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O Pai do meu Filho

JOSIANE VEIGA
O PAI DO MEU FILHO

JOSIANE VEIGA

1ª Edição

2019
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer
meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de
dados sem autorização escrita da autora.

Esta é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produto da imaginação. Qualquer semelhança com
nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real deve ser considerado mera coincidência.

Título:
O PAI DO MEU FILHO

Romance / Comédia

ISBN –9781697414547
Texto Copyright © 2019 por Josiane Biancon da Veiga
Sinopse:

Quando eu tinha dez anos, os Bianconi me levaram... me estupraram... me escravizaram... Mas, com a morte do chefe
da máfia, eu consegui fugir.
E não havia lugar mais seguro para me esconder do que a pequena cidade de Esperança, lugar onde Pietro Bianconi
conheceu seu fim.
O que eu não esperava é que nessa cidade eu conheceria um homem que desejava uma esposa e um filho.
Um bom homem...
Como eu poderia ser isso para ele?
Fugir não é a melhor solução?
Contudo, o que fazer quando me descubro grávida?
Os Bianconi estão me caçando, e o único abrigo que consigo imaginar é nos braços fortes do único homem por quem
senti algo... O pai do meu filho.
Sumário
JOSIANE VEIGA

Nota da Autora

Capítulo Um

Cristiane

Capítulo Dois

Max

Capítulo Três

Cristiane

Capítulo Quatro

Max

Capítulo Cinco

Cristiane

Capítulo Seis

Max

Capítulo Sete

Cristiane

Capítulo Oito

Max

Capítulo Nove

Cristiane

Capítulo Dez

Max

Capítulo Onze

Cristiane

Capítulo Doze

Max

Capítulo Treze

Cristiane

Capítulo Catorze
Max

Capítulo Quinze

Cristiane

Capítulo Dezesseis

Max

Capítulo Dezessete

Cristiane

Capítulo Dezoito

Max

Capítulo Final

Cristiane

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Nota da Autora
Anjo e Demônio, Romance que escrevi durante o ano e que me rendeu muitas críticas porque foi uma releitura de Romeu e
Julieta com um final chocante, tinha vários personagens secundários que chamaram a atenção e que guardei para criar suas próprias
histórias. O principal deles é Lucas, um garoto levado a cometer assassinado pela máfia. Estou esperando o momento certo para contar
a história de Lucas, mas outros personagens pediram chamado. Em Anjo e Demônio, Victor lembra das “cadelas de Pierre”, garotas
abusadas que serviam como cortesãs. Esse livro narra a história de uma delas.

Josiane Biancon da Veiga

Novembro 2019
Capítulo Um
Cristiane

Dez anos.

Flora não era bonita. Seu aspecto jamais fora belo, mas com o tempo, pareceu piorar. Lembro-
me da primeira vez que a vi: uma boneca de cabelos loiros quebradiços e manchas na borracha de
sua pele, deitada sobre um monte de entulhos em um lixão na Ilha das Flores.

Parecia lírico conhecer sua única amiga assim. Com meus dez anos de idade, eu não percebia
que Flora era apenas um objeto descartável e que a Ilha das Flores devia se chamar Ilha do Inferno,
tamanho o desprezo e descuidado das autoridades com aquele lugar.

Tudo ali fedia a lixo. Toneladas chegavam dia e noite em caminhões carregados. Flora chegou
assim. E assim eu a peguei para mim. Eu a trouxe para meu coração. Carente de qualquer afeto, a
presença da boneca foi meu único alento.

Naquele triste bairro da periferia de Porto Alegre, eu descobri a primeira dor. E eu era apenas
mais uma das muitas crianças que perambulavam por lá, um número, não um indivíduo, a catar restos
de comida para viver, e a apanhar da mãe quando não achasse algo de valor para ela vender por
drogas, a sentir lágrimas brotando em meus olhos quando percebia que não haveria futuro.

Até que o dia chegou. O dia em que o lixo não trouxe nada, o dia que minha mãe não conseguiu
dinheiro, o dia que parecia apenas uma questão de tempo.

Tudo na vida era assim.

Num final de tarde, mamãe entrou no nosso barraco. Seus olhos estavam vidrados, havia o
desespero do crack exalando de seus poros. Encolhi-me num dos cantos, mas logo fui puxada em
direção à saída. Flora caiu de meus braços e eu percebi seu olhar morto a me vagar enquanto meus
passos me levavam para fora.

A última vez que vi Flora foi também a última vez que vi o barraco ou a Ilha das Flores.

Até então eu achava que aquilo era o inferno. Quão ingênua eu era...

Pegamos uma condução até o Centro Histórico. Paramos próximo da rodoviária e pegamos
outro ônibus. Minha mãe não falou comigo, mas eu sentia que havia algo a mais para aquela súbita
mudança de personalidade. Ela nunca me levava a lugar nenhum, eu praticamente não existia para
ela. Mas, agora, parecia ser sua única saída.

Enfim, o segundo ônibus nos deixou diante de uma mansão. Entramos com o aval de um guarda
que montava vigia na frente. Logo, estávamos diante de um homem grande e de olhar severo.

— Fique com ela — minha mãe indicou. — Tem dez anos, já é mulher. Pode servir aos seus
rapazes.

Minha sobrancelha arqueou diante da inspeção que o homem fez com o olhar.

— É muito nova. Eu teria que a alimentar por uns dois anos até ter alguma utilidade.

— Na idade dela, outras meninas já estão dando lá no bairro. Essa que é meio lerda, mas se
ensinar direito pode ser útil.

O homem pareceu pensar mais um pouco. Por fim, assentiu.

— Ok. Vou ficar com ela. — voltou-se a outro homem. — Dê a essa mulher o que ela quer.
Minha mãe se afastou. Sem nenhuma despedida. Sua necessidade por drogas me deixou
invisível aos seus olhos.

Foi assim que fui vendida. Dez anos de idade. Comercializada como um objeto. Uma troca
simples e sem expressão de palavras, e agora eu pertencia àquele homem. Eu ainda não alçava o
monstro que ele era, nem o quão terrível era a organização que comandava. Naquele instante, tudo
que eu via era a beleza do luxo, da limpeza, e a perspectiva de viver num lugar onde eu não cataria
comida no lixo. Esqueci-me de Flora. Ainda tenho lágrimas nos olhos quando lembro que jamais
voltei para resgatá-la.

— Em dois dias, matem-na — ele prosseguiu assim que a figura de minha mãe desapareceu. Eu
não expressei nada ao ouvir as ordens. Minha mãe nunca me amou, eu também não a amava. Seu
assassinato não significava nada. — Não quero que se arrependa e volte aqui para buscar a garota ou
que queira mais drogas do que o acordado. — disse a um dos outros homens. Depois, girou na minha
direção. — Sou Pierre — apresentou-se. — E você é uma bonequinha muito jeitosa. Vamos arrumar
esse cabelo e colocar roupas bonitas?

Eu sorri. Pierre parecia gentil.

Doze anos.

Até meus doze anos, nenhum dos rapazes tocou em mim. Claro, me olhavam de uma forma
estranha, me deixavam um pouco constrangida, mas eu entendi desde o primeiro instante que Pierre
mantinha os Bianconi numa linha firme de regras imutáveis.

Apenas ele... Pierre... tinha autorização para se aproximar.

Afinal de contas, ele era o líder. Os Bianconi, aprendi com o tempo, comandavam boa parte do
tráfico da região Sul do país. Quase ao estilo da máfia italiana, eles pareciam cheios de regras de
honra, mas na verdade eram apenas desgraçados que arruinavam vidas.

Pierre gostava de me levar para o quarto e assistir filmes com cenas sexuais. Apertava-me
contra sua cama, esfregando em mim, mas não havia realmente uma penetração.

De início, isso me incomodava, me dava ânsia de vômito. Mas, com o tempo, eu aprendi a não
sentir. Simplesmente apagava aqueles momentos à noite da minha mente. E já que havia outras
garotas na casa, essa situação ocorria com pouca frequência.
Além de tudo, não havia mais busca de comida no lixo, ou o desprezo da minha mãe. Eu era
anexada as festas, era alimentada, era tratada até com carinho pelas outras meninas, usava roupas
limpas e aprendi a ler e a escrever em aulas particulares.

A vida foi se tornando fácil.

Até que numa noite Pierre me levou para o quarto. Era seu aniversário e eu não imaginava que
tudo mudaria ali.

A dor do sexo foi mais emocional que física. Pierre até foi cuidadoso. Mas, eu era uma
criança. Eu pensava como criança, eu me sentia uma criança. E, uma parte de mim, sempre soube que
aquele ato havia sido mais que asqueroso, foi errado.

Mas eu não tive escolha. Eu era um objeto dos Bianconi, e como tal devia me portar.

Vinte anos.

Eu gostava de Victor. Não porque ele era o único dos rapazes que não tentava me levar para a
cama, mas porque ele odiava Gabriel, que era o ser humano mais desprezível que já pisou na terra.

— Solte ela — Victor ordenou, quando nos encontramos no corredor.

Gabriel vinha me puxando como se eu fosse uma boneca (Flora surgiu em minha mente. Nunca
a esqueci.), e o observou com desprezo.

— Soltar? Soltar por quê?

— Não é assim que se trata uma mulher.

— Ela não é uma mulher — Gabriel objetou. — Ela é uma das putas que a gente mete o pau.
Uma das cadelas Bianconi. Não sei porque você sempre sente tanta empatia...

Victor me puxou. Gabriel soltou-me imediatamente. Victor era mais velho e mais bem visto por
Pierre. O embate entre eles sempre pendia para o moreno.

— Ok — Gabriel murmurou. — Aproveite essa puta. Amanhã você não estará aqui para
protegê-la.

Victor voltaria para Esperança – uma cidade na qual ele controlava o ponto de drogas – na
manhã seguinte. Mas, eu aprendi a não conviver com o medo. A ameaça de Gabriel não me afligiu
porque não havia escapatória. Se ele ainda se lembrasse de mim no dia seguinte, ele iria me estuprar
de qualquer forma, então restava-me apenas a alegria de ter escapado de sua crueldade naquele dia.

Naquele dia Victor me salvou. Eu vivia apenas o momento.

Vinte e Um anos.

Pierre morreu. Victor e Lucas (outro Bianconi) o mataram. De quebra, ainda mandaram
Gabriel pro inferno. Contudo, havia más notícias: Victor também morreu. Uma pessoa boa pagou
caro para livrar o mundo de outras piores.

Enquanto a notícia corria entre os corredores da mansão, e os rapazes pareciam em conflito


sobre o que fazer a seguir, eu vi uma oportunidade. Naquele entrevero de ideias e pensamentos sobre
o futuro daquela organização criminosa, poucos dariam importância a uma vadia que foi embora.

Isso ou me matariam porque eu sabia demais.

Não sei. Não importava.

Pela primeira vez eu tinha a chance de fugir.

Enquanto vozes alvoroçadas ecoavam pela mansão, eu arrumei minhas poucas roupas em uma
sacola. De madrugada, entrei no escritório de Pierre e roubei um pouco de dinheiro que havia numa
das gavetas.

Encontrei-me com um dos rapazes no corredor, mas ele não me deu importância. Eu só era útil
na cama, só existia para satisfazê-los, fora desse contexto, era como se eu não existisse.

Então, na madrugada, sai da casa pulando o muro e percebi a rua deserta se abrindo para mim
como uma nova chance, uma nova oportunidade.

Enfim, livre.
Capítulo Dois

Max

Não sou um homem complicado. Sou apenas um homem que vive no campo, que caça no
inverno e pesca no verão. Claro, também trabalho. Eu não sou um preguiçoso de merda que vive
endividado e bebendo pelos bares de Esperança. Na verdade, eu tenho uma boa vida com minha
pequena propriedade rural herdada dos meus pais, onde mantenho uma quantidade significativa de
vacas leiteiras, e onde também faço minha vida como um artista não convencional, talhando
esculturas em madeira que são vendidas na Capital como recordações do Sul a turistas encantados
pelo frio e pela Serra.

E é assim. Eu sou esse cara. O cara que acorda cedo, que ajuda alguns peões com as vacas,
que fiscaliza a fabricação de queijo, que trabalha na madeira e depois tenta ter alguma vida social
com meus poucos amigos.

Até meus desejos são simples. Tudo que quero é uma mulher para amar e uma família para
proteger. Alguns pirralhos de pés descalços correndo pelo gramado num domingo de sol. Um
churrasco em família. Um Natal com árvore e uma ceia farta numa mesa com muitas pessoas.

Isso não é pedir demais, é? Não é como se eu implorasse pelo maldito sol e as estrelas. Eu só
quero ir dormir tendo uma companheira ao lado, sabendo que a vida tem algum significado.

É só o que eu quero.

Nesses meus trinta e poucos anos de vida, tive algumas oportunidades. Mas, acabou que não
rolou. Não foi culpa de ninguém, apenas não havia um sincronismo entre tais mulheres e eu. Afinal,
não posso culpar as garotas se uma vida no campo não é exatamente o sonho da maioria.

Meu telefone toca no bolso. Meu peito está nu, minha calça jeans está baixa e luvas de trabalho
protegem minhas mãos. Eu desliguei minha motosserra, colocando-a na serragem que cobria o chão,
em seguida, limpei o suor do meu pescoço.

— Alô?

— Max, sou eu, Leandro.

Há um monte de gritos no fundo e eu puxo meu telefone para mais perto do ouvido.

— Tudo certo?

— Você quer dizer, além de um bebê de seis meses de idade, querendo tudo a base de gritos?
— Leandro ri. — Porra, eu o amo, mas Marina e eu estamos esgotados. É melhor você estar
aproveitando a vida de solteiro por mim, ok?

Eu balancei minha cabeça, rindo. Leandro era meu amigo de infância. Estudamos juntos do
jardim ao ensino médio. Depois, ele foi para a faculdade de administração enquanto eu cursei
agronomia. Acabamos nos reencontrando quando ele voltou para Esperança. Agora, éramos vizinhos.
Ele comprou terras na divisa das minhas. Tinha uma granja. Encontrou uma mulher maravilhosa e fez
uma vida com ela.

— Você topa fazer alguma coisa de homem, como encher a cara na cidade? — pergunto, um
sorriso no rosto, sabendo que ele não tem tempo.

— Muito engraçado da sua parte — ele ironiza. — Sabe bem que Marina me mata se eu deixá-
la sozinha com o bebê. — Depois, pigarreou. — Marina queria saber se você quer vir jantar amanhã.
Ela está fazendo risoto.

Meu estômago já está roncando por causa da comida caseira de Marina.

— E eu posso recusar aquele prato cheio de queijo derretido que só Marina sabe como fazer
com maestria? — dou um longo suspiro. — Ah, cara. Fiquei morto de fome, agora.

— Vá para a cidade. O restaurante da sua tia está servindo uma excelente lasanha — ele riu.

Minha tia, dona de um pequeno restaurante em Esperança, costumava comprar lasanhas prontas
no supermercado e apenas aquecê-las no forno antes de servir aos clientes. Você quase podia sentir o
gosto do plástico no prato.

Mesmo assim, eu costumava frequentar seu estabelecimento porque me sentia constrangido em


ir a outro lugar deixar meu dinheiro, e tirar de titia a felicidade de ter seu próprio sustento depois de
anos e anos num casamento abusivo que quase a destruiu.

— Se você for para a cidade, pode pegar na agropecuária algumas sementes que encomendei
para a horta?

— Pode deixar.

Mais algumas palavras de despedida e desligamos.

Enquanto eu volto minha atenção para a madeira, a imagem de Leandro e Marina surge em
minha mente.

Cara... eu estaria mentindo se dissesse que não estava com ciúmes. Estive esperando toda a
minha maldita vida para encontrar uma mulher, uma esposa, e Leandro praticamente ganhou Marina
de mãos beijadas quando ela veio estudar em Esperança e eles se conheceram num bar.

Bastardo sortudo.

