Você está na página 1de 2

VONTADE DE DEUS, COMO DESCOBRI-LA

Jesus, quando agonizava de tristeza e pavor no jardim de Getsêmani, precisou buscar e aceitar
a vontade de Deus: “Todavia, não seja como eu quero, e, sim, somo tu queres”. (Mat. 26:39).
Podemos supor que a vida de oração de Jesus muito envolvia essa questão de discernir a
vontade do Pai, em todas as circunstâncias de sua vida. Procurando diretrizes quanto a essa
importante questão, ofereço as seguintes observações:

1. Evitar trivializar a questão da orientação divina, aplicando-a a toda pequena questão. Há


pessoas que adquirem o mau hábito de dizer, a todo instante: “Deus assim quis”, “O Senhor
mostrou-me isso”, Deus me guiou. Tudo, desde a cor das toalhas de banho, até à marca de
automóvel que a pessoa guia, toma-se motivo de busca da vontade divina. Mas a verdade é
que há muitas coisas acerca das quais devemos utilizar nosso próprio bom senso, pois a
respeito delas deve, certamente, haver uma divina indiferença. Conta-se a história de um
homem que, ao olhar para fora da janela de sua casa, observou que alguém batera no seu
automóvel, deixando a lataria ligeiramente amassada. E, então, comentou: Não sei por que,
Senhor, quiseste que teu carro fosse acidentado”, como se aquilo pertencesse à vontade
divina de Deus. Essa abordagem à vontade divina é infantil, e, de fato, é o tipo de coisa em que
as crianças envolvem-se, em seu relacionamento com seus genitores, onde cada coisinha fica
sujeita à aprovação de “papai” e “mamãe”.

2. A Questão do desenvolvimento Espiritual. O homem elevadamente espiritual mui


naturalmente mostrar-se mais sensível para com os requisitos divinos em sua vida do que o
homem que continua imerso no materialismo, no egoísmo e nos vícios. O indivíduo deve usar
os vários meios de crescimento espiritual (ver sobre Desenvolvimento Espiritual, Meios do)
para que esteja condicionado e possa reconhecer a vontade divina, tendo a força necessária
para segui-la. Entre esses meios, podemos pensar na oração, um agente primário na busca
pela vontade divina. Esse agente pode operar arranjando as circunstâncias, embora também
possa provocar a iluminação. Não nos devemos esquecer do toque místico. O homem está
sujeito a receber iluminação através da meditação ou através de outros exercícios espirituais.
Outrossim, os dons espirituais, como o conhecimento e a sabedoria, podem manifestar-se de
forma real através da mediação do Espírito Santo; e assim a vontade de Deus pode tornar-se
clara para nós, quanto a casos difíceis.

3. Condicionamento na Santificação. Essa é uma questão importante no tocante ao


desenvolvimento espiritual do indivíduo e à sua receptividade à voz de Deus. Sem isso, um
homem deixa muitos obstáculos na sua vereda, e decepa as linhas espirituais de comunicação.

4. Condicionamento no Treinamento para Cumprir a Própria Missão. Uma importante parte


nessa questão de cumprirmos a vontade de Deus consiste naquilo que fazemos com as nossas
vidas, de modo a cumprirmos as missões que devemos realizar. Se um homem preparar-se por
meio da educação e da experiência, a fim de ser um bom instrumento quanto à tarefa para a
qual foi designado, então, automaticamente ele haverá de receber orientação divina quanto à
tarefa que deve realizar, bem como acerca de como deverá fazê-lo. Mas o indivíduo
preguiçoso, que negligencia o seu desenvolvimento pessoal e que ignora a busca pela
excelência, não estará preparado para muita coisa. Assim, seria inútil tal homem saber o que o
Senhor quer que ele faça, porquanto não se preparou como devia para a tarefa. Posições
extremistas, como a do antiintelectualismo (vide) com frequência servem de refúgio para os
preguiçosos, os quais preferem poupar trabalho. Quanto mais reduzimos o escopo das
habilidades humanas, e suas possíveis aplicações, tanto mais reduzimos o homem, no que
concerne a como a vontade de Deus pode estar operando nele.

5. A Lei do Amor. Queremos fazer a vontade de Deus, não para servirmos ao próprio eu e, sim,
para servirmos melhor ao próximo. Se essa for a nossa atitude, então estaremos em um estado
espiritual em que agradará a Deus dar-nos sua orientação. Ao dirigir-nos, Deus capacita-nos a
servir melhor ao próximo. Sempre que o amor for real e vital, sempre o Senhor nos orientará.

6. O Bloqueio Egoísta. Em vez de viverem a lei do amor, muitos ocupam-se em atividades


egoístas, e ainda invocam a Deus para ajudá-los nisso. Tiago ensina-nos que Deus não está
muito interessado por esse tipo de atividade: “... pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para
esbanjardes em vossos prazeres” (Tia. 4:3).

7. Condicionamento Final. Aquele que está sendo transformado à imagem de Cristo (ver Rom.
8:29), para compartilhar da natureza divina (ver II Ped. 1:4) para participar da pleroma
(plenitude) de Deus (ver Efé. 3:19), e que está sendo guindado, pelo Espírito, de um grau de
glória para outro (ver II Cor. 3:18) naturalmente tornar-se-á um homem que não somente
saberá qual é a vontade de Deus, mas também será de tal modo transformado que lhe serão
dadas coisas significativas para fazer, em consonância com a vontade divina. Ocasionalmente,
vemos gigantes espirituais, que recebem tarefas gigantescas a realizar. Devemos emular tais
pessoas.

Você também pode gostar