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A FILHA DO MEU SOGRO ©Copyright 2022 — V.S.

HARAS

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da autora.

Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome,

pessoas, locais ou fatos será mera coincidência.

PLÁGIO É CRIME

Revisão: Sonia Carvalho

Imagem: Depositphotos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
MEUS LIVROS
Sinopse
Um viúvo isolado;

Uma menina inocente;

Uma gravidez inesperada.

Bernardo Roux era um CEO famoso no ramo da aviação, já que


a sua companhia era extremamente conhecida em todo o

mundo. Depois que sua esposa partiu, ele não via mais o
mesmo brilho que costumava enxergar, mas foi em um cruzeiro
que seus filhos o obrigaram a ir que ele conheceu a menina que

poderia mudar toda a sua vida, Samantha.

Ela era muito mais nova do que ele, mas conseguiu chamar sua
atenção, e viveram dias incríveis, com direito a noites quentes,

mas acabaram perdendo contato por algum tempo e quando

Bernardo voltou a revê-la, foi quando seu filho mais novo


apresentou-lhe a nova namorada e foi naquele momento que

Bernardo começou uma briga interna consigo mesmo.

Ele estava apaixonado pela namorada do seu filho e mesmo

tentando evitar se aproximar de Samantha, ela também lutava


contra o mesmo sentimento e ainda escondia um grande

segredo do antigo amor… eles tinham uma filha.

Será que os dois conseguiriam viver o amor com que tanto


sonhavam?

E será que Bernardo perdoaria Samantha quando descobrisse a

verdade?
Para a pessoa que implorou que eu escrevesse essa história...

um dia ainda faremos o nosso anjinho.


Capítulo 1

Estava deitada em minha cama, enquanto escutava a chuva


cair do lado de fora. Passei meus olhos pelo teto e vi as pequenas

rachaduras que se encontravam ali.

Era tão estranho morar em uma cidade nova, ainda por cima

com pessoas com quem você não costumava conviver.

A minha vida estava uma catástrofe, mas não queria ficar me

lamentando em todos os momentos.


Até porque havia acabado de me formar em administração e

queria começar uma nova jornada em minha vida. Só tinha que


descobrir por onde, até porque minha vida foi construída no interior

de Minas Gerais e agora estar em São Paulo mudava tudo.

Eu não gostava de estar ali naquela cidade, era grande

demais, pessoas demais, barulho demais. Tudo que podia


acontecer, acontecia ali. Sempre fui uma pessoa que gostava mais

do silêncio do interior do que da movimentação de uma grande

capital.

No entanto, não tive escolha, assim que minha mãe faleceu e

eu não tinha condições de morar sozinha e acabei tendo que vir

para a casa do meu pai. Nós não tínhamos uma convivência muito
boa, mas uma mulher de vinte anos, que sempre foi sustentada pela

mãe, não tinha muito o que escolher, quando o aluguel atrasou, a

energia foi cortada e a água seguiu o mesmo caminho.

E mesmo que todos me conhecessem na cidade que eu

morava, não me deram um emprego, já que em lugares pequenos,

ninguém deixa o trabalho que tem, para não ter que sair da cidade e

eu não tinha um tostão para ir para outro lugar, então tive que
receber a ajuda de João Moretz, o homem que me abandonou
quando criança e que nos últimos anos tentou ser pai novamente.

Algo que estava sendo mais difícil do que me fazer comer

salada. Já que eu não gostava, preferia muito mais um hambúrguer

delicioso, cheio de gordura. O ditado “mara de ruim”, caía

perfeitamente sobre mim, apesar de que eu não era ruim, mas não
era saudável, então não entendia o motivo de nunca engordar.

Fui tirada dos meus devaneios, assim que escutei uma batida

na porta. Olhei na direção da entrada do quarto e disse:

— Pode entrar.

Assim que Mileide, minha madrasta apareceu, eu tentei sorrir.

Até porque aquela mulher era uma benção, sempre me tratava

super bem e na maioria das vezes tentava me agradar com algo.

— Oi, querida.

— Oi, Mi — respondi.

— Meu amor, o almoço está pronto, vem comer com a gente?

Aqueles encontros familiares para mim, na maioria das vezes

me deixavam um pouco irritada, mas não era porque as pessoas me


desagradavam, é por ainda não me sentir em casa. Já que eu nunca

considerava aquele lugar o meu lar.

E só fazia dois meses que morava ali, então ainda ficava meio

sem graça, ainda mais por não considerar meu pai, sendo realmente
meu pai.

— Claro! — Tentei demonstrar animação, algo que não estava


nem um pouco, mas que Mileide não precisa saber.

Levantei-me da cama e aceitei sua mão estendida para mim.


Começamos a caminhar pelo corredor que levava até as escadas da

casa que eles moravam. Ela não era nova, parecia mais uma
construção antiga que eles haviam ganhado de herança de um

velhinho de duzentos anos, mas ao menos eu sabia que ali estavam


vivendo bem.

Meu pai tinha um emprego bom, em uma empresa de software


e estava tentando arrumar alguma vaga para mim. Mileide ficava em
casa, já que no fundo do quintal, ela tinha uma confecção de marca

própria e fazia diversas roupas bem legais, que eu até me


interessava de ter algumas, mas sem dinheiro, não queria abusar da

hospitalidade daquela mulher e sair pedindo as roupas que ela fazia


para ganhar seu sustento.
Eu tentava ajudar nos afazeres da casa, já que achava que

estava sendo um estorvo na vida deles. Pelo que eu sabia, Mileide


não podia ter filhos e acho que aquilo a deixava triste, mas eu

tentava não ter uma péssima relação com ela, para ela não se sentir
mais desanimada.

Cheguei à mesa e meu pai já estava lá com um sorriso enorme


direcionado a nós. Eu não parecia nada com ele, saí como uma

cópia idêntica da minha mãe, sentei-me na cadeira e olhei para


João, tentando sorrir.

— Tudo bem, querida? — questionou, enquanto tentava ser


um bom pai.

— Tudo! — respondi, não querendo ser grosseira, mas ele


sabia que eu respondia mais de maneira forçada do que por querer.

— Estava vendo com a minha supervisora, sobre alguma vaga


de emprego para você. Ela disse que semana que vem, vai abrir um
processo seletivo e que seu nome estará na lista para fazer a

prova.

Daquela vez eu tive que sorrir verdadeiramente para ele, pois


havia gostado da notícia. Aquilo realmente era bom, pois estava
precisando muito ganhar algum tipo de experiência.
Nunca havia trabalhado e me sentia inútil, por não poder
ajudar ninguém com nada. Até mesmo quando estava na rua e via
algum morador de rua pedindo ajuda, me sentia mal, por não poder

lhe dar nem que fosse um real.

— Obrigada, pai — respondi e logo comecei a me servir da


comida que estava cheirando muito bem.

Mileide estava sorrindo, e parecia contente, por meu pai e eu

termos uma conversa sensata depois das primeiras semanas que


eram somente discussões.

Depois do almoço, aproveitei para tirar a mesa e lavar as


louças, já que era a única coisa que podia fazer no momento. Em

seguida voltei para o meu quarto, peguei meu celular em cima da


cama e comecei a mexer nas redes sociais.

Estava passando o dedo na tela do aparelho, sentindo-me


entediada, quando vi a publicação de um sorteio. Era de um cruzeiro
que passaria por diversas cidades do Brasil, incluindo alguns outros

países na lista. Fiquei interessada na mesma hora, pois sempre tive


vontade de fazer uma viagem daquela forma, no entanto, a condição

financeira não permitia.


Ali dizia que o sorteio aconteceria naquela tarde, e eu mesmo
tendo certeza que não ganharia, fiz tudo o que mandava nas regras
para poder participar. Vai que a sorte aquele dia estivesse ao meu

favor.

O tal cruzeiro aconteceria dali a quinze dias e era algo muito


fantástico. Só que eu sabia que não iria conseguir ir.

Deixei o celular de lado e fui fazer outras coisas que


precisavam mais da minha atenção. Por exemplo, arrumar meu

quarto, que parecia mais um mausoléu do que realmente um

quarto.

E assim passei a tarde toda, quando acabei, fui direto para o


banheiro tomar um banho, pois ninguém merecia ficar suada,

mesmo com o tempo meio frio lá fora.

A chuva tinha dado uma trégua, mas ainda continuava nublado

e nada de um calorzinho para dizer que ao menos esquentou um


pouco naquele dia.

Depois do meu banho, vesti um moletom e novamente me

joguei na cama. Peguei meu celular e percebi que tinha uma

notificação em minha rede social. Assim que entrei para verificar o


que era não acreditei por um momento.
Não era possível que a vida estava realmente me

presenteando com um pouco de sorte. Aquilo era impossível. Não


podia ser real.

Eu havia ganhado o sorteio do cruzeiro e ficaria em uma suíte

presidencial, além de ter tudo pago.

Abri um sorriso bobo no rosto e soltei um grito de animação.

Levantei-me rapidamente da cama e saí correndo do quarto,

procurando alguma pessoa para eu contar o que tinha acontecido.

Assim que encontrei meu pai e Mileide na sala, assistindo TV,

já que era sábado e nenhum dos dois trabalhava, eu soltei um grito:

— Vocês não sabem o que aconteceu.

Os dois me encararam sem entender, mas sorriram, pois

perceberam o quanto eu estava empolgada.

— O que foi, filha?

— Eu ganhei uma viagem de graça, pai.

Estava tão eufórica, que nem me lembrei mais das nossas

desavenças.
— Sério, querida? — Mileide, levantou-se do sofá e veio em

minha direção.

Mostrei para ela a tela do celular e ela começou a pular

emocionada, com aquele prêmio.

— Que maravilha!

Logo estávamos comemorando a minha viagem e eu

realmente estava feliz. Depois de dois meses na fossa, pela morte

da minha mãe, eu realmente estava feliz.

Talvez aquele fosse o passo que eu precisava para voltar a

ser feliz e começar a esquecer o passado.

Iria aproveitar aquela viagem para iniciar uma nova fase em

minha vida…

Eu seria outra Samantha…

Uma bem melhor do que minha versão antiga.


Capítulo 2

Estava sentado na cadeira do meu escritório, conferindo um


contrato, era mais uma sexta-feira típica de todas as que eu vivia

desde a morte de Ana Carolina. A mulher com quem fui casado e


que perdeu a luta contra o câncer há um ano.

Não via mais motivos para me divertir e olha que eu nem me


sentia um homem tão velho, que não pudesse curtir uma balada de

vez em quando. Mas aquelas coisas só tinham sentido com Ana

Carolina, não queria viver mais a minha vida depois de tudo.


Terminei o contrato e vi que já passavam das dez da noite.

Esperava muito que Rodrigo, meu filho caçula e o único que morava
comigo, não estivesse em casa, para ele não perceber a hora que

eu chegaria.

Eu tinha dois filhos, Alberto e Rodrigo, quase que dava para

formar uma dupla sertaneja, mas eles odiavam esse estilo de


música, então nem tinha como fazer aquele tipo de piada com eles.

Assim que desliguei o laptop da empresa, soltei um longo

suspiro e peguei a minha maleta, que continha alguns documentos


os quais eu verificaria durante o final de semana. Trabalhar era

melhor do que ficar pensando somente em catástrofes.

Saí da sede da minha empresa, que eu tinha muito orgulho

de ter continuado o legado do meu pai no meio de aviação e de ter

conseguido fazer com que a pequena empresa que ele tinha se

transformar em uma holding extremamente famosa. A Roux Airlines


era uma companhia aérea extremamente importante para o Brasil e

o mundo e eu já havia ganhado diversos prêmios por ter feito aquela

empresa se tornar quase um mundo, que oferecia diversos

empregos para os mais necessitados.


Entrei no meu Rolls-royce e parti em direção à minha casa.
Amava dirigir e até pilotar, afinal há alguns anos havia tirado o meu

brevê para poder conduzir alguns aviões e quando ficava um pouco

entediado somente por trabalhar, eu tirava um tempo para curtir

aquele hobby que poucos tinham.

Foram mais de quarenta minutos no trânsito infernal de São


Paulo, que mesmo fora do horário de pico, ainda parecia um

monstro para quem queria chegar em casa, mas consegui chegar

no meu lar são e salvo e sem perder a paciência com aquela merda

toda.

Estacionei o carro na garagem de casa e quase praguejei,

assim que vi o carro de Rodrigo ao lado do meu. Pelo jeito ele não
havia saído e eu teria que escutar o sermão de um moleque de vinte

anos que não entendia nada da vida, mas que sempre queria

mandar na minha, só por ter decidido não curtir mais da forma que

fazia antes.

Saí do carro e caminhei para dentro de casa, antes que eu

pudesse ao menos depositar a maleta de meus documentos na

mesa de canto da entrada, meus dois meninos apareceram no final

do corredor.
Aquilo era estranho, pois eu não entendia o que Alberto

estava fazendo em minha casa, já que ele morava em outro lugar


com a sua esposa Adriely.

— Meninos? — Tentei entender o que os dois faziam ali.

Já que eu esperava encontrar somente Rodrigo, que

provavelmente estaria me esperando chegar para encher minha


cabeça com suas reclamações, mas encontrar os dois foi algo

completamente estranho.

— Oi, pai! — Alberto, murmurou.

— Oi, filho. — respondi, ainda achando muito estranho


aquilo.

— Precisamos conversar, pai. — Foi a vez do Rodrigo se


pronunciar.

— Tudo bem, vamos para a sala.

Apontei em direção do lugar que estava falando e eles


assentiram, seguindo para lá e eu fiz o mesmo. Assim que adentrei
o lugar, caminhei até o bar, enchendo um copo com uísque, pois era

a bebida que me deixava mais leve e que não fazia com que eu
explodisse na solidão que me encontrava.
Voltei-me na direção dos meninos, que permaneciam em pé e

passei a mão pela minha barba.

Aquilo estava estranho. Por que estavam agindo daquele


jeito?

— Papai, Rodrigo entrou em contato comigo há alguns dias e

eu achei por bem estar presente aqui.

— Vão me explicar o que está acontecendo? — Encarei


Rodrigo, pois eu tinha completa convicção de que ele havia ido
encher o saco de Alberto em relação a mim.

— Papai, precisamos fazer uma intervenção para o senhor.

Tomei todo o líquido âmbar que estava em meu copo de uma


vez, pois não estava gostando do que ouvia.

— Do que estão falando?

Depositei o copo na bancada do bar e caminhei para o centro

da sala a fim de tentar compreender o que aqueles meninos


estavam querendo.

— Papai, nós amamos a mamãe e nunca deixaremos de


amá-la, mas precisamos continuar a vida, assim como o senhor
precisa continuar a sua.
Revirei os olhos e comecei a andar em direção a saída da
sala, mas Alberto esbravejou.

— Com todo o respeito, se o senhor não nos ouvir, eu juro


que ficarei um bom tempo sem visitá-lo.

— Está me ameaçando? — Olhei por cima do ombro, ao


indagá-lo.

— Não, estou anunciando que se o senhor não se prestar a


ao menos nos ouvir, eu não terei outra escolha a não ser me manter

afastado, para não vê-lo definhar a cada dia mais.

— Vocês estão achando que sou criança?

— Não, pai. Só que o senhor está se matando de trabalhar,


ao invés de curtir um pouco a vida. O senhor só tem quarenta e

quatro anos e mesmo assim, deixou de viver depois da morte da


mamãe.

Passei minhas mãos pelo meu rosto, irritado, e com raiva de

estar sendo tratado como um idiota.

— Querem que eu arrume uma mulher ou várias, é isso?

Os dois se olharam e respiraram fundo, como se eu estivesse


errado naquela situação.
— Papai, o senhor pode arrumar quando quiser outra mulher,
só que no momento só estamos falando de curtir a vida. Só
queremos que o senhor saia e se divirta como antes. Até os seus

amigos o senhor afastou.

Alberto tinha vinte e seis anos, mas já parecia muito mais


velho, devido à sabedoria que possuía.

— Não estou com a mínima vontade de viver a vida, depois


de perder Ana Carolina.

Alberto se aproximou de onde estava, colocou sua mão sobre

meu ombro e continuou a tentar me convencer:

— Papai, foi e ainda é difícil para nós, mas vamos fazer o que
prometemos na última vez que falamos com a mamãe?

Lembrei-me da promessa que lhe tínhamos feito: de que

viveríamos como sempre, felizes e aproveitando o máximo da vida

que podíamos.

Desistindo depois de dar de ombros, murmurei:

— O que devo fazer?

— Comprei uma viagem de cruzeiro para o senhor. Vão ser

dias incríveis e parte amanhã, acho que o senhor deveria aproveitar


a oportunidade. Deixei os papéis da viagem na mesinha de

cabeceira do seu quarto, se decidir ir dá tempo de arrumar uma


mala.

Uma viagem…

Eu amava viajar, mas tinha esquecido daquilo depois de ficar

tão solitário.

Acho que eu podia tentar mudar ao menos uma vez depois

de todas as tragédias.

— Tudo bem, eu vou…

Talvez fosse aquilo que precisava para voltar a ser feliz.

Ou ao menos ter uma vida mais normal.


Capítulo 3

Não estava acreditando no que tinha acontecido comigo. O


navio havia acabado de zarpar e eu estava guardando as coisas na

minha suíte e um sorriso gigantesco não saía da minha boca.

Caralho!

Aquilo era maravilhoso.

O lugar que eu havia ganhado no sorteio, era tão magnífico


que não parecia ser real. Provavelmente eu estava sonhando e logo

acordaria e acabaria meu sonho de princesa.


Eu havia feito a entrevista no trabalho do meu pai e não havia

recebido resposta, o que acabou me motivando a aproveitar ainda


mais essa viagem inesquecível que iria fazer.

Assim que terminei de arrumar minhas coisas, vesti um

biquíni vermelho que havia levado e coloquei a saída de banho,

branca, e que parecia mais um vestido. Olhei-me no espelho e


reparei que faltava algo.

Talvez fosse o meu cabelo solto que estava grande demais e

sem corte. Então aproveitei, para fazer uma trança e deixá-la caída
por cima do meu ombro. Peguei meus óculos de sol e dei por

finalizada a minha arrumação.

Saí do meu quarto e nem olhei para os lados o que foi um

erro, pois havia uma cabine atrás de mim, e no mesmo momento a

pessoa resolveu sair e eu toda desatenta esbarrei com o meu

vizinho de quarto.

A minha saída de banho era longa o que fez minhas pernas

se prenderem em sua barra e eu comecei a me desequilibrar e por

sorte, ou azar — dependia do ponto de vista — o homem acabou

me segurando.
E ao sentir aqueles braços me segurarem, senti um arrepio
passando por meu corpo. Meus olhos estavam grudados em sua

camiseta, o que deixou com que percebesse o quanto a pessoa que

havia me segurado era forte, mas logo deixei que eles fossem

subindo vagarosamente até encontrar o rosto do homem que me

salvou naquele momento.

Ele tinha olhos intensos de um castanho quase preto, seu

cabelo possuía alguns fios grisalhos, assim como a barba que lhe

dava uma expressão de malvado. E nossa, eu podia ser nova, ter

somente meus vinte anos, mas um homem daquele despertava em

qualquer uma, aquela vontade louca de se jogar em cima dele e

quase implorar para que me fizesse dele.

Talvez fosse ridículo ter aqueles pensamentos com uma

pessoa que acabei de ver, mas nenhuma mulher era de ferro, e

ainda mais na presença de um homem como aquele.

— Você se machucou?

E a voz… ah!

Aquilo nem era voz, era quase como um rosnado delicioso de

ouvir.

Saco! Eu deveria parar com aquilo.


— Nã… não — gaguejei.

Como eu era ridícula, eu tinha acabado de gaguejar na frente

de um homem que possuía a porra de um “H” bem maiúsculo.

— Que bom!

Ele deu um leve sorriso e eu quase pedi para que não fizesse
aquilo, pois ele já era bonito demais com a expressão séria, sorrindo

era o caminho da perdição.

O homem que devia ter uns quarenta anos, me ajeitou e


certificou-se de que eu não me desequilibraria.

— Bom, parece que somos vizinhos.

Ele apontou para o meu quarto e eu assenti, pois estava com


vergonha de falar mais alguma coisa e começar a gaguejar
novamente.

— Prazer, Bernardo.

Estendeu sua mão para mim e eu retribuí o cumprimento


dizendo meu nome rapidamente.

— Samantha… — E aproveitei para agradecer, enquanto não


começava a gaguejar de novo. — Obrigada por ter me segurado.
— Sem problemas. — Ele olhou pelo corredor e murmurou:

— Bom, vou indo.

— Até mais!

Depois de acenar para mim, o homem começou a caminhar


em direção ao lugar que o levaria para as diversas atrações que

havia no navio.

Eu era virgem e sonhava com o dia que perderia minha


virgindade com um homem com tanto sex appeal. Balancei minha
cabeça, já que não seria daquela vez que aquilo aconteceria, era

melhor aproveitar o que o cruzeiro tinha a me oferecer do que ficar


sonhando com aquilo.

Andei por diversos lugares e em cada canto, parava para tirar


uma foto, pois precisava registrar tudo. Já que provavelmente nunca

mais estaria em um lugar como aquele, que esbanjava luxo e


riqueza.

Claro que eu sonhava que em algum dia eu teria um emprego


bom, que teria um salário maravilhoso para eu poder voltar a um

lugar como aquele. No entanto, era nítido que eu ficaria um bom


tempo, sem poder curtir um lugar chique assim.
Depois de andar por alguns cantos que adorei, senti que
precisava procurar um lugar para almoçar e foi aquilo que fiz.
Cheguei no restaurante um tempo depois e sentei-me em uma mesa

que tinha uma bela vista para o mar.

Eu não tinha a mínima ideia de onde estávamos, mas não


podia negar que estava completamente apaixonada por tudo que
via. O mar era algo que tinha visto poucas vezes, e poder apreciá-lo

de tão perto era magnífico.

Pedi como entrada uma torrada que eles ofereciam, além de

depois pedir uma massa, já que macarrão era sempre bom.

— Vai querer beber algo, senhorita? — O garçom perguntou

de forma gentil.

— O que você sugere?

Eu não entendia nada de bebida e se dependesse de mim,


tomaria somente refrigerante, no entanto assim que percebi que

somente algumas crianças estavam tomando aquela bebida, resolvi


agir como a sociedade rica que estava naquele lugar.

— Provavelmente a Samantha deveria tomar um vinho


branco, e se tiver os de uva de Chardonnay será ainda mais

perfeito.
Ao ouvir aquela voz grossa, olhei para o lado e lá estava
Bernardo, o meu vizinho de cabine e um homem completamente
gostoso. De onde ele havia surgido, não fazia ideia, mas ele se

materializou ao lado da minha mesa.

— Com certeza, senhor. Deseja escolher algo?

— O mesmo que ela.

— Posso trazer para essa mesa?

Bernardo me encarou e questionou:

— Posso me sentar com você?

O que eu diria para aquele homem que acabei de conhecer e

que já estava achando um pouquinho intrometido. No entanto, para

não ser mal- educada, acabei respondendo:

— Claro!

— Então, pode trazer para essa mesa.

Ele se sentou à minha frente e mesmo o achando um pouco

intrometido, ainda não podia negar o quanto era lindo.

— Desculpe, ter tomado essa iniciativa. Observei desde a


hora que entrou aqui no restaurante e percebi que estava um pouco
sem graça. Então como percebi que estava sozinha e eu não estava

me sentindo muito bem por também estar sozinho, resolvi me juntar


a você. Desculpe-me se pareci um idiota.

Não esperava que ele fosse se desculpar logo de início, mas

gostei da forma que abordou o primeiro assunto comigo.

— Por que está sozinho aqui? — Quis saber, já que eu era


curiosa.

Bernardo olhou para o mar, como eu estava fazendo há

alguns minutos, e depois de um tempo que achei exagerado,

acabou me respondendo:

— Meus filhos fizeram uma intervenção comigo. Por isso

estou aqui, mas me sentindo tão solitário como estava em minha

casa.

Droga!

Se ele tivesse uma história triste seria muito ruim, já que eu

sempre queria estender minha mão para ajudar as pessoas e claro,

que pelo seu tom de voz, eu percebi que aquele homem estava
quebrado.
Afinal, quem tinha o coração partido, conseguia perceber

uma pessoa igual de longe. E eu consegui reconhecer o quanto

Bernardo estava destroçado.

— Mas por que fizeram isso com você? — questionei, pois


precisava de mais detalhes.

— A minha história é um pouco chata, acho que posso

estragar o almoço.

— Bom, estaremos em um cruzeiro durante muitos dias,


então eu tenho tempo para saber sobre a sua história no meu

primeiro.

Ele me encarou e eu senti uma conexão inexplicável com seu

olhar. Parecia que estava grudada ali e não conseguia desviar nem
se quisesse.

— Minha mulher morreu há um ano e desde então sou um

viúvo solitário que não está se importando em viver.

E era exatamente aquilo que eu não queria encontrar.

Um homem quebrado, que também estava cercado com a

morte de algum ente querido.

Ah, droga!
Eu ia ser a boa samaritana que iria querer ficar ao lado

daquele deus grego, durante todos os dias daquele cruzeiro.

Como eu era burra e tinha o coração muito mole.

— Então já sei o que podemos fazer…

Pedi tanto para que minha boca se mantivesse em silêncio

para que eu não dissesse o que se passava por minha mente.

— O quê? — questionou com o cenho franzido.

— Vamos juntar os nossos cacos quebrados e nos divertir

nesse cruzeiro.

— Você também está passando por um momento ruim?

Assenti e logo respondi:

— A minha mãe morreu há dois meses.

— Uau! Somos dois ferrados.

— Sim! — respondi.

Ele estendeu a mão para mim e eu aceitei.

— Então vamos fazer isso.

Sorri para ele, mas por dentro eu só gritava que queria paz.
Tinha ido para aquele cruzeiro para esquecer tudo de ruim que

havia acontecido na minha vida, mas me cercaria de uma pessoa

que também estava quebrada.

Como eu era idiota!

Só esperava que aquele acerto não terminasse mal, se não eu

estaria muito lascada.

Muito…
Capítulo 4

Quando cheguei naquele navio, acompanhado pelos meus

filhos, pois tinha quase certeza de que eles não acreditavam que eu
iria tão tranquilamente para um lugar que estava negando ir há

muito tempo, afinal, a diversão perdeu o sentido depois de tudo. Eu


jurei que seriam dias e dias, querendo pular daquele lugar, para não

ser obrigado a passar por aquilo novamente.


Só que pouco tempo depois que entrei ali, algo de muito

inusitado aconteceu. Uma mulher, completamente linda, esbarrou


em mim. Na verdade, se eu nos comparasse, teria absoluta certeza

de que a chamaria de menina, já que parecia ser extremamente

nova.

Não que eu estivesse interessado nela, mas parecia que


alguma coisa me falava que eu podia conversar com ela, que não

me sentiria tão mal quanto nos últimos tempos.

E quando a vi completamente sozinha no restaurante, percebi


que talvez, ao menos na solidão, ela poderia estar como eu. Por

isso, achei por bem fazer-lhe companhia. Só que quando percebi

que ela não havia gostado da minha intromissão, tive que pedir
desculpas, pois talvez eu tivesse entendido tudo errado.

Só que realmente o destino não brinca em serviço. Ele uniu

duas pessoas fodidas em um cruzeiro e talvez aquele enlace


pudesse dar certo.

E naquele momento, havíamos terminado o nosso almoço e

estávamos andando pelo lugar para podermos bater um papo, já

que decidimos ser amigos.


— Então, o que te trouxe aqui? — perguntei, pois já havia
contado o meu motivo, mas Samantha ainda não havia dito o dela.

— Se eu te contar você vai rir.

— Claro que não.

Enquanto a esperava falar, coloquei minhas mãos dentro dos

bolsos da bermuda cargo que usava e aguardei, enquanto ela

pensava no que dizer. Algumas crianças passaram correndo ao

nosso lado e eu senti um pouco de alegria, por ver como aqueles

pequenos seres eram inocentes e tudo era bom para eles.

— Bom, diferente de você que comprou o ingresso, eu ganhei


um sorteio.

Ela respondeu e suas bochechas coraram no momento que

voltei a encará-la.

— Sério? — questionei, pois era quase irreal uma pessoa


estar ali, por ter ganhado um sorteio.

— Sim!

— Meu Deus! Você realmente é uma mulher de sorte.

Ela revirou os olhos e abriu um sorriso, mas que logo

morreu.
— Sorte não costuma rondar a minha vida. Nem sei como

ganhei esse sorteio, talvez seja por ter passado pela perda da
minha mãe, que foi a pior coisa que aconteceu na minha vida.