A vida às vezes sorria facilmente para alguns homens.


Capítulo Três

Cristiane

De alguma forma eu acabei aqui, vestindo um uniforme de poliéster, um rabo de cavalo e


batom rosa - parecendo nada como o meu antigo eu.

Eu precisava fugir.

Em Porto Alegre eu me vi, subitamente, na rodoviária, sem saber exatamente para onde ir.
Então lembrei-me de Esperança. O nome sugestivo era mais que isso. Foi lá que Victor – a única
pessoa a ser humana comigo até então – morava, e foi lá que Pierre e Gabriel morreram.

Eu precisava conhecer essa cidade. Então eu parti. Mais, eu fugi. Desesperadamente.

Embarquei no primeiro ônibus que saía de Porto Alegre e fui para Montenegro. De lá, outro
ônibus, diretamente para Esperança.
Agora, já faz mais de uma semana que estou aqui e respiro aliviada. Ninguém me encontrou ainda.
Talvez nem estejam procurando.

Uma sensação de deslumbramento me tomou de assalto. Pela primeira vez na minha vida
infeliz, eu tinha uma chance. Não precisava mais dormir com quem não queria, beber o que não
gostava, obrigar-me a vestir-me com roupas curtas, ou a ser tocada de forma vulgar. Eu deixei de ser
um objeto dos Bianconi para ser Cristiane, uma jovem simples que só queria um trabalho e uma vida
discreta.

E todo esse desejo me trouxe aqui, nessa pacata cidade da serra gaúcha, onde não há nada
além de pinheiros e caminhonetes. Peguei um quarto no único hotel disponível e, em um esforço para
aumentar minhas economias completamente reduzidas, entrei no não tão bem nomeado Restaurante
Noeli, onde havia uma vaga para garçonete.

Eu diria que tive sorte – mas não havia nada de sorte em terminar aqui. É uma história triste –
vendida pela mãe, criada por pessoas que me violaram de todas as formas. Aquele capítulo feio tinha
que ser arrancado da história da minha vida, e tudo começava em ganhar a vida de forma honesta.

Hoje é um novo dia. Um novo começo.

Quando fugi dos Bianconi, fui até um vendedor de documentos falsos que atendia na
Voluntários da Pátria, uma rua famosa de Porto Alegre. “Cristiane da Silva”, passei a me chamar.
Tinha um sobrenome. Comum. Simples. Mas, era algo. Com aquele documento, já em Esperança,
consegui a vaga por um contrato de trabalho. Eu precisava de uma carteira, mas Noeli, a dona,
percebeu que eu parecia estar reconstruindo minha vida e me deu tempo para que pudesse colocar
tudo em ordem e conseguir documentos como uma pessoa normal.

No restaurante, a dona me deu instruções. Ela parecia muito mais confusa do que quando a
conheci.
Meu uniforme é mais apertado do que eu escolheria, mas é tudo que ela tinha. Aparentemente, ela
quer contratar alguém há meses, mas diz que ninguém se mudou para cá à procura de emprego nos
últimos meses.

— Uma moça que veio estudar na Universidade foi morta de forma violenta — contou. —
Parece que ela se envolveu com um rapaz que traficava... muito triste.

Meu coração doeu. Por Victor e a menina por quem ele havia se apaixonado.

— Depois disso, as coisas ficaram um pouco atípicas por aqui. Teve mais mortes... Enfim,
todos achavam que Esperança era pacata e longe do horror dos grandes centros, mas aparentemente
tinha suas marcas também.

Noeli circulou pelo restaurante. Parecia nervosa. E não por conta da história de Victor.
— Tudo bem, Noeli? — Eu pergunto, amarrando o avental que ela me deu ao redor da minha
cintura.

— Oh, estou namorando — ela contou. — E faz muito tempo que não namoro — explicou. —
Gerson é um homem bom, e cuida de animais de rua... enfim... Eu era casada antes de conhecê-lo e
digamos que não foram os melhores anos da minha vida — abriu-se comigo. Fiquei feliz que o fez.
— Agora, quero reconstruir.

— Fico feliz por você — disse, sinceramente.

— Oh, eu também. Enfim, ele tem um canil de animais abandonados e parece que está
precisando de ajuda com os vira-latas... Eu realmente preciso...

— Eu posso cuidar das coisas por aqui — disse, rapidamente. — Sei que é meu primeiro dia,
mas eu sou boa em atender pessoas.

Nas festas dos Bianconi, eu não servia apenas de prostituta. Às vezes era cozinheira, às vezes
era garçonete. Pierre não gostava de desembolsar com empresas terceirizadas. Aliás, ele odiava
colocar dentro de casa pessoas que não confiava. Por isso, todos os afazeres eram feitos por suas
“meninas”.

— Isso, de verdade, é muito gentil. — Noeli comentou, seu sorriso foi iluminado. — Não
tenho muito movimento por aqui, a maioria dos clientes só vem pra beber cerveja ou comer pastel. O
pastel está pronto, você só precisa esquentar no micro-ondas. Caso alguém peça lasanha, é só tirar
do freezer e esquentar no forno.

— Ok.

— Bem, é isso, querida. Não precisa ter pressa em fazer nada, porque Esperança é o tipo de
lugar que anda devagar.

Eu faço uma tentativa de sorrir. Não posso perder a única opção de emprego nesta cidade.
Preciso recomeçar, preciso de uma estabilidade. Essa é agora minha única chance e não posso
desperdiçá-la.

Cozinhar. Limpar. Manter minha boca fechada.

Noeli tira o avental e pega uma jaqueta pendurada na cadeira ao lado do registro. Uma edição
de uma revista com um par de artistas estão na capa, segurando um bebê. Não sei quem são. Eu quase
nunca conseguia assistir televisão. Sempre um dos rapazes queria que eu o atendesse. Eu não tinha
realmente o conforto de um entretenimento.

Mordo meu lábio inferior. Estou nervosa. Ficar sozinha aqui me deixa assim.

— Voltarei em duas horas. Três, no máximo.

Minhas mãos tremem.

— Obrigada — engulo em seco, incerta. — A senhora acabou de confiar seu restaurante em


mim. Espero não decepcioná-la.

— Oh, querida. Quando eu sai do meu casamento infeliz estava falida, e Gerson, que na época
era gerente do banco, me deu um empréstimo para começar, sem nenhuma garantia. Muitas vezes,
tudo que as pessoas precisam é de um gesto de confiança. Sei que vai se sair bem.

— Obrigada — repito. — Caso ocorra uma emergência, como lhe encontro?

Noeli escreveu um número em um bloco de recibos e, em seguida, apontou para o telefone


antigo no balcão.

— Ligue se precisar de mim, deixei o número do meu sobrinho também, caso você não consiga
me encontrar.

Ela saiu pela porta da frente.


Olho em volta. O lugar está vazio, mas há um certo conforto naquela solidão. Não há ninguém a me
tocar, nem pessoas a me avassalar. Há apenas eu, e eu não me machuco.

Pego a revista. Leio a notícia de capa. O casal se conheceu na atual novela das oito. Ele era
casado naquele tempo. Abandonou a esposa para ficar com a atriz. Todos estavam felicitando o novo
par. Eu pensei na antiga esposa, e em como ela devia se sentir.

Devia doer...

O amor devia doer...

Uma das meninas, certa vez, se apaixonou. O nome dela era Mari, e ela acabou conquistada
por um dos rapazes que fazia a segurança da casa de Pierre.
O amor dela a levou a morte. Pierre nunca perdoava traição. E amar alguém era traição para
ele.

Graças a Deus, meu coração nunca foi despertado por ninguém.

Sorrio em direção ao pequeno bebê no colo da atriz. Aquela criança tinha sorte. Teria uma
família.
Desvio minha atenção da revista, olhando em volta do restaurante vazio, me sentindo perdida e muito
sozinha.

Sem dinheiro, sem lar, sem família. Correndo das pessoas que pensam que têm poder sobre
mim.

Eu não tenho ideia se vou acabar com um homem que me ama, um bebê em meus braços, uma
casa para chamar de lar. Uma parte de mim, de repente, despertou para esses sonhos, esses desejos.

Será que alguém tão marcada quanto uma “cadela Bianconi” teria a chance de receber amor?
Será que poderia amar?

Talvez eu nunca descobrisse.


Capítulo Quatro

Max

Troco a marcha da minha S10 enquanto o locutor da rádio noticia as últimas manchetes
gaúchas. A estrada corre em minha frente, no mesmo tempo que minha sobrancelha arqueia com uma
das notícias policiais.

Há vários meses, um líder do tráfico de drogas do Estado foi morto em nossa cidade.
Assassinado por um dos comparsas, o dono de um bar que eu, inocentemente, frequentava para beber
cerveja, às vezes.

Com o assassinato desse tal Pierre, a organização estava começando uma guerra entre
membros, cada qual tentando assumir o cargo vago de chefia. Muitos estavam morrendo naquele
embate, mas o que mais me enojou foi a informação que, para conseguir mais dinheiro e armas, eles
estavam vendendo meninas e mulheres que Pierre mantinha como amantes em sua casa.

Várias estavam sendo tiradas do país para serem escravas sexuais na Ásia.

O mundo era realmente uma coisa nojenta.

Levo a mão até o botão da rádio. Percorro as estações, parando em uma música de Ed Sheeran
que me deixa sentimental pra caralho.
Porra, estou ficando velho!

Logo chego a cidade. Entro no estacionamento do restaurante só para ver que o carro da minha
tia não está ali. Isso é estranho, porque aquele velho Monza sempre está parado no mesmo lugar,
todos os dias da semana.

As luzes do restaurante estão acesas, e a placa “aberto” está virada para fora. Assim, saio da
caminhonete.
Os sinos na porta da lanchonete tilintam quando eu entro e, só então, nesse momento, o meu mundo
para de girar por alguns segundos.

Quem quer que seja essa mulher, eu me conectei a ela imediatamente.

Cacete, eu sou a porra de um romântico, é isso? Eu me apaixonei a primeira vista por aquela
figura sentada em um banquinho, lendo uma revista, seu cabelo escuro puxado para trás, revelando
um rosto em forma de coração, seus lábios entreabertos e separados, seus olhos castanhos tão
grandes que parecem atraídos.

Que morena...

Ela me percebe. Ergue-se com um sorriso no rosto, e vejo que está usando um uniforme
apertado, pressionando os peitos enormes para o alto, a cintura estreita, acentuada pelo avental
amarrado.

Porra, meu pau está se contorcendo com a visão diante de mim, e eu quero saber tudo sobre
essa garota. O nome dela. De onde ela vem. Se ela acabou de cair da porra do céu porque eu juro que
ela parece um anjo.

— Sente-se onde quiser — ela disse, caminhando em minha direção com um cardápio, seus
quadris curvados, suas ancas feitas para carregar bebês – meus bebês! — , balançando conforme ela
se aproxima.

— Você é nova por aqui? — Eu pergunto. Ela está se aproximando e eu sei que é insano, mas
tudo que eu quero fazer é envolver meus braços em volta dela e beijar aqueles lábios deliciosos.

— Acabei de ser contratada.

Eu corro a mão sobre a minha barba rasa querendo mostrar contenção quando o que realmente
quero é baixar o zíper frontal de seu uniforme, expondo sua pele bronzeada em uma só tacada.
Contudo, em vez disso, eu vou em direção a uma mesa de canto.

— Você acabou de ser contratada e a dona a deixou cuidando do lugar sozinha?

Ela encolhe os ombros, me seguindo e estendendo o cardápio que eu conhecia como a palma
da mão.

— Ela teve uma emergência. Disse que voltará em algumas horas e estava confiante de que eu
poderia lidar com os poucos clientes que ela esperava.

Minhas sobrancelhas se estreitam.

— Emergência?

Ela deve ter notado minha preocupação porque logo acena com as mãos na frente, e eu vejo
que está segurando um bloco de notas para anotar meu pedido.

— Não é uma emergência terrível. O namorado dela precisa de ajuda com os cachorros que
ele cuida.

Meus ombros relaxam e eu balanço minha cabeça. Eu gostava de Gerson. Ele parecia um cara
legal.

— Oh, você a conhece? A senhora Noeli? Eu não sei quem é daqui e quem está só de
passagem.

Dou uma risada franca.

— Poucas pessoas estão só de passagem. Esperança não leva a lugar nenhum. É o fim do
mundo — murmuro. — E sim, eu a conheço. A conheço bem, na verdade.

Ela assentiu, o sorriso permanecendo em seu rosto.

— E como posso ajudá-lo?

Meu estômago está roncando e eu honestamente não quero uma merda de lasanha de micro-
ondas. O que eu realmente quero é ela, mas eu não acho que aquela morena esteja no cardápio.

— O que tem para hoje?


— Bom... Pastel e lasanha — ela parecia envergonhada. — Desculpe, o cardápio é bem...

— Fraco?

Seus olhos se arregalam e brilham.

— Eu ia dizer que o menu é bastante limitado.

Havia um tom de defesa em sua voz. Eu adorei.

— É a mesma coisa desde que abriu, há alguns anos.

— E você quer outra coisa?

Eu sorrio. Eu quero outra coisa. Eu a quero. Mas, ao invés de dobrá-la sobre a mesa e puxar
sua calcinha, eu apenas sorrio e digo:

— Tem mais opções?

Ela ignorou – propositalmente ou não – meu tom lascivo.

— Eu posso ver se há algo a mais na cozinha. Não tenho certeza, mas posso preparar algo
diferente, se desejar.

— Hum. Posso vê-la enquanto isso?

Ela inclina a cabeça para o lado, considerando. Céus, eu percebo a inocência. Ela não faz
ideia dos meus desejos ao responder:

— Perdão, mas nem sei seu nome, é meu primeiro dia no trabalho, e estou certa que a cozinha
não é o local para clientes.

— Eu só pensei que talvez você pudesse me fazer uma refeição caseira. Eu vejo o que tem lá e
então peço para você conforme os ingredientes que encontrarmos.

Seus olhos piscam, transparecendo as dúvidas.

— Meu nome é Max — acrescento. — E eu prometo não te denunciar a proprietária se você


fizer uma exceção para mim.

Então ela sorriu. Era a expressão mais fofa possível.


— Bem, Max, deixe-me ver o que posso fazer. Sem promessas, no entanto. A cozinha é muito
escassa.

— Eu sei.

— Você sabe?

Eu dou de ombros.

— A dona é minha tia.

Ela me olhou como se não acreditasse em mim.

— Você é o sobrinho de quem ela falou?

— Oh, Noeli falou de mim?

Ela caminha até o registro e pega um bloco de recibos.

— Qual é o número do seu telefone? — testou-me.

Eu recitei os números com um sorriso nos lábios. Sério, ela parecia uma ratinha assustada, mas
ao checar o número, pareceu aliviada e tranquila. Eu gostava de vê-la assim. A conhecia há poucos
minutos e já tinha lados daquela garota que me encantavam mais.

— Tudo bem — ela disse lentamente. — Eu acredito em você. — um pigarro exala de sua
garganta. Respira profundamente, seus seios se elevam, e eu fico boquiaberto. Céus, é muito encanto
numa só morena. — Eu sou Cristiane — se apresenta, oferecendo-me a mão.

Seus olhos encontram os meus e sem pensar pego sua mão macia e beijo-a, como se eu fosse
um cavalheiro, e não um homem que vive e trabalha no campo.

Ela sorri e leva a mão para trás.

— Eu sou um pouco desconfiada de tudo — explica. — Mas sua tia me disse para ligar para
você se precisasse de alguma coisa, então estou supondo que ela não se importaria se você viesse
para a cozinha comigo.

— E você me quer lá atrás, na cozinha com você?


Suas bochechas coram e ela passa a mão pela clavícula.

— Se você quiser.

Eu queria.
Capítulo Cinco

Cristiane

Não sabia exatamente o que estava acontecendo comigo, mas havia algo nesse homem que me
atraiu como um ímã. E isso era completamente incomum. Homens costumavam me dar aversão.

