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Ah, a destruição. Há mais prazer em destruir algo do que em construir.

A construção é algo
difícil, a construção é lenta, cansativa.
A destruição é o fogo, é liberar o que sente, a destruição é rápida, não tão ausente quanto a
construção. Estamos convivendo com a destruição, estamos nos destruindo de diversas
formas. Ah, a destruição é linda.
Se algum dia me dessem a chance de poder ver o mundo como uma pessoa qualquer, eu
nunca recusaria.
Eu estou preso à minha própria forma de pensar, e isso me deixa tão sem saída. Imagine
quem eu poderia ser com uma visão diferente, ou quem eu poderia ter sido. Hoje eu sou a
moça que te atendeu no caixa, amanhã sou o velho que compra os remédios na farmácia.
Ontem eu fui apenas um taxista qualquer.
Se eu pudesse ser outra pessoa, ter outras experiências, eu faria de mim alguém melhor ou
pior? São tantas as indagações que apenas provando deste veneno provocador que eu
poderia alcançar as respostas.
- Quem sou eu? Me perguntei essa frase frente à frente com o espelho, esperando que ele
me respondesse. E ele me disse:
- Você é a pessoa que se deixou levar pelos seus pensamentos, você é o que decidiu ser, não
deixou de ser você nem que fosse por um segundo sequer. Ao invés disso, procurou nos
pensamentos, na quimera: o que poderia ter sido, se tornado.
Que provocação, o fruto proibido realmente é o conhecimento, não do mundo, mas de si
mesmo.
O homem que se descobriu pecaminoso entrou em uma depressão profunda, e o tolo se
afogou na água ao observar seu próprio reflexo e se deixar admirar por ele. No fim, o único
que pode ser verdadeiramente feliz fora o abortado, que não chorou uma vez sequer em um
mundo tão cruel.

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