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Liderança Escolar, Projeto e Trabalho em Equipa
Liderança Escolar, Projeto e Trabalho em Equipa
Lideranga... - Jorge A. Costa, Sandra Soares e Patricia Castanheira de lideranga. Um dos quadros teéricos que temos vindo a utilizar no mapeamento concetual dos nossos trabalhos de invostigacao mais recentes (COSTAet al., 2011) é 0 proposto por Bush (2011), em que © autor, partindo de seis modelos de gestao (formal, colegial, politico, ambiguo, subjetivo e cultural), identifica nove tipos de lideranca nas organizacées oscolares: gestiondria, transformacional, participativa, distribuida, transacional, pés-moderna, emocional, contingente e moral. O cardcter democratico da lideranga escolar, uma das vinculagées mais utilizadas na literatura, resulta, de acordo com autores como Harris (2004; 2005) e Gronn (2002), na lideranca distribuida. Este tipo de lideranga implica nao sé uma distribuigao das tarefas de lideranca polos diversos membros da organizacao, mas também uma intera¢cdo entre estes multiplos lideres. Os lideres necessitam que os restantes membros organizacionais desempenhem os seus papéis ou porque estes papéis se sobrepoem ou porque as suas rosponsabilidades sao complomentares. Esto facto coloca desafios aos lideres escolares dado que requer um grande nivel de coordenagdo e planeamento do trabalho dos diversos lidores. A existéncia de trabalhadores altamente especializados e auténomos pode favorecer um contexto no qual a lideranca se encontre distribuida, dado que os professores podem usar as suas competéncias e sabedoria para desempenhar papéis de lideranga dontro da escola, sob supervisdo © coordenagao do lider escolar. Um modelo de lideranga escolar que tem vindo também a ser aplicado as escolas ¢ a lideranga transformacional. Esta abordagem de lideranca enfatiza o desenvolvimento de capacidades e de niv do compromotimento com os valores organizacionais mais elevados. Ainfluéncia encontra-se distribuida por toda a organizagao e o poder ndo estd especificamente alocado aos titulares de posicées m elevadas na hierarquia. O lider transformacional motiva os seguidores ao introduzir mudancas nas suas atitudes de forma a inspird-los tendo em vista o cumprimento de determinades objetivos. Esta componente de inspiracde da lideranca transformacional tem sido apontada como sendo crucial para o desenvolvimento das escolas dade que promove a inevagae e a mudanca, elementos-chave para a sobrevivéncia da escola perante as ameacas imprevisiveis & sua estabilidade (LEITHWOOD e JANTZI, 2005; HARRIS, 2003; AVOLIO ot al., 2004; CASTANHEIRA « COSTA, 2007). CCavesos ue Pesqusa: Pessaue 10 Eovcacronat, Conan, ve, He 17, Pe GS-16, sears, 2012. 167168 Lideranga... - Jorge A. Costa, Sandra Soares e Patricia Castanheira Dado 0 cardcter moral das escolas, a lideranga moral é um modalo que também néo é desconhacido das organizacées educativas. A lideranga moral esta associada 4 moral, valores e ética. O lider escolar deve ter, como principios orientadores da sua acéo, principios que lhe permitam cuidar da escola como instituicéo, promovendo © cardctor moral da escola — a oducacdo do jovons. O lider escolar deve ser um modelo de conduta ética e de forte compromisso moral. Assim sendo, os valores serao uma forga orientadora na gestao da vida da escola @ 0 lider escolar terd que trabalhar no sentido da sua implomontacao (SERGIOVANNI, 2004). No entanto, existe uma perspetiva de enfoque na lideranca escolar que tem vindo a ganhar relevancia: a lideranga instrucional. A lideranga instrucional tem sido vista como um conjunto do comportamentos que 0 lider exibe procurando criar altas expectativas e objetivos de desempenho elevados quer para professores, quer para alunos, tendo em conta a opgdo por uma aco estratégica na monitorizagao, apoio 0 avaliacaodo processo de onsino o do aprendizagem. De acordo com Bush (2011),0 tipo instrucional é um género que partilha carateristicas e significados de diferentes modelos de lideranca, espocialmente dos ostilos formal, colegial o cultural.Deste modo, o lider escolar deve desenvolver estratégias que promovam um curriculo melhorado, incentivando a colaboragao entre professores de modo a ajuda-los a desenvolver as competéncias necessdrias para um melhor ensino, monitorizando e supervisionando os resultados dos alunos, de modo a verificar as melhorias no processo de ensino e de aprendizagem. O desenvolvimento mais recente da lideranca instrucional pronde-se com a lideranca instrucional partilhada (BLASE o BLASE, 1999). © lider escolar ja nao é 0 Unico responsavel pelo desenvolvimento de expectativas de desempenho mais elevadas para professores e alunos e pela supervisdo das tarefas instrucionais dado que partilha estas responsabilidades com outros professores. Os professores exercem a sua lideranca em colaboragdo com o lider escolar e usam o seu conhecimento para ajudar a melhorar © processo de onsino © de aprondizagom para todos os mombros da comunidade educativa. A lideranca instrucional, nesta nova abordagem colaborativa, esta associada 4 assessoria e a reflexado em grupo a fim de permitir melhores respostas para problemas comuns no onsine © para novos, ¢ inesporades, dilemas educativos. Trata- CCanzewos oe Pesousa Pessnuento Eovcacronat, Cuma 67, Ne, Pe 1GH-178, senor, 2012. Disponivel em
