Aluna: Juliana C Delicato Seguin – 7o semestre de Cinema e Audiovisual/2018
Resenha do livro O Que É Religião? De Rubens Alves
O texto fala sobre como as expressões naturais do corpo deixam de ser
naturais, porque o corpo, foi transformado de entidade da natureza em criação da cultura, nome que se dá aos mundos que os homens imaginam e constroem, À partir do momento em que o corpo deixa de dar ordens, se torna necessária a educação das pessoas nesta cultura. Se faz necessário que os mais velhos ensinem as crianças como é o mundo. Não existe cultura sem educação. A atividade humana não mais é uma simples luta pela sobrevivência e a cultura não surge no lugar onde o homem domina a natureza. Surgem então as situações em que os objetos do seu amor só existem através da imaginação e do poder da palavra. Cria-se então um mundo que faça sentido, e esteja em harmonia com os valores do homem que o constrói, que seja a realização concreta dos objetos do desejo.. A religião surge então como a mais fantástica e pretenciosa tentativa de transubstanciar a natureza. O sagrado, porém, não é uma eficácia inerente às coisas. Ao contrário, coisas e gestos se tornam religiosos quando designados como tal. A religião nasce com o poder que os homens têm de dar nomes às coisas, fazendo uma discriminação entre coisas de importância secundária e coisas nas quais seu destino, sua vida e sua morte se dependuram. Para a religião, não importam os fatos e as presenças que os sentidos podem agarrar. Importam os objetos que a fantasia e a imaginação podem construir. Fatos não são valores: presenças que não valem o amor. O amor se dirige para coisas que ainda não nasceram, ausentes. Vive do desejo e da espera. E é justamente aí que surgem a imaginação e a fantasia, "encantações destinadas a produzir a coisa que se deseja..." A religião aparece para tentar iluminar os cantos escuros do conhecimento, porém Ilumina com ilusões que consolam os fracos e legitimações que consolidam os fortes. E, desta forma, as palavras que brotam do sofrimento se transformam na cura temporária de uma dor que ela é impotente para curar. E é por isto que é ópio, "felicidade ilusória do povo", que deve ser abolida como condição de sua verdadeira felicidade. Mas ela não será abolida através da atividade intelectual, porque as pessoas não podem ser convencidas a abandonar suas ideias religiosas. Ideias são sintomas de sua situação. É necessário que mude sua situação para que as ilusões desapareçam. A religião nasceu como mensagem do desejo e esperança. A realidade é a negação do desejo. Portanto a realidade deve ser abolida, a fim de ser transformada. "Deus é a mais alta subjetividade do homem... Este é o mistério da religião: o homem projeta o seu ser na objetividade e então se transforma a si mesmo num objeto face a esta imagem, assim convertida em sujeito." a linguagem religiosa é um espelho em que se reflete nossa própria essência. O que a religião afirma é a divindade do homem, o caráter sagrado dos seus valores, o absoluto do seu corpo. E assim chegamos à mais espantosa das conclusões deste homem que amava a religião e nela encontrava a revelação dos segredos de sua própria alma: "O segredo da religião é o ateísmo".