Preferia outra coisa, do que perdê-la.

Senti a dor em suas palavras, ainda mais que estava muito

recente a perda da mulher que ela parecia amar mais que tudo.

— Desculpe perguntar, mas do que ela morreu?

— Pneumonia. Às vezes me sinto culpada, por não ter


percebido a tempo que ela estava doente. Só que eu sei que

também não poderia fazer muito por uma pessoa que odiava ir ao
médico.

— E pelo seu sotaque, você não é daqui, certo?

A menina me olhou e voltou a sorrir. Daquela maneira ela

ficava perfeita.

— Certo!

— Mineira? — chutei.

— Sim, senhor Bernardo.

— Imaginei. — Parei abruptamente e segurei seu braço, sem

muita possessão, pois não queria parecer um idiota abusivo. — Eu


sei que perder alguém que amamos é difícil. Minha esposa também

não teve uma morte bonita. Foi um câncer que começou leve, e no
final era terminal. Ela sofreu muito e eu só percebi também quando

ela já não parecia nada bem. Às vezes as pessoas que amamos nos
escondem que sentem algo e nós não devemos nos culpar por isso,

pois não tem como adivinhar o que está se passando com elas.

Samantha me encarou como se eu tivesse dito tudo o que ela

precisava ouvir naquele momento.

— Você é bom de lábia — brincou.

— Olha eu já ouvi muitas coisas, mas nunca imaginei que


ouviria isso.

Samantha soltou uma gargalhada e eu me senti importante


pela primeira vez depois que Ana Carolina morreu. Já que fazer

uma menina, que parecia tão triste, sorrir daquela maneira se tornou
algo que eu queria fazer constantemente.

O que eu estava pensando?

Não existia constância, em uma menina que conheci há

poucas horas. Realmente eu tinha que ir mais devagar nos meus


pensamentos, senão as coisas poderiam dar muito errado para
mim.
— Bernardo, quando você se sentou em minha mesa, achei
que poderia ser um maluco e tal. Só que estou gostando bastante
do seu jeito, acho que vamos ter uma amizade muito legal.

— Agora sim, eu gostei de ouvir isso.

Ela sorriu novamente e mostrou as leves covinhas que


possuía e eu tive que observá-la por um momento, pois estava
achando aquela menina muito linda para ser verdade. Parecia que

ela havia sido feita com um pincel, onde não existia nenhuma falha
e só restava lhe chamar de garota perfeita.

— Quantos anos você tem? — Decidi perguntar, para não


estar cometendo nenhum crime, vai que ela era de menor.

— Vinte

— Bom, você tem a idade do meu filho mais novo. Acho que
estou velho demais para divertir uma jovem como você.

Samantha revirou os olhos e sorriu mais uma vez.

— Até parece, não é a idade que faz a outra pessoa se sentir

bem, ou até mesmo se divertir, é a companhia.

Aquela menina parecia ser tão leve e eu estava realmente


precisando conhecer pessoas daquele jeito. No final, tinha que
concordar com meus meninos, tinha que sair de casa para
espairecer e para perceber o quanto de coisa boa estava perdendo.

Se Ana Carolina estivesse ali, estaria me repreendendo por


não viver como ela achava certo. Ainda mais que ela sabia o quanto

custava uma boa diversão.

Olhei para os lados e vi em uma das placas que sinalizavam

sobre as informações do navio, que lá possuía um cassino.

— Você já foi a um cassino? — perguntei, realmente curioso,


pois havia acabado de conhecer aquela garota.

Samantha me olhou com uma expressão de puro sarcasmo e

respondeu:

— Se eu não tinha condição de vir para um cruzeiro,


Bernardo. Você acha mesmo que eu teria com ir a um cassino?

Ela colocou as mãos na cintura e continuou me encarando

com a expressão de pura chacota.

— Vai que você também já ganhou algum sorteio para isso.

Elevei minha sobrancelha ao respondê-la, tentando soar

sarcástico também.

— Nunca tive essa sorte.


Limpei a garganta, pois não sabia se estava sendo um idiota,

mas eu tinha que aproveitar aqueles dias ali naquele cruzeiro,


certo?

Então que fosse ao lado de uma menina que precisava de

diversão como eu.

— Mais tarde estou pensando em ir lá, jogar um pouco e me


divertir, quer me acompanhar?

— Olha, tenho que te avisar que não sei se sou boa nisso.

— Eu também sou péssimo, mas prefiro perder dinheiro na

companhia de alguém, do que estar perdendo sozinho e sem ter


ninguém com quem me lamentar.

Samantha mordeu seu lábio inferior e aquilo fez meus olhos

se direcionarem para eles. Não era bom ficar encarando-a daquela

forma, no entanto, não tinha como não reparar na beleza daquela


mulher.

Tinha muito tempo que não conseguia enxergar ninguém com

novos olhos, então só por estar achando-a linda e perfeita, já sabia


que talvez um pouco do meu luto havia passado.

— E aí? — insisti.
— Tudo bem! Eu vou, mas não vou poder apostar nada, ok?

— Ok!

Encarei os olhos daquela menina e senti uma conexão

diferente…

Talvez aquilo fosse algo bom…

Talvez eu tivesse encontrado alguém para poder conversar

novamente.

E provavelmente a viagem de cruzeiro não tinha sido um

erro.

Ao menos era aquilo que estava sentindo naquele momento,

só esperava que não estivesse enganado.


Capítulo 5

O vestido era de um rosa-claro, que me deixava com a


expressão mais inocente. Aproveitei que no quarto que me foi

oferecido tinha um aparelho para cachear o cabelo e fiz diversas


ondas, para que eu pudesse deixá-lo solto.

Depois de me arrumar encarei o espelho e sorri.

O vestido que Mileide havia feito para mim, tinha caído como

uma luva e eu estava me sentindo exuberante, linda, realmente sem


defeitos. Antes de sair do quarto, soltei um leve suspiro, para ver se

estava bem e me senti pronta para encontrar Bernardo.

Havíamos combinado de nos encontrarmos na porta, às oito


da noite e faltava somente um minuto. Não sabia se estava ansiosa

demais, mas parecia que aquele um minuto demorou mais de uma

hora até que o ponteiro do relógio mexesse.

Eu estava amando experimentar conhecer uma pessoa

naquela viagem, mesmo que não tenha sido meus planos. Só que a

tarde que passei com Bernardo me fez ter ainda mais vontade de
passar mais tempo com ele, vontade de saber sobre a sua vida e

poder desabafar com alguém.

Há muito tempo eu não me sentia tão bem daquela maneira.

Talvez fosse por ser um estranho, mas mesmo assim, estava sendo

realmente muito bom conversar com ele.

Assim que deram oito horas, saí do meu quarto e no mesmo


momento Bernardo também estava saindo. Assim que me encarou,

vi quando seus olhos passaram por todo o meu corpo e eu não

podia negar que senti minha pele esquentar.

Além de estar conversando com um cara super inteligente,

ele não deixava de ser um gato que me fazia até corar, como
aquelas mocinhas bobas de romance clichê.

— Boa noite, Samantha.

— Boa noite, Bernardo.

— Desculpe o que vou dizer, mas você está linda.

Senti a merda das minhas bochechas corarem, mas não

deixei aquilo me afetar e logo disse a Bernardo. Claro, que depois

de passar meus olhos por seu corpo e perceber que ele usava um

terno, com o casaco aberto e sem gravata. Aquele homem estava

quase uma perdição meu Deus!

— Não precisa se desculpar, pois vou ter que dizer o mesmo

sobre você. Que está parecendo um deus grego.

Droga! Não era possível que eu tivesse falado aquilo em voz

alta.

— Você a cada momento me deixa mais surpreso com esse

tipo de comentário.

— Acho que tenho que saber controlar minha boca.

Passei minha língua por meus lábios e vi que os olhos de


Bernardo se grudaram neles e que ele até engoliu em seco ao

observar o movimento que eu fazia.


Por que parecia que eu tinha acabado de conhecê-lo, mas

que queria que ele me levasse imediatamente para a cama?

Caralho!

Eu só tinha vinte anos, não era para estar tão sedenta para
fazer sexo, nem nada do tipo. Até porque eu não era de ferro e em

alguns momentos da vida, assistia um pornô e já tinha descoberto o


quanto era bom ter um orgasmo, mas nunca flertei daquela maneira

com um homem, principalmente um tão mais velho que eu.

Mas era aquilo que fazia as coisas serem ainda melhores,

certo?

O fato de ele ser mais velho e parecer algo proibido.

— Vamos, Samantha.

Ele estendeu seu braço e ali depositei minha mão.

Começamos a caminhar pelo navio e até cumprimentamos algumas


pessoas que passaram ao nosso lado. Assim que chegamos ao

cassino, me senti como naqueles filmes americanos, onde os atores


sempre estavam em Las Vegas, para curtirem uma noite de

perdição na cidade do pecado.


Sim, estava achando que também viveria um pecado naquele

lugar e talvez o homem que me acompanhava pensasse a mesma


coisa, pois ficamos parados por bastante tempo na entrada.

Provavelmente Bernardo estava tomando coragem para


continuar caminhando, já que provavelmente deveria estar tendo as

indecisões de prós e contras de estar ali, com uma mulher, depois


de ter perdido sua esposa.

Já que pelo que ele havia me contado, ainda não havia


superado sua morte e aquilo ainda o afetava. E eu sabia que ele

estava só tentando se fazer de forte, mas no fundo estava quase


desabando por estar saindo da zona de conforto que ele construiu
em relação aquilo.

— Se quiser, podemos sair daqui — sugeri, pois não queria

forçá-lo a nada.

Ele me olhou por um tempo e parecia que não tinha


entendido o motivo de eu falar aquilo, mas logo pareceu que o

entendimento lhe abateu e ele logo respondeu:

— Não é isso. É só que nunca pensei que voltaria a


frequentar lugares assim e que iria gostar de estar aqui, entende?
— Então, você não está assim, por estar com medo de
continuar e sim, por estar gostando de estar aqui?

Bernardo assentiu e coçou sua cabeça.

— Parece que eu criei uma camada que escondia as fases

boas da vida e agora eu percebo que não era isso que Ana Carolina
queria e que eu amo estar em lugares assim.

Senti meu corpo mais leve por saber que ele não estava se
sentindo obrigado a nada. E provavelmente aquele era o passo para

continuarmos com nossa amizade que mal havia começado, mas


que eu já estava amando demais.

Continuamos entrando no lugar e começamos a aproveitar a

noite. Bernardo apostava em alguns jogos e na maioria perdia, mas


mesmo assim eu comemorava com ele, pois era assim que as

coisas ficavam legais.

Mesmo perdendo, estávamos nos divertindo e gargalhando

como se fosse a primeira vez que fizéssemos aquilo na vida.

E para falar a verdade, depois que perdi minha mãe, era a

primeira vez que me sentia viva novamente.


Tomamos alguns drinques e eu tentei não passar da conta,
pois não era muito forte para bebida e não queria ficar bêbada em
um lugar que estava completamente sozinha.

— Estou me divertindo tanto — Bernardo comentou, assim

que se sentou em uma poltrona e eu sentei-me ao seu lado.

— Acho que adorei estar em um cassino pela primeira vez.

— Fico feliz que não tenha se chateado.

— Pelo jeito não tem como se chatear ao seu lado, já que


você está me divertindo tanto.

Ele acabou entrando na brincadeira e lembrando-me do que

havia dito mais cedo.

— Olha que nem estou tão velho para isso.

— Eu disse que não importava a idade e quarenta e quatro


anos, nem é tão velho.

— Fala a mocinha que tem vinte anos.

— E por acaso estou te entediando?

Bernardo fez uma expressão chocada e tratou de se retratar


rapidamente.
— Não, querida. Desculpa, não quis dizer nada disso.

Acabei caindo na gargalhada.

— Estou brincando com você, seu besta.

— Ufa! Por um momento fiquei com medo de estar ofendida.

— Não, na verdade, estou amando viver essa experiência

com uma pessoa tão legal.

Bernardo e eu ficamos nos encarando por um longo tempo e


nossos olhos passaram por cada parte do nosso rosto, até grudar

nos lábios um do outro. E ao perceber que aquilo estava um pouco

fora do controle, levantei-me da poltrona e murmurei:

— Bom, acho que vou para o meu quarto. Estou um pouco

cansada com o primeiro dia de viagem. Te vejo amanhã?

— Nos vemos sim, Samantha. — Ele também se levantou. —

Vou te acompanhar até sua cabine.

— Não se incomode com isso.

— Será um prazer te acompanhar.

Aquele homem era um puto cavalheiro, que conseguia fazer

qualquer mulher se derreter por ele.


Voltamos pelo mesmo lugar que viemos e quando paramos

em frente ao meu quarto. Bernardo segurou minha mão e levou até

seus lábios, depositando um leve beijo em minha mão.

— Foi um prazer passar essa noite com você.

— Eu digo o mesmo.

Senti minhas pernas até estremecerem com aquele contato e

assim que ele assentiu e me desejou boa noite, entrei em meu

quarto e fechei a porta, em seguida encostei-me nela e fiquei com


um sorriso idiota nos lábios.

— Droga! — sussurrei.

Talvez eu tenha gostado demais daquela noite e queria que

várias se repetissem. Como eu podia querer passar mais tempo


com uma pessoa que havia acabado de conhecer?

Devia ser carência.

Era a única explicação que eu tinha para aquilo.

Mas que eu vivesse as melhores aventuras naqueles dias


que passaria naquele cruzeiro.

E se nelas estivessem incluídas Bernardo, não teria

problema, eu aproveitaria tudo que aquele homem tinha para me


oferecer.

Estava na hora de viver e ser feliz…


Capítulo 6

Alguns dias foram passando e eu não podia negar o quanto


estava adorando aproveitar cada segundo com Samantha. Aquela

menina apareceu para me mostrar uma nova forma de viver.

E parecia que a cada segundo que passava eu queria passar

mais ao seu lado. Quando nos despedíamos, para ela ir para o seu
quarto, me sentia completamente revoltado por sentir a merda

daquela solidão chegando novamente.


Eu parecia um viciado por atenção que precisava a qualquer

momento que aquela menina estivesse conversando comigo para


que eu me sentisse uma pessoa normal.

Naquele momento estava reparando, enquanto ela nadava na

piscina do navio. A maioria das pessoas desceram, pois fizemos

uma parada na Bahia e estavam aproveitando para bater perna por


aquele lugar, mas Samantha preferiu ficar e aproveitar a

movimentação menor do navio.

Assim que ela surgiu na beirada da piscina abriu um sorriso


para mim e eu não pude deixar de reparar no biquíni que usava. Ele

era branco com bolinhas pretas e a deixava completamente

inocente e aquilo era quase uma perversão para mim.

— Não vai entrar na água?

— Não sei se gosto muito de piscina.

— Quem pode não gostar de piscina?

Levei meus dois indicadores em minha direção, fiz uma

expressão meio sem graça e Samantha revirou os olhos e caiu para

trás na água.
Continuei observando-a, até que novamente surgiu na borda
da piscina e me estendeu suas mãos.

— Me ajuda a sair? — perguntou de forma inocente para

mim.

— Claro!

Levantei-me, sem entender a má intenção que aquela menina

estava. Assim que segurei a sua mão para puxá-la para fora da

piscina, Samantha fez força para baixo e eu só encontrei um lugar

para ir… ou melhor: cair… dentro da piscina.

Em questão de segundos eu estava dentro da água, com


camisa, bermuda e até mesmo os meus chinelos completamente

submersos. Eu poderia ter ficado irritado, mas não tinha como ao

observar Samantha toda alegre e com um sorriso gigantesco nos

lábios.

— Você é uma garota muito má.

— Eu? — Fez-se de inocente.

Samantha nadou para perto de mim e encostou seu indicador

em meu tórax. Ela estava tão próxima, me encarando com aquele


olhar inocente, mas que ao mesmo tempo parecia ser tão perverso

que não consegui desviar minha atenção dela.

— Sim, você — sussurrei.

Samantha levou seus braços para o meu pescoço e me


abraçou, logo com a facilidade que a água dava para nosso corpo

ela entrelaçou suas pernas em minha cintura e murmurou:

— Não sei o que está acontecendo comigo, mas desde que


te conheci aqui, não consigo parar de pensar em você.

Droga!

O que ela estava querendo dizer?

— Samantha…

Eu não iria assumir que também estava da mesma forma,

pois não sabia se estava preparado para fazer aquele tipo de


revelação.

— Eu sei que é repentino, que estamos só há alguns dias nos


conhecendo, mas senti uma conexão muito forte com você,
Bernardo.

Mesmo não querendo, deixei que as palavras escapassem

pela minha boca.


— Também não sei como explicar, mas sinto o mesmo por

você.

— Vamos esquecer o nosso passado e até mesmo o futuro e


viver aventuras um pouco loucas aqui?

Aquilo não era algo que esperava ouvir, mas porque fiquei

extremamente ansioso para querer viver aquilo que ela estava


propondo.

— Acho que estou desacostumado a viver loucuras.

— Sempre fui uma garota meio careta e quietinha, então

nunca vivi uma, mas parece que estou disposta a viver neste
cruzeiro que faz com que as coisas fiquem um pouco paradisíacas.

Continuei encarando os olhos de Samantha e ali eu só

parecia enxergar verdade em tudo que ela dizia. Aquela menina


estava mesmo insinuando que queria viver loucuras comigo?

Sim!

Caralho!

Ela estava quase se jogando em cima de mim e pedindo para


que eu a fizesse viver uma loucura em sua vida. E ainda pedindo
para que eu voltasse a sentir um pouco de prazer
Mesmo com mais anos de experiência, tentei me fazer de
inocente para entender o que ela queria.

— O que você está tentando me dizer, Samantha?

Eu não sabia se estava preparado para o que ela me

responderia e muito menos se tinha alguma possibilidade de


retribuir o que ela estava quase implorando. Já que depois da morte
da minha esposa eu nunca mais tinha ficado com ninguém.

— Que estamos precisando viver.

Ela mal deixou que eu assimilasse o que queria insinuar e


levou seus lábios aos meus, sem me dar sequer um momento para
entender o que queria.

Sua língua tomou posse da minha e a primeira atitude foi

dela, depois de um tempo em choque, deixei que meus instintos


falassem mais alto e respondessem ao que ela estava fazendo e foi
naquele momento que minha língua começou a brincar com a dela.

Minha boca colada à sua, que era tão macia, parecia errado,
já que ela era tão mais nova que eu, no entanto, ao mesmo tempo

parecia ser tão certa. Sem negar os meus instintos levei minhas
mãos à sua bunda e empurrei seu corpo para a beirada da piscina a
fim de que ficasse imprensado ali e eu pudesse aproveitar um pouco
mais daquela menina.

Nosso beijo continuou de forma calorosa e eu quase não


consegui afastar minha boca da dela. No entanto, precisávamos de

ar e somente por isso eu me afastei de Samantha. Só que assim


que me vi longe dela, eu senti um pouco de arrependimento.

Soltei seu corpo e me mantive longe. Logo sussurrei, mas


alto o suficiente para ela escutar.

— Acho que não deveríamos ter feito isso.

Percebi pelo meu olhar de soslaio que Samantha me

encarava, porém nem a encarei para lhe dar algum tipo de


satisfação.

Saí da piscina e segui para o meu quarto, completamente

molhado, deixando rastros de água por onde passava.

Era melhor me afastar um pouco, para entender tudo que


acontecia com minha mente, do que ficar e chatear ainda mais

aquela menina.

Eu não queria que ela se sentisse mal e nem eu mesmo

queria estar sentindo aquilo, no entanto só conseguia pensar que


talvez eu estivesse fazendo algo contra a memória de Ana Carolina,

o que era burrice, mas eu precisava de um tempo a sós, para


colocar minha mente em ordem.

Cheguei em meu quarto e preferi tomar um banho para

refrescar a cabeça. Não sabia como agir depois do que aconteceu,

porém iria colocar a mente no lugar e depois pediria desculpas a


Samantha por tê-la deixado daquele jeito na piscina.

Só depois…

No momento, só precisava reviver um pouco dos meus

demônios para poder perceber que não havia feito nada de errado.

Droga!

Eu não sabia o que fazer, mas iria descobrir o quanto antes,

para não deixar aquela menina na mão, já que assim que entrei

debaixo do chuveiro, havia tomado uma decisão, eu queria


experimentar aquilo de novo.

O beijo parecia ter renascido algo dentro de mim e com os

pensamentos em ordem, eu soube que não tinha feito nada errado.

Iria repetir tudo com Samantha, pois estava mais do que claro
que o meu maior divertimento naquele navio, era aquela menina e
eu a queria para mim, completamente para mim.
Capítulo 7

Estava sentada sobre a minha cama, vestindo uma regata


branca e uma bermuda larguinha. Era a roupa que adorava vestir

para dormir, já que era confortável.

Olhava pela janela do meu quarto e pensava nas coisas que

haviam acontecido mais cedo. Beijei Bernardo e ele correspondeu


de forma calorosa, deixou até meu corpo arrepiado com um único

beijo, no entanto, logo fugiu de mim.


Eu sabia que talvez tivesse ido com sede demais ao pote,

mas droga, ele era gato demais e havíamos passado tanto tempo
juntos que pensei que estava na hora de deixar o meu desejo falar

mais alto e meio que me jogar em cima dele.

Só que pelo visto foi rápido demais e ele não gostou nada do

que aconteceu.

Joguei meu corpo para trás, caindo no colchão macio e

respirando fundo. Eu até podia ter agido rápido demais, mas não

podia negar que o beijo daquele homem era quase um caminho sem
volta.

Um caminho para perdição que fazia com que eu quisesse


mais dos seus lábios, mais das suas mãos grossas passando por

meu corpo. Muito mais de Bernardo. Só que eu não forçaria nada

com ele, não depois de ele ter fugido de mim.

Se ele quisesse continuar com um pouco de perversão


naquele navio, ele teria que ir atrás de mim, senão nem mesmo um

bom dia eu daria a ele. E até se não quisesse, podíamos voltar a ser

somente amigos, como estávamos sendo naqueles dias.

No entanto, eu só dei aquele passo, pois via a forma com que

Bernardo me olhava e se ele não me queria não entendia o motivo


de ficar me encarando daquele jeito. Respirei fundo e fiquei olhando
o teto por um tempo, pensando em como eu não estava agindo

como o meu costume.

Afinal, eu nunca fui tão atirada daquela maneira, só que

parecia que eu havia ganhado um nível de liberdade e vontade de

cometer algumas loucuras. Talvez eu tenha ficado tempo demais


sendo uma boa menina e naquele momento só queria fazer isso, já

que o pensamento de a vida ser curta demais sempre batia na

minha mente.

Nunca saberíamos quando seria a nossa vez de darmos

adeus ao mundo, por isso, precisávamos aproveitar tudo o que o

mundo tinha a nos oferecer e cometer algumas loucuras para


podermos nos sentir realizados.

Estava levando aquilo de exemplo com minha mãe, que para

mim deixou a vida muito rápido, mas também era algo que ela não

podia impedir, por isso, me deu vontade de viver o agora.

Enquanto estava pensando em como a vida era estranha,

ouvi batidas na porta e eu queria muito dizer que não fiquei ansiosa

para saber de quem se tratava, porém foi meio impossível, pois o


meu coração ao ouvir o toque na porta, começou a disparar como

um louco.

Por qual motivo eu parecia uma idiota de dez anos que havia

conhecido o seu primeiro amor?

Bernardo não era nada meu e nós tínhamos trocado somente

um beijo, então por qual maneira fiquei ansiosa pensando que


poderia ser ele no corredor?

Não tínhamos nada e eu não podia ficar animada daquela


forma. O homem não estava pronto para relacionamentos e muito

menos eu, já que queria somente curtir um pouco da vida de forma


diferente.

Caminhei lentamente até a porta e assim que abri, senti mais


ainda meu coração correr uma maratona.

Droga!

Eu imaginei que poderia ser ele, mas constatar que estava

certa era ainda mais estranho e ao mesmo tempo maravilhoso.

Sem contar que parecia que a cada segundo aquele homem

ficava ainda mais lindo.


Ele usava uma calça de moletom e uma camiseta azul.

Parecia ser uma roupa que ele usava para dormir, igual a que eu
estava, e foi nesse momento que percebi seus olhos passando por

meu corpo.

Não estava vestida apropriadamente para ver uma pessoa

que acabei de beijar, porque minha blusa branca era um pouco


transparente e mostrava os meus mamilos tranquilamente, minha

bermuda era curta demais e deixava o início da minha bunda em


evidência.

— Você vai acabar comigo — Bernardo constatou.

Ele deu um passo para frente, sem falar mais nada, e eu dei

um para trás e continuou fazendo isso, até entrar e bater a porta,


para que ficássemos a sós entre as paredes do meu quarto.

— Não quero acabar com você — murmurei.

— Pois não parece, garota.

Gostava quando ele fazia parecer ser algo errado estarmos


daquela maneira, principalmente quando me chamava de garota,

parecia ser tão quente e perverso termos aquela diferença de idade


gigantesca.
O proibido era mais gostoso, ao menos era aquilo que
falavam.

Bernardo se aproximou mais de mim, até que levou uma de


suas mãos rapidamente à minha cintura, enlaçou meu corpo em

seus braços e grudou meu corpo no seu.

— Não estava preparado para encontrar ninguém que


chamasse minha atenção nesse navio e muito menos em um futuro

tão próximo, mas desde que coloquei a porra dos meus olhos em
você, não consegui mais desviar, não consegui te tirar dos meus

pensamentos.

Suas palavras arrepiaram a minha pele e fizeram com que eu

mordesse meu lábio inferior e ficasse sem saber o que dizer depois
de tudo que ele acabou falando.

— Droga! Não sei o que aconteceu, já que nunca fui assim,


mas acho que fui enfeitiçado por você, Samantha.

E sem dizer mais nada, ele grudou nossos lábios e


novamente ficamos presos naquele limbo, onde o mundo parecia

ser muito melhor quando nos beijávamos.

Eu já havia beijado algumas bocas, ao menos naquilo tinha

uma experiência escassa, mas alguma. E mesmo já tendo beijado,


nunca havia sentido aquele fogo crescendo dentro de mim e
passando por todos os meus poros, pelos, curvas, veias…

Era algo completamente novo para mim.

Levei meus braços para o seu pescoço e grudei mais nossas

bocas, pois daquela vez não queria me desgrudar tão rápido.


Bernardo me pegou em seus braços e me levou até a cama. Assim

que nos deitamos continuamos a nos beijar.

Minhas mãos começaram a passar por suas costas e as dele


a subirem a barra da minha blusa. Seus dedos grossos passavam

por minha pele fina e eu sentia cada vez mais arrepios me tomando

por completo.

Logo seus dedos estavam tomando meus mamilos para ele,

que os apertou sem piedade, com força o bastante para fazer minha

calcinha se molhar. Nenhum homem nunca havia me tocado

daquela maneira, então aquela era a primeira experiência que


estava tendo.

Bernardo abriu mais as minhas pernas para ficar mais

encostado em mim. Senti seu membro completamente ereto sobre a

calça e não resisti, a não ser remexer meu quadril para sentir mais o
contato do seu pau sobre a minha vagina.
Mesmo que estivéssemos protegidos com nossas roupas, era

algo totalmente novo para mim.

Ele afastou seus lábios dos meus, só para arrancar minha

blusa e jogá-la longe, logo levou sua boca para meus mamilos,

chupando um de cada vez e fazendo com que eu ficasse ainda mais

maluca pelo que estávamos fazendo.

— Deliciosa… — sussurrou em meu ouvido, assim que parou

de sugar os meus seios em sua boca. — Tão nova, pequena e

perfeita.

Encarei os olhos de Bernardo e ele tinha um brilho de puro


fogo em seu olhar.

— O que vou fazer com você, Samantha?

Aquela era uma pergunta que eu tinha a completa resposta

para ele, por isso, acabei gemendo enquanto esperava sua atitude.

— Me fode, Bernardo.

— Posso estar desacostumado a fazer isso.

— Eu nunca fiz, então não vou ter a quem comparar —

brinquei.

Ele cerrou as sobrancelhas e indagou:


— Você é virgem?

— Sim.

— Não quero te forçar a algo que você ainda não fez, ainda

mais que eu sou um cara mais velho…

Levei meu indicador até os seus lábios para não deixar que
ele continuasse. Depois peguei suas mãos e as levei para os meus

seios.

— Eu quero fazer com você.

— Prometo ser carinhoso.

Abri um sorriso e daquele momento em diante eu tinha

absoluta certeza de que provaria uma sensação incrível.

Uma sensação que nunca imaginei sentir com um estranho,

mas que já estava pronta para viver aquela loucura.

