assim ele voltou @ companhia cos ‘seus homens com redobrado sentido do dover & 4 forga do seu exemplo de chele corajoso. 'No final da Comissao fol Iouvado pelo General Comandante da2.' Regido Aérea “um olla] muito cumpridor,dis- MAJOR PARA-QUEDISTA MANUEL CASMARRINHO LOPES MORAIS PREMIO “MAIS ALTO” ‘cumpriu mises as mais das vezes andni- ‘mas @ que envolviam enormes riscos com Inexcediveis lealdade, profissionalismo © espirito ce miss, Delas se falar porven- ture um dia, e entao se verd quanta cora- ‘gem ihe foi precisa para responder presento om todas as ocasides, De volta 20 Regimento de Cagadores Péra-Guedistas em Abril de 1972, 0 dever ‘manda-o de novo @ Africa, em Novembro de 1973, ‘Desta ver vai comandar como major 0 Bataingo de GE. (Grupos Especials ce Para-Quedistas),E favlo por formaaqueo CEMGFA 0 louvasse porque: *..fendo comandado durante 13 meses o Batalh de GEP... conseguiu.. uma notavel Vagdo no aprumo, disciplina e eficiéncia ‘operacional des tropas G.EP. Morcé das Sues qualidadee de carécter, personall- Gado, oxtrema lealdade e pondsracéo. Vindo @ encontrar # morte. no cumpri- ‘mento de uma missao junto das sues tro~ as, om que, mals uma vez, soubere umprir integralmente @ missio quo Ine Tora atribuida esta vez, efectivamente, o seu encon- tro com devor fora fatal, Sendo um dos Diiciais que alinaram com 0 25 de Abril Soube ser igualmente um dos pouces que permaneceram fiéls & pureza das suas Intengbes. E sobre os mesmos caminhos por onde muitos militares fugiram as res- ponsabilidades, ele telmou em conduzir Be'seus homens a0 combate, na sevens. Certeza de que shonra,odevere oespirito para-quedista lamconsigo aoencontroda morte Morreu em 4 de Agosto de 1974, 208 34 anos. ‘Deixou vidva a Sra. D. Rosa Marla Gide ddo Nascimento Pires Lopes Morals.©.qua- {ro fiinos: Pedro, Joao, Manuel € Miguel. Major Para-Quedista Manuel Casmarrinho Lopes Morais ciptinado ¢ isciplinador, sempre pronto para dar 0 maximo do sou esforco @ a Impulsionar pelo exemplo.. 'A partir de Outubro de 1865 cumpre no Regimento de Cacadores Pare-Quecistas diversas missoes de instrugao e comando de tropas, ate embarcar em Dezembro de 1966 para a Guiné, onde ia comandar durante 18 meses, como capitic, cP 122, ‘Al temperou 0 cardcter nas duras pro- vas de combate a céu aberto contra um inimigo omnipresente, bern armado © decidido, ’A sua eocao ne comando da companhia {ez jus ao louvor do Ministro da Detesa: “oficial Intaligente, disciplinado, valente, modesto, franco e lea, dotado de ma calma e sangue trio contagiantes. fendo conseguida que a sua Companhia atingisse. allissimo_ nivel _operacional ‘Sendo sempre © primairo nas missdes ‘mais arriscadas e encontrando-se sempre ‘nde a luta era mais acesa, avidenciando lima invulgar coragem fisica © um total ‘desprezo pelo perigo...consegulu tornar- Sse um simbolo para os seus homens © arrasta-ios ao cumprimento das misses mais arduas @ dices.” Tendo regressado ao Regimento de ‘Cagadores Para-Cuedistas em Maio 6 4868, volta & Guiné em Abril de 1970 para desempennar fungoes no Centro.de Ope- ragdes Especiais do Comando Chele. Um Gesatio que entrentou com a serenidade ¢ ‘modéstia que caracterizaram toda a sua vida’ ‘Ai, no comando de tropas irregulares, Foi condecorado com a medaina de Cruz de Guerra de 1 Classe, a Medalha de Praia de Servigos Distintoscom Palma, '@ Medaiha de Mérito Militar de 3 Classe, {33 Medalhas Comemorativas das Campa fhhas das Forgas Armadas em Angola Guiné, a Medalha Comemorativa des Gomissoes de Servigos Especiais no Estado de Mogambique, @ tinha direito a lisa? os dlstintives especiais da Medaiha de Ouro de Valor Miltar com Palma e da Medaina da Gruz de Guerra de 1.Classe Permanece naossamemériacomoum simbolo de coragen, lealdade,camarada- gem, espiito de misséo @ sacrifcio, frodastia e firmeza de cardcter,atributos {do Chete militar que se conduziu na peze hha guerra com a inexcedivel grandeza do Homer. MAIS ALTO. DESPEDIDA SEM SEPARACAO ‘uma reuniao intima sem espavento, onde imperava a. tradicional modéstia dos militares da Forga ‘Aerea‘e as Senhoras vestiam sem a osten- tagao de rico vestuario nem 0 adarno de [oias raras, 0 General Lemos. Ferreira espediu-se dos oficiais que.com ele cola- boraram nos sete anos de exercicio das fungoos de Ghote de Estado-Malor Foi uma corlmonia revastida da maior dignidade. na qual todos os presentes esiavam sintonizados com o alto signifi ‘cado do momento; a justissima decisao politica da escotha do novo Chete de Esta do-Malor-General das Forgas Armadas, as ‘responsabilidados que sobr9 cle vao recair no momento eritico da actualidade nacio- hal @ internacional, a certeza de que as Forgas Armadas e a Nacao tem om t20 alto cargo o homem adequaso aquelas responsabilidades, Em tragos concisos @ perfeitos, o Gono ral Brochado de Miranda, que Ine sucede has fungOes, descreveu © perfil de Lemos Ferreira. "Reagiu contra a inditerenga; rea: giu contra o oportunismo; reagiu contra a ‘demagogia; reagiu contra 0 comodismo”. AAinda na sua brvo alocugao 0 General Brochado de Miranda acrescentou "NBO procurou nem concedeu privilegios; fodos 0s membros. da familia da Forca ‘brea, de todos os esealdes da hierarquia, tratou' com igual iseng8o, com a mesma hhumanidade e também com igual rigor; seu prioridade aos projectos que beneti- ciavam 08 postos inferiores; subordinou- sse ao poder politico; respeitou a Consiituiedo". Em suma. “nao cultivou 0 opulismo; ndo fez demagogia: foi prag- miatico, dinémico, eficient Prosseguindo, ‘0 General Brochado de Miranda, interpratando o sontimento geral, ‘exprimiu a satisiacao e a vaidade de todos por serum elemento da Forca Aérea 8 o0u: par 6 posto de maior relovo na hierarquia as forgas armadas, meta que esta dentro ‘das aspiracdes legitimas de.um chete mil tar que possui os atributos que Cicero cxigia do bor general 0 valor (com tudoo {que a palavra implica). a poricia, a autori dade e a sorte ‘A terminar, © General Brochado de Miranda referiu-se a igual satistagao que se manifestou na generaiidade dos outros ramos das forgas armadas e também do ‘meio eivl, 0 qual fo! impermedyel a algue ‘mas “campanhas menos correctas, clara Imente encomendadas por quem nao visava 0 prestigio dos militares © 0 int ‘esse nacional” Em resposta, 0 General Lemos