Você está na página 1de 22
Ee 1 Biblioteca Basica Brasileira M. Said Ali Gramatica Secundaria e Gramatica Historica da Lingua Portuguésa MEC-INEP CENTRO AKEGIONAL DE PEEQUISAS ENUCACICNAIS “PROF. QUES OZ FILE ys Cidede U “ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA” 3.574 — Caixa Postal, 5031- Sio Paulo USP- FFOL Departamento de Historle BIBLIOTECA Edigdo Revista e Atualizac we i SBD-FFLCH- Hil 7 Sah Editéra Universidade de Brasilia EXEMPLAR DESTINADO A BIBLIOTECA DISTRIBU Polo CPNTPO ReGTO- NAL DE E TTONATS "PROF. QU: “ — SAO PaULo SINTAXE E ESTILISTICA A ORAGAO ORAGAO € a combinacao de palavras (e as vézes uma s6 palavra) com que nos dirigimos a alguém: a) para dar-Ihe informagio de um fato (oragio DECLARATIVA ou EXPOSITIVA). Exemplos: Comprei um relégio, Estremeceste. As férias comegaram, © trem partiu. Pedro est4 doente. 4) para pedir uma informagio (oragio INTERROGATIVA), ex.: As férias comegaram? Sabes a licdo? Quem bate? Trabalhas? ¢) para exorté-lo a praticar ou deixar de praticar um ato (oragio IMPERATIVA), eX.: Afasta-te, ‘Nao chores, d) para manifestarlhe uma aspiracio, um desejo (oragio OPTA- TIVA), ex.: Queira Deus! Deus permita! A oracio é AFIRMATIVA quando no contém negacio, e NEGA: TIVA quando encerra alguma expresso como néo, nunca, ninguém, nada, jamais, etc. Térmos primarios Na oracio distinguimos geralmente dous térmos: SUJEITO e PRE. DICADO. . SUJEITO denota o ser a propésito do qual se declara alguma cousa. £ expresso por um nome ou um pronome. 9 Gromética Secundéria = ; aquil se declara do sujeito. £ expresso por u EDICADO é aquilo que se ‘ \ por um verbo avcional ou por um adjetive combinado com algum dos verbos ser, estar, parecer, ficar, Lornar-se. Nestes exemplos: ‘As férias comegaram le caird ; astao nfo & estudioso milio parece docnte © Iedo tem juba ‘Teabalhai Deus queira Fugiremos Caistes sio sujeitos as férias, éle, Gastio, Emilio, 0 ledo, vés, Deus, nds, vés ¢ predicados comecaram, caird, nao é estudioso, parece doente, tem juba, trabalhai, queira, fugiremos, caistes. OBSERVAGAO, — Junto a ser, estar, etc., pode usar-se como predi- cativo, em lugar do ‘adjetivo propriamente dito, um pronome, um quantitativo, ou um substantivo adjetivado: éle tornou-se mestre; 0 ledo é o rei dos animais. sujeito pode ser DEFINIDO como nas oragées que acabamos de citar, on INDEFINIDO (). SUJEITO INDEFINIDO é o que indica ente humano que nio podemos ou nao queremos especificar. Emprega-se para éste efeito o verbo ou na 3.4 pessoa do plural, ou na forma reflexiva, ou usa-se o verbo na forma ativa dando-lhe por sujeito um pronome indefinido(): Assassinaram 0 ministro Esto batendo a porta. Morre-se de frio. Alugam-se cadeiras. Desistiu-se da emprésa. Alguém est4 batendo. OBSERVAGAO, — Os dizeres chove, troveja, e outros verbos im- pessoais que denotam fendmenos da natureza exprimem fatos em si, sem referéncia a quaisquer séres. A estas proposicées de sentido com: Pleto constituidas por um sé térmo di-se o nome de oragdes sem sujeito. Térmos integrantes e acessérios tide don OS INTEGRANTES sio as expresses que completam 0 OBJETO Dine ee tives € de certos verbos intransitivos, a saber: © SEIETON ou COMPLEMENTO OBJETIVO, 0 COMPLE: AND a (2) Adoane we a,ienominasfo INDETERMINADO (EB). Sips oem ae wi anu por promo ie em eerae exe 126 _ MENTO TERMINATIVO, 0 COMPLEMENTO INDIRETO e 0 COMPLEMENTO DE CAUSA EFICIENTE (’). As definigdes j4 foram dadas na Lexeologia ao estudarmos as diversas espécies de verbos. TERMOS ACESSORIOS sio os que individuam ou especificam o sujeito, predicado ou complemento, ou Ihes acrescentam qualquer es- clarecimento. Dividem-se em DETERMINANTES ou ADJUNTOS, APOSTOS E ANEXOS. + Os DETERMINANTES podem ser ATRIBUTIVOS ou ADVER- BIAIS. DETERMINANTE (ou adjunto) ATRIBUTIVO € 0 térmo acess6- rio expresso por adjetivo, pronome-adjetivo, numeral, ou qualquer locugio que especifica ou individua o sentido do sujeito ou comple- mento: Fruta verde € nociva. A diretora do colégio tem cabelos louros. Meu trabalho esta terminado. Trés dias nao bastam. Fste quarto é umido. Nao gosto de discursos compridos. Conheso o pai déste menino. DETERMINANTE (ou adjunto) ADVERBIAL € o térmo acessério que acrescenta ao predicado 0 esclarecimento de lugar, tempo, modo, etc. Lexeoldgicamente falando, é um advérbio ou locugo adverbial: Almogarei ao meio-dia. Chegaram aqui as embarcacdes. Ontem choveu. Aquéle homem caminha com dificuldade. ‘Tu te exprimes muito bem. APOSTO OU APOSIGAO é o térmo acessério que se pospde ao sujeito ou objeto como explicagio ou a titulo de equivaléncia. Pode ser um simples substantivo ou uma frase de certa extensio: Carlos I, rei de Inglaterra, foi decapitado em 1699, Renato, amigo nosso, ndo nos abandonara. Matamos a onga, terror das nossas matas. ANEXO PREDICATIVO € 0 adjetivo ou substantivo que se acres- centa ao predicado verbal para indicar 0 estado ou a condigio, durante a acio expressa pelo verbo, ou do sujito ou do objeto (2). (1) Na pig. 95, 0 Prof, Said AM sinonimia OBJETO INDIRETO ¢ COMPLEMENT TekdniNATNG, atu oy dienticn ANTErh. poe conalirar ON)ETO INIRETO tao complemento vetbal iniciado ‘por prepostso nceendria, Quando. tal complement &, pedo, or fubstantvo, adjetivo e certon Sdvétbwe, dine ©. nome de CONDLEMEN TO. NOMINAL Tee Be ni ada COMPLIMENTS ‘Ben CAUSA HVichi NUE ae ait hole AGENTE. DA Quanto aon DETERMINANTES do. Autor, empregaos ADJUNTOS ADNOMIN (0s atributivos) € ADJUNTOS ADVERBIAIS (E. B.). pce ae (2) AN.G.B. adota apenas PREDICATIVO (2. B.). 