Perderia minha virgindade com um homem muito mais velho

e que parecia ter muito mais experiência em dar prazer a uma

mulher.

Aquela tarde seria magnífica.

Ainda mais estando na presença de um homem tão lindo.


Tinha certeza de que a partir daquele dia, várias coisas

poderiam acontecer e em todas elas eu me lembraria do dia em que


perdi minha virgindade, pois provavelmente seria algo

completamente único e delicioso.

Estava pronta… a hora era agora.


Capítulo 8

Ela estava completamente nua, enquanto passava minha


língua por sua boceta, pois queria provar todo o sabor de menina

que ela ainda tinha. Seus dedos estavam entrelaçados em meus


cabelos e a cada segundo Samantha gemia mais. Eu sugava com

força, às vezes mordia seu clitóris lentamente e fazia com que ela
revirasse os olhos.

Mulher deliciosa, era só aquilo que se passava por minha

mente.
Levei um de meus dedos para seu centro e a penetrei

lentamente para não machucá-la. Samantha deu um leve gemido de


dor e eu parei, levantei minha cabeça do meio de suas pernas e a

encarei.

— Se quiser parar, podemos…

— Bernardo, por favor, me fode.

Meu pau pulsou dentro da minha calça, já que ouvi-la falar


palavras sussurradas parecia me deixar com mais tesão.

Nunca pensei que foderia uma mulher no cruzeiro que meus

filhos haviam preparado para mim, mas assim que Samantha abriu
a porta do quarto, usando aquela roupa tentadora, não pude evitar a

não ser estar daquela forma com ela, ali na cama, pronto para

enterrar meu pau dentro da sua intimidade.

— Você está muito apressada, menina.

— Estou ansiosa. — Um sorriso pairava em seus lábios e eu

abri outro nos meus.

— Está ansiosa, né? — Samantha assentiu e eu voltei a

dizer: — Só vai ter meu pau, quando eu te fizer gozar com minha
boca.
E foi naquele momento que voltei a sugar sua vagina com
força, desejo e quase desespero.

Eu queria saborear aquela menina lentamente, mas pelo seu

estado, já estava mais do que claro que ela queria que eu agisse

rápido e lhe desse todo o prazer do mundo.

E era aquilo que faria, estava louco para deixá-la

completamente exausta e saciada com o que poderia lhe oferecer.

Quando senti sua vagina se contrair, um sinal claro de que o

orgasmo estava chegando, aumentei ainda mais minha velocidade e

logo Samantha estava gozando em minha boca e mesmo sem


entender o motivo, um sorriso se abriu em meus lábios.

Provavelmente era por estar proporcionando um prazer

inexplicável a uma mulher que eu nem conhecia perfeitamente bem,

mas que estava pronto para continuar lhe dando aquela dose de

prazer diária.

Quando senti que Samantha havia terminado o seu orgasmo,

abaixei minha calça e sem esperar que se recuperasse, comecei a

penetrá-la lentamente.

Ela estava com os olhos fechados, mas assim que sentiu

meu membro abriu seus olhos e gemeu enquanto eu ganhava


caminho para enterrar meu pau dentro da sua boceta.

— Se doer muito me fala, para que eu pare, está

entendendo? — pedi.

— Sim, mas por enquanto está suportável, então pode ir mais


rápido.

— Você está muito sedenta, linda.

— Acho que você tem culpa nisso, lindo.

E foi daquela forma que fui aumentando gradativamente os

meus movimentos e comecei a transar com Samantha.

Cada estocada era quase como o encontro da fonte da

juventude, como se fosse a perfeição na terra… caralho! Aquela


menina era muito deliciosa e extremamente apertada.

O que era quase uma das maravilhas do mundo em meu


pau.

Quando senti que Samantha gozaria, levei meus lábios ao


seus de forma brusca e comecei a beijá-la quase a devorando.
Aumentei meu ritmo até que gozamos juntos, eu me liberando por

completo dentro dela e sentindo uma paz tomar todo meu corpo
suado.
Eu tinha voltado a ser o antigo Bernardo Roux…

Estava pronto para começar a seguir com minha vida… e

devia aquilo a Samantha, uma menina que surgiu em minha vida,


para mostrar que podemos continuar a viver mesmo depois de todas
as perdas no mundo.

— Uau! — Ela sussurrou e eu me retirei de dentro dela.

— Gostou?

— Doeu um pouco, mas nada que impedisse o quanto foi


maravilhoso.

Deitei ao seu lado e puxei seu corpo para deitar sobre o

meu.

— Vou esperar que descanse, para mais uma rodada.

Samantha levantou sua cabeça do meu peito e sorriu.

— Acho que tem alguém que gostou de voltar a fazer sexo.

— Ela tinha um sorriso nos lábios e parecia que a cada segundo eu


me enfeitiçava mais por aquela menina.

— Com certeza eu gostei.

— Eu também.
Samantha beijou meus lábios e eu retribuí com a mesma
euforia que ela me beijava. Provavelmente os dias que restavam
naquele navio seriam os melhores que eu viveria depois de toda a

tragédia que aconteceu em minha vida.

***

O vento batia em meu rosto e meus cabelos se agitavam com


a brisa fresca que estava sentindo. O céu estava estrelado e um
sorriso bobo estava estampando em meus lábios.

Já fazia sete dias que eu vivia uma nova fase da minha vida,

que queria continuar vivendo para sempre. E sentir os braços fortes


do homem que fazia amor comigo toda noite, manhã e tarde me

dava mais confiança de sentir que eu realmente era uma mulher


desejada.

Os dias no cruzeiro estavam acabando, amanhã seria a


nossa despedida daquele lugar maravilhoso, que fez com que eu

conhecesse um homem tão quebrado quanto eu, mas que também

fez com que vivêssemos dias inesquecíveis.

Nós nos encontrávamos na proa do navio, enquanto o


víamos ganhar o mar e as estrelas pareciam ainda mais próximas.

— Acho que não queria que essa viagem acabasse —

Bernardo sussurrou em meu ouvido, o que fez minha pele se

arrepiar.

— Nem eu — retribuí o sussurro.

— Samantha… — Bernardo soltou um suspiro e voltou a falar

rapidamente: — Será que podíamos continuar nos encontrando

quando voltarmos para São Paulo?


— Sim, podemos — respondi rápido demais, mas não me

arrependia, pois queria muito aquilo.

Virei-me de frente para Bernardo e sorri para ele. Pois eu já

me imaginava vivendo um grande romance com aquele homem que

se mostrou ser perfeito.

— Nunca imaginei encontrar alguém que me deixasse dessa


maneira.

— De que maneira estou lhe deixando?

— Completamente maluca por você, fazendo com que até

mesmo eu sonhe com você, mesmo que esteja ao meu lado.

Aquilo não era uma mentira, pois eu realmente sonhava

quase todas as noites com Bernardo e na maioria das vezes eram

sonhos quentes que faziam com que eu acordasse com um fogo no

corpo que só era apagado depois de fazermos sexo.

Eu tinha amado começar minha vida sexual com um homem

tão experiente e que soubesse como levar uma mulher à loucura.

— Menina, você foi a melhor coisa que encontrei nesse

mundo.

— E você foi a minha salvação nesse cruzeiro, Bernardo.


Ele me beijou de forma desejosa e eu agradeci por estar a

sós naquele lugar e que até mesmo algumas luzes estivessem

apagadas, pois quando Bernardo me beijava daquela forma, fazia


com que meu corpo quase entrasse em combustão espontânea.

Assim que se afastou ele tinha um sorriso perverso em seus

lábios.

— O que se passa por essa cabecinha? — indaguei.

— Uma loucura que estou com muita vontade de cometer


com você.

Ele me virou novamente de frente para o mar e grudou ainda

mais seu corpo no meu.

— A Rose e o Jack deveriam ter inveja do que vamos fazer


agora — comentou, roçando seus lábios em minha orelha.

— O que vamos fazer agora? — quis saber.

Bernardo aproveitou que eu estava com uma saia longa, e

que era de elástico e facilitava a sua mão ultrapassar o tecido e


assim que o fez, afastou minha calcinha e colocou sua mão em

minha vagina.

— Bernardo, vamos ser vistos — repreendi.


— Não me importo, a única coisa que me importa nesse

momento é eu fazer você ter um orgasmo à luz das estrelas e


observando esse mar magnífico.

— E se eu fizer barulho?

— É só não fazer.

Assim que terminou de falar, começou a movimentar sua mão

em minha vagina, eu encostei a cabeça em seu peito e deixei que


me desse prazer daquela maneira.

Abri um sorriso sentindo o vento forte bater em nossos

corpos e por estar sentindo minha umidade tomar todos os dedos de


Bernardo. Minha respiração estava ofegante, mas não deixei que

nenhum gemido escapasse por meus lábios.

Só queria aproveitar aquela sensação de proibido e por estar

fazendo algo inapropriado em público.

Ouvi passos se aproximarem, mas não consegui dizer nada,

senão acabaria com minha concentração e eu começaria a gritar

loucamente. Bernardo parecia ter ouvido o mesmo que eu, pois


sussurrou:

— Temos companhia.
Tentei controlar minha respiração, assim que percebi que ele

não tiraria sua mão da minha intimidade e ao contrário do que

deveria ser o certo, começou a estocar dois dedos dentro de mim.

— Tudo bem, senhores? — Pela forma cortês, só podia ser


um dos seguranças do navio.

— Claro, e com o senhor? — Bernardo olhou por cima do

ombro e respondeu ao homem.

— E com a senhora?

Bernardo era malvado, pois ele não parou nem um segundo

de me masturbar e eu tive que me controlar muito para não gritar na

hora que respondi ao homem:

— Tudo sim, estamos apre… apreciando a vista — gaguejei,


já que seria impossível ter a voz tão controlada naquele momento.

— Que ótimo, tenham uma boa noite. E tomem cuidado com

a proa do navio.

— Pode deixar, senhor.

O homem ainda nem tinha se afastado e Bernardo aumentou

ainda mais os seus movimentos, fazendo com que eu gozasse

ainda ouvindo os passos do homem atrás de nós.


Senti meu corpo estremecer e só naquele momento eu pude

soltar um gemido baixo, quando percebi que estávamos a sós


novamente.

— Como se sentiu? — sussurrou, mordendo o lóbulo da

minha orelha em seguida.

— Como uma pervertida.

— E foi ótimo, não foi?

— Sim…

Bernardo tirou sua mão da minha vagina e me puxou para um

lugar mais escuro, eu fiquei sem entender, mas assim que ele me

pegou em seus braços e subiu minha saia pra cima eu soube que
íamos transar.

— Vamos ser pegos — murmurei, no mesmo momento que

ouvi o zíper da sua calça se abrir e ele começou a estocar dentro de


mim com força.

— Estou pouco me lixando, minha linda.

E foi me fodendo na parede daquela maneira que me senti

mais viva, mais louca por aquele homem, mais maluca para
continuar ficando com ele.
Quando senti seu orgasmo batendo dentro de mim, apoiei
minha cabeça em seu ombro e murmurei:

— Quero ser sua por muito tempo.

— E eu quero ser seu…

Era só daquilo que precisava para saber que ficaríamos


juntos.

Vim para um cruzeiro sem pretensão alguma e acabei

arrumando um amor.

O destino era mesmo maravilhoso.


Capítulo 9

Mal havia amanhecido o dia e eu estava com um sorriso bobo


em meus lábios. Abri os olhos e assim que virei minha cabeça, vi

aquela menina linda deitada ao meu lado.

Depois das altas aventuras que tínhamos vivido naqueles

dias no navio eu só tinha a agradecer para meus filhos, por terem


me dado aquela oportunidade.

E foi naquele momento, que meu celular tocou, eu olhei para


ele e lá estava uma ligação de Rodrigo, meu menino mais novo.
Peguei o aparelho e atendi o mais rápido que pude.

Aproveitei para ir para a sacada do meu quarto de maneira que não


acordasse Samantha, pois tínhamos tido uma noite agitada.

— Fala, meu menino.

— Oi, papai. — Ele fez uma pausa e logo murmurou: —

Nossa, parece que o senhor está mais animado.

— Estou mesmo, essa viagem me fez bem.

— Ah, não vai me dizer que conheceu alguém.

— Conheci…

Não queria dar falsas esperanças para ele, por isso, achei

por bem deixar claro. Até porque eu não sabia se ficaria muito

tempo com Samantha. Ela era muito mais nova do que eu, então,

vai que ela conhecia uma pessoa melhor do que um homem de


quarenta e quatro anos.

— Mas não é ninguém especial, provavelmente vou viver um

romance rápido e depois vamos seguir outro caminho.

— Porra, pai! Melhor ainda, tem que foder mesmo.

— Pois é! Vou viver agora e pegar todas — brinquei, pois eu

nunca faria aquilo.


Mas era bom que meu filho não pensasse que eu já estava
viciado naquela menina, senão iria me repreender por me envolver

tão rápido com alguém.

— Bom, pai. Só estou ligando para avisar que já estou

esperando o senhor aqui.

— Ótimo, filho! Já estou vendo ao longe que estamos

chegando. Vou tomar um banho rápido e me arrumar para encontrar

você.

— Ok, pai!

— Tchau!

Assim que desliguei, voltei-me para o quarto e Samantha não

estava mais deitada na cama. Fui até o banheiro e nada lá também,

o que achei estranho.

Já que havíamos arrumado as nossas coisas no dia anterior,


para não precisarmos arrumar mais nada. As malas dela até

estavam no meu quarto, mas assim que olhei na direção delas, não

estavam mais lá.

Que merda havia acontecido?


Nem tomei banho, pois percebi que cada vez ficávamos mais

perto para chegar ao porto de Santos. Por isso, vesti minha roupa
que já estava separada e vi que a de Samantha também não estava

mais lá.

Pensei em ligar para ela, mas naquele momento notei que

vivi tanto em uma bolha que acabei não pegando nenhum contato
seu, muito menos seu nome completo.

Peguei a minha mala, pois tinha levado somente uma e saí


do quarto sem deixar nada para trás. Bati na porta do quarto de
Samantha, mas ninguém abriu, rodei a maçaneta e a porta estava

aberta, olhei para o lado de dentro do lugar e não tinha ninguém ali.

Que merda era aquela?

Saí andando um pouco rápido demais para o lugar que

iríamos descer, precisava encontrar aquela menina, para entender o


motivo de ela ter sumido daquela forma.

Só que às vezes o destino está contra tudo o que você mais


quer, assim que saí, uma multidão me atrapalhava para procurar

Samantha. Todos estavam prontos para desembarcar e eu não


conseguiria encontrar ninguém, pois ali parecia mais que eu havia
perdido uma agulha no palheiro.
Olhei para todos os lados e não a encontrei, naquele

momento, já estava ficando irritado, pois não tinha entendido o


motivo de ela ter feito aquilo. Será que havia tido uma alucinação e

nunca estive acompanhado de uma mulher?

Claro que não!

Como eu era idiota, já estava achando que havia participado


de uma pegadinha, mas ninguém faria uma comigo, até porque não

tinham motivos para aquilo.

As pessoas começaram a desembarcar e eu só pude segui-

las, pois não tinha nada que eu pudesse fazer. Quem sabe quando
todos estivessem fora do navio, eu não a encontraria de novo?

Desci do navio olhando para todos os lados e as pessoas que


haviam descido antes, já estavam muito à frente e ao longe eu pude

ver a menina que roubou toda a minha atenção.

Ela estava bem longe, mas eu corri atrás dela, para saber o

que havia acontecido. Sei que passei até mesmo ao lado de Rodrigo
e o deixei de lado. Antes que ela pudesse entrar no táxi que havia

parado para ela, consegui alcançar seu braço e a virei de uma vez
para mim.
No momento que o fiz, percebi que algo estava muito errado,
já que ela chorava.

— Samantha, o que aconteceu? — perguntei preocupado.

O seu olhar parecia ter ódio puro e ela puxou seu braço do

meu toque o mais rápido possível.

— Nunca mais me procure, seu idiota.

Ela entrou no carro e eu fiquei sem entender. Antes que o


taxista pudesse partir, continuei perguntando:

— O que eu fiz?

Samantha subiu o vidro do banco de trás e tampou toda a

visão que eu tinha dela. O táxi ganhou as ruas e eu provavelmente


nunca mais veria a menina que me conquistou em tão pouco tempo.

— Porra, pai! O senhor tá mais preparado fisicamente do que


eu.

Rodrigo parou ao meu lado, bufando e com um pouco de


suor surgindo na testa.

— Desculpa, filho. Estava tentando entender o que havia feito


de errado.
— Aquela mulher, que nem consegui ver da distância que eu
estava, era a que você disse?

— Sim!

— E ela foi embora sem se despedir? — Rodrigo perguntou,

pois realmente não devia ter entendido nada da história e era


melhor que continuasse daquela maneira.

— É, meu filho, pelo jeito ela também estava como eu… só

querendo sexo.

— Não se preocupe com isso, pai. Logo o senhor arruma

outra. Ainda mais sendo esse gatão .

— Você está certo, filho.

Caminhei com ele até o carro, e assim que entrei no banco


do carona, comecei a comentar algumas coisas que haviam

acontecido e como tinha sido bom, inclusive não havia deixado de

agradecer por terem tido aquela ideia.

Depois que chegamos em nossa casa, fui para o quarto, pois


precisava do banho que me foi privado de manhã. Assim que joguei

minha carteira sobre a cama, percebi que um papel que estava solto

dentro dela, acabou saindo.


Caminhei até ele e o peguei… Quando li, soube o que havia

feito de errado e não teria mais volta, eu já havia perdido aquela


menina para sempre.

O pior é que eu tinha gostado dela o suficiente para querer

algo mais sério.

Eu jurei que viveria algo legal com você, mas quando

ouvi sair da sua boca, palavras que me resumiam apenas como

um objeto, eu soube que você é como todos os idiotas que já

conheci.

Nunca mais quero te ver…

Adeus!

E foi assim que acabou a minha história com aquela menina,


que jurei que seria minha por muito tempo…

Fui um idiota e não podia negar. Agora também não podia me

lamentar, só levar a vida adiante.

Sem Samantha.
Capítulo 10

3 anos depois

O sorriso que sempre estava em meu rosto, quando via

aquela pequena, correr de um lado para outro com seus passinhos


desengonçados, novamente aparecia para me provar o quanto eu

poderia amar alguém na vida.

Molly era a paz no mundo para mim e mesmo somente com


dois anos, ela já me fazia a pessoa mais feliz do mundo.
Aproximou-se de mim e me estendeu o seu porquinho que

amava tanto.

— Mamã…

Desde que aprendeu a me chamar por aquele nome eu me

sentia a pessoa mais realizada do mundo. A minha pequena estava

se desenvolvendo rapidamente e eu só podia agradecer por ela


estar sempre bem.

— Seu brinquedo, né, filha?

Ela sorriu com sua boquinha rosada e os poucos dentes de

leite apareceram para lhe dar um charme a mais.

Molly era uma criança muito fofa, com seu cabelo cheio de

cachinhos e as bochechas rosadas, parecia mais um anjo do que

uma pequena bebê. Ela era a prova de que o sorteio que ganhei
anos atrás para participar de uma viagem de cruzeiro, mudou

completamente a minha vida.

Além de ter conhecido um homem que nunca saiu da minha

mente, mesmo que eu tentasse, veio a herança daqueles dias

incríveis que passei com Bernardo… de quem eu nem sabia o

sobrenome, mas que me lembrava de todos os seus traços, jeitos,


defeitos e o pior, ainda ficava na minha mente quando o ouvi falando
no celular que eu era somente um objeto de uso.

Claro que quando descobri que estava grávida entrei em

pânico, mas meu pai e Mileide me ajudaram em tudo e se não fosse

por eles, eu tinha absoluta certeza de que não teria conseguido

passar por aquilo tudo sozinha.

Molly tinha sido a única coisa boa que me restou daquele

passeio, mesmo que eu não imaginasse que a teria, já que tomava

remédio e mesmo assim engravidei dela. Tinha comigo que era para

ser daquela forma, talvez minha pequena menina fosse o resto da

salvação que eu precisava para lidar com tudo de ruim que me

havia acontecido.

A perda da minha mãe foi um baque para mim e ouvir alto e

claro do homem com quem pensei que firmaria um relacionamento,

que eu não era nada mais importante do que sexo, foi algo que

acabou com meu coração.

Só que a felicidade reinou, quando descobri que teria aquela

menina, mesmo com medo e desespero, eu pude provar para mim,

que eu daria conta de mover o mundo e que seria uma mãe tão boa

quanto a minha foi para mim.


Mileide entrou na sala e sorriu ao ver Molly brincando com

tudo que ela amava.

— Cadê a menina da vovó?

Eu ficava muito feliz de ver que Mileide gostava tanto da


minha filha e que ela continuava sendo uma mulher incrível, mesmo

depois de mais três anos que estava em sua casa e tendo ficado
grávida precocemente.

Quando Molly foi até seus braços e a abraçou, eu abri um


sorriso maior de encantamento.

— Você vai à loja hoje?

— Não, hoje combinei de sair com Rodrigo.

Fiquei meio sem graça de falar aquilo em voz alta, mas não
podia mentir para a mulher que me ajudava tanto.

Desde que engravidei, decidimos montar uma loja, onde eu

vendia as roupas que ela fazia, mas deu tão certo que já tínhamos
montado mais duas lojas por São Paulo da nossa marca própria e
agora tínhamos até nossas funcionárias que faziam tudo pela

gente.

— Você gosta desse rapaz?


Mileide me encarava como se realmente quisesse saber a

minha resposta. E eu não sabia o que responder.

Conheci Rodrigo há cinco meses em um teatro que havia


levado Molly para ver a apresentação de Peter Pan, que ela amava.
Rodrigo estava lá com alguns amigos e acabou que ele foi até mim

e se apresentou.

Era um homem tão educado que eu acabei pegando seu

telefone, depois de alguns dias trocando mensagens e acabei


aceitando sair com ele. Desde então, sempre saíamos, trocávamos

alguns beijos e até já tínhamos ido para a cama, mas eu não sentia
nada muito gigantesco por ele.

Rodrigo tinha sido o primeiro homem com quem me envolvi,


depois de toda a tragédia no cruzeiro e eu não sabia se já queria

embarcar em um relacionamento sério. No entanto, o que ele mais


queria era que eu aceitasse o seu pedido de namoro, que eu ainda
recusava veemente.

— Não sei, Mileide. Eu sinceramente não sinto aquele fogo


por ele, sabe? Eu queria muito sentir meu coração disparar, minha

pele se arrepiar, meu fôlego se perder quando o visse, mas eu não


sinto nada disso.
— Você não gosta dele, menina. Acho que devia terminar
com ele, para não lhe dar esperança.

— Eu também acho, porém parece que toda vez que vou


tocar nesse assunto, ele muda para algo que eu goste de conversar

e eu fico entre a cruz e a espada, sabe?

Mileide respirou fundo e não disse mais nada sobre aquele


relacionamento que parecia mais fracassado do que tudo.

Logo meu pai chegou do trabalho e nós fomos almoçar todos

juntos. Eu adorava colocar Molly na sua cadeirinha de alimentação


para que ela aprendesse ser dependente desde cedo. Sem contar
que vê-la se lambuzando e aproveitando a comida da melhor forma,

era sempre maravilhoso.

— Como foi no trabalho, papai? — Eu tinha aprendido a amar

meu pai novamente.

Tinha perdido todo aquele receio que sentia dele, e não podia

negar que amava estar em paz com ele.

— Acho que estou ficando velho, estou exausto e quase

pedindo demissão.
Vi quando Mileide segurou sua mão por cima da mesa e
acabou dizendo:

— Querido, se quiser você pode nos ajudar nas lojas e aí não


precisa se esforçar tanto.

Sorri para ela e comentei:

— Acho que a Mileide tá certa, papai. Nós sempre

precisamos de ajuda, já que estamos nos tornando muito bem

sucedidas.

Meu pai sorriu e brincou:

— Vou dar é trabalho para vocês.

— Eu tenho certeza de que não, papai.

Fomos interrompidos por Molly que começou a fazer o

barulho de carrinho com a boca e a comida que estava no interior de


sua boca, começou a se espalhar por todos os lados.

Meu pai e Mileide começaram a gargalhar e eu só pensava

na sujeira que teria que limpar.

— Vamos lá sua porquinha, você está toda suja.

— Poiquinha…
Foi impossível não rir de Molly me imitando.

Aquela era a paz que eu precisava para continuar vivendo a


minha vida. Não me considerava uma pessoa ingênua, mas eu

acreditei realmente que viveria um romance com Bernardo, depois

daquele amor inusitado, em que tive meu coração partido pela

primeira vez, nunca quis outro romance e evitava ao máximo os


homens.

Da mesma forma que eu fazia com Rodrigo. Talvez eu devesse

tentar viver verdadeiramente ao lado de um homem para ver se meu


coração voltaria a bater mais forte quando o visse, e saber se eu

sentiria tudo que senti em pouco tempo no cruzeiro.

Talvez eu devesse tentar…

Tentar amar novamente…

Tentar amar um homem que se mostrava tão bondoso e tão


apaixonado por mim.

Eu deveria tentar ter algo com Rodrigo e era aquilo que faria.
Capítulo 11

Olhei para fora e parecia que ia desabar uma tempestade, do

jeito que o tempo estava feio, e eu não queria encontrá-la pelo


caminho.

Desliguei meu laptop e fechei minha maleta, não ficaria na

empresa até depois do horário, para não pegar o temporal que iria

cair com toda a certeza.


Há três anos eu controlava meus horários de trabalho, pois

havia prometido para meus filhos que tentaria a cada dia viver
melhor depois que Ana Carolina nos deixou e depois de eu ter

conhecido Samantha, senti que um pouco de vida tinha tomado meu

peito.

Às vezes batia a saudade no meu coração, daquela menina


que convivi por poucos dias, mas que me mostrou como era bom

viver e como eu queria encontrá-la novamente, nem que fosse para

me desculpar e explicar tudo que ela ouviu no último dia que


ficamos juntos.

No entanto, mesmo depois de três anos, nunca consegui

achá-la. Ainda mais que não falamos muito sobre nossas vidas
pessoais, só pensamos em viver o momento único que

compartilhamos naquele cruzeiro.

Era uma pena que eu nunca a tinha encontrado novamente,


pois não compensava me estressar por algo que estava fora do meu

alcance.

Saí do meu escritório e me despedi de Grasiely, minha

secretária, que sempre se mostrou muito competente.

— Tenha um bom final de semana, senhor.


— Obrigado, Grasiely. Se quiser ir, já está dispensada.

— Muito obrigada, senhor.

Assenti para ele e comecei a andar em direção ao elevador.

Entrei na caixa de metal em seguida e desci até o estacionamento.

Logo entrei na minha 4x4 e comecei a ganhar as ruas de São


Paulo.

Depois de longos minutos no trânsito, consegui chegar em

casa e percebi que Rodrigo estava ali. Meu filho tinha se mudado há

cinco meses para um apartamento no centro da cidade e eu super

apoiei sua decisão, já que ele estava começando a ganhar mais


maturidade.

Assim que saí da caminhonete, andei rápido para encontrá-

lo, e quando cheguei na sala de estar lá estava ele. Sentado na

poltrona e olhando pela janela, parecia meio perdido e eu já

imaginava o motivo.

Há alguns dias ele havia mencionado que estava saindo com

uma garota, há alguns meses e ela não estava querendo nada sério

com ele.

— O que aconteceu? — perguntei, assim que deixei minha

maleta na mesa de canto, desabotoei o casaco do meu terno e o


joguei nas costas do sofá.

Rodrigo me olhou e abriu um sorriso, assim que se levantou e

veio para perto de mim para me dar um abraço.

— Como o senhor está?

— Estou bem, filho.

— Não está se sentindo solitário nem nada?

Franzi o cenho e neguei o mais rápido que pude:

— Não, meu filho. Estou bem feliz que você esteja

amadurecendo e querendo o seu canto para viver.

— Fico muito feliz por saber disso, pai.

Rodrigo se afastou e aproveitou para colocar uísque em um


copo e levá-lo até mim, assim que me sentei no sofá.

Tomei um gole da bebida e esperei que ele dissesse o que

estava fazendo ali. O que não demorou muito para acontecer, já que
ele era completamente ansioso em relação a algumas coisas.

— Papai, ontem conversei com a Sam e ela aceitou namorar


comigo.

Levantei minha sobrancelha e sorri para ele.


— Fico muito contente que ela tenha percebido o bom rapaz

que você é.

— Assim, ela ainda é meio fria, mas sei que é porque sofreu
com um idiota por quem ela se apaixonou.

Assenti e tomei mais um gole da minha bebida.

