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emia e redes de convivéncia, } k : i DAVID BOHM, j OX ted aes ¥ ‘ Ye 4 PALAS ATHENA © OBSERVADOR O OBSERVADO Normalmente nao not AMOS que nossos pres, postos afetam a natureza de n = 1ossas Observacées Mas | influenciam o modo como vemos as coisas, a may 7 : I neira como as experienciamos e, em conseqiiénci remos es De certa forma, ee — 7 0S Nossos pressupostos como se eles fossem um filtro, Num certo sentido eles podem ser considerados um observador. 0 significado da palavra “observar” pode ser obtido definin. do “observacao” como “colher com o olho’, e “ouvir como “colher com o ouvido”. Quando estamos numa sala, tudo € colhido junto e chega 4s pupilas dos olhos, a retina e ao cérebro; ou também pode vir pelos ouvidos. £ o observador quem colhe: ele seleciona e retine as obser vacdes/informacées importantes e as organiza sob a for- ma de significados e imagens. Essa selecao € feita pelos pressupostos do pensamento. De acordo como on oes supormos, coletaremos certas informagées come ua tantes e as reuniremos de um determinado modo, do uma determinada estrutura. O OBSERVADOR #0 ORSteVADG 4q A 129 vortanto, 5 pressupostos funcionam como uma es- cae de observador. Quando observamos, €squecemo- A isso. Olhamos sem levar em conta esse fato, Mas ~ “observador” afeta profundamente o que é observa. do.ea reciproca é verdadeira — na realidade a Separagaio entre eles € minima. Se as emogées sao o que € obserya- do, os “pressupostos observadores” obviamente sao afeta- dos pelas emocdes € vice-versa. Por Outro lado, se disser- mos que as emocdes sitio o observador e determinam ° modo como as coisas siio organizada: ; : ‘S, OS pressupostos serao aquilo que se observa, Em Se, por outro |: » © Caso é diferente. De maneira semelhante, quando olhamos para a sociedade OU para outra pessoa, o que vemos depende de nossos Pressupostos e teremos uma reagio emocional, vinda da- quela pessoa, que nos penetra e influencia o modo como vemos as coisas. Portanto, num dado cenrio a distingao entre o ob- Servador e 0 observado nao pode ser sustentada ou, como é 140 dizia Krishnamurti, o observador é 0 observado. Sen < j i A i ressupost juntarmos os dois — se nao ligarmos os Pp! postos . 4 errado. Se digo que vou examin: emogoes -, tudo dara errado. 130 > DIALOGO * Comunicagao e redes de convivéncia minha mente, mas nao levo em conta MEUS Pressy, a imagem esta errada, pois sao os Pressuposios Po, minam. Esse é um problema comum da introspecc eq. vocé disser: “Vou olhar para dentro de mim meses nao olhar para seus pressupostos, na Tealidade este € que estarao olhando. . Imagine um programa de televisio sobre dor e 0 observado. Haveria uma pessoa que se: vador e outra que seria o observado. Elas se Movimenta. riam de modo que uma observasse cuidadosamente g ou tra, que por sua vez se sentiria um tanto desconfortave] por ser observada. E vocé teria a sensagao de que 0 ob. servador estaria a olhar para o observado. Na mente, ocorre um processo semelhante: o pensamento Produz a ima- gem de um observador e a imagem de um observado; ele (0 pensamento) se coloca dentro do pensador, que pro- duz o pensamento e faz a observagao. Ao mesmo tempo, ele projeta seu ser no observado, como em geral fazemos em relacao ao corpo. 9 observa. Tia oO obser. Da mesma forma que posso observar a sala em que estou, também posso observar o meu corpo. Mas também sei que sou o meu corpo € experiencio essa condi¢ao de Outra maneira, por meio de sensagdes. Essa experiéncia € teproduzida internamente Por meio da imaginacao e da fantasia, como no caso da dupla observador-observado. E, como acontece com © Corpo, essa circunstancia € sen- tida como uma realidade — a realidade do eu. Esta € uma Sugest4o de como nar — dor, de um pensador. dade muito maior que, 0 OBSERVADOR PO opseevapo 131 rentemente, vem de um ser que deve saber 9 que apa gar, Por Outro lado, se isso ocorresse s6 mecanica- pensar. ate, tal ser nao seria mais significative do que um mente, AG. : 4 computador. E se voc imaginar que ha um pequeno ser dentro de um computador, este também adquiriria uma autoridade muito maior. Consideremos o caso de um. deficiente visual com sua bengala branca. Se ele a segurar com firmeza enquan- to tateia, sentira que a bengala é “ele” — perceber4 que entra em contato com © mundo por meio da ponta de seu basto. Mas se segurar a bengala frouxamente, esta nao sera “ele”: sua mao é que o sera, Nesse caso, porém, o individuo podera Pensar, “minha mo nao sou eu”; “que- fo movimentar a minha mao”, Portanto, existe algo bem mais interior ~ que ainda nao sou eu — responsavel pelo Movimento da minha mio. Entio, 0 individuo continuara ase aprofundar cada v ez mais nele mesmo e, enquanto o faz, dird: “Isso nao sou eu, isso nao sou eu; observo essas Coisas, mas elas nfo sio essenciais a mim”. Ele pode ter a Sensagio dos Orgaos internos, dos miusculos e ainda as- sim pensar: “Eu nao sou nada disso, preciso procurar em Outro lugar ainda mais profundo”. E assim continuaraé a descascar a cebola plano por plano até chegar a propria €ss€ncia, ao centro onde em algum espaco poderia estar © Seu “eu”. Num determinado ponto, ele poderia dizer: “Deve existir algum “eu” essencial, muito profundo, que observa tudo”. Bis o modo como as pessoas pensam. Todo Mundo pensa assim. a digo que o pensamento é um sistema he Pertence @ totalidade da cultura e da sociedad, We js0 lui ao longo da histéria e criou a imagem de um in 132. Pp 141060 + Comuntcactio eredes de convivéncia que, pretensamente, a a fonte do Pensamento, § isso da sensacao de um individuo percebido e experiencing . O que nos leva ao préximo passo, no qual 0 Pensainen, reivindica que s6 ele pode dizer como as coisas Sio e com base nisso, decidir o que fazer com as informacdes.- ele escolhe. Esse foi o quadro que aos poucos emergiu: 9 pensamento nos diz como as coisas sao € entao “decidi- mos” como agir com base nessa informagao. Vocé pode olhar para isso tudo, tentar raciocinar e perceber 0 que esta errado. Comega a duvidar, e diz: “Seja o que for que estiver por tras disso, é duvidoso”. Com muita freqiiéncia, porém, suas primeiras perguntas conte- rao as proprias pressuposicdes que devem ser postas em diivida. Como exemplo, posso questionar alguma crenga, mas faco 0 questionamento por meio daquilo que equiva- le a outra crenca. Assim, vocé tem de ser sensivel @ totali- dade do que faz. O que ocorre € que parece que ha um “duvidador” que duvida. Em algum lugar, “nos bastido- res”, ha alguém a observar o que est errado, mas qué n@o esta sendo observado. As coisas “erradas” que ele procura est’o nele mesmo, porque 14 € 0 lugar mais segu- ro para escondé-las. Esconda-as no préprio buscador € ele jamais as achara. =

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