127 1 Anexo predicativo referido ao sujeito: fle chegou cansado. ‘A crianga nasceu C684 Tu partiste menino © 0 soldado caiu morto. O Sones amanhecer frescas: yoltaste homem. a arrombada, as ele verdes. jejo-te homem. Encontrei a port AAs frutas comet Deixei-te menino ¢ ¥ os 0 anexo predicati Com alguns verb’ ‘ou resultado do ato expresso pelo verb denotar a conseqiiéncia © ministro nomeou-me diretor. Elegeram-te deputado. Fizeram-me sécio. ‘A miséria tornou-o invejoso. Fungées atributiva € predicativa (*) £ ATRIBUTIVO 0 adjetivo, pron yem junto a substantivo para Ihe es Belas casas existem na grande cidade. ‘A gritaria infernal impede-me de trabalhar, Trés dias nfo bastam. Muitas flores plantaste em teu jardim. Muitas flores admirdveis adornam ésse espléndido parque. ‘Aquéles operarios ganham pouco dinheiro. Of primeiros prémios couberam a Carlos ¢ Henrique. Moram aqui vinte pessoas. Demos esmolas a trinta criancas pobres. vo referido ao objeto pode ome-adjunto ou quantitativo que specificar ou delimitar o sentido: £ PREDICATIVO 0 adjetivo, pronome-adjunto ou quantitativo que vem junto a ser, estar, parecer, ficar, tornar-se, comp! déstes verbos: ‘As ruas sfo estreitas. © chapéu € meu. ‘A mac parece podre. Estavas triste, mas ficaste contente. 0 prisioneiro tornou-se pdlido. Os problemas apresentados sdo trés. As flores no eram muitas. (Q) Como vimos na nota & pigin ‘minacio mn pagina 127, a N.G. B. en adota @ sninaco ABUTS AoNOMINAte PREBICATIVO.& cre ATR Taio, pronome-ad gu"auancatio que vem junto scr eta, parecer, etc) mas ainda a expresso VG ay to, zicaleado verbal ¢ em referencia ap shjeito oul a0 ‘objeto, da ual fale ‘Said Ali 92 Ge iefete ayenes ao tujete) ou objeton (EB): 128 letando o sentido pagina Térmos singelos, multiplos e determinados Sao térmos SINGELOS: 1° 0 sujeito € qualquer complemento, representados respectivamente por um sé nome ou pronome: 0 jardineivo podou as roseiras. Nés obedecemos-te. Eu apertei-lhe a mao. 29 © térmo predicativo expresso por um s6 adjctivo ou quantitativo: Os palicios sfo espléndidos. A tua esté intransitdvel. Estas jéias sdo tuas, $.° os determinantes atributivos e adverbiais e demais acessérios que nio vierem associados a outros térmos da mesma espécie: Os dias chuvosos terminaram. A arvore tem raizes grossas. Neste instante partiu daqui um mensageiro a téda pressa. As aves amanheceram mortas, OBSERVACAO. — No pentiltimo exemplo h4 trés determinantes adverbiais, porém singelos por pertencerem a espécies diferentes. So térmos MULTIPLOS: 0 sujeito, 0 complemento, 0 predicativo € qualquer térmo acessério quando enunciados por mais de um vocd- bulo ou locugao designando séres ou qualidades diferentes e coordena- dos por alguma das conjungées € (clara ou subentendida), ou, nem, mas ou porém (1): Eu ¢ tu ficaremos em casa, Respondeu com voz cavernosa ¢ cansada. Uma ou duas horas bastardo para esta obra. Pedro € rapaz bom, mas desconfiado. Mestre e alunos trabalham juntamente. Nem meu irmdo nem eu estamos ociosos. Pertenciam a uma raca vil e réproba. Pedro e Anténio comeram frutas e doces. Chegamos cansados e sedentos. Visitou-nos a mae de Elsa e Laura. Sio térmos DETERMINADOS ou DESENVOLVIDO! 1.2 09 sujeito, o complemento, o predicativo quando acompanhados de acessérios: © jardineiro portugués podou as roseiras da chdcara, Afonso & doente do coracdo. 20 og térmos acess6rios quando vém por sua vez seguidos de outros acessério () AN. G.B. prefcre as denominagoes simples © composto em ver de singelos € miltiplos, respectivamente (E.'B.). a se pl 129 Atmocaremos as det horas da man Chegamos cansadey gmericano fala a nossa Lingua com facilidade extraoy. diretora do col dindria. Oragao simples e oragio composta (*) E ic&o independente ou sdlta I IMPLES é a proposicéo independe ta que far OR AGI eit podendo os scus térmos ser singelos, multiplos ou senti » desenvolvidos: rianga dorme. A Ginga ea mie dormem. © menino comeu a fruta. © menino guloso comeu ontem a fruta verde. ORACAO COMPOSTA & a COMBINAGAO COORDENATIVA ou SUBORDINATIVA de duas ou mais orag6es simples. ‘A COMBINACKO COORDENATIVA € formada de uma oracio inicial e uma ou mais oragdes seqiientes ou coordenadas que se caracte- rizam por alguma das particulas ¢, mas, ow, portanto, logo, porquanto, etc. ; ; Vindo expressa a particula coordenativa, dizse que a construcio é SINDETICA. Estando subentendida, a construgio denomina-se ASSIN- DETICA. Ex. I Quis subjugé-lo, mas no me foi possivel. Chove muito; portanto, nao sairemos. I Quis subjugé-lo; nao foi possivel. Chove muito; nao sairemos. A COMBINAGAO SUBORDINATIVA consta de uma oracdo prin- cipal e uma ou mais secundarias ou subordinadas. Oragées subordinadas ou secundarias so desdobramento do sujeito, do complemento ou dos determinantes atributivos ou adverbiais em novas oragdes. _ Quando a subordinada representa o sujeito, cial ou um térmo atributivo de fungao restri sem a dita subordinada € uma proposicio im; Nestas combinaées: um complemento essen- itiva, a oragaéo principal perfeita e truncada. Quem porfia mata a ca Rio que tem cachocina'n Pedro diz que na oeira ndo & navegivel 0 me conhece 1 () AN.G.B. fala de periodos simples e beriodos compostos (E. B.). 