— Você disse que ela tem uma filha, certo?

— Sim.

— Deve ser por isso também, que ela é um pouco mais

contida, por estar preocupada com a filha.

— O senhor acha que pode ser isso?

— Acho sim, mas sabe o que poderia fazer, para deixá-la


mais despreocupada?

— O quê?

— Trazê-la aqui para conhecer a sua família, podemos


preparar um almoço para ela e a filha e assim nos conhecemos e
ela logo vai parar com essa birra que tem com você.

— É por isso que gosto de vir desabafar com o senhor,

sempre tem os melhores conselhos.


— Tenho quarenta e seis anos, você queria que eu fosse
ingênuo?

— Claro que não!

Ele se levantou e eu também.

— Vou encontrá-la e falar do almoço, se ela aceitar o aviso.

— Estarei aguardando a sua resposta.

Assim que Rodrigo saiu, voltei a me sentar no sofá e fiquei


observando aquela casa silenciosa. Os funcionários, já deviam ter

acabado o expediente e nem deviam mais estar lá.

E eu…

Bom, eu estava sozinho ali.

Não me sentia solitário, mas às vezes queria ao menos que


alguém ainda morasse naquele lugar.

Talvez um dia eu me apaixonasse por alguém novamente,


mas antes daquilo acontecer, eu teria que esquecer a pequena

Samantha, uma jovem que conseguiu ficar impregnada na minha


mente e que eu não conseguia esquecer.
Provavelmente era por nosso relacionamento não ter
acabado da forma que imaginei. Até porque havíamos combinado
de ficarmos juntos depois de tudo, mas eu fiz a burrada de mentir

para meu filho para parecer que não queria nada de importante com
aquela garota… havia me enganado e era só aquilo que podia

dizer.

Respirei fundo, levantei-me do sofá e caminhei para as


escadas. Era melhor tomar um banho e esquecer as merdas da

vida, era a única maneira de viver bem e feliz.

Aquele dia só terminaria de uma maneira: comigo de boxer,

sentado no sofá com uma vasilha de pipoca e alguma série para


passar a noite.

Bem clichê, mas eu era um homem clichê.

Bernardo Roux, um CEO bem sucedido que tinha uma vida

de merda…

Era assim que deveriam ser as manchetes das revistas que

falavam de mim, mas elas sempre davam um jeito de encher minha

bolsa, se soubessem a verdadeira merda de vida que eu tinha, não

se interessariam tanto.
Enfim, a vida tinha que seguir e era melhor parar com a

reclamação.

Afinal, eu era um homem e não um bebê chorão.

Ao menos era aquilo que eu tinha como convicção.


Capítulo 12

Às vezes cometemos idiotices em nossas vidas e eu parecia


ter ganhado o prêmio de maior fazedora de merda em toda a

história.

Lá estava eu, sentada em uma cadeira de restaurante, muito

chique para o meu gosto, com um cara que eu não gostava nem um
pouco, mas que decidi, depois de insistentemente ele me pedir em

namoro, e eu aceitar.
Talvez eu não cansasse de fazer merda e sempre queria me

meter em mais uma.

Quando passou pela minha cabeça que seria uma boa ideia,
eu namorar um cara que não me fazia nem mesmo ficar molhada na

hora da transa? Além de eu sempre fingir que gozava?

Não que ele fosse ruim de cama, o problema era todo meu, já
que sempre pensava na porra do Bernardo quando estava na cama

com Rodrigo. O que era uma idiotice, pois eu nem vivi tempo

suficiente com Bernardo para sentir uma necessidade tão grande


de tê-lo ao meu lado e me fazendo gozar como fez nos dias do

maldito cruzeiro que eu sempre queria esquecer, mas que ao

mesmo tempo sempre queria lembrar.

— Estou muito feliz de estarmos juntos.

Sorri para Rodrigo e assenti, sem dizer mais nada, pois achei

que não deveria pronunciar nenhuma palavra, para deixar aquele


menino ainda mais encantado por mim e depois em um futuro que

eu não suportasse ficar com ele, acabaria destroçando o seu

coração, como se eu fosse uma pessoa ruim.

Ou melhor, eu era uma filha da puta, por estar fazendo aquilo

com Rodrigo. Só que se tivesse uma forma de me defender, a única


explicação era que eu queria tentar tirar aquele idiota da minha
mente e estava usando o coitado do homem à minha frente como

um estepe para aquilo.

Levei uma garfada de comida até a boca e tentei me manter

mastigando para que não me lembrasse das merdas que estava

fazendo.

— Você não parece estar se sentindo bem, meu amor.

Olhei para Rodrigo, ele era tão bonito e eu queria entender,

por qual motivo não sentia atração por ele e mesmo assim,

continuava ao seu lado, usando-o e ficando com ele, para depois


ficar daquela maneira sem saber como agir.

— Acho que está enganado, estou normal.

— Tem certeza de que está tudo bem?

Droga!

Aquele era o momento de dizer que não estava nada bem, de

que eu não gostava dele, de que não queria nada com ele e que

não gostava nem um pouco do que estava acontecendo, mas a

covarde e idiota que vivia em mim, acabou respondendo:

— Tenho, estou feliz também, por estar ao seu lado.


— Que bom, Sam.

Ele segurou minha mão por cima da mesa e logo soltou mais

palavras que me deixaram ainda mais desesperadas, pois

demonstravam o quanto nosso relacionamento estava se tornando


sério.

— Quero te levar para conhecer a minha família, o que acha


de amanhã?

Engoli em seco, pois parecia que minha boca havia secado


em questão de segundos e eu não sabia o que dizer naquele

momento. Fiquei em silêncio por um tempo e pareceu que passou


um século em questão de minutos, até que Rodrigo voltou a

perguntar:

— E aí, o que acha?

Saí do meu transe, já que provavelmente estava parecendo


uma idiota e acabei cometendo ainda mais besteiras.

— Claro! Por que, eu não iria?!

— Fico muito feliz em ouvir isso, meu amor. Tenho certeza de

que amará meu pai, meu irmão e minha cunhada.

— Eu também tenho.
— Se quiser pode até levar sua filha, eles amam crianças.

— Ah, Molly é muito novinha ainda. Acho melhor deixar para

uma próxima vez.

— Como você quiser, só te avisei, para caso você quisesse.

— Sim, você é sempre muito gentil.

Gentil até demais.

— Não sou gentil, só tento ser sempre o melhor para você,


minha linda.

Ele apertou minha mão um pouco mais forte, mas eu sabia


que não era nada agressivo, era para dar mais ênfase no que dizia

e acabou me dando uma piscadela.

— Que tal, irmos para o meu apartamento esticar a noite? —

sugeriu.

— Desculpa, Rodrigo. Combinei de voltar cedo, Molly ainda

está acordada me esperando. Sei que estamos no começo de um


relacionamento, mas você tem que entender que tenho uma filha

pequena e que ela precisa de muita atenção.

— Meu amor. — Rodrigo acabou me cortando. — Não

precisa se explicar para mim. Claro que te entendo, comecei a


namorar com você, sabendo no que estava me metendo, então fica
tranquila.

Sorri verdadeiramente naquela noite, pois foi a primeira vez


que senti orgulho por ter começado a namorar com Rodrigo. Ele era

um homem maravilhoso, que provava a cada segundo que era o


homem ideal para qualquer mulher que tinha uma bebê pequena
para cuidar. Uma pena que eu não sabia dar valor aquela enorme

qualidade dele. Esperava que logo meus pensamentos mudassem e


que eu começasse a gostar dele.

Saímos do restaurante depois de um tempo e ele me levou


para casa. Assim que estacionou, segurou meu rosto e beijou meus
lábios. Sua boca se grudou na minha e eu sentia como se estivesse

cheia de areia e cimento naquele momento. Era horrível,


tenebroso… Por qual motivo eu me sentia daquela forma?

Pois ele até podia não ser o homem ideal, mas não tinha

lógica eu sentir tanto asco por um homem tão perfeito como


Rodrigo.

Assim que nos despedimos, saí do seu carro, quase com

lágrimas nos olhos e entrei em casa. Subi rapidamente em direção


ao quarto da minha filha, sem nem passar no meu para me trocar.
Entrei no lugar que me transmitia paz e sentei-me ao lado do seu
berço.

Preferia passar a noite ali, do que em qualquer outro lugar,


era só ali que eu me sentia feliz. Era só ali que eu me sentia viva…

Molly era a minha salvação dos erros que eu cometia e das


burradas que ainda iria fazer em minha vida.

Minha pequena salvação no meio do caos.

Minha menina…

O fruto de uma aventura que eu nunca esqueceria…

Mas que às vezes nunca deveria ter acontecido…

***

Segurei com um pouco de força mais do que necessária a

mão de Rodrigo. O sol quente batia em nossa cabeça, enquanto o


suor escorria por minha testa, naquele dia estávamos passando por

um calor descomunal e ainda bem que Rodrigo havia dito que assim

que entrássemos estaríamos protegidos pelo frescor do ar-


condicionado. Estávamos para entrar na casa do seu pai, e não

podia negar que um pouco de ansiedade estava quase tomando


meu corpo.

Molly insistiu tanto para vir comigo, mas eu não sabia o que

iria encontrar, então preferi não trazê-la, já que não sabia se a

família de Rodrigo era tão legal quanto ele. Era melhor evitar
pequenas desavenças a fazerem minha filha derramar alguma

lágrima e eu tivesse que acabar com a raça de todos.

— Sua mão está gelada, minha linda. Mesmo nesse calor.


Isso tudo é nervosismo? — perguntou de forma brincalhona?

Mesmo sem encará-lo, assenti. Observava a mansão em que

seu pai morava sozinho e ficava intrigada a cada segundo que

passava. Como alguém conseguia passar tanto tempo naquele lugar


solitário?

— Estou com medo de seu pai, irmão e até mesmo da sua

cunhada me julgarem.

— Eles não têm motivos para isso. Então não precisa se


preocupar, minha família é muito legal.

Sorri para Rodrigo, no mesmo momento em que ele abriu a

porta do lugar e nós entramos no lugar fresco, que realmente estava


com o ar-condicionado à todo o vapor.

— Papai, Alberto e Adriely, chegamos.

— Até que enfim…

Mas assim que ouvi aquela voz rouca da qual eu me

lembrava muito bem, fui obrigada a girar minha cabeça rapidamente


na direção que ela estava e assim eu consegui ver o homem que há

três anos havia perdido contato.

Que há três eu jurei nunca mais ver…

Lá estava o homem que jurei que seria um conto de fadas…

Lá estava Bernardo, o pai da minha filha, e para piorar, eu

tinha certeza que ele era meu sogro.


Capítulo 13

Sua vida começa a fazer sentido quando tudo desmorona.


Sim eu era meio estranho e acreditava em coisas fora de contexto,

até porque a maioria das pessoas, senão todas elas, pensavam o


contrário de mim.

Mas eu estava crente de que tudo, depois de longos três


anos, começou a fazer sentido quando eu voltei a ver Samantha

novamente. A vida pareceu ser mais colorida ao enxergar aquela

menina à minha frente.


Só que ao mesmo tempo, eu sabia o tamanho da merda,

bomba e até mesmo guerra que estava prestes a acontecer.

Vi quando a cor, de suas bochechas rosadas, sumiram e eu


senti quando um pouco de tremor percorreu todo o meu corpo.

O que ela estava fazendo ali do lado do meu filho?

Era para Rodrigo apresentar a sua namorada, então não

fazia sentido Samantha estar ao seu lado, já que ela não podia ser a
sua namorada, já que eu sabia o quanto ele a amava, o que poderia

ser perigoso, afinal podia passar os anos que fossem que eu

desejaria aquela menina como o suor que escorria pela minha nuca,

mesmo com o ar-condicionado ligado.

— Papai, irmão e cunhada. Essa é Samantha, a mulher que

roubou meu coração.

Rodrigo tinha um sorriso gigantesco na boca, mas eu não

consegui ficar muito tempo o observando, já que meus olhos

estavam grudados naquela menina, que me encarava como se

tivesse visto um fantasma se materializar em sua frente.

Os primeiros a se aproximarem da mulher foram meu filho e

nora, cumprimentaram-na, mas ela estava como eu, meio


bestificada por estar me vendo. No entanto, tentou disfarçar para
não ser desmascarada ali, na frente de todos, pelo que estava
acontecendo.

Logo Rodrigo me olhou com o mesmo sorriso gigantesco que

estava em seus lábios desde que abriu a porta da frente. E eu fui

obrigado a fazer minhas pernas se moverem, logo me aproximei da

mulher que correu de mim há três anos, por um simples mal-


entendido e estendi minha mão, como se nunca a tivesse visto.

— É um prazer te conhecer, Samantha.

Foi como se os poucos segundos que sua pele demorou a

tocar na minha, algo tivesse parado o tempo, como se o mundo não


existisse mais, como se nós dois tivéssemos sido teleportados para

outra dimensão.

Cacete!

A bosta do destino era uma grande desgraça mesmo.

Sua pele tocou a minha e ela acabou respondendo:

— O prazer é todo meu, senhor.

Ela respondeu com a voz doce da qual eu me lembrava muito

bem. Aquilo seria um martírio e não seria nada legal ter que
conviver com aquela menina por poucas horas no almoço do inferno

daquela tarde.

Afastei-me dela como se fosse ácido que pudesse me

queimar, ferir, ou até mesmo acabar com a pele da minha mão e


raspei a garganta.

— Que bom que chegaram. Sintam-se à vontade, terei que ir


ao escritório para resolver um problema, mas logo volto para lhes

fazer companhia.

— Papai, trabalho no dia de hoje?

— Sim, filho. Alguém tem que trabalhar nessa casa. — Tentei


brincar como sempre.

E meus meninos até gargalharam, porém da minha boca não


escapava um sorriso sequer, porque aquela diaba me encarava. Ela

parecia ter feito aquilo de propósito e se fosse verdade eu faria com


que pagasse da pior forma possível.

Franzi meu cenho e dei as costas para todos, caminhando


até meu escritório. Estava furioso, com vontade de socar qualquer

um que aparecesse à minha frente com algum tipo de gracinha e


principalmente querendo descobrir por qual motivo Samantha
estava em minha casa se passando por namorada do meu filho.
Não era possível que pudesse ser verdade, não podia ser…

Não!

Entrei no escritório e bati a porta com fúria. Dei um soco na


parede e desejei quebrar algo, mas não o fiz, pois chamaria atenção
dos meninos e não queria ver ninguém para não ter que explicar

porque estava tendo aquele ataque de nervos.

Caminhei até minha poltrona e sentei-me por alguns minutos,


para pensar na vida, já que não sabia o que fazer e como agir com
Samantha em minha casa. O que faria com aquela mulher ali.

Deveria perguntar-lhe quando estivéssemos sozinhos, se ela


queria algum tipo de vingança, ou se realmente não sabia que

Rodrigo era meu filho?

Será que ela o amava?

Será que em algum momento daqueles três anos ela pensou


em mim, como eu pensei nela?

Será que ela ainda se lembrava do bilhete que escreveu para

mim?

Era ridículo eu ficar remoendo aqueles pensamentos, já que


não tínhamos nada e realmente ela foi só um sexo passageiro em
uma viagem que eu já deveria ter esquecido.

Só que eu era um idiota, que não conseguia esquecer a porra

de um rabo de saía facilmente, ainda mais quando ele me chamava


tanta atenção, como Samantha chamou a minha.

Levantei-me da poltrona, pois depois de vinte minutos achei


que já tinha passado tempo suficiente naquele lugar ridículo e
comecei a caminhar para fora do meu escritório e talvez se a vida

fosse menos clichê as porcarias daqueles encontros não


aconteceriam tanto.

Assim que a porta do meu escritório foi aberta e eu pisei para


fora do local, dei de cara com a mulher que remoeu meus

pensamentos pelos últimos três anos e ela estacou no mesmo lugar


assim que me viu.

Samantha fechou os olhos e suspirou e eu… ah, eu não pude


fazer mais nada a não ser papel de um bicho das cavernas e puxá-
la pelo pulso para dentro do meu escritório de uma só vez.

Sem expressar reação alguma Samantha mal soube o que

aconteceu, pois quando percebeu, já estava encostada na porta e


eu a prendia entre os meus braços encarando seus olhos cor de mel

com os meus.
— O que pensa que está fazendo? — sussurrou.

Provavelmente com medo de alguém nos escutar.

— Eu que deveria te fazer essa pergunta.

Respirei fundo sentindo o perfume doce tomar meu nariz e


por muito pouco não enterrei meu rosto em seu pescoço para sentir
seu cheiro de mais perto.

— Eu não sabia que você era pai do Rodrigo, se é isso que

está querendo insinuar.

Ela sempre foi muito inteligente e direta ao ponto.

— Então o que está fazendo aqui?

— Se não percebeu, eu vim almoçar na casa do meu

namorado.

Samantha falou entredentes e empinou seu queixo para mim.


Ela parecia estar furiosa pelo que estava acontecendo.

— Só quero saber se vai contar para o meu filho o que

aconteceu entre nós.

— Não me decidi ainda. Só quero sair daqui para ir ao


banheiro, se me der licença.
— Não, eu não quero lhe dar licença. Não sei se confio em

pessoas que fogem das outras.

Ela sorriu com desdém e olhou para os lados, mas não

demorou muito para voltar a me encarar.

— Bernardo, saia do meu caminho antes que eu faça um

escândalo.

— Então conte para o meu filho que já dormiu comigo, ele

precisa saber.

Eu não sei se estava muito confiante no que estava dizendo,

até porque não sabia qual seria a reação de Rodrigo, mas não sabia
mais o que dizer para puxar assunto com Samantha.

— Quando eu achar o momento ideal eu conto.

Ela me empurrou, mas eu não me afastei, como um idiota

mesmo. Samantha continuou tentando e eu forcei mais o meu corpo


para perto do seu. Aproximei-me dela, deixando o seu mais colado à

porta de madeira, até que seus braços caíram e eu senti seus seios

tocarem o tecido da camisa que eu usava.

— Quero que saiba que nesses três anos que você decidiu
sumir, eu pensei em você e ainda penso. Então é melhor tomar
cuidado, pois eu posso cometer uma loucura com essa nossa

proximidade.

— Eu sou a namorada do seu filho — murmurou.

— E essa é a pior merda.

— Você não seria maluco.

— Pois é, por isso, que você tem que sumir daqui — rosnei.

Samantha engoliu em seco e assim que nossas bocas

ficaram muito próximas, um sentindo o suspiro do outro, eu me

afastei e dei as costas para ela. Ouvi a porta sendo aberta e


fechada.

Naquele momento eu sabia que tinha caído de cabeça para o

fundo do inferno e nem imaginava se tinha volta para a superfície do


paraíso.
Capítulo 14

Minhas pernas ainda tremiam mesmo que eu já estivesse


sentada dentro do carro a caminho da minha casa. Tive que inventar

mil e uma mentiras para que Rodrigo me levasse para casa, mas
ainda bem que ele acreditou em todas.

Pedi perdão para Alberto e Adriely, mas evitei falar


novamente com Bernardo, já que somente por trocar meia dúzia de

palavras com ele já senti minha calcinha encharcar, imagina se o

visse novamente?
Teria acabado com o fogo puro, entrando completamente em

combustão.

Como eu poderia imaginar que Rodrigo Roux, era filho de


Bernardo?

Eu nunca tinha feito uma pesquisa na internet, nunca tinha

visto nada a respeito de ninguém da família. Tinha sido uma idiota,


isso sim, agora estava correndo risco, daquele homem… o homem

que acabava com todo o meu discernimento descobrisse todos os

meus segredos por eu ser burra o suficiente por não saber usar a
tecnologia ao meu favor.

— Deu uma melhorada, meu amor?

Rodrigo perguntou, assim que chegamos na rua da minha

casa e eu fechei meus olhos ao ouvir sua voz. Eu sabia que não

podia continuar com aquela história, não podia continuar com um

relacionamento, onde o pai do homem com quem estava me


relacionando já havia me levado para a cama e ainda era o pai da

minha filha.

Em que porra de confusão eu estava metida, meu Deus!

— Dei sim, Rodrigo.


Ele estacionou o carro, acabei destravando o cinto e olhando
para ele. Como um bom homem, ele sorriu, levou sua mão até meu

rosto e acariciou minha pele. Encarei seus olhos e comecei a dizer:

— Rodrigo, eu não sei se o nosso relacionamento…

— Não, Samantha… Por favor.

— Rodrigo, eu não te amo e…

— Não, você não me deu nem chance de te conquistar. Deixa

eu te conquistar e aí depois se isso não acontecer, você pode

terminar comigo.

Suspirei e assenti. Era sempre difícil dar um basta em

pessoas boas, ainda mais quando elas cuidavam de você como se

fosse a maior preciosidade que existia na vida.

— Tudo bem!

Ele me beijou e eu me afastei o quanto antes. Acenei para

ele e saí do carro. Logo entrei em casa e neguei com a cabeça.

Era tão pior do que eu imaginava tudo o que estava

acontecendo.

Pai… filho e eu ainda estava namorando com o tio da minha

filha, era um plot twist ou o quê?


Parecia com aquelas novelas mexicanas que passavam na

parte da tarde e que eram bregas demais, mas que todos amavam
acompanhar para chorar e ao mesmo tempo reclamar de tão ruim

que era o final.

— Tudo bem, querida? — Mileide, indagou.

Encarei-a, assim que surgiu à minha frente.

— Tudo péssimo.

Não queria mais esconder o que estava quase escapando


pela minha garganta a viagem inteira. Por isso, caminhei até o sofá

da sala, sentei-me e esperei que ela me acompanhasse.

Assim que se acomodou ao meu lado, encostei minha cabeça


em seu ombro e perguntei:

— Onde estão o papai e a Molly?

— Foram passear pela praça para ver se ao menos um vento

os deixava mais refrescados.

Assenti, enquanto minha madrasta e sócia, afagava meu


cabelo, tentando fazer com que eu me acalmasse, mas seria em

vão, Já que eu sabia que depois daquele dia eu não ficaria calma
nem mais um segundo.
— Estou ferrada, Mileide.

— Por que, querida?

Não queria ficar enrolando com o assunto, até que chegasse


ao ponto ideal da história.

— Encontrei o pai de Molly.

Mileide pulou do sofá, fazendo com que o meu corpo

sacolejasse com o seu impacto.

— Como assim? Você não tinha ido à casa de Rodrigo? Eles

haviam convidado mais alguém?

Ela fazia tantas perguntas, que fiquei até um pouco confusa,

e fui obrigada a levar minhas mãos ao meu rosto para tentar colocar
meus pensamentos em ordem, para lhe explicar o tamanho da

merda que havia acontecido.

— Mileide, se acalme — pedi, enquanto pedia paciência para

o meu interior, pois nem eu sabia se teria calma com toda aquela
merda acontecendo.

— Então desembucha, menina.

— O pai do Rodrigo é o Bernardo.


— Puta que pariu!

Sim, a minha madrasta tinha soltado um palavrão o que era

uma coisa inédita, já que eu nunca tinha visto algo do tipo sair de
sua boca e para aquilo acontecer, era para deixar mais do que claro,

que eu estava realmente fodida.

— Pois é!

Foi a única coisa que consegui dizer, antes da porta ser


aberta e uma menininha de dois anos entrar correndo com seus

passos desengonçados e vir abraçar minhas pernas.

— Mamã.

— Oi, meu amor!

Tentei sorrir ao pegá-la em meu colo e beijar sua bochecha

suja de groselha. Provavelmente havia chupado algum picolé, algo


que não devia, ainda mais naquele tempo quente, pois sempre
irritava sua garganta.

— Voltou cedo, filha. — Meu pai se fez presente e eu sorri

para ele.

— Pois é, estava com uma cólica chata.


Não queria entrar em detalhes com ele, já que não me sentia
à vontade para falar certo tipo de coisas com um homem. E foi
exatamente por isso, que meu olhar recaiu sobre Mileide e ela

assentiu em minha direção. Ela havia se tornado a confidente que


eu havia perdido quando minha mãe morreu e eu confiava

plenamente nela, por isso, sabia que não comentaria nada com meu
pai, ao menos enquanto eu não achasse necessário.

— Bom, vou dar banho nessa menina suja e depois nos

falamos.

— Claro, filha.

Comecei a andar em direção à escada com a minha menina


em meus braços e com o coração em pedaços. Estava morrendo de

medo de quando tudo desmoronasse.

O que Bernardo faria quando descobrisse que tinha uma filha

que eu escondi dele por todo esse tempo?

O que eu faria com Rodrigo?

Meu Deus!

Por que aquilo tinha que ter acontecido.


Eu não esperava por nada do que o destino tinha me

reservado e não estava preparada para nenhuma surpresa


assustadora do futuro.

Talvez eu tivesse que cometer loucuras que não estava

pronta para cometer, mas que seriam necessárias, caso quisessem

fazer mal a minha Molly.

E era somente àquilo que eu daria prioridade…

Só àquilo.
Capítulo 15

Talvez eu pudesse ser considerado um filho da puta de um


stalker, ou talvez um abusador, um psicopata… Eu estava indo

longe demais. Ou não, já que estava ao longe observando


Samantha saindo da loja que já tinha entendido que era sua.

Tinha sentido um pouco de orgulho por ver que ela era uma
empreendedora e que estava investindo em uma carreira que era

promissora, já que o mercado de roupas femininas, sempre foi muito

bom.
Havia pedido no mesmo dia que Rodrigo saiu com ela da

minha casa, para um dos meus advogados arrumar um investigador,


achar onde Samantha morava. Não queria saber muito de sua vida,

e o homem me deu somente dois endereços: o de sua casa e sua

loja.

Decidi que seria melhor encontrá-la em sua loja, pois não


pareceria tão ameaçador, apesar que parando para pensar, em

qualquer lugar, era estranho. Completamente fora de ordem, já que

eu nem deveria estar ali. Se meu filho me visse rondando por


aquelas áreas iria querer saber o motivo e como iria explicar o que

estava acontecendo?

“Ah, garoto!

Então, dormi com sua namorada algumas noites naquele

cruzeiro e nem te conto o que fiz com ela”.

Tenho certeza de que Rodrigo odiaria saber o que aconteceu


naquele cruzeiro daquela forma. Mas eu tinha que saber o que

Samantha iria fazer. Eu precisava mesmo saber, ´porque não daria

para esconder aquele segredo para sempre, já que se ela e Rodrigo

levassem aquela história adiante, eu nunca conseguiria guardar

aquele segredo para sempre.


Na verdade, se ela e Rodrigo continuassem juntos, eu teria
que sumir do Brasil, pois nunca daria conta de ficar por muito tempo

perto daquela menina. O dia anterior era prova daquilo.

Eu quase havia beijado Samantha.

E ela nem tinha feito muito para que aquilo acontecesse, só


precisou de estarmos juntos em um mesmo ambiente.

E mesmo eu sabendo de todos aqueles motivos, sendo um

homem com quarenta e seis anos, eu saí do meu carro, parecendo

muito imaturo, fechei a porta, atravessei a rua e assim que fui falar

com Samantha, ouvi a voz de uma menininha chamá-la na esquina


da loja.

— Mamã…

A garotinha vinha correndo em direção a Samantha, que

ainda não havia me visto e ela estendeu os braços para a menina e


naquele momento eu percebi que tudo havia mudado.

Ela havia se tornado mãe e a menina era uma gracinha.

Deveria ter sido logo depois de termos nos conhecido, já que ela

parecia ter pouco mais de um ano. Um senhor, que vinha logo atrás

da menina parou ao lado de Samantha e a cumprimentou.


— Peguei-a na creche, para que você não precisasse se

preocupar.

— Obrigada, papai.

Pelo jeito a sua relação com o pai também havia melhorado.

Não movi sequer um músculo do lugar, pois queria conversar


com Samantha e não me preocupava que ela achasse que eu fosse

um idiota. Eu precisava resolver os questionamentos que tomavam


a minha mente e somente ela podia fazer aquilo, por isso continuei
ali.

E quando ela me viu, foi como se tivesse visto um fantasma.

A menininha estava brincando com seu cabelo e parecia ser


uma princesinha de tão lindinha, foi até impossível não abriu um
sorriso ao vê-la.

— Bom dia, Samantha.

Seu pai encarou a filha e depois a mim, porém não disse


nada.

— O que está fazendo aqui? — Somente com o tom de voz

urgente que a menina tirou os olhos dos cabelos da mãe e encarou


em minha direção.
Ela era tão linda, tão parecida com Samantha.

Uma princesa.

Eu amava criança e sonhava em ter mais filhos, mas como


nunca mais arrumei uma esposa, sabia que aquilo seria impossível.
No entanto, me senti conectado com aquela pequena menina.