Contudo... Talvez fosse minha súbita liberdade... Tal sensação me fez mexer mais os quadris
enquanto andava até à cozinha, e a sorrir como se estivesse muito feliz.

Talvez... fosse real. Talvez eu realmente estivesse feliz. Não sabia. Nunca havia experimentado
a sensação.
Essa nova Cristiane é única, pois até então tudo que já senti por homens é medo e nojo.

Mas Max não é como os Bianconi. Ele é como Victor. Há algo em seu olhar que é franco,
direto e respeitador.
Seus olhos são gentis, ele tem uma barba castanha e um punhado de sardas nas maçãs do rosto. Isso
denota que ele passa o tempo no sol, na floresta bonita que nos rodeia e não em boates escuras
fazendo negócios obscuros.
Max é uma rajada de ar fresco. Não de um jeito fraco, mas como um vento calmo num dia de
calor insuportável.

Estou encantada... De um jeito que me faz querer fazer algo nessa cozinha simples e oferecer a
esse estranho um banquete. Eu quero fazer seu estômago cheio e seu coração feliz. Eu quero cuidar
dele; e não há razão para isso além de um desejo implacável de ter um homem que me faça sentir
segura.

— Vamos ver o que temos aqui — eu digo, abrindo a geladeira.

Ovos, leite, manteiga. Fechando a geladeira, também vejo algumas batatas na prateleira e as
adiciono à minha pilha mental crescente.

Óleo, sal, farinha, açúcar estão na despensa e, embora esteja empoeirado, não acredito que
estão estragados. Há temperos verdes também, num dos cantos, salsa e cebolinha. Tenho uma ideia.

A Ilha das Flores chega à minha mente. Eu já comi lixo e sobrevivi. Aquele homem grande
conseguiria comer uma comida um tanto vencida sem passar mal.

— Sua tia tem uma cozinha de restaurante um tanto atípica.

— Deus sabe que Noeli não sabe cozinhar — ele murmurou.

— Por que então ela tem um restaurante?

— Não faço ideia. Acho que ela não se sentia confortável em ter um bar, e esse lugar foi tudo
que sobrou de um divórcio difícil. Construir algo aqui pareceu o lógico.

Max se inclina contra o balcão, observando-me quebrar os ovos e batê-los. Depois, acrescento
a farinha, os temperos picados e despejo tudo na chapa. Logo o cheiro da omelete inunda o ambiente.

— Por que parece tão saborosa?

— A farinha dá liga — explico.

— Bom... — ele riu. — Ao menos você parece saber cozinhar.

— Eu sei — assenti. — Se tivesse mais coisas aqui, faria algum prato melhor, mas com isso, o
máximo que posso fazer é uma omelete. Mas, e você, Max? No que trabalha? — pergunto,
levantando os olhos para os dele enquanto eu derreto um pedaço de manteiga perto da omelete.

— Eu sou produtor rural. E também esculpido madeira com uma motosserra. Grandes
esculturas. Eu também caço e pesco, mas todo homem em Esperança faz isso.

Eu não esperava que ele me dissesse que é um artista, mas noto seus antebraços fortes, suas
mãos grandes, seus ombros largos, músculos esticando as costuras e posso imaginar a força que ele
deve fazer para usar uma motosserra.

— Isso é incrível — digo a ele. — Eu adoraria ver o seu trabalho.

— Bem, minha cabana é fácil de achar. Você segue reto uns cinco quilômetros pela estrada à
frente — indica com uma das mãos —, até encontrar um grande portão com uma placa escrito
“Fazenda do torto”.

— Do torto?

— Meu pai tinha uma deficiência na coluna — explicou. — Mas, nunca deixou que o apelido o
incomodasse e até o usou para nomear as terras que comprou.

— Impressionante. Devia ter sido um grande homem.

— O maior — ele concordou.

Enquanto mexia na omelete, imaginei qual devia ser a sensação de saber suas origens. Eu
jamais soube quem era meu pai, acredito que nem minha mãe soubesse disso. Jurei a mim mesma que
se um dia fosse mãe, meu filho conheceria quem o gerou.

— Uau! Que cheiro bom — Max dá um passo na minha direção e eu inalo, sentindo a presença
dele atrás de mim.

Perto de mim... Aquele homem, tão próximo me faz experimentar sensações novas, despertando
um desejo absoluto de arquear minhas costas levemente, colocando minha bunda em uma visão mais
proeminente. Eu posso querer isso, mas eu não tenho coragem de fazer tal coisa.
Eu já fui tão abusada... eu devia ter aversão à sexo.

Mas, caramba, passei muitas noites com as mãos entre as coxas, tentada a pressionar um dedo
dentro de mim, imaginando um homem de verdade levando-me para a cama, abrindo as pernas e
marcando-me como dele.
Um amor... Sempre sonhei com isso. É patético. Eu sou romântica.

E esse romantismo me fazia imaginar um príncipe encantado que surgiria na Mansão e me


salvaria de Pierre. Mas, isso nunca aconteceu.

Mordo o lábio inferior e olho para Max com um desejo que não é apenas real, mas também
palpável.

Eu quero ser amada, e talvez aquele encontro do acaso fosse algo que me desse uma chance.

Ele parecia um bom homem. Eu queria uma família. Como se flerta quando se não é uma
cadela Bianconi?

— Estou muito feliz por ter decidido vir à cidade almoçar.

Coloco a omelete no prato. Desligo a chapa, enquanto Max pega duas canecas de café.

Eu estou tão feliz. Nunca me senti assim, meu sorriso está transbordando do meu rosto.

— Açúcar? Leite?

Percebo o café. Ele está me convidando a dividir a omelete?

— Acúçar — digo a ele, maravilhada com o simples fato de que perguntou como eu gosto do
meu café.

Os rapazes na Mansão nunca se importaram com tal coisa. Na verdade, ninguém mais
questionava essas coisas.
Eu engulo, percebendo que esperei muito tempo para fugir.

Nós nos sentamos à mesa de canto e começamos a comer. Instalou-se um silêncio confortador.
Uma troca de olhares que parecia dizer muito.

— Então — uma coragem sobrenatural me toma —, você tem esposa? Namorada?

Ele pousa o café, nenhum traço de sorriso no rosto e meu coração para. Talvez eu tenha lido
tudo errado; talvez eu seja uma tola sem experiência no mundo real. Talvez Max tenha namorada ou
esposa em casa, e eu seja completamente descarada e idiota.

— Você acha que eu estaria olhando para você assim se eu tivesse uma mulher em casa?
Mal consigo emitir um som. Minha buceta de repente está molhada de desejo, subitamente
agitada.
Todavia, ouço um carro derrapar no estacionamento. Meus olhos saltam da boca de Max para a
janela.

Um carro preto que reconheço estaciona. Dois homens saem, jogando cigarros acesos no chão,
pisando neles enquanto caminham em direção à entrada.

— Oh meu Deus. Não deixe eles entrarem. — Eu estou de pé, correndo em direção à cozinha.

Max agarra meu braço.

— O que é isso? Quem são eles?

— Eles estão vindo atrás de mim. Por favor, deixe-me me esconder — imploro.

Enquanto corro para o banheiro, onde pretendo me trancar, os homens abrem a porta, captando
meus olhos.

Estou perdida.
Capítulo Seis
Max

— Cris, sua bela cadelinha, é melhor você aparecer. Não me faça ter que procurá-la. Você
sabe que eu não gosto de trabalho. Você sabe que mulheres cu doce me irritam. Ora, você me
conhece... Então, que tal surgir agora e eu não a punirei por ter escapado?

O homem que dizia isso adentrou o restaurante sem perceber - ou não se importar - que estou
aqui, diante dele.

Aquela situação era muito confusa, mas eu não era homem de deixar uma mulher desprotegida.
Ainda mais depois do olhar que ela me destinou. Era puro medo, pânico, sofrimento. Quem causava
aquilo a uma beleza tão frágil quanto Cristiane?

Outro homem surgiu atrás dele. Ambos pareciam irritados por estarem ali.

— Esse é um estabelecimento privado — disse. — É melhor vocês se virarem e sairem por


aquela porta — aviso aos dois homens, sem nenhum problema em me tornar conhecido por eles.

Talvez um ex-namorado abusador? Eu me lembro de ter intervido na relação de minha tia e seu
ex-marido várias vezes. Homens podiam ser assustadores quando queriam, mas nada como outro que
soubesse colocá-los no lugar.

— Ei, caipira — o primeiro me encarou com desprezo. — Fique na sua que o assunto não te
interessa. Ivan — o homem se vira para o outro cara — vá pegar aquela cadela de uma vez. Essa
cidade me dá ânsia de vômito.

— Não me faça repetir — rugi, meu peito arfando de raiva. — Esse é um local privado, e
convido os dois a se retirarem.

O tal Ivan nem pareceu me ouvir. Lentamente, ele gira em direção ao banheiro onde Cristiane
se trancou.

— Ei! — grito. — Nem pense em colocar um dedo nela! — Avanço, surpreendendo os dois.
Aparentemente eles não eram acostumados a alguém lhes recusando algo.

— Já disse pra não se meter — o outro cospe as palavras. — Ou você quer sofrer as
consequências?

As consequências que fossem para a puta que pariu. Agarrando Ivan pelos ombros quando ele
tenta passar por mim, desfiro um soco em seu rosto chocado. Ele imediatamente leva a mão ao rosto,
percebendo o sangue jorrando no nariz, seus olhos arregalados como se não acreditassem na
situação.
Ele vem para cima de mim depois disso. Mas, claramente, aqueles caras eram do tipo que mantinham
os músculos em academias. Não conheciam a vida de alguém que só tem braços fortes porque
precisa carregar troncos. Eu já brigava em bares desde os 14 anos, quando tomei minha primeira
cerveja. Para mim era natural enfiar outro soco no queixo do bastardo.

Logo o tal Ivan estava no chão.


Com um cara resolvido, eu me concentro no outro.

— Dê o fora daqui — ordeno. — E tire esse filho da puta daqui também.

Ele parece estudar a situação. Seu maxilar treme, mas seus olhos são frios e calculistas.

— Você vai sair dessa lanchonete, tirar o carro da cidade e nunca mais voltar, você me
entendeu? — Apesar do meu tom, não é uma pergunta, é uma afirmação.
Ele não se mexeu.

— Você entendeu? — retifico, o tom mais alto.

Ivan se ergue, mas não avança. Ele encara o companheiro e espera por ordens. O homem então
gira e sai da lanchonete.

Eu tranco a porta do restaurante, giro a placa para fechado. Depois, desligo as luzes e viro
para o banheiro. Nós não precisamos de mais interrupções.

Bato na porta.

— Você está bem? Você está segura agora, Cristiane. Eles foram embora.

— Você tem certeza? — Seu tom era desesperado.

— Tenho certeza, querida, abra a porta e deixe-me dar uma olhada em você.

A maçaneta girou. Cristiane abre a porta lentamente e recua até o canto perto da pia, tremendo.
Seus olhos estão vermelhos e sua respiração irregular. Seu peito arfa com cada respiração. Ela me
lembra Noeli nas noites em que me ligava desesperada depois do marido bater nela.

— Está tudo bem — eu digo, entrando no banheiro. — Está segura aqui, comigo.

Puxo-a em meus braços e ela não se afasta. Muito pelo contrário, Cristiane afunda no meu
peito como se eu fosse a única coisa certa que ela pode se firmar.

— Quem eram esses homens?

Ela balança a cabeça, o rosto enterrado na minha camisa de flanela.

— Não importa.

— Importa se eles querem te machucar.

— Por que você se interessa pelo que me machuca, Max? — Ela pergunta. — Eu sou apenas
uma garota que você acabou de conhecer.

Meus dentes ficam tensos e eu gostaria de poder arrastar aqueles filhos da puta de volta aqui,
esmagar seus crânios juntos até sangrarem pelo chão. Ninguém tem o direito de fazer uma mulher se
sentir como se ela não valesse a pena.

— Cristiane — Levanto o queixo com o dedo para que eu possa ver seus lindos olhos
castanhos. — Isso é loucura, mas uma parte de mim acha que já te conhece, só não consegue se
lembrar.

Ela balança a cabeça. Eu sei. Romantismo não é bem quisto nesses dias, mas fui sincero. Os
olhos dela estão trancados nos meus, e isso me faz pensar que ela quer acreditar. Quer se sentir como
eu me sinto.

— Eu sei que você está com medo, então talvez devêssemos levá-la de volta para onde quer
que você more, para que descanse.

Ela balança a cabeça novamente.

— Não, Max. Estou trabalhando. Eu tenho que ficar.

— Noeli entenderá. — Seu corpo está pressionado contra o meu, e eu sinto meu pau ficando
duro com essa mulher tão perfeita. — Cristiane, dois homens acabaram de invadir o restaurante
querendo levá-la para deus sabe onde. Você não está em condições de trabalhar.

Ela engole, considerando minhas palavras.

— Eles vão voltar — Assegura-me. — É só uma questão de tempo.

— Eles não estão aqui agora. — Eu olho para ela, sabendo que meu desejo está escrito
claramente em meu rosto. Eu tenho esperado toda a minha vida por uma mulher para tirar meu fôlego.
Eu não vou deixar ela ir tão fácil.

— Obrigada por fazê-los sair — ela me diz, com os olhos cheios de lágrimas. — Ninguém os
faz desistir; mas você fez, Max. Você os fez correr.

— Faria qualquer coisa por você.

— Você nem me conhece. — ela insiste.

Eu dou de ombros, segurando-a em meus braços.

— Isso importa? Você é uma mulher que precisa de um homem para protegê-la. Estou aqui e
disposto. Deixe-me ser isso para você.

— Max — ela diz baixinho, com a boca entreaberta. — Deixe-me agradecer por salvar-me.

Minhas mãos correm por suas costas, e então seguram seu bumbum. Cristiane estremece,
nossos olhares fixos um no outro.

— Como você quer me agradecer?

Eu pensei em um beijo. Mas, soube logo que ela não estava na mesma sintonia.

— Do único jeito que sei.

Ela puxa o zíper para baixo e meu pau fica duro.

Essa mulher está me dando mais do que um “muito obrigado”. Eu sei que é errado usar de sua
boa vontade, mas não consigo recusar.
Capítulo Sete
Cristiane

Baixei o zíper por dois motivos: O primeiro é que eu só sabia recompensar algo com sexo. Foi
como fui educada a fazer. Cada vez que algum dos rapazes me agradava de alguma forma, eu me
deixava mais disponível para servi-lo. Era um esquema que me enojava, mas que serviu para me
salvar em diversas ocasiões, como quando Gabriel aparecia e me queria, mas era interceptado por
outro dos homens. O segundo motivo era simples: Por mais que eu não estivesse afoita por sexo, e
que o ato em si sempre me enojasse, depois daquele susto, tudo que eu queria experimentar era a
sensação de estar viva. Com Max. A forma suave como ele falava comigo causou um turbilhão em
meu corpo e nas sensações estimuladas pela minha mente.

Era apenas um sonho idílico... Mas... Por um segundo... um curto segundo... Eu quis ser amada.

Obviamente, ele não sentia isso por mim, mas, eu podia fingir, não é? O que me custaria?

Com o zíper para baixo, meus seios estão expostos. Eu não usava sutiã, Pierre gostava de seios
mais caídos, então eu não tinha aquele tipo de roupa. Assim, deixei-me desfrutar desnuda pelos olhos
enigmáticos de Max.
— Bom Deus, mulher — Ele recuou, o que me deixou chocada.

— O quê?

Céus, eu não sabia como eram os homens fora da Mansão Bianconi. Oferecer-se assim era
repugnante?

Minha insegurança dançou pelo meu rosto. Quero me cobrir imediatamente. Mas, a forma como
sou encarada me manteve fixa e imóvel.
Max olha para mim como se quisesse me amar.

Eu não sou boa o suficiente para um homem assim. Venho de um lugar escuro, com pessoas que
me estupraram por mais de uma década, e Max merece uma mulher com um passado limpo. Ele é um
bom homem, e eu trago um passado terrível nas costas.