130 diz, sto proposi- caca, rio néio é nevegdvel, Pedro ‘ fa : ‘om as subordina- as principais mata a 0 P fazem sentido quando unidas c goes truncadas que sé das respectivas. Interrogacgio direta e indireta 0 pode-se fazer de duas maneiras. A interrogagao Go independente, que difere da oracao ex: mecar por uma palavra interro- A_ interrog DIRETA é uma proposi positiva pelo tom de voz, podendo cor gativa: Vais todos os dias ao teatro? Léste as obras de Machado de Assis? Quem bate A porta? Onde esti a felicidade? Porque nfo disseste téda a verdade? Quando se abrir a exposi¢&o? Como se toma éste remédio? Quais sio as causas da prosperidade do pais? A interrogagio INDIRETA nio pede resposta pronta, mas da a entender que temos diivida s6bre um fato e que estimariamos que esta se desfizesse com qualquer resposta. Socorremo-nos de duas ora¢ées, uma principal, a outra subordinada, sendo esta proferida em tom comum, embora encerre a pergunta. ‘A oracko subordinada comeca ou pela conjuncio interrogativa se, ou por algum dos vocdbulos interrogativos quem, qual, como, onde, porque, quando, etc. Confrontem-se com os exemplos acima as pergun- tas indiretas: Nao sei se vais todos os dias ao teatro. Dize-me (ou no sei) se léste as obras de Machado de Assis. Verifique quem bate & porta. Nao sei porque nfo disseste toda a verdade. Mostra-me onde esti a felicidade. Indaga quando se abrird a exposicfo. Explica-me como se toma éste remédio. Dir-me-ds quais so as causas da prosperidade do pais, OBSERVAGAO. — Sendo as expresses como, quanto, quéo, que aplicadas tanto em frases interrogativas como em frases exclamativas casos hd que se devem interpretar como exclamagées indiretas: Olha como ela choral Bem sabes quanto me custa! Olha que infinidade de moedas, etc, Orages explicitas e implicitas A oragio € EXPLICITA se contém verb i i é EXP! I 0, in 1 ii expresso no indicativo (inchiindo © chamado condicional), ono conju ivo ou no imperative. Chama-se, pelo contrdrio, IMPLICITA a nae 131 posico cujo verbo se acha no infinitivo, no gerindio ou no partici pio (?). 2 Hi, portanto, quanto A forma, trés espécies de oragdes implicitas: infinitiva, gerundial ¢ participal. Qualquer delas € sempre subordinada ou dependente de outra proposisio subordinante € pode eainene desdobrarse em oragio explicita. te Reciprocamente as explicitas, sendo secundarias, sio muitas vér seetiveis de serem contraidas em implicitas. Exemplos: ves Para que trabalhdssemo: Quando tomamos 0 trem Depois que terminou a obra Se quiseres vir = Querendo vir. ‘Afitma que esti docnte = Afirma estar doente. Para trabalharmos. Fomando nés 0 trem. Terminada a obra. Todas as oracées de cariter adverbial podem-se expressar pela forma explicita, excetuando as de modo, meio ou instrumento, para cuja enunciagdo nos valemos sdmente da oragio gerundial: Resolve-se 0 problema, recorrendo a formula adequada. © ladrao conseguiu escapar ferindo o seu perseguidor. As vézes procura-se desdobrar éste tipo de oragdes em explicitas tem- porais iniciadas por quando ou enquanto, £ mero expediente, pois a nocio de tempo nao é equivalente a de modo ou meio de fazer alguma cousa. Q) ANG. B. usa reape (2.8) 4 NG B usa respectivamente as denominagies oragdes DESENVOLVIDAS € REDUZIDAS 132 CONCORDANCIA Ao sujeito miultiplo, formado de substantivos no singular que se achem ligados copulativamente (conjuncio e, expressa ou omitida) € designem pessoas ou cousas diferentes, segue-se 0 verbo no plural: A me ea filha entraram no carro, Noto, Austro, Béreas, Aquilo queriam arruinar a mAquina do mundo (Camées). © anel, a pulseira e 0 broche desapareceram. A vaidade e a cobiga desgracaram aquéle homem. ‘A chuva e€ 0 vento fizeram muitos estragos no pomar. Sendo o sujeito constituido por duas expressdes no singular ligadas pela particula e, e servindo a segunda para completar, esclarecer ou reforgar o sentido da primeira, ird o verbo para o singular: ‘Alta fama e rumor déles se estende (Camées). Todo seu propésito e vontade era deter ali os descobridores da india (Camées). ‘Triste ventura ¢ negro fado os chama neste terreno meu (Camées). OBSERVAGAO. — Se com duas ou mais expressdes ligadas pela par- ticula e se designar um ser tinico, o verbo se conservara evidentemente no singular, como neste exemplo: 0 ladrdo ¢ assassino foi condenado & morte. Enunciando-se primeiro 0 verbo e depois os diversos sujeitos do mesmo numero singular, 0 verbo pode empregar-se tanto no plural como no singular, concordando neste caso com 0 mais préximo: Sairam (ou saiu) Pedro ¢ Paulo. ‘Morreram (ou morreu) 0 pildto ¢ 0 maquinista. Cobrem ouro € aljofar ao veludo (Camées). Ouviu-o 0 Douro e a terra trastagana (Camées). Dessa fonte inexaurivel mana a resignacéo € a paz (Herculano). Concorrendo como sujeitos substantivos de nimeros diferentes, o verbo que se Ihes segue toma a forma do plural; enunciando-se porém © verbo antes dos sujeitos, poderd éle ficar no singular, contanto que também esteja no singular o sujeito mais préximo: © dinheiro e as jéias ficaram na gaveta. A diretora e as alunas compareceram a festa. Desapareceu 0 explorador € todos os seus companheiros. Qualificativo comum a dous substantivos no singular, associados pela conjungio ¢, pode usarse no plural ou no singular se vier depois: 9 Depois de ter estabelecido leis politicas e civis e @ paz € ordem piiblicas nos seus vastos dominios (Herculano) [As tradigées da cultura e policia romanas. © amago ¢ substincia da idealidade ¢ poesia britdnicas (Herculano). © orgulho e 0 patriotismo britdnico andam aninhados em tudo (Herculano). Se os dous nomes forem de género diferente, o adjetivo no plural toma o género masculino: Revestido d'estola e pluvial prétos. Manou da ferida sangue e dgua verdadeiros (Bernardes). ; ‘Ao cabo da estreita senda da cruz acharia éle, porventura, a vida € 0 repouso intimos (Herculano). Se o qualificativo ou um adjunto qualquer comum a varios subs- tantivos se achar antes déles, a concordincia faz-se sdmente com o substantivo mais préximo: A grande amizade € admiracao ('). Achando-se entre os sujeitos ligados pela conjungio e o pronome eu ou nds, o verbo se usa na 1.4 pessoa do plural. Ocorrendo entre os ditos sujeitos 0 pronome tu ou vés, e nao havendo nenhum da 1.2 pessoa, 0 verbo ird por via de regra para a 2.4 pessoa do plural: Eu e éle assim pensamos. Eu, tu e os mais companheiros estamos perseguidos. Queriamos nés e outros colegas estudar grego. Falemos tu e eu désse negécio. ‘Vés € vossos irmaos nao jogais. Tu e éles sabeis a histéria. Algumas vézes, porém, desrespeitam os escritores esta regra, fazendo a concordincia com o sujeito mais préximo por ser a idéia principal Desejo que tu e quantos me ouvem se tornem tais qual eu sou (Arrais). Vés € todos aquéles de que eu entdo me servir, nio s6 hdo de fazer 0 que cu faria, sendo maiores obras ainda (Vieira), Tu e os outros velhacos da tua laia lhe estorroaram na cara lixo ¢ terra (Herculano). OBSERVAGAO. — Na linguagem corrente de hoje, sendo desusado 0 tratamento vds, e desusada portanto a forma verbal respectiva, fala-se segundo os exemplos de Arrais e Herculano que acabamos de citar. Ligando-se a um sujeito no singular outro no singular ou no plural, e empregando-se para éste efeito a palavra com em substituigio da Particula e, 0 verbo, desde que venha depois, usa-se no plural: ES co grio Macedénio ¢ o Romano demos Iugar ao nome lusitano (Camées). ‘l-rei com a rainha Dona Isabel sua mulher entraram (D. de Géis). Ele com o seu clero catequis L m fequizaram ¢ batizaram por muitas semanas a copios® multidio (Bernardes), r a : (1) Na verdade h4 varios exempl i arate. Vejamncne de BE arian ex los que tiram o rigor do principio estabelecido neste pard- ECA YQEp tg a8 minhas Licder de Portugués, BS cde 85,” Modeiea Ginondioe. Portugul, 150 servindo de sujeito miltiplo diferentes substantivos no. singular, entre 0s quais venha a particula ow com o valor de alternativa, € nao Sevendo 0 predicado referir-se senzio a um dos sujcitos, com exclustio dos restantes, a concordancia faz-se no singular: Deus ov o demdnio torcen-te os designios (Herculano). Aimé vontade para tudo quanto 0 berco ou a fortuna pds acima dela (Herenlano). Crendo que Fainamd ou alguma de suas itmfs era morta (Barros). © verbo tanto pode referirse a um Se, empregada a alternativa ou, ¢ no plural: dos sujeitos como a todos éles, a concordancia faz-se 10 ou seus sucessores fulminam contra os homens (Vieira). As penas que 8. Pedr fo devem as suas correntes as terras por onde passam. © Nilo ou 0 Tejo na le ou, se enuncia como que esten- Se o segundo térmo, precedido d ‘a concordancia do dendo parentéticamente 0 caso a outro individuo, verbo faz-se com um sujeito $6: viram alguma hora dar semelhante sua (Vieira). Se todos, ou algum déles, no € mais do que uma pessoa Um cardeal, ou um papa, enquanto homem, (Bernardes). . Se‘o porteito Fr. Julifo, ou outro stidito seu, ainda mais somenos, quisesse ‘alevantar-Ihe a grimpa (Herculano). precedente, porém na forma tificacio de ntimero, 0 verbo no singular se vier antes Repetindose depois de ou a palavra do plural, para denotar que se admite re concordaré com 0 térmo mais préximo, isto é, dos dous sujeitos, ¢ no plural se vier depois: res do homem eram sdbre todos os peixes (Veira). contrérias virdo & presenga do juiz. deixou 0 autor ou autores do crime. © poder ou pode A parte ou partes Nenhum vestigio de sua presenca Concordincia andloga & precedente, isto é, com 0 nome mais pré- ximo, se aplica aos determinantes do nome: Nao se sabe qual ou quais individuos serio acusados. Encontrariam um ou muitos amigos dedicados. fica