Lideranga... - Jorge A. Costa, Sandra Soares e Patricia Castanheira se de uma perspetiva que, ndo obstante o seu desenvolvimento em outros contoxtos geogrdficos, ainda surge pouco incisiva no contexto educativo portugués (COSTA e FIGUEIREDO, 2012). Liperanca Escoar E Projeto A lideranga néo se exerce no vazio, trata-se de uma acdo que necesita de orientagdo e de contetido, ou melhor, de projeto. Neste sentide, poderiamos dizer quendo ha lideranca som projeto. Eis o que sobre 0 assunto escreviamos recentemente: Liderar uma organizagéo implica necessariamente saber © que se pretende para essa mesma organizagéo nas mais diversas facetas do seu desenvolvimento. Em termos globais, diriamos que liderar implica ter um projeto, ainda que este assuma uma feigéo mais implicita endo se materialize num documento escrito. O projeto constituird o préprio contetido da liderangae, neste sentido, a lideranga sem projeto 6 uma lideranca vazia, artificial e certamente pouco duradoura ¢ eficaz (CASTANHEIRA e COSTA, 2011, p. 125). De acordo com 0 enquadramento legal da escola portuguesalo que ocorre também noutroscontextos geogrdficos), os projetos constituem instrumentos comuns de organizacao e gestao educativa (COSTA, 2007). Oprojeto educativo da escola é, em Portugal, um desses documentos orientadores, bem como o projeto de interven¢éo do Diretor (Decrato-Lei n° 75/2008, do22 do Abril). De acordo com este diploma legal, o candidato a diretor de uma escola tem que apresentar um projeto de intervencéo aquando do concurso ao cargo. Este projeto de intervengao é um instrumento do mobilizagao no sontido do ostabolecimonto de uma visdo para a escola que o candidato pretende implementar, tendo como pano de fundo as orientagées fornecidas pelo projeto educative da escola. Este projeto de intervencdo deverd apresentar as dreas nas qu © candidato ao cargo de diretor entende que a escola necessita de mudanca. Trata-se de uma metodologiaque se encontrarelacionado com a perspetiva transformacional de lideranga, dado que é a viséo do futuro, a missdo 0 os objetives dofinidos polo lider que ostéo om destaque neste projeto. A concecao aqui implicita é a de que a visao CCavesos ue Pesqusa: Pessaue 10 Eovcacronat, Conan, ve, He 17, Pe GS-16, sears, 2012. 169170 Lideranga... - Jorge A. Costa, Sandra Soares e Patricia Castanheira do lider pode ser, no caso do projeto de intervengao do diretor, a chave para o sucesso da escola através da implomentacao de ostratégias que possam corrigir os problemas que a escola possa tem ou que possam criar novas oportunidades de desenvolvimento de estratégias educativas que promovam o sucesso dos alunos. No entanto, este projeto necessita tor om linha de conta o cardcter moral das escolas 0 da lideranca escolar — deve respeitar as nogées éticas essenciais paraa gestdo de uma instituigéo na qual as criangas estao a ser educadas. Outra caracteristica espocifica das escolas que 6 abordada com 0s projotos educativos (tanto 0 projeto educative da escola, como © projeto de intervencao do diretor) ¢ o facto de as escolas terem atores com um grau significative de autonomia — os professores —quenecessitam de coordenagde © supervisdo especificas. A coordenagao do trabalho de varios professores em funcao de um projeto educative comum constitui uma ferramenta valiosa para a monitorizagéio e avaliagao do processo de ensino e de aprendizagem do que o lidor se pode munir. Os projotos educativos podem sor usados para esta coordenacdo e supervisdo ao estabelecer linhas de conduta e objetivos de desempenho, num quadro democrdtico de lideranca escolar,em que o trabalho em equipa se torna indispensdvel. O desenvolvimento de projetos pressupoe, por conseguinte, a construgao e o desenvolvimento de equipas. LIDERANGA E TRABALHO EM EouIPA A floxibilidado face 4 mudanca assume um papol critico na melhoria do desempenho organizacional. Neste sentido, a capacidade de se envolver em processos de construgao de equipas tem sido descrita como uma meta-competéncia com um papel critico na capacidade das organizagées, o dos rospotivos lidores, do so adaptarom aos constantes desafios da nossa sociedade, particularmente em contexto escolar. Os membros das equipas devem complementar o conhocimento, capacidade o competéncias uns dos outros de modo a que exista uma adequada coordenacao no estabelecimento de objetivos, na tomada de decisées, na comunicacéo e na gestao de conflitos. De modo a ser eficaz, 0 trabalho em equipa deve estar suportado por um ambiento de confianca e apoio no qual os membros da equipa reconhecam as suas forcas e fraquezas e exibam a sua adaptabilidade 4 mudanga (BASS-JOSSEY, 2007). 1 me, Po AGA-MT, set fore, 20. CCanzewos oe Pesgusa: Pessuento Eovcacionat, Cuanna,v Dispaniel em