Ferreira afirmou ter plena consciéncia das respon- ‘sabilidades que tera de enirantar nas fun- GOes para que agora fol _nomeado ‘sperando, todavia, que a colaboracao de todos os ramos das forcas armadas the faciitara a consecugao das missdes que fra Ihe cabom. Som outras ambigdes que rao sejam as que sempre claramente reve lou, isto ¢, servir como militar © cumpeir ‘como cidadao, oseuinteresseunicoécon- Uuibuir para 6 prestigio das forgas armadas © perenidade da Patria. Terminou dizendo que nao considera a sua nova uncao come luma separagao radical da Forca Aérea e ue transpora, consoante as oportunida: dos, 0s portses que o novo CEMFA, Gene ral Brochado de Miranda, he garant estarem para ole sempre abertos. (© lerceiro« conlar da enquerda, Lemos Ferreira, ainda capllaa, membro da patuiha acrobatica “Dragbee" MAIS ALTO — 5 [ APRESENTARAM CUMPRIMENTOS VISITAS DE TRABALHO ‘AO CEMFA ie. i anda da sun pessagem a stuarae de reserva, o Chee do siogo Melor-Genetal dae Foreas Armadas, Geneva! Melo Egitio, Seslocou-se a atragige onde era aguardado pelo Generel Lemos Ferrara ‘amib6m em Alragide esteve 0 Embaixa- orca Belgics, Senor Marcel Houllez ACADEMIA DA FORGA AEREA >, © Chale lo Estado-Malor da Forga Atrea, General Lemos Ferri cefocioow uma vita de rabaiha a Acadomia da Forga Aérea, em Sintra Apos 0 "brieina’ sagulu-se uma vita as Instalagdes da Unidece, onde estao em curso importantes obras de eiticapao, CORPO DE TROPAS PARA-QUEDISTAS— Visit também as aovas nstlardes do Corpo de Tropas Pir: -Quadhaias, om Mansanto, onde #78 aguardaco polo espectivo ‘comandante, Brigadeiro Heitor Almendra, AO VICE-CEMFA neta Firming Miguel, apos ser empossad no cargo de chefe do Fstago-Maior co Ewercila,ostaveem Airagige com o5e omologe da Forea Aetea, General Brochago do Miranda, Também em Aragide estave 0 Adiéo oe Dbstena da Suiga, General De Chastoney, ‘que se faziaacomparar pelo seu sucessor fo eargo, Goneral Rene Planche 0 General Brochade de Miranda ocsbeu 9 ‘Aside Defeca e Naval de Espana, Ca verre 0. Antonio Foiten acomparkade palo Coro fez Lanza, heiGo ABronau- fico daquele pas em Portugal, ESQUADRA 12-PACGOS DE FERREIRA + Acompantudo pelo. Comandante Legistico-Adminisrative da Forge Aerea, Generel Nendee Dass outros oficiais generais espn huts pels Drosgoes Tecncas,eslove ra Esquacta de Detecgio, Aerta © Conduta do Imeroopeao "12 (EDACI-Y2), em Pagos de ‘0 General CEMFA vistou as instalagGes do aquartelamante @ 2 instalagses tconiens secladae na Sera da Senhora co Pilar © teve lima brave reurige com ops 8 380. Th Eequadra 12 © 6 ome ola gilne'a do espace aéreo nacional anor do parseio 40 6 polo controls e asisioncia das eeronaves em tidneta na sua area de responsabiidede, em ‘oordenaeto como Centro ce Operagces de Dolesa ABrea (CODA) Ser Menssnta Lisboa ESQUADRA 11 — MONTEJUNTO Temibém numa das suas deslocacées, © Gen: esteve na ESQ-11- Monejunt, tendo percorice demoradamenteas FRstalagoes Wenican daquela unidace, apos ter asistido ao “bre fing" apvesentaco pe respectivo eomandarte 6 — mals ALTO ceu em 26 de Agosto de 1926, 0 General Jorge Manuel Brochado de Miranda foi, por decisdo governmental, designado para assumir as altas fungdes de Chefe do Estado-Maior da Forca ‘Aérea. Tal decisdo foi absolutamente natural e logica, correspondendo as perspectivas com que deve aceitar-se que 0 poder militar se subordine a0, poder politico. Com efeito, abre-se com as decisoes justas a que vimos assistindo, a era que poe fim &quela em que se pretendia colocar limites imuta- veis as ordens absolutas dadas aos Militares pelo Poder soberano, tantas vezes na nossa historia entregue a maos indignas. Para além de uma competéncia profissional impar, bem revelada na sua folha de servigos, 0 General Brochado de Miranda ¢ 0 exempio vivo do militar consciente dos elevados padrdes morais que definem o perfil do profissional integro e de clara nogéo do que representa a honra de envergar o uniforme da Forga Aérea. Demais, no naufragio uni- versal das crengas que caracteriza a actualidade, 0 General Brochado de Miranda definiu sempre a sua fée total integracdo na soberana caracteristica da Forga Aérea, que 6a HONRA, virtude bizarra, orgu- ihosa, de uma vitalidade indefinivel e que se con- serva de pé no meiode tantos dos vicios queatacam a moderna sociedade. N atural do concelho de Amarante, onde nas- ail ‘General Brochedo de Miranda (CEMFA) GENERAL BROCHADO DE MIRANDA NOVO CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA FAP ais ALTO — 7 A FORGA AEREA | EM AFRICA (1961/1974) Pelo GENERAL MANUEL DIOGO NETO 4 — INTRODUGAO 4, Nacéoada de $0, apés a Il Guerra Mun- dial, as Pottneias Coloniais decidem con- ‘cadera independénciaas suascoldnias. A Independencia do Congo Belga, em 1260, feveste-se para nds. de excepcional importineia’ pois € neste terrtorio que tem origem 6 terrorisme no Norte de ‘Angola, em principios de 1961.0 PAIGC iniclaa utaarmada om Jancirode 1963.03 FRELIMO em Setembro de 1964 (Muada) GUINE ie © General da Forga Aérea, Manuel Diogo Neto, nasceu a 16 de Janeiro de 1924 € alistou-se como voluntério para piloto em Agosto de 1943. Notabilizando-se logo de Inicio como oficial deltas qualidades militares, fol,no periodo de 1953 a 1958, comandante de esquadrilha e oficial de operagdes da esquadra n.° 20 da, wwe Aérea n°2, dolada com avides F-84G; seguidamente seria comandante do Grupo 1, na mesma 18e © com 0 mesmo tipo de avives ‘De 1960 a 1963 desempenhou serviga na 2." Regito Aérea (Angola), onde comandou a posteriormente & {ol Chete do Estado-Maior. Regressando & Metropole cor ‘2 Zona Aérea, om Bissau. ‘De 1971 a 1972 loi Director do Servico de Instrugio da Forga Aéreé ‘a0 Ultramar em 1972, desta vez para comendants we Abrea n.° 9, dotada com avides bimotor ‘andar © Grupo 901, equipado nao s6 com aquele tipo de evides mas também com avides F-84G, PV2 e Domnier27. Na mesma Regio At pela cua aco notavel pera o salvamento de diver Romeadamente no cerco de Mucaba, o que the va ndou a B prestar servigo na Zona Aérea de Cabo Verde ‘Nordatlas, pessando ‘onde contribu 's povoagdes e de numerosas pessoa: '2 promogdo a Coronel por distingdo, ‘Aérea n°2,masem 1968 fol designado para ‘Guiné, onde comandou a Base Atrean."12 13." Regio Aéres S ‘De 25 de Abril @ 30 de Setembro de 1974 fol membro da Junta de Salvacao Nacional ¢ também Chele do Estado-Maior da Forca Aérea. Tntre outras condecoregdes possul a Medalha de Valor Militar de Prats com Palma, ‘Claseo e.a Torre de Espada. 