identidade ou equivaléncia quando vem in- iferentes com que se designa ou define sempre ‘A concordancia neste caso tem de ser feita nomeado em primeiro lugar antes © equivalente mais proximo do A particula ou signi terposta entre nomes d a mesma pessoa ou cousa. com um térmo s6, que pode ser ou 0 de qualquer térmo esclarecedor, ou verbo ou adjetivo: ‘ou vasquinha, préto € afogado na garganta, Daf para cima um gibdo de mulher, s daquele ‘escondia debaixo das multiplicadas pregas as formas emagrecidas corpo (Herculano). Cadafalso ow tablado erguido no topo ocidental da rua. 151 de equivaléncia, em que se em. snotadoras «nea @ frases denotad ¢ i ‘ rae aetinigdes © BASES TT ubstamtivos de mimeros dilerentes, o prega © set semealmente ‘com © térmo que estiver no plural: 0 veka ger verba concor 8 Ses do offcio, vin as o0spacs Henn or de txt 2 fan a tes jtissimos © ro aqudles mui Ken sto a4 n Ninos, as Semltarls «og powtnggueses cncontramse totkivia Mo, raros, exemplos Em chissicos P ® substantive no singular. Tinguagem mency com este exemplo: 1 é uma enxada (Barros) de concordine tusada hoje; como" do real “As insignias de se 68 as por um dos pronomes (udo, isto, i889, aguilo, constituid 19 verbo toma a forma do plural: Nas oragdes constit Jstantivo no plural verbo ser € stl Tudo no mundo so sombras que passam. Tudo eram armas de fogo. Aguito nio so vores, So ecos do coragto- Isso foram conselhos desta senhora. Para os semeadores isto sto gldrias. ndiretas, comegadas pelos interrogati- Nas interrogagdes, diretas ou ii © verbo ser concorda sempre com 0 vos absolutos quem, que, 0 que, nome ou pronome que vier depois: Quem eram aquéles mancebos? Que sao honras e gldrias para vos? Quem sao éles? Nas frases de identificagio em que um dos térmos é substantivo, e 0 outro um pronome pessoal, o verbo ser concorda em ntimero e pessoa com 0 pronom: © dono da fazenda serds tu. As vitimas fomos nés. © diretor sou eu. Féste tu 0 melhor amigo. Nas minhas terras, 0 rei sou eu (Herculano). Us - . . ; mais ded menos ran no singular as locucdes é muito, é pouco, é , jos de, é tanto, junto A especificaci fa medida, quantidade, ete. a especificagio de prego, peso, Trinta mil réis é mais do que 1 eeu inco quilometrs é pouco. PON? PAB® Jous metros € menos do que precisamos. Com 0 sujeito multiplo form: juncio nem, empreg: ado de substantivos precedidos da con- ase ° © verbo geralmente no plur: fm © mantpulo da comigto Braca justilicante vestem a sia nem o cingulo da castidade, nem a alva da alma (Bemardes), 152 Nas definigées € frases denotadoras de equivaléncia, em rega 0 verbo ser entre dous substantivos de ntmeros ‘din se em. preg? Concord geralmente com 0 térmo que estiver no plu fo as ocupacées do offcio, ¢ outra as da pessoa, . ‘do de todos séo panos de algodio. {ssimos e podcrosissimos impérios of mde reinay TAM og Uma cousa s © geral vesti le Asia sao aquéles. mui ‘Ninos, as Semiramis. es encontram-se todavia no raros ex; ubstantivo no singular. & linguagem Em classicos portugués de concordancia com 0 s usada hoje; como neste exempl ‘As insignias de seu estado real € uma enxada (Barros), ‘emplos mMenos Nas oragdes constituidas por um dos pronomes tudo, isto, iss0, aguilo, yerbo ser e substantivo no plural, o verbo toma a forma do plural: Tudo no mundo so sombras que passam. Tudo eram armas de fogo. Aquilo ndo sdo vores, si0 ecos do coragio. Jsso foram conselhos desta senbora. Para os semeadores isto sao glérias. Nas interrogacées, diretas ou indiretas, comegadas pelos interrogati vos absolutos quem, que, 0 que, 0 verbo ser concorda sempre com nome ou pronome que vier depois: Quem eram aquéles mancebos? Que séo honras e glérias para vos? Quem sao éles? que um dos térmos é substantive, € Nas frases de identificagio em bo ser concorda em niimero € pessoa © outro um pronome pessoal, o ver! com o pronome: © dono da fazenda serds tu. As vitimas fomos nés. O diretor sou eu. Féste tu o melhor amigo. Nas minhas terras, 0 rei sou eu (Herculano). Usamse como verbo no singular as locucdées ¢ muito, ¢ poucn, mais de, € menos de, é tanto, junto 4 especificagao de prego» PS medida, quantidade, etc.: Trinta mil réis é mais do que eu posso pagar. Cinco quilémetros é pouco. nd Dous metros é menos do que precisamos. es ; on: Com o sujeito multiplo formado de substantivos precedidos da ¢ juncio nem, emprega-se o verbo geralmente no plural: m a alva a Nem 0 mantpulo da contvicho, nem o cingulo da castidade, "2 graca justificante vestem a sua alma (Bernardes). 152 Nem Abraito, nem Jach ox conheceram Vieirs). xen um movimento, Nem wna palavra Linham interrompido a atengfo geral (Hleveutlato)._ Atganjos matilites, exputsos do ctu quando ainda nfo existiam nem o espaco memo tempo (Kerethine Querendose todavia por em relévo que a mesma agio se repete para cada um dos sujeitos, sucessivamente ou em épocas diferentes, dé-se a0 yerbo a forma do singul desde que no singular também estejam os diversos sujeitos: Nem a lisonja, nem a raxffo, nem o exemplo, nem a esperanga bastava a Ihe moderat as dnsias mem as vores (Vieira). Ate ai nem o nome, nem a imagem de Leonor me tinha pasado pelo espirito (Herculano). sendo a série de sujeitos cuja agio se nega constituida por substan- tivos relerentes a séres animados e pronomes da 1.4 ou 2.4 pessoa, ou por éstes pronomes sdmente, € precedendo os sujeitos ao verbo, a pre Kenga de eu ou nds exigiré o verbo na 1.4 do plural, a de tu ou uds (altando pronome de 1.