Lideranga... - Jorge A. Costa, Sandra Soares e Patricia Castanheira eficacia deste desempenho nas organizacées escolares, é importante considorar a (ra)oriontacdo dos tradicionais procossos de lideranca nas escolas para novas praticas assentes na monitorizagdo e na avaliagao do ensino e da aprendizagem, envolvendo e motivando os professores e investindo no acompanhamentopréximo do progresso dos alunos - vartonte quo alguns autores classificam como lideranca instrucional.Perante este cendrio, torna-se prioritario ter em conta que a lideranga nao se exerce sem contetido e que o projeto constituiu © suporte fundacional do seuexercicio. Mas, a lideranca com projeto tom quo so traduzir numa acéo colotiva, com o envolvimento o a participagdo de todos, em que a construcéo (e o desenvolvimento) deequipas constitui um modusoperandi eficaz.Contudo, trabalhar om cquipa, lidorar uma equipa 6 ossencialmonto trabalhar com pessoas, num quadro de relacionamento interpessoal complexo, onde a tradicional vinculagéo racional de procedimentos cede perante as pressées do cérebro emocional. Ou seja, concegées e praticas de gestao parecem ter mais a ganhar se assumiromos sentimentos o as emogéescomo campos estratégicos da a¢do organizacional,num quadro de desenvolvimento da lideranga ancorada na inteligéncia emocional. ScHooL LIDERSHIP, Project AND TEAMWORK: ExpLorinc ConcepTUAL FRAMEWORKS AsstTRact School leadership constitutes one of the areas of organizational analysis that has been assuming a progressive interest. The traditional management skills of the Director are increasingly associated with the dimension of leadership, which involves the ability to influence the members of the organization towards their goal achievements. In the present article, we assume an exploratory approach that aims to integrate different conceptual frameworks. In particular, we intend to explore come particular aspects perceived az crucial to effective leadership practices within the school context, cuch az the nature of the project, the teamwork and the emotion components involved in the leadership process. The school Director, within an effective leadership perspective, needs to take the project as a guideline, while pursuing its content and action orientation, as well as the teamwork. Indeed, and although CCaveswos ue Pesqusa: Pessnuento Eovcacionat, Cyaan, VT, eT, 2164-16, senfoez, 2012. 7176 Lideranga... - Jorge A. Costa, Sandra Soares e Patricia Castanheira this should be the engine of the organizational development, the emotional facet of human behavier, as a central aspect of interpersonal relationships, should net be underestimated. Keywords: School leadership. Project. Emotions and teamwork. REFERENCIAS ALBROW, M. Sine iraet studio - or do organizetions have feelings? OrgonizationStudias. v. 13, p. 313-29, 1992. AVOLIO, 8. J.; ZHU, W.; KOH, W.; BHATIA, P. Transformational leadership and organizational commitment: mediating role of psychological empowerment and moderating role of structural distance. Journal of Organizational Behavior, v. 25, p. 951-968, 2004. DYER, W.; DYER JR., W; DYER, J. Team Building: Proven Strategies for Improving Team Performance. San Francisco: John Wiley & Sons, 2007. BLASE, J.; BLASE, J. Principals’ instructional leadership and teacher development: teachers’ perspectives, Educational Administration Quarterly, v.35, n. 3, p. 349-378, 1999. BRYMAN, A. Leadership in organizations. In CLEGG, S. R.; HARDY, C.; NORD, W. R. (Eds.) Handbook of Organization Studies. London: Sage, 1996. BUSH, T. Theories of Educational Leadership and Management. London: Sage, 2011 CASTANHEIRA, P. Lideranga e gestdo das escolas em Portugal: o quotidiano do presidente de conselho executive. Aveiro: Universidade de Aveiro (tese de doutoramento), 2010. ; COSTA, |. A. Liderangas transformacianal, transacional e laissez-faire: um estudo exploratério sobre os gastores escolares com base no MLQ. In: SOUSA, J. M.; FINO, C. N. (Eds.). A Escola sob suspeita. Porto: Asa, 2007. «i COSTA, J. A. “O projeto de intervencée do diretor: onde anda e para que serve?” In: COSTA, J. A; NETO-MENDES, A.; VENTURA, A. (Eds.). A emergéncia do diretor da escola: questées politicas e organizacionais. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2011, p. 125-134. COSTA, J. A. Liderangas nas organizagées: revisitando teorias organizacionais num olhar cruzado sobre as escolas. In: COSTA, J. A; NETO-MENDES, A,; VENTURA, A. (Eds.). Lideranga e Estratégia nas Organizagées Escolares. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2000, p.15-31. CCanzewos oe Pesgusa: Pessuento Eovcacionat, Cuanna,v Disponiel em