1u pedido, em 30 de Setembro de 1974. Cruz de Guerra de 1. Passou i situacdo de reserva, CO desenvolvimento das nossas Provin= clas Ultramarinas, com destaque para 0 petrole0 de Angola.e empreendimento de Gabora-Gasea, @ importancia vital dos portos do indica e do Atlantico para pro- fecgao da rota vinda do Golfo Persico obrando 0 Cabo da Boa Esperanga, as posigoes estrategioas dos arquipélagos 40 Atlantica face & navegagao maritima e ‘20 espago aéreo no Sul deste oceano s80 ‘algumas das razbes queinduzem aatastar Portugal do Continente ATricano. No con~ texto internacional eramos considerados a mais em Africa. Inclusivamente, nao era o agrado da Africa do Sul ter como vizi- ‘tho um Portugal forte, pertencente & NATO, pais euroneu, sonhando com uma Comunidade lusiada com 0 Brasil—ponta ‘de Tanga do imperiallsmo americano na Arica Austral 2. Durante 19 anos as Forgas Armadas Portuguesas travaram, nos 9 Teatros de Operapdes, combate contra um inimigo = MAIS ALTO armado apoiosdo do exterior, sendo nosso objectivo fundamental protager as opulades e manteraintegridade teri fial em Angola, Guiné e Mogambique. Portugal nao estava miltarmente pr parado para enfrentar a violéncia armada 86 a cusia de muito estorco e sacrificio {oi possival suster o ambatainicial do ter~ ror'smo e resistir de mado a eriar cond bes que pormitissam encontrar solugdes Vantajosas para os teritérios em causa e paralas respectivas populacées, quornati= as quer de origem europeia e asiatica Sendo preciso resist pelasarmas, as For- (G85 Armadas aasim o fizeram até ao 25 de Abn Ml — ACTIVIDADE DO INIMIGO 1. Oinimigo destrutou de amplo apoio da Russia, da China, dum modo goral do. todos os paises de exprosszo comunistae: {de alguns do “Ocidente", como se provou pelo armamento caplurade. Pormenor ‘urioso torom sido enconiradas em 1968, ‘munigdes 7.62, de lotes mais recentes que 05 ullizades polo Exército Portugues, vendides pela nossa Fabrica de Mosca: vide & Belgica (NATO), que dover tor sido adidas a0 Zaire, que por sua ve as pas 50uaFNLA, 2. 0s paises limitrofes serviam desantua- fo & guerrina. A Tanzania e 2 Zambia {poiavam a FRELIMO, treinada por instru {ores chineses, tando como base principal Naohingwoa (Tanzania) servida pelo porto de Mtwara, onde o equipamento era osombarcado. O Zaire auxilava e permi= tig apermanencia da FNLA (UPA) de Hol den Robert — inspiragao norte-america- na. A Guiné Conakry apolava abertamente 0 PAIGG, anquadrado por Cubans a soldo dos russos. Aposamorte {de Amitcar Cabral, Sekou Touré passou a dingira luta. Todos estes patses iam apre~ sentando na ONU queixas contra viola- (Ghes de fronteira © desenvolviam am Campanha contra Portugal. (© facto de nao lermos exercido, por ‘az¥es politcas, 0 direito de perseguigao de assalto as instalagdes inimigas alem frontairas, hoje pratica aceite anivelinter- nacional, garantia a impunidade dos ata- antes ea sistematica introducéo. de armas no nosso teritorio, 3, Dum modo geral, @ populacao local nto aderiu aaceao do inimigo. Ameagada, acolhia-se 4 protecgao dos aquartelame tos, desiocava-se para as povoacoes, pas- sava_a froniteira ou relugiava-se ‘nas matas. A maxima de que "o guerrilheiro Vive na populagdo como o palxe vive na agua" ndo tinha grande aplleagao. Por outro lado, 0 reardenamento em do evitando, porém. a passagem ce Informagoes 4, A actividade do inimigo visava o isola- mento das povoagoes @ guarnicoes, cor- tando os itinerarios por meio de obstaculos, destruigdo de pontes © pon t0es, colocagao de minas e armadihas e montando emboscadas as colunas auto e 88 Forgas em movimento. ‘A maior percentagem’ de baixas em mortos @ mutilades ficou a dever-ce & aggao de minas accionadas por viaturas, Chegaram a ser aplicadas contra locomo- ‘BAS - Luanda - 1963, tivas na linha Inhaminga-Moatize, ornando-se necessario viglar 0 camiaho de ferro para evitar a paralizagao desta ia essencial a0 reabastecimento de Cabor Bassa, Tentativas para colocar minas em pistas de aviacdo nao resultaram 5, Algumas Unidades da Forga Aérea foram flageladas, com meior ou menor Intensidade; Bissalanca, Tele, "Toto, Negage, ete. Contra Mueda a FRELIMO ‘alacou varias vezes, empregando moos escalonados no terreno, com canhoes sem recuo, foguetoes © mortairos. Metra thadoras e langa-foguetes protegiam as posigdes das armas pesadas. A organiza (40 ra defendiaa por anti-agreas, tendo im T-6 side abatido durante uma aeyao octurna. ‘A Forca Aérea reagia com fogo terres: tra, helleanhOes © avioes descolando da propria Unidade ou de pistas proximas, como no caso do Porto Amelia. Ndo se verificaram baixas no pessoal nem estra- {908 nas insialagdes. As eronaves esta vam protegidas por espaldaes, Num dos ‘ataquos a Mueda incendiaram-se varios tambores de combustivel, acontecimento mals espectacular do que grave, em vir- tude dos Noretiasterem reposto imediata- mente 0 nivel normal para operagses. 6. O'armamento do inimigo era superior ‘20 nosso em qualidade, mas 0 facto de nao disporem de melos aereos esequilibrava-o por completo, ‘A Kalashnikoy © a metralhedora Deg- tyarev, com munigao 7-62 mais curta © mais lave do que a nossa, eram superiores 88 G-3eHK-2) Em mortelros iam ate a0 Calibre 120, enquanto nés n8o pessava- mos do 81'e nalguns locals do 105. Os lanca-foguetes RPG2 ¢ RPG7 eram de longe superiores ao Instalaza 89 ou 20 Improvisado langador de SNEB 37 mm — foguete dos 7-8. Incepazes de dotarmos as nossas tropas com armas equivalentes, {as Tropas Para-Quedistas.optaram por Usar armas e municoes capturadas, espe ialmente na Guine. ‘Como oquipamento pesado _sobres- ‘salam oa canhoes sem recuo 8-10, 0s foguotees 122mm, langados de rampas apropriadas, tendo chogado a fazer ogo om cannes 57mm AC no Sul da Guns (Sangonha - Gadamael Porto). Em armas anti-aéreas, os calibres eram 127, 145 - ZPU1 @ ZPU4 (quédruplas) 37mm. Nos. primelros anos de 70 surgiu na Guiné 0 SAM-7 (Strela). A FRELIMO tam- bem o recebeu, mas sem obter resultados, talver por inexperiéncia dos operadores & pelas medidas cautelares tomadas pela Forea Aérea em Mogambique na base da experiéncia da Guiné. 