* pessoa) pedird o verbo na 2. do plural: Nem meu primo nem eu freqientamos tal sociedade. Nem nds nem éle nos esquecéramos disso. Nem vds nem éle perdereis em tal negdcio. Estando porém o verbo negativo antes dos sujeitos de pessoas dife- rentes, faz-se a concordancia com 0 sujeito mais préximo: Nio seriam nem éles nem eu quem pusesse ésse remate (Herculano). Terminando a série negativa por um dos pronomes indefinidos alguém, outrem, ninguém, ou algum, outro, nenhum, referidos ao substantivo homem, segue-se-lhe o verbo na 3.4 pessoa do singular, em- bora na série se ache algum sujeito de 14 ou 24 pessoa: Nem eu nem ninguém tem anos nem dias (H. Pinto). Nem éles nem outrem hd de possuir nada (Vieira). £ cousa verdadeiramente admirivel que nem Moisés nem algum ouro se pur dera cuidar ou imaginar (Vieira). Nao era necessério que éle nem outro o dissesse (Vieira). O térmo final da série negativa pode ser um nome cuja significagao abranja todos ou algum dos sujeitos anteriores, vindo éste nome com- binado com um dos indefinidos algum, outro, nenhum. Ainda neste caso costuma-se pér o verbo seguinte no singular: Nem cdo, nem gato, nem adibe, nem outro bicho do mato chegou a por-lhe boca (F. L. de Sousa). Nem éle nem outro escritor sagrado escreveu as obras da conservagao (Vieira). 153 neha térmo da série negativa substantivo no plural fem enhium dos. aigurn dos outros, nenhum ” inte usase no plural ou NO singular: cvangelistas dizem expressamente quando ndo o ultimo de algum o verbo s¢B um dos outros F Nem Lucas, Wate a venta & Cristo (Vr re SSSnesmo Adao, nem alge g eontudo nen E crnome a Eva (Vicita): Quan precedido dos OULTOS.y nem alg: 7 le scus descendentes chamou nunca es um e€ outro, um ow OUlror nem um nem outro servem tes a substantivo que se usa no singular: ar wna e oulra cousa. ira vex a cidade. gente posso acciti jotei sinaii ‘As expresso de determina’ Procuramos alcans: file vai uma ou oul! Nem um nem outro pre fm um ou oudro prisioneiro ar is de sofrimento. Quando a locusio um ¢ outro com substantivo no singular claro ou subentendido, serve de sujeito, o respectl'? verbo, enunciado em Seguida, usase ora no singular, ora no plural. £ preferivel o plural egulfig os seres a que sc refere um € Outro. se NOL representam no espirito como individuos ou entidades bem distintas: szeram seus protestos € requerimentos (D. do Couto). usa Ihe desagrada (Bernardes). houvera engolido Um e outro fi desapareceram, como se a terra 0s Uma e outra cot De repente, um ¢ outro (Herculano). duraram apenas rapido instante (Herculano). Uma e outra cousa Uma e outra doutrina é de Salomao (Bernardes). vee outa Majestade accitaram e receberam o novo € sobrenatural paren: tesco (Vieira). nem um, nem outro, usase Sendo enunciado 0 sujeito pela negativa o verbo no singular: Nem um nem outro falou verdade (F, L. de Sousa). ‘Nem uma nem outra cousa é necessdria (Bernardes). oO sujeito miultiplo deixa de influir sébre a forma do verbo desde que, depois de enumerados 0s varios nomes ou pronomes, se emprega recapitulativamente tudo, nada, ninguém. O verbo concorda smente com o térmo recapitulativo: A rodeira ¢ as cuvilheiras ¢ as sergentes, tudo abalara para assistir ao grande , drama (Herculano), femédio, dieta, mudanca de ares, nad i ye a , nada Ihe aproveitou. 2 pus tod re, 0 orgulhoso © 0 humilde, ninguém escapa & morte. verdadeiro, a verdade ¢ a mentira, tudo passa (Vieira). Desta ultima re, pra se excetua ela as aosetaetaatoe i erp en aquelas construgdes em que, fazen- plural: » © predicado é expresso por um substantivo no Pontos, coros € os m , nesmi (Garrett), 10s comparsas, tudo eram parentes ou amigos intimos A palavra gente pede adjetivo e verbo no singular: Notou-se a presenca de gente estranha. Poperam que a guerreira gente saia (Camées). AAdmira-se a gente do que ve. istas ocorrem entretanto sigio de ou- do vocabulo Nos Lusiadas ¢ em outras obras quinhent ordancia no plural, quando, pela interpo: exemplos de con 3 1 0 ou o térmo determinante vem afastado tros dizeres, 0 verb gente: (© grande estrondo a maura gente espanta, (Camées). Vendo 0s nossos como a gente destas terradas andavam wi a terra (Barros). A gente da cidade aquéle dia, uns por amigos, oF Yer sdmente, concorria, saudosos na vista € desc como se vissem hérrida batalha adando por se acolher wutros por parentes, outros por ‘ontentes (Camé¢s). Quando a um nome ou pronome no plural antepomos, em lugar do unntitativo muitos, alguma das expressdes grande nimero de, grande Multidao de, grande quantidade de, o verbo seguinte pode ir para 0 plural, concordando com a nogio de pluralidade que temos em mente: Uma grande multidéo de criangas, de velhos, de mulheres penetraram na