Ele merece coisa melhor...

Mas, só hoje, eu quero ser dele. Afinal, não vou deixar ele cuidar de mim por mais tempo do
que essa tarde.
Mas vou agradecer-lhe por me dar algumas horas de uma mulher normal, que escolhe um homem, e
não é subjugada por vários.

— Você é linda pra cacete, Cristiane. — Max balança a cabeça, seus olhos nos meus seios
grandes, o frio do banheiro fazendo meus mamilos ficarem eretos, duros e apertados.
Isso me dá uma emoção, ouvindo seus elogios. Eu nunca tive um homem que tão generosamente me
ofereceu algo além de sexo frio, estocadas brutas na minha vagina.

No entanto, diante de Max, não parece que estou sendo usada. Aqui, sinto que sou algo
precioso. A maneira como os olhos dele se agarram em mim é sedutora.

Ele me quer. Eu também o quero.

Deslizo a roupa até meus pés. Apenas de calcinha diante dele, eu me lembro dos jogos de
palavras que usava na mansão Bianconi. Eu precisava ser agradável para conseguir favores. Às
vezes, um sexo bem feito com algum dos caras me rendia absorventes ou remédios quando precisava.

— Você quer que eu tire isso, Max? — puxo a calcinha.

Ele recusa. Meus olhos se estreitam em confusão. Mas seu sorriso em seguida deixa-me leve.
— Não, querida, eu quero tirá-la de você.

Max fecha e tranca a porta do banheiro. O local é limpo e arrumado. Noeli pode não ser uma
boa cozinheira, mas ela certamente sabe como manter as coisas limpas. Eu encosto na pia, pensativa.
Já transei em muitos lugares, mas nunca num banheiro. Estranhamente, jamais estive mais ansiosa por
isso.

Max desabotoa a camisa de flanela e a joga no chão. Seus abdominais são uma escada e há
muitos degraus para contar. Ele tem a imagem de um coringa tatuado no peito, as linhas suaves
refletem sua personalidade; sua carne tatuada me excita ainda mais.

— Tem certeza de que você não tem uma mulher em casa? — Eu pergunto, não totalmente
acreditando que um homem como ele seria solteiro.

— Sim, certeza — Ele se abaixa para o chão, envolvendo as mãos em volta da minha cintura,
olhando para mim. Ele pode estar de joelhos, mas essa posição é tudo, menos fraca.

Max é poderoso. Um homem incomum. Único.

— Eu tenho esperado por uma mulher que eu quero por mais de uma noite.

Aquilo era uma declaração?

— Você tem altos padrões de qualidade?

Eu quase ri. Se ele tinha, eu com certeza era o esgoto desses padrões.

Max puxa minha calcinha e suas mãos correm sobre a minha bunda.

— Vamos apenas dizer que tenho interesse em me estabelecer.

Com isso, sua boca cobre minha buceta nua. Ele beija meu monte e percebo que ele nunca
beijou minha boca.

Ele deixa rastros de beijos no meu ponto mais sensível, e meus olhos se fecham, eu mordo meu
lábio inferior e tento não tremer sob seu toque.

É impossível. Eu soltei um gemido, sua língua correndo entre as dobras da minha buceta, seu
dedo roçando minha bunda, me puxando para mais perto dele. Eu corro minhas mãos pelo cabelo
dele, puxando as pontas enquanto sua língua mergulha na minha buceta, e eu gemo, percebendo que
minha umidade está cobrindo sua boca, mas ele não parece se importar.

Ele quer me provar; ele está me lambendo para cima e para baixo, e eu abro minhas coxas
levemente, enquanto seus dedos correm contra a minha fenda.

Pode parecer chocante que alguém tão violada quanto eu esteja disposta a oferecer-se a um
completo estranho. Mas isso parece tão certo.

Max fica de pé. Ele desabotoa sua calça jeans, seus olhos não deixando os meus por um único
segundo.
Eu esperei todo esse tempo por este exato momento.

Eu esperei por Max, nem mesmo sabendo disso.

Ele deixa cair suas calças, sua cueca, e tudo o que resta é seu pau enorme, tirando meu fôlego.

Tudo o que resta é minha buceta pingando.

Tudo o que resta é nós dois.

— Você está com medo, querida? — Ele pergunta, me puxando para perto.

— Não. Estou pronta.

Com isso, sua boca bate contra a minha. Nossos lábios se separam, minha língua se entrelaça
com a dele e nossos corpos revelam nossos desejos mais profundos.
Capítulo Oito
Max

Sua boca é tão doce. Eu a beijo, embalando-a em meus braços, e então a pressiono contra a
porta, minhas mãos rolando sobre seus seios.

Eles são tão redondos, grandes e feitos para serem tocados, sugados, fodidos. Eu quero
pressionar meu pau bem entre eles, sentindo sua textura envolvente.

— Eu quero você em mim — ela geme, sua buceta perfeita implorando pelo meu pau.

— Isso é bom — devolvo. — Porque querida, eu preciso estar em você.

Suas mãos acariciam meu eixo enquanto eu pego sua bunda cheia de curvas e a levanto do
chão, pressionando-a de costas para a porta, pronto para mergulhar meu pau sólido em sua buceta
apertada.

— Não me faça esperar — ela implora com uma urgência que me excita ainda mais.

— Eu não vou. Eu nunca vou fazer você esperar.

Minhas palavras são promessas que pretendo manter. Eu quero essa garota como minha, e
agora estou reivindicando ela. Marcando ela. Fodendo-a, claro, mas mais do que isso, estou
prometendo a mim mesmo ser dela. Somente dela.

Eu baixo seu corpo no meu pau e vejo seus olhos se fecharem, antecipando a sensação.

— Você é virgem? — Eu pergunto, de repente, desejando que tudo isso estivesse acontecendo
de outra maneira.

Se Cristiane está me oferecendo sua virgindade, eu não deveria estar com bolas profundas em
sua buceta apertada em um banheiro de lanchonete.

Eu deveria estar levando seu corpo perfeito sobre um colchão coberto de pétalas de rosa. Eu
deveria estar massageando ela com óleo da cabeça aos pés, realmente aproveitando cada instante. Eu
sei o tamanho do meu pau, e se a buceta dela for intocada, então eu sei que vou machucá-la.

— Não, Max — ela diz suavemente, e sua voz está embargada por algo que não sei definir.

— Eu não quero te machucar, querida — digo de novo.

Ela é tão jovem... Já tem uma vida sexual?

— Você é tão grande, Max. — ela elogia. — Me deixe senti-lo...

É tarde demais para desistir agora. Meu pau está enterrado nela; sua buceta apertada em volta
do meu eixo e ela balança um pouco acima de mim.
Com uma mão apertando sua bunda, abaixei minha boca para seus peitos e os chupei, meu pau
esticando com cada impulso em sua buceta molhada.

— Ah, mulher — rosno. — Você vai me fazer gozar tão rápido.

Ela sorri.

— Não pare, você me faz sentir tão bem, Max.

Ela balança acima de mim, aqueles peitos saltando e meus dedos roçam seu rabo, circulando
seu buraco enquanto eu a fodo com força.

— Oh, Deus — ela grita. — Max, eu estou em chamas. — Ela rola contra o meu pau, mais
forte, mais duro, mais difícil, não se afastando de ceder ao desejo de seu corpo.

— Você gosta disso, delícia?


— Eu amo isso — seus braços em volta do meu pescoço. Seus choramingos me fazem ficar
mais duro. — Oh, oh, oh, sim. — Ela vem contra mim, suas paredes da buceta apertando em volta do
meu pau enquanto ela goza loucamente.

Eu soco nela, entrando em sua buceta quente. Depois, termino, enchendo-a tanto que meu suco
desliza por suas pernas. E quando eu a coloco de volta, ela cambaleia, seus joelhos fracos.

— Porra, mulher, você é incrível. — Eu a puxo para perto de mim novamente, e bato na bunda
redonda de brincadeira. — Da próxima vez eu vou lamber sua bunda e você vai gozar na minha boca,
entendeu?

Ela está corada.

Eu vejo culpa em seus olhos, até uma certa vergonha. A trago novamente para meus braços,
beijando suas madeixas escuras.

— Jamais pense que o que acabamos de compartilhar foi errado ou estranho. Não importa se
acabamos de nos conhecermos ou se crescemos juntos. O que acabamos de viver foi mágico e lindo.
Eu sinto isso, você não?

Ela pisca lentamente, um sorriso espalhado em seus lábios. Enfim, estou aliviado. Ela está bem
fodida, com sua bucetinha satisfeita.

Eu quero fazer isso com Cristiane todo maldito dia.

De repente, um barulho no restaurante. Por alguns segundos, congelamos no lugar.

— Olá? Cristiane?

Porra. É minha tia.

— Meu Deus... — Cristiane pega sua calcinha, seu vestido. — Céus... O que ela vai pensar?

Eu sorrio. Na verdade, não me importo. Se Noeli quiser, pode demiti-la. Vou levar essa mulher
pra casa e me casar com ela até o mês se findar.

Ela puxa o zíper do vestido e, quando seus olhos encontram os meus, parece triste. Aquela
mudança de reação me deixa incomodado.
— O que foi?

— Max, foi incrível, obrigada. Mas, você não sabe nada sobre mim...

Eu franzo a testa, abotoando minha calça jeans.

— E daí? Estou disposto a descobrir tudo.

Ela lava as mãos e depois alcança a porta.

— Espere... Eu não quero que você vá até lá antes de prometer que vai sair comigo essa noite.

Seus olhos estão sem brilho. O que diabos estava acontecendo? Não havíamos tido a mais
fantástica foda?

— Vamos logo. Não quero que Noeli pense que aconteceu alguma coisa aqui.

— Ela vai saber no momento em que nós dois sairmos desse banheiro.

Cristiane parece confusa e abre a porta.

— Por respeito a ela, tente não ser óbvio.

Cristiane some das minhas vistas. Escuto o som de seus saltos ecoando no piso de madeira.

— Cristiane? — Eu ouço minha tia chamá-la. — Por que o restaurante está fechado?

Eu saio do banheiro tentando aparentar tranquilidade.

— Ei, tia, Cristiane preparou meu almoço. Sabia que ela é uma ótima cozinheira?

A tentativa brusca de mudança de assunto não passou despercebida por Noeli.

— O que vocês dois estavam fazendo no banheiro? E por que você trancou as portas?

Minha tia cruza os braços, olhando entre Cristiane e eu.

Eu sei que meu rosto revela tudo porque em seguida ela joga os braços para o ar.

— Vocês dois estão brincando comigo?

Eu olho para Cristiane, que parece prestes a desmaiar. Seus olhos estão arregalados,
assustados, e eu odeio o fato de que a coloquei em uma posição de vulnerabilidade após o incidente
com aqueles dois bandidos.

— Não foi assim — intervenho. — Alguns caras apareceram, pareciam bandidos. Eu tive que
expulsá-los daqui. Cristiane ficou nervosa e eu estava com ela no banheiro tentando ajudá-la com
uma crise de vômito. Você sabe... Ela não é acostumada a lidar com covardes que às vezes aparecem
querendo amedrontar uma mulher.

Noeli piscou várias vezes. Depois, abriu a boca num perfeito “O”.

— Oh, meu Deus! Estou tão feliz porque você estava aqui, Max. O que ela teria feito se você
não estivesse aqui?

— Ele foi meu anjo da guarda. — Cristiane enfim abriu a boca.

— Oh, Max, você é um herói! Sua mãe teria tanto orgulho de você. Seu pai também. Você é um
homem incrível. Gerson está no carro. Você precisa ir a polícia fazer um boletim. Se são pessoas de
fora, podem ser bandidos. Lembra daquela onda de crimes que ocorreu há alguns meses? Até mesmo
aquela doce menina, a Francine, foi morta...

Encaro Cristiane. Eu percebo seu estado nervoso. Aparentemente, ela não quer que a história
se espalhe. Por quê?

— Eu não posso deixá-las aqui, sozinhas — tento recusar.

Mas Noeli não aceita minha recusa.

Eu respiro fundo.

— Está certo — digo por fim. — Volto em uma hora.


Capítulo Nove
Cristiane

O tempo está correndo. Do momento que Ivan e Bruno saíram do restaurante, minhas horas
passaram a serem contadas.

Suspirei. Não era tão ruim assim. Quando eles me matassem, ao menos eu teria um momento
único e verdadeiro para recordar. Ao menos uma vez me dei a um homem porque quis, e não porque
fui obrigada.

Os Bianconi arrancaram tudo de mim. Minha dignidade e minhas escolhas. Mas, aqueles
poucos minutos no banheiro, isso eles não tirariam.

Pela janela, vejo Max entrando em um carro velho com um homem desconhecido. Eu preciso
fugir antes que ele volte. Apesar do que me disse – e sim, eu acreditava verdadeiramente que ele
lutaria para me proteger se fosse preciso —, eu não sou sua responsabilidade. E o problema que me
segue não vai desaparecer.

Ele é um bom homem. Vai encontrar uma boa mulher e vai ter uma família feliz. Ele merece
isso. Sou boa em julgar as pessoas depois de ter que aprender a fazer isso na Mansão. E Max merece
tudo de bom. Max merece mais do que posso oferecer. Pode haver um milhão de homens horríveis
neste mundo - mas também há um homem bom e verdadeiro.

Pelos céus, ele até pensou que eu pudesse ser virgem.

O que diria se descobrisse que já tive mais homens no meio das minhas pernas do que pudesse
contar?

Sorri.

Por uma tarde, eu pude fantasiar sobre uma vida com ele, em sua fazenda. Uma vida onde eu
poderia cozinhar refeições para ele e deitar na sua cama à noite. Uma vida em que eu não estava
voltando para a organização que me arrasou como um tsunami.
Ah... como seria incrível ter uma vida onde fosse amada...

Eu engulo em seco e me viro para Noeli.

— A senhora pode me desculpar? Não me sinto bem, preciso ir embora.

Ela assentiu, piedosa.

— Claro, querida. Vá sim...

Pego minha bolsa e saio do restaurante. Em passos trôpegos ando em direção ao hotel. Pelo
que entendi do banheiro, Bruno está liderando uma facção dos Bianconi. A forma como Ivan o
respeitou denotou isso. E eu sabia o suficiente para compreender que ele não brinca em serviço.
Bruno não representa apenas uma ameaça. Ele é do tipo que executa. Rapidamente. E com precisão.
Max vai morrer. Vai morrer porque interviu. Mas, com a morte de Pierre, Bruno poderia deixar a
situação de lado se eu voltasse. Ele não vai querer chamar mais a atenção das autoridades.

Sim, é isso. Ele não vai arriscar a vida dos seus homens com um homicídio sem importância.

Chego ao hotel. É exatamente como eu esperava. O Hyundai preto está lá, à minha espera.

— Eu me rendo — digo a Ivan, levantando as mãos em derrota.

Ivan está encostado no carro. Ele me encara com raiva.

— Levei um soco por sua causa.

— Eu sei, me desculpe — murmuro. — Onde está Bruno?


— Ele já foi. Não queria ficar e destruir esse belo rosto — aproximou-se, tocando-me com a
ponta dos dedos. — Ele está muito irritado, mas você não é a única das nossas preocupações,
cadelinha.

— Posso pegar minhas coisas?

— Você não precisa da sua mala com roupas velhas. Na verdade, provavelmente nem de
roupas você vai precisar nos próximos dias.

Ivan envolve seu braço em volta de mim, não de maneira protetora, mas de um modo
possessivo. Ele me conduz ao carro. Eu me sinto morta.
Então eu viro minha cabeça, olhando o restaurante à distância, onde sua proprietária gentil e seu
sobrinho maravilhoso haviam em poucas horas mudado minha vida.