7. Da acgdo do inimigo é de destacar 0 seguinte: — incapacidade para reunirforgas sufi- clentes "que Ihe "permitissem “ocupar aquartelamentos ol, povoagdes, ainda ue temporariamente; — grande vulnerabilidade aos meios ‘2éreos sempre que pretendeu instalar-se no terreno, a descoberto, mesmo prote- Gido por anti-aereas, como acontecou na Guine, — resultados pouco significtivos nos ataques e flagelagoos as mstalagdes 6 as Forgas em operagoes — capacidade de dispersao e de issi- mulagao a coberto da vegetagao (dificul- ade de relerenciagao): —emprego stectivo de minas nos Itineraries: —‘emboscadas bem preparadas, turtando-se imediatamente a0 contacto com as nossas tropas, 8. A querritha nao conseguia ultrapassar © patamar em que se encontrava, Mas 3° Portugal no podia ser derrotaco militar mente também nao conseguia desarrelgar completamente a guerrlha, Acabar com a violéncia es subversioimplicava aaplica ‘Gao dos vectores militar, sbcic-econdmi- o e politico. Um destes $0 por si nao levaria a terminar a guerra sem a perder. Vimos 6 que aconteceu, Ill — CONCEITO GERAL DA NOSSA ACCAO 1. 0 concelto que se aplicou, sem gran- des alteracdes, fo! 0 seguinte — defesa das populagdes e dos pontos vitaig, — contengao da subversio nas popula- (gbes e da expansao da actividade armada 8s dreas ainda nao afectadas; Mats ALTO — — eliminagle_dos_ grupos. inimigos, recuperagao dos seus elementos © cap~ {ura ou destruigao do materi einterdigao dos reabestocimentos ras éreas de infiltagao juntos fronteiras; eSTecuperagao das populagdes retu- pladas nas malas: aesdesenvolvimento econémico na pro- dugao de alimentos, energia e industria, exraceao ce minerios, pelroleo © 8s, ‘construgao de estrada, aerdromos, etc me'aeGH0 social pola salide, habitagao, ensino, previdencia no trabalho, na fami lia, ete 2. Como jécitado, um dos aspectosnega- fivos fol nao termos aplicado o direito de perseguigao e de destruigdo das instala- (Goes inimigas nos paises imitrofes. Tnclusivamente, qualquer violacao de fronteira, mesmo acidental, por terra ou or ar. era objecto de severo inquerito para apresentagao de desculpas # nivel Internacional, com natural desagrado dos combatentes. 3. Outro aspecto negative fol a chamada Fetracgao do dispositivo com o pretexto {de economizar forcas e de eliminar o rea~ bastecimento cas Unidades mais isoladas. ‘A retracgao equivalia @ reciticagao de jas, permitindo maior iberdade de fontos. ao Inimigo e feclitando Implantagao de governos provisorios, Come aconteceu. ra Guine (Madina do Boe), Imediatamente reconhecido pela Comunidade internacional No Norte de Angola, em Margo de 1961, tinham sido abandonacos 48 postos administrativos @ povoaeées, mas 0 ‘Governador Geral de Angoia. General Ve- hhancio Deslandes, determina asua reocu- pact, 0 que permitiu reabrir os Rinerarios, a apresentacdo das popula- (Goes recuperar a economia, am especial 3 produgtio do cate. Uma das areas consideradas ibertadas pelo PAIGC era 0 Quilafine, onde fro- Quentemento a. Forga Aérea teve que intervir para destruir posigdes anti- ~aereas. ‘Em Mogambique, as frontelras e Norte de Tete, Cabo Delgado (Rovuma) eNiassa stavam praticamente desguarnecidas Nao satistalto com esta situagao desfevo~ favel, 0 CEMGFA defendia a tese de so Cfectuar a relracgo om Cabo Delgado para uma linha que incluia o Rio Messelo, 40 — MAISALTO ‘Quartel do PAIGE, algures na trontelra. (Reconhecimento em Fiat G-81) implicando tal manobra 0 abandono de Mocimboa do Rovuma, Nangade, Muoda, Nangololo, etc. A verficar-se, ter-se-ia (riado uma area livre propiciaainstalagao ‘Gum governo da FRELIMO em territério hacional, beneficiando da vizinnanga da Tanzania © servida pelos portos de Mocimboa da Praia e Palma cuja manu tengao passaria a ser insustentavel Iv — ACGAO DAS. NOSSAS TROPAS 1. As nossas tropas actuaram, dum modo geral Bi através dum sistema de quadricuia, sempre incuficiente dovido a vastidao ter- fitoral, em especial em Angola © Mogambique: oMempenhando Forgas de intervengao fem acgbes de asealto, golpes de mao, femboscadas e perseguirlo: ‘com flagelagio de artitharia; = Com metos aéreos fogo, reconheci- mento (visual @ fotogratico) transporte colocagdes, vassaito, evacuacoes © logistieo| ceicom meios navals na vigiéncia das linnas de costae patrulhamento dos rlose lagos. 2, Quanto durago das acgdese volume {os electivos emponhados nas operactes ‘exstiam dors conceltos, dependentes do trterio dos Comandantes dos Teatros de Gperagdes © dos respoctivos Estados “Maores: mibsaeg08s prolongadas, com elevados .ctivos, exigindo largo apoio logistico, setao9bee curtas, pontuais, com peque- nos efectives, bem armados, dotados de Qrande mobilidade e de boas Gomunicagoes. 3. 0 segredo das operagdes era funda ental para a obtencao do sucesso, mesa fuga de informagées ocorria frequente- mene. ‘Os movimentos das nossas tropas eram ‘etectavels logo & saida dos aquartele- mentos. As deslocagoes por estrada facil- mente. referenciadas. Operagdes planeadas com antecedéncia nos esca- foes mais elevados eram objecto de que- bra do segredo, permitindo ao inimigo furtar-se a0 contacto, mudar de area ou A FORCA ‘montar emboscadas nos locals mais des- ‘avordvets para nds 4, Desde que se dispusosse duma infor- magao de contlanga ou de guias, a maior parle das vezes elomentos recuperados, Aue conduzissem ao local exacto, & factuando por surpresa, 0s resultados Gram componsadores em baixas e mate~ rial destruldo ou capturado. ’As inlormagoes eram obtidas de prisio- neires, por intercepego de mensagens: ‘dio, por econhecimentos aéreose pela ‘Gocumentagao recolhida nas operagoes. Foi por intoreepea0 duma_mensagem fadio que se soube da chegada dos Canhoos. anti-aereos de. 37mm a Sare Morso. reabastecimento, por colunas jeadas, exigia Um sistema de informa- ‘Goes eficionta para se saber quando che- ‘gavam os carregamentos de material aos, ortos dos paises vizinhos e passavam as ‘Solunas dos caregacores. Fol assim que © Capitao Cubano Peralta fol interoap~ fado, ferido e recolhico para o Hospital Militar de Bissau, numa emboscada das Tropas Péra-Cuedistas, no corredor do Ginlpje, quando seaguardava a passagem ‘duma caluna com armas e munigdes vin {das de Kandlatara (Guiné-Conakry) 5. Os efectivos foram sempre considera ‘dos insuficientes, Hevia Companhias do Exerotto reduzidas a 60% do etectivo nor- mal. As comieses eram de dois anos, Com aagravantede queasrencigoes raras ‘vezea ge processavarn a data marcada Por outro lado, 0 nosso soldado, ainda {que batenco-se bam, actuavanumterreno {gue nao iho era familar, estava desenral- Zado do sau ambiente normal, comaagra~ ante de que 8 alimantagao nao era a Melhor nas guarni¢oes isoladas “Feve-se que proceder a africanizagao dos efectivas, com resultados positivos, pelo menos na Guine e om Mogambique. Resta ultima Provincia, em 1974, 60% do elective total era constiiuldo por atricanos ‘de raga negra que se rovelaram excelentes fa contra-guerrilna, Acolaboragao com 0 Inimiga, como se receara, no se vertical. v — DIsPosiTIvo DA FORGA AERA 4, 0s acontecimentos verificados no 1. trimestre de 1981, em Angola, encontram ja.2 Forga Area’ em fase de instalacdo, fom alguns meios aéreos (Esquacras de Noratias © Pv2 e alguns Austors) em Litanda e no Negage. ‘A\visa0 do Subsecretério de Estado da Aeronautica, Kaulza de Arriaga, levara-o8 ‘Geterminar a ida duma comissao chefiade polo brigadelro Venancio Desiandes, em Maio ce 1956, as Provinclasde Africa, com O objectivo de estudar a implantecao das hecessarias infraestruturas aeronaulicas, 2 possibilidade da deslocagao rapida de ‘avioes ce reacedo ©, ainda, promover aegbes de propaganda no. santido de fecrutar pilotose especialistas nos Liceus. © Escolas Tecnicas, O plana inicial da Defesa Nacional pre- NSW eer We ae) via criacdo duma Base Aérea am Nova Lisboa (Huambo), onde a Aviacao Militar Ja esiivera insialada (1921-1824) com um Grupo de Esquadriitas equipadas com Caudrons G-8 e Breguets XIV. ‘A miss4o de 1858 propos. devigo a extonsdo terttorial e a elevada altitude de ‘Nova Lisboa, "penalisando" os avides do reaceao (pista minima de3.000m), um sis- tema mais alargaco, trangular, de Bases om Luanda, Lusoe Mocamedas, onde esta Uitima se destinaria ao treino de tiro “sola e ar-ar dos avioes 3 desiocar Em Abril de 1958, na sequéncla duma palitica de instlagdo da Fora Aérea em Angola, teve lugar o Exercicio Himoa em ‘que participaram 6 C-58, 2 DC-36 6 PV2 2 Aevolucao dos acontecimentos no Ex- “Congo Belga, em 1960, lsvou os respon- ‘iveis a adoptar Um dispositivo destinado ® fazer face a ameaga vinda daquele terr- terio: Unidades Bases em Luanda (BAO), Negage (ABS) 6 Henrique de Carvalho (AB) 6 Aerodromos de Manobra (AM) no Toto, Maquela do Zombo, "Cabinda Camaxilo, Portugalia e Gazombo. No Distita do Congo (Noroeste) a Implantagao verificou-se estar correcta ainda que tivesse surgigo @ necessidade deter uma pista em S. Salvador (rua prin- cipal dacidado) ¢proparar Sazairoparaos avides de Apoio Fogo — PV2 e F-84G. Mais tarde, a abertura das hostilidades ro Leste desiocara o centro de gravidade as operactes aéreas para oLusoe levara { utlizagao de pistas avancadasem Gago Coutinho, Culto-Cuanavale e Nerquinha © a deciséo de construlr Serpa Pinto (0 Comando da 2. Regiao Aérea estava om Luanda, iguaimente sede do BCP21 3. Na Guiné, a Forca Aérea instalou-se fem Bissalanea — Comando da ZACVG, BAI2¢ BCP 12 — e 36 0m 1970 dispos de mais ‘trés_pistas asfaltadas —' Nova Lamego, Cular e Aldeia Formosa — per~ mitindo uma melhor cobertura operact fal do Sul ¢ Leste — Gabu @ B06. Nova Lamego tinha sido prepareda para Fiats © ppassou a contar com um destacamento permanente de avioes ligeiros. 4. Em Mogambique, 0 dispositive a Norte @'no saliente do Tete astava de acordo om a situagao existente. 0 ABT revelou- -se de primordial importancia para defesa da cidade de Tete a de Cabora-Bassa, No Distrito do Niassa, Vila Cabral (AM61) dosompenhou bem a sua missa0 ‘operacional, enquanto que Nova Frelxo (AB6) Ine servia de base de apoio. Muede (AMS7) fol sem duvida a Uni {dade mais importante sob o ponto devista peracional, por estar encravada em plena drea de actividace ga FRELIMO. Era ‘apoiada por Nacala (ABS), rocuada em rolagao a drea do intervengdo. Um Decta- ‘camanta de Flats era mantide em Porto Amelia. Em Nampula, Comando da 3." Fegiao Aérea, encontravam-se @ Manu- tengao.e 0 Comando da Esquacra de Heli- copteros.pertencente ao ABS, mas os Imeios petmaneciam normalmente em Mueda, ainda que outros Destacamentos Tossem mantidos, coma 0 de Vila Cabral A Beira (BAT0) e Lourenco Marques (ABB) eram as sedes do transporte medio (Noratias © DC-3). Descentralizadas em flacao as areas das operacdes em curso, Justficavam-se por estarem junto das, duas cidades mais importantes de Mogambique ‘Os BCP31 e 32 estavam, respectiva- mente, na Beira @ em Nacala ‘© Comando da3 “Regiao Aérea,inicial- mente em forga em Lourengo Marques, fo! progressivamente pasando para Nam- pula, onde estava © Comandante-Chefe, ‘le que em 1873, a maior pare das Dele ‘gagdos das Direcebos de Sorvigo comoca- am a ser transferidas para esta ultima Gidade onde. jd se encontravam os ‘Comandas dos outros dois ramos. 5. Dum modo geral, se atendermos que a Forga Aérea parilu do zero em todas as 3 Provincias, 2 implantagao do dispositvo fo), todos os itulos, nolavel. De tal mado que durante anos as Unidades da Matr6- pole (Lages incluida) foram sacriticads Fas suas instalacdes, A maior parte das Verbas era canalizada para o Ultramar ‘nao esquecendo 0 AT! (Sal-ZACVG) #6 AT2 (8, Tome — 2" Regio Aérea) A rede de Aerédromos da Aeronautica Civil fol ge extroma utlidade, assim come ‘as pequenas pistas de terra batida junto {das quarnigoes do Exército para apoio logistico e Gvacuagdes que se processa- vam ce dia ede noite, sinda que neste Utimo ease com tmitag VI — AERONAVES 1. A Forga Aérea viv-se obrigadaa utilizar material obsoleto @ pouco adaptado as Caracteriticas oa luta imposta pela guer- filha, como no.caso dos PV2 (Iuta anti- “subimarina) © T-6 (instrugao basica) ‘Gomo ninguem nos cadia aeronaves militares, sfectuaram-se aquiigoes de vorsoes civis com posteriores adaptacdos 4s operacoes, feltas por nds. Imagine-se, © que se gasiou 0 tempo perdido. Foi assim nos 00-27 ¢ nos. helicopters ALLIII @ Puma, Nos Noratias recebemos versoes cWvis e a militar 2501, Como n8o fra para dar tiros, 0s franceses venderam- “ros esta ultima versde que permitiaolan- gamento de para-quedistas. Os 22 F-84G Fthunderjets) enviados para Angola | festavam retirados do servigo com ordem para serem abatidos. 