— Não tenho nada para conversar com você — sussurrou.

— Filha, está tudo bem?

— Sim, papai — respondeu, rapidamente.

Porém, não desviou seus olhos dos meus.

— Por favor, é urgente — insisti.

Ela fez uma careta o que a fez ficar ainda mais linda. Já que
em seu nariz, tão bem desenhado, apareceram algumas rugas que

a fizeram sair da sua posição perfeita, mas que não deixou de ser
linda.

— Tudo bem! — Ela se voltou para o pai. — Papai, leva a


Molly com o senhor. Eu preciso conversar com ele.

— Mas está tudo bem?

— Sim, está.
— Qualquer coisa liga.

— Pode deixar.

Assim que o homem se afastou ele ainda me encarou com


uma expressão raivosa que não colocava medo nem em si mesmo,

mas eu o deixei pensar que estava me tremendo de medo.

Só não consegui desviar minha atenção da pequena

princesinha, dei até um aceno para ela, que retribuiu com um sorriso
banguela. Ela era uma gracinha.

Voltei-me para Samantha que estava mais pálida que no dia


anterior assim que me viu e eu tive que elogiá-la.

— Sua filha é linda.

— Obrigada — seu sussurro, quase não foi audível.

— Bom, você sugere algum lugar? — perguntei.

— Por aqui é perigoso, pois o Rodrigo sempre vem de

surpresa.

Assenti e já tinha até imaginado aquilo. Por isso, gesticulei


em direção ao meu carro.

— Você se importa de ir a um lugar comigo?


— Bernardo, você sabe que me importo, porque não diz o
que quer e vai embora?

— Por que eu quero conversar com você. Colocar todas as


merdas dos pingos nos “is” que ficaram sem, e deixar claro algumas

coisas do presente.

Samantha me encarou por alguns instantes.

— Não pode ser em outro momento?

— Para você fugir?

Ela olhou para o céu e fechou os olhos, pois o sol do meio-

dia estava a todo vapor.

— Se eu for agora, irá me deixar em paz depois.

— Sim.

Não sabia se minha resposta tinha sido verdadeira, mas faria


o máximo com que fosse, pois não queria mais problemas para o

meu lado.

— Tudo bem! Então, eu vou.

Sorri de lado e agradeci mentalmente por não ter sido muito


difícil tê-la convencido ao menos de me escutar.
Talvez pudéssemos ser amigos, agora que seríamos… sogro

e nora…
Capítulo 16

Dentro do carro do homem que prometi nunca mais estar


perto…

Por qual motivo eu tinha aceitado estar ali com ele?

Não sabia onde estávamos indo, mas sabia que era longe da
minha casa, longe da minha loja, longe de tudo.

— Para onde está me levando? — perguntei, quebrando o


silêncio do carro.

— Minha casa.
Olhei imediatamente em sua direção, pensando que talvez

ele fosse maluco o suficiente, ou que tivesse sob efeitos de drogas.

— Você ficou maluco, Bernardo? — gritei.

Ele tirou a atenção do trânsito, aproveitando que parou em

um sinal.

— Por quê?

— Lá será um ótimo lugar para Rodrigo me encontrar.

— Se eu moro sozinho e meus filhos não vão me visitar,

porque será um ótimo lugar?

Ele parecia um bravo pela minha reação um pouco

exagerada e talvez eu tenha ficado realmente um pouco exaltada,

mas não sabia mais o que fazer,já que estava muito nervosa por

estar em um mesmo ambiente que ele.

— Não sei por qual motivo precisamos ir a um lugar tão

longe, se podemos ir a um restaurante e conversarmos.

— Sim, vamos a um lugar público e correr o risco de um

conhecido nos ver.

Bufei, cruzei meus braços como uma menina birrenta e

prestei atenção no trânsito em silêncio. Claro que durante todo o


trajeto, não deixei de olhar de soslaio para Bernardo e reparar que
sua barba possuía mais fios grisalhos e que ele continuava lindo, ou

até mais gato do que há três anos quando o conheci.

Os seus músculos pareciam ter recebido uma atenção

redobrada e eu estava reparando demais em um homem que estava

terminantemente proibido para mim. Ele era o pai do meu namorado


e eu não podia ficar com ele, de maneira nenhuma, de forma

alguma.

Ele era como uma praia com uma placa avisando o risco de

tubarão. Se eu desse qualquer bobeira e entrasse na água seria

mordida e sairia com uma cicatriz sem chance de cura pelo resto da

vida.

Assim que chegamos à mansão de Bernardo, que eu não

podia negar, era digna de um homem que possuía muito dinheiro,

desci do carro sem esperar os seus dotes cavalheirescos e esperei

que ele entrasse na casa para depois entrar.

Quando parei no centro do hall, o encarei e indaguei:

— E aí, desembucha?

Ele abriu um sorriso de lado, que eu quase o amaldiçoei pelo

resto da vida por ser tão lindo. Depois colocou a maleta empresarial
na mesa de canto e em seguida disse:

— Primeiramente… — Bernardo, pegou a sua carteira em

seu bolso e de lá tirou um pedaço de papel meio amarelado e

amassado que eu não fazia ideia do que era, mas assim que
começou a ler, eu não acreditei que ele ainda o guardava. — Eu

jurei que viveria algo legal com você, mas quando ouvi sair da sua
boca, palavras que me resumiam em um único objeto, eu soube que

você é como todos os idiotas que já conheci. Nunca mais quero te


ver… Adeus!

Bernardo me encarou assim que terminou de ler e esperou

que eu dissesse alguma coisa.

— O que foi?

— O que foi? É isso que você tem a me dizer, Samantha?

— Você falou que eu era uma transa qualquer, só sexo e


queria que eu ficasse sorrindo e acenando para você?

Elevei minhas sobrancelhas em sua direção, completamente


cheia de sarcasmo.

Ouvimos alguns passos se aproximarem e eu fiquei em


silêncio com medo que pudesse ser uma das pessoas que me viram
ontem, que pudesse me reconhecer.

— Olá, senhor… e senhora…

— Oi, Maria. — Bernardo tomou a frente, sem que deixasse a


colaboradora saber meu nome.

— O senhor quer que eu prepare o almoço, pois não me


avisou nada.

— Não, depois eu faço um lanche.

— Tudo bem, senhor.

Assim que a mulher se afastou, o homem segurou o meu


braço e começou a me arrastar pelo mesmo corredor que levava

para o banheiro no qual eu fui ontem. No entanto, como no dia


anterior ele me fez entrar no escritório da sua casa.

— Caso você não saiba, eu estava só tentando ser uma


pessoa normal para o meu filho, para ele não pensar que eu estava

interessado demais em uma pessoa que eu tinha acabado de


conhecer.

Bernardo retomou o assunto assim que fechou a porta.

Cruzei meus braços e permaneci longe o suficiente dele, para

não ocorrer o mesmo problema do dia anterior.


Só que a sua informação não me passou despercebida. Se
ele tivesse falando a verdade, então talvez eu tivesse cometido um
engano, ou talvez ele só estivesse dizendo aquilo para parecer um

bom samaritano.

— Eu não acredito em você — murmurei.

— É a única verdade aqui.

Encarei seus olhos e eles estavam sérios demais para


parecerem uma mentira, então acreditei e me xinguei de burra por

dentro, mas não daria meu braço a torcer. Já que não estava ali
para me redimir por nada.

— Tá tudo bem, passou. Isso tudo é um passado distante,

não temos mais nada. Então, eu vou embora.

Comecei a caminhar em direção a porta, mas ele novamente


me barrou segurando o meu braço.

— A conversa ainda não acabou, Samantha.

— Que caralho! O que você mais quer? — gritei.

Voltei-me em sua direção e nós novamente estávamos muito


próximos e daquela vez não tinha ninguém naquela casa que
pudesse nos manter afastados, só as nossas consciências que
poderiam gritar por nós.

Mas e se elas não fossem fortes o suficiente?

E se nós não fôssemos?

Estávamos completamente fodidos.

— Você vai contar para o meu filho? — Bernardo perguntou

próximo demais, com um único sussurro.

Eu sentia seu hálito quente no meu.

— Não, porque eu o faria sofrer.

— Você deveria.

— Não tenho coragem.

Bernardo foi empurrando meu corpo até minha bunda

encostar na mesa do escritório.

— Somos monstros por estarmos aqui? — Bernardo


perguntou.

Senti um calor subir pelo meu corpo, meu ar começar a me

faltar, minha calcinha molhar e logo minha língua molhou meus


lábios que ficaram secos sem motivo aparente.
— Somos traidores por estarmos aqui.

— Ele nunca vai nos perdoar.

— Nem eu vou me perdoar — revelei.

Mas acabei puxando a gravata de Bernardo e grudando sua

boca na minha. Era traição, o que eu mais odiava na vida, o que eu

podia fazer se era mais forte do que eu.

O sentimento que eu tinha por Bernardo surgiu em um dia e

nunca sumiu, eu tinha uma conexão com ele que eu nunca soube

explicar. Eu só sabia que o queria, só queria senti-lo em mim, sentir

sua língua, sua saliva na minha, sua mão passando em meu corpo.

Bernardo segurou meu corpo, subiu-o um pouco, colocou-me

sentada na mesa e aprofundou mais o seu beijo no meu. Sua língua

dançava com a minha e eu quase implorava para que ele fizesse

tudo que quisesse comigo.

Mas ainda bem que uma dose de discernimento tomou minha

mente e quando ele desceu seus lábios para o meu pescoço e

começou a chupar minha pele eu soube que eu tinha que fazer o


certo primeiro. Se eu queria ter aquele relacionamento, eu tinha que

ao menos agir corretamente.


Empurrei Bernardo para longe e murmurei com os olhos

lacrimejados:

— Ele é seu filho. Você sempre me disse que ama seus

filhos, não posso fazer isso, sem antes terminar com ele.

Vi a culpa estampar o rosto de Bernardo, ele abaixou seu

rosto e reparei quando uma lágrima desceu também por sua face.

Eu não sabia por que aquele desejo maluco nos deixava

daquela forma, mas nós não podíamos deixar que ele nos
controlasse.

— Me desculpe, Samantha.

— Não me peça isso, sou tão culpada quanto você. Eu só

preciso terminar com ele para sentir menos culpa. E depois preciso
te revelar algo.

Bernardo me encarou, com o cenho franzido e quando foi

perguntar algo, eu neguei e disse:

— Depois…

Saí do seu escritório, caminhando rapidamente para fora da

sua mansão. Eu precisava falar com Rodrigo o quanto antes. Não


podia continuar com ele, não depois do que aconteceu, pois eu

sabia que não conseguiria resistir a Bernardo, não mais.

E também precisava revelar àquele homem que ele tinha

uma menina… uma menina linda…

Uma menina, que merecia ter um pai.


Capítulo 17

Desde o momento que vi Bernardo aparecer à minha frente,


no dia anterior, eu sabia que as coisas iriam de mal a pior, já que eu

nunca esperaria encontrá-lo de novo e quando o vi, senti algo


aquecer o meu peito. Meu sangue ferveu, meu coração disparou,

minha respiração falhou.

E mesmo tentando evitar, aquele homem parecia a porra de

uma droga que eu nem havia usado muito, mas que tinha me

viciado e pelo jeito era para a vida toda.


Eu tinha engravidado de Bernardo naquele cruzeiro e mesmo

tendo ficado com um ódio mortal por ele ter me tratado como um
objeto, fiquei com aquele sentimento de que ainda queria algo mais

com ele, e que ainda tinha algo inacabado.

Sempre pensei que quando o encontrasse, um dia, se aquilo

acontecesse, talvez eu o chamasse para conversar como uma


pessoa civilizada e colocaria todos os pontos nos “is”, para que não

ficasse aquela coisa ridícula que ficou, quando acabou o cruzeiro.

Mas acabou que se passaram dias, meses, anos e eu nunca


mais o vi. Até que um dia resolvi me relacionar com um homem que

não amava e acabei descobrindo que ele era o pai de Rodrigo.

Não sabia o que o destino estava querendo comigo, mas

provavelmente não era nenhum tipo de karma nem nada, apenas

querendo que aquela história inacabada com Bernardo tivesse o seu

ponto final e que talvez ele soubesse que no fim tinha uma pequena
menina, que pelo que percebi, pelo pouco tempo que eles tiveram

contato, ele pareceu gostar demais.

O táxi que havia pegado, parou em frente à casa de Rodrigo,

eu sabia que naquele dia ele não estava trabalhando, então por
isso, resolvi sair direto da casa de seu pai para acabar aquele
relacionamento que nem deveria ter começado.

Assim que saí do táxi, respirei fundo e caminhei até o

interfone do prédio, toquei o número do apartamento de Rodrigo e

esperei que ele atendesse. Esperei por um tempo, mas ninguém

atendeu.

— Boa tarde!

Olhei para trás de mim e um senhor, que eu já tinha visto e

sabia que era vizinho de Rodrigo estava parado atrás de mim.

— Boa tarde, tudo bem?

— Sim, tudo bem e com a senhorita?

— Estou bem, também.

— A senhorita é a namorada do Rodrigo, certo?

Ele parecia ser bastante curioso, mas não queria ser grossa,

por isso continuei lhe dando assunto.

— Sou sim.

— Vou abrir o portão para a senhorita.


Ao menos iria me ajudar com alguma coisa. Afinal, eu sabia

que Rodrigo estava em casa, então por qual motivo não estava me
atendendo?

Assim que o homem abriu o portão o acompanhei até o


elevador e subimos juntos até o andar de Rodrigo. Depois ele entrou

em seu apartamento e eu peguei a chave reserva que tinha dentro


de um jarro de flores do lado da porta de entrada que só eu sabia

onde ficava.

Abri a porta lentamente e imaginei que talvez ele pudesse


estar dormindo, pois nos últimos dias estava trabalhando demais. E

exatamente por aquele motivo não havia ido para a empresa


naquele dia, por estar muito cansado.

Só que assim que fechei a porta da sala, ouvi um som que eu

sabia muito bem o que era e tinha certeza de que se tratava de uma
traição.

— Mais fundo, Rodrigo.

Ouvi uma voz, gemendo, vindo em direção da sala de estar

de Rodrigo. Como eu era imbecil. Jurei que ele era um homem


íntegro e para variar havia me enganado novamente com homens.
Caminhei lentamente até a sala de estar, para ver o meu até

então namorado, transando com a secretária dele, encostada na


vidraça do vidro da sua sala. Por muito tempo, achei que Rodrigo

era o homem que toda mulher merecia, um príncipe, e eu estava


errada.

Deveria ter sido enganada e em algumas noites ele deveria


rir da minha cara, por eu acreditar que era um homem bom. Um

homem que cheguei a pensar que seria um bom pai, para a minha
menina… minha pequena Molly.

O problema da maioria dos homens era que eles sempre


demonstravam serem os melhores seres do universo e enganavam
as mulheres idiotas como eu… e acabava que eles, nunca eram

aquele ouro todo que demonstravam. Naquele momento, até achava


bom, nunca ter me apaixonado por Rodrigo, senão sofreria por

alguém que não merecia.

Assim que ela me viu, soltou um grito e empurrou Rodrigo

para longe. Abaixou-se e escondeu-se atrás do sofá. O homem


quando me viu, ficou vermelho no mesmo momento e a expressão

de desespero caiu sobre o seu rosto.

— Samantha, eu…
— Não se dê ao trabalho, por favor — respondi.

Dei as costas para ele e comecei a caminhar até a porta,

enquanto ouvia barulhos de movimento atrás de mim. Antes mesmo


que eu pudesse chegar, meu braço foi agarrado e Rodrigo me

puxou em sua direção para que eu pudesse lhe encarar.

— Samantha, por favor, eu sou um idiota, me perdoa.

Revirei meus olhos e abri um sorriso, não sentindo nenhum


tipo de sentimento por tê-lo pegado daquela maneira com outra. Até

porque eu não o amava e também tinha beijado outro há algumas


horas.

— Rodrigo, sabíamos que éramos um casal disfuncional.

— Não, me dê mais uma chance, eu posso provar que…

Levei meu indicador até seus lábios e murmurei:

— Eu vim aqui para terminar o nosso relacionamento, você

só adiantou o processo. Então, muito obrigada.

Soltei meu braço do seu toque e saí pela porta do seu

apartamento. Naquele momento eu estava livre para fazer o que


bem quisesse e o que estava passando pela minha mente era
somente uma coisa: voltar para a casa de Bernardo e continuar de
onde paramos.

***

Desgraçado!

Filho da puta!
A morte seria pouco para mim.

Como eu pude ter beijado a namorada do meu filho?

Tudo bem que eu a desejava mais que tudo, que a conheci

primeiro, que ela sempre foi algo para mim. Mesmo que aquilo

parecesse um fake love, já que ficamos somente por poucos dias

naquele cruzeiro.

No entanto, a conexão que tivemos naqueles dias foram tão

grandiosas que fizeram com que eu não esquecesse aquela menina

facilmente. E a prova viva daquilo era que haviam se passado três

anos e eu ainda me sentia completamente viciado em Samantha.

Quando a vi na minha frente, pensei ser uma miragem, já que

não seria possível eu estar vendo a mulher que conseguiu

conquistar um homem tão maduro quanto eu, em tão pouco tempo.


Ela parecia ter um feitiço e provavelmente era aquilo, já que o seu

jeito meio inocente, com uma pitada de perversão me tomou por

completo.

Balancei minha cabeça, tentando tirar aqueles pensamentos


da minha mente, pois de nada adiantava ficar remoendo aquelas

coisas, já que eu estava errado de qualquer maneira. Afinal, mesmo


pensando naquelas coisas, ela ainda continuava sendo a namorada

do meu filho e eu não devia tê-la beijado.

Deveria ter esperado.

Naquele momento eu me sentia sujo, me sentia um monstro


que se aproveitou da namorada do filho e acabou destruindo algo

bonito que tinha com o filho mais novo.

Péssimo!

Era assim que me sentia.

O que eu estava fazendo da minha vida? Desde que decidi


viver aquelas loucuras naquele cruzeiro todas as merdas

começaram a acontecer, eu deveria ter ficado fechado para o

mundo para sempre assim nada daquilo teria acontecido.

Não, eu não podia ficar daquela forma, porque eu gostei de

ter conhecido Samantha, ela foi algo importante na minha vida e

mesmo sem querer ainda era. Eu gostava daquela garota, não sabia

identificar se era algum tipo de amor avassalador, mas era um


sentimento que eu não conseguia tirar do peito.

Era uma necessidade de tê-la comigo. Ainda mais depois de

encontrá-la após tanto tempo e saber que ela continuava como eu a


conheci.

Eu continuava da mesma forma… louco por ela.

E a queria, só não sabia como meu filho iria lidar com aquilo,

porque ele estava completamente apaixonado por aquela menina.

Aquilo se transformaria em uma grande confusão, eu já

estava até vendo a merda em que eu iria me meter.

As horas foram passando e eu continuava pensando em tudo


que aconteceu, até que escutei batidas na porta e pedi para que

Maria entrasse.

— Senhor?

— Sim? — Levantei minha cabeça para encarar a mulher.

— Uma moça chamada Samantha está aqui.

Franzi meu cenho, pois haviam se passado mais ou menos

duas horas que ela tinha ido embora da minha casa, por qual motivo

teria voltado até ali?

— Pode permitir a entrada dela.

— Peço para que venha até o escritório do senhor?

— Não, eu irei recebê-la.


Mais do que depressa, levantei-me da minha cadeira e fui até

a porta de entrada, não demorou muito para que Samantha voltasse

a surgir pela entrada da minha casa. Ela estava da mesma forma

que havia saído dali.

O que tinha acontecido?

Afinal, somente uma coisa havia mudado nela: a sua

expressão.

Uma decisão havia sido tomada e eu tinha que saber qual


tinha sido.

— O que aconteceu, Samantha?

— Você realmente estava falando da boca pra fora que eu

era um objeto?

Franzi o cenho e assenti, respondendo em seguida:

— Sim, aquela vez no cruzeiro, eu não queria revelar para

meu filho que já estava louco por uma mulher que havia conhecido

há poucos dias.

Ela abaixou o rosto, olhou seus dedos e murmurou:

— Eu preciso de uma coisa, Bernardo.


— Do quê? — questionei, em forma de sussurro.

— De um beijo.

Meu filho teria que me perdoar, mas aquele pedido eu não


poderia negar. Eu nunca conseguiria negar aquela menina… Nunca

conseguiria.

Eu daria tudo o que ela quisesse, era só pedir.


Capítulo 18

Não pensei muito para onde seguir quando saí da casa de


Rodrigo. Já que estava decidida.

Eu tinha absoluta certeza de quem eu queria ver naquele


momento, já que meus instintos estavam quase implorando para

que eu retornasse ao homem que deixava meus sentimentos


aflorados, que deixava minha pele estranha, que me deixava

quente, que fazia com que eu me sentisse de um jeito

completamente louco.
Precisava ver Bernardo novamente.

Ainda mais depois de descobrir que o príncipe que idealizei

em Rodrigo não existia. Por isso, eu não devia nenhum tipo de


consideração para aquele idiota.

Ainda estava parada no mesmo lugar desde que cheguei,

mas Bernardo pareceu entender muito bem o que eu tinha pedido,


pois um sorriso meio vitorioso surgiu em seus lábios e eu fui

obrigada a engolir em seco, já que só de vê-lo daquela forma, senti

um pouco de calor anormal tomar meu corpo.

Ele começou a caminhar lentamente até onde eu estava,

quando se aproximou o suficiente de mim, estendeu sua mão em


minha direção e eu aceitei de bom grado.

Bernardo começou a me conduzir novamente em direção ao

seu escritório e a cada passo que nos aproximávamos da sala, eu

ficava mais ansiosa, pois parecia que toda a atmosfera havia


mudado.

Ele abriu a porta e fez um gesto para que eu entrasse,

rapidamente adentrei o lugar e depositei minha bolsa na cadeira.

Quando escutei a chave sendo girada na maçaneta, percebi que as


coisas seriam completamente diferentes das horas anteriores que
estive ali.

Ouvi os passos de Bernardo se aproximando de mim e logo

suas mãos estava em minha cintura. Ele me abraçou e levou sua

boca até o meu pescoço, logo tirou uma de suas mãos do meu

corpo, para poder afastar meu cabelo para o lado, para que pudesse
depositar melhor sua boca em minha pele.

Em seguida começou a passar sua língua pela veia saltada

do meu pescoço e eu engoli em seco, por não conseguir resistir

aquele homem de nenhuma maneira. E eu ansiava por aquilo.

Logo seus lábios estavam em meu ouvido e Bernardo sugou

o lóbulo da minha orelha lentamente e eu fechei os meus olhos.

— Você tem ideia do quanto senti sua falta?

Não respondi, já que não achei que seria necessário. Eu só


queria que aquele homem me fizesse dele. Que ele me beijasse,

que reivindicasse meu corpo para ele, que fizesse misérias comigo,

que eu nem conseguisse me lembrar de quem eu era.

Queria ser amada por Bernardo novamente, lembrar como

era ter prazer, como era bom sentir o corpo ser apreciado por um

homem que sabia bem o que fazer com uma mulher.


Logo o homem de quem senti tanta falta naqueles anos, o

único que sabia conduzir o meu corpo de forma digna, virou-me


rapidamente de frente para ele, que fez até com que o ar faltasse

em meus pulmões por um segundo.

Ele tirou suas mãos da minha cintura e levou as duas para o

meu rosto, segurando-o e prendendo-o, para que não tivesse


nenhuma chance de eu fugir.

— Senti sua falta, Samantha e se eu pudesse voltar atrás eu


voltaria, pois não teria deixado você ir embora daquela vez, já que
queria passar as últimas noites com você e não na solidão fria do

meu quarto.

Minhas pernas fraquejaram por um tempo, sem saber o que


fazer. No entanto, nada me deixaria cair naquele momento.

Bernardo aproximou seus lábios dos meus e não deu tempo


nem mesmo de eu responder as suas palavras, grudou seus lábios
nos meus e começou uma dança lenta com eles.

Parecia que estávamos embalados em uma valsa noturna,

onde éramos o centro das atenções, mas aquilo não importava, pois
a única coisa que valia era nossa boca grudada uma na outra.
Sua língua tocava na minha em uma dança deliciosa e eu me

sentia completa, como não me sentia há muito tempo. Bernardo


tirou uma de suas mãos do meu rosto e foi descendo por entre o

decote da minha blusa. Assim que chegou no bojo do sutiã eu sabia


que ali era o caminho sem volta. Logo ele ultrapassou aquela

barreira e estava com seus dedos em meu mamilo.

Minha boca escapou da sua para que eu pudesse gemer e

Bernardo de forma desesperada, pois parecia que não podia deixar


de ficar sem tocar em mim sem nenhuma das partes do seu corpo,

voltou sua boca para o meu pescoço e começou a sugar minha


pele.

Foi beijando minha pele até chegar ao tecido da minha blusa

e sem se importar com muita coisa e pensar em nada, acabou


rasgando minha roupa de forma desesperada, espalhando os

botões do tecido por todo canto do seu escritório.

Sem nem pensar, Bernardo me pegou em seus braços e logo

caminhou comigo até a mesa do seu escritório, empurrou algumas


coisas que estavam por lá, despedaçando algumas e fazendo com

que alguns papéis se espalhassem pelo lugar.


No entanto, quem se importava com aquilo naquele
momento?

Eu só queria ser dele e de mais ninguém.

Por fim ele me depositou em cima do lugar e tirou meu sutiã

em seguida. Depois levou sua boca a um dos meus mamilos e o


sugou com força. De forma desesperada, soltei um grito de prazer,
como há muito tempo eu não soltava.

Como aquele homem com apenas poucas coisas conseguia

me dar um prazer gigantesco?

Parecia que ele havia sido feito especialmente para mim.

Bernardo deitou meu corpo para trás, em cima da mesa,


levou sua mão ao botão da minha calça e começou a tirá-la em

seguida. Aquele homem iria acabar comigo ali, somente naquela


lentidão.

Quando ele me deixou completamente sem nada à sua

frente, já que assim que arrancou a calça, levou a calcinha junto


consigo, olhou para mim de forma predatória e sorriu de lado.

— Irei aproveitar cada segundo com você, menina.

— Me tornei uma menina novamente?


— Sempre será a minha menina.

Sorri para ele de forma pervertida, já que o escutando, não

tinha como não pensar de outra forma e comentei:

— Isso parece ser errado.

— Já não te disse em uma outra ocasião que o errado parece


ser mais gostoso?

— E você também me provou que ele é muito mais gostoso,

Bernardo.

O homem forte, com braços musculosos, pegou minhas

pernas, fazendo com que eu depositasse meus pés nas beiradas da

mesa, deixando-me completamente aberta para ele.

Eu devia me sentir exposta daquela maneira, mas na


verdade, a única coisa que estava sentindo era tesão puro, cru e um

desejo forte de que queria gozar o mais rápido possível e quantas

vezes fossem necessárias para aplacar aquela vontade de dentro


de mim.

Bernardo levou dois de seus dedos até a minha vagina e

passou por toda a minha extensão e eu fui obrigada a fechar meus

olhos ao sentir o seu contato em mim.


— Sempre tão quente e deliciosa.

Soltei um gemido ao sentir os seus dedos passando por


mim.

— Sempre tão perfeita para mim.

Enterrou os dois dedos dentro de mim e eu soltei um grito

que talvez pudesse chamar a atenção dos funcionários da casa,


mas eu não me importava, de verdade.

Eles não sabiam o quanto senti falta do que estava

acontecendo ali, então não iria me conter só por precaução.

— Isso, menina. Grita para mim.

Sorri ao ouvir o pedido de Bernardo, pois eu sabia que ele me

daria muito mais daquilo.

Logo começou a estocar os dedos dentro de mim, fazendo

com que a minha lubrificação aumentasse ainda mais e eu revirei


meus olhos, pois não conseguia resistir aquele prazer que estava

recebendo.

Quando senti que meu corpo estava começando a se

preparar para o orgasmo, ele acabou se afastando de mim e o filho


da mãe ainda abriu um sorriso, pois pelo visto ele sabia que eu

estava muito perto.

— Você aprendeu a ser malvado? — indaguei e quase me

sentei, mas ele acabou ordenando.

— Fique da forma que te coloquei.

Parei no mesmo instante, já que sua ordem fez com que

minha boceta ficasse ainda mais molhada. Aquele homem tinha um

poder sobre mim, que ele não conhecia, e que eu deixaria


escondido por um tempo, para que não soubesse o quanto poderia

me controlar.

Vi pela pouca visão que estava tendo, por estar deitada, que

ele foi até o frigobar que havia no seu escritório, pegou algumas
pedras de gelo e depois colocou em um copo. Em seguida colocou

um pouco de uísque e voltou para perto de mim.