Eu podia não ter voltado para o hotel, mas voltei. Eu fiz a escolha certa. A escolha mais
difícil, mas a certa.
Nem todo mundo tem escolha na vida.
Quem sou eu para pensar que uma cadela Bianconi teria uma chance de ser feliz?

***

Eu senti o impacto do soco na minha face. Pareceu-me que meu cérebro dançou dentro do
crânio. Os olhos turvaram, e quase desmaiei.

Bruno nunca foi agressivo como Gabriel, mas eu sabia que havia provocando-o
demasiadamente quando fugi.

— Você acha que pode fugir da sua família? Quem diabos você pensa que é, Cris?

Meus olhos encontram o chão, odiando o jeito que ele me fez sentir. Pequena. Sem utilidade.
Insuficiente.
Ser uma cadela Bianconi é tudo que sou. É tudo que me fizeram acreditar que sou. Mas, a verdade é
que como qualquer animal preso, sempre ambicionei a liberdade.

— Você tem muita sorte de ser uma morena bonita e jovem. Tem alguns árabes que ficaram
muito interessados em você. Em alguns meses, será levada para a Turquia. Os Bianconi vão abrir um
bordel lá...
Permaneci em silêncio.

— Agora, vá tomar um banho e se trocar. Você cheira literalmente como uma cadela. E
“cadela” é apenas um apelido carinhoso — ele sorriu, deslizando os dedos na minha face que acabou
de machucar.

Não há nada de carinhoso nisso.

***

Bruno me deixou numa solitária como punição. Pouca comida e água racionada. Eu até gostei.
Não precisava servir aos homens, e podia ficar centrada nos meus próprios sonhos, mesmo que
jamais se concretizassem.

Os dias se transformaram em semanas. Meses.

E então, um dia eu acordei vomitando. E percebo que naquela cela escura não havia reparado
na falta dos meus últimos ciclos.

Apesar da pouca comida, minhas roupas estão justas.

Meus seios doem.

Eu sei o que significa. Eu vi isso acontecer várias vezes na Mansão.


Eu corro a mão sobre a minha barriga, percebendo que tudo o que eu compartilhei com Max não se
limitou a uma tarde.

Eu estou carregando seu filho.

***

— O que você quer dizer? Como isso é possível?

Bruno me observava por trás da antiga mesa de mogno de Pierre.

— Quando fugi, dormi com alguém.

— Sua puta — ele resmunga. Mas não parece acreditar em mim. — Você sempre recebeu
injeções anticoncepcionais. Elas perderiam o efeito logo quando fugiu?

— Eu não tenho a agenda de Pierre, mas acredito que quando fugi devia ter renovado a
injeção. — Encho-me de coragem. — De que valia terei, prenha? Ou me mandará abortar? A última
cadela que foi para a clínica morreu.

— Você bem que merecia ter o mesmo fim.

Apesar de tudo, ele não ergueu a voz, não gritou, não me bateu. Parecia apenas pensativo.

— Você abriu as pernas para um branco? Ou o cara era preto?

No que aquilo importava?

— Responda! — ele ergueu a voz pela primeira vez.

Eu pensei em mentir, mas me vi falando a verdade.

— Era branco.

Um sorriso. Nada até então me deu tanto medo.

— Um dos caras que está negociando as meninas na Turquia disse que um casal está a procura
de um bebê branco. E eles podem pagar muito por um fedelho.

O horror se espalha no meu íntimo, e eu seguro minha barriga de forma protetora, não querendo
que quaisquer pensamentos horríveis sejam absorvidos pelo meu bebê.

Meu filho teria o mesmo destino que eu? Também uma mercadoria de troca?

Quando aquele inferno teria fim?


Capítulo Dez
Max

As pessoas dizem que o amor à primeira vista não é real, bem, então esses idiotas nunca
tiveram uma mulher como Cristiane surgindo em sua vida, avassalando tudo em poucas horas, e
mudando completamente cada pedaço de você. E nem estou falando de desejo. Claro, a aparência
dela me excita, mas o que eu sinto por ela é mais profundo do que isso. Eu já vi muitas garotas
bonitas antes e elas nunca me deixaram nesse estado animalesco, que está me levando a protegê-la a
todo custo.

Eu preciso levar esta mulher para a minha cabana e mostrar a ela que vou cuidar dela pelo
resto de sua preciosa vida.

Meus pneus esmagam o cascalho no estacionamento e pulo para fora do carro, pronto para vê-
la novamente.
Gerson e Noeli estão discutindo, o que, verdade seja dita, não é exatamente a base da relação deles.
Eles se dão bem, estão dispostos a fazer qualquer coisa um pelo outro. Inferno, Noeli até se dispôs a
ir limpar bosta de cachorro na propriedade de Gerson.

— O que está acontecendo? — Eu pergunto, a porta batendo atrás de mim.

Examino a lanchonete. Não há sinal da musa dos meus olhos.


— Onde está Cristiane?

— O senhor Genaro, dono do hotel, esteve aqui agora a pouco e disse que ela fechou sua conta
e foi embora.

— Como assim? — Fico imediatamente na ofensiva. — Tia, sabe que havia dois caras
procurando por ela, certo?

— Por ela? Max, você disse que eles estavam aqui buscando briga, você não disse nada sobre
Cristiane.

— Porra — resmungo. Não sei bem o que dizer. — Quando ela foi embora? Eu estou fora só
há uma hora.

— Ela pediu para ir para seu quarto no hotel, achei que seria bom porque estava pálida. Meia
hora depois, Genaro veio beber um suco e me contou o que houve.

— Merda — pressiono o punho na palma da minha mão. — Isto é ruim. Esses caras
provavelmente voltaram.

— Ela os conhecia? — Noeli pergunta, com os olhos arregalados.

— Sim, os caras estavam procurando por ela, mas eu não sei porque. Tudo é confuso.

Gerson está sentado num dos cantos. Ele apenas absorve aquela história, até que tenta me
animar.

— Olha, Max — diz, pausadamente. — Acho que foi melhor assim. Aquela menina era
problema, não? Você acabou de conhecê-la...

— Não... você não entende — tento interrompê-lo.

— É melhor que tudo termine assim.

— Terminar? — estou tremendo de nervoso. — Cristiane e eu mal começamos.

***

Na noite seguinte, entro na casa de Leandro e Marina, exausto. Eu me sinto machucado porque
ela sequer tentou me mandar uma mensagem de texto. Cristiane sumiu de uma forma muito física,
como se sua presença houvesse sido apenas um sonho.

— Cara, você realmente está um caco — Leandro estende-me uma lata de cerveja.

Eu bebo um longo gole e sigo para a cozinha. Marina está tirando a forma do forno, uma salada
é jogada na pia. O bebê deles está numa daquelas cadeiras infantis que são altas e com suporte
frontal. Ele tem uma papa alaranjada na mesinha, parece creme de cenoura. Faço uma careta, ao
menos não sou mais uma criança que precisa comer essas gororobas.

— Olá, Max — Marina me cumprimenta, dando-me um abraço, a mão dela ainda usando uma
luva acolchoada que utilizou para pegar a forma quente.

Marina é uma mulher forte e determinada. E ela está vivendo sua vida ao máximo. Ano
passado ela conheceu Leandro e eles tiveram um romance relâmpago que lhes rendeu aquele fruto na
cadeira.

— Você parece exausto. — ela comenta.

— Essas últimas vinte e quatro horas tem sido um inferno particular.

— Leandro, amor, você pode me pegar um pouco de vinho branco? — pede ao marido. Depois
gira na minha direção. — Conte-me tudo.

Enquanto Marina arruma a mesa, e começamos a degustar sua janta, eu lhe conto exatamente o
que ela pediu: tudo. Eu tenho poucos amigos, mas Marina é a melhor deles. Eu confio nela e abro
meu coração. Não omito nem mesmo o sexo, dizendo que é algo que não costumo fazer com quem
acabei de conhecer. Mas, retifico o quanto Cristiane foi importante pra mim.

Se alguém era capaz de me entender, essa pessoa é Marina.

— Você já a procurou no Facebook?

— Já. Tem mais de trinta mil Cristianes da Silva, e nenhuma delas é a minha. Busquei no
Google também. Não há nada. É como se ela nunca tivesse existido.

— Você entrou em contato com o departamento da polícia novamente?

— Genaro disse que ela entrou no carro do homem por livre e espontânea vontade, então a
polícia não pode se envolver, pois não somos nada nem ninguém para buscar por ela. Afinal de
contas, ela nem mesmo mora em Esperança, e é maior de idade...

— Eles não estão errados — Marina aponta.

Eu sei disso.

Depois, comemos em silêncio, minha história criou um clima sombrio.

— Obrigado por me receber hoje à noite. Eu sei que vocês estão muito ocupados com o bebê,
mas eu sentia falta da sua comida, Marina.

— Parece que Cristiane também sabe cozinhar — Marina me dá uma piscadela, e Leandro
gargalha.

Mas, de mim, tudo que resta é um sorriso triste.

— Oh, não quis magoá-lo, Max. Quero conhecer essa mulher que tão facilmente atraiu um
homem como você. Ela deve ter sido muito especial.

— Não importa agora. — Admito, passando a mão pela minha barba. — Ela se foi. Ela
decidiu ir. E a verdade é que ela não queria que eu a encontrasse. Se quisesse, teria deixado uma
pista, um número, um nome. Qualquer coisa.

Marina estendeu a mão pela mesa e segurou a minha.

— Não fale como um derrotado. E sabe? Quando Deus escreve uma história, não há ninguém
nesse mundo que possa interferir. Apenas espere. Quando ela estiver pronta, ela voltará.
Capítulo Onze
Cristiane

Os meses foram passando lentamente, conforme meu desespero aumentava. A barriga também
crescia a olhos vistos, e a proximidade do parto e da separação com aquela pequena criatura que eu
sentia no ventre me fez perceber que eu precisava fugir novamente.

Pierre era um filho da puta, mas isso ele jamais fez. É verdade que ele abusou de mim e de
outras, mas quando uma menina engravidava, ele mandava tirar o bebê. Por si só esse ato é terrível,
mas nem se compara a deixar um bebê crescer numa barriga e depois arrancá-lo dos braços da mãe,
para vender no mercado negro da Europa.

De alguma maneira, Bruno era pior que Pierre. Os Bianconi certamente cairiam num nível mais
baixo que jamais se viu.

Planejar uma fuga não é tarefa fácil. Quando fugi pela primeira vez, aproveite-me do
desencontro e do torpor causado pela morte de Pierre e usei do fato de ser jovem e saudável para
escapar, mas agora eu me via com uma barriga enorme, exausta e sem forças.
Mas eu preciso lutar. Aquele bebê tinha que ter uma chance. E eu precisava da ajuda de Max. Eu sei
que só tive uma única experiência com ele, mas me centrava no fato de que aquelas poucas horas me
mostraram um homem bom.
Eu estou apostando em sua generosidade agora.

Na verdade, é tudo o que tenho. Talvez eu esteja me agarrando a uma fantasia; procurando por
algo que nunca existiu.

Mas sei que Max teria lutado até o fim por mim naquele dia. Quando saí de Esperança, só
pensava na segurança dele. Eu não sabia que estava carregando seu filho ou filha. Mas agora eu sei.
E com certeza não posso entrar em trabalho de parto aqui. Se eu o fizer, eu vou perder meu filho.

Quanto maior eu ficava, mais os homens me deixavam em paz, mas eu sei que era vigiada.
Mesmo assim, eu consegui, novamente, dinheiro. Não muito, mas duzentos e oito reais escondidos
numa gaveta, trazidos por um traficante menor que agia perto da Voluntários.

Duzentos e oito reais... tudo o que tenho no mundo. Não posso me arriscar a arrumar nenhuma
roupa, quaisquer preparativos para a noite só colocam um alvo nas minhas costas.

Em vez disso, eu uso duas blusas na cama, e uma calça legging por baixo do pijama.

Quando o movimento parece diminuir, me levanto e ando lentamente pelos corredores.


Encontro um dos vigias da casa, e comento algo sobre um copo de leite. Ele acena. Não importo para
ele.

A cozinha está vazia. Demoro um pouco para tomar coragem de tirar as chaves roubadas da
porta do bolso da calça do pijama de algodão. Será que o homem virá atrás de mim confirmar que
realmente vou beber leite?

Não vem.

Meu coração dispara enquanto destranco a porta.

O vento frio da noite me toca. Em passos lentos, eu começo a caminhar. Logo sinto o gramado
por baixo dos meus pés calçados por uma pantufa de couro.

Chego no muro. Eu não posso escalar, não daquele tamanho. Meu coração bate tão forte que
sinto que me machuca.

Eu acredito em Deus. Mesmo se não acreditasse, me converteria no instante que meus olhos
veem uma escada perto do concreto. Provavelmente eles estão arrumando o muro, colocando cacos
de vidro na parte superior para dificultar a entrada da polícia. Mesmo assim, eu preciso arriscar.
Subo as escadas. Percebo que perto de uma amarração, tem uma parte sem vidro quebrado.
Desço, levo a escada até lá e subo novamente. Sento sobre o muro e olho para a rua. Eu só preciso
saltar. Só preciso acreditar que vai dar certo.

Fecho os olhos e pulo. Milagrosamente, caio de pé, e o peso não me derruba.

Estou livre.

Corro em direção à escuridão sem olhar para trás.

***

Quando o sol da manhã penetra meus olhos, eu corro os dedos entre minhas madeixas escuras,
determinada a ser positiva.

O ônibus se aproxima da pequena rodoviária de Esperança na mesma velocidade que todas as


minhas inseguranças tomam conta de mim.
Max vai lembrar de mim? Ele ficará feliz em me ver? Ele vai manter o bebê seguro?

Talvez ele sequer acredite que é dele. Uma única vez com uma completa desconhecida não é
algo que marque um homem.

Provavelmente, estou sozinha nessa. Serei a única que poderá proteger o bebê. Mas, sem
dinheiro e com uma enorme barriga, como farei?

Por todos esses meses tenho sonhado com o dia que irei rever aquele homem. Sua forma gentil
de me encarar... Imagino como reagirá ao que irei lhe contar.

Eu memorizei as instruções que ele me deu de como chegar em sua casa no dia que nos
conhecemos. Desço do ônibus e me aproximo da rua do restaurante que é perto.

O local está fechado. Olho a frente e percebo uma estrada que vai em direção ao horizonte.

Cinco quilômetros. Grávida. Minhas pernas doem, meus pés estão inchados. Tudo que busco é
uma placa. O que era mesmo? Sítio? Fazenda? Não recordo. Mas, sei de uma frase: “Do Torto”.

Provavelmente Max não vai gostar de me ver. Mas, a verdade é que não tenho mais para onde
ir.
Capítulo Doze
Max

Mais uma vez passei a noite sonhando com uma mulher que, a essa altura, acho que inventei na
minha cabeça. Já se passaram oito meses desde que eu vi o rosto em forma de coração, desde que
nós rimos sobre uma omelete, e eu estiquei sua buceta com meu pau.

Desde então minhas noites têm sido sucessões de auto carícias, lembrando sua buceta apertada,
o jeito que as mamas saltavam enquanto ela me montava. Eu ainda posso sentir seu gozo cremoso
quando lambi sua buceta completamente...

Droga, já fazem oito meses! É hora de seguir em frente.

Mas, que inferno!, mesmo que eu tenha buscado por outras nesse tempo, eu jamais deixei de
pensar nela e de querê-la.

Porque eu tinha muito a oferecer a Cristiane. Eu lhe daria um lar. Eu seria seu marido.

Eu sei o quanto isso pode parecer desajustado, mas nunca uma mulher mexeu tanto comigo e
com meus instintos. Eu a vi e no mesmo instante soube que seria para sempre.

Fecho meus olhos. O dia está amanhecendo e eu preciso levantar para ajudar os peões a tirar
leite das vacas. Mas, minha mente ainda me traz Cristiane.
Ela me montando... Gemendo, sussurrando meu nome...