2. 0 PV2 era um avizo lento, da II Guerra Mundial no qual aexecucao dotiroera di- Tiel, dotado de grande inércia, duro deco ‘mandos, especialmente para quem estava habituado aos cacas de reaceao. A visil- {dade para os pilotos era péssima.O bom- bardeamento 86 era possivel denivel, sem visores, por estima visual. 3. © T-6 fol um auténtico trambolho nas Operacces. Lento, denunciava-se & dis- Tancla pelo ruido do motor. Bom para ins trugao, tinha side introduzido na FAP om 1946, ‘Desde que levasse bombas ou foguetes chegava facilmente & velocidade de perda, dando origam a muitos aciden- tes, a maior parte fatal, m Muito. vulneravel a0 fogo anti-aéreo, devia ter sido substituido por avides dé eacgao, o que além de reduzirotempode intervencao em 60 a 75%, teria evitado 0 esgaste dos pilotos @ as pesadas perdas sofridas. Simplesmente, nao 50 no exis- tiam cisponibilidades financelras como seria dificil encontrar quem os fornecesse, 4. Os 00-27 voaram intonsamonte para ‘polo logistico, reconnecimento visual, POV e evacuacdes sanitarias. Tinham luma velocidade muito baixa e levavam poucs carga (250 2 350 kg), com a agra ante de serem monomotores. Dotados de excelentes caracteristicas STOL utlza- Reconhecimento de Flat G01 ao Sul ds Guine Mais atto — 11 ‘Cassebeche -1967 (Reconhecimento Fat G-91)-ZPU 4 com vam pistas muito curtas, o que justiticava (0 seu emprego. O voo fazia-se em con- facto visual com 0 terreno por nao esta fem oquipades para VSV. Apesar das Geticlencias apontadas prestaram exce- lentes servigos 5, Os helicépteros ALL Il @ Pumas, mate ‘nove, cumpriram bem operacional- ‘mente. 08 Pumas na Tungao de transporte logistico e colocacae de forgas a area de foporagdes e 8 ALLIlI nas missoes do fassallo, perseguigao, roabastecimento © fevacuagdes, SO havia um sen8o— eran poucos. Vila Cabral/Nova Freixo e Henti~ Que de Cawaino/Luso deviam ter sido dotadas com Esquadras para evltar os Gestacamentos a partir de Nampula e de Landa obrigando a elevado consume do potencial de voo nos trajectos. 6. O Noratlas provou bem. Robusto, com lima eapacidade de trancporte da ordem das 5 fonoladas, equipado para VSV. Podendo aterrar om pistas curtas devido. 40 trem ‘ficiclo, exigia carregado pistes ‘ompridas se entrassomog com 0 factor ‘Seguranga & descolagem.€ evidente que terlamos preferido os actuais C-190 da Forga Aerea. ‘O.DC-3, além de ser maislentodo que o Nord, levava somente 27 com o mesmo namero de tripulantes, Apesar de velhos, deram conta do recede. 7. 0s aviges de reaccao F-86F, F-B4G & Fiat G91 (Fa) constitulram, pela sua velo- ‘cidade, manebrabilidade e poder de fogo, © grando estoio das operagdes, em Aogées Independentes (Atague Locali- zado © Reconnecimento Armado) © no Apolo &s Forgas de Superficie. Estavam fequipades com metraihadoras de calibre 1271050), (Os F-86. enviados inicialmente para a Guiné, tiveram que regressar a Monte~ “Real por Imposigdo dos EUA ¢ foram mais tarde Substituidos pelos Fats. (Os F-84, que iniciaram os primeiros vyoos, em Luands, em Agosto de 1961, ‘oxigiam pistas demasiado compridas na escolagem & carga maxima, em altitude Burante'o bloqueto ingles ac porto da Beira (crise da Rodésia) um destaca- ‘mento destes avides osteve na BATO em ‘miss de soberania. (Os Thunderjets voaram em Angola até 73, fenémeno de longevidade se atender QuamnigH, poseriormente dsiruida por impacto ‘mos aque comegaram achegara Portugal em 1883. '0s Fiats foram ao principio mal acolhi- dos devido a0 curto raio de acgao, em fespacial no perfil da missao mais destavo- ravel (Low-Low-Low) — 90.2 100 miihas nautica até 20 objective — com uma permanéncia maxima de 10 minutos na fea de accao (sem pylons). Concebido para @ NATO como avige do alaque a0 foo (assalto) @ capacidado de manobra cima dos 15.000 pés era fraca. ‘Nao teve problemas na Guiné, ainda que ¢e inicio 86 pudesse ulllizar’Bissa- lana, 86 muito mais tarde passémos ater Nova Lamego. A distancia da Base a Cas- sebeche (Qultafine). prato forte das pre~ fenades do PAIGC para instalacao do anti-aéreas, era do 65 milhas nduticas, percorrigas em 11 minutos @ uma veloci= Sade indicada de 360 nds, voando @ rasa Em Mogambique,a rede deaerbdromos pormitiaultrapasear as limilagoesem R/A, especialmente em Cabo Delgado, onde os Fiats dispunham de dus faixas operacio- ais — Mueda ¢ Porto Amélia — podendo fam’ caso de necessidade aterrar em Mocimboa da Praia, ‘Avides tipo As, devido a0 R/A e&capa- cidade de carga exterior, teriam sido mais Convenientes, mas os nossos aliados © ‘amigos “nao serviram para as ocasiGes” como se veriticou. 1. A Seguranca de Vooesteve semprenas reocupagoes dos Comandos da Forga ‘Aérea aos nivels das 2" e 3. RegiGes, ZACVG, Unidades de Base © Sub-Unida- ‘Ges, mas as condigdes de actuagao — Monomotores voando isolados, pelo menos nos reconhecimentos visuis @ 10 transporte ligeiro dando grande iniciativa a0 piloto, os destacamentos, as grandes distancias, pistes mal preparadas, falta de ‘judas radio, o mau tompo, a necessidade de voar a rasar a5 copas das arvores evido a actividade inimiga e as opera~ (Goes em areas montanhosas — contibui- ‘am para uma elovada razao de acidentes. 9, Efectuaram-se varios estudos para se adquirirem avides para substituir os DO- "B7'e 08 T-6. Foram anos @ ancs do ostu- dose de avallagdes. As opinioes ‘ividiam-se: um tipo de avigo que desse para tudo oudoiscom missbes diferencia as. Ao eclodir o 25 de Abril os estudos testavam concluidos e as cartas de inten- A FORCA ‘go enviadas aos fabricantes, Perantea tal Slitude dos aliados e amigos nao havia fnuite por onde sscolhar Decidiu-se palo ‘Aviooar (Espanha) © polo Cessna 237 - Push-Pull- (Franca). Convictos que ades- colonizagao ainda iia demorar alguns anos, 0 CEMFA obteve autorizacao do CEMGFA para assinar os respectivoscon- tratos. Perante a precipltade retirada que Se verificoU, Os avides, 32 Cessnas © 24 ‘Aviooares, por ed ficaram. 40. Apesar do curio periodo de que a Forca Expedicionaria dispds, apos025 de ‘Abril, quaco todas as aeronaves regressa- fam a Portugal. Por id Ticaram parte dos 7-6 6 dos 00-27. um ou oulro DC-3 eas, ccarcagas dos velhos F-64 e PV2, uns B-25 ‘comprados no “surplus” americano @ 3 ALLIII que o Comandante de 3 Regiao ‘Aerea ofereceu & FRELIMO. 