— Vamos provar algumas sensações, menina deliciosa e

depois eu te dou o que você quiser.

Novamente naquele dia, engoli em seco, e só pude ter

certeza de que eu iria entrar em combustão.

Bernardo iria me deixar completamente maluca.


Maluca de prazer.
Capítulo 19

Ela estava completamente aberta para mim e talvez se


aquela não fosse a visão do paraíso, estava muito próxima de ser.

Não, eu não poderia comparar aquilo com o paraíso, pois estava


muito perverso para ser lá.

Já que remetíamos ao paraíso como algo bom e puro, mas


ali, com Samantha completamente entregue a mim, com sua boceta

direcionada em minha direção com meus olhos a comendo direto.

Eu só podia dizer que estava no inferno, puro, cheio de chamas.


Porque era o que estava sentindo.

Fogo puro, tesão puro, desejo puro.

Aquela mulher me levaria à loucura.

Eu não era mais um homem que pensava com coerência


quando estava diante dela. Não estava a mais de um dia à sua

frente e já tinha perdido completamente o meu discernimento.

Quando foi que me tornei um completo viciado naquela


menina, que parecia mais uma ninfeta que me seduzia e me deixava

completamente rendido por ela?

Eu havia me tornado um escravo quando a conheci e

continuaria daquela forma até quando ela não me quisesse mais. Se

fosse necessário eu brigaria com meu próprio filho, para ficar com

aquela mulher, pois não conseguiria ficar sem Samantha.

Não depois do que estávamos fazendo, ali em meu

escritório.

Bebi um gole do meu uísque e observei Samantha por mais

um tempo. Ela estava ansiosa, era perceptível o quanto estava

maluca para que eu fizesse alguma coisa com ela, por isso,
aproximei-me ainda mais dela e parei entre as suas pernas.
— O que está esperando? — indagou.

— Nada, estou somente observando a sua beleza e

pensando o quanto sou um filho da puta sortudo, por ter uma mulher

tão deliciosa sobre a minha mesa.

Os olhos de Samantha pegaram fogo e eu senti o meu pau


endurecer um pouco mais dentro da calça jeans que usava. Ele

estava quase pedindo por misericórdia para que eu deixasse que

ele fosse liberado e se enterrasse dentro do núcleo daquela mulher.

Levei dois dedos para dentro do meu copo de uísque e

peguei um dos cubos de gelo, depois levei-os até a boceta de


Samantha e encostei em sua pele, que eu sabia que estava quente.

Ela fechou os olhos imediatamente e soltou um gemido.

Aquilo foi quase uma sinfonia raríssima para os meus ouvidos.

Passei o cubo de gelo por toda a sua extensão, deixando-a

completamente maluca, e Samantha começou a mexer seus quadris

de forma desesperada, parecendo não dar conta de se controlar.

Quanto mais ela se mexia, mais eu passava o gelo por sua

boceta. Samantha mordeu seus lábios para não soltar mais um grito

estridente, mas acabei exigindo.


— Pode gritar, meu anjo. Você fica linda, demonstrando o

quanto está sentindo prazer.

E ela começou a deixar seus sons saírem por seus lábios e

eu continuei esfregando o gelo na sua intimidade. Logo


aproveitando a água que escorria, abaixei-me um pouco e levando

minha boca até o seu centro, suguei todo o líquido que ali estava.

As mãos de Samantha, logo prenderam minha cabeça

naquela posição e eu não pude fazer nada a não ser chupá-la, com
toda euforia que estava sentindo. O gosto do seu pré-orgasmo
estava em minha boca e eu quase me perdi ali, quase fiquei ali e

deixei que ela gozasse sem perder tempo, mas eu queria brincar
com aquela menina.

Não era o momento para gozar.

Ela teria que esperar mais alguns minutos até que eu


achasse necessário.

Por isso, de forma bruta, soltei minha cabeça de suas mãos e


ela me encarou, sentando um pouco sobre a mesa.

— O que está fazendo? — Exigiu saber.

— Estou te atentando.
— E eu posso saber o motivo, Bernardo? — Samantha

semicerrou os olhos.

Ela parecia estar um pouco brava o que a deixava ainda mais


desejável.

— Porque você fica muito deliciosa, Samantha, então, eu

preciso fazer isso. Te garanto que vai ser muito melhor do que há
três anos.

— Não me tente.

Depositei o copo de uísque na mesa e comecei a tirar a

minha camisa, deixando meu corpo começar a ficar à mostra.


Aproveitando nossa proximidade, Samantha levou suas mãos ao

meu tórax e começou a passar a mão por meu peito. Seus dedos
deslizaram por meu abdômen, depois brincaram com os pelos do

meu corpo e subiram até chegar ao meu rosto, onde ficaram


acariciando minha barba.

— Você está mais forte do que quando te vi pela última vez.

Claro que estava…

— Eu foquei muito na malhação depois que você sumiu. Não


queria te perseguir com algum investigador, não que eu não tenha
usado agora, mas antes eu queria te dar a paz que merecia. Então,
só foquei em esquecer tudo e fui procurar músculos.

— E ficou muito bom.

Samantha desceu novamente seus dedos por meu corpo e

os passou por minha barriga chapada.

— O famoso tanquinho que muitas mulheres admiram, está

aqui, pronto para ser apreciado.

Ela sorriu diabolicamente e me encarou, mordendo o lábio

inferior.

— E você gosta?

— Do seu tanquinho?

Assenti e aguardei sua resposta.

— Digamos que estou com vontade de me esfregar nele.

Ela desceu suas mãos para o botão da minha calça e


começou a tirá-la. Ajudei-a naquela empreitada e logo estava

somente com a boxer à sua frente. Samantha me encarou com uma


expressão inocente e logo com uma voz doce questionou:

— Posso te chupar?
Ela poderia enganar quem fosse, mas de inocente aquela
diaba não tinha nada. Ela estava mais para uma pervertida safada,
que estava querendo acabar comigo antes da hora.

— Não sei se irei permitir, pois quero fazer muitas coisas…

Meu discurso foi cortado na metade quando ela levou sua


mão ao meu pau e começou a acariciá-lo vagarosamente.

Havia muito tempo que eu não fazia sexo. Não que eu não

tivesse feito depois que me separei de Samantha, mas com ela tudo
parecia ser melhor, até mesmo o seu toque parecia ser único.

— Eu juro que deixo você fazer o que quiser comigo,

Bernardo. Eu só vou te chupar com carinho.

— Você não lembra nada a menina inocente que conheci


naquele cruzeiro.

— A menina inocente cresceu.

— Não passou muito tempo.

— Só precisou de poucas experiências para que eu


mudasse.

Samantha se levantou da mesa, mas logo estava de joelhos

à minha frente. Ela abaixou minha boxer e meu pau saltou no


mesmo momento para fora. Samantha o pegou em uma de suas

mãos e abriu um sorriso.

— Está na hora da minha brincadeira começar.

Anunciando aquilo, ela levou meu pau à sua boca e começou

a sugá-lo com um pouco de ganância.

Fechei meus olhos, porque aquela sensação era única. Não


tinha como explicar como um homem se sentia quando uma mulher

nos permitia aquela oportunidade.

Samantha, levou sua cabeça em movimentos de vai e vem e

fez sons com sua boca, enquanto chupava meu membro e eu quase
não resisti suportar tamanho prazer que ela me dava.

Minha menina, segurou meu pau com uma de suas mãos

com mais força e voltou a sugar com desespero, reverências,

desejo, paixão e eu comecei a sentir que iria me perder.

Sem conseguir me conter, levei minha mão até seus cabelos

escuros e meus dedos se entremearam nos seus fios. Comecei a

socar com mais força em sua boca e anunciei:

— Se não quiser que eu goze em sua boca, você tem que se


afastar agora.
Ao contrário do que imaginei. Samantha me sugou com mais

força, deixando claro que ela queria todo o meu líquido e eu… ah!

Eu deixei que meu orgasmo fosse liberado dentro da menina

que eu queria que fosse minha pelo resto da vida.

Afinal, daquela vez eu não a deixaria escapar…

Nunca mais a deixaria ir embora.


Capítulo 20

Ele me pegou de forma abrupta, já que Bernardo não parecia


estar para brincadeira. Fez com que minhas pernas se encaixassem

em sua cintura. Levou-me até a janela que me dava vista para o


jardim de sua casa, já estava anoitecendo e o pôr do sol era lindo

dali.

Bernardo me depositou no chão e deixando-me debruçada

sobre o parapeito da janela, empinou minha bunda e soltou um tapa

forte na pele, que esquentou no mesmo momento.


Devido ao contato abrupto, eu acabei gemendo e revirando

os meus olhos. O homem que estava atrás de mim, fez alguns


barulhos e eu o olhei por cima do ombro. Quando percebi que

estava colocando preservativo.

Até que enfim ele se enterraria em mim.

— Pensei que tinha várias coisas para fazer comigo.

— Digamos que você fez com que as coisas se adiantassem,


assim que me fez gozar há alguns minutos.

Sorri diabolicamente em sua direção, que retribuiu da mesma

forma.

Nunca entendi o quanto nossa conexão era forte, mas eu só

podia agradecer por ter encontrado um homem que sabia conduzir o

meu corpo ao prazer, como Bernardo sabia.

Ele curvou mais o meu corpo para frente, assim que encostou

em mim. Logo se enterrou dentro da minha vagina de uma única vez

e eu gritei . Era maravilhoso demais experimentar aquilo.

— Bernardo… — gritei.

Estava completamente ensandecida pelo que ele estava

fazendo comigo.
Bernardo levantou uma de minhas pernas e continuou a se
enterrar dentro de mim com força que a única coisa que

conseguíamos ouvir, era o som de nossas bocas e a umidade do

contato dos nossos sexos.

— Mais rápido, por favor — implorei.

E Bernardo fez o que pedi.

— Você está muito desesperada.

— Estou mesmo.

— E eu estou louco por você, minha menina.

— Desde quando me tornei sua?

— Desde sempre.

— Me fode, Bernardo — gritei.

Ele por outro lado continuou se enterrando em mim, com seu

membro grosso, cheio de veias, enquanto eu sentia os pelos do seu

peito fazerem cócegas em minhas costas e levou seus dedos ao

meu clitóris para fazer com que eu gozasse mais rápido.

E foi ali que eu me perdi e gozei como não fazia há anos.

Aquele homem realmente sabia o que fazer com o corpo de uma


mulher, principalmente com o meu corpo. Ele não parou de se

enterrar dentro de mim e eu continuei gozando e quando minhas


pernas fraquejaram, Bernardo me pegou, levou-me para o sofá do

seu escritório, sentou-me no sofá, colocou-me por cima dele e


continuou metendo o seu pau até no fundo da minha boceta,
fazendo com que eu o sentisse chegar até meu útero.

Ali eu já estava perdida e ele ainda não parava.

— Você vai acabar comigo.

E só naquele momento, ele deixou seu orgasmo vir e deixou

que meu corpo mole, suado e exausto caísse por cima do seu.

Abracei seu pescoço, esquecendo de todo o rancor que eu

havia guardado dele, pois já tinha percebido que havia sido uma
idiota e que tinha entendido tudo errado. Se tivesse esperado sua

explicação, não teria passado por nada sozinha, e não teria criado
uma pequena menininha sozinha.

— Acho que precisamos de um banho. — Sua voz grossa


ressoou pelo ambiente silencioso.

Antes que pudéssemos continuar, acabei comentando:


— Rodrigo me traía com a secretária e descobri, quando fui

terminar com ele.

— Sério?

Ele pareceu surpreso ao perguntar.

Levantei minha cabeça do seu ombro e assenti.

— Como fui idiota. Fiquei me culpando por te beijar.

— E eu sempre pensei que ele era um príncipe.

Bernardo levou suas mãos para o meu rosto e murmurou:

— Mesmo assim essa história não deixa de ser complicada,

você sabe, não é mesmo?

Molhei meus lábios com minha língua e assenti.

— Sim, mas eu sei que vamos passar por isso.

Ele sorriu e indagou:

— Então quer dizer que vai me dar uma chance?

Estava com medo de revelar a verdade para Bernardo e eu


não sabia se estava fazendo o certo, mas porque parecia que eu

tinha que tentar novamente com ele?


Não sabia o que era certo e errado, mas eu queria tentar e era
aquilo que faria.

— Preciso te contar algo e se depois disso, você achar que


podemos continuar, aí sim, tentaremos. Nos conheceremos melhor,

saíremos para jantar, assistir filme… e coisas que todo casal faz.

Ele cerrou sua mandíbula e perguntou:

— Você vai me dizer agora?

— Podemos tomar banho primeiro?

Bernardo olhou para os nossos corpos nus e assentiu.

— Mas saiba que eu te foderei no banho.

— E eu estarei esperando por isso.

Depois daquilo, provavelmente a paz daquele momento


passaria, mas eu tinha que revelar a verdade para ele. Não
conseguiria viver em paz, senão dissesse que ele tinha uma filha,

que sempre quis conhecer o seu pai.

E aquele era o momento de apresentar pai e filha, um ao


outro…
***

Samantha estava séria, enquanto andava de um lado para o

outro. Eu estava sentado em minha cama, após o banho, havia


vestido uma roupa limpa e ela usava sua calça e uma camisa

minha, já que a sua tinha sido destruída pela minha brutalidade.

Ela parecia muito nervosa com o que me diria, no entanto, eu

não tinha a mínima ideia do que poderia ser. Mas só podia ser algo
muito sério, já que ela não parecia nada bem.

— Se não te faz bem, por que quer me contar?

Ela ao menos parou de andar para me encarar e responder:

— Porque é importante para mim e para você, Bernardo.

Achei estranho, já que não tinha ideia do que poderia ser

importante para mim, que a deixaria tão nervosa daquela forma.

Cansei de esperar que ela achasse o momento certo para


falar, por isso, levantei-me da cama, caminhei até onde estava e

segurei seus braços gentilmente.

— Então se é importante para mim, pode me contar, que eu


tentarei te ajudar.

Vi o momento exato em que Samantha engoliu em seco e

soltou sua respiração um pouco mais forte do que o normal. Em

seguida, seus olhos se encheram de lágrimas e eu comecei a me


preocupar, pois se envolvia lágrimas, as coisas poderiam se tornar

sérias.

— Quando ouvi você dizer que eu não passava de um objeto,

eu só conseguia pensar no quanto te odiava. No quanto queria me


ver longe de você e no quanto você não merecia ninguém ao seu
lado. Eu até tive alguns pensamentos horrendos, que não gosto de

relembrá-los.

Ela não os comentou comigo, mas imaginei que seriam os

piores que alguém poderia desejar para alguém que ela jurava ser
uma má pessoa.

— Então se eu precisasse te rever, essa nunca seria minha

opção. Ainda mais que nós nunca falamos os nossos sobrenomes

no navio e eu nem imaginava como te achar no meio de São Paulo.

— Estou ficando preocupado, Samantha. Aconteceu alguma

coisa nesse meio tempo que ficamos separados?

Ela se afastou do meu contato e deu suas costas para mim.

— Não foi um meio tempo, foram três anos, Bernardo.

— E isso…

Ela se voltou para mim, com as lágrimas que ainda estavam

presas em seus olhos, mas que logo começaram a escorrer por

suas bochechas e soltou-as de uma só vez.

— Eu fiquei grávida. A Molly é sua filha. Aquela menininha de

hoje que você viu e ficou encantado é sua filha, Bernardo.


E foi naquele momento que tudo o que eu sabia da vida

desabou. Tudo o que eu entendia mudou. Minha boca secou e eu


fiquei mudo, não sabia o que dizer, as palavras me faltavam e foi a

primeira vez que não importava quantos anos eu tinha, por quantos

problemas já havia enfrentado na vida, nada mudaria o fato de


descobrir que tinha outro filho e que aquele filho era da mulher que

eu gostava, da menina que namorou com meu próprio filho e que

nenhum de nós tinha culpa naquela história.

Meu Deus!

A porra daquela história era muito pior do que eu imaginava.

Eu tinha uma filha… uma pequena garotinha… e tinha sido

privado de conhecê-la. Tinha sido impedido de ver o seu

nascimento, de chorar com ela devido à sua primeira dor de ouvido,


ou de enfrentar a sua primeira dor de dente.

Não!

Aquilo não poderia ser verdade.

Não poderia ser…

Eu não poderia ter sido privado de algo que sempre amei ser:
pai.
Capítulo 21

Samantha me olhava e as lágrimas ainda escorriam por seus


olhos e eu não sabia se a acalentava e dizia para não ficar daquela

forma, já que não nos conhecíamos direito, mas eu não estava


conseguindo pensar com clareza naquele momento.

Só se passava por minha mente, que ela teve uma filha minha
e escondeu.

Eu fiquei mais de dois anos sem saber que era pai, por causa
de um mal-entendido, e ela nem se preocupou em contar aquilo
para mim em um primeiro momento, quando tornou a me rever.

— Como pôde esconder isso de mim? — esbravejei.

— O que queria que eu fizesse?

— Tentasse me achar. Que me odiasse, mas que deixasse eu


conhecer a minha filha. Você tem ideia do quanto amo ser pai?

Eu conseguia ver a expressão de dor de Samantha ao ver o

sofrimento, que eu sabia, estar estampado em meu rosto.

— Eu era ingênua. Não tinha a mínima ideia de como te

achar, ainda mais grávida e na casa do pai. Pensando que estava


sendo um peso, com aquela bebê.

— Sou um ótimo pai e poderia muito bem ter te ajudado.

Saí andando pelo quarto parecendo um maluco, passando as

mãos pelos cabelos, parecendo realmente um completo doido.

— Pra mim, na época, você só era um idiota que me usou e

depois jogou fora. Por favor, não faça cenas, eu pensei muito se iria

contar sobre a Molly para você. Não faça com que eu me

arrependa.

Encarei Samantha e sua expressão demonstrava que ela

falava realmente a verdade.


— Eu estou no meu direito. Sou pai de uma coisinha linda e
não sabia disso e agora estou maluco por não tê-la conhecido

antes, por não ter cuidado dela, da forma que era certa, por não ter

sido digno o suficiente por não ter dado o amor que ela precisava,

Samantha…

— Então deixe de ser idiota, para de brigar comigo e vamos


conhecê-la.

Parei no mesmo momento em que ela gritou e Samantha

como sempre cortou o que eu estava dizendo, mas ela sempre tinha

as melhores ideias e a ira da mesma forma que havia chegado,

passou, em um piscar de mágica.

— Eu poderei ser o pai dela? — A esperança brotava em

minha voz.

— Se não pudesse eu nem teria comentado sobre ela.

— Está falando sério? — Daquela vez, quem encheu os

olhos de lágrimas fui eu.

— Te apresentarei para ela dessa forma. Só peço que não a

faça sofrer, pois ela sempre colocou esse pai imaginário em um

pedestal muito alto.


Abri um sorriso enorme, esquecendo completamente a raiva

anterior e murmurei:

— Espero não sair do pedestal em que ela me colocou, mas

subir de nível e ficar ainda mais alto.

— Acho bom mesmo, senhor Bernardo. Senão terei que

acabar com você.

Antes que pudéssemos sair do meu quarto, aproximei-me da


mulher que me deixava revoltado, desejoso e desesperado em
questão de poucos segundos, segurei sua mão na minha e disse:

— Não me esconda mais nada, por favor.

— Juro que era só esse pequeno segredo que eu tinha


guardado.

— Ah, ela é muito pequena mesmo, só tem dois anos.

Samantha começou a gargalhar e eu tive que acompanhá-la,

já que nunca mais tinha me sentido alegre daquela forma, depois


que saí do cruzeiro. Aquela menina, realmente era perfeita demais
para ser deixada de lado, ainda mais por uma onda de fúria minha.

Se eu continuasse com aquela besteira, acabaria perdendo a


mulher que demorei a ter de novo. E depois não adiantaria correr
atrás, pois não conseguiria recuperá-la, mesmo se quisesse.

Meu filho já havia dado a mancada de deixá-la escapar e eu

não queria ser um idiota pela segunda vez.

Estendi uma de minhas mãos para ela, que olhou para


aquele gesto por um momento e depois de alguns segundos, grudou

a sua mão na minha.

— Vamos juntos?

— Por favor, Bernardo.

Antes que pudéssemos andar, levei sua mão até meus lábios,
relembrando velhos tempos. Um tempo em que nós vivemos

loucamente uma aventura inesquecível. E daquela vez, eu sentia


que seria mais uma aventura, mas que talvez durasse mais que

poucos dias.

Duraria muito mais que uma eternidade.

Beijei sua mão e murmurei:

— Vou ser o melhor pai que alguém poderia ter.

Saímos do quarto abraçados e caminhamos até a minha


garagem. Não podia negar que meu coração estava disparado, mas
não importava. Iria conhecer a minha pequena Molly e somente
aquilo estava no meu patamar de importância.

Eu tinha uma filha e estava ansioso para conhecê-la. Queria


pegá-la em meus braços e prometer àquela pequena garotinha, que

ela não precisava temer nada, que iria cuidar dela com toda a minha
proteção. Iria protegê-la de todo a maldade do mundo e que ela
seria a minha princesinha, que seria mimada por mim e amada

como nunca pensou ser.

Eu seria o melhor pai que Molly poderia ter.

***
Talvez um pouco da minha ansiedade estivesse querendo me

atacar, pois nunca imaginei que aquele momento chegaria. Já que

nunca, pensei que apresentaria Molly ao seu pai.

Ainda mais que a minha família, também nunca esperaria que

aquilo aconteceria, pois eles estavam cientes de que eu havia

tomado uma certa birra em relação a Bernardo.

— Pelo jeito que sua perna está balançando, só posso


pensar que está nervosa.

— Não posso negar que esteja mesmo.


— Você acha que a Molly não vai me aceitar? — Bernardo

parecia um pouco inseguro ao perguntar aquilo.

— Não, ela vai adorar te conhecer, Bernardo. Eu estou mais

nervosa, porque nunca pensei que isso chegaria acontecer.

Assim que parou o carro em um sinal ele voltou sua atenção

para mim e indagou:

— Eu vou te provar que posso ser um pai bom, não precisa

se preocupar, minha linda.

Sorri levemente para ele.

— Você que deveria estar nervoso, por estar indo ver sua
filha pela primeira vez.

Bernardo soltou uma risada gostosa, meio rouca, que

demonstrava o quanto sua voz era grossa e acabou respondendo:

— E quem disse que estou calmo?

— Não está?

Ele negou e logo continuou a dizer:

— Se eu não agradar à minha filha, como posso ser uma

pessoa boa. Então estou um pouco preocupado.


— Tenho certeza de que dará tudo certo, a Molly é um amor.

Bernardo sorriu, com sua boca desenhada e murmurou:

— Se ela ao menos for parecida com a mãe. Eu tenho

certeza de que será a melhor garotinha do mundo.

Senti meu coração se aquecer no mesmo momento, ao ouvir


as palavras de Bernardo. Novamente aquela conexão rápida que

tivemos anos atrás estava voltando e eu já estava novamente

compenetrada com aquele homem, completamente focada nele.

— Bernardo, você acha que estamos conectados de alguma

forma?

— Tirando uma filha que tivemos?

Sorri de sua brincadeira e comentei.

— Não nesse sentido, mas é porque eu sinto, que sempre


que nos encontramos, sempre me conecto muito rápido com você.

Até parece que o nosso destino quer que sempre fiquemos juntos.

Ele ficou calado por um tempo, até porque voltou a tomar a


rua, já que o sinal havia sido liberado e depois de alguns instantes

murmurou:
— Sim, eu acho. Já que me sinto da mesma forma com você,

Samantha.

— Sério? — Parecia irreal, que ele também achasse aquilo.

— Sim. Toda vez que penso que vou te esquecer, não

consigo e mesmo depois de tanto tempo, você surgiu novamente,

eu senti como se nunca tivesse deixado de sentir aquela conexão


maluca que senti por você naquele cruzeiro.

Mordi meu lábio inferior e assenti.

— Exatamente isso que penso. Até parece que os nossos

destinos sempre nos unem.

— Talvez eles saibam que devemos ficar juntos, só nós que


ainda não percebemos isso.

Aquilo não me pegou de surpresa, pois não era a primeira

vez que aquela conversa surgia entre nós. E talvez pudesse ser
verdade, sempre parecia que existia algo que nos atraía. Não era

possível, que eu, dentre todos os homens do mundo fosse conhecer

o filho de Bernardo, para descobrir algum tempo depois que ele era
o homem que eu procurava.
Provavelmente o destino estava tentando esfregar em nossa

cara, o que era lógico e nós só nos fazíamos de idiotas e não

queríamos enxergar.

Assim que Bernardo chegou próximo à minha casa, a minha


ansiedade aumentou em níveis inimagináveis, mas eu tinha que ser

forte, pois seria o momento da minha menina conhecer o pai que ela

tanto sonhava em ter.

Estava no momento de todo o enigma acabar, de todo aquele


segredo ser jogado por terra e de enfim termos um pouco de paz no

meio do caos que era a vida real. Só que assim que o carro de

Bernardo estacionou em frente à minha casa, eu sabia que as


coisas talvez pudessem dar um pouco errado e não fossem como

eu esperava.

Já que nada na vida era perfeito como queríamos.

Rodrigo estava parado na calçada, provavelmente esperando


que eu chegasse, para tentar me pedir desculpas e me enganar

novamente. Só que assim que viu o carro do pai, sua expressão de

cachorro que caiu da mudança, mudou completamente para uma

incompreensível.
Saí do carro, ao mesmo tempo em que Bernardo. Rodrigo

franziu o cenho e olhou do seu pai para mim, sem entender porra
alguma. Ele caminhou até próximo de onde estávamos, parou

poucos metros de onde estávamos e logo questionou:

— O que estão fazendo juntos?

E Bernardo em seu tom completamente cordial, pegou minha


mão, prosseguiu:

— Precisamos conversar, filho.

— Por que, pai?

— Porque a mulher que você traiu é a mãe da minha filha.

Eu sentia que aquilo não terminaria bem…

E eu só pensava em minha filha a poucos metros daqueles

dois.

Se preciso fosse, eu faria qualquer coisa para protegê-la. até

acabar com a vida deles.


Capítulo 22

Não esperava encontrar Rodrigo ali. Claro que iria conversar


com ele, mas queria que fosse em um outro momento,

principalmente quando ele estivesse mais calmo e em um que eu


estivesse menos eufórico, já que eu estava a ponto de sair correndo

para conhecer minha garotinha e abraçá-la com toda a força do


mundo.

Assim que pronunciei as palavras, eu vi que o ódio surgiu nos

olhos de Rodrigo e eu percebi que talvez as tivesse pronunciado de


forma errada. Só que não tinha forma melhor para falar sobre aquilo.
Ainda mais que eu odiava ficar rodeando assunto, quando gostava

de ir direto ao ponto.

— Como assim? — rosnou em nossa direção, olhando para


nossas mãos unidas.

— Podemos ir para outro lugar, filho? — sugeri, para que ele

não fizesse nenhum escândalo na porta da casa de Samantha.

— Não me chame de filho — esbravejou, chamando a atenção


de algumas pessoas na rua.

Olhei para Samantha rapidamente que estava mais nervosa do

que quando estava no carro comigo.

— O que acha de entrar? — indaguei, pois não queria que

meu filho fizesse alguma idiotice que eu fosse obrigado a parar com

algum soco.

Ela me encarou com o olhar pesado e ao mesmo tempo

preocupado.

— Mas e se acontecer alguma coisa?

— Prefiro que fique do lado de dentro.

— Tudo bem! — respondeu rapidamente, dando uma leve

apertada em minha mão e entrando em sua casa.


Rodrigo a olhou com ódio, enquanto ela mesma nem encarava
meu filho, talvez por medo, ou raiva por ter visto o que ele tinha feito

mais cedo.

— Como ela ousa falar com você dessa forma, como se o

conhecesse melhor que eu? — Gritou mais alto e foi a minha vez de

lembrá-lo de quem mandava naquela conversa.

— Abaixe o seu tom, garoto.

— Quem pensa que é para falar comigo assim?

— Seu pai.

— Acho que deixou de ser, assim que chegou com a minha

mulher, da maneira que estava, não acha?

Rodrigo tentou vir para cima de mim, mas fui mais rápido do

que ele, segurei-o pelo colarinho da camisa e o encarei olho a olho.

— Pare de parecer um moleque, que nunca lhe ensinei a ser

assim, então aja como homem e pare de fazer escândalo na porta

da casa de pessoas que não têm nada a ver com o seu ódio. Vá

para casa e lá conversaremos. — Não me diga como agir.