caverna (Herculano). Um grande nimero de velas branguejavam sobre as aguas do Estreito (Herculano). Sendo 0 sujeito da oragdo constituido pela expresso parte ou grande parte, a maior parte, com um complemento formado pela preposigao de e um nome ou pronome no plural (podendo éste complemento estar claro ou subentendido), 0 verbo se emprega tanto no singular como no plural: A maior parte dos nossos usam de pio amassado (Barros). Mandou soltar dez ou doze mouros, parte dos quais vieram ter ao nosso arraial, ‘A maior parte de suas fazendas estava em navegacio (Barros). Uma parte dos cavaleiros oferecer-thes-iam débil resisténcia (Herculano). Os amigos de Ant6nio parte foram destruidos, parte desbaratados (H. Pinto). Se os dizeres grande ntimero, grande multiddo, grande quantidade, parte, grande parte, a maior parte, se referirem a nome coletivo no singular, 0 verbo sé se emprega na forma singulai Parte do exército conseguiu atravessar 0 rio. ‘A maior parte do povo € contriria & revolucio. Fi As expressées cérca de, obra de, perto de, passante de, mais de, menos Je, antepostas a mimero plural para denotar quantidade aproximativa nio influem na concordancia do verbo, que sera no plui , Morreram cérca de quinhentos homens. Mais de vinte volumes foram vendidos por preco exorbitante. ‘eriam juntos passante de oitenta mil (Barros). . Restaram menos de quinze exemplates. 155 sinese (isto é, concordancia com a idéia ‘o cmprégo do verbo no singular, ferbo concorda com distdncia, Em certos casos, @ em mente), permite exemplo, em que o ¥ des de léguas: JA Ihe ficava atrds que temos como no seguinte © n&o com as unida, is mais de cingitenta léguas (Vieira). Verbo que se usa com a expresso mais de um dizse geralmente no . singul Mais de uma ldgrima foi derramada, Mais de um ano se pnssou, Mois Ge um ricago ficou reduzido A miséria. Nas frases exceptivas expressas pela forma negativa, em que se in. terpde o verbo entre ndo € sendo, ou entre ndo e mais que, vindo em seguida um nome que sirva de sujeito, o verbo vai para o singular ou para o plural, de acérdo com éste térmo: Nao escapou sen’o uma crianca. Nao escaparam sendo trés meninos. _ Do antigo templo nao aparecem mais que as colunas. Se a excecio se refere a sujeito de 1.7 ou 24 pessoa, € necessirio dar outro torneio & frase, como, por exemplo: Ninguém votou contra 0 projeto sendo nds trés. Nao apareceu outra pessoa sendo tu. Quando é sujeito de uma oragio exclamativa que de (equivalente de que multidio de) seguido de substantivo, 0 verbo concorda com éste substantive Que de casas ndo ruiram! Que de familias nfo vivem sem amparo! Que de gente nao concorreu a festal Empregandose ¢ necessério, € preciso, € bom com o sentido de é necessdrio ter, é bom ter, é bom usar, Presses, sendo o substantivo objeto direto do verbo ter, etc. ficam invaridveis estas ex- que se lhes juntar considerado como usar, etc., que temos em mente: E necessdrio muita paciéncia com os meninos. E necessério esforco e Vigilancia (Klerculano), 7om t6da a cautela (Castilho). _OBSERVACAO, ciso podem usar-se concordancia com entretanto na frase de € boa téda a cau — Nio ha div igualmente com © substantive é bom téda tela, ida que os adjetivos necessdrio, pre no predicacao, e neste caso se fara ‘© que Ihe serve de sujeito. Repares? 4 cautela, cujo sentido difere bastanté 156 Na deerminagio de horas, datas, distancias 0 verbo ser concorda gn.a expressio numérica: ¢ ‘sao trés horas em ponto. uma hora. Hoje sdo dez do més. Da estagio A fazenda so trés Iéguas a cavalo, ©) verbo dar referindose as horas que batem, usa-se no singular uando vem claro 0 sujeito relégio; em caso contririo concorda com a expressio numérica: Neste momento o reldgio dew dez pancadas (Herculano). ‘Deu uma e meia. Deram as oito (Herculano). No tratamento de vossa mercé, vocé (contragio de vossa mercé), vossa senhoria, vossa exceléncia, 0 senhor, a senhora, vossa reveréncia, etc., emprega'se 0 verbo na 3.8 pessoa por causa dos substantivos mercé, senhoria, etc, e pela mesma razio se fazem as referéncias com os pro- nomes de 3.* pessoa sew (e variagdes), se, lhe, 0, a. Porém na distingao de género, quer para 0, a, quer para os qualificativos, aplica-se a sinese, fazendo a referéncia ao sexo da pessoa, e n&o aos vocdbulos mercé, senhoria, etc. Assim diremos: a) dirigindo-nos a homem: Vossa Exceléncia anda muito ocupado. Permita-me Vossa Senhoria que Ihe diga. Meu caro amigo, vi-o ontem na Avenida com sua espésa. Vocé deve dar-se por satisfeito. 