41. 0 que teria sido a evolugdo do mate rial aerao no caso da guerra se ter prolon- ‘9ado mais Uns anos? Digamos, ate hoje ‘Os F-84 © PV2 acabaram antos do final ‘das operacdes militares. Os 8-28, previs- tos para’ substitulr os Thunderjets, {andera-se para tras) tiveram reduzida Intervengao 'e foram abandonados em Uuanda, ‘03 DO-27 @ T-6 foram abatidos apés 0 28 de Abril. Os Noratias e os DC-8 ainda ‘voaram varios anos, mastiveram omesmo. fim. A Forea Acres velo a receber os C- "780,06 fais que gostariamos de ter visto em Angola @ Mogambique. Os F-86F foram substituidos polos A-7. ‘Das aeronaves que lizeram a guerra em Arca restam Noje os ALLIIl e os Pumas. (O Fiat-G-91 qua anda a voar éa versao RS (canhoes OEFA 30mm) que nao chega- mos a ver no Ultramar. Dos R4 resiam poucos. ‘Em 1075 comegaram a chegar os Avio~ cares @ 08 Cossnas 337, previstos para Substitule 08 T-b e 08 DO-27, mas ja era larde; a guerra tinha acabado. (Na verdade, inexoravelmente, parte da frota teria que sar subst tulda e reforcada ‘com avides de reconhacimento fotogré~ fico, de alaque a0 solo, helicépteros e intereeptores para @ Dolesa Aérea pois ‘mais cedo oU mais tarde terlamos que entrentar a ameaca aerea. vil — ARMAMENTO 4. ©.atmamento fol um dos nossos maio- fee problemas, Utilizou-se © disponivel, {que nem sompre era 0 adequado, ‘falta de arsenal em quantidade foi constante, sendo o consumo objecto de Timitagoes mensais. As dotagdes chega- ram a sor ifrsorias. As bombas, os fogue- tes e as munigoes das armas automaticas eram do tipo vulgar sem sistemas de orientacao slectiénica ou por infra-ver- ions (IR) eas espoletas de impacto ou (Osvisores eram fixes. Asbalas, excepto fas dos canhdes dos helicépteros, nao ram explosivas. 2. Os avioes de reaceao e 0s bimotores 12 — MAISALTO AEREA EM AFRICA (1961/1974) ‘convencionais (PV2@ 8-26) estavam equl- ppados com Brownings 127 (0.50) M3 eM2 om munig6es sam-perturantes, trace- Jantes @ incondidrias. Os T-6 tinham 8ro- Wnings 7.7 recuperadas dos. velnos Spitfires © Hurricanes para substituirem ‘as Mac-Mach 7.82, francesae, de oons- fante mau funcloramento. As’ munigges 127 por serem antiquissimas estavari em pessimo estado, falhandocontinuaments, Faltou-nos um calibre superior (20/30mm) com bala explosiva Os ALLII usavam ocanhao MG-151 de 20mm, frances, fazendo tiro pela porta ‘esquorda, com duas tas de 200 munigces, cada. 0 ‘binario helicdptero/eanhao — helicanhao — revelou-se extremamenta moniter. 3. 0s foguetes mais usados foram oFFAR 275 nos avides de reaccao com cabeca ‘AG, por niios0 dispor de outras mais con- voniontes, © 0 SNEB 37mm FRAG nos T-6 om ninhos de 36 cada e sigumas vezes hos DO-27 com ninhos de 18. Tambem se lancaram "HVAR 8° nos PVE @ de 68mm 4. As bombas eram de varios tinos @ ori- ‘gens: GP (fins gorais] de 750 0500s 950, kg e de tragmentagao de 200 kg, 20 Ibs & do 15 kg (granada de obus transformada em bomba de aviacao). A industila nacio= nal fabricava alguns destes tipos, sendo de assinalar que se demorou muito tempo até se dispor de espoietas totalmente segures. As espoletas eram instantaneas, que proibia o bombardeamanto rasante, 5. Em 13 anos de operacdes aéreas.nos3 Toatros de Operagoes, com miinares de misses com aeronaves armadas, nao se verificou Um Unica acigante em terra com © armamento ainda que se tivessem apa- ‘Mhado alguns sustos. Abrir-sa 0 "bomb- bay” dos PV2, no estacionamento, ¢ surgicem bombs Soltas nas abas laterals rontas a explodir por contacto, nfo era lima sensagao agradavel vill — MISSOES DA FORGA AEREA 1. As missdes da Forga Aérea enquacravam-se nos grupos classicos: Tranaporte, ‘Reconhecimento (Visual © Fotografia) e Fogo (Apolo Proxime, Ata~ que Localizadoe Reconhecimento ‘Armado), 2. No Transporte havia que distinguir 0 IMadio eo Ligeiro peta categoria das aero- haves ullizadas. Quanto @ finalldade: LLogistico, Evacuagdes ‘Sanitarias e de Combate, com destaque neste ultimo para © Helitransparte (colocacao e assalto). O langamento de Tropas Para-Quedistas ndo era frequente, devendo destacar~ fem Angola, 1961, Guipedro, “Canda, Sacandica e'Inga, @ em Mocambique, na operacao Zeta. Dum modo geral, olanga mento no se justificavaainda que os SCP © pudeseom efectuar om qualquer momento. Transporte Logistico decorreu nor- maimente, mas as solictacoes eram mul- {5 € 30 mals disponiblidades houvesse mais oe teria realizado para aliviarotrans- porte por via terrestra. reduzindo tre- endo desgasie em viaturas. ‘As Evacuagdes Sanilérias por avides ligeiros médias © por holicéptoros processaram-se com regularidade; eram e importancia vital para manter o moral {das nossas tropas e das populagoes, obri= {gando as mais longinquas a demoras pre- jusiciais, © que nem sempre fol bem Compreendido por quem as solicitara Compreende-se. 3. © Reconhecimento Visual recala prin- Cipalmente sobre os avioes ligeiros. © Sobre 0s ALLIII quo, polas suas caracto- fisticas, manobrabllidade, reducao de velocidade e estacionario, eram of profe- Fidos apesar dos riscos inerentes face & Sua grande vuinerabilidade. (© Reconnecimento Fotografico dispu- ‘nha de meios limitados, cabendo a cober- tura de areas @ fotoplanos, am altitude, 08 DC-3 @ PV. O de baixa altitude, para Tocalizagao de objectivos, era efectuado pelos Fiat, equipados com tres maqui- has: frente e lateral (obliquas) e vertical todas na nariz, Em Mocambique, montou-se uma K-20 num pylon do Fiat, o que permitiu obter fotoplanos do instdlacdes no exterior do lerritono, como no caso de Nachingwea principal base de treino e quartel-general {da FRELIMO (90 milhas néuticas no euro 42° a partir de Musda — 18 minutos de \voo em Fiat-G-21), Este reconhecimento fo| efectuado a 20.000 pés e varias vezes repetido. ‘A oxistoncia de Secgoes Fotograticas © ge Interpretacao na ZAGVG (Bissalanca) 2s Reglao Aérea (Luanda) @ 3." Regia ‘Aérea (Nampula) assegurava a prepara- ‘Glo das misses eainterpretacaados ele- nentos recalnicos, Missoes deste tipo deviam ter sido Incrementadas, mas faltaya-nos um evigo ualifieado, com longo ralo de accao, ‘Somelnanga do quese passavana Rodésia ‘ena Africa do Sul (Camberras); nao tinhia- mos equipamento suficiente © havia ca~ Fancia de pessoal especializado. Polo ‘monos Tete e Henrique de Carvalho/Luso ‘mereciam ter sido dotados com Secgdes Fotograticas © de Inierpretagao face as distincias a que estavam os Comandos das Regides. 