Eu envolvo minhas mãos em torno do meu pau dolorido, bombeando duro, vindo rapidamente.
Meus pensamentos se encheram dela. Somente ela. Quando eu chego, há uma batida na minha porta.

Que porra é essa? Eu olho para o meu celular no criado-mudo, não são nem seis horas.

Eu saio da cama e pego um par de jeans.

Eu moro em uma casa de alvenaria perto do lago onde crio peixes. O lugar não é luxuoso, mas
é bem espaçoso. Tem três quartos, dois banheiros, uma cozinha moderna, uma lavanderia e uma sala
com lareira para o terrível inverno gaúcho.

Cruzo o corredor largo, caminhando até a porta da frente, olho para a lareira, pensando que
deveria acender uma fogueira e aquecer esse lugar, sempre preferindo o calor da madeira queimada
ao ar seco do climatizador.

Abro a porta e me esqueço de respirar.

Cristiane está aqui.

Seu rosto denota exaustão, seus olhos procurando os meus e sua barriga redonda.

Muito redonda.

Tipo, redonda de quem está grávida.

Grávida do tempo de dar à luz.

Respiro fundo.

PUTA QUE PARIU, GRÁVIDA DE UNS OITO MESES, FÁCIL! TEMPO EXATO QUE NÃO
A VEJO.

— Cristiane? — Eu puxo a porta aberta, querendo puxá-la em meus braços, o que eu sei que eu
não deveria querer - não depois que ela foi embora sem sequer uma despedida.

Mas ela voltou. Ela está aqui.


Aparentemente congelada no lugar.
Uma única lágrima escorreu pela bochecha feminina.
— Você está bem? — Eu pergunto, sabendo que ela não está.

Ela está grávida. Muito grávida. Já disse isso? Olhando para trás, procuro por um carro no
terreno. Mas não há nada. Como ela chegou aqui?

— Você está sozinha?

Ela acena com a cabeça.

— Sim.

Tomando sua mão, eu a puxo para dentro, precisando entender exatamente o que a trouxe aqui.

A mão dela está fria. Eu tento imaginar essa coisa doce, tão incrivelmente grávida, andando
sozinha pela estrada.

— Como você veio? São cinco quilômetros da cidade. E você sabe... Está...

— Grávida? — ela murmurou. — Pois é, eu reparei — sorri. É um sorriso lindo. — Eu vim a


pé.

— Por que não foi até o restaurante e pediu que minha tia a trouxesse?

— Não queria que mais ninguém soubesse que eu estou aqui.

Havia desespero no seu semblante. O dia estava frio, apesar de já ser setembro.

— Cristiane, você tem que se aquecer.

Ela balança a cabeça, os olhos cheios de lágrimas. Pressiono meu polegar sobre os seus olhos
e os enxugo, odiando vê-la chateada, querendo entender sua história.

Levo-a até o sofá, colocando a manta em suas pernas. Depois puxo o controle do climatizador,
tentando deixar o local mais aconchegante.

— Por que você me deixou, meses atrás? — Pergunto.

Mas, o que realmente queria saber era se o bebê que esperava é meu. Contudo, tinha medo de
indagar tal coisa. Temia ofendê-la. Cacete! Nem sabia o tipo de mulher que ela era.

Foda-se isso, também!


Não importa se é meu sangue ou não, o bebê é meu, está decidido!

Ela pressiona os lábios, o cabelo solto em volta dos ombros e o queixo trêmulo.

— Você tem um banheiro que eu poderia usar? Eu gostaria de lavar o rosto.

Meu queixo está tenso.

— O banheiro é naquela porta.

Ela funga, mas vira-se para o banheiro. Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo. Que diabos?
Essa foi a última coisa que eu esperava.
Claramente, ela está uma bagunça, desesperada e assustada. Se eu quero que ela se abra e explique o
que aconteceu depois que me deixou, preciso ajudá-la a relaxar. Andando até a lareira, adiciono
alguns troncos, adiciono alguns gravetos e acendo um fósforo.

O fogo começa a rugir rapidamente e eu vou para a cozinha para encher a chaleira. Garotas
gostam de chá, certo? Ou talvez café? Eu faço ambos. Coloco a chaleira em cima do fogão à lenha e
me volto para outro móvel. Vasculhando meu armário, procuro comida decente para uma mulher
grávida que está claramente sem se alimentar não sei há quanto tempo.

Frito ovos, pego os pães amanhecidos e coloco na torradeira. Tenho bacon, mas não sei se ela
come. Assim, apenas adiciono queijo na omelete e coloco junto as torradas.

Assim que a chaleira começa a assobiar, Cristiane sai do banheiro. Ela não está mais
chorando, já é alguma coisa. Mas, no momento em que eu lhe ofereço algo para beber, uma nova
inundação de lágrimas escapa.

— O que aconteceu? Você precisa se sentar, comer... e então contar sua história.

Foi uma exigência, mas ela não recuou. Cristiane balança a cabeça e desabotoa o casaco.
Depois de tirá-lo, ela o coloca na parte de trás da cadeira e senta-se à mesa.

Sua barriga redonda atiça meu pau duro instantaneamente, e eu me inclino contra o balcão para
esconder como estou fodidamente excitado.

— Café? Chá?

— Café — diz ela.


Eu sorrio. No restaurante, oito meses antes, ela também pediu café. Parece mais uma prova de
que ela está de volta. Cristiane é minha.

Eu lhe entrego uma xícara e sirvo uma para mim também. Nós nos sentamos em frente um do
outro, e eu a vejo lutando com algo em sua mente.
Finalmente ela fala, e mentalmente prometo manter minha boca fechada até que ela termine.

— Eu vou te contar tudo, mas espero que tenha ao menos simpatia pelo que passei, e não passe
a me tratar como uma prostituta barata por causa das minhas palavras.

Fiquei lívido, incapaz de dizer qualquer coisa.

— Bom, naquele dia, no restaurante, os homens que estiveram lá chamavam-se Ivan e Bruno.
Eles pertencem a uma organização criminosa conhecida como Família Bianconi.

Família Bianconi? Por que esse nome não me era estranho?

— O homem que você derrubou se chama Ivan. O outro, o mais frio, é Bruno. Ele assumiu um
dos fragmentos da organização quando Pierre foi assassinado. Pierre morreu aqui, nessa cidade,
numa casa abandonada, junto com a moça, Francine, e Victor, que tinha um bar aqui.

Só então eu me recordo dos fatos.

— Victor era um bom rapaz. Ele e eu entramos nessa porque não tivemos escolha. Mas, ele
morreu...

— Como você entrou nessa? — a interrompi.

As mãos dela tremiam tanto que ao baixar a xícara na mesa, ela a derrubou. Não se desculpou,
contudo. Simplesmente, secou o café com um papel-toalha à mão e depois prosseguiu:

— Nasci em Porto Alegre. Cresci em meio a um lixão num lugar chamado Ilha das Flores. Eu
vivia num barraco com minha mãe que era usuária de drogas. Quando eu tinha dez anos ela me
vendeu para os Bianconi por drogas.

— Vendeu?

— Para eu ser uma boneca sexual. Eles chamam de “cadelas”. Era isso, eu era uma cadela. Eu
era escravizada para fazer sexo e atender os rapazes nas festas da organização. Foi muito difícil, eu
odiava isso, mas quando Pierre morreu, eu vi uma chance de fugir. Assim, vim parar em Esperança, e
sua tia me ofereceu emprego. Aceitei, pensando que jamais me encontrariam. Mas, eu fui muito
idiota. É claro que encontrariam...

Eu quase engasgo com o meu café. Aquilo era absurdamente terrível. Era doentio. Eu queria
matar aqueles homens.

— Voltei para Porto Alegre com Ivan porque pensei que não valia o risco. Você é um homem
bom, e eu sou só... uma coisa...

— Não é verdade — afirmo.

— Isso não importa agora. O que importa é que quando voltei, não imaginava que estava
grávida. E ao descobrir isso, Bruno...

— Ele quis que você tirasse?

— Oh, não... Ele quer o bebê. Ele tem compradores na Europa.

Eu fico de pé, a raiva me percorrendo. Quem é esse filho da puta que acha que a vida de
Cristiane ou da criança tem um preço?

Ambos são inestimáveis. Eu sabia disso no momento em que a conheci. Eu sabia disso no
exato instante que vi sua barriga.

Ela treme tanto que me obrigo a cruzar a cozinha e abraçá-la. Céus, o quanto de horror aquela
mulher já passou?

— Cristiane, preciso perguntar algo, mas antes quero deixar claro que sua resposta não
importa para mim, porque eu vou cuidar de você e do bebê, eu prometo. Eles nunca vão colocar as
mãos nessa criança. Contudo, eu vou perguntar apenas uma vez, preciso saber... Mas, mesmo que a
resposta seja negativa, eu vou entender e...

— Você é o pai, Max — disse, de supetão. — Eu não era usada há semanas quando fugi e, ao
retornar, fui colocada em isolamento como punição. Não tenho dúvidas que é seu.

Meus olhos estão em Cristiane e juro por Deus que nunca vão vacilar.

Essa mulher grávida é o sonho de uma vida. Um presente enviado do céu só para mim.
Eu a puxo em meus braços e a beijo como sonhava há tanto tempo. Ela foi embora, com
certeza, mas ela voltou.
Cristiane é minha mulher e eu vou fazer dela minha esposa.

E os Bianconi que se atrevam a tentar tê-la de volta. Eles vão conhecer a força de um homem
do campo.
Capítulo Treze
Cristiane

Os lábios de Max pressionam contra os meus e suas mãos correrem pelas minhas costas, para
minha bunda.

— Oh, mulher — ele rosna no meu ouvido. — Você parece tão gostosa com sua barriga tão
redonda, seus peitos tão grandes.

Eu beijo seu pescoço, as lágrimas ainda molhadas nas minhas bochechas. Sou grata pela
gravidez não estar assustando-o. Na verdade é o oposto. Ele me quer. E quer o bebê. É como se
sempre estivesse à nossa espera.

— Eu queria isso todos os dias desde que sumi da sua vida — lamento. — Eu tenho sonhado
com suas mãos em mim. Sonhei com você fazendo amor comigo o dia todo e a noite toda.

Ao inalá-lo, sinto-me como se estivesse em casa — ele cheira a ar fresco e folhas


verdejantes. Ele também cheira a homem. Homem de verdade. Um homem que não está se afastando,
um homem que está me reivindicando.

Ele passa as mãos pelos meus mamilos duros, puxando-os através do meu suéter. Minha buceta
está tão molhada, tão carente, e eu pressiono minha mão contra sua virilha, e gemo com a dureza de
seu pênis. A lembrança do comprimento, da circunferência, ficou gravada em minha mente.

De nenhuma maneira poderia ter esquecido dele e eu odeio o fato de que ficamos separados
tanto tempo. Arruinei o que deveria ter sido um feliz oito meses de gestação. Céus, ele seria um pai
maravilhoso.

— Max — eu gemo. — Eu sinto muito. Não é justo que você não soubesse sobre a gravidez.

Max sorri, triste. Puxando meu rosto de volta para o dele, sussurra:

— Deixe-me beijar suas lágrimas, deixe-me fazer você feliz, agora.

Eu afundo em seus beijos, e ele me puxa pelo corredor para um quarto. A cama está desfeita e
sei que ele deve ter acabado de levantar quando bati à sua porta.

— Eu estava com tanto medo que você teria outra mulher aqui.

Ele bufa, levantando a barra do meu suéter.

— Nenhuma outra mulher, não que eu não tenha tentado. Mas, no fundo, estive esperando por
você.

Eu levanto minhas mãos, e ele tira o suéter, jogando-o de lado. Max solta meu sutiã por trás e
meus seios muito maiores do que os da última vez caem diante dos seus olhos.

Ele leva um à boca, lambendo suavemente meu mamilo, em um círculo, não apressando.
Depois, rola meus seios em suas mãos, me beijando com força, sua língua enchendo minha boca,
penetrando em cada parte de mim. Minha boca se alarga, partindo para ele. Quando ele se afasta, o
olhar em seus olhos me diz que isso vai ficar mais quente, mais profundo, mais úmido e rápido.

Seus olhos tomam minha barriga nua e, por um momento, me sinto autoconsciente, meu
estômago é enorme, com estrias brilhantes cruzando minha carne. Meu filho está crescendo a um
ritmo incrível, todos os dias eu acordo com ele se movendo, chutando e fazendo cambalhotas, e me
pergunto como será quando ele não estiver mais confinado ao meu útero. Como será quando ele
estiver em meus braços?

Olho para Max; ele caiu de joelhos e suas mãos correm sobre a minha pele.
— Cristiane, case comigo. — Ele beija minha barriga, e eu engulo meus soluços. Max é um
homem de verdade e sabe amar uma mulher.
Eu não o mereço.

Eu sei o que sou. Uma cadela. Sempre me sentirei suja, indigna de seu enorme coração.

Balanço minha cabeça, assustada.

— Como você pode me perguntar isso? Sabe o que sou... Uma mulher usada... uma...

— Eu sei o que você é. Uma pessoa que sofreu muito, mas mesmo assim tem um olhar gentil e
sincero. Eu sei o suficiente sobre você para querê-la para sempre.

— E quando essa paixão passar? E quando o fogo se abrandar? Eu sei que meu passado vai
pesar muito, Max. Você poderia acordar um dia e perceber que sou apenas uma coisa repugnante.
Você se sentiria preso. Eu não posso fazer isso com você. Como você pode se comprometer comigo
sabendo meu passado?

— Não é que não me importe com seu passado — ele diz, puxando-me para ele, arrastando
para baixo a minha leggings. Sua mão mergulha na minha frente, na minha buceta molhada e quente.
Seus dedos empurraram contra as minhas paredes, fazendo com que eu respirasse ofegante. —
Apenas, não a culpo por ele. E não sou um moleque para mudar de opinião ou ser levado apenas pelo
meu pênis. Eu falo sério, Cris... — Um gemido ofegante exala dos meus lábios. — Eu sei que você
gosta quando meus dedos tocam sua pele macia e inchada. Eu sei que você gosta quando eu os movo
para cima e para baixo, sobre você, no seu pequeno clitóris, enquanto sua buceta ensopa minha mão.
Eu sei que você tem sonhado em pegar meu pau entre seus lábios, imagina-me gozando em sua boca.

Ele passa os dedos por cima de mim, e meus joelhos ficam fracos, minha respiração curta e
quente. Meu corpo em chamas.

— Oh, meu Deus, eu vou gozar. — Meus dedos apertam seu ombro, minha buceta pulsando
enquanto ondas de prazer me cobrem. — Oh — eu choro, impressionada como suas palavras
mescladas aos seus toques conseguem me atiçar a um estado único.

Eu tento recuperar o fôlego, e faço isso, Max se curva, me pega e me leva para a cama.

Afundo nos travesseiros, sabendo que eu não poderia sentar se eu tentasse. De repente, a
exaustão me cobre. Passei tanto tempo sonhando com esse momento e agora está aqui. Ele puxa
minha calcinha, deixando minha buceta em plena vista. O olhar em seus olhos, sua fome, necessidade,
desejo - está tudo embrulhado em mim.

Eu me sinto poderosa, desejada.

Sinto-me dele.

Max aperta seus dedos profundamente dentro de mim novamente, como se me tocar desse jeito
seja sua coisa favorita no mundo.

— Você está pronta?

Eu aceno com a cabeça ofegante.

Max tira as calças, seu pênis enorme ereto e duro, apontando para cima, dizendo ao mundo
inteiro o que ele quer.

Eu.

— Vire de costas. — ele ordena.

Estou condenada.
Capítulo Catorze
Max

Eu sei que não vou subir em cima dessa mulher, não quando ela está no final de uma gravidez.
Então eu digo a ela para ficar de quatro. Claro, sua barriga está inchada, seus seios cheios, e não
quero provocar desconforto, mas quando ela faz o que ordeno, sua bunda só implora para ser fodida.

Ela morde o lábio inferior e vira a cabeça, os olhos erguidos, a bunda no ar, na beira da cama.