— Eu digo, sim.

— Saía daqui, Rodrigo.


— Eu só vou sair daqui, quando conversar com a Samantha.

— Não conversará com ela nesse estado.

— O que tem com ela?

— Vivi algo com ela no cruzeiro que você e seu irmão me

obrigaram a ir.

Meu filho ficou em silêncio, pela primeira vez desde que

cheguei naquele lugar e sua expressão ficou um pouco perdida, pois


ele se lembrava muito bem que eu fiquei comentando da menina
que conheci por dias, meses e até recentemente.

Sempre brincava que havia me apaixonado e eu negava, mas

no fundo talvez ele estivesse certo. Eu só negava, pois não queria


parecer um idiota que havia sido abandonado e mesmo assim ainda
sonhava com a garota do cruzeiro.

— Ela é a…

— Sim, por isso, quero que você vá para casa. E quando eu


voltar teremos uma conversa séria, de homens que não fazem esse
tipo de papel.

Apontei para ele, que ajeitou seu corpo e se afastou um


pouco de mim, o que fez com que eu soltasse o colarinho de sua
blusa.

— Irei esperar o senhor em casa.

— Que bom.

Antes que ele pudesse sair, ele me encarou e indagou:

— Nunca conheceu a Molly?

— Não!

— É uma linda garotinha, tenho certeza de que irá adorá-la.

Assenti e esperei que partisse.

Rodrigo era meu filho caçula, o menino que morava comigo

até pouco tempo, o que cuidei com mais carinho depois que Ana
Carolina morreu, mas estava na hora de cortar um pouco do seu
cordão umbilical, pois ele não podia agir imprudentemente e depois

achar que estava certo.

Amava meu filho, no entanto não deixaria que ele fizesse mal
a ninguém, por estar agindo de forma idiota e por estar parecendo
um garoto mimado. Tinha ensinado meus dois meninos a serem

homens respeitadores e não aceitaria que nenhum dos dois


fizessem nenhuma merda, por motivo algum.
Balancei minha cabeça, tentando desvencilhar-me daqueles
pensamentos por alguns momentos, pois eu só queria focar em uma
coisa: conhecer minha filha.

Assim que comecei a andar em direção ao portão da casa de

Samantha ela surgiu, com seu pai logo atrás, e um sorriso meio sem
graça estampava sua expressão.

— Vim ver se precisava de ajuda.

Olhei para seu João, e ele estava com um taco de beisebol

na mão e eu quase soltei uma risada pela cena ridícula, mas tentei
me conter para não envergonhar o homem e muito menos a mulher
que sempre esteve presente em meus pensamentos.

— Acho que por enquanto consegui conter aquele menino.

— Ainda bem, principalmente depois que minha filha disse


que ele a traía. Não quero aquele idiota mais aqui.

— Papai, por favor.

Samantha encarou o homem por cima do ombro e depois

abriu o portão para que eu entrasse. Logo fez as honras de me


apresentar verdadeiramente para ele e por fim entramos na casa.
Assim que pisei dentro do lugar, reparei por todos os cantos.
Era simples e aconchegante, um lugar que eu amaria morar, pois
tinha cheiro de carinho e amor e só aquilo importava para chamar

de lar.

Ouvi uma voz fininha e doce reverberar pelo ambiente,


enquanto brincava e não consegui nem por um segundo segurar
meus olhos, até direcioná-los até a pequena Molly.

Ela estava sentada no chão e brincava com duas bonecas,

uma eu conhecia bem, já que era conhecida como a Moana, a outra

eu não tinha a mínima ideia do que se tratava.

Uma senhora estava sentada ao seu lado, e sorria ao


observá-la brincar. Provavelmente era a mulher do pai de Samantha

e assim que percebeu que estava sendo observada direcionou seu

olhar para mim.

— Bom, Mileide, esse é o Bernardo.

A mulher assentiu, mas não estava com uma expressão

muito boa ao me encarar. Ela se levantou do sofá, aproximou-se de

onde eu estava e disse:

— Irei para a cozinha, espero que dessa vez, você não faça
mais nenhuma idiotice.
Não fiquei surpreso com sua revolta, já que parecia que ela

cuidava de Samantha como uma filha, a minha surpresa maior era o


pai de Samantha ainda conversar tranquilamente comigo.

— Meu Deus! Que vergonha! — João acabou comentando.

Encarei-o e sorri de lado.

— Não é vergonha, eu entendo a sua mulher, ela pensa que


abandonei a sua filha, então é mais do que justo ela me tratar mal.

O homem franziu o cenho, demonstrando realmente que não

havia entendido nada do que eu havia dito e Samantha revirou os

olhos.

— Papai, vai ficar com a Mileide. Depois eu conto para o

senhor o que aconteceu, pode ser?

Ele ainda ficou por um tempo em silêncio, mas acabou

aceitando. Assim que saiu, me peguei sozinho com a mulher por


quem me sentia completamente seduzido e com a menina que iria

me apresentar como pai.

Engoli em seco, ajeitei meu corpo, respirei fundo e dei o

primeiro passo em sua direção. Antes de continuar, olhei para


Samantha e ela incentivou que eu continuasse.
Assim que parei ao lado da menininha, que possuía cabelos

curtinhos ela me olhou com seus olhos atentos e eu sorri para ela

sentindo meu coração se encher de amor.

— Oi! — Cumprimentei-a, estendendo minha mão para ela.

— Oi! — Molly respondeu com sua voz doce.

Samantha se aproximou e sentou-se ao seu lado, parecendo

entender que talvez a filha estivesse assustada e não soubesse

como agir comigo. Afinal, eu era um completo estranho para ela.

— Filha, você lembra quando ficava me perguntando em

todos os momentos de onde estava o seu papai?

Molly balançou a cabeça, parecendo ser inteligente demais

para a sua pouca idade.

— Bernardo… — Samantha gesticulou em minha direção e

continuou a dizer para a filha: — Ele é o papai que você sempre

quis conhecer.

A menininha no mesmo momento voltou sua atenção para


mim, com os olhinhos arregalados e parecia completamente

surpresa pela minha presença naquela casa.


Eu era uma pessoa nova, que ela tinha visto somente uma

vez, antes daquele momento.

Molly apontou seu dedinho gorducho em minha direção e

murmurou:

— Papá?

— Sim, meu amor. Eu sou seu papai.

Meu peito se encheu de orgulho e eu não pude deixar de


notar que minha voz ficou embargada. Meus olhos, esses estavam

rasos de lágrimas. Estendi meus braços para Molly que levantou do

lugar e veio até mim. Depois se jogou em meus braços e me


abraçou como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo para

ela.

O seu corpinho pequeno parecia uma pluma perto do meu,

mas não importava. Eu estava feliz demais, por ter aquela pequena
em meus braços. Beijei o alto de sua cabeça e senti o perfume

infantil tomar minhas narinas.

Estava no meu momento perfeito com aquela menina.

Olhei em direção a Samantha e ela secava as lágrimas que


escorriam de seus olhos.
Havia ficado irado quando descobri que ela me escondeu

aquela menina por alguns anos. Mas na verdade, se pensasse bem,

talvez eu não mudasse nada, só para sentir a emoção que estava

sentindo naquele momento.

Era amor…

Só podia resumir tudo aquilo em puro amor.

Estendi uma de minhas mãos para Samantha, enquanto

abraçava Molly com outra. Talvez em um futuro próximo, eu tenha


uma família completa novamente.

E enfim eu poderia gritar para o mundo que era um homem

realizado.
Capítulo 23

Samantha havia permitido que eu ficasse até que Molly


pegasse no sono. Eu até contei uma história para minha menina. E

pude, depois de vários anos, sentir novamente uma criança pegar


no sono em meu colo.

Provavelmente eu estivesse flutuando em algo maravilhoso, e


estava com medo daquela bolha estourar e eu acabar me

espatifando no chão. Já que almejava demais viver aquilo

novamente, e Samantha estava me dando aquela oportunidade de


novo.
Observei mais uma vez minha filha dormindo, antes de sair

do seu quarto. Ela sugava o seu dedão e a expressão de calmaria


em seu rosto era a paz que eu precisava para me afastar.

Assim que saí para o corredor, Samantha me esperava, com

uma expressão ansiosa. Provavelmente querendo saber o que iria

fazer a partir dali. Se ficaria com raiva dela, ou se continuaria a


tratá-la como uma deusa — algo que eu sempre considerava que

ela era.

Descemos em silêncio pelas escadas. Assim que chegamos


ao andar de baixo, não consegui ver nem João e muito menos

Mileide, por isso, caminhei para fora e fui até meu carro. Ainda em

silêncio, deixando que a ansiedade de Samantha a fizesse repensar


algumas coisas.

— Vai embora sem falar comigo? — perguntou, assim que

cheguei à calçada.

— Claro que não — respondi, voltando-me em sua direção.

Coloquei minha mão dentro dos bolsos do meu casaco e a

encarei.

Ela estava com uma blusa fina, pois provavelmente não


esperava que o clima de São Paulo mudasse tão drasticamente e
muito menos eu. Já que o meu casaco não tampava nada do vento
frio que percorria o meu corpo.

— Nossa filha é linda. Perfeita e eu queria muito tê-la

conhecido antes.

Samantha abaixou o rosto, mas acabei não aguentando vê-la


daquela forma e cheguei mais perto, levantando seu rosto, fazendo

com que me encarasse.

— Desculpa, não ter tentado te achar.

Eu podia ser um idiota e deixar com que ela remoesse aquele

sentimento pelo resto da sua vida, mas eu não era daquele jeito.

— Samantha, sabemos que águas passadas não nos levam

a lugar algum. Então, esqueça isso. Vamos só pensar no nosso

presente, no agora e no futuro.

A sua expressão deu uma leve suavizada e eu vi o momento


que sua respiração voltou a ser cadenciada e não descompassada.

— Mas como faremos isso?

— Fazendo o que já percebemos que fazemos de melhor:

vivendo juntos.

— Você está dizendo que…


— Dessa vez estou falando sério, Samantha.

Respirei fundo, pois não queria que parecesse que eu falava

da boca pra fora e continuei:

— Você quer tentar algo comigo? Quer ser a minha


namorada?

— Mesmo que tenhamos nos reencontrado agora? — Sua

voz tinha um tom engraçado, mas nem liguei.

— Sim.

— Você é maluco, Bernardo. Mas eu aceito… aceito com


toda a força do meu ser.

— Então vamos viver essa loucura que fomos impedidos uma


vez, minha linda.

Levei minhas mãos ao seu rosto e beijei seus lábios com


euforia, como se ela fosse a última gota de água que o deserto

possuía. Sua língua passou pela minha, com ferocidade, não muito
diferente do que a minha fazia com a sua. Parecia que Samantha e
eu nos encaixávamos perfeitamente um no outro.

Aquilo era algo único, que eu não queria parar de ter nunca.
E iria lutar para continuar tendo, até quando fosse possível e se
Samantha permitisse, eu iria querer pelo resto da minha vida.

Assim que nos afastamos, encarei seus olhos, tentando

puxar um pouco de ar para meus pulmões.

— Preciso ir, mas irei voltar amanhã e depois e todos os


outros dias, pois agora nada vai me afastar de você e da nossa filha.

Estamos entendidos?

Samantha abriu um sorriso lindo, naquela expressão


angelical que possuía e assentiu.

— Estou ansiosa para viver essa nova aventura com você,

Bernardo.

— E eu com você, Samantha.

Beijei levemente seus lábios e me afastei, mesmo sem

querer, pois precisava resolver mais um problema, para aí sim,


poder viver aquele romance com a mulher que podia trazer a
felicidade novamente para a minha vida.

Entrei em meu carro e esperei que Samantha sumisse da

minha visão para que partisse para minha casa.

Antes de continuar meu caminho, mandei mensagem para


Alberto e pedi que fosse até em casa, pois precisava de ajuda para
lidar com seu irmão.

E só depois daquilo que peguei as ruas e fui pensativo até a

minha mansão. Assim que estacionei, vi que o carro de Rodrigo


estava lá, e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, pedi a tudo

que era mais sagrado que guiasse o meu caminho, pois não queria
que mais nenhuma merda acontecesse naquele dia.

Antes que eu pudesse dar um primeiro passo, vi o carro do

meu outro filho apontar na entrada e agradeci que ele tivesse


chegado rápido o suficiente, pois não morava muito longe dali e

tinha chegado a tempo de eu encarar Rodrigo.

— O que aconteceu, pai? — indagou preocupado, assim que

se aproximou de mim.

— Assim que entrar te explico.

Ele, mesmo sem querer, aceitou o que propus e entrou


comigo para dentro da casa. Fomos imediatamente para a mesma

sala, que há três anos eles fizeram com que eu aceitasse ir àquele
cruzeiro que mudou completamente a minha vida.

Rodrigo, estava com um copo de bebida na mão e olhava a


noite pela janela. Assim que ouviu a nossa aproximação nos

encarou. Ele parecia ter chorado, porém não o trataria de forma


diferente só por estar triste. Primeiro, que ele não amava Samantha
da forma que pensei, pois a traiu, segundo porque eu a amava e
ainda tinha uma filha com ela e se precisasse lhe dar uma lição eu

lhe daria.

— Chamou ajuda da cavalaria? — Soou sarcástico e apontou


para o irmão.

Alberto que nunca gostou de certo tipos de brincadeira


revirou os olhos.

— Que merda está acontecendo aqui?

— Ah, o papai não te contou? Ele comia a minha mulher.

Rodrigo soltou uma gargalhada e meu outro filho me encarou

ao mesmo tempo, com a expressão completamente chocada.

— Vou explicar tudo, Alberto.

— Vai explicar o quê, pai? Que comia a Samantha nas

minhas costas e devia rir de mim, quando vinha chorar minhas

lamentações para você.

Eu estava começando a ficar irritado, ainda mais ouvindo

meu filho falar de Samantha daquela forma.


— Cale a sua boca e não fale assim dela. Eu só a vi depois

do cruzeiro, quando você a trouxe aqui em casa no domingo.

— Ah, claro! Eu posso até ter acreditado um pouco nisso

antes, mas agora tudo está mais claro. O senhor é um traidor… —

esbravejou e jogou o copo no chão.

— Espera um pouco, Rodrigo. Ele é nosso pai, tenho certeza


de que pode muito bem explicar o que está acontecendo.

— Ah, claro! Não é a sua mulher que ele tá comendo, então

está tudo sob controle.

Foi aí que eu perdi o resto da paciência que estava


segurando e parti para cima de Rodrigo. Minha visão ficou

completamente turva e eu só vi, quando avancei pela sala e parei

em cima dele, dando um soco em sua cara de uma só vez.

Meu filho, provavelmente por estar um pouco alterado pela


bebida, caiu no chão, mas logo se recuperou, levantando em

seguida e tentou vir para cima de mim. Porém Alberto se colocou

entre nós, o impedindo de fazer alguma coisa.

— Estão malucos? Você não vai fazer essa besteira para não

se arrepender depois.
— Eu quero falar com você como um homem decente,

Rodrigo. Mas se for para continuar ofendendo a Samantha, pode

sair dessa casa e não voltar mais.

Ele parecia não esperar ouvir aquilo, por isso, se acalmou


mais, soltou-se do irmão. Caminhou até uma poltrona e jogou seu

corpo nela. Provavelmente esperando que eu dissesse algo.

Ao menos daquele jeito, ele parecia mais controlado. Ou

talvez meu soco tivesse voltado seus neurônios para os lugares.

E foi ali, naquele instante que comecei a contar toda a minha

história e a de Samantha para meus filhos e eu só esperava, que

depois de tudo, eles entendessem que nenhum de nós tinha culpa

pelo destino ser um idiota.

Principalmente Rodrigo, que às vezes agia como um

mimado.

Eu queria paz… e naquele momento, queria viver a paz que

almejava ao lado de Samantha, sem a interferência dos meus filhos.


Capítulo 24

Estava sentada na cadeira da cozinha, esperando que


chegasse a hora de ir trabalhar, mas sem nenhuma vontade de

mover o pé daquele lugar. Não queria sair do lado da minha filha,


não queria ir para lugar algum.

O dia de ontem, tinha sido muito complexo e eu podia talvez


tirar um dia de folga.

— Bom dia! — Mileide me cumprimentou assim que surgiu na


cozinha.
Olhei para ela e parecia que ela me julgava, como se eu

estivesse errada pelo que tinha feito na noite anterior.

— O que foi? — perguntei, tentando entender, o motivo do


seu olhar.

— Você deixou ele te enganar mais uma vez.

Tentei não pensar naquilo, até porque, Bernardo disse que eu

havia entendido tudo errado da outra vez.

— Eu não deixei que ele me enganasse, ele…

— Larga de ser ingênua, Samantha. Ele te contou que você


entendeu errado, e você acabou acreditando. Se até o filho do

canalha, que parecia ser um príncipe, te enganou, você acha que

ele não vai te enganar?

Engoli em seco suas palavras, pois no fundo talvez ela


pudesse estar certa.

— Não sei o que pensar, Mileide.

— Você acha que o CEO mais famoso do ramo da aviação,

vai se importar com uma menina, só por saber que tem uma filha
com ela?
Aquilo soou pesado e foi tão forte que pareceu mais como um
tapa em minha cara, do que como palavras de uma pessoa que eu

considerava uma confidente.

— Mileide, ele me pareceu verdadeiro, deixa eu tentar

acreditar nele ao menos por enquanto.

— Claro! Pode acreditar, eu sempre estarei aqui para te

apoiar, mesmo achando que está errada.

Assenti e levantei em seguida, assim que ouvi a campainha

da entrada, anunciando que alguém havia chegado. O que era

estranho, já que ninguém aparecia tão cedo por ali.

Mas assim que abri a porta e vi quem esperava no portão, eu

soube que talvez não devesse ser uma surpresa. Caminhei

lentamente, com um sorriso em meus lábios e antes de abri-lo,

acabei indagando:

— Você não trabalha?

— Digamos que sou o chefe e posso faltar ao meu emprego.

— Uau! Ele está mostrando o quanto é poderoso. — Brinquei,

deixando que Bernardo entrasse na minha casa.


Ele tinha a expressão cansada, mas nada fora do lugar, o que

considerei como um ponto a mais, já que a conversa dele com


Rodrigo poderia ter ido de mal a pior.

— Eu só mostro o que posso ser. — Entrou na brincadeira.

— Está tudo bem? — perguntei, enquanto caminhávamos

para dentro de casa.

— Sim, a conversa foi longa, mas por fim o Rodrigo


entendeu. Ele vai te deixar em paz.

Soltei uma longa respiração e assenti. Eu gostava de Rodrigo

como amigo, mas se fosse para me manter afastada para que o


nosso convívio melhorasse, eu preferia então que as coisas

funcionassem daquela forma.

— E o que você faz aqui?

— Bom, como eu sou um homem poderoso e posso matar


um dia de serviço e você também é uma mulher poderosa, que tal,

pegarmos nossa filha e irmos passar um dia divertido em algum


lugar?

— Você tá falando sério? — Mordi meu lábio ao indagar.

— Sim!
— Então, eu vou acordá-la, porque eu já quero aproveitar

esse dia .

Bernardo abriu um sorriso e eu não resisti a não ser me


aproximar dele e roubar-lhe um beijo rápido, mas ao menos deu
para sentir um pouco da paixão que tinha dentro de mim e dentro

dele. Tinha até mesmo esquecido o que Mileide havia me dito, pois
eu sentia que Bernardo, não tinha mentido, ele gostava de mim.

Entrei no quarto de Molly, fui até seu berço chamei-a, e ela


acordou com os olhinhos cheios de sono. Naquele dia tinha

preferido não levá-la para a creche o que havia sido uma boa ideia,
pois pelo jeito estava sentindo que iríamos fazer alguma coisa
diferente.

— Mamã?

— Oi, meu amor.

— Oi! — Molly estava com a voz rouca de sono.

— O papai está lá embaixo e quer passear, vamos nos


arrumar.

Assim que ouviu a palavra passear, seus olhos sonolentos


brilharam no mesmo momento e se esqueceram do sono. Ela me
encarou e abriu um sorriso.

— Ebá! Vamô! — Gritou, como se aquilo fosse o melhor

prêmio que ela estava recebendo.

E eu só pude abrir um sorriso e ficar com ele na boca, como

se fosse o único que ficaria por ali, pelo tempo que fosse e nunca
mais saísse. Eu amava demais a minha menina e ver sua felicidade,
mesmo sabendo que ainda era estranho saber que tinha um pai, me

deixava radiante.

Minha vida estava começando a entrar nos trilhos e aquilo


era a única coisa que estava importando no momento. Viver
normalmente, como uma pessoa que só tinha uma vida pacata, com

nada mais assustador pelo caminho.

Depois que nos arrumamos, descemos e pude ouvir pelos

degraus da escada, o que Mileide falava para Bernardo.

— Juro que se você a fizer sofrer novamente, agora que já

sei quem é, irei atrás de você e acabarei com sua vida. Estamos
entendidos?

— Sim, senhora.

— Que bom!
Mileide saiu, provavelmente para ir trabalhar e deixou
Bernardo um pouco chocado no hall de entrada.

— Espero que tenha entendido o recado, Bernardo Roux —


avisei-o.

Ele me encarou e sorriu de lado.

— Prefiro morrer, do que fazer você sofrer, Samantha

Moretz.

Sorri, e comecei a descer com Molly nos braços. Assim que


cheguei próximo a ele, Bernardo estendeu as mãos para a filha, que

foi de bom grado em direção ao pai, que beijou sua bochecha.

Molly abriu um sorrisinho e eu tive que contemplar aquela

cena.

Parecia que pai e filha se reconheciam, e que mesmo que

não tivessem passado vários dias juntos, já se consideravam

melhores amigos e parecia quase uma obra de arte, uma dádiva a


ser observada. Uma pintura tão rara, que me deixava até

emocionada ao ver. Havia sonhado tantas vezes com aquela cena,

mas jurei que nunca iria acontecer e só por estar presenciando-a, eu

sabia que estava vivendo a melhor parte da minha vida.


Talvez estivesse na hora de realmente acreditar em conto de

fadas. Afinal, eu tinha certeza de que estava vivendo um de


verdade.
Capítulo 25

Antes de passar na casa de Samantha havia comprado uma


cadeirinha para que Molly ficasse segura em meu carro. E naquele

momento, eu estava olhando a minha garotinha pelo retrovisor.

Nem acreditava que estava vivendo um sonho antigo

finalmente, de ter uma menina e de poder cuidar dela e protegê-la.


Também passei meus olhos por Samantha que estava no banco do

carona e acabei a pegando no flagra enquanto ela me encarava.


Assim que percebeu que a vi, ela levantou suas mãos, como

se estivesse rendida e acabou comentando:

— Eu me rendo.

— Sei que sou uma bela visão para ser observado —

brinquei.

— Acho que você está muito convencido, isso sim.

Abri um sorriso e continuei dirigindo até chegar ao local que


estava seguindo. Assim que Samantha percebeu onde estávamos,

ela cerrou o cenho e perguntou:

— Por que estamos no aeroporto?

— Vamos passear. — Comentei, sem dar muitas

informações.

— Eu pensei que era um passeio mais simples.

— Será algo simples, eu juro.

Desci do carro, contornei o automóvel, abri sua porta e assim

que ajudei a mulher com quem eu queria passar vários segundos,


minutos e horas ao lado, fui para a parte de trás e peguei minha

filha.
Logo peguei na mão de Samantha e comecei a seguir para
dentro da parte reservada onde eu sempre costumava ir, quando

queria cortar caminho pelo aeroporto. O problema é que naquele

dia, havia alguns paparazzi por ali e acabaram tirando algumas fotos

nossas.

— Você tem algum problema de aparecer em algum site de


fofoca?

— Só se o senhor tiver, Bernardo Roux — Samantha me

encarou com os olhos semicerrados.

— Minha vida está como um livro aberto, ainda mais depois


de resolver todos os problemas com o meu filho.

Samantha ficou em silêncio por um tempo, mas logo

questionou:

— Ele aceitou numa boa, toda essa situação?

— Depois conversaremos. Pode ser?

— Não gosto de ficar esperando.

— Mas vai ter que esperar por um tempo, garota. Até quando

estivermos seguros.
Ela ficou em silêncio e nós continuamos caminhando pelo

aeroporto, até chegarmos na área da minha companhia. Os


colaboradores que faziam parte da minha empresa me

cumprimentaram assim que me viram e eu cordialmente os


cumprimentei de volta.

Logo fui em direção ao jato que pedi que preparassem mais


cedo. E logo que subimos no lugar, a tripulação nos recepcionou

muito bem, inclusive Angeline, uma senhora que eu havia


contratado para cuidar de Molly, a fim de que eu e Samantha

pudéssemos ter um pouco de privacidade em alguns momentos.

Assim que cumprimentamos todos e nos acomodamos em


nossas poltronas de couro, com nossa filha em nosso colo,

Samantha me encarou e sussurrou:

— Você pensou em tudo.

— Dizem por aí, que quando queremos algo bem feito,


devemos pensar nos mínimos detalhes, certo?

— Sim, mas até uma babá para Molly você contratou.

— Sim, e foi um grande amigo que me indicou. Essa senhora,


olha a filha deles quando ele e a esposa precisam viajar, então
confio plenamente nela.
— Para onde estamos indo, Bernardo?

— Para um lugar de paz, que não vou há muito tempo.

— Posso saber?

— Quero te fazer uma surpresa, não posso?

— Acho que não voltaremos hoje, não é mesmo?

— Se você quiser, voltaremos. Mas se não quiser podemos


ficar por lá alguns dias.

— Para onde estamos indo, Bernardo?

Achei necessário revelar que iríamos para outro país.

— Bom… Estamos indo para a Argentina.

— O quê?

Samantha me olhou chocada como se não acreditasse no

que eu estava dizendo e acabou que me arrependi no mesmo


momento de fazer aquela surpresa para ela.

— Desculpa, acho que me precipitei.

— Eu também — murmurou, um pouco alterada. — Já que

nem uma mala eu fiz.

Levantei meu rosto e a encarei.


— A sua preocupação é essa?

— Também, já que Molly precisa de alguns utensílios que

tenho certeza de que iremos demorar a encontrar.

— Bom, eu preparei algumas coisas, que estão no quarto do

jatinho. — Apontei para a parte de trás do avião. — E também, já


pedi para os empregados da minha casa na Argentina comprarem
coisas que são essenciais para crianças.

Vi os olhos de Samantha brilharem como se ela estivesse

fascinada com o que acabei de lhe dizer.

— Você fez tudo isso por ela?

— E farei mais. Tudo o que estiver ao meu alcance,


Samantha.

Samantha trouxe uma de suas mãos até meu rosto e afagou


minha pele e os pelos da minha barba.

— Senti sua falta durante todos esses anos, Bernardo.

— E eu senti a sua, Samantha, Você não imagina o quanto.

No cruzeiro eu tinha encontrado uma nova forma de viver, mas


acabei deixando que você escapasse por minhas mãos e dessa vez,
que te reencontrei, não deixarei que isso aconteça. Está me
ouvindo?

Ela engoliu em seco e assentiu. Dei uma leve piscadinha em


sua direção e acabei desviando rapidamente minha atenção de

Samantha, para olhar Molly em meus braços, que havia acabado


dormindo.

E eu me senti o homem mais realizado naquele momento.


Novamente estava formando uma família e estava me sentindo um

homem completo.

Levantei-me, coloquei Molly sobre o sofá-cama que tinha no

jato e pedi para que Angeline olhasse a minha pequena. Logo me


voltei para onde Samantha estava e estendi minha mão para ela.

— Vem ver se trouxe as coisas que Molly precisa.

Samantha alçou uma de suas sobrancelhas para mim, pois

ela sabia que aquilo tinha uma segunda intenção, mas aceitou de
bom grado. Logo pegou em minha mão e começamos a nos dirigir

para o quarto do jato.

Assim que entramos no lugar, Samantha caminhou até perto

da cama e voltou-se em minha direção com um sorrisinho safado


em seu rosto. Passei a trava na porta do quarto e ela brincou.
— Que estranho, por qual motivo para eu olhar as coisas de

Molly, precisa trancar a porta?

— Ah, vai que tem alguma roupa perigosa — respondi, com

um sorriso safado.

— Ou talvez tenha um casal perigoso, que não consiga ficar

vestido quando está perto um do outro.

Aproximei-me, lentamente de Samantha e entrelacei um

braço em sua cintura.

— Já transamos em alto-mar, mas não sei se você já fez

sexo no ar.

— Várias experiências eu só experimentei com você. Acho

que essa também está na hora de provar com você.

Foi só ouvir a sua voz começar a dizer aquilo, que meu pau

começou a endurecer, como se ele nunca tivesse feito sexo na


vida.

— E o que você quer fazer primeiro, minha delícia?

— Que tal se você tirar toda a minha roupa e me chupar até

que eu goze em sua boca?

— Acho uma ótima ideia.


Samantha abriu um sorriso ainda maior do que o que estava

em sua boca e eu sabia que aquele voo seria o melhor que já fiz em

toda a minha vida.


Capítulo 26

Bernardo havia me sentado na beirada da cama com os


cotovelos apoiados no colchão e eu quase não conseguia ver o que

ele estava preparando, mas eu já tinha uma ligeira noção do que


faria comigo.Já que havia pedido que me chupasse. No entanto,

algo estava diferente, pois ainda não havia começado e a


expectativa estava me levando à loucura. E quando um beijo foi

depositado em meu tornozelo todo o meu corpo se arrepiou.

— Samantha… — sussurrou, quase como se meu nome


fosse uma prece. — Eu posso fazer o que acho melhor para você?
— Eu vou sofrer?

— Tenho certeza de que não irá sofrer, só terá mais prazer do

que imagina.

Revirei meus olhos só de sentir seus beijos em meus

tornozelos e sua voz fazendo com que o ar quente fizesse minha

pele se arrepiar.

— Então eu tenho plena certeza de que você pode fazer o


que bem entender comigo, Bernardo.

Foi então que senti algo de couro amarrar meu tornozelo de

um lado e depois aconteceu com o outro da mesma forma. Não


entendi muito bem o que estava ocorrendo ali, mas era nítido que

meus pés estavam presos na cama.

— O que está fazendo? — perguntei, um pouco assustada,


pela mudança abrupta.

— Algo que nunca fiz com outra mulher, mas que sempre

quis testar na hora certa.

— Vai me bater? — Era só naquilo que pensava, quando

imaginava alguma coisa relacionada a BDSM.


— Só se quiser, mas não é esse o intuito das amarras, é só
para te deixar com ainda mais desejo, nem mesmo chicote eu

tenho.

Bernardo se levantou, ainda vestido com sua camisa social

preta, uma calça jeans da mesma cor, que o deixava ainda mais

gato, já que era colada ao corpo e mostrava a curvatura perfeita da


sua bunda.

Aquele homem sempre foi um pecado e mesmo sendo mais

velho que eu, ainda era a prova viva de que homens mais

experientes em sua maioria, eram muito melhores do que qualquer

cara novinho que encontrávamos por aí, já que Bernardo era o único

que me levava do céu ao inferno em um estalar de dedos.

Ele voltou com um tecido de seda em suas mãos e se

aproximou de onde eu estava apoiada.

— Vou te vendar, minha menina.

— É mesmo necessário? — indaguei com a voz fraca.

— Sim, é. Confia em mim, não te farei mal.

Engoli em seco, mas eu confiava e mesmo com um pouco de


receio, queria provar aquela experiência nova.
Acabei concordando com mais aquilo e deixei que ele

vendasse a minha visão. Logo tudo estava escuro e eu só


conseguia ouvir sons pelo quarto. Minhas pernas não se mexiam,

então minha boceta estava exposta para Bernardo. A única parte


solta do meu corpo eram minhas mãos, mas que não me permitiam
muita coisa.

Quando senti algo macio subir por minha perna e ir de

encontro à minha parte úmida, foi impossível não gemer e deixar


que meu corpo não caísse sobre o colchão.

Parecia que pelo fato de ter perdido minha visão, meu outros

sentidos haviam ficado mais aguçados.

— Isso é bom, Samantha? — A voz grossa de Bernardo,


ressoava tão alta pelo ambiente, que senti minha vagina ficar

molhada mais do que o normal.

— Si… sim — gaguejei.

Uma pena — afinal, agora conseguia reconhecer o objeto —,


voltou a passear por minhas coxas e eu fui sentindo cada vez mais

minha pele se arrepiar. Logo Bernardo, foi passando-a por outras


partes do meu corpo, barriga, seios, mamilos e em cada lugar eu
ficava mais arrepiada e com mais tesão.
Ele estava brincando comigo e deixando meus sentidos

completamente malucos por ele.

Ouvi quando Bernardo se afastou, demorou um pouco e pela


minha audição eu pude perceber que ele retirava suas roupas. No
entanto, não demorou muito e logo voltou e senti que a cama se

abaixou um pouco, provavelmente com ele sentando ao meu lado.

Sua mão se espalmou em minha barriga e começou a passar

por minha pele.

— Menina, só de ficar te olhando assim, eu já fico maluco por

você.

Desceu seus dedos por minha pele, até que chegou em

minha boceta e enterrou três dedos de uma vez dentro da minha


vagina fazendo com que um grito escapasse da minha garganta. Se

aquele quarto não tivesse abafador de som, provavelmente o jato


inteiro teria ouvido, mas no momento, não estava me incomodando
muito, pois só estava me importando com o prazer que recebia.

Bernardo estocou seus dedos, com força, desespero, até me

deixar completamente maluca. Porém, como o homem malvado que


ele sabia ser em alguns momentos, ele não deixou que meu
orgasmo viesse e parou minutos antes.
— Você como sempre sabe acabar com alguém.

— Mas eu sempre te recompenso, não é mesmo?

— Sim. — Não podia negar que aquilo era uma verdade.

Sem esperar que eu me recuperasse, Bernardo enterrou um

vibrador abruptamente dentro de mim e o ligou, fazendo com que


novas sensações começassem a surgir pelo meu corpo.

— Puta que pariu, Bernardo!

— Eu gosto dessas reações.

Senti que ele começou a pairar por cima de mim, e logo seu
membro estava acariciando a minha boca.

— Me chupa, Samantha?

Passei minha língua pela sua cabeça e senti um pouco do


seu líquido pré-ejaculatório saindo. E ao sentir o seu gosto, não me
contive e comecei a sugá-lo com força.

O tesão cada vez aumentava mais. Era o vibrador que

parecia estar mais rápido a cada instante, era o pau de Bernardo


sendo enterrado em minha garganta e eu sentindo até lágrimas
escorrerem atrás da venda, enquanto gemia da forma que dava.
Era tesão, misturado com um desejo insaciável. Eu queria
mais, eu queria muito mais. Queria com mais força e mesmo que
estivéssemos fazendo o sexo mais sujo que já fiz, não era o

suficiente para mim.

Em um rompante, antes que meu orgasmo explodisse, levei


minha mão ao seu pau, afastei-o da minha boca e gritei:

— Tira esse vibrador de mim e me fode com força, Bernardo.


Eu quero o seu pau me fodendo, me fazendo sua… droga! Eu sou

sua…

Assumi algo que nem eu mesmo sabia que diria, mas que

não poderia negar que era uma verdade. Se eu fiquei afastada


daquele homem por três anos e mesmo assim, ainda sentia um

desejo incontrolável por ele, e só ele me fazia sentir daquela forma.

Só podia aceitar que era dele.

— Você é minha, porra!

Bernardo arrancou minha venda e encarou meus olhos por

alguns segundos até fazer o que pedi. Ele foi até minha vagina,

arrancou o vibrador da minha entrada, substituiu por seu membro e

ali ele começou a estocar com força.


Deitou seu corpo por cima do meu e enquanto continuava a

me fazer sua por completo, ele continuava a sussurrar em meu


ouvido:

— Só minha… cada parte, toda minha.

E foi ali, no ar, indo para a Argentina de uma forma

completamente maluca que eu percebi, estar apaixonada por um


homem que conheci de uma forma estranha, que não precisei de

muito tempo para amar e mesmo afastada dele por anos, ainda

nutria sentimentos fortes por ele e queria continuar mantendo.

Droga!

Eu amava Bernardo e faria de tudo para continuar amando e

sendo dele… daquela vez pelo resto da vida.


Capítulo 27

Talvez eu tenha esquecido de como a vida podia ser boa,


quando se vivia ao lado de quem realmente importava para nós.

Não que meus filhos, não fossem importantes, mas eles não faziam
o meu coração acelerar, esquentar e ao mesmo tempo me

transmitia paz para viver uma felicidade em questão de segundos.

Eu os amava, mas não era de uma forma que me fazia

flutuar.
Observei, enquanto Samantha e Molly brincavam na piscina

da minha casa da Argentina onde eu não ia há uns bons anos. Que


havia até esquecido de como era linda. O país tinha dado uma

decaída na economia há algum tempo, mas nem o Brasil estava

uma maravilha, o que não me dava direito de esquecer daquele


pequeno pedaço de paraíso que eu tinha ali.

Era realmente uma paz.

Tinha chegado há quatro dias e pareciam mais quatro meses,

de tanto que eu me sentia mais relaxado e mais tranquilo, depois de


estar na terra dos hermanos. Parecia que todos os problemas que

eu tinha haviam sido extintos e nada mais atrapalharia a minha

vida.

Ao lado de Samantha tudo tinha ficado melhor. E como se

estivéssemos realmente conectados, ela me encarou e me pegou

encarando-a. Seu sorriso meio que me contagiou e fui obrigado a


retribuir com outro em sua direção.

— Por que, não vem fazer companhia para a gente?

— Você sabe que não sou muito bom com piscinas.

— Eu me lembro de uma época em que a gente se divertia


bastante em uma — implicou comigo.
— Acho melhor só observar você e a nossa filha. Afinal,
vocês duas são a visão do paraíso.

Molly me olhou com seu rostinho rosado, me jogou um

beijinho e eu fui obrigado a fazer uma cena, para animar a minha

pequena menina. Peguei seu beijo no ar e enviei outro para a

garotinha que gargalhou, do meu pequeno gesto.

— Viu, filha, seu pai sabe ser um bobão.

Alcei uma sobrancelha em sua direção e Molly fez que queria

sair da piscina. Samantha a colocou para fora do local e ela veio

correndo em minha direção toda molhada.

Como não pude evitar aquele pequeno pedaço de gente,

peguei-a toda molhada, fazendo com que minha roupa se

encharcasse.

— Sentiu saudade do papai? — perguntei, enquanto ela


levava sua mãozinha fofa à minha barba.

— Papá.

— Sim, meu amor. Eu sou o seu papai.

Molly me olhava com veneração, como se eu fosse uma


pessoa muito importante para ela. Como se eu tivesse me tornado
seu protetor em questão de poucos dias, como se ela realmente

entendesse o que estava acontecendo ali.

Aquela menina, mesmo sendo muito pequena, deixava claro

que ela sabia exatamente do que se tratava a nossa conexão. Sabia


que eu era o seu super-herói e iria protegê-la de todo o mal, que um

dia pudesse cercá-la.

Molly deitou sua cabecinha em meu ombro e ficou ali por

vários minutos, como se tivesse se perdido naquele momento.


Como se eu realmente fosse seu porto seguro.

Samantha nos observava como eu estava fazendo há algum


tempo. Talvez ela tivesse visto a mesma coisa que eu vi há alguns

minutos. Aquela imagem de perfeição, quando Molly parecia tão


bem, comigo, e eu tão bem com ela.

Depois de mais alguns minutos, percebi que nossa menina


acabou pegando no sono, acabei acenando para Samantha e
mostrando para ela o que estava acontecendo. Ela saiu da piscina e

veio em nossa direção.

— Preciso tirar esse biquíni molhado dela, para que não se


resfrie.

— Vamos levá-la para o quarto.


Levantei-me da cadeira lentamente Lpara que não acordasse

minha filha e caminhamos em silêncio pela minha casa. Angelina


quando nos viu passando pela sala, nos acompanhou, pois já sabia

que colocaríamos Molly na cama e aquela mulher era tão eficiente,


que amava ficar de olho na neném, enquanto ela dormia.

Deitei Molly no trocador e Samantha fez o seu milagre de


trocar a nossa menina, sem acordá-la. Logo a deitou no berço e

deixou Angelina com ela no quarto.

Saímos e fomos para a nossa suíte, a fim de que ela se

secasse e pudesse tirar a água com cloro do corpo.

Sentei-me na cama e fiquei observando-a enquanto ela

cuidava do seu corpo. A mulher que havia roubado toda a minha


atenção desde que a vi pela primeira vez há três anos, sumiu no

banheiro por alguns minutos para tomar uma ducha e logo voltou
envolvida em um roupão e com uma toalha nos cabelos molhados.

Seu corpo pequeno parecia frágil demais dentro daquele

roupão, mas eu sabia que ele aguentava muita brutalidade,


principalmente na hora do sexo.

Samantha me encarou pelo reflexo do espelho e indagou:

— Vai ficar me encarando até que horas?


— Estou admirando a mulher que está ao meu lado.

Vi suas bochechas ficarem vermelhas e eu apreciava aquilo,

pois eu podia elogiá-la, por mil vezes que ela sempre se sentiria
envergonhada.

— Tira essa roupa molhada também.

— Daqui a pouco eu faço isso, deixa eu admirar um pouco

mais essa beleza.

— Bernardo, deixe de ser um pouco galanteador. Estou

tentando me arrumar.

— Até parece que é necessário, você é linda de qualquer

maneira, Samantha.

Engoli em seco ao pronunciar as últimas palavras, pois eu

sabia bem onde estava querendo chegar.

Ela parou e se virou para mim, toda linda daquela maneira,

sem nada. Com a pele limpa. Ela não precisava de mais nada para
ser a mulher perfeita para mim. Há muito tempo eu pensei que sem

Ana Carolina eu não seria mais ninguém, mas desde que conheci
Samantha eu soube que ela seria a minha perdição.

— O que foi, Bernardo?


Em seu rosto tinha um sorriso angelical, que eu daria o
mundo se ela deixasse, que eu o visse pelo resto da vida.

— Samantha, sempre fomos meio abruptos.

— Nisso tenho que concordar com você.

— Desde a primeira vez nos envolvemos muito rápido e até


parece que vivemos um fake love.

Ela revirou os olhos e acabou comentando:

— Conheço algumas histórias de pessoas que se


conheceram em um mês, se casaram, e vivem há mais de dez anos

juntos. — Ela fez uma pausa, tirou a toalha de seus cabelos,

deixando que eles caíssem e ficassem um pouco desgrenhados.

Logo pegou uma escova e começou a passar pelos fios. — Onde


está querendo chegar?

Pelo jeito ela não tinha a mínima ideia do que eu estava

querendo dizer, mas eu tinha absoluta certeza do que queria falar, e


já fazia longos anos que não pronunciava aquelas palavras para

ninguém e estava com vontade de dizê-las a alguém que achava

importante para mim.


— Samantha… — Ela parou de escovar os cabelos e ficou

encarando os meus olhos. — Estou completamente apaixonado por


você.

Vi o choque passar por seu rosto, mas o brilho nos seus

olhos não me enganava. Parecia que ela esperava que eu dissesse

aquilo em algum momento e depois de minutos que pareceram mais


horas, ela me fez um homem feliz, realizado e esperançoso, já que

a partir daquele dia, eu tinha uma única certeza na vida: Eu teria

novamente um futuro ao lado de uma mulher que corresponderia ao


meu amor.

— É estranho, Bernardo, já que mesmo querendo te odiar, eu

te amo. Somos o casal mais ridículo que existe. Mas mesmo assim,

eu quero estar ao seu lado e viver o que tivermos que viver.

Senti uma felicidade inexplicável me tomar ao saber que era

correspondido com meus sentimentos. E aquilo era a única coisa

que precisava saber para continuar ao lado daquela mulher a qual

estava disposto a lutar contra tudo e todos para tê-la.

Ela veio em minha direção e logo estávamos nos beijando, do

jeito que só parecia que sabíamos nos beijar. O jeito que fazia com
que nós nos sentíssemos vivos e com vontade de fazer tudo o que o

mundo nos oferecesse.

Droga!

Eu estava pronto para viver o amor que aquela mulher


quisesse me dar.

E estava pronto para dar meu coração por inteiro para ela e

para nossa filha.


Capítulo 28

Depois que chegamos na Argentina exigi saber o que havia


acontecido com a conversa entre Bernardo e Rodrigo e acabou que

ele me contou como o filho tinha reagido.

Primeiro que o idiota havia tomado alguma bebida alcoólica,

mas depois colocou os pensamentos no lugar e entendeu que o


meu relacionamento com o seu pai, havia começado bem antes de

eu querer conhecê-lo. Sem contar que ele entendeu também que

ele era um imbecil, que me traía e não podia querer exigir alguma
coisa, sendo que era o pior tipo de pessoa que existia.
E depois de passar vinte dias maravilhosos na Argentina,

sem dar muitas satisfações à minha família, mas de avisar que


estava bem e vivendo dias maravilhosos com Bernardo e Molly,

havíamos voltado e estávamos prontos para lidar com a realidade.

Naquela tarde, estávamos prontos para encarar Alberto,

Adriely e Rodrigo na casa de Bernardo, para informar-lhes uma


decisão que havíamos tomado. E eu também havia convidado meu

pai e Mileide, pois agora, também achava necessário inclui-los em

todas as minhas decisões relacionadas ao homem que estava ao


meu lado.

Molly estava no chão, brincando com os brinquedos novos

que o pai lhe havia dado. Claro que eu já estava achando que
Bernardo a estava mimando demais. Mas como privei-o de vê-la no

início desde quando nasceu, estava deixando que ele curtisse um

pouco a infância da menina.

Assim que as pessoas começaram a chegar, a ansiedade

começou a aparecer, mas eu me controlei. Era Alberto com Adriely.

Eles me trataram super bem, e não havia nenhum tipo de olhar com

julgamento em minha direção.


— Ah, Samantha, sua menina é linda. — Adriely comentou,
enquanto abaixava perto de Molly e fazia um carinho em sua

bochecha.

Molly a olhou de forma atenta, mas acabou sorrindo.

— Então eu tenho uma irmãzinha linda. — Alberto se abaixou


e sorriu para minha menina.

Molly também ficou observando o irmão mais velho, mas não

disse nada, até porque ela estava aprendendo novas palavras

agora. E provavelmente ainda não entendia muito bem o que estava

acontecendo ali.

— Ela tem dois irmãos, que vão protegê-la de todos os

gaviões que tentarão cercá-la no futuro.

Rodrigo entrou na sala com um sorriso gigantesco no rosto e

eu o encarei no mesmo momento, morrendo de medo do que ele


poderia fazer. Mas ele parecia estar sobre controle.

Assim que Molly o viu, como já o conhecia, acabou

murmurando:

— Titio.
Rodrigo se aproximou dela, se abaixou para ficar da sua

altura, beijou a sua testa e sussurrou:

— Oi, coisinha linda. Agora você vai me chamar de maninho.

Estamos entendidos?

Ela balançou a cabeça concordando, mas eu sabia que não

tinha entendido nada. Molly só tinha dois anos e demoraria a


entender que havia ganhado dois irmãos gigantes, porém iria se

acostumar logo, logo. Ainda mais que a partir daquele dia, iríamos
conviver ainda mais com aqueles dois.

Depois que Rodrigo se afastou dela, aproximou-se de onde


seu pai e eu estávamos, estendeu sua mão para mim e eu aceitei

de bom grado, pois não queria fazer nenhum tipo de cena.

— Oi, Samantha. — Ele não parecia demonstrar nenhum tipo

de ressentimento em sua voz.

E exatamente por aquele motivo eu resolvi deixar de lado

todos os meus que ainda estavam em meu coração.

— Oi, Rodrigo. — Colei minha mão na sua.

— Antes de mais nada, quero lhe pedir desculpas por tudo e


dizer que a partir de hoje estarei te respeitando como a mulher do
meu pai. E quero que vocês vivam o amor que foi privado há algum

tempo. Estou torcendo pela felicidade dos dois.

Senti uma felicidade tomar meu peito e era exatamente aquilo


que eu queria ouvir do filho do homem que eu amava.

— Obrigada, e eu digo o mesmo. Eu vou te respeitar como

filho de Bernardo e como uma pessoa querida e especial para mim.

Rodrigo sorriu gentilmente para mim e voltou-se para o pai.

— Pai, desculpe por tudo. Mas quero voltar a ser como


antes.

— Era tudo que eu mais queria, garoto teimoso.

Os dois se abraçaram e eu senti a paz recair sobre aquele


lugar novamente. E depois de mais alguns minutos meu pai e

Mileide chegaram, fizemos as apresentações necessárias e antes


do almoço, achamos necessário anunciar a nossa decisão.

Bernardo me olhou de uma forma que já conversávamos pelo


olhar e eu assenti.

Ele se levantou da poltrona, chamando a atenção das


pessoas que conversavam sobre coisas triviais e limpou a garganta
antes de começar:
— Bom, como todos sabem, eu tive a sorte de conhecer a
Samantha anos atrás em um cruzeiro e na época eu jurei que nunca
mais encontraria alguém que chamaria minha atenção como mulher,

já que eu havia perdido a minha esposa e para mim, eu nunca mais


amaria outra pessoa como amei Ana Carolina. Só que quando

encontrei Samantha, algo estranho aconteceu e nós nos


conectamos rapidamente e no cruzeiro as coisas já ficaram
diferentes. Mesmo com o nosso afastamento, eu ainda sentia que

um dia eu poderia revê-la. — Bernardo fez uma pausa, estendeu a


mão para mim e eu a aceitei, ficando em pé e parando ao seu lado.

— Fizemos uma pequena viagem para a Argentina nesses últimos


dias, para ficarmos um pouco a sós, somente ela, eu e nossa bebê

e pensamos muito. Como passamos tempo suficiente longe por um


desentendimento que não era real, decidimos que a partir de agora
iremos morar juntos e vivermos o nosso amor que foi impedido

antes.

Nos rostos de Mileide e meu pai o choque era nítido, mas nos
dos filhos de Bernardo eu podia ver felicidade. Acho que no fundo
eles queriam que o pai tivesse alguém para lhe fazer companhia na

solidão daquele casarão enorme.


— Mas, filha, você deixará a nossa casa? — Meu pai se
manifestou.

— E a nossa loja? — Mileide se levantou.

Abri um sorriso, soltei a mão de Bernardo e caminhei até os

dois.

— Claro que não deixarei a nossa empresa, até porque sou

responsável e nunca abandonaria o nosso negócio. A nossa casa

um dia tinha que deixar de ser minha, pai. Eu mereço ser feliz, o
senhor não acha?

Encarei os dois ao mesmo tempo, passando meu olho de um

para outro e vi o momento que os dois concordaram comigo. Mileide


como era uma manteiga, começou a chorar e eu fui obrigada a

abraçá-la. E meu pai fez o mesmo, fazendo com que nós três

ficássemos abraçados um ao outro.

Logo sentimos bracinhos pequenos abraçando nossas


pernas e nos afastamos para encarar nossa pequena Molly.

— Abaça a neném.

— Sim, nós vamos abraçar a neném, meu amor.


Peguei Molly em meus braços e demos um abraço todos

juntos e os outros riram da minha filha. Afinal, não tinha como não rir
da minha pequena garota. Ela era a salvação de qualquer um.

Assim que nos afastamos, encarei Bernardo e sorri. Iríamos

começar a viver o nosso felizes para sempre.

— Te amo… — sussurrei.

— Eu também… — Ele moveu seus lábios fazendo com que

só eu percebesse a forma com que nos comunicávamos.

Nosso relacionamento começou de uma forma maluca e

continuaria daquela forma, mas o importante era que estávamos nos


sentindo as pessoas mais felizes do mundo e era aquilo que

importava.

Só aquilo que importava.


Epílogo

Um ano depois

Um ano que estávamos juntos e eu me sentia o homem mais


feliz do mundo. Meus filhos tinham aceitado meu relacionamento, o

pai de Samantha tinha se acostumado com a ideia do nosso

relacionamento. E estava tudo completamente bem.


Um ano que eu novamente tinha encontrado o meu ponto de

paz e tudo o que eu procurava e nem sabia.

Um ano que eu não podia reclamar de mais nada, pois já


tinha tudo o que eu queria.

Olhei para a mulher que era a coisa mais importante no

mundo, ou melhor, eu tinha duas coisas importantes, ela e Molly.

No entanto, Samantha dormia com os cabelos longos que ela


sempre amou, espalhados sobre a cama. Seu corpo nu, fazia um

contraste magnífico com o lençol preto e eu a fiquei observando por

um tempo, que podia se considerar longo, mas era impossível não

olhá-la, admirá-la, venerá-la.

Samantha era o amor da minha vida.

Minha menina.

Minha deusa.

Minha linda.

A mulher que eu amava mais do que tudo no mundo.

Caminhei lentamente com a pequena rosa vermelha, que

havia pegado no jardim e deitei ao seu lado na cama. Assim que me


sentei ao seu lado, Samantha acordou, pois ela tinha o sono muito
leve.

Seus olhos pesados pela sonolência me encararam, ela

bocejou e depois sorriu ao me encarar.

— Acordou cedo, amor.

— Eu tinha que começar a nossa comemoração cedo.

— Por isso deixou que Molly dormisse na casa de Alberto e

Adriely?

— Exatamente por isso — respondi, beijando os seus lábios

em seguida.

Samantha se sentou na cama, pegando o edredom que

estava ao seu lado e tampou sua nudez.

— Podia ficar daquela maneira, não me importaria.

— Claro, você é um tarado, Bernardo.

Sorri para ela e passei meus dedos por seu rosto, para afagar

sua pele. Depois novamente beijei seus lábios e me afastei em

seguida.
— Primeiro, quero lhe dar essa rosa que eu mesmo peguei

no jardim.

Seus olhos brilharam e assim que ela a pegou da minha mão,

sentiu seu perfume e deu um beijo na pétala da flor. Em seguida,


encarou meus olhos aguardando que eu continuasse.

Samantha me olhava com tanta devoção, que às vezes eu


tinha medo de errar com ela, mas eu sabia que se tivesse cometido

alguma coisa que ela não gostasse, com certeza já saberia, pois ela
não guardava nada para si.

Então, eu tinha completa convicção de que estava no


caminho certo.

— Segundo, quero lembrar a você, como todas as manhãs e


todas as horas e todos os momentos dos dias, que eu amo você.

Que eu já não sei viver sem você, Samantha, e você é a mulher da


minha vida, pequena…

— Bernardo… — murmurou, com a voz embargada.

— Ei, não chora. — Sequei uma lágrima que escorreu por

seu rosto e depois peguei a caixinha que estava dentro do bolso da


calça que eu estava usando.
Samantha levou seus olhos para ela e mesmo que eu não

tivesse revelado o seu conteúdo, ela já havia começado a chorar.

Assim que abri, a pedra de diamante que escolhi a dedo para


dar à minha mulher, ficou reluzente pelo quarto. Ela formava uma
rosa, com alguns detalhes em cristais em azul e eu achei único, o

que era ideal, para que eu presenteasse a mulher que roubou o meu
coração em um estalar de dedos.

— Você aceita ser a dona oficial do meu coração?

— Eu já não sou? — brincou.

— Você é, mas quer ser ainda mais, minha mulher birrenta?

Samantha pulou em meus braços e me abraçou, sem se


importar com sua nudez. E eu amava aqueles rompantes que ela

tinha, devido à sua jovialidade.

Depois beijou meus lábios de forma afoita, desesperada e do


jeito que eu amava. Da forma que provava o quanto ela me amava,

o quanto fomos feitos um para o outro, o quanto ela era perfeita


para mim.

Assim que se afastou, ela gritou para que provavelmente a


casa inteira escutasse:
— Sim, Bernardo! Eu aceito!

Não demorei muito para colocar o anel em seu dedo e por

fim, dei um selinho em seus lábios e peguei o último presente


daquela manhã.

Eram três passagens.

— O que é isso? — questionou, com o cenho franzido.

Acenei para que abrisse e ela o fez.

— Bernardo, não acredito.

— Vamos para o mesmo cruzeiro onde tudo começou, mas


dessa vez, nossa menina vai com a gente.

Samantha sorriu radiante, levantou-se da cama, ainda nua e

fez com que eu me levantasse com ela. Segurou minha mão e


colocou em sua barriga.

— Vamos você, eu, Molly e o pequeno bebê que está aqui

dentro. Não sei o sexo, mas já amo e a partir de hoje, você pode se
considerar pai de mais uma criança, seu danado.

Meu coração disparou e eu senti meus olhos se enchendo de


lágrimas.
— Você tá falando sério?

— Tô, meu amor. Vamos ser pais de novo.

— Caralho! Eu te amo demais, porra!

— E eu também te amo.

Peguei Samantha em meus braços e a beijei como se fosse a


primeira vez que meus lábios se grudavam nos dela.

Aquela mulher sabia como fazer um homem feliz… e eu…

Ah! Eu só podia agradecer ao destino e aos meus filhos por


terem me obrigado a participar daquele cruzeiro, pois foi lá que

encontrei o centro do meu mundo.

A minha Samantha.

Fim
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