44, Quando surgia uma noticia de elevado {grav de confianca, intercepeao de mens ‘Gem radio, detesgao visual ou fotogratica, tlc. tres tipos deacgao podiam ser desen= cadeadas pela Forca Asrea: — acgid independente com aeronaves de atague a0 solo, sem particinagao de utras Forcas —“envolvimento vertical com helitrans- porte, com proteccao aerea, — perseguicao com helicopteros armados ¢ pequeno grupo de assalto incluindo pisteiros (usado em Angola). Estas aczoee podiam sor imediatae Ou a pprazo. A Forca Aérea preferia as imedia- fas, dado que as planeadas com antece- encia encontravam geralmente 0 vazio avid a duas razdes fundamentals: que- bra do segredo e clevada capacidade de ‘ispersio dos grupos inimigos. A accdo independente sem participa- (glo de outras forgas, consistia no ataque Por avides de reaceao, convencionais ou por helicopteros armados, entrando de Surpresa, sem preocupagses do verificar balxas ede recolher material, o que se dia fazer posteriormente, caso neces Sarlo e aconsethavel ‘Oenvolvimento vertical com helicépte- ros era antecedido por ataque aére0, nor- matmente executado por avioes de Feacgao a carga maxima. Os helicanhoes apoiavam 0 assalio e a progressao das nossas tropas, A carga maxima dos Flats consistia em 2 bombas de 500 Ibs ou 200, Kege 4 de 80 kg (actor de carga *59/-2a), Parecendo pauco, era suticiente para os resultados pretendidos, ‘A Forca Area destrutava duma posig30 privilegiaca. Diepunna de meios de reco- FMhecimenta, 0 pessoal plloto conhecia ‘bam o terreno, havia capacidade ogo ede twansporte para o envolvimento vertical © de Tropas Para-Quedisias, (BCP12 - Guing, BCP2t - Angola e BCPSI © 32 - Mogarnbique) num total de 9Companhias de Combate. ‘Era postivel, pois, localizar o inimigo. fixé-lo'e assaltar. sendo conveniente que ‘05 meios estivessem em alerta e que a distancia 20 local das oporacoes nac esti- esse para alam do ralo de accéo tactico dos helicopteras. Apds aentrada duma 1.* Yaga (20 240 H/6 a8 ALLII!), a colocagao ‘de outras a partir de bases de apoio proxi~ ‘mas do objecivo implicava o reabasteci- mento dos hells nestas bases, operagao hem sempre viavel. Havia que manter em ‘iversos locals resorvas de combustivel.O Slaque previo entes do assalto ora lovaco @ elelta, de preferbncia, por 4 avides, mantendo-se ima das parelhasem cober- ture, dentro dos limites do combustivel, a roteger as forgas em terra. Um aviao ligeiro servia de PCA/PCV. Acontinuacdo a protecgao ficava a cargo de avioes Voando navarea, em parelna, oumantendo alertas nosolo com descolagensa pedido, 5, Algumas das acgdes mais “rendiveis’ tiveram ofigem em Reconhecimentos ‘Armados, em aviGes patrulhando a area {alerta no ar) chamados a intervir durante alaques as nossas guarnigdes @ pov oesou, indo dealertas ne solo Tpedidos de urgencia. IX — APOIO AEREO DIRECTO 4. 0 Apolo Aéreo Directo as Forgas de Superficle, em especial as Forgas Terres- tres, assumia dois aspectos quanto {2 natureza dos Pedidos: a tempo € ur- gente. 2. A tempo, 08 pedidos vinnam através da Reda de Comando dos Ramos. UUtiizava-se um sistema de créditos, sem pre ingufleientes, Todos os Comandos e Gnidades peciam missdes. Inclusive Morés: uertineiros do PAIGC em inatructo de iniveérea Degtyarey 127 capturados (BCP12) ‘ns Operago “TROVAO™ mente, pretendia-se ter melos permanen- emenie atribUldos; isto era impossivel de Sailstazer. A solugto era atribuir Destaca- ‘menos junto de algns Comandos de Sec- tor (S. Salvador, Cabinda, Nova Lamego, Porte Amelia, eic). A aplicagdo da dou tina do Apoio Aéreo em termos doguorra cldssica eva Inaplicavel na contraguerni- tha. Os pedidos tinnam que ser satisteitos {de acordo com a situagao e com as dispo- nibilidades circunstanclais. A Apolo Ter- festre era planeado a prazo face as hecessidades logisticas das guarnigoes. 3, Os pedidos urgontes diziam respeito, esenclalmente, a0 Apoio Fogo @ as Eva- cuagoes Sanitarias. Existiam Redes de ‘Apolo Urgente das Unidades ern Quadri- ccuia, Comandos dos Sectores e Forcas fem Operagdes. As ligacoes eram fellas lrectamente aos Centros Operacionais, {a Forga Aérea responsiveis por satisfa- {er 08 pedidos. Por falta de doutrina, ca- Fencia' de equipamento. © por mau encaminhamento dos pedidos Yerifigavam-seatrasos de horas, Pordendo-e2 eficiencia © oportunidade fara intervir em tompo util Era essencial Fapicez na ligacdo, definigao da situagao, ‘coordenadas exactas e preciso dos ete! tos pretendidos. islonem sempre se verit- cava Utiizava-se HF, fonia e linuagem Clara, o que tinha os seus inconvenientes, mas @ mensagem oscrita, codificada © escodificada, represontava perda de tempo, precioso, Incompativel com situagao de urgéneia, 4, As Ligacoes Ar-Terra para o Apoio Pro- ximo (Rede de Vigilancia - VHF/EM), no A FORCA local das operagdes funcionavam no aagpecto de transmissOes. Todas as aero- haves estavam equipadas com o ARC-44 dispondo de varios canals, mas OEXGrcito 50 dispunha de 49.0 e de 51.0 MCS, obri- ando sempre as mesmas frequencias. Como a conversacdo era em claro, era facil para o inimigo. com vulgares transis~ tores comerciais, em banda FM, captar as ‘Comunieagdes nas harmonicas dupias (88 102 MCS). No aspecto de convorsagao (gerava-se uma tromenda barafunda desde gue as forgas om terra nao estivessem Tocalizadas, por varias raz6es, que iam Gosde a artorizacao da area, @transmis- Sto de coordenadas erradas ea deficient Sinalizagto por paineis ou fumigenos. a ‘maior parte das vezes inexistentes ou nfo Utlizades com o recelo de denunciar osiglo das noseas tropas. ‘0 Apolo Aareo Proximo fol das taretas ‘mais delicadas pelos condicionamentos bexistentea, Difieila localizaga0 das nossas {tropas e dos elemantos inimigos. Diticul- ade ob impossibilidade de sinalizar as ‘nossas posieSes. Linhas de seguranga ‘mal definidas com risco do atingiranossa {gente (emprego de foguetes e de mer thagoras de preferéncia as bombas). Nao ‘era uma migsao do agrado dos nossos pilotos. Feliamente, multas vezes bastava B presenga das aeronaves para se resolver ‘a situagao. X— ACTIVIDADE CONTRA ANTI-AEREAS 41. AForca Aéreaentrentou oposigao anti-

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