Eu acaricio meu eixo, dando um passo em direção à ela.

— Você quer meu pau em você? — pergunto.

Ela choraminga de prazer, meu pau moendo contra sua bunda.

— Sim, Max...

Eu quero sua buceta, mas eu também quero sua bunda.


Hoje, ainda não posso ter os dois.

Eu pressiono minha palma na parte de baixo de suas costas, guiando-a em todos os ângulos, e
esfrego meu pau ao longo de sua fenda molhada. Ela geme de prazer e eu alivio meu pau dentro dela.

— Oh, sim, oh, por favor — ela implora. — É tão bom, Max.

Eu fecho meus olhos. Seguro sua cintura, enchendo sua buceta doce com tudo o que tenho para
oferecer.
Ela está chegando rápido, e eu amo isso, amo que eu posso fazê-la gemer em êxtase em dois minutos.

— O que você esta fazendo comigo?

Antes que eu possa responder, ela está gemendo mais um pouco.

— Oh — ela chora, e suas mãos agarram os lençóis, seu corpo se acalma, sua vagina apertada
em torno de mim, seus gemidos diminuindo a um ronronar.

Puxando o cabelo dela até que esteja sentada de joelhos, meu pau permanece batendo nela, seu
longo cabelo em volta do meu punho. Em seu ouvido eu respiro ar quente, e ela está gemendo alto
novamente, enquanto eu bombeio com força contra sua bunda até que eu esteja pronto para gozar.

— Deixe-me provar você — ela disse, me parando antes que eu perca a minha carga. —
Deixe-me provar...

Em questão de segundos ela se solta de mim e se vira, então senta-se na beira da cama, com a
boca aberta, a intensidade em seu desejo me mantendo fodidamente duro.

— Tem certeza, Cristiane? — Eu teria pensado que chupar meu pau iria intimidar essa doce
mulher, mas ela não parecia nem um pouco temerosa.

— Tenho certeza — responde, sua boca já se alargando para me levar.

Seus lábios envolvem meu pau, sua língua rolando em círculos ao meu redor. Chupando-me
com força.
Não demora muito, a boca dela está tão apertada no meu pau que é claro que estou pronto para
explodir depois de alguns segundos.

— Eu vou gozar — digo a ela, passando minhas mãos pelos cabelos soltos, seus lindos peitos
balançando da mesma forma que o rosto dela.

Ela continua sugando enquanto eu encho sua boca com a meu gozo quente, ela engole, como se
tivesse nascido para me provar, para ser preenchida com a minha semente. Sua barriga e agora sua
boca.
Ela já tem meu coração. Ela só não sabe ainda.

Eu pedi a ela para se casar comigo e eu quis dizer isso.

Ela será minha esposa.

Empurrei contra ela; seus olhos estão pesados ​de desejo enquanto ela engole, e quando termino
ela me puxa dos lábios inchados, limpando a boca com as costas da mão.

Eu sorrio para esta obra de arte gloriosa. Cristiane, a mãe do meu filho.
Eu quero saber tudo sobre ela. Mais, eu quero descobrir lados dessa mulher que ela mesmo
desconhece.

Ela sorri suavemente, corando enquanto passa a mão sobre sua barriga nua.

— Você sabe o sexo do bebê?

Aquela mudança de assunto não pareceu a desconcertar.

— Bruno me levou ao médico uma vez, porque a família na Europa queria saber o sexo... É um
menino.

Eu sinto um soco no estômago, de repente mais ciente que serei pai. Contudo, tento afugentar as
lágrimas, erguendo-me da cama. Pego um roupão do gancho na minha porta, entregando para ela. É
fofo observá-la apertando sua cintura, bem debaixo daqueles seios perfeitos. Sua barriga é redonda
demais para ser coberta.

— Você gostou de saber? — Sua voz parece indecisa.

— Sim, amor...

Eu saio do quarto porque, de súbito, me dei conta de que agora aquele menino precisava ser
protegido a todo custo. Andei até meu celular na sala, e o busquei. Enquanto vestia um roupão,
disquei o número de Leandro.

— Preciso de um favor — disse a ele, tão logo atendeu.


— Um favor?

— É urgente. Precisa ir até a polícia de Esperança e pedir reforços da cidade vizinha. Os


Bianconi estiveram na cidade, e provavelmente voltarão.

Leandro pareceu assustado.

— Fala daquele grupo que esteve na cidade meses atrás e mataram aquela moça jovem? Eles
não foram mortos?

— O grupo é maior do que imaginamos. E estão de volta. Agora, atrás de mim.

— De você? Por que de você?

— Porque a mulher que amo serviu a eles, e eu a tenho comigo, nesse momento. Eles vão
querê-la de volta, e eu não vou entregar. Tenho armas em casa, mas vou precisar de reforços. Você
precisa ir na cidade rapidamente e falar com o delegado.

Leandro concordou.

Eu sabia que os Bianconi viriam, só não saberia dizer quanto tempo demorariam.
Capítulo Quinze
Cristiane

Não me senti renegada quando Max saiu do quarto. Ao contrário, eu via seu carinho
resplandecendo em seu olhar. Isso me aqueceu. Levantei-me da cama e vesti minhas roupas. Pensei
em tomar banho, mas precisava de roupas limpas e pensei em pedir a ele para ir buscar para mim na
cidade.

Estava cansada e precisava dormir. Mas, ao mesmo tempo, temia fazer exigências quando
havia acabado de jogar uma bomba sobre Max.

Respirei fundo.

De qualquer forma, ele ficou feliz pelo filho. Claro, ele merecia ter um filho de uma mulher
melhor, mas sua maneira de agir comigo deixou claro que me aceitava, apesar do meu passado. Ele
me tratou como vítima, foi a primeira pessoa a agir assim comigo.

A campainha soou pela casa. Instantaneamente, meu coração se agita em pânico. Meu corpo se
retesa. Fico desesperada. Bruno me achou.
É isso.

Eu tive um último momento com o homem que amava, e agora devia voltar para entregar o
bebê para os Bianconi vender, antes de ser morta por deserção.

Caminho até a sala, percebo Max observando a porta. Os olhos de Max se estreitam, ele deve
estar pensando a mesma coisa.

— Max, eu não quero que nada de ruim aconteça com você.

Os olhos de Max são selvagens, sua natureza relaxada instantaneamente transformada.

— Você é doida, mulher? Você e o bebê são a única coisa que importa. Eu não deixarei
ninguém te tocar. Entendido? — Ele rosna, andando pela casa, e lágrimas enchem meus olhos com a
intensidade que surgiu do nada.

Eu limpo meus olhos, atordoada.

— Cristiane, parece que ainda não entendeu o que quero dizer. Você é minha mulher. Eu vou
lutar por você. Agora e sempre.

A campainha toca novamente, e o olhar de Max é pesado em mim.

— Você entendeu, Cristiane?

Aceno com a cabeça. Nunca tive um homem lutando por mim. Isso parecia especial.

Meu bebê terá um pai zeloso. É mais que uma “cadela Bianconi” poderia sonhar.

— Além disso — Max se aproxima, beijando o topo da minha cabeça. — De jeito nenhum são
aqueles marginais.

— Não?

— Você acha que algum bandido vai tocar a campainha?

Eu mordo um soluço, que se transforma em uma risada, confortada pelo fato de que ele não
acha que eu deveria estar com medo.

— Lave o rosto, tire um momento para respirar. Minha amiga, Marina, viria essa manhã para
pegar uma peça personalizada que encomendou no mês passado.

A campainha toca pela quarta vez e agora está gritando.

— Seu merda! — ouço um grito feminino do outro lado da porta. — Eu sei que está em casa.
Sua caminhoneta está aqui na frente. Pare de se masturbar pensando naquela tal garçonete e abra a
porra da porta antes que meu bebê congele até a morte aqui.

Meus olhos se arregalam. Bebê?


Enquanto vou até o banheiro, cubro minha boca, ainda chocada com as palavras da mulher.
“Masturbando pela tal garçonete”...? Ele realmente pensava em mim o suficiente para contar aos
outros?

Talvez Max esteja completamente certo.

Talvez não seja um erro.

Talvez seja o destino.

Nosso destino.

Pela réstia da porta, observo o trio que entra. Um bebê gritando, uma mulher linda e um homem
sério.

Meu filho está se movendo, chutando minha bexiga e eu sento no banheiro, precisando fazer
xixi. Quando fico de pé, percebo algo no vaso e imediatamente lembro das palavras do médico sobre
o final da gravidez. Tem sangue e muco transparente. Balancei minha cabeça, não querendo acreditar
que o parto poderia estar acontecendo tão cedo.

Eu preciso de mais tempo. Além disso, minha bolsa precisaria se partir para o bebê vir (vi
isso nas novelas!). Eu não tive nenhuma contração. Estou bem.

Eu lavo minhas mãos, corro minha mão sobre minha barriga, me olhando no espelho, dizendo a
mim mesma que tudo vai ficar bem. Sei que tem mulheres que parecem gatas, sofrendo pouco na hora
do parto e tendo os filhos rapidamente. A prima de uma das “cadelas” certa vez sentiu a contração
num minuto, e no outro já estava em trabalho de parto.

Suspiro.
O banheiro do Max é limpo e arrumado. Sua casa inteira parece um lar pronto para mim. Culpa
se concentra no meu âmago. Max merece mais do que uma mulher usada como eu. E depois de alguns
encontros com ele - nem igualando um dia - ele pode realmente dizer que me ama? E eu? Quero casar
com ele?

No fundo do meu coração eu sei a minha resposta. Sei que quero ceder. Quero aceitá-lo como
meu.
Mas também sei que estou sobrecarregando Max com uma vida inteira de responsabilidades que ele
nunca pediu.

Eu seco minhas mãos na toalha, querendo que esse bebê fique até que todas as minhas
perguntas possam ser respondidas.

Indo para a sala de estar, sou saudada por um homem de cabelos escuros e barba; a mulher
com ele é minúscula, olhos grandes, cabelos loiros e um corpo curvo. Nos braços dela um bebê
agitado.

— Leandro e Marina — Max aponta para o par. — Meus amigos.

Eu ensaio um cumprimento constrangido.

— Ouvi dizer que você tem muita sorte, Cristiane — O homem sorriu. — Max nos contou
como você chegou hoje de manhã.

Eu engulo, nervosa com tantas pessoas. Correndo minha mão pela minha barriga, olho para
Max.

— Como podem ver, ela está grávida. O bebê é meu.

Minha boca se abre. Ele sequer pestanejou em declarar isso.

— Oh, nossos filhos vão crescer juntos. — Pelo tom, percebi que fui prontamente aceita por
Marina. — Esse rapazinho aqui se chama Marlon. E o seu? Já escolheu o nome?

Nunca pensei nisso. Nunca tive esperanças de que poderia lhe dar um nome.

— Você está bem? — Pergunta Marina. Quando eu aceno com a cabeça, ela continua: — Sabe,
no dia depois que vocês se conheceram, Max veio jantar na minha casa, e ele estava perdido.
Ela sorri, olhando entre Max e eu.

— Marina! — ele ralha.

— Você deve ser uma boa mulher por ter capturado o coração de Max tão rapidamente. Ele
pode parecer um pouco grosseiro, mas há algo de especial em um homem que cresceu cuidando de
vacas e lavrando no campo. A terra torna os homens fortes. É verdade que vão precisar aprender a
conviverem, mas , que Max está pronto para ser um pai de família, e parece que você também. — Ela
olha para a minha barriga, seu rosto brilhante. — É estranho se eu tocar sua barriga? Sei que
acabamos de nos conhecermos, mas...

Eu aceno, sem saber o que mais dizer. E nesse momento eu sinto que Marina e eu poderíamos
ser amigas. Talvez porque ela é tão genuína, gentil. A forma como ela toca meu ventre enche meus
olhos de lágrimas.
A mão de Marina ainda está na minha barriga, e a mão dela vira para o meu lado, seu semblante
parece preocupado.

— Tem alguma coisa errada? — Pergunta Max, detectando imediatamente a mudança em


Marina.

— Não, mas Cristiane, você foi ao médico? — Ela me pergunta.

Eu engulo, sentindo calor de repente.

— Sim, quero dizer, eu via regularmente um médico de família.

— E de quanto tempo você está?

— Oito meses.

— Marina, você está me deixando preocupado — Max comenta.

Marina se volta para ele.

Antes que ela possa dizer qualquer coisa, antes que alguém possa fazer qualquer pergunta, um
jorro de água se espalha pelo chão.
Capítulo Dezesseis
Max

Eu recuo meu choque. Percebo pelo olhar assustado de Cristiane que ela sente uma cólica
forte, suas mãos vão até a barriga, e a forma como se curvou no chão ensopado denotou seu susto.

Preciso levar minha mulher ao hospital.

Marina logo entra em ação enquanto Leandro e eu estamos paralisados. Cristiane parece
atordoada e assustada.

— Leandro, você precisa colocar o bebê no carro. E Max, você precisa colocar Cristiane no
outro carro. Temos que levá-la ao hospital.

Mas Cristiane começa a gritar:

— Não, não, eu não posso ir a lugar algum. Eu acho ... oh meu deus. Eu acho que... Ai meu
Deus.. — Ela pega minhas mãos e as aperta tanto que parece que vai esmagá-las.

— Ela está tendo contrações. Precisamos levá-la ao hospital. Agora! Leandro, chame a
ambulância.
— Eu não posso me mover... eu... — Ela está debruçada agora. — Max, eu estou com medo —
choraminga, abaixando-se no chão.

— Oh, não, querida — Marina, caindo de joelhos ao lado de Cristiane, parece um bálsamo. —
Se você se deitar, não tem como voltar atrás.

Cristiane está chorando e Leandro entrega alguns travesseiros para ela. Estamos na sala, e
Cristiane está no chão, com as mãos no estômago, como se isso pudesse impedir essa força natural de
se sobressair.

— Leandro — Marina grita. Amo o fato de que ela está ali para me ajudar. — Pegue a manta e
jogue na caminhoneta. Max, preciso que chame a ambulância e depois me traga algumas toalhas.
Panos frios.

Eu entro em ação, ligando para o SAMU. A telefonista me encaminha imediatamente para um


médico.

— Estamos a uma hora de distância — ele explica, e eu odeio o fato de que Esperança ainda é
tão pequena que não tem um hospital e sim apenas um ambulatório. — Eu recomendo levá-la até o
posto municipal.

Eu repasso a informação para Marina, que pega o telefone de mim.

— Tudo bem — ela diz a eles. — Eu já ajudei muitas vacas a parirem. Eu posso fazer isso.

MEU DEUS DO CÉU! ELA REALMENTE DISSE ISSO?

Marina fica no telefone por mais algum tempo e depois desliga, enquanto Cristiane arqueia as
costas, gritando ao máximo.

Leandro coloca Marlon numa manta no chão, dando a ele um chocalho. Depois, ele se volta
para mim, completamente apavorado. Nunca pensei que homens pudessem ser tão inúteis.

— Vou lavar as mãos e me preparar. Tragam panos e água quente. Mexam-se, idiotas!

Logo nós três estamos de volta à sala. Marina, observa a genitália de Cristiane, e depois me
encara. Ela parece avaliar a situação.

— Tem alguma coisa errada? — pergunto, minha frequência cardíaca aumentando


imediatamente.

— Não. Max, me dê sua mão.

Ela agarra, pressionando-a para abertura de Cristiane. O lençol recua e as pernas dela estão
abertas, mas não há nada de sexual nessa cena. É sublime. Um momento único. Minha mão está na
cabeça do meu filho... Meu filho está nascendo.

Não há como parar esse trabalho, Cristiane está tendo nosso bebê. Agora.

— Cristiane — eu digo, sabendo que ela precisa se acalmar e se concentrar, o choro vai
adicionar estresse a uma situação já precária. — Ouça, querida, estou aqui, bem com você. Você está
fazendo um trabalho incrível.