2) dirigindo-nos a mulher: Vossa Exceléncia canta divinamente, e serd muito aplaudida, Prometo-the que hei de visité-la no préximo domingo. Queira dizer-me se sua filhinha vai passando melhor. A palavra meio, servindo de qualificativo a um nome, concorda com éle em género e numero: O relégio da as horas e as meias-horas. © diadema tem a forma de meia-lua, Com meias palavras nfo fazemos nada. Empregada como determinante de adjetivo, com o sentido de “um tanto”, “em parte”, “ou quase”, e tendo portanto valor adverbial, a Palavra meio pode usar-se, segundo o precedente dos melhores escrito- Tes da lingua, tanto sob a forma invaridvel, como em concordincia com © respectivo adjetivo: Uns cae meios mortos, ¢ outros vio a ajuda convocando do Alcorfo (Camées) As sete naus ficaram metas alagadas (Castaneda). ‘ara Os nossos nao ficarem magoados € meio injuriados (Bartos). M1 Gramética Secundéria . ios abertos (Barros). Os outros cor gradlas pelos ccs (Herculano). eas ee aa ee Solos ain lidades, atributos ou condigdes que vem de duas qual es andose pore evinteposta a cada um dos adjetivos, ‘a palavra_ meio, @ fe invarivel: Tra se contradizem, conservar-s da minha meio-rural, meio-urbana paréquia (Herculano). (Herculano). tomado na acep¢io de “existir”, dizse no singular, embora venha junto a um nome no plural. ; 'é exemplo de uma forma cristalizada. Filiase a cert linguagem do asim vulgar em que kabere com a significagio de “ter” servia de pre- sem da am sujeito que hoje nao sabemos qual seria, Assim dizemos: Ha homens neste mundo dificeis de contentar. Havia no recinto quatrocentas pessoas. Traidores houve entre os que conspiravam. Ninguem sabe quantas estrélas hd no firmamento. O verbo haver, OBSERVAGAO. — O sentimento da linguagem leva 0 povo € raros esctitores a empregar, uma vez por outra, houveram pessoas, haviam céres, se houvessem almas, etc., por houve pessoas, havia céres, se houvesse almas, etc. Nunca, porém, se troca a forma monossilabica ha por ha Nas oragdes que tém como sujeito o pronome relative que, 0 verbo concorda com o térmo antecedente, sujeito ou objeto de outra oragio: Eu, que estive ausente, nada sei do caso. ‘Também me culpava a mim, que vos fiz companhia (Bernardes). Nes que éramos ricos, empobrecemos depressa. As mercadorias que néo prestavam foram destruidas. Mudou-se para um prédio que tem comodos mais espacosos. 5 area a dito antecedente do sujeito que um pronome demonstrativo, le oragio adjetiva usa-se geralmente na 3.4 pessoa: Aquéle que nao quiser ficar i él pode retirar- Aquiles que desobedeceram foram punidos, s que mais falam sao os que menos trabaiham. OBSERVAGAO, — § €8, 08 eines “idssicon mPTeBANdo como demonstrative as formas 9 0 verbo na Ta oa eg SomtaFiam por vézes a regra precedente, pondo pessoa que fala ou da nee e442 Plural para mostrar a inclusio da Os que nascemos homens rerpone nets, * quem se dirige a palave rascimento. (Vieira ng 4 respondemos tdo mal as obrigacdes de nosso ria par. fazer-vos aoe: “ be para os que viveis nestes mares eine adverténcia muito necess 158, ). Esta concordincia também se pode interpretar como sendo o demons. trative 0 apdsto do pronome pessoal nds ou vss subentendido, Funcionando 0 antecedente do pronome que, niio ja como sujcito ow objeto de outra oracio, ¢ sim como predicado do verbo ser, podese fazer a concordancia com 0 sujcito déste verbo, como nestes exemplos: astanheda), ificar éste livro (Hercula Fui também 0 primeiro que mostrei 0 engano ( Sou eu o primeiro que nio sei ¢ 0). Esta concordincia com 0 sujcito usada quando em vez de eu SoU 0 que. fui CW 0 que, [O81E WO Gul ony etc, dizemos, com omissio do demonstrative, eu sou que.., fui ew que..., féste tu que, etc. Exemplos: oragio precedente & sobretudo Fui eu que escrevi a carta. Fomos nds que nio quisemos. Féste tu que denunciaste 0 plano da conspiragio. Nao seremos nds que iremos mendigar tais emprcgos. Nao fui eu que o assassine’ (Herculano). Es tu que deves lembrar-te déle (Herculano). Féstes ds que me ensinastes 0 caminho, Sou eu que exponho (Castilho) OBSERVAGAO. — A omissio do demonstrative nos exemplos pre- cedentes é costume implantado na linguagem desde 0 sécutlo pasado. Antes déste tempo todos os escritores punham sempre claro 0 demons- trativo: Quem te disse que era eu o que te digo? (Camées). Nao fui eu 0 que preguei (Vieira). Eu fui o que fiz isso (Vieira). Para mais exemplos veja-se a nossa Gramdtica Historica. Empregandose eu sou quem..., fui eu quem... fdste tu quem..., ete, em vez de eu sou que... fui eu que..., féste tu que..., € hoje costume, entre as pessoas cultas, pdr o verbo na 8.2 pessoa. Fui eu quem escreveu a carta, Foste tu quem disse tal cousa, Logicamente, desde que se trata de substituicio, dever-se-ia continuar a por a forma verbal em harmonia com o sujeito do verbo ser. Desta pratica, que persiste no falar do povo, ocorrem exemplos em Manuel Bernardes, Filinto Elisio e Gongalves Dia: N&o sou eu quem, influindo em Ario, invadi a Alexandria alcancei 0 triunfo (Bernardes). Nao fui eu quem o privei dela (F. Elisio). ‘Arde o pau da resina fumosa; nao fui eu quem 0 acendi (G. Dias). O verbo que se segue as locugdes uma dus cousas que..., um dos ho- mens que... e outras semelhantes, usa-se por via de regra no plural: 159 is trabalharam foi Pedro. Um dos homens que mai mais ine surpreenderam. Foi uma das cousas que Paulo é um dos que mais estudam. Hf, contudo, exemplos de atrago em que se usa o verbo no singular concordando com wm: Uma das cousas que me mais espantou (D. de Géis). Uma das cousas que sempre agradou a Deus (Vieira). Uma das cousas que derrubou a Galba (Bernardes). 160

Você também pode gostar