— Max — murmura, respirando pelo nariz enquanto a dor passa, como se uma nova contração
chegasse a qualquer momento. — Estou tão feliz que você esteja comigo.

— Eu também, Cristiane. Eu também.

Sinto-me, mais que nunca, conectado à ela.

— Eu preciso empurrar — Cristiane geme, agarrando a mão de Marina e apertando. — Agora.

— Boa menina — elogia Marina.

O parto não levou muito tempo. Talvez uma hora. Eu sabia que havia mulheres que sofriam por
dias, mas provavelmente o sexo apressou o nascimento e ajudou naquele momento. O fato é que, um
tempo depois, eu tenho meu filho nos braços.

Eu não posso engolir as lágrimas. Existem muitas. A alegria. Adoração completa e absoluta.
Meu filho.

Ele é perfeito, mãozinhas, pezinhos, olhos pequenos entreabertos, a boca minúscula, as


orelhinhas fofas, a barriga saliente... Eu nunca amei tanto alguém quanto naquele instante.

Entrego a ela o bebê, ainda amarrado a seu útero, e Leandro carrega almofadas nas suas costas
para ela encostar. Ela beija a cabeça do bebê, embalando-o em seus braços ainda agitados, enquanto
Marina usa toalhas para absorver o sangue entre as pernas de Cristiane.
Eu seguro o rosto de Cristiane com minhas mãos, maravilhado com sua bravura e sua força.
Em sua beleza.

— Você é uma mãe.

Uma mãe. Uma força da natureza.


Seu rosto se contrai, mas não em tristeza, em alegria pura e descarada.

— E você, Max, é um pai.

Eu a beijo suavemente, depois a cabeças do meu filho.

E por um momento mágico, tudo no mundo parece estar bem.

Mas, a paz não chega fácil a ninguém.

No mesmo momento, nós ouvimos carros estacionando na frente da casa. Portas batendo.
Considerei que a ambulância apareceu. Tarde, mas apareceu. Todavia, Leandro corre para a porta,
olha pela janela lateral. Seu rosto está horrorizado.

Não é a ambulância.

São os Bianconi.
Capítulo Dezessete
Cristiane

Havia sido o momento mais mágico da minha existência até então.

Tudo pelo que passei, tudo pelo que sofri, valeu a pena no exato momento que peguei meu
garotinho nos braços. E então entendi a razão de porque nasci, mesmo não desejada pela minha mãe,
do porque resisti as suas tentativas de aborto... do porque passei por tudo de ruim. Eu precisava ser
forte para ser uma boa mulher para Max, e uma boa mãe para... Victor.

Sim, Victor... Não apenas porque o único membro dos Bianconi que me tratou com humanidade
se chamava assim, mas porque aquela criança representava minha vitória sobre todas as
adversidades. Eu não sabia o que ele seria quando adulto, mas sabia que teria um futuro grandioso e
especial. E para isso ele precisava de uma mãe fortalecida.

Eu sorri, lágrimas nos olhos. Eu estava grata a Deus como nunca na vida.

Contudo, então, num piscar de olhos, tudo mudou. O som de carros, a apreensão que tomou
conta do ambiente, a forma como o respirar pareceu pesado e angustiado.
Eles me acharam...

Max e Leandro abrem o armário perto da porta, e Max entrega ao seu amigo uma arma. Eu
freneticamente tentei fazê-lo parar.

— Max, pelo amor de Deus — chamo. E, graças a Deus, ele se vira. Ele quer que esses
homens saiam, mas eu sei que não é tão simples assim. — Eles vão matar você, Max. E eu não posso
te perder. Seu filho precisa do pai.

— O que você quer que eu faça, Cristiane? — Seus olhos estão cheios de uma intensidade que
me arrepia. Ele está disposto a dar a sua vida por mim, essa quantidade de paixão é esmagadora. Ele
me vê tremendo, e balança a cabeça, me prometendo tudo com os olhos. — Eu não posso deixar que
Leandro lute contra eles sozinho, né?

Eu aceno de volta. Percebo Marina buscando o celular. Logo, ela fala com o delegado.

— Max — eu sussurro, meu bebê em meus braços, minhas pernas cobertas de sangue — Eu te
amo.

Ele sorri. Não disse, mas eu li em seus olhos. Ele também me ama.

Então eles se aproximam das janelas e apontam as armas.

Meu coração trava.

— Vamos para o quarto — Marina diz.

Eu não sei bem se consigo ficar de pé, mas ela me auxilia, uma mão segurando meu braço,
outra apoiando meu bebê. Enquanto, vagarosamente, rumamos à suíte, os olhos de Marina encontram
os meus.

— Nossos homens são fortes, Cristiane. Eles não são garotos da cidade. Eles são homens do
campo. São fortes de uma forma difícil de entender.

Eu espero que ela esteja certa.


Capítulo Dezoito
Max

Eu não sei quem esses filhos da puta pensam que são, aparecendo na minha propriedade,
puxando suas malditas armas e gritando ordens, mas eles vão entender rapidinho que nenhum “zé
droguinha” da cidade entra numa propriedade de um gaúcho exigindo sua mulher e seu filho.

Aqui mora um homem. Um de verdade. E agora eles vão sentir na pele, isso.

Oh se vão!

— Vão embora — ordeno, o som alto, a voz dura e firme. — Eu vou lutar. Eu vou atirar.

O mesmo homem que vi no Restaurante meses atrás surgiu. Usava um sobretudo preto e parecia
mais sério e mais frio ainda.

— Não temos nada contra você, caipira. Queremos a mulher. Sei que ela veio para cá.

— É melhor ir embora.

— Você não entende? Estamos em um número maior e com boas armas. E mesmo assim estou
dialogando. Você tem sorte de eu estar na liderança, e não o antigo líder, Pierre. Sou um cara
razoável, me entregue a garota e vou embora.

— Ela fica — retruco.

— Cristiane é minha propriedade. Minha cadela. Você não tem nenhum direito sobre ela.

Aquela forma de falar... Céus, precisei de todo meu auto controle para não começar um tiroteio
naquele instante.

Marina e Cris já haviam ido para o quarto juntamente com os bebês.

Meu queixo está tenso. Estou pronto para explodir o rosto desse filho da puta. Ele é um dos
responsáveis por Cristiane me olhar como se não me merecesse. Ele é um daquele que lhe ensinou
que ela é fraca, quando eu acabei de testemunhar sua força.

Silêncio. Percebo o homem pegar um cigarro e acender. Ele parece calmo e resoluto. Até
cansado.

— Olhe, caipira. As coisas não estão fáceis com a morte de Pierre. Muita briga interna, você
entende? Eu só quero resolver isso sem mortos e feridos.

Percebo que alguns homens estão andando até a parte traseira da casa. Meu dedo se flexiona
contra o gatilho. Preciso agir, mesmo que isso custe a vida de um deles, mesmo que custe minha
liberdade. As nossas porcas leis talvez não entendessem meu ato como legítima defesa, já que serei
eu a dar o primeiro tiro.

Contudo, sirenes ao longe parece o cântico dos anjos. A ambulância ou a polícia que Marina
chamou? Percebo os homens se movimentando, Bruno fazendo sinais com a mão para que recuassem
e entrassem no carro.

Mas, eles não podem fugir!

Se forem agora, voltarão. Talvez amanhã, talvez daqui a alguns anos. Eu não podia viver com
essa angústia.

— Atire nas pernas — ordenei a Leandro, que assentiu.

Era uma loucura, mas era nossa única chance.


Não hesito mais. Eu puxo o gatilho, conectando a bala na perna de Bruno.

— Filho da puta — ele grita, caindo no chão. — Colono desgraçado!

Sua arma é apontada na minha direção.

Começa uma chuva de balas, mas Leandro e eu temos a proteção do concreto da casa.

Eu precisava segurá-los até a polícia chegar, e consegui.

Logo, os camburões se aproximam dos carros escuros dos Bianconi. Leandro e eu nos
agachamos, enquanto outra troca de tiros ocorre.

Eu sei quem vai vencer.

O bem nunca perde no final.


Capítulo Final
Cristiane

Um ano depois.

Havia sorrisos e flores circundando a mesa onde um bonito bolo de aniversário fora posto com
graciosidade.

Victor estendeu sua pequena mão para o glacê e pegou um pouquinho do branco, levando a
boca. Ouvi o suspiro emocionado de Noeli, enquanto puxava meu bebê e tentava fazê-lo se
comportar.

Há um ano, depois que Victor e eu fomos levados para o hospital, Max ligou para os tios
informando-os das novidades. E foi isso. Voltei, grávida, e tive o bebê na mesma manhã do meu
retorno. E, apesar de tudo, ele me queria.

Homens maus tentaram levar Victor de nós, mas Max o protegeu.

E, apesar de ser uma loucura, Noeli aceitou tudo com emoção, indo me ver no hospital e me
dando muito carinho no pós-parto.

E a vida, enfim, entrou nos trilhos. Max e eu passamos a vivermos juntos naquela fazenda
pequena, cuidando da terra e das vacas, e criando nosso filho com muito amor.

Como as coisas podiam dar tão certo? Essa era a importância de nunca desistir?

Mas eu não quero pensar nisso agora. Agora temos uma celebração para nos preocuparmos.

— Cris, você está tão linda nesse vestido. Onde o comprou?

— Marina e eu o costuramos. — assumi, orgulhosa. — Descobri que sou boa na máquina de


costura.

Novas facetas estavam sendo descobertas por mim. Eu não era só a mulher de Max ou a mãe
de Victor, eu também tinha outras utilidades, outras qualidades.

— Leandro e Marina já chegaram?

— Eles estão a caminho. Marina não estava se sentindo muito bem nessa manhã.

— Ela está grávida de novo, não é? Antigamente nós tínhamos filhos para ajudar na plantação,
mas parece que Marina terá muitos filhos porque Leandro não consegue ficar longe da mulher.

Nós rimos das palavras. Não eram mentirosas.

Max se aproxima com a bandeja de brigadeiros, e logo se inclina, me beijando na bochecha.


Sua mão envolve minha cintura e eu respiro fundo, amando que este momento é tão calmo comparado
ao dia em que Victor nasceu.

Eu realmente não sabia se Max havia sido baleado. Quando fui levada para a ambulância e vi
Max subindo atrás de mim, surtei. Agarrei-me a esse homem e prometi que nunca mais iria embora.

Eu o amo.

Nós nos casamos no civil na véspera de Natal. Não havia razão para esperar. Sabíamos que a
vida era preciosa, algo para se aproveitar ao extremo.

— Eu te amo, querida — ele sussurrou, no meu ouvido. — Eu não acho que poderia ser mais
feliz do que sou. — Beijou-me na boca.
Eu o beijo de volta, sabendo que essa noite eu vou fazê-lo ainda mais feliz.

***

Depois que a família e os amigos saíram, e depois que colocamos Victor na cama, Max e eu
nos divertimos,
como fazemos quase todas as noites.

Ele não pode manter suas mãos longe de mim, mesmo que eu não seja mais como a modelo que
ele conheceu. A antiga Cris, a que pertencia aos Bianconi, tinha até mesmo a alimentação controlada
para não engordar. Essa nova Cris tinha quinze quilos a mais, e algumas estrias que sobraram da
gravidez. Por incrível que pareça, Max parece gostar mais dessa nova Cris.

Ele se deleita...

Minha bunda está na cara dele, principalmente porque eu gozo tão rápido quando ele lambe
minha buceta. E eu amo tocar seu pau longo e duro quando ele está sacudindo meu clitóris. Sua língua
rola para cima e para baixo no meu comprimento, fazendo-me cócegas, fazendo-me puxar seu pau da
minha boca e rir.

— Max, deixe-me concentrar — eu provoco.

Eu corro minha língua para cima e para baixo em seu eixo grosso, adorando o pau que me fez
mãe. Eu o chupo forte, envolvendo meus lábios ao redor dele, e enchendo minha boca. Ele gosta
quando eu o aceito o máximo que posso e não nego ao meu homem o que ele ama.

Especialmente quando sua barba está entre as minhas pernas, fazendo minha buceta molhada
agonizar, enquanto ele chupa duro contra o meu grelo.

— Ohh, Max — gemo, tão perto de vir. Eu quero provar seu salgado, então eu continuo
sugando enquanto um orgasmo rola para mim.

— Você tem um gosto tão bom pra caralho. — Sua língua se move tão rápido contra mim,
sinto-me escorregadia, e isso me faz mover meus quadris, moendo minha bunda contra ele. Ele está
tão perto também, e eu bombeio seu eixo enquanto eu chupo, até que ele vem, duro e rápido na minha
boca.
Eu engulo sua semente, amando o jeito que ele me prova também, e eu o puxo da minha boca,
querendo que seu gozo molhe meus seios, meus mamilos. Quero ser tocada em cada canto pelo pai do
meu filho.

Max geme, fitas de creme entre meus seios. Ele aperta um dedo na minha buceta, empurrando
profundamente contra o meu ponto G enquanto eu venho mais e mais, até que eu estou ofegante.

Eu caio na cama, completamente desfeita.

— Que diabos foi isso, Max? — sorrio, na escuridão.

— Nós — ele riu.

As luzes estão apagadas; a casa está quieta, além de nossos suspiros felizes de contentamento.
Max passa a mão pelos cabelos macios entre as minhas pernas.

— Você me faz tão feliz, Cristiane — ele sussurra no escuro.

Rastejo mais perto dele. Meu homem me puxa, e me beija profundamente, nossos corpos
colidindo, nossos corações tornando-se um. Deitei em seu peito, embalada em seus braços.

Eu tenho uma casa que é uma casa de verdade, um homem que é meu e um filho que verei
crescer.

Eu sou a mulher mais feliz do mundo.

Fim.
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Ela era o paraíso, mas ele foi feito para o inferno.

Victor Bianconi era membro de uma máfia que tinha origem na Itália e agora dominava a Serra Gaúcha. Ele havia sido salvo por aqueles
bandidos e devia a eles mais que a vida, toda a sua lealdade.
Sem princípios morais que pudesse carregá-lo, ele sempre acreditou que cumprir seu papel de vilão bastaria... Até ela aparecer.
Francine Stein era de uma boa família. E era, igualmente, uma boa pessoa. O tipo de gente que jamais iria se aproximar de um bandido
como Victor.
M as, o destino provou-se ser mais forte que tudo.
Anjo e Demônio queriam coexistir.
Aquilo seria, definitivamente, o apocalipse.
Anne Ryle acreditava em contos de fadas. Na verdade, durante toda a sua vida preparou-se para um casamento dos sonhos
com o rapaz que sempre amou. Contudo, o noivo a deixou às vésperas do casamento para ficar com sua própria irmã.
Duplamente traída, Anne focou-se na carreira e prometeu jamais amar alguém novamente. Mas, não era seu desejo que a família
soubesse o quanto ela era solitária e derrotada. Assim, quando foi convidada para um encontro familiar onde veria o antigo noivo com
sua irmã, planejou atentamente um plano para proteger seu orgulho ferido.
E para isso, ela só precisava de um namorado... Mas, nada a preparou para alguém como Alexander.

Leia AQUI
Blake estava de volta. E ele queria apenas uma coisa: o seu bebê.

Isis era uma mulher simples que caiu na lábia de um homem de moral questionável. Apesar de Blake Code ser conhecido
por destruir seus opositores nos negócios, ele a fez tremer nas bases, e avassalou seus sentimentos e sua razão. Contudo,
ela conseguiu dizer adeus.

Porém, agora ele estava de volta. E não queria apenas aquela mulher. Seu desejo profundo era pelo bebê que ela gerava.
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Josiane Biancon da Veiga nasceu no Rio Grande do Sul. Desde cedo, apaixonou-se por literatura, e teve em Alexandre Dumas e

Moacyr Scliar seus primeiros amores.

Aos doze anos, lançou o primeiro livro “A caminho do céu”, e até então já escreveu mais de vinte livros, dos quais, vários se
destacaram